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2ª Edição

ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL
NAS ESCOLAS
GUIA PARA MUNICÍPIOS

2ª Edição
Organização: Giorgia Russo e Patrícia Gentil
Pesquisa e produção de texto da 1ª edição: Ana Paula Bortoletto,
Laís Amaral, Nathalia Goulart e Mariana Garcia
Pesquisa e produção de texto da 2ª edição: Giorgia Russo, Larissa
Loures, Luisa Arantes Vilela, Luiza Delazari, Luana Lara, Mariana
Zogbi, Mylena Melo, Nathália Iwasawa, Nayhanne Gomes e Patrícia
Chaves Gentil
Revisão: Camilla Rigi, Giorgia Russo, Janine Giuberti Coutinho,
Renato Barreto
Projeto gráfico: DesignLinhadas
Supervisão técnica: Janine Giuberti Coutinho, Giorgia Russo e
Patrícia Gentil
Direção Executiva do IDEC: Carlota Aquino

Idec — Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor


Rua Avenida Marquês de São Vicente, 446 (salas 411/412) – Barra Funda
CEP 01139-000 – São Paulo/SP
Telefone: 55 11 3874-2150
www.idec.org.br

Distribuição gratuita e reprodução autorizada, mediante citação da


fonte original

Realização:

Apoio:
ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL
NAS ESCOLAS
GUIA PARA MUNICÍPIOS
2ª Edição
SUMÁRIO

1. Carta ao gestor 6

2. Introdução 8
2.1. Como está organizado este Guia 15

3. O que você pode fazer para


transformar a realidade 16
3.1. Os quatro pilares de uma boa
regulamentação do ambiente alimentar
da escola 20

4. O que já está sendo feito no Brasil 34


4.1. Exemplos inspiradores 44
4.2. Dispositivos legais vigentes por
macrorregiões do Brasil – em estados e
municípios 51

5. O que já está sendo feito no


mundo 62

6. Como vencer os obstáculos 66


6.1. Resistências 67
6.2. Pactuação entre Legislativo e Executivo 69
6.3. Parcerias e assessoramentos 70
6.4. Atuação da indústria 71

7. Conclusões 72

8. Sobre o Idec 76

9. Bibliografia 78

10. Anexo – Projeto de Lei modelo 86


6

1.

CARTA AO
GESTOR
7

Prezado(a) gestor(a),

Seja muito bem-vindo(a) a essa discussão tão cara ao


futuro da nossa sociedade: a saúde e qualidade de vida
das crianças e adolescentes. Estamos felizes de ter você
conosco neste Guia, que teve cada linha pensada para
ajudar a sua gestão a promover ambientes escolares
mais saudáveis.

Sabemos que as tarefas de um governo municipal ou


estadual envolvem muitas questões relativas à saúde,
educação, cultura, segurança, desenvolvimento social,
planejamento urbano, entre outras. Mas queremos
chamar a sua atenção para esse assunto que é de
extrema importância. Um projeto que demanda
soluções estruturais, e que resultará em qualidade de
vida a médio e longo prazo.

Alimentação é coisa séria, e vai muito além da ingestão


de nutrientes. O que comemos tem implicações em
vários aspectos da vida: na qualidade do sono, no
bem-estar, no meio ambiente, na economia local,
na preservação de cultura e na construção da nossa
identidade. Proteger o ambiente escolar é garantir
que crianças e adolescentes passem por essa fase
determinante para a criação de hábitos alimentares,
culturais e sociais, de maneira equilibrada e saudável, 1 - Ultraprocessados
sem a interferência de produtos ultraprocessados1, podem ser comidas
e bebidas — porque
que são associados ao desenvolvimento de inúmeras não são propriamente
Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs). alimentos, mas
formulações
industriais, em que
A escola é o lugar onde crianças e adolescentes são adicionados
passam pelo menos um terço do dia. Por isso, é corantes,
emulsificantes,
de extrema importância que o poder público se aromatizantes e
encarregue de garantir que esse ambiente seja outros. Quase sempre
contém excesso de
promotor de hábitos adequados e saudáveis. gordura, açúcar e
sal. São exemplos
Esperamos que você encontre neste Guia a inspiração de ultraprocessados
os refrigerantes,
para iniciar esse debate em seu município e colocar a biscoitos recheados e
mão na massa. Conte conosco nessa jornada! salgadinhos de pacote.
8

2.

