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LÍNGUA PORTUGUESA e REDAÇÃO

Professor Danilo

ARTIGO DE OPINIÃO

O QUE DEVEMOS AOS JOVENS

Fiquei surpresa quando uma entrevistadora disse que em meus textos falo dos jovens como arrogantes e mal-educados.
Sinto muito: essa, mais uma vez, não sou eu. Lido com palavras a vida toda, foram uma de minhas primeiras paixões e
ainda me seduzem pelo misto de comunicação e confusão que causam, como nesse caso, e por sua beleza, riqueza e
ambiguidade.

Escrevo repetidamente sobre juventude e infância, família e educação, cuidado e negligência. Sobre nossa falha quanto
à autoridade amorosa, interesse e atenção. Tenho refletido muito sobre quanto deve ser difícil para a juventude esta época
em que nós, adultos e velhos, damos aos jovens tantos maus exemplos, correndo desvairadamente atrás de mitos bobos,
desperdiçando nosso tempo com coisas desimportantes, negligenciando a família, exagerando nos compromissos, sempre
caindo de cansados e sem vontade ou paciência de escutar ou de falar. [...]

Tenho muita empatia com a juventude, exposta a tanto descalabro, cuidada muitas vezes por pais sem informação, força
nem vontade de exercer a mais básica autoridade, sem a qual a família se desintegra e os jovens são abandonados à
própria sorte num mundo nem sempre bondoso e acolhedor. Quem são, quem podem ser, os ídolos desses jovens, e que
possibilidades lhes oferecemos? Então, refugiam-se na tribo, com atitudes tribais: o piercing, a tatuagem, a dança ao som
de música tribal, na qual se sobrepõe a batida dos tantãs. Negativa? Censurável? Necessária para muitos, a tribo é onde
se sentem acolhidos, abrigados, aceitos.

Escola e família ou se declaram incapazes, ou estão assustadas, ou não se interessam mais como deveriam. Autoridades,
homens públicos, supostos líderes, muitos deles a gente nem receberia em casa. O que resta? A solidão, a coragem, a
audácia, o fervor, tirados do próprio desejo de sobrevivência e do otimismo que sobrar. Ouero deixar claro que nem todos
estão paralisados, pois muitas famílias saudáveis criam em casa um ambiente de confiança e afeto, de alegria. Muitas
escolas conseguem impor a disciplina essencial para que qualquer organização ou procedimento funcione, e nem todos
os políticos e governantes são corruptos. Mas quero também declarar que aqueles que o são já bastam para tirar o fervor
e matar o otimismo de qualquer um.

Assim, não acho que todos os jovens sejam arrogantes, todas as crianças mal-educadas, todas as famílias disfuncionais.
Um pouco da doce onipotência da juventude faz parte, pois os jovens precisam romper laços, transformar vínculos (não
cuspir em cima deles) para se tornar adultos lançados a uma vida muito difícil, na qual reinam a competitividade, os
modelos negativos, os problemas de mercado de trabalho, as universidades decadentes e uma sensação de bandalheira
geral.

Tenho sete netos e netas. A idade deles vai de 6 a 21 anos. Todos são motivo de alegria e esperança, todos compensam,
com seu jeito particular de ser, qualquer dedicação, esforço, parceria e amor da família. Não tenho nenhuma visão negativa
da juventude, muito menos da infância. Acho, sim, que nós, os adultos, somos seus grandes devedores, pelo mundo que
lhes estamos legando. Então, quando falo em dificuldades ou mazelas da juventude, é de nós que estou,
melancolicamente, falando.

LYA LUFT. Veja, 16 dez. 2009, p. 26. (Fragmento).

QUESTÃO 01. O gênero textual “artigo de opinião” cumpre a função de discutir, de maneira argumentativa e pessoal,
assuntos diversos da sociedade. Para isso, apresenta em sua estrutura marcas linguísticas que traduzem pessoalidade.
Em todas as opções abaixo, é possível observar traços de subjetividade, EXCETO:

A) “Fiquei surpresa quando uma entrevistadora disse que em meus textos falo dos jovens como arrogantes e mal-
educados.”
B) “Sinto muito: essa, mais uma vez, não sou eu.”
C) “Muitas escolas conseguem impor a disciplina essencial para que qualquer organização ou procedimento funcione,
e nem todos os políticos e governantes são corruptos.”
D) “Então, quando falo em dificuldades ou mazelas da juventude, é de nós que estou, melancolicamente, falando.”
QUESTÃO 02. A primeira estratégia de persuasão de um “artigo de opinião”, cumprindo a função de despertar a atenção
do leitor para o texto, é o título. Pensando nisso e considerando o título apresentado no texto, é possível concluir que

A) faz alusão à dívida social que representantes políticos têm com os jovens.
B) fazendo uso exclusivo de palavras nominais, de maneira convencional, sintetiza as ideias do texto.
C) desperta o gatilho da curiosidade no leitor a ponto de induzi-lo à leitura.
D) a autora, de maneira irônica, assume uma dívida que os adultos têm com a juventude.

