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Manual de PAV 2 parte

CAPÍTULO 8

 
 

COMO ORGANIZAR UMA SESSÃO DE VACINAÇÃO


 
 

8.1 ORGANIZAÇÃO DE UMA SESSÃO DE VACINAÇÃO

8.1.1 Objctivo de uma sessão de vacinação

 
O objectivo de uma sessão de vacinação é o mesmo, quer seja realizada num posto fixo quer
numa brigada móvel. É a protecção das crianças e mulheres contra doenças preveníveis pela
vacinação. Assim, o trabalhador de saúde deve assegurar que todos os potenciais clientes:

 
▪           Recebam todas as vacinam devidas
▪           Conhecçam a importância da vacinação e o respectivo calendário
▪           Tenham um cartão com o registo das vacina recebidas
▪           Se sintam satisfeitas e agradadas com a experiência durante a sessão de vacinação
 
Para atingir os objectivos acima citados, deve-se realizar as seguintes tarefas:
 
▪           Preparar quantidade suficiente de agulhas e seringas para aplicar injecções com segurança o que
requer uma seringa e uma agulha por injecção a aplicar.
▪           Preparar a vacina e todos os outros materiais necessários à realização de uma sessão de
vacinação
▪           Limpar o local da sessão
▪           Arranjar espaço suficiente, mesa e cadeiras para permitir que as mães se movimentem
confortavelmente
▪           Deseje as boas vindas às mães e as faça sentir confortáveis
▪           Faça educação para a saúde incluindo a importância de conservar os cartões de vacinação
▪           Decida para cada mãe e criança o (s) tipo (s) de vacina a ser administrada de acordo com os
seguintes critérios
 
            ▫           Idade da criança
            ▫           Vacina (s) já aplicada (s)
            ▫           Datas em que foram aplicadas  (intervalo)
            ▫           Presença de cicatriz de BCG
 
            ▪           Vacine as mães e as crianças usando as técnicas apropriadas
            ▪           Registe as vacinas aplicadas no cartão, no livro de registo da vacinação  e na folha de
contagem
▪           Descartar toda a vacina recosntituída no final da sessão ou ao fim de 6 horas depois da
reconstituição.
▪           Limpe o local no fim da sessão
▪           Tenha um colega para fazer entrevistas à saída de vez em quando para avaliar a satisfação das
mães com os serviços de vacinação
 
 
8.1.2 Planificação de uma sessão de vacinação

 
 
Uma boa planificação pode aumentar a cobertura de uma sessão de vacinação, reduzir o
desperdício e a quebra vacinal. Pata alcançar estes objectivos, o trabalhador de saúde deve:
 
▪           Assegurar que os pais e encarregados das crianças e as mulheres elegíveis estejam informadas
sobre o local e quando os serviços de vacinação estarão disponíveis.
▪           Prover estes serviços de forma fiável e conforme o planeado.
▪           Evitar roturas de stock de vacina e materiais de injecção.
 
Os trabalhadores de saúde devem planear as suas actividades de vacinação nos postos fixos e
brigadas móveis de modo a que possam atingir as coberturas planeadas usando os recursos
disponíveis da forma mais eficiente possível. A comparação das taxas de desperdício da vacina,
taxas de cobertura, custos de vacinação por criança, o feed-back da comunidade em relação ao
local, à hora, frequência das sessões pode ajudar no desenho das estratégias mais aprpriadas.
 
 
8.1.3 Calendário para as sessões das brigadas móveis

 
 
O calendário das brigadas móveis deve ser feito em cada uma das unidades sanitárias de
maneiras que seja possível cobrir a população-alvo dentro de um dterminado período de
tempo.  Se poucas mães e mulheres elegíveis afluem às sessões das brigadas móveis, pode-se
reduzir a frequência destas, de modo a reduzir o desperdício e os custos com as deslocações. É
melhor planificar poucas sessões que possam ser cumpridas de forma fiáveil, do que planificar
muitas sessões e depois as cancelar devido à falta de recursos. Para mais detalhes sobre as
brigadas móveis, ver capítulo 9.
 
 
8.1.4 Envolvimento da comunidade

 
 
É importante ter um bom relaccionamento com a comunidade. A comunidade deve ser envolvida
na planificação e implementação do plano de acção da vacinação. Os líderes comunitários e os
pais que irão trazer os seus filhos para a vacinação devem ser envolvidos. Pode ser útil consultar
aos pais que não tenham vacinado os seus filhos sobre como a comunidade pode aumentar a
cobertura vacinal.
 
A seguir apresentam-se algumas sugetões de como pode ser planeada uma brigada móvel de
vacinação:
 
            ▪           Planeie a sessão para as horas mais convenientes das mães.
            ▪           Tente ir sempre para o mesmo lugar, à mesma hora e no mesmo dia da semana/do
mês para ajudar as pessoas a lembrar o dia da vacinação .
            ▪           Se houver alguma emergência, informe às mães e aos líderes locais porque a
sessão
foi cancelada, peça desculpas pelos transtornos e planeie uma nova data.
 
8.1.5 Equipamento a levar numa brigada móvel (BM)

 
 
●          Equipamento da cadeia de frio para transportar vacinas
           
            ▪           Caixas isotérmicas pequenas e grandes
            ▪           Acumuladores congelados
            ▪           Termómetro
 
            ●          Equipamento de injecção
 
                        ▪           Seringas Auto-Destructíveis
                        ▪           Caixas Incineradoras
           
            ●          Material de Registo
 
                        ▪           Cartão de vacina
                        ▪           Fichas de contagem
                        ▪           Canetas
 
            ●          Equipamento para outras tarefas
 
                        ▪           Balanças e sacos de pesagem
                        ▪           Corda
                        ▪           Medicamentos
                        ▪           Cápsulas de Vitamina A
                        ▪           Tesouras para abrir as cápsulas de vitamina A
 
            ●          Material de Educação para a Saúde
 
                        ▪           Cartazes e tríplicos
 
 

   
Nota: Deixe os acumuladores no congelador por pelo menos 2 dias para congelarem bem,  
antes de usa-los para a brigada móvel.
   

8.1.6  Transporte para brigada móvel (BM)

 
Assegure a disponibilidade de transporte. Pode ser um carro, motorizada ou bicicleta.
 
 
8.1.7 Como arrumar as vacinas

 
 
Decida sobre a quantidade certa a levar. Arrume frascos suficientes de cada tipo de vacina,
dependendo do número de doses por frasco e do número esperado de clientes a vacinar com cada
tipo de  vacina.
 
            ●          Retire os acumuladores do congelador/refrigerador.
            ●          Arrume os acumuladores no fundo e nos lados da caixa isotérmica.
            ●          Retire a vacina do refrigerador; primeiro os frascos abertos cujo o
monitor de frasco de vacina (VVM) tenha começado a mudar, frascos que sobraram
na sessão anterior, rotulados “frascos devolvidos”, e frascos com a data de expiração mais
próxima.
●`        Embrulhe as vacinas DPT/Hepatite B e VAT com pedaço de jornal ou papelão, para que não
congelem.
●          Coloque as vacinas, os diluentes e o termômetro, no meio da caixa isotérmica.
●          Coloque os últimos acumuladores em cima da vacina, na caixa istoérmica.
●          fecha a tampa firmemente.
●          Leve quantidade suficiente de cápsulas de vitamina A.
 
 
 
Figura 11. Arrumação da vacina na caixa isotérmica

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

8.1.8 Realizando uma sessão de vacinação

 
 
            ●          Escolha do local de vacinação

 
 
Pode ser numa casa, escola ou num local aberto. Se for fora, procure um local com sombra para
manter a vacina e as caixas isotérmicas.
 
 
            ●          A sessão de vacinação

 
Para manter a qualidade d vacinas durente uma sessão de vacinação é necessário guardá-las em
caixas isotérmica pequenas, uma que contém as vacinas necessárias para uma sessão de
vacinação, e a outra mais pequena que fica na mesa de vacinação com as vacinas já preparadas –
Modelo RCW42.
 