INTRODUÇÃO
9

A infância e a adolescência 7,4% e 15,8%, respectivamente,


constituem um período apresentavam obesidade.
extremamente favorável para o Considerando todas as crianças
desenvolvimento humano, em brasileiras menores de 10 anos,
diversos aspectos. Os aprendizados estima-se que cerca de 6,4 milhões
e hábitos construídos neste tenham excesso de peso e 3,1
momento têm impacto em toda milhões tenham obesidade. Entre
a vida2. Por isso, dar atenção à os adolescentes, 31,8% e 11,9%
alimentação das crianças de hoje apresentavam excesso de peso
é, por consequência, dar atenção e obesidade, respectivamente.
a toda uma geração de futuros Estima-se que, entre todos os
adultos. Uma responsabilidade que adolescentes do país, 11 milhões
é de todos: família, sociedade e tenham excesso de peso e 4,1
poder público3. milhões tenham obesidade4.
Em 2020, das crianças
acompanhadas na Atenção
Primária à Saúde (APS) do Sistema
Único de Saúde (SUS), 15,9% Uma criança que tem obesidade
das menores de 5 anos e 31,7% aos 4 ou 5 anos de idade tende a 2 - Manual das
Cantinas Escolares
das crianças entre 5 e 9 anos permanecer com obesidade por Saudáveis. Ministério

tinham excesso de peso. Dessas, toda a vida adulta5. da Saúde, 2010.


Disponível em:
http://189.28.128.100/
nutricao/docs/geral/
manual_cantinas.pdf

3 - Lei nº 8.069 de
13 de julho de 1990,
EXCESSO DE PESO E OBESIDADE EM CRIANÇAS E dispõe sobre o
Estatuto da Criança e
ADOLESCENTES BRASILEIROS do Adolescente e dá
outras providências.
Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/l8069.htm
CRIANÇAS MENORES DE 5 ANOS CRIANÇAS ENTRE 5 E 9 ANOS ADOLESCENTES
4 - Excesso de peso e

15,9% 7,4% 31,7% 15,8% 31,8% 11,9% obesidade. Ministério


da Saúde. Disponível
em: https://aps.
saude.gov.br/ape/
promocaosaude/
excesso#:~:text=De%
20acordo%20
com%20a%20
Pesquisa,masculino%
20(57%2C5%25)

5 - Obesidade infantil,
Enciclopédia para o
Desenvolvimento da
Primeira Infância.
Disponível em: http://
www.enciclopedia-
crianca.com/obesidade-
EXCESSO DE PESO OBESIDADE infantil/sintese
10

ENTRE TODAS AS CRIANÇAS BRASILEIRAS MENORES DE


10 ANOS, CERCA DE:

6,4 MILHÕES
ESTÃO COM EXCESSO DE PESO
3,1 MILHÕES
ESTÃO COM OBESIDADE

ENTRE TODOS OS ADOLESCENTES BRASILEIROS, CERCA DE:

11 MILHÕES
ESTÃO COM EXCESSO DE PESO
4,1 MILHÕES
ESTÃO COM OBESIDADE

Como consequência deste estamos falando também em


cenário, crianças e adolescentes oferecer alimentos em quantidade
têm apresentado altas taxas de e qualidade adequadas. Tanto
colesterol, pressão alta, diabetes o excesso de peso quanto a
e outras Doenças Crônicas não desnutrição (caracterizada pela
Transmissíveis (DCNTs). Doenças deficiência de micronutrientes,
que, até então, eram caracterizadas baixo peso e baixa estatura)
como “de adultos”, mas estão, com podem ter efeitos de longo
cada vez mais frequência, sendo prazo, especialmente quando
diagnosticadas por pediatras6. ocorrem precocemente. Para
garantir plenamente o direito à
Vale lembrar que as doenças
6- Facts and figures alimentação, é preciso enfrentar
on childhood obesity. decorrentes do excesso de peso
Organização Mundial essas duas realidades, que podem
da Saúde (OMS). já estão, atualmente, entre as
parecer muito distintas, mas não
Disponível em: http:// principais causas de morte no país7.
www.who.int/end- são – estão interconectadas pois
childhood-obesity/
facts/en/ Esses dados não deixam dúvidas são resultado de um sistema
7 - Institute for de que é preciso agir, e rápido. Mas alimentar inadequado. Estudos
Health Metrics and
por onde começar? Que caminho recentes mostram a coexistência
Evaluation. University
of Washington. seguir? Com quem se articular? de obesidade e desnutrição em
Country profiles:
Brazil. Disponível
Essas são algumas das questões países de baixa e média renda, em
em: http://www. que vamos explorar neste Guia. função da má nutrição8.
healthdata.org/brazil

8 - The Double Nos aprofundaremos no potencial A obesidade é um problema


Burden of
Malnutrition.
que a escola tem para a prevenção complexo, resultado de uma série
The Lancet, 2019. e controle da obesidade, mas vale de fatores individuais e sociais,
Disponível em:
https://www. lembrar que quando falamos incluindo a influência exercida
thelancet.com/series/
em garantir uma alimentação sobre o indivíduo pelo ambiente
double-burden-
malnutrition saudável a crianças e adolescentes, familiar, comunitário, escolar, social
11

O AMBIENTE ALIMENTAR NAS ESCOLAS


O ambiente alimentar nas escolas eventos escolares como aniversários,
compreende as infraestruturas gincanas e festas temáticas etc.), e
que proporcionam o acesso aos outros elementos que influenciam na
alimentos dentro e no entorno hora de escolher o que comer, como
da escola (cantinas, vendedores as propagandas, preços praticados,
informais, lanchonetes, shoppings, qualidade do alimento, promoções 9.

e político10. Por isso mesmo exige saúde na escola, como os voltados


ações diversas de enfrentamento. para o combate à obesidade,
9 - FAO, 2019
também têm impacto nas famílias Disponivel em:
No caso das crianças e adolescentes,
e comunidades. Cria-se um https://www.fao.
a influência do ambiente alimentar org/3/ca4091en/
ambiente promotor de hábitos ca4091en.pdf
da escola é central, já que elas
saudáveis e os conhecimentos 10 - Dissecting
passam pelo menos um terço do dia obesogenic
adquiridos na escola extrapolam environments:
dentro da escola.
seus muros. Há uma melhoria da the development
and application
Muitas vezes, é na escola, um situação de saúde das populações of a framework

espaço de formação de indivíduos, e dos índices de frequência for identifying


and prioritizing
que a criança fará suas primeiras escolar. Em função de sua environmental
interventions for
escolhas alimentares sem a ampla abrangência, as escolas obesity, Swinburn,
supervisão da família ou de podem fazer mais do que outras 1999. Disponível
em: https://doi.
outros responsáveis – mais instituições para a formação de org/10.1006/

