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RIO DE JANEIRO
2017
AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR
DIRETORIA DE NORMAS E HABILITAÇÃO DOS PRODUTOS
GERÊNCIA DE MONITORAMENTO ASSISTENCIAL
COORDENADORIA DE INFORMAÇÕES ASSISTENCIAIS
Rio de Janeiro
2017
2017. Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição –
Não Comercial – Sem Derivações. Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional.
É permitida reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
O conteúdo desta, e de outras obras da Agência Nacional de Saúde Suplementar, pode ser
acessado na Biblioteca Digital ANS http://www.ans.gov.br/biblioteca/index.html
www.ans.gov.br
Versão online
Elaboração, distribuição e informações
Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS
Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos – DIPRO
Gerência-Geral de Regulação Assistencial – GGRAS
Gerência de Monitoramento Assistencial – GMOA
Coordenadoria de Informações Assistenciais – COINF
Av. Augusto Severo, 84 – Glória
CEP 20.021-040
Rio de Janeiro, RJ – Brasil
Tel.: +55(21) 2105-0000
Disque ANS 0800 701 9656
www.ans.gov.br
Projeto Gráfico
Gerência de Comunicação Social – GCOMS/SEGER/DICOL
Normalização
Maria de Lourdes de Brito - CRB-7 6330
Luis Guilherme Macena - CRB-7 6713
Biblioteca/CGECO/GEQIN/DIGES
Nota: O estudo que subsidiou este livro foi realizado no âmbito da cooperação Técnica entre a OPAS/OMS no Brasil e a ANS,
por meio do termo de Cooperação nº 90.
Ficha Catalográfica
A 265m Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos. Gerência-Geral de
Regulação Assistencial. Gerência de Monitoramento Assistencial. Coordenadoria de Informações Assistenciais.
Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar brasileira [recurso eletrônico]
/ Agência Nacional de Saúde Suplementar. Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos. Gerência-Geral
de Regulação Assistencial. Gerência de Monitoramento Assistencial. Coordenadoria de Informações Assistenciais. –
Rio de Janeiro : ANS, 2017.
6.5 MB; ePUB.
ISBN: 978-85-63059-36-9 (online)
SBN: 978-85-63059-37-6
1. Saúde suplementar – Obesidade. 2. Obesidade pediátrica. 3. Obesidade – Adolescente. I. Título.
CDD 658.4
Catalogação na fonte – Biblioteca ANS
MANUAL DE DIRETRIZES PARA O ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE NA SAÚDE SUPLEMENTAR BRASILEIRA
LISTA DE FIGURAS
Esquema de orientações para a prevenção da obesidade na infância e
Figura 1 19
adolescência elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP
Fluxograma da abordagem em consulta pediátrica sobre atividade
Figura 2 física de crianças e adolescentes, elaborado pela Sociedade Brasileira 23
de Pediatria – SBP
Fluxograma da abordagem de crianças e adolescentes com excesso
Figura 3 de peso e obesidade, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria 25
– SBP
Identificação do Cuidado para os Indivíduos com base no Cálculo do
Figura 4 28
Índice de massa corporal – IMC
LISTA DE GRÁFICOS
Índice de massa corporal – IMC por idade em meninos do nascimento
Gráfico 1 16
aos cinco anos de idade
Índice de massa corporal – IMCpor idade em meninos dos cinco aos
Gráfico 2 17
dezenove anos de idade
Índice de massa corporal – IMC por idade em meninas do nascimento
Gráfico 3 17
aos cinco anos de idade
Índice de massa corporal – IMC por idade em meninas dos cinco aos
Gráfico 4 18
dezenove anos de idade
APRESENTAÇÃO 7
1. INTRODUÇÃO 9
2. ASPECTOS GERAIS 11
Recomendação geral 21
4. ABORDAGEM EM ADULTOS 27
CONSIDERAÇÕES FINAIS 39
REFERÊNCIAS 41
Espera-se que este material seja amplamente utilizado como balizador das ações a serem
implementadas pelo setor regulado, no que se refere ao cuidado do excesso de peso e obesidade,
unificando-se assim, a melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, a melhoria da qualidade
da atenção à saúde e a própria sustentabilidade de todo o setor em uma só estratégia para seu
enfrentamento.
Boa Leitura!
Sabe-se que a obesidade é uma doença multifatorial, recidivante e muitas vezes silenciosa, e se
não prevenida e cuidada corretamente, tem um impacto devastador na vida do indivíduo, bem
como na economia do País. A prevenção e o tratamento da obesidade se caracterizam por uma
abordagem multiprofissional e transdisciplinar.