 
 
Figura 12. Caixa isotérmica de mesa, do tipo RCW2

 
 
 

 
 
Para usar uma caixa isotérmica
pequena de meas do tipo RCW2
proceda do seguinte modo:
 
 
     Col oque dois acumuladores frios, um a
frente e o outro atrás.
     Preencha o espaço do meio com o número e frascos abertos e preparados para o início da sessão de
vacinação.
     Tire os frascos de vacina somente para encher a seringa. Depois guarde-os imediatamente e mantenha
sempre a tampa da caixa fechada.
 
 
 
As sessões de vacinação devem ser integradas com outros serviços preventivos e
promotivos. Assim, sempre que possível, uma sessão de vacinação deve incluir:
 
 
▪           Registo e triagem
▪           Pesagem
▪           Tratamento
▪           Administração dos antígenos correctos.
▪           Suplementação com micronutrientes, incluindo a Administração de vitamina A.
▪           Promoção do aleitamento materno.
▪           Cuidados pré-natais
▪           Educação para a Saúde e aconselhamento
 
 
            ●          Mensagens específicas a serem incluídas numa sessão de vacinação

 
 
Existem 6 mensagens essenciais que as mães das crianças e todas as mulheres em idade  fértil
devem receber se se pretende que elas sejam completamente protegidas contra as doenças
preveníveis pela vacinção.
 
 
▪           A data e hora da vacinação seguinte deve ser bem especificada. Escreva o dia, por exemplo,
Segunda-feira, e a data, por exemplo, “quatro semanas a partir de hoje”. Se o calendário não for
comum, dê outros pontos de referência para facilitar que se lemberem, por exemplo, as fases da
lua, os festivais ou outros eventos comuniutários. Dê ao cliente um registo escrito da data e hora
da próxima sessão de vacinação. Isto pode ser lido por um membro literado da família ou da
comunidade que ajudará a mãe.
 
▪           O local da sessão de vacinação seguinte. Diga a mãe onde ela se deve apresentar para a
vacinação seguinte. Isto é particularmente importante quando se muda de lugar.
 
▪           O número de visitas ainda necessárias para que a criança esteja completamente vacinada ou o
número de doses que a mulher recebendo a VAT ainda necessita.
 
▪           O tipo de vacina (s) administrada (s).
 
▪           Que efeitos colaterias podem ocorrer.
 
▪           Como essses efeitos colaterais podem ser tratados.
 
 
Cada uma destas mensagens deve ser dada mais de uma vez. A probabilidade de que elas sejam
recordadas aumenta se os trabalhos de saúde a diferentes níveis as transmitirem de forma
consistente. Verifique a compreensão dos clientes fazendo perguntas.
 
 
            ●          De regresso ao Centro de saúde

 
                        ▪           Descarte os frascos abertos de BCG e Srampo
 
                        ▪           Descarte frascos com o monitor do frasco de vacina (VVM) que já
estejam
 
no ponto ou para além do ponto de descarte.
 
                        ▪           Registe o nnúmero de frascos descartados na ficha de contagem.
 
                        ▪           Marque os frascos de “devolvidos”, coloque-os sempre no mesmo lugar
no
refrigerador e use-os primeiro na sessão seguinte.
 
                        ▪           Coloque os acumuladores de volta na câmara do refrigerador ou
congelador.
 
                        ▪           Limpe o equipamento
 

   
Seja sempre respeitoso e acolhedor  com as mães. Não retire a vacina antes que a criança
chegue. Não reconstitua a vacina até que a criança esteja pronta para ser vacinada. Não  
encha antecipadamente as seringas com qualquer vacina.
 
 
           
 
 

8.1.9 Frequência das sessões de vacinação

 
 
No esquema da vacinação de rotina, as unidades sanitárias com posto fixo de vacinação devem
oferecer serviços de vacinação diariamente. Elas devem também realizar brigadas móveis com
periodicidade definida nas normas das brigadas móveis.
 
Para actividades especiais tais como as campanhas de vacinação, as unidades sanitárias devem
levar a cabo actividades de mobilização social para as sessões planeadas, e garantir que todas as
sessões sejam realizadas conforme o plano.
 
 
8.1.10 Causas de desperdício

As vacinas podem ser desperdiçadas quando elas expiram seu prazzo de validade ou quando a
cadeia de frio quebra. As vacinas também podem ser desperdiçadas durante a sua utilização. As
principais causas de desperdício de vacina durante a utilização são as quantidades que sobram no
frasco, quantidades excessivas que os trabalhadores de saúde retitam com a seringa, e a vacina
descartada no fim da sessão. Assim, a quantidade de vacina desperdiçada durante a sessão de
vacinação depende de três principais factores: o tamnaho do frasco (nr. de doses por frasco), a
possibilidade de usar os frascos abertos nas sessões subseqüentes (política do frasco aberto) e
habilidades do trabalhador de saúde.
8.1.11 Estratégias para reduzir o desperdício

 
            ●          Monitorizar a utilização da vacina e o desperdício
 
            ●          Planificação cuidadosa da requisição e distribuição da vacina.
 
            ●          Uso apropriado dos frascos mono e multi-doses.
 
            ●          Manutenção cuidadosa da cadeia de frio.
 
            ●          Atenção à segurança da vacinação.
 
            ●          Redução das oportunidades perdidas de vacinação.
 

8.2 FORTALECIMENTO DOS SERVIÇOS DE VACINAÇÃO

 
 
8.2.1 Estratégias para melhorar e suster altas coberturas de rotina

 
Existem vários factores que contribuem para uma baixa cobertura dos serviços de vacinação.
Estes factores necessitam de ser identificados para cada Unidade Sanitária e para cada Distrito, e
soluções apropriadas esboçadas e aplicadas para cada problema ou constrangimento. Os palnos
de acção Distrital e da Unidades Sanitária, devem focalizar nas estratégias que irão contribuir
para o melhoramento da cobertura de rotina. Algumas estratégias para ulltrapassar problemas
comuns estão listadas abaixo:
 
●          Aumentar o acesso à vacinação assegurando que todas as unidades sanitárias realizem a
vacinação nos seus postos fixos e nas brigadas móveis como apropriado.
 
            ●          Usar todas as oportunidades para vacinar todas as crianças e mulheres elegíveis.
 
            ●          Organizar actividades especiais tais como, semanas ou dias de vacinação,
especialmente em áreas com deficiente cobertura sanitária ou baixas coberturas vacinais.
 
●          Este exercício pode ser realizado em um certo número de dias e repetido periodicamente
dependendo da disponibilidade logística e do pessoal. Durante esses dias de saúde, por exemplo,
“Dias Mensais de Saúde”, devem ser integradas outras actividades tais como, promoção das
redes mosquiteiras, suplementação com ferro, desparasitação, etc.
 
●          Estender os serviços das brigadas móveis para as populações de difícil acesso.
 
●          Expandir a rede sanitária conforme apropriado.
 
●          Aumentar a capacidade das US para realizarem os serviços de vacinação através da alocação do
pessoal e do desenvolvimento de habilidades. Todas as US devem ter pessoal adequado  munido
de conhecimentos e habilidades para realizarem os serviços de vacinação. 
 
●          Envolver outros sectores externos ao Ministério da Saúde na provisão dos serviços de vacinação,
por exemplo, o sector privado.
 
●          Estimular a participação comunitária, por exemplo, através do envolvimento da comunidade na
consciencialização e promoção da vacinação, seguimento pela comunidade dos faltosos, e
educação e aconselhamento familiar.
 
●          Assegurar que toda a logística para a vacinação esteja disponível a todo o momento e funciona
devidamente. Cadeia de frio ou outro equipamento com defeitos deve ser levado à reparação
imediatamente para não interromper a provisão dos serviços por longos períodos de tempo.
 
 
8.2.2 Estratégias para reduzir as oprtunidades perdidas de vacinação

 
 
Algumas estratégias para reduzir as oportunidades perdidas estão listadas a seguir:
 
 
●          Implementação da estratégia do AIDI (Atenção Integrada às Doenças da Infância).
 
            ●          Triagem das crianças e mulheres nas consultas externas.
 
            ●          Campanhas de recuperação em comunidades de difícil acesso.
 
            ●          Realizar brigadas móveis para cada vez mais locais de modo a tornar os servis mais
acessíveis.
 
