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ALINE NASCIMENTO LINS

CÁLCULO VETORIAL
UNIDADE 14

APLICAÇÕES DE SÉRIES DE
FOURIER

1. APLICAÇÕES DE SÉRIES DE FOURIER

Neste capítulo, vamos compreender para que serve as séries de Fourier e aplicar esse
COMPETÊNCIAS

conhecimento na solução de problemas. Esse conhecimento será uma ferramenta


fundamental para seguir em sua profissão E então? Motivado para desenvolver esta
competência? Então, vamos lá. Avante!

1.1 FUNÇÕES PARES E ÍMPARES


Uma função é definida como sendo par, se:

No Quadro 1, a seguir, temos alguns exemplos de funções pares.


Tabela 01. Quadro 1 – Exemplos de funções pares

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Uma função é definida como sendo ímpar, se:

No Quadro 2, temos alguns exemplos de funções ímpares.

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Tabela 02. Quadro 2– Exemplos de funções pares

Fonte: Elaborado pelo autor (2022).

Saber a paridade de uma função é de grande ajuda quando precisamos fazer a inte-
gração em um intervalo do tipo , pois, a integral de uma função par é uma
função ímpar e a integral de uma função ímpar é uma função par. Veja, como exemplo,
a função , cuja integral é , ou seja, a integral da função
cosseno que é par, resulta na função seno que é ímpar, quando calculamos essa inte-

gral em um intervalo simétrico, por exemplo, , temos:

Ou seja, temos uma soma. Agora, considere a função ímpar , vamos inte-
grá-la no intervalo :

Note que poderíamos ter tomado intervalos genéricos que não alteraria o resultado.

A seguir, veremos algumas propriedades de funções pares e ímpares.

1.1.1 Propriedades das funções pares e ímpares


Da soma e multiplicação de funções pares e ímpares, temos as seguintes propriedades:
`` A soma de duas funções pares resulta em uma função par e a soma de duas funções
ímpares resulta em uma função ímpar.

`` O produto de duas funções pares resulta em uma função par.

`` O produto de duas funções ímpares resulta em uma função par.

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`` O produto de uma função par com uma função ímpar resulta em uma função ímpar.

Da integração de funções pares e ímpares, seja uma função integrável em


um intervalo qualquer, temos que:

`` , se é uma função par.

`` , se é uma função ímpar.

1.1.2 Aplicando as propriedades das funções pares e ímpares nas séries


de Fourier
Nesta seção, veremos como simplificar as séries de Fourier utilizando as propriedades
de funções pares e ímpares.

Veremos o que acontece com os coeficientes da série de Fourier em cada caso.

01. Considere que a função seja uma função par. Os coeficientes , e


dados nas equações (35) a (37) podem ser reescritos da seguinte forma, segundo Churchill
(1963):

Em que porque da equação (37) vemos que teríamos que integrar


, como é par e é ímpar, o produto é uma função ímpar, e a integral de uma
função ímpar num intervalo simétrico é zero.

02. Considere que a função seja uma função ímpar. Os coeficientes , e


dados nas equações (35) a (37) podem ser reescritos da seguinte forma, segundo Chur-
chill (1963):

Onde porque da equação (36) vemos que teríamos que integrar


, como é ímpar e é par, o produto é uma função ímpar, e a integral de uma
função ímpar num intervalo simétrico é zero.

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Podemos reescrever a série de Fourier da seguinte forma:

1.2 APLICAÇÕES
Nesta seção, veremos algumas aplicações das séries de Fourier, aqui utilizaremos as
séries de Fourier para solucionar problemas que são modelados por equações diferen-
ciais ordinárias. Como é o caso de oscilações forçadas em um sistema massa-mola.

Considere o sistema massa-mola da Figura 1, a seguir.


Figura 01. Sistema massa-mola com oscilação forçada

Fonte: Elaborada pelo autor (2022).

Para o caso de oscilações forçadas, sabemos que a equação que descreve esse mo-
vimento é:

Em que , é a segunda derivada de com respeito ao tempo , é


a derivada de com respeito a , é o deslocamento da massa em relação à posi-
ção de repouso, é a constante de amortecimento, é a constante da mola, e éa
força externa que depende do tempo. Aqui iremos considerar que seja uma função
periódica qualquer (FIGUEIREDO, 1934).