No âmbito de suas competências, a ANS tem buscado, ao longo dos anos, estimular as operadoras
de planos de assistência à saúde a repensarem a organização das suas redes de atenção, no
intuito de rediscutir as formas usuais de organização dos serviços de saúde, tendo por objetivo:
o monitoramento dos fatores de risco, o gerenciamento de doenças crônicas, e a compressão da
morbidade e diminuição dos anos de vida perdidos por incapacidades.
O objetivo do grupo foi reunir diretrizes que apontassem para a integração entre procedimentos de
prevenção e cuidado da obesidade, compondo uma orientação criteriosa, à qual as operadoras de
planos de saúde pudessem se basear. O grupo teve seu trabalho pautado em estudos científicos
publicados no Brasil e no exterior e nos dados epidemiológicos sobre os beneficiários de planos
de saúde.
Estudo recente, baseado em revisão sistemática da literatura com metanálise, demonstrou que
as intervenções para perda de peso na obesidade reduzem a mortalidade em 6 casos por 1000
indivíduos obesos por várias causas associadas, particularmente doenças cardiovasculares, câncer
e diabetes. As intervenções, especialmente de reeducação alimentar com redução na ingestão de
gorduras totais e saturadas, podem reduzir a mortalidade por doenças crônicas (MA, et al., 2017).
São consideradas com excesso de peso pessoas com índice de massa corporal (IMC) igual ou
acima de 25, e obesas as que possuem IMC igual ou acima de 30. O resultado é obtido pela divisão
do peso do indivíduo pela altura ao quadrado.
A obesidade é considerada uma doença crônica, multifatorial e o distúrbio nutricional mais comum
na infância. O aumento crescente do número de obesos no mundo indica a grande participação
do ambiente na gênese da doença, com hábitos dietéticos, sedentarismo e fatores psicossociais,
responsáveis por 95% dos casos. Cerca de 5% dos pacientes obesos exibirão alguma causa
identificada sendo 2% associados a síndromes genéticas raras, e o restante a causas endócrinas
e secundárias a medicamentos (MORETZSOHN; ROCHA; CAETANO, 2016). Pode ser classificada
didaticamente em obesidade endógena, secundária a doenças ou uso de medicamentos e exógena,
resultado de uma interação entre fatores genéticos, comportamentais e ambientais em que a
ingestão alimentar é maior que o gasto energético.
1 VA pesquisa Vigilância de Fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico (VIGITEL – consiste um inquérito telefônico realizado nas capitais e Distrito
Federal com o objetivo de monitorar a frequência e distribuição dos principais determinantes das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
A partir dos resultados dos trabalhos do grupo constituído se procurou sair do modelo assistencial
hegemonicamente centrado na doença, em procedimentos fragmentados e baseado na demanda
espontânea, promovendo a coordenação do cuidado centrada na necessidade do beneficiário,
De acordo com os dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF (IBGE, 2010), coletados
entre 2008 e 2009, no Brasil, 15% das crianças na faixa de 5 a 9 anos estavam obesas e 37%
com excesso de peso. Na faixa de 10 a 19 anos, as taxas de excesso de peso eram de 34,8% para
meninos e 32% para meninas, e de obesidade eram, respectivamente, de 16,6% em meninos e
11,8% em meninas (IBGE, 2010).
Mais recentemente, o estudo populacional de base escolar ERICA2 - Estudo de Risco Cardiovascular
em Adolescentes constatou taxa de obesidade de 8,4% entre os adolescentes, sendo mais alta na
região Sul, atingindo 12,5% do total. O excesso de peso foi constatado em 17,1% do total de
estudantes (BLOCH et al., 2016).
2 “O ERICA é um estudo multicêntrico nacional que tem por objetivo conhecer a proporção de adolescentes com diabetes mellitus e obesidade, assim como traçar o perfil dos
fatores de risco para doenças cardiovasculares (como níveis de lipídios e pressão arterial, entre outros) e de marcadores de resistência à insulina e inflamatórios nessa população. Para isso
foram avaliadas as condições de saúde de cerca de 75 mil estudantes entre 12 e 17 anos, de 1.247 escolas brasileiras, públicas e particulares, distribuídas pelas 122 cidades participantes –
incluindo todas as capitais.” Fonte: http://erica.ufrj.br/apresentacao. Acesso em: 24 nov. 2017.