●          Introduzir a política de vacinação nas escolas, especialmente para a eliminação do tétano
neonatal.
 
●          Treinamento dos trabalhos de Saúde em relacção às verdadeiras contra-indicações da vacinação.
 
 
8.2.3 Estratégias para reduzir a quebra vacinal

 
 
A quebra vacinal é determinada comparando a diferença nas taxas de cobertura entre:
 
            ●          BCG e Sarampo
 
            ●          DPT/Hepatibe B 1 e DPT/Hepatite B 3, ou VAP1 e VAP3, ou BCG e VAS.
 
Quebras vacinais superiores a 10% devem ser investigadas e suas causas determinadas. As
razões podem incluir:
 
            ●          Factores sociais (ex., recusa por cumprimento de hábitos religiosos).
 
            ●          Factores geográficos (ex., longas distâncias a percorrer).
 
            ●          Fcatores sazonais, por exemplo, emprego, agricultura (época de sementeira,
colheita), cheias, etc.
 
            ●          Não verificação dos cartões de peso das crianças que vão às consultas dos serviços
curativos.
 
            ●          Falta de mobilização social e/ou de informação às mães sobre a necessidade de
voltar para as doses seguintes.
 
            ●          Gestão deficiente da Unidade Sanitária, por exemplo, longos tempos de espera,
mau
atendimento, cobranças não previstas por lei (ilícitas), nas actividades de vacinação, controle de
crescimento e consulta pré-natal (CPN), ruptuta de stock de vacinas ou materiais de injecção,
avarias da cadeia de frio, etc.
 
            ●          Sessões de vacinação realizadas em horas e lugares pouco ou não convenientes.
 
            ●          Elevado número de abcessos pós-vacinação devido à baixa qualidade da
vacinação
 
 
O programa do PAV pode adoptar as seguintes medidas para reduzir a quebra vacinal:

 
            ●          Abastecimento contínuo de vacinas
 
            ●          Reprogramação das visitas (Brigadas Móveis) canceladas, se possível.
 
            ●          Mobilização social sobre a importância da vacina.
 
●          Comunicação interpessoal com mensagens padronizadas sobre a importância da vacinação e do
cumprimento do calendário vacinal.
 
            ●          Extensão dos serviços fixos ou das brigadas móveis para alcançar cada vez mais
populações de difícil acesso.
 
 
Adicionalmente, deve-se estabelecer um sistema de seguimento dos faltosos tanto nas unidades
sanitárias como nas comunuidades. Os responsáveis da vigilância epidemiológica e os activistas
da saúde nas comunidades devem trablhar juntos no seguimento dos faltosos. Os registos devem
ser mantidos actualizados e revistos regularmente pelos trabalhadores de saúde.

CAPÍTULO 9
 

BRIGADAS MÓVEIS
 
 

9.1 VACINAÇÃO EM ÁREAS DISTANTES E DE DIFÍCIL ACESSO

 
 
Em princípio, a mobilização social deveria ser orientada de forma a que as crianças fossem
vacinadas nos Postos Fixos de Vacinação onde normalmente estão garantidas as condições para
uma vacinação de qualidade.
 
Há casos em que a população tem dificuldades em vacinar os seus filhos devido à falta de
transporte, pois reside em áreas muito distantes, ou tem que percorrer longas distâncias a pé.
Estas áreas constituem um campo aberto às epidemias, caso não sejam realizadas acções
programadas de vacinação.
 
Não restam dúvidas que o processo de vacinação, através das Brigadas Móveis é bastante
oneroso, mas infelizmente, devido à escassez da rede sanitária para cobrir o país, esta actividade
ainda se reveste de uma importância vital para o PAV.
 
Não é aceitável a existência de Brigadas Móveis se os resultados não as justificarem.

 
Por esta razão, torna-se importante traçar algumas orientações (normas) para a sua
implementação:
 

         A planificação de Brigadas Móveis deve ser incluida nos planos orçamentais dos Distritos.
 

         Sempre que possível, é necessário (caso se justifique), que as Brigadas Móveis sejam realizadas
a partir dos Postos de Saúde estratégicos e não apenas das Sedes dos Distritos. Isso, requer
recursos adicionais, incluindo meios de transporte.
 

         A planificação da actividade das Brigadas Móveis deve ser feita vários dias ou semanas antes da
sua execução, possibilitando desse modo, os contactos necessários com os responsáveis das áreas
a visitar e a participação dos agentes comunitários de Saúde (APE’s e Parteiras Tradicionais).
 

         Nenhuma Brigada Móvel deve-se deslocar sem haver um estudo prévio da área a vacinar. Para
tal, é necessário ter um mapa da área de saúde, que vai permitir a escolha de um ponto
estratégico central a vários bairros/aldeias e a verificação de aldeias ou bairros que se encontram
num raio de 5-7 kms.
 

         Conhecimento da população estimada das áreas a vacinar pelas Brigadas Móveis. Deste modo,
serão conhecidos os grupos-alvo (n.º de crianças menores de um ano de idade, MIF’s, mulheres
grávidas), o que será útil para a avaliação dos resultados e o cálculo das vacinas necessárias.
 

         Planificação dos locais de concentração da periferia para o centro, iniciando a actividade pelos
bairros mais distantes e populosos. Não é aceitável a vacinação por Brigada Móvel num raio de 5-7
kms da Unidade Sanitária, onde, preferencialmente, deve ser exercida uma intensiva acção de
esclarecimento e mobilização para que a vacinação se faça no Posto Fixo (US).
 

         A Brigada Móvel nunca se deve deslocar sem que tenha garantia das estruturas locais dos
bairros ou das aldeias a visitar de que, no dia determinado, nas horas combinadas previamente e
no local de concentração designado, as crianças da área - bairro ou aldeia - num raio de 5-7 km
estarão presentes. É um trabalho de preparação que o responsável da Unidade Sanitária deve
orientar e supervisar.  Uma saída para um pequeno bairro, sem a antecipada preparação que leve
à mobilização da população dos bairros vizinhos, representa um trabalho de elevado custo e os
resultados serão nulos e não justificáveis.
 

         Sempre que possível, uma área deverá ser visitada 3 – 4  vezes ao longo do ano. Isto significa
que a periodicidade das visitas para cada área deve ser de 3 meses. No entanto, nalgumas áreas,
dependendo das condições de acessibilidade ao longo do ano, podem ser programadas saídas das
Equipas Móveis para vacinação com uma periodicidade mais curta, mas nunca inferior a 1 mês
para uma mesma área, pois, neste caso, as crianças não poderão completar o calendário de
vacinação no primeiro ano de vida.
 
         De outra forma, nos casos excepcionais em que não é possível visitar a área pelo menos 3 vezes
por ano, será preferível sair apenas uma vez, por ano para essas áreas e aplicar somente as
vacinas de dose única (BCG e VAS), que, em casos muito especiais, poderão aplicar-se até às
crianças menores de 5 anos, no caso da VAS. Poderá ainda se aplicar uma dose de VAT a
mulheres em idade fértil (MIF’s), na perspectiva de uma 2.ª dose em data posterior.
 

         Utilizar o meio de transporte mais económico possível - bicicleta, motorizada - para os locais
mais próximos da Unidade Sanitária.
 

         As Brigadas Móveis, para além do PAV e do Programa de SMI/PF, devem integrar outras
actividades para rentabilizar o tempo, como sejam a saúde escolar, educação para a saúde,
recuperação de doentes com TP faltosos. Neste caso, o meio de transporte a utilizar seria uma
viatura, caso possível.
 

         No fim de cada deslocação deverá ser feita uma avaliação dos resultados, na presença de todos
os elementos participantes e de acordo com a ficha resumo diário das actividades das brigadas
móveis, em anexo.
 
           

Conclusões:  

A actividade de Brigadas Móveis deve obedecer a uma planificação


prévia e aprovação do responsável da Unidade Sanitária. O objectivo é
alcançar os melhores resultados com o custo mais baixo.         