A solução geral da equação diferencial (44), é a soma de uma solução homogênea,


que chamaremos de , e uma solução particular, que chamaremos de , sendo
então, segundo Figueiredo (1934):

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Em que a solução homogênea é a solução da equação (44) para o caso especial em


que , ou seja,

E a solução particular, , é a solução da parte não homogênea da equação diferencial.

A solução homogênea, dada na equação (46), é bem simples de se obter, sendo neces-
sário, basicamente determinar as raízes da equação característica

Vamos supor que a força, , pode ser representada por uma série de Fourier:

Em que os coeficientes , e estão definidos nas equações (35) a (37). Desse


modo, estamos em busca de uma solução da forma:

onde os coeficientes , e devem ser determinados e substituídos na equação


(49). Note que, aqui, pouparemos o trabalho de solucionar a equação diferencial, sendo
necessário apenas escrever a função como uma série de Fourier.

Para melhor visualização dos procedimentos, vamos considerar um caso para a equa-
ção (44) envolvendo números. Considere o caso hipotético, onde as oscilações de um
sistema massa-mola são determinadas pela seguinte equação diferencial:

Em que a força é uma função periódica, definida como segue:

A equação homogênea é:

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Cuja equação característica é dada por:

Em que , desse modo, a solução homogênea é:

Em que e são constantes. Agora, precisamos buscar uma solução particular, que
deve ter a forma:

Vamos derivar a equação (55) para obter e :

Além disso, sendo uma função par, temos:

Substituindo os resultados obtidos em (56), (57) e (58) na equação particular, temos:

Agrupando os termos que têm e os termos que têm , obtemos:

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Comparando os termos da esquerda com os da direita, obtemos as seguintes relações:

Resolvendo o sistema de equações (61), obtemos as seguintes relações para e


em termos de e :

Com isso, podemos escrever a solução da equação particular da seguinte forma:

E, finalmente, podemos escrever a solução geral para , somando a solução homo-


gênea que foi obtida na equação (54) com a solução particular, obtida na equação (63):

Uma outra aplicação muito interessante das séries de Fourier é na soma de uma série
numérica. Existem algumas séries numéricas reais em que é extremamente difícil (as
vezes até impossível) determinar uma regra para estabelecer a -ésima soma parcial,
e esse problema pode ser solucionado utilizando as séries de Fourier.

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E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para
termos certeza de que você realmente entendeu o tema de estudo deste capítulo, va-
mos resumir tudo o que vimos. Você deve ter aprendido que funções pares são funções
do tipo e funções ímpares são funções do tipo ,
como exemplo de funções pares, temos: , , , e como exemplo de funções
RESUMINDO

ímpares, temos: . Você também deve ter aprendido as propriedades


das funções pares e ímpares, que a soma de duas funções pares é uma função par,
a soma de duas funções ímpares é uma função ímpar, o produto de duas funções
pares é uma função par, o produto de duas funções ímpares é uma função par. E que
o produto de uma função par com uma função ímpar é uma função ímpar. Você deve
ter aprendido também que as séries de Fourier podem ser aplicadas na solução de
problemas que são modelados por equações diferenciais ordinárias.

3. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exercício comentado

Conhecer a paridade das funções é de grande serventia quando precisamos calcular in-
tegrais definidas em um intervalo simétrico, ou seja, do tipo , uma vez que a in-
tegral de uma função ímpar nesse intervalo será zero. Indique a periodicidade da função
.

Resposta:

. pois a função repete seu valor a cada .

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4. ATIVIDADES PRÁTICAS

Atividade Prática

Conhecer a paridade das funções é de grande serventia quando precisamos calcular inte-
grais definidas em um intervalo simétrico, ou seja, do tipo , uma vez que a integral de
uma função ímpar nesse intervalo será zero. Assinale a alternativa que contém uma função
ímpar.

a.  .

b.  .

c.  .

d.  .

e.  .

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