O monitoramento dos dados antropométricos pode ser feito utilizando os gráficos de IMC do
Ministério da Saúde, inseridos na caderneta de saúde da criança. O preenchimento adequado
destes gráficos nas consultas de rotina permite que o profissional de saúde detecte desvios na
curva e mudança nos canais de z escore (desvios em relação à média da população) e oriente a
família quanto à importância da prevenção da obesidade (WEFFORT; LAMOUNIER, 2017).
Gráfico 1 – Índice de massa corporal – IMC por idade em meninos do nascimento aos cinco anos
de idade.
Gráfico 3 – Índice de massa corporal – IMC por idade em meninas do nascimento aos cinco anos
de idade.
Primeiros
Pré natal Pré-escolar Escolar Adolescente
2 anos
Orientar Orientar
Manter quanto a quanto a Evitar consumo
Monitorar
aleitamento merenda escolar merenda escolar exagerado de
o estado
por 2 anos (consumo de (consumo de alimentos
nutricional
ou mais salgados e salgados e industriaizados
da gestante
complementado bebidas bebidas e fast-food
açucaradas) açucaradas)
Orientar Promover
Prática
a alimentação atividade física Atividade física
Orientação de
complementar moderada a diária moderada
nutricional atividade física
a partir vigorosa a vigorosa
moderada
de 6 meses diariamente
Não Alertar
adicionar sal Limitar Limitar
tempo de tela tempo de tela para consumo
na comida exagerado de
até 1 ano e a < 2 horas a < 2 horas
por dia por dia sódio, açúcar e
evitar açúcar de gordura saturada
adição até 2 anos
Promover
horas adequadas
de sono
Açúcar de adição: < 25 g por dia ( 6 colheres de chá) (8) (8 a 10 horas
Sódio: < 2 gramas de sódio por dia (ou menos de 5 g de sal = < 1 colher de chá) por noite)
Gorduras saturadas: < 10 % VET e trans: < 1 % VET (5)
DEFINIÇÕES
ALIMENTOS IN NATURA - são aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais (como
folhas e frutos ou ovos e leite) e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer
alteração após deixarem a natureza.
ALIMENTOS MINIMAMENTE PROCESSADOS - são alimentos in natura que, antes de sua
aquisição, foram submetidos a alterações mínimas. Exemplos incluem grãos secos, polidos e
empacotados ou moídos na forma de farinhas, raízes e tubérculos lavados, cortes de carne
resfriados ou congelados e leite pasteurizado.
ALIMENTOS PROCESSADOS – fabricados pela indústria com a adição de sal ou açúcar ou outra
substância de uso culinário a alimentos in natura para torná-los duráveis e mais agradáveis ao
paladar.
ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS – formulações industriais feitas inteiramente ou
majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido,
proteínas) derivados de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou
sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes,
aromatizantes, realçadores de sabor).
Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014.
20 MANUAL DE DIRETRIZES PARA O ENFRENTAMENTO DA OBESIDADE NA SAÚDE SUPLEMENTAR BRASILEIRA
3.2 Recomendações de atividade física para crianças e adolescentes
Recomendação geral
Ser fisicamente ativo todos os dias é importante para a promoção da saúde integral de crianças e
adolescentes. É fundamental que as atividades sejam prazerosas e adequadas ao estado individual
de crescimento e desenvolvimento da criança/adolescente. Enquanto é essencial para todos serem
fisicamente ativos, concentrar-se nas crianças antes dos dez anos de idade pode mudar a trajetória
da próxima geração.
Evidências indicam que a atividade física durante a infância e a adolescência pode contribuir para
o enfrentamento da obesidade ao menos por três caminhos:
Bebês devem ser incentivados a serem ativos, mesmo que por curtos períodos, várias vezes
ao dia, como brincar, engatinhar e arrastar. Aqueles que ainda não começaram a se arrastar/
engatinhar devem ser encorajados a serem fisicamente ativos alcançando, segurando, puxando e
empurrando, movendo a cabeça, corpo e membros durante as rotinas diárias e durante atividades
supervisionadas no chão, incluindo tempo em decúbito frontal.