QUESTÃO 03. As marcas estilísticas configuram autoria nas construções dos “artigos de opinião” e denotam o aspecto
da pessoalidade nos textos. A partir dessa concepção, retire do texto uma passagem com

A) uma personificação (1° parágrafo)


As palavras me seduzem
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B) uma antítese (2° parágrafo)


Cuidado e negligência
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QUESTÃO 04. Apesar de ter a expressividade como principal característica, o que traduz a função emotiva como forte
aspecto dos “artigos de opinião”, outras funções da linguagem podem estar presentes nesse gênero. Retire duas
passagem do texto que tenham um viés metalinguístico e explique o porquê.
Lido com palavras; escrevo repetidamente;
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em meus textos
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QUESTÃO 05. “Lido com palavras a vida toda.” O excerto do texto traduz uma ideia importante sobre a autora na condição
de se defender de uma crítica anteriormente recebida.

A) Qual foi a crítica recebida por ela?


Que critica os jovens
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B) Qual figura de linguagem está presente no fragmento? Explique.
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O exagero
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QUESTÃO 06.
A informalidade é um fator utilizado, estratégica e pontualmente, pelos articulistas para ratificar um viés personalista da
linguagem e sua subjetividade. Retire do texto, duas passagens em que isso ocorre.

Correndo desvairadamente atrás de mitos


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bobos” sempre caindo de cansados”
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QUESTÃO 07. Faça uma análise do recurso estilístico aplicado no início do quarto parágrafo.

A) Diga qual é o recurso.


Repetição do conectivo “ou” policíndeto
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B) Qual efeito esse recurso produz na construção do texto?


Para dar ênfase a uma ideia
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QUESTÃO 08. Escolha um parágrafo e faça a análise morfológica de todas as palavras.

Gênero textual: artigo de opinião


ARTIGO DE OPINIÃO: um texto que permite os traços estilísticos do escritor.

O artigo de opinião, como o próprio nome já diz, é um texto em que o autor expõe seu posicionamento diante de algum
tema atual e de interesse de muitos.
É um texto dissertativo que apresenta argumentos sobre o assunto abordado, portanto, o escritor além de expor seu ponto
de vista, deve sustentá-lo através de informações coerentes e admissíveis.
Logo, as ideias defendidas no artigo de opinião são de total responsabilidade do autor, e, por este motivo, o mesmo deve
ter cuidado com a veracidade dos elementos apresentados, além de assinar o texto no final.
Contudo, em vestibulares, a assinatura é desnecessária, uma vez que pode identificar a autoria e desclassificar o
candidato.
É muito comum artigos de opinião em jornais e revistas. Portanto, se você quiser aprofundar mais seus conhecimentos a
respeito desse tipo de produção textual, é só procurá-lo nestes tipos de canais informativos. A leitura é breve e simples,
pois são textos pequenos e a linguagem não é intelectualizada, uma vez que a intenção é atingir todo tipo de leitor.
Uma característica muito peculiar deste tipo de gênero textual é a persuasão, que consiste na tentativa do emissor de
convencer o destinatário, neste caso, o leitor, a adotar a opinião apresentada. Por este motivo, é comum presenciarmos
descrições detalhadas, apelo emotivo, acusações, humor satírico, ironia e fontes de informações precisas.Como dito
anteriormente, a linguagem é objetiva e aparecem repletas de sinais de exclamação e interrogação, os quais incitam à
posição de reflexão favorável ao enfoque do autor.
Outros aspectos persuasivos são as orações no imperativo (seja, compre, ajude, favoreça, exija, etc.) e a utilização de
conjunções que agem como elementos articuladores (e, mas, contudo, porém, entretanto, uma vez que, de forma que,
etc.) e dão maior clareza às ideias.
Geralmente, é escrito em primeira pessoa, já que trata-se de um texto com marcas pessoais e, portanto, com indícios
claros de subjetividade, porém, pode surgir em terceira pessoa.

PROPOSTA DE REDAÇÃO

A partir da leitura do texto e dos seus conhecimentos de mundo, escreva uma DISSERTAÇÃO ou um ARTIGO DE
OPINIÃO, com o máximo de 25 linhas, para desenvolver o seguinte tema:

OS DESAFIOS DA JUVENTUDE FRENTE À CARÊNCIA DE REFERÊNCIAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM FUTURO


PRÓSPERO

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