 
 

9.2 BRIGADA MÓVEL - SITUAÇÕES A CONSIDERAR

Quadro 3. Situções a considerar na vacincação nas brigadas móveis


 

Idade aquando 1.ª visita da 2.ª visita da 3.ª visita da 4.ª visita da Observação
 

Brigada  M
da 1.ª visita óvel Brigada Móvel Brigada Móvel Brigada Móvel  
   

   
 
 BCG +  DPT/  
Pólio 0 HepatiteB2 +   DPT/HepB3 +
 Na última visita
 Até 6 Semanas  DPT/HB1, Pólio1  Pólio2  Pólio3 (4.ª)
   (verificar a  
cicatriz da 
 a criança deverá
   BCG)    Anti-Sarampo ter
           9 meses de idade
   ou então 8,5
        meses,
           pode vacinar.
   

 Mais de 6  DPT/ DPT/HepB3 + 


Semanas e  HepB1 +       
 Pólio3 + Anti-
 menos de 8,5  Pólio1 +  DPT/HepB2 +  A vacina Anti-Sarampo será
Meses BCG Póio2  Sarampo? administrada
   Anti-Sarampo ?  

 (verificar a
cicatriz da  

   BCG)    a partir dos 8,5 meses de idade ou


         aos 9 meses  
 DPT/
HepB1 + 

   Pólio1 +  DPT/
BCG +  HepatiteB3 +  
 8,5 Meses ou  DPT/HepB2 +
mais  Sarampo Pólio2  Pólio3    
   (verificar a
cicatriz da 

   BCG)      
           
 
 
  CRIANÇAS COM VACINAÇÃO ANTERIOR  
INCOMPLETA

 
A situação vacinal deve ser analisada caso a caso. As vacinas a administrar
dependerão das doses anteriormente  recebidas e da idade da criança. O mais
importante é vacinar a criança de modo a terminar a vacinação aos 9 meses de idade.
     

CAPÍTULO 10

 
MOBILIZAÇÃO SOCIAL
 

Um dos sobjectivos da abordagem dos cuidados de saúde primários é capacitar as comunidades,


através da provisão de informação e da  educação para a saúde, a tomar controle sobre a sua
saúde e sobre o meio ambiente, e a adoptar comportamentos e atitudes conducentes a um melhor
estado de saúde. Este processo é chamado promoção da saúde.
 
 

10.1 INFORMAÇÃO BÁSICA

 
 

 Mobilização social é um termo ligado às actividades de informação e ducação para a


saúde. Outros termos incluem:
 

 Informação, educação e comunicação (IEC): é cada vez mais usado como  um termo geral
para  comunicar actividades de promoção de saúde e tem como objectivo prover informação
relevante para encorajar a adopção e mudança para um melhor e mais saudável comportamento
pessoal e social.
 

 Marketing social: envolve a aplicação de estratégias de publicidade e marketing comercial


para a saúde, e tem sido usada para a promoção do uso de condoms, sais de reidratação oral
(SRO), redes mosquiteiras, etc.
 

 Extensão: originalmente da extensão agrícola. Esta estratégia promove mudanças através


de demonstrações , trabalho com os líderes de opinião e comunidade baseada em actividades
educacionais.
 

 Ainda existem outros termos como educação comunitária, educação do paciente, e


comunicação suportiva.

 
A mobilização social envolve planos de acção e processos para alcançar, influenciar e envolver
todos os segmentos relevantes da sociedade através de todos os actores desde o nacional,
passando pelo comunitário até ao de chefe da família, de modo a criar um ambiente favorável a
um comportamento positivo e a uma mudança social.
 
A mobilização comunitária usa uma abordagem participativa para envolver as instituições locais,
os líders locais, grupos da comunidade e membros da comunidade, para se organizarem para uma
acção colectiva para atingir um objectivo comum.  A mobilização comunitária é caracterizada
pelo respeito pela comunidade e seus interesses.
 
 
Advocacia é um processo que envolve uma série de acções feitas por cidadãos organizados a fim
de transformar o relacionamento entre as diferentes esferas sociais. O propósito da advocacia é
atingir mudanças específicas nas políticas, nos programas, ou alocação de recursos que
beneficiem a população envolvida nesses processos. Estas mudanças podem ter lugar no sector
público ou privado. Uma advocacia efectiva é feita de acordo um plano estratégico e dentro de
um tempo razoável.
 
 
Comunicação para a mudança de comportamento é desenhada para atingir objectivos
mensuráveis; esta alcança e envolve audiências espeíficas. Baseia-se no reconhecimento de que a
mudança de comportamento é um processo e que as pessoas usualmente passam por várias
etapas antes de mudarem seu comportamento.
 
Mobilização social é um termo popular para descrever a abordagem de campanhas combinando o
uso dos massa média e o trabalho com as comunidades e organizações. Esta seria a melhor
plavra a ser usada, dado que muitos dos programas de mobilização para a vacinação envolvem
campanhas. No entanto, a mobilização social deve ser parte das acções dos serviços de vcainação
de rotina e não apenas realizada em preparação às campanhas de vacinação.
 
 
10.2 QUAIS SÃO AS ESTRATÉGIAS A SEREM USADAS?

Existem várias estratégias, algumas das quais incluem:


 

 A persuasão – uma tentaiva deliberada de influenciar outras pessoas a fazerem o que


pretendemos que elas façam (freqüentemente chamada abordagem directa ou, quando feita
compulsivamente, coersão).
 

 Tomada de decisão informada – fornecendo às pessoas informação, dotando-lhes de


capacidades para a solução de problemas e tomada de decisão, e deixando a escolha para elas.
Isto envolve a promoção da consciencialização e a “construção” da confiança  entre as pessoas
de que elas têm a capacidade de tomar decisões e de controlar suas vidas.
 
 
 

10.3 A QUEM DEVE SER DIRIGIDA A EDUCAÇÃO

 
 
O comportamento individual é extermamente importante para a saúde do indivíduo. Mas
geralmente não é o indivíduo quem toma as decisões e nem sempre deve ser o alvo. Assim, a
comunicação deve ser dirigida às pessoas que tomam as decisões-chave na família e na
comunidade em relação à vacinação. Também depende de quando a advocacia é feita e com que
propósito. Mesmo nos casos em que se tenha decidido sobre um grupo-alvo particular, será
necessário considerar em que momento na vida dessa pessoa é o melhor para comunicar.  Um
programa de vcainação bem planeado inclui actividades educativas direcionadas a uma série de
diferentes grupos. Estes incluem:
 

 Pais e zeladores
 Crianças em idade escolar.
 Mulheres grávidas.
 Líderes comunitários
 
 

10.4 A QUE NÍVEL A INTERVENÇÃO DEVE TOMAR LUGAR?

 
 
As actividaes de comunicação podem ter lugar a diferentes níveis: individual, de família, da
comunidade, do diostrito, etc. Por exemplo, pode-se trabalhar com os indivíduos usando a
educação pessoa-a pesoa (cominicação interpessoal), pode-se passar algum tempo com uma
família, mobilizar a participação comunitária, etc.
 
A selecção do nível de intervenção dependerá dos problemas identificados, das vantagens
especiais a serem ganhas a cada nível de intervenção e dos reursos e oportunidades disponíveis.
Numa dada comunidade a educação será baseada nos problemas identificados nessa comunidade.
Estes podem não ser os mesmos noutras áreas.
 
 

10.5 QUAIS OS CANAIS A USAR?

 
 
O trabalhador de saúde deve decidir sobre a melhor forma de atingir a audiência pretendida
– casa, comunidade, unidade sanitária, escolas, igrejas ou local de trabalho? Por exemplo, mulheres
em idae fértil (MIF’s) podem ser melhor alcançadas através dos serviços de atenção á criança,
incluindo as sessões de vacinação. Os homens adultos são melhor alcançáveis através dos locais
de trabalho. Os massa média, tais como a rádio e a televisão são mais usadas para alcançar
a população geral. Enquanto esses canais podem ser organizados á nível nacional, mensagens
para grupos específicos são melhor comunicadas ao nível de face-a face.
 