vulnerável, portanto, aos estímulos hábitos mais saudáveis12. pmed.1999.0585

11 - FAO, 2019
do ambiente. Justamente em
Porém, o que as pesquisas vêm Disponivel em:
um período da vida no qual https://www.fao.
demonstrando é que hoje o org/3/ca4091en/
estão sendo desenvolvidas as
ambiente escolar está contribuindo ca4091en.pdf
preferências por determinados
de forma sistemática para a 12 - Manual
operacional para
sabores e a capacidade de adoção de práticas alimentares profissionais de
autocontrole na hora de comer. consideradas não saudáveis.
saúde e educação:
promoção da
Desempenhando, assim, papel alimentação
saudável nas escolas.
importante nos altos índices de Ministério da Saúde.
sobrepeso, obesidade e na má Disponível em:
http://189.28.128. 100/
Por isso o ambiente alimentar nutrição infantil. nutricao/docs/geral/
da escola tem sido considerado manual_pse.pdf
A maior parte dos alimentos
estratégico e prioritário para 13 - A saúde pública
ofertados em cantinas escolares e a regulamentação
a promoção de boas práticas da publicidade
apresentam baixo teor de de alimentos.
alimentares – auxiliando, assim, Ministério da Saúde.
nutrientes e alto teor de açúcar,
no adequado estado nutricional Disponível em:
gordura e sódio13 – realidade que se http://dtr2004.saude.
das crianças e adolescentes11. gov.br/nutricao/
estende às outras infraestruturas documentos/
Além disso, já está comprovado que compõem o ambiente regulamenta_
publicidade_
que programas de promoção da alimentar da escola. alimentos.pdf
12

ALIMENTOS E BEBIDAS NÃO SAUDÁVEIS:


O QUE SÃO?
São aqueles que apresentam altas embalagens gigantes e a preço apenas
quantidades de nutrientes críticos – ligeiramente superior ao de produtos
sódio, açúcares e gorduras. Em geral, em tamanho regular. Além disso,
são produtos ultraprocessados – que existe um grande aparato publicitário
não são propriamente alimentos, para comercializar esses produtos, o
mas, sim, formulações industriais que induz o consumo excessivo.
nas quais frequentemente são A lista de ultraprocessados é longa e
adicionados aditivos alimentares, inclui refrigerantes; bebidas lácteas;
como corantes, aromatizantes, néctar de frutas; misturas em pó para
adoçantes, emulsificantes, espessantes o preparo de bebidas com sabor de
e outras substâncias, que podem frutas; salgadinhos de pacote; doces e
servir para estender a durabilidade chocolates; barras de cereais; sorvetes;
do produto, intensificar o sabor margarinas; pratos pré-preparados,
ou mesmo para disfarçar sabores normalmente vendidos congelados,
indesejáveis, oriundos das técnicas como pizzas e lasanhas; nuggets;
envolvidas no ultraprocessamento. salsichas e outros.
Também são adicionadas substâncias Várias pesquisas demonstram
de uso exclusivamente industrial, que uma alimentação baseada em
como gorduras hidrogenadas e amido produtos ultraprocessados está
modificado. Além dos nutrientes associada a desfechos negativos
críticos em alta concentração, eles de saúde, como o ganho de peso
14 - Diálogo sobre
ultraprocessados: também têm maior densidade e o desenvolvimento de doenças
soluções para energética (ou seja, mais calorias crônicas não transmissíveis, como
sistemas alimentares
saudáveis e
por grama) e menor teor de fibras, diabetes, hipertensão e outras
sustentáveis. proteínas e micronutrientes, como doenças cardiovasculares, alguns
Núcleo de Pesquisas
vitaminas e minerais. tipos de câncer, depressão e mortes
Epidemiológicas em
Nutrição e Saúde Por se tratarem de produtos prematuras. Também há pesquisas
(Nupens/USP) e
formulados para proporcionar a que indicam que ultraprocessados têm
Cátedra Josué de
Castro. Disponível em: sensação de que são mais saborosos potencial viciante, com efeitos sobre
https://drive.google. mecanismos neuronais14.
e apetitosos que alimentos in natura
com/file/d/1e3BY0Chz
00Rbp8lPWz4MXY3l2 e para serem consumidos a qualquer Por isso, o Guia Alimentar para a
N4CFCB2/view hora e em qualquer lugar, sem a População Brasileira15, do Ministério da
15 - Guia Alimentar necessidade de pratos, talheres e Saúde, recomenda evitar o consumo
para a População
mesas, induzem o consumo frequente de produtos ultraprocessados e basear
Brasileira. Disponível
em: https://bvsms. e sem atenção. Em função do baixo a alimentação em alimentos in natura
saude.gov.br/bvs/ custo de seus ingredientes, é comum e minimamente processados, como
publicacoes/guia_
alimentar_populacao_ que os produtos ultraprocessados frutas, verduras, legumes, grãos,
brasileira_2ed.pdf sejam comercializados em oleaginosas, ovos e outros.
13