Crianças que conseguem andar sozinhas devem ser fisicamente ativas todos os dias, durante
pelo menos 180 minutos, em atividades que podem ser fracionadas durante o dia em ambientes
fechados ou ao ar livre, como: ficar de pé, movendo-se, rolando e brincando, além de saltar, pular
e correr. Essas crianças não devem permanecer em comportamentos sedentários por longos
períodos, exceto quando estão dormindo. O comportamento sedentário representa o tempo em
que as crianças estão fazendo muito pouco movimento físico, como passear de carro, ficar no colo,
ou no carrinho de bebê. Permanecer em comportamentos sedentários por longos períodos não é
benéfico para a saúde e para o desenvolvimento da criança e deve ser evitado.
Outra recomendação importante até os dois anos é que o “tempo de tela” (TV, tablet, celular, jogos
eletrônicos) seja zero.
Crianças dessa faixa etária devem acumular pelo menos 180 minutos de atividade física de
qualquer intensidade distribuída ao longo do dia. As brincadeiras ativas como: andar de bicicleta,
atividades na água, jogos de perseguir e jogos com bola são as melhores maneiras para essa faixa
etária se movimentar.
A partir dos três anos de idade atividades físicas estruturadas, como natação, danças, lutas,
esportes coletivos, entre outras, também podem ser incluídas.
Recomenda-se que o “tempo de tela” seja limitado em até duas horas por dia, sendo que quanto
menos tempo gasto frente às telas será melhor.
Crianças e adolescentes dessa faixa etária devem acumular pelo menos 60 minutos diários de
atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa, tais como pedalar, nadar, correr, saltar e
outras atividades que tenham, no mínimo, a intensidade de uma caminhada.
Crianças e adolescentes devem ser encorajados a participar de uma variedade de atividades que
contribuam para o desenvolvimento natural, tais como, caminhadas, andar de bicicleta, praticar
esportes diversos, se envolver em jogos e brincadeiras tradicionais da comunidade em que estão
inseridas.
Assim como para crianças de 3 a 5 anos de idade, comportamentos sedentários devem ser
evitados e recomenda-se que o tempo de tela seja limitado em duas horas por dia, sendo que
quanto menos tempo gasto frente às telas será melhor. Porém, este limite não deve levar em
O fluxograma abaixo, elaborado pela SBP, demonstra a abordagem sobre a atividade física de
crianças e adolescentes a ser realizada em consultas pediátricas:
COMECE AQUI!
O paciente é portador
de alguma condição/ enfermidade que Oriente o paciente e os pais sobre a importância
SIM
represente contraindicação absoluta de manter baixo nível de exposição a
para prática de atividades comportamentos sedentários
físicas?
NÃO
Oriente o paciente e os pais sobre os benefícios Oriente o paciente e os pais sobre
da prática da atividade física para saúde. o controle da condição/enfermidade
NÃO
O paciente
Oriente o paciente e os pais sobre ações
apresenta elevada SIM que podem ser adotadas para reduzir o
exposição
comportamento sedentário e, se possível,
a comportamento
estabeleça uma meta a ser alcançada.
sedentário?
NÃO
Continue a consulta
A SBP elaborou o fluxograma ao lado para orientar a abordagem dos profissionais de saúde a
crianças e adolescentes com excesso de peso e obesidade:
Considerar os itens de forma individual, SM (+) se cintura abdominal > p90 Considerar os mesmos que são utilizados
não é possível identificar SM e mais dois achados relacionados a: para diagnóstico de SM em adultos
- Hiperglicemia
- HDL baixo
- Intolerância à glicose
- Pressão arterial elevada
Tratamento
Os estudos que envolvem indivíduos nessa faixa etária são predominantemente observacionais,
com amostras heterogêneas e pequenas e seguimento apenas em curto prazo. Mais estudos,
com amostras bem selecionadas e acompanhamento de longo prazo são necessários antes de se
considerar a cirurgia bariátrica como uma alternativa para crianças e adolescentes (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PEDIATRIA, 2012a).
Figura 4 – Identificação do Cuidado para os Indivíduos com base no Cálculo do Índice de massa
corporal – IMC.
Cálculo do IMC
Manter
Tratamento
tratamento
cirúrgico
crônico
Fonte: Elaborada pelo autor.
Consumir doces, bolos, biscoitos, Limitar consumo Não utilizar saleiro à mesa.
refrigerantes e sucos apenas de carnes processadas
ocasionalmente. (salsicha, linguiças, salames Evite consumo de refeições
e presuntos), alimentos prontas, salgadinhos e
Consumir frutas frescas, frutas secas preparados em frituras de imersão caldos industrializados,
castanhas ou lácteos em lanches. (batata frita e salgados). carnes processadas
(salsichas, linguiças,
Usar com moderação açúcar Consumir leite e derivados com salames e presuntos).
em bebidas e receitas. menorteor de gordura, carnes
brancas ou magras. *Utilize sal iodado
*Açúcares livres:
açúcar adicionado a alimentos ou bebidas,
mel, sucos de frutas e concentrado Consumir alimentos assados
de suco de frutas. ou grelhados.