 

10.6 QUEM DEVE COMUNICAR?

 
 
É necessário tomar decisões sobre quem deve comunicar. Existem pessoas que o técnico do PAV
pode envolver nas actividades de educação para a vacinação? Estas podem incluir professores,
empregadores, políticos, atletas, músicos, etc. Educação e promoção para a saúde são parte do
trabalho de uma vasta gama de pessoas na saúde, na educação,  na sociedade e noutros seviços, e
todos eles podem ser mobilizados. Pode-se tomar a decisão de trabalhar com Organizações Não-
Governamentais (ONGs), igrejas, comitês de saúde da vila e diferentes grupos baseados na
comunidade.
 
 

10.7         QUE MÉTODO USAR PARA ALCANÇAR A AUDIÊNCIA

PRETENDIDA?

 
 
Existem diferentes métodos através dos quais se pode pretender motivar a participação
comunitária. Recomenda-se o uso de método de aprendizagem participativo e o diálogo. Estes
métodos usam pequenos grupos de aprendzagem, estudos de casos e os participanes jogam papel
em peças teatrais. O método participativo tem várias vantagens: os paticipantes jogam um papel
activo e tem maior probabilidade de se recordar do que tiver sido tratado durante a sessão. Estes
métodos são particularmente relevantes para as pessoas com baixa escolaridade. Outras
vantagens desta abordagem, relecionadas à vacinação são:
 

 Pode-se descobrir as crenças e prácticas das pessoas na comunidade.


 Cria uma paroximação entre o trabalhador da saúde e o grupo.
 Mostra o interesse e o respeito do trabalhador da saúde pela opinião do grupo.
 Torna a educação para a saúde divertida.
 
Jogar papel de peça teatral é o uso de drama, no qual as pessoas representam para elas mesmas a
fim de adquirir capacidades de comunicação e de solução de problemas e entender a situação.
Nestas reprsentações, o trabalhador de saúde pode explorar os eventos sob diferentes pontos de
vista e desenvolver empatia pela comunidade. Por exemplo, um homem pode reprsentar o papel
de uma mulher e assim entender as dificuldades que eles enfrentam em por em práctica as
mensagens de educação para a saúde. Para um sumário dos canais de comunicação, veja a figura
12.
 
 
 
Figura 13. Ilustração dos canais de comunicação

 
 
 
 
 
 
 
 

 
 

Aconselhamento pessoa-a-pessoa          Participação Comunitária                 Mass Média em campanhas

Visita domiciliária                                   Escolas

                                                            Grupos de aprendizagem

 
 

10.8 QUAL É A MELHOR ALTURA PARA AS ACTIVIDAES DE EDUCAÇÃO

 
O trabalhador de saúde terá de decidir sobre o melhor momento para as actividades de
comunicação. Uma abordagem intensiva por um período de tempo curto é chamado campanha.
Numa campanha de vacinação, a comunicação freqüentemente envolve um grande número
de  pessoas de diferentes grupos por um curto período de intensa actividade.
 
 
 
 

10.9 COMO O TS PODE TORNAR A CAMPANHA DE VACINAÇÃO NUM

SUCESSO?

 
 
Para um programa de vacinação bem sucedido há necessidade de participação comunitária.
Qualquer infomação acerca da saúde que for dada à comunidade será passada aos outros através
de contactos informais. Pode-se deliberadamente encorajar este processo, através da selecção de
membros da comunidade e dando-lhes treinamento como educadores de par. Seria bom para a
comunidade seleccionar um ou mais dos seus membros para o treinamento como educadores
para a saúde.  Seleccione pessoas que são respeitadas pela comunidade. Podem ser pessoas que
são figuras legendárias na comunidade, tais como parteiras tradicionais, médicos tradicionais,
régulos, ou outras pessoas respeitadas.
 
 

10.10 VISITA PORTA-A-PORTA

 
 
Sem prejuízo das acções acima mencionadas, salienta-se a importância da visita porta a
porta que, quando bem executada, poderá contribuir poderosamente para o aumento da cobertura
vacinal e melhoria de outras actividades, particularmente de SMI/PF, Saneamento do meio e
prevenção de doenças (figuras 14 e 15).
 
A visita porta a porta será sempre uma visita e não um acto de fiscalização. Deve ter por objectivo
esclarecer, sensibilizar e ouvir os problemas da população, num espírito de fraternidade e
compreensão, com a maior delicadeza e respeito pelos usos, costumes, crenças e tradições da
população.
 
O visitante deve ter sempre em mente que ninguém nasce ensinado e se a população não cumpre
com determinadas normas e orientações definidas pelo Ministério da Saúde na área da vacinação
não poderá ser culpada por isso, pois não tem conhecimentos suficientes sobre os benefícios de
vacinação na prevenção de doenças evitáveis por vacinação. Sabe-se que uma grande
percentagem dessa população não ouve rádio, não lê jornais, não frequenta as reuniões do bairro
nem têm Centro de Saúde e, por isso, merece uma atenção especial. Não é aceitável uma visita
de “corrida”, porque desse modo não é possível atingir o verdadeiro objectivo: consciencializar
para compreensão da importância de vacinação e da necessidade do cumprimento das mensagens
de saúde relacionadas com a vacinação.
 
 

Figura 14: Ficha de registo para a visita porta-a-porta (face anterior)


 
 

Figura 15: Ficha de registo para a visita porta-aporta (face posterior)

 
 
 
Para tal, é determinante que em cada casa visitada fique uma família amiga, grata pela visita do
trabalhador de saúde ou activista comunitário e com o compromisso de seguir os ensinamentos
deixados.
 
 
10.10.1  Quem deve participar na visita porta a porta?

 
 
Todos os trabalhadores de saúde, do servente ao médico, quando disponíveis, todo o tipo de
voluntários, alunos das escolas secundárias (em férias), alunos dos institutos e dos centros de
formação, ONG’s e outros.
 
 
10.10.2  Quando é que se deve fazer uma Visita Porta a Porta?

 
 
Ao longo do ano, com particular importância no último trimestre, para os bairros mais
populosos. Normalmente as tardes dos dias úteis são os períodos em que é possível realizar
visitas. Raramente será necessário exceder o período diário normal de trabalho do funcionário.
 
 
10.10.3  Em que áreas de prevenção deve incidir a Visita Porta a Porta?

 
Sempre que possível, além do PAV, devem-se priorizar as Consultas Pré-Natais, Partos
Institucionais, Consultas Preventivas da Criança (consultas de crescimento), TP e Saneamento do
Meio Ambiente.
 
Quando a visita é efectuada por elementos não pertencentes ao SNS, poderá limitar a sua acção
ao PAV, Consulta Pré-Natal e de Crianças (peso).
 
A população irá, certamente, apresentar problemas de outras áreas de saúde, que deverão ser
escutados e registados e transmitidos superiormente para a sua resolução.
 
10.10.4  Fases da visita porta a porta (VPP)

 
A VPP compreende várias fases:
 
            Preparação, Execução, Controlo e Avaliação.

 
10.10.4.1 Fase de Preparação

 
 

 Sempre que possível, deve haver um croquis (planta) do bairro a visitar; conhecer a sua
população, o número do quarteirão e a localização de cada um.
 

 Distribuir as equipas (dois ou três elementos por cada quarteirão), prevendo-se a data,
horas e o transporte para o efeito.
 

 Marcar encontros com os responsáveis do bairro e discutir com eles todos


os  pormenores   relativos à visita (datas, horas, elementos de apoio, esclarecimento da
população).
 

 Organizar fichas do contrôle da VPP, Cartões de Saúde, lápis, pranchetas, borrachas, etc.
 

 Iniciar a preparação das equipas: instruir sobre os calendários de vacinação,


interpretação do Cartão de Saúde da criança , da ficha pré-natal, do cartão de tratamento de TP,
utilização correcta de uma latrina, metodologia  da  VPP e técnicas de comunicação interpessoal
a seguir no relacionamento com a população.
 

 Entregar fichas de contrôle e cartões aos chefes de cada equipa.


 

 Marcar a data e a hora, em coordenação com as autoridades do bairro ou da aldeia.


 
 
10.10.4.2 Fase de Execução

         

 Colocação de uma equipa em cada quarteirão para realizar visita casa-a-casa.


 

 Sensibilização dos pais para vacinação dos filhos e para o cumprimento de outras normas
preventivas.
 