A última edição da Pesquisa outro lado, as escolas públicas saem


Nacional de Saúde do Escolar na dianteira quando se tratam
(PeNSE), realizada com quase dos pontos alternativos de venda
160 mil estudantes brasileiros, de alimentos e/ou bebidas – por
de escolas públicas e privadas, exemplo, vendedores ambulantes
identificou que em 31,4% das e carrocinhas na porta ou entorno
escolas públicas há cantinas. Já da escola. Eles existem em mais da
nas escolas particulares, o cenário metade (54,8%) das públicas, e estão
é outro. Há cantinas em 88,3%. Por presentes em 39% das privadas.

CANTINAS FORAM VERIFICADAS EM:

31% DAS ESCOLAS


PÚBLICAS 88% DAS ESCOLAS
PARTICULARES

AMBULANTES E CARROCINHAS FORAM VERIFICADAS EM:

55% DAS ESCOLAS


PÚBLICAS 39% DAS ESCOLAS
PARTICULARES

Dentre os alimentos mais vendidos legislação municipal ou estadual,


nas cantinas, tanto das escolas seja por regras próprias. Por isso,
públicas quanto das privadas, ao pensar em ações de combate
estão os salgados assados, ao avanço da obesidade infantil, é
sucos de frutas e refrigerantes. importante levar em conta não só as
Nessa ordem. Já no entorno da dependências da escola ou a cantina,
escola, os campeões de venda mas tudo o que compõe o ambiente
são os refrigerantes, salgadinhos alimentar em que os estudantes
industrializados e salgados fritos. circulam quando frequentam a
escola. Além dos aspectos que
Um dado interessante da pesquisa
vamos abordar nos próximos dois
é que 94,8% dos estudantes
capítulos, como a linguagem e a
entrevistados relataram que existe
abrangência da legislação. Tudo
algum tipo de regra sobre os produtos
isso para que tenhamos medidas
alimentícios comercializados em
regulatórias de fato efetivas.
suas escolas. Ou seja, alimentos não
saudáveis estão sendo ofertados às O fato é que precisamos tornar
crianças e adolescentes, no ambiente o ambiente escolar promotor da
escolar, mesmo quando o interior da saúde e da alimentação saudável.
instituição já é regulado, seja por uma E a administração pública tem a
14

prerrogativa de editar normas e atos Nos capítulos seguintes vamos


gerais sobre o que se vende e oferta conhecer essas experiências, que
no ambiente escolar, com o objetivo servem como marco e podem Guiar
de promover a educação alimentar você na construção de dispositivos
e nutricional, além de regular a locais. No final deste Guia também
distribuição, oferta, comercialização, há um Projeto de Lei (PL) modelo,
propaganda e publicidade de criado a partir de ampla pesquisa,
alimentos e bebidas ultraprocessados pelo Instituto Brasileiro de Defesa
nas escolas públicas e privadas – do Consumidor (Idec) em parceria
priorizando alimentos in natura e com a ACT Promoção da Saúde, o
minimamente processados16. Pode Instituto Desiderata, a Fian Brasil
ser um ato ou norma que detalhe e a Aliança pela Alimentação
alguma legislação que já exista no
Adequada e Saudável. Ele é um
nível local ou estadual, ou mesmo
importante ponto de partida para
a criação de uma Lei ou portaria
você, gestor, iniciar um processo de
específica sobre o tema.
discussão e proposição de uma lei
Diversas localidades do Brasil e do ou outro tipo de regulamentação
mundo já avançaram neste sentido. sobre o tema na sua região.

