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LEIA O TEXTO ABAIXO E FAÇA UM RESUMO DO QUE

MAIS CHAMOU SUA ATENÇÃO


7 direitos das mulheres negados ao redor do mundo
Em 2018, a Arábia Saudita passou a permitir que suas cidadãs dirigissem e
tirassem carteira de motorista. O país era o último no mundo com essa
proibição e chamou atenção dos noticiários globais ao retirar a lei. Esse
acontecimento fez surgir uma questão: quais outros direitos básicos ainda são
negados às mulheres? Assim, o Politize! resolveu mostrar para você 7 direitos
das mulheres que ainda são violados ao redor do mundo – inclusive no Brasil

1. O DIREITO DO TRABALHO E AS MULHERES


Segundo o relatório do Banco Mundial intitulado “Mulheres, Empresas e Direito
2018”, 104 países ainda impedem que as mulheres realizem certas atividades
simplesmente por serem mulheres. Aqui no Brasil, a restrição vigente proíbe
que empregadores contratem mulheres para serviços que demandem “o
emprego da força muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho
contínuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional”.

Entretanto, existem outros países com restrições às mulheres cujas leis não
deixam brecha para serem consideradas “protecionistas”. Em Madagascar, por
exemplo, as mulheres só podem trabalhar em “estabelecimentos familiares”.
Isso significa que elas são impedidas de trabalhar no período da noite, em
profissões em que tenham que lidar com literatura ou outros objetos que sejam
considerados socialmente como “imorais”. Já na Argentina, as mulheres não
podem trabalhar na produção de licores ou com destilação de álcool.

Mas é a Rússia que surpreende ao colocar muitas restrições às mulheres no


país. Por lá existe uma lista com 456 tipos de trabalho que as mulheres são
proibidas de realizar. Tal listagem foi iniciada ainda na União Soviética, em
1974, mas foi Putin que a tornou lei, em 2000. Assim, no país apenas homens
podem ser motoristas de ônibus ou caminhão, parte da tripulação de navios ou
mergulhadores profissionais, além de muitas outras funções.
2. “NÃO É COISA DE MULHER”’
Em 2012, no Irã, as mulheres foram proibidas de ingressar em 77 cursos
universitários de algumas das instituições do país. Esse número inclui
graduações de engenharia, informática, física nuclear, arqueologia, química,
negócios e muitas outras. E o motivo disso? Essas matérias foram
consideradas como “não adequadas à natureza feminina”.

Deparar-se com a barreira ao ensino de mulheres no Irã é, além de


discriminação, um paradoxo histórico ao lembrar que o Irã foi um dos
primeiros Estados do Oriente Médio a permitir que as mulheres ingressassem
nas universidades. Após a Revolução Islâmica de 1979, o governo até lançou
programas de incentivo para que a porção feminina da população cursasse o
ensino superior.

3. ESTUPRO? MAS E SE ELE QUISER CASAR COM


ELA?
Já é difícil punir estupradores em países que têm uma legislação que condena
tal violência, como o documentário The Hunting Ground mostrou ao mundo. A
produção relata diversos casos que ocorreram em universidades dos Estados
Unidos em que os estupradores saíram impunes apesar de provas e
testemunhas que corroborassem os crimes. Trata-se de um filme que denuncia
não apenas os crimes em si, mas também como a sociedade culpa a vítima.

Agora imagine como é a situação nos lugares onde o estupro é “aceitável em


alguns casos”. Nas ilhas caribenhas das Bahamas, por exemplo, um homem
pode forçar relações sexuais com sua esposa se ela for maior de 14 anos. Leis
similares são vigentes em Singapura e na Índia, onde as idades mínimas são de
13 e 15 anos, respectivamente.
Também existem países que diminuem a pena do agressor quando ele
demonstra intenção de casar com a vítima e, caso o casamento seja realizado,
o estuprador é absolvido, como acontece em Malta e na Palestina. Ao analisar
países com leis mais rígidas na punição de crimes como o de estupro, o que
acontece em países como Arábia Saudita e Marrocos chama atenção. Lá, a
pessoa punida é a vítima. Nesses Estados, a mulher é culpada por ter saído de
casa sem companhia masculina, ter ficado sozinha com um homem
desconhecido ou por uma possível gravidez.

4. LEGALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA


Na Rússia, 1370 mulheres apanham de seus maridos a cada hora. O número é
mais de três vezes maior do que no Brasil – onde essa realidade é vivida
por 500 mulheres a cada 60 minutos. Acontece que a violência doméstica no
maior país do mundo é legalizada. Enquanto muitas mulheres comemoram a
conquista de direitos ao redor do mundo, em 2017 a Rússia seguiu o caminho
reverso ao descriminalizar as agressões cometidas por maridos contra suas
esposas e filhos, como publicado pelo jornal The Guardian. Desde que o
episódio não se repita mais do que uma vez no ano e que a mulher e as
crianças não precisem ser hospitalizadas, o agressor não precisa se preocupar
com uma punição.

Nas vezes em que existe uma penalidade, ela não passa de uma multa de 470
dólares e – raramente – de 15 dias na prisão. Além disso, se o casal possuir
uma conta conjunta no banco e o marido abusivo não pagar a multa, a justiça
russa cobra o valor da esposa. O dinheiro recolhido com essas taxas é
encaminhado a um fundo e ninguém sabe o que é feito com ele, como ressalta
a russa Alena Popova.

5. A REALIDADE SOBRE O CASAMENTO INFANTIL


Você sabia que apenas três estados dos EUA, dos 50 totais, determinam a
idade mínima para se casar como sendo 18 anos? São eles Virgínia, Texas e
Nova Iorque. Em Nova Hampshire, deve-se ter 13 anos para que o casamento
seja realizado e em 25 estados não há definição de uma idade mínima. Isso
explica o grande número de crianças casadas no país. Segundo a organização
Equality Now, 200.000 menores de idade se casaram nos Estados Unidos entre
2000 e 2015, sendo que 90% destes eram garotas.

Aqui no Brasil as coisas são um tanto diferentes. Para se casar com 16 ou 17


anos, é necessária a autorização dos pais ou responsáveis. Já o casamento de
menores de 16 anos é permitido em caso de gravidez. Um estudo
da Organização Não Governamental Promundo afirma que 877 mil mulheres
brasileiras se casaram com até 15 anos. A mesma pesquisa aponta que em
2018 cerca de 88 mil crianças com idades entre 10 e 14 anos estariam em
uniões consensuais no Brasil. Para reverter esses números, criou-se o Projeto
de Lei 7119/17, que proíbe totalmente o casamento de menores de 16 anos.
Em junho de 2018 a Câmara dos Deputados aprovou o decreto, que foi
encaminhado ao Senado Federal.

6. QUANDO MULHERES E HOMENS NÃO SÃO IGUAIS


PERANTE À LEI’
Para a Justiça do Irã, o testemunho de uma mulher vale metade do que o do
homem. Ou seja, duas mulheres precisam testemunhar para que suas palavras
tenham o mesmo peso do que as de um único homem. Além disso, o Estado
iraniano define que a indenização a ser paga por matar ou machucar uma
mulher é a metade do que deve ser pago caso esses danos sejam causados a
um homem.

No Paquistão, o cálculo dos pesos de um testemunho é o mesmo que no Irã.


Essa diferenciação contradiz o que é afirmado na Constituição do país. Mesmo
com o documento estipulando que não deve haver qualquer tipo de
discriminação por conta do gênero, o testemunho de uma mulher vale metade
do que o de um homem.

7. JOVENS GRÁVIDAS PROIBIDAS DE


FREQUENTAREM A ESCOLA
Em abril de 2015, o Ministro da Educação de Serra Leoa emitiu um decreto
que proibiu garotas “visivelmente grávidas” de frequentarem a escola e
também de realizarem provas. Impedidas de concluírem seus estudos, as
jovens recorrem a cursos técnicos que as ensinem profissões como as de
cabeleireiras e costureiras.