 Análise dos Cartões de Saúde da criança, de VAT da mãe, Fichas de Consulta Pré-
Natal  (grávidas), Cartão de Tratamento de TP, observação directa quanto à higiene e
saneamento da habitação e existência ou não de  uma latrina.
 

 Registo de situações irregulares na ficha de controle e entrega de cartões de convite.


 

 Saudações de despedida.
 
 
No fim da visita, fazer entrega na US de Cartões e Fichas que tenham sobrado.

 
 
10.10.4.3 Avaliação imediata da visita

 
           
Logo depois da visita, deve-se reunir todas as fichas preenchidas para uma análise da situação
encontrada. Os procedimentos de avaliação imediata são os seguintes:
 
 

1. Se a população do bairro é conhecida, deve se calcular o grupo-alvo de crianças menores


de uma ano de idade, de mulheres grávidas, das MIF’s e , de acordo com o n.º dos que não
cumprem com as normas estabelecidas para cada grupo, calcular a sua percentagem, analisando-
a, para conhecer o grau de participação da população na procura de cuidados de saúde no bairro
visitado.
 
 
 
Exemplo:
 
            N.º da população do Bairro = 30.000 habitantes
N.º de crianças menores de 1 ano = 30.000 x 4% =1.200
N.º de grávidas previstas = 30.000 x 5% = 1.500
           
Crianças que não cumprem com as datas de vacinação e as que nunca foram à vacinação = 800
 
Crianças que não vão ao peso = 3.550
 
Mulheres Grávidas faltosas às CPN ou que nunca a frequentaram = 750
 
Assim, vamos apresentar um exemplo de crianças menores de um ano de idade, quanto ao seu
estado de vacinação.

 
Percentagem (% ) de crianças que não cumprem com o calendário de vacinação =  800: 1.200 x
100 =  67%.
 
Isto significa que, em cada 100 crianças daquele bairro, 67 não cumprem com a vacinação.
 
 

2. Quando o n.º da população do bairro não é conhecido, para o cálculo da percentagem dos
que não cumpriram com as normas, utiliza-se a média de pessoas por família que, em
Moçambique, varia de 5 a 6 pessoas.
 
            Exemplo:

 
            N.º de casas visitadas = 5.000
            N.º médio de pessoas por família = 6
 
            N.º da população = 5.000 x 6 = 30.000 habitantes
 
É preciso calcular a percentagem  de casas com latrinas, utilizando o n.º de casas com latrinas
dividido pelo n.º total de casas visitadas. Proceder da mesma maneira em relação ao cálculo de
casas com lixo.
 
A partir daqui, se podem calcular os grupos-alvo e proceder-se aos passos seguintes.
 
 
           

10.10.4.4 Avaliação Tardia

 
 
Quinze dias depois da visita porta a porta deve-se proceder à avaliação dos Cartões de Visita
entregues às mães para se apresentarem na US. A referida avaliação é feita do seguinte modo:
 
 Conferir os Cartões entrados na US e registá-los na ficha de recolha de dados.
 

 Apontar os Cartões das mães que não foram à US, apesar da sensibilização feita.
 

 Entregar a relação de Cartões dos faltosos ao responsável do PAV e SMI.


 

 Avaliar  a relação entre o número de faltosos e o dos que vieram à US:


 
 
É importante calcular a percentagem de faltosos que responderam à VPP. De salientar que o
impacto esperado neste tipo de visitas é a subida do n.º de vacinações na US.
 
 
 

NOTA:

É uma experiência longa que já deu resultados muito positivos. Está mais do que provado que a
visita porta a porta é uma metodologia eficaz para a mobilização da população porque permite
uma comunicação directa com a mãe da criança na sua própria casa, onde ela facilmente pode
compreender as mensagens de saúde transmitidas pelo visitante.

  Vale a pena o esforço!

 
 
 
 
CAPÍTULO 11

 
 CADEIA DE FRIO
 
As vacins são sensíveis ao calor e ao congelamento, devendo, por isso, serem conservadas em
temperaturas correctas desde a altura em que são produzidas até ao uso. O sistema usado para
manter e distribuir a vacina em boas condições (manter a potência da vacina) é chamado de cadeia
de frio. A cadeia de frio consiste em uma série de relações de armazenamento e transporte,
desenhados com o objectivo de manter as vacinas dentro de temperaturas aceitáveis até alcançar
os beneficiários que são a mãe e a criança. Falhas em qualquer um dos pontos pode tornar a
vacina inútil. Mesmo pequenas exposições a temperaturas adversas pode ser prejudicial, pois o
efeito é cumulativo.
 
O calor e a luz solar destróem ou reduzem a eficácia de todas as vacinas. A Pólio, o Sarampo e a
BCG são mais rapidamente destruídas pelo calor por este matar as partículas vivas. O
congelamento destrói a DPT/Hepatite B e a VAT. Estas vacinas quando congeladas formam
grânulos que não se dissolvem mesmo depois de agitados fortemente.
 
Devido à sensibilidade das vacinas à temperaturas adversas, deve-se prestar uma atenção crítica
às temperaturas de conservação recomendadas para cada tipo de vacina em todos os estágios de
transporte e durante o armazenamento.
 
Manter a cadeia de frio requer que as vacinas e o diluente sejam:
 

 Colectadas do fabricante ou do aeroporto logo que estejam disponíveis.


 Transportadas entre os +2o C e os +8o C do aeroporto ou de um depósito para o outro.
 Conservada a temperaturas correctas no depósito central, provincial, distrital e nas
unidades sanitárias.
 Transportada entre os +2o C e os +8o C para as brigadas móveis e durante as sessões das
brigadas móveis.
 Mantidas entre os +2o C e os +8o C durante as as sessões de vacinação; e
 Mantidas entre os +2o C e os +8o C durante o regresso das sessões das brigadas móveis
para a unidade sanitária.
 
A cadeia de frio irá funcionar devidamente se as pessoas responsáveis tiverem conhecimentos e
habilidades sobre como organizar e manter o equipamento da cadeia de frio disponível.
 
O equipamento deve ser de qualidade e quantidade apropriadas para permitir uma conservação
correcta da vacina á medida que ela vai de um estágio da cadeia de frio para o outro até alcançar
o consumidor final, a mãe e a criança.
 
É importante notar, como referenciado na capítulo 4, que certas vacinas podem ser conservadas a
temperaturas diferentes conforme se trate de depósito central ou provincial e distrital ou de
unidade sanitária. A tabela 6 ilustra as diferentes temperaturas recomendáveis para a conservação
da vacina nos diferentes pontos.
 
 

Figura 16: Cadeia de frio

 
 
 
 
 
 
        Tabela 6: Temperaturas de conservação de vacinas a diferentes níveis

  Níveis: Níveis:

 Tipos de Vacinas Central e Provincial Distrital e U. Sanitária


     

BCG - 15o C a - 25ºC + 2o C  a  + 8ºc


     

ANTI-PÓLIO - 15° C a - 2 5ºC + 2° C  a + 8ºC


     

ANTI-SARAMPO - 15o C a - 25ºC + 2o C  a + 8ºC


     

DPT/Hepatite B + 2o C  a + 8ºC + 2° C  a + 8ºC


     

ANTI-TÉTANO + 2o C  a + 8ºC + 2o C a  + 8ºC

 
 
 
 
 
 

11.1 EQUIPAMENTO DA CADEIA DE FRIO

 
Os diferentes níveis dentro do sistema de saúde necessitam de diferentes equipamentos de frio
para o transporte e conservação de vacinas e diluentes a temperaturas correctas. Por exemplo, os
nívelis central e provincial usam câmaras de frio, congeladores, caixas isotérmicas grandes e, às
vezes, camiões com refrigerador para transportar vacina. As unidades sanitárias necessitaam de
geleiras com um compartimento de congelamento, caixas isotérmicas médias e pequenas de
mesa.
 
11.1.1 Câmaras de frio

 
A câmra de frio é uma sala construída com material especial, que é mecanicamente mantida fria,
cuja temperatura é ajustável ao nível desejado. As câmaras frias são encontradas nos depósitos
centrais, provinciais e regionais, onde grandes quantidades de vacina são conservadas.
 