RETRATO DOS HÁBITOS ALIMENTARES DE


16 - School and
community-based
CRIANÇAS E ADOLESCENTES
childhood obesity:
Implications for A PeNSE também apresentou um retrato • Menos de 30% consumiu frutas frescas,
policy and practice
REED, 2014. Disponível dos hábitos alimentares das crianças e legumes e verduras em toda a semana
em: https://doi.org/1 adolescentes entrevistados. Os dados anterior à pesquisa. Sendo que os
0.1080/10852352.2014
.881172
apontaram que alimentos saudáveis têm estudantes da rede pública consumiram
perdido espaço na mesa, e isso reforça a ainda menos que os da rede privada.
Effects of choice
architecture and importância da escola enquanto agente • 32,8% consumiu guloseimas na semana
chef-enhanced meals promotor de hábitos saudáveis. anterior à pesquisa – novamente,
on the selection
and consumption • 97,3% consumiu ao menos um estudantes da rede privada relataram um
of healthier school
alimento ultraprocessado no dia consumo maior.
foods: a randomized
clinical trial, COHEN, anterior à pesquisa.

MENOS DE
2015. Disponivel

97,3%
em: 10.1001/

30%
jamapediatrics.
2014.3805

Effectiveness
of school food
CONSUMIU AO
environment MENOS UM ALIMENTO CONSUMIU FRUTAS
policies on children’s
dietary behaviors:
ULTRAPROCESSADO FRESCAS, LEGUMES E VERDURAS
A systematic NO DIA ANTERIOR À PESQUISA EM TODA SEMANA ANTERIOR À PESQUISA
review and meta-
analysis, MICHA,

32,8%
2018. Disponível
em: https://doi.
org/10.1371/journal.
CONSUMIU GULOSEMAS
pone.0194555 NA SEMANA ANTERIOR À PESQUISA
15

COMO ESTÁ ORGANIZADO


ESTE GUIA
1.

No próximo capítulo, você vai conhecer os principais pilares


de uma boa regulamentação do ambiente alimentar da
escola e o PL modelo elaborado pelo Idec e parceiros.

2.

No capítulo 4, vamos trazer uma visão geral dos


dispositivos legais já aprovados no Brasil, tanto no
nível federal quanto em estados e municípios. Também
vamos analisar a qualidade e eficácia de medidas
vigentes, para que você, gestor, aprimore cada vez mais
a legislação e obtenha sucesso nessa empreitada.

No capítulo 5, vamos conhecer algumas das


experiências de regulamentação ao redor do mundo,
que também podem ser inspiradoras.

3.

Como sabemos que são muitos os desafios, mais


adiante, no capítulo 6, vamos discutir como superar
os obstáculos que surgirão ao longo deste processo.
Nas referências bibliográficas e anexo você encontrará
um rico material de apoio para se aprofundar nesta
temática – incluindo o PL modelo na íntegra.

Lembre-se que você é peça fundamental na construção


de um futuro melhor para as crianças e adolescentes
da sua região. E que pode contar conosco nessa missão.

Mãos à obra!
16

O QUE VOCÊ
PODE FAZER PARA
TRANSFORMAR A
REALIDADE
17

Sabemos que quando o ambiente autonomia, visão crítica e


alimentar da escola não é saudável, sistêmica sobre o mundo.
há consequências para a saúde
É importante ressaltar que tudo o que
pública, por isso, gestor, cabe à você
este Guia aborda é complementar ao
agir para virar esse jogo. O caminho
Programa Nacional de Alimentação
passa pela regulamentação desse
Escolar (PNAE), que é definido
espaço, para que ele promova um
por lei e tem seu regramento
presente e futuro saudável para
amparado no âmbito do Fundo
nossas crianças e adolescentes.
Nacional de Desenvolvimento da
A regulamentação representa um Educação (FNDE), além dos estados
pontapé para a criação de novos e municípios. Aqui estamos
hábitos alimentares no ambiente propondo avançar em normativos
mais adequado para isso. que reconheçam o ambiente
alimentar escolar de forma mais
ampliada, considerando também
os estabelecimentos comerciais
Afinal, a escola é o lugar onde (terceirizados ou não), como as
crianças e adolescentes têm como cantinas escolares e os pontos de
referência de boas práticas e, vendas no entorno das escolas; as
principalmente, onde a educação ações mercadológicas nas escolas;
se realiza como impulso para dentre outros.