Pressionado pela Comunidade Internacional, o governo de Serra Leoa criou


escolas especialmente para essas garotas grávidas, o que também constitui
uma violação aos Direitos Humanos. Essa segregação viola o direito básico à
educação dessas meninas-mães.

Mas não é só em Serra Leoa que garotas grávidas deixam de cursar a escola.
Mesmo não existindo nenhuma lei que as impeça de estudar, em vários países
essas meninas abandonam os estudos por não suportarem lidar com todo o
preconceito e julgamento das outras pessoas. A falta de apoio dos pais
também faz com que a jornada dessas jovens seja muito mais difícil. No Brasil,
por exemplo, apenas uma em cada quatro mães que tem entre 15 e 17 anos
finaliza a educação básica – segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (Pnad), realizada em 2015. Isso significa que apenas cerca de 25%
das 21 milhões de adolescentes grávidas no Brasil voltam a estudar.

Para ter uma melhor noção do problema da gravidez na infância e na


adolescência, o Ministério da Saúde criou o seguinte infográfico:
O QUE É FEITO PARA GARANTIR OS DIREITOS DAS
MULHERES?
Em 1995, a capital da China – Pequim – sediou a Quarta Conferência Mundial
sobre as Mulheres, um evento organizado pelas Nações Unidas. Lá, criou-se a
“Declaração e Plataforma de Ação de Pequim”, com o objetivo de alcançar a
igualdade de gênero por meio da superação dos desafios e obstáculos
enfrentados por meninas e mulheres em todo o mundo. Esse documento tem
como foco 12 áreas temáticas, que são:

• Crescente número de mulheres em situação de pobreza;


• Desigualdade no acesso à educação e capacitação;
• Desigualdade no acesso aos serviços de saúde;
• Violência contra a mulher;
• Como conflitos armados afetam as mulheres;
• Desigualdade na participação em estruturas econômicas, nas atividades
produtivas e no acesso a recursos;
• Desigualdade na participação no poder político e nos órgãos decisórios;
• Insuficiência de mecanismos institucionais para a promoção do avanço
da mulher;
• Deficiências na promoção e proteção dos direitos da mulher;
• Estereotipação dos temas relativos à mulher nos meios de comunicação
e a desigualdade de acesso a essas mídias;
• Desigualdade de participação nas decisões sobre a exploração dos
recursos naturais e a proteção do meio ambiente;
• Necessidade de proteção e promoção voltadas especificamente para os
direitos da menina.
O documento, assinado por 189 países, também proíbe toda e qualquer tipo de
lei que fosse baseada em gênero. E, ao contrário que muita gente pensa, não
são apenas Estados orientais, muito religiosos e/ou muito pobres que têm leis
baseadas em gênero. Mesmo que 192 países determinem em suas
Constituições a igualdade e não-discriminação das mulheres, muitas nações
do mundo possuem um sistema de leis que oprime jovens e adultas. Essa
opressão, como visto neste texto, pode ocorrer de várias maneiras, algumas
vezes contando com o apoio de leis – como a violência doméstica na Rússia –
e outras sendo ilegal, mas comum por serem consideradas culturais – como
a cultura do estupro.

Foram muitas as conquistas de direitos e proteções que eram negados às


mulheres – como a Lei Maria da Penha vigente no Brasil –, mas também se
nota que ainda há muito a ser melhorado. Mesmo com as denúncias e
protestos da população, muitos países continuam a negar os direitos das
mulheres. Por isso é importante ficar atento/a às leis que são votadas no
país e às discussões sobre gênero que surgem nas mídias, nas escolas, nos
encontros de família e em todos os lugares. Exercer a cidadania é
também participar ativamente de debates e não apenas aceitar decisões que
dizem respeito a todos os brasileiros e brasileiras.

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