11.1.2 Como trabalhar com segurança na câmara de frio:

 Quando mais de uma pessoa estejam trabalhando dentro da câmara fria deve-se tomar o
cuidado para evitar fechar acidentalmente alguém dentro da câmara.
 

 Para evitar lesões por frio, deve-se usar roupa quente e permanecer pouco tempo
trabalhando dentro da câmara de frio.
 

 A quantidade de diesel no tanque do gerador deve ser regularmente verificada e o tanque


re-enchido conforme necessário.
 

 Um técnico de frio deve verificar regularmente o equipamento, especialmente os cintos,


filtros e o compressor.
 
11.1.3 Armazenamento da vacina na câmra de frio

 As vacinas devem ser guardadas nas prateleiras.


 

 É aconselhável arrumá-las por ordem de expiração para evitar a possibilidade de algumas


vacinas expirarem sem serem usadas.
 

 As câmaras de frio não devem ser superlotadas. As vacinas devem ser arrumadas com
espaço adequado entre elas para permitir a circulação adequada de ar.
 
11.1.4 Como cuidar da câmra de frio

 Cuidados diários

 
  Deve-se ler o termômetro diariamente e ajustar a temperatura aos valores recomendáveis.
 
  A ficha de registo de temperatura, a qual se encontra afixada na câmra deve ser verificada.
 
  Qualque ruído estranho no funcionamento da maquinaria deve ser investigado e reparado.
  No final do dia, todas as portas do local onde está instalada a câmara de frio devem fechadas e as
luzes apagadas.
 

 Cuidados semanais

 
  Deve-se testar o alarme que indica a mudança para temperaturas adversas.
 
  Deve-se testar o gerador deligando a corrente principakl e deixando-o funcionar por pelo menos 5
minutos.
 

 Cuidados mensais

 
  Uma verificaçãi maior deve ser feita pelos técnicos de manutenção.
 
  Deve-se fazer pedido de qualquer peça sobressalente necessária para o funcionamento adequado da
câmara de frio.
 
 

11.2 REFRIGERADORES (GELEIRAS)

 
 
Existem fundamentalmente dois tipos de refrigeradores: de compressão e de absorção.
 
 
11.2.1 Refrigeradores de compressão

 
 
Muitos refrigeradores eléctricos e solares são do tipo compressão. Um exemplo de refigerador
com um sistema de refrigeração do tipo compressão  é o congelador horizontal que pode ser
ajustado para funcionar como refrigerador. O refrigeradoer do tipo compressão usa um motor
eléctrico de compressão para circular o fluído frio chamado refrigerante. A bomba comprime o
refrigerante do estado gasoso para o estado líquido, um processo que retira o calor.
 
O sistema de compressão cricula o ar muito rapidamente e assim tem maior efeito de
arrefecimento do que o sistema de absorção. A temperatura no interior do refrigerador é
controlada por um termostato automático que liga e desliga o compressor de acordo com a
temperatura desejada.
 
O termostato pode ser girado para temperatura mais quente ou mais fria conforme necessário. O
mínimo dá a temperaturas mais quente e o máximo a temperatura mais fria.
 
Os refrigeradores do tipo compressão consomem muita energia eléctrica para arrancar, mas
também necessitam de superimento constante de energia, mesmo que a uma voltagem mais baixa
e estável, para funcionar. Isto limita a sua utilização aos locais onde haja suprimento de energia
eléctrica fiável.
 
 
 
 
 
 
 
Figura 17: Tipos de refrigerador

 
 

Refrigerador vertical do tipo absorção, Refrigerador horizontal do tipo compressão,  


Petróleo/Eléctrica com câmara de congelação eléctrica com câmara de congelação
   

Compartimento de
congelação
 
Compartimento de
refrigeração
 

 
 
11.2.2 Refrigeradores do tipo absorção

 
Os refrigeradores de absorção usam o calor produzido pela electricidade ou pela chama do gás
ou petróleo, para produzir o ciclo  de frio, sob pressão produzida pelo hidrogênio. O calor faz
circular a amônia e a água num sistema fechado de tubos. No evaporador dentro do refrigerador
o fluído de  amônia converte-se em gás, que absorve o calor do ar interior. À medida que o gás
circula para fora do refrigerador onde condensa em líquido, liberta o calor para o ar exterior. 
 
 
Os refrigeradores do tipo absorção são menos eficientes do que os do tipo compressão por causa
da fraca circulação do refrigerante, mas são muito mais recomdáveis para os locais onde haja
energia fraca e pouco fiável. Nestes casos deve-se usar refrigeradores a petróleo ou a gás.
 

11.2.3 Modelos de refrigeradores

 
Os modelos mais comuns de refrigeradores usados no país são as geleiras verticais modelo RAK,
SIBIR e ZERO, e as geleiras horizontais modelo RCW 42 EK, RCW 42 AC, RCW42 EG e
ZERO. É importante conhecer e referir o modelo do refrigerador quando fizer a requisição
de  peças sobressalentes para efeitos de reparação/manutenção.
 
 
11.2.4 Como instalar um refrigerador

 Coloque o refrigerador no local mais frio da sala.


 

 A sala deve ser bem ventilada com boa ventilação a volta do refrigerador. No entanto,
evite locais onde o refrigerador possa apanhar sol pelas portas ou janelas.
 

 Mantenha o refrigerador na sombra e longe de qualquer fonte de calor.


 
 O refrigeradoer deve ser colocado a pelo menos 40 cm do tecto e 15 cm das paredes.
 

 Para manter o refrigerador seco, coloque-o sobre um estrado de madeira. O refigerador


deve permanecer firme e nivelado sobre o estrado.
 

 O refrigerador deve estar bem nivelado. Para verificar isso, coloque um prato raso com
água  em cima da geleira. Quando bem nivelado, a água ficará à igual distância dos bordos do
prato. Se estiver desnivelado, coloque por baixo dele pequenos pedações de madeira até ficar na
posição desejada. A porta deve estar hermèticamente fechada.
 

 Os refrogeradores de tipo absorção devem estar bem nivelados, caso contrário, não irão
funcionar devidamente.
 
 

Para verificar se a geleira fecha correctamente:

 
  Coloque um papel fino no ponto de encontro entre a porta e o corpo da geleira. Feche a porta.

  Puxe devagar o papel. Se o mesmo sair facilmente é porque a porta não está a fechar completamente.

  Tente ajustá-la. Se não fôr possível localmente resolver o problema, contacte o técnico de frio.

 Se a geleira fôr eléctrica, use uma tomada exclusiva para ela. Evite o uso de fichas triplas
que podem provocar sobrecarga ou desconexão acidental, desligando assim a geleira.
 
 

11.2.5 Arrumação da vacina no refrigerador


 
 
Nos refrigeradores verticais, o espaço do refrigerador é composto por prateleiras onde são
arrumados os pacotes de vacinas. Estes devem ser  colocados de forma a manter uma distância
aproximada de dois dedos entre  uma caixa e outra e com uma distância idêntica das paredes da
geleira, de modo a permtir a  livre circulação do ar frio, conforme mostra a figura.
 
 

 Na prateleira superior, coloque as vacinas anti-pólio, antisarampo.


 

 Na segunda prateleira, arrume as vacinas da BCG e frascos abertos (VAP, DPT/Hepatite B


e VAT que tenham sobrado da sessão anterior de vcacinação). Os frascos abertos devem ficar dentro
de uma caixa assinalada “vacina devolvida”.
 

 Na terceira prateleira, coloque a DPT/Hepatite B e VAT.


 

 Na última prateleira, coloque as caixas de diluentes e acumuladores de gelo.


 

 Nunca guarde vacinas na parte inferior da geleira nem na parte interior da porta, por
serem    
os locais menos frios.
 

 Conserve os diluentes das vacinas de Sarampo e BCG na parte inferior da geleira, a fim
de os refrigerar antes da sua utilização. O diluente deve estar à mesma temperatura da vacina
para não prejudicar a sua potência no momento da reconstituição (diluição).
 
Os refrigeradores horizontais têm dois compartimentos, sendo um para congelação e outro
para a refrigeração das vacinas, divididos por um separador plástico que serve para impedir a
congelação de vacinas.
 