*Gorduras saturadas:
manteiga, banha, óleo de palma,
óleo de coco e gorduras
de origem animal.
Consumir diariamente:
3 porções de frutas e 3 porções de verduras e legumes
* Frutas: acerola, caju, laranja, tangerina, maçã, banana, mamão, manga, melancia, limão etc.
** Verduras: acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, brócolis, chicória, couve, couve-flor, escarola,
espinafre, mostarda, repolho, rúcula, salsa e salsão.
*** Legumes: cenoura, beterraba, abobrinha, abóbora, pepino, cebola.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a inatividade física é um dos fatores de riscos
que responde pela grande maioria das mortes por doenças crônicas (WHO, 2014). A prática de
atividade física promove benefícios que vão além do controle da obesidade. Ela se constitui
num componente importante da prevenção e tratamento da doença coronariana, da hipertensão
arterial, das doenças musculoesqueléticas, das doenças respiratórias e da depressão (LEE et al.,
2012). Destaca-se ainda a possibilidade de ampliação da sociabilidade e de laços de convivência,
entre outros, que podem contribuir para o alcance dos objetivos relacionados à perda de peso. As
recomendações para a prática de atividade física variam de acordo com a idade e são apresentadas
na figura 7.
Warburton e Bredin (2017) sinalizam para o fato de que mover-se mais conduz a benefícios
significativos para a saúde. Realizar atividades físicas, mesmo que não seja possível, inicialmente,
alcançar os tempos citados na figura acima, traz benefícios para a saúde. Várias das atividades do
cotidiano, tais como o deslocamento para o trabalho e seu retorno, o cuidado com a casa, subir e
descer escadas, por exemplo, contribuem para a melhora do estado de saúde dos indivíduos.
As pessoas inativas devem iniciar com atividades de curta duração e baixa intensidade, progredindo
até volumes mais adequados, como atividades moderadas: caminhar, dançar ou realizar atividades
domésticas, ou mesmo as atividades vigorosas que incluem a corrida, pedalar ou nadar em ritmo
forte, mover ou levantar cargas pesadas. Ressalte-se que o gasto calórico durante as atividades
físicas varia com a dosagem (intensidade e duração) do esforço e o peso do indivíduo. Além disso,
a atividade física deve ser prazerosa, de preferência ao ar livre e na companhia de amigos ou
familiares. (AGITA SÃO PAULO, 2017; NAHAS, 2013).
O objetivo do tratamento com medicamentos é a perda de 10% do peso corporal, o que determina
melhora das complicações da obesidade, como diabetes e hipertensão arterial (GARVEY et al.,
2016). Atualmente, quatro medicamentos são registrados para o tratamento da obesidade no
Brasil pela Agência de Vigilância Sanitária - ANVISA e são utilizados de acordo com diretrizes
clínicas específicas.
Por ser uma doença complexa e de difícil controle, diversas abordagens surgem como propostas
de tratamento, geralmente sem nenhuma fundamentação científica ou baseadas em estudos
curtos e com pequeno número de pacientes. A figura 8 apresenta terapias que não possuem
evidência científica suficiente para serem indicadas dentro de uma abordagem médica ética
no tratamento da obesidade (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA
SÍNDROME METABÓLICA, 2016).
A cirurgia bariátrica é indicada para pacientes obesos que não apresentaram resposta ao
tratamento clínico com medicamentos e mudanças de estilo de vida. A realização da cirurgia
bariátrica determina perda de peso de 20-35% do peso inicial após 2-3 anos do procedimento,
o que está associado a melhora de complicações da obesidade, como diabetes tipo 2 e câncer,
além de aumentar o tempo e a qualidade de vida dos pacientes (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O
ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2016).
Atualiza o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde, que constitui a referência básica para
cobertura assistencial mínima nos planos privados de assistência à saúde, contratados a partir de
1º de janeiro de 1999; fixa as diretrizes de atenção à saúde; revoga as Resoluções Normativas –
RN nº 338, de 21 de outubro de 2013, RN nº 349, de 9 de maio de 2014; e da outras providências.