PNAE 17
O Programa Nacional de Alimentação de alimentos variados, seguros, que
Escolar (PNAE) está entre as políticas
18
respeitem a cultura, tradições e
públicas mais antigas e mais importantes hábitos alimentares saudáveis;
da história do Brasil. Ele foi um dos • Inclusão da educação alimentar
17 - Saiba mais sobre
programas que contribuiu para a saída do e nutricional (EAN) no processo de o PNAE em: http://
Brasil do Mapa da Fome, da Organização ensino e aprendizagem; www.fnde.gov.br/
das Nações Unidas (ONU), em 2014. programas/pnae
• Participação da comunidade no
O PNAE oferece alimentação escolar 18 - Ao longo de seus
controle social e acompanhamento das
mais de 50 anos de
e ações de educação alimentar e ações realizadas, por exemplo através do história, o programa
nutricional a todos os estudantes de Conselho de Alimentação Escolar (CAE); já passou por algumas
modificações.
todas as etapas da educação básica • Apoio ao desenvolvimento sustentável. Atualmente, é a Lei nº
pública. Ao todo, são atendidas mais 11.947, de 2009, que
No âmbito do PNAE, determinados regulamenta o PNAE.
de 40 milhões de crianças.
alimentos são proibidos há anos – Para conhecê-la, acesse:
Dentre as diretrizes do programa, estão: refrigerantes e refrescos artificiais; http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_
• Emprego da alimentação saudável bebidas ou concentrados à base ato2007-2010/2009/lei/
e adequada, compreendendo o uso de xarope de guaraná ou groselha; l11947.htm.
18

chás prontos para consumo e outras agricultura familiar, priorizando


bebidas similares; cereais com comunidades indígenas e quilombolas;
aditivo ou adoçado; bala e similares; • No máximo 20% podem ser destinados a
confeito; bombom; chocolate em alimentos processados e ultraprocessados.
barra e granulado; biscoito ou bolacha
O programa tem impacto direto na
recheada; bolo com cobertura ou
qualidade da alimentação das crianças.
recheio; barra de cereal com aditivo ou
Uma pesquisa realizada com mais de
adoçadas; gelados comestíveis; gelatina;
100 mil estudantes de escolas públicas
temperos com glutamato monossódico
e privadas identificou que aqueles que
ou sais sódicos; maionese e alimentos
frequentam escolas públicas, nas quais
em pó ou para reconstituição.
a alimentação é oferecida pelo PNAE,
Dos recursos financeiros repassados
têm menos probabilidade de consumir
pelo FNDE aos estados e municípios,
regularmente (5 ou mais vezes na
para a execução do programa:
semana) produtos ultraprocessados
• No mínimo 75% devem ser
salgados e refrigerantes19. Ou seja, o PNAE
destinados à compra de alimentos in
protege as crianças e adolescentes do
natura e minimamente processados;
risco do consumo de ultraprocessados.
• No mínimo 30% devem ser
destinados à compra direta da

Além disso, existem muitos O artigo 4º do ECA (Estatuto


fundamentos jurídicos que da Criança e do Adolescente)
apoiam medidas regulatórias no complementa o CDC e estabelece
ambiente da escola. Conheça: como “dever da família, da
comunidade, da sociedade em
A Constituição Federal de 1988, geral e do poder público assegurar,
em seu artigo 205, reconhece a com absoluta prioridade, a
educação como direito fundamental efetivação dos direitos referentes
e desde 2010 estabelece que a à vida, à saúde, à alimentação,
alimentação é um direito social à educação, ao esporte, ao lazer,
fundamental. O Estado tem o papel à profissionalização, à cultura, à
de prover, proteger, promover dignidade, ao respeito, à liberdade
e garantir o direito humano à e à convivência familiar e
alimentação adequada. comunitária”. Ou seja, proteger as
crianças e zelar por sua educação e