As vacinas anti-pólio, anti-sarampo e BCG devem ser colocadas próximas do separador, por ser
a zona mais fria. A DPT/Hepatite B e a VAT devem ser colocadas depois das vacinas acima
referidas, mais afastadas do separador.
 
            Em qualquer das geleiras de vacinas:

As vacinas mais antigas devem ser colocadas numa posição tal que seja fácil usá-las em primeiro
lugar. Pode-se-lhes colocar uma marca para as identificar melhor. Por exemplo, a vacina mais
recente pode ser colocada à direita ou na parte de trás da prateleira, e a mais antiga à esquerda ou
na parte da frente da prateleira. Assim, como rotina, pode-se adoptar a pratica de usar as vacinas
à esquerda ou à frente primeiro. Use sempre primeiro as vacinas que estão há mais tempo na
geleira, observando sempre as datas de expiração e o estado do monitor do frasco de vacina (VVM),
se existir (ver interpretação do VVM no capítulo 12).

 
O termómetro deve ser colocado juntamente com as vacinas DPT/Hepatite B e VAT.
 

 
 

Figura 18: Arrumação da vacina num refrigerador vertical

 
 

Trinco
 

Trinco
 
Compartimento de
congelação (-20o C)
 

VAP e vacinas liofilizadas


(Sarampo, BCG) no topo

Vacinas líquidas
(DPT/HepB, VAT) no meio

 
Diluente no
fundo
 

Acumulado res não


congelados no fundo
 

Prazo de validade
curto à frente
 

Compartimento de
refrigeração + 4o C
 

Acumuladores não
congelados à direita
 
Acumuladores na
posição vertical para
evitar pingar
 

Espaço entre os
acumuladores
 
Acumuladores congelados à
esquerda
 
Frascos abertos
das sessões
anteriores
 

Espaço entre as
vacinas
 
Use     primeiro

Termómetro

Termómetro

 
Prazo de validade longo
atrás
 
 

11.2.6 Como cuidar de um refrigerador

 Verifique a temperatura no interior do refrigerador duas vezes por dia.


 

 Verifique se a chama é azul, o que sugere que o refrigerador funciona devidamente e que
manterá as temperaturas ideiais.
 
 Verifique a formação do gelo no evaporador. Se o gelo atingir 6 mm ou mais de
espessura, descongele o refrigerador. Congelamento espesso no evaporador irá resultar na subida
da temperatura.
 

 Depois do descongelamento, limpe e seque dentro e fora do refrigerador.


 

Figura 19: Arrumação da vacina numa geleira horizontal

Trinco
 
Acumula dores
não congela dos
a volta da vacina
 

Vai trocando os
acumuladores não
congelados pelos
congelados
 

Vacinas líquidas
(DPT/HepB, VAT) no
topo
 

Atenção: Nunca coloque mais do que 6 acumuladores grandes ou 10 acumuladores pequenos por dia
 
VAP e vacinas
liofilizadas (Sarampo,
BCG) no fundo
 

Diluente a +
4o C
 
Acumuladores na
posição vertical
para evitar pingar
 

Compartimento de
refrigeração (+ 4o C)
 
Compartimento de
congelação (- 20o C)
 

Espaço entre
as vacinas
 

Mesmo tipo de
vacina na
mesma área
 

Prazo de
validade curto
no topo
 

Prazo de
validade longo
no fundo
 

Acumuladores
vazios para elevar
as vacinas do
fundo
 

Espaço entre os
acumuladores
 
Termómetro
 
 

11.2.7 Como manter a vacina fria no refrigerador

 Coloque a vacina no compartimento correcto.


 

 Evite abrir a geleira desnecessariamente.


 

 Mantenha a temperatura entre os + 2o C e os + 8o C, baseado no registo da temperatura


duas vezes por dia.
 
 Descongelar o refrigerador regularmente.
 

 Arrumar as vacina com espaço suficiente entre as caixas para permitr circulação do ar.
 

 Evitar arrumar a vacina em contacto com o evaporador.


 

11.2.8 Falhas de energia

 
Na eventualidade da falha de energia deve-se proceder da seguinte maneira:
 
 

 Se se tratar de refrigerador a gás/eléctrico ou petróleo/eléctrico

 
-          Desligue o regulador de gás e acenda a chama de gás ou a petróleo.
 
-          Verifique se a chama está a arder orrectamente.
 
-          Verifique se o cilindro de gás tem gás suficiente. Se o gás for insuficiente e não houver um
cilindro de reserva, transfira a vacina para o centro de saúde mais próximo onde a cadeia de frio
possa ser mantida. Proceda de igual modo, se o petróleo for insuficiente e não houver de reserva.
 
-          Deligue o interruptor de electricidade
 
 

 Se o refrigerador é somente eléctrico

 
-     Não faça nada e não abra a porta do refrigerador até que estejas pronto para transferir a vacina
para outra unidade sanitária onde a cadeia de frio possa ser mantida.
 
-          mantenha a vacina por um período de tempo seguro.
 
-          Comunique ao seu supervisor ou ao técnico de frio
 
 

11.3 CAIXAS ISOTÉRMICAS

 
 
As caixas isotérmicas são usadas para conservar as vacinas frias durante o transporte. Estes
contentores são desenhados para manter o ar frio dentro e prevenir a entrada de ar quente. Por
isso, durante o transporte da vacina, deve-se evitar abrir esses contentores.
 
 
11.3.1 Arrumação correcta de vacinas nas caixas isotérmicas

 
 
Quando os acumuladores estão congelados, devem ser colocados sobre a superfície de uma mesa
em uma linha só, durante 5 a 10 minutos, depois de retirados do congelador. Quando o gelo no
interior do acumulador começar a se movimentar, então o acumulador está pronto para ser
colocado no interior da caixa isotérmica para a conservação da vacina. Com esta exposição a
temperatura ambiente, a temperatura no interior do acumulador irá subir ligeiramente a ponto de
não constituir perigo para o congelamento das vacinas DPT/HepatiteB e VAT. Apesar de todo
este ccuidado, é recomendável que estas vacinas sejam embrulhadas com material leve e não
sejam colocadas em contacto com os acumuladores para evitar o risco de congelamento.
 
Os passos a seguir são os seguintes:

 Forre primeiro os lados e o fundo da caixa com os acumuladores de gelo


 

 Arrume as vacinas. Lembre-se que as vacinas DPT/HepB e VAT não devem ficar em
contacto directo com os acumuladores de frio. Coloque-as no meio das outras e embale-as com
plástico ou outro  material de embrulho ou caixinha.
 

 Coloque um Termómetro ou Monitor no interior da caixa.


 

 Quando tiver arrumado todas as vacinas e o Termómetro/Monitor na caixa, coloque


acumuladores de frio por cima.
 

 Feche bem a caixa de forma a não permitir a entrada do ar e mantenha-a na sombra.


 

 Mantenha as vacinas no frio até a sua aplicação.


 

 No local de vacinação, mantenha a caixa isotérmica na sombra e fechada.


 

 Só tire da caixa  a vacina que vai ser imediatamente utilizada.


 
 
Para representação esquemática da arrumação da vacina numa caixa isotérmica, veja a figura 11
no capítulo 8.1.7.
 
Para conservação de vacinas já preparadas para aplicação, durante uma sessão de vacinação,
utiliza-se uma caixa isotérmica pequena “RCW2”
 
 

11.4 ACUMULADORES

 
 
Os acumuladores são contentores plásticos que se enchem de água ou gelatina. São colocados na
câmara frigorífica para congelarem antes de serem usados nas caixas isotérmicas para o
transporte e conservação de vacina.
 
Durante a sessão de vacinação, os frascos de vacina são colocados nos acumuladores para evitar
que se abra frenquentemente as caixas isotérmicas, o que subiria facilmente a temperatura
interna.
 
Assegure-se de que as tampas dos acumuladores estão bem fechadas para que a água não pingue.
Os acumuladores devem ser preenchidos de líquido até cerca de um dedo do topo ou até á marca
perto do topo do acumulador, para permitir a expansão da água.
 

 
Figura 20: Caixa isotérmica média / grande                        Figura 21: Caixa isotérmica pequena

 
 
 
 
Figura 22: Caixa isotérmica de mesa                                                 Figura 23: Acumuladores

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