“1. Cobertura obrigatória para pacientes com idade entre 18 e 65 anos, com falha no tratamento
clínico realizado por, pelo menos, 2 anos e obesidade mórbida instalada há mais de cinco anos,
quando preenchido pelo menos um dos critérios listados no Grupo I e nenhum dos critérios listados
no Grupo II:
Grupo I
a. Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 35 Kg/m2 e 39,9 Kg/m2, com comorbidades (doenças
agravadas pela obesidade e que melhoram quando a mesma é tratada de forma eficaz) que
ameacem a vida (diabetes, ou apnéia do sono, ou hipertensão arterial, ou dislipidemia, ou doença
coronariana, ou osteo-artrites, entre outras);
b. IMC igual ou maior do que 40 Kg/m2, com ou sem comorbidades.
Grupo II
a. pacientes psiquiátricos descompensados, especialmente aqueles com quadros psicóticos ou
demenciais graves ou moderados (risco de suicídio);
b. uso de álcool ou drogas ilícitas nos últimos 5 anos.
As DUTs adotadas pela ANS, em regra, indicam as características e as condições de saúde, nas
quais os ganhos e os resultados clínicos são mais relevantes para os pacientes, segundo a melhor
literatura científica e os conceitos de Avaliação de Tecnologias em Saúde – ATS.
Os pacientes que serão submetidos à cirurgia bariátrica devem ser encaminhados ao cirurgião
pelo endocrinologista e passar por avaliação multidisciplinar minuciosa no pré-operatório.
A cirurgia bariátrica é contraindicada para pacientes sem tratamento clínico prévio, existência
de doenças psiquiátricas ativas, como depressão maior e transtornos psicóticos, alcoolismo e/ou
dependências de drogas, doenças ameaçadoras a vida no curto prazo, e pacientes incapazes de
cuidar-se sem apoio familiar ou social (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE
E DA SÍNDROME METABÓLICA, 2016).
Cirurgia Bariátrica:
IMC ≥ 35 kg/m2 com comorbidades ou IMC ≥ 40 kg/m2
APÓS falha de tratamento clínico (2 anos)
Clínica: Clínica:
Avaliação e controle Evolução de perda ponderal
de comorbidades Seguimento de comorbidades
Avaliação nutricional
Laboratorial: Laboratorial:
Hemograma, coagulograma, Hemograma, perfil de ferro,*
tipo sanguíneo, glicemia, cálcio total, fósforo,
lipidograma, análise da função hepática, 25-hidroxivitamina D,
dinâmica do ferro, exame de urina, PTH e cálcio urinário de 24 horas,
eletrocardiograma, radiografia de tórax, densitometria óssea (após 2 anos)
endoscopia digestiva alta e e ultrassom de abdome
ultrassonografia abdominal.
Cirurgia Bariátrica
Equipe Multidisciplinar: Abordagem Essencial
Cirurgião com formação específica, endocrinologista, nutrólogo, nutricionista, psiquiatra e psicólogo.
Pré-operatória Pós-operatório
Avaliação de necessidades nutricionais específicas. Acompanhamento clínico e nutricional por toda a vida.
As recomendações para as mudanças nos hábitos de vida devem ser graduais e prazerosas,
respeitando a individualidade de cada um. A obesidade é resultado de uma complexa combinação
de fatores biológicos, comportamentais, socioculturais, ambientais e econômicos. Portanto, na
abordagem individual recomenda-se ampliar o olhar para o contexto socioeconômico e cultural,
adaptando recomendações e estratégias de implementação customizadas.
A Educação em Saúde é fundamental para adesão a hábitos de vida saudáveis, e é preciso que
os profissionais de saúde traduzam o conhecimento como forma de reduzir a lacuna entre as
melhores evidências científicas e o “fazer” na Saúde. É um processo dinâmico, transparente e
sistemático, que inclui a síntese, disseminação e intercâmbio das melhores evidências científicas
no processo de decisão clínica, gerencial ou individual.
Essa publicação busca sintetizar os primeiros debates desenvolvidos no âmbito do Grupo Técnico
Multidisciplinar para o Enfrentamento do Excesso de Peso e Obesidade na Saúde Suplementar.
Tendo como objetivo pautar o tema na agenda das políticas para o setor em consonância com as
diversas iniciativas que vêm sendo desenvolvidas pelos atores da sociedade brasileira.
AGITA SÃO PAULO. São Paulo. 2017. Disponível em: <http://www.portalagita.org.br/pt/>. Acesso
em: 15 de nov. 2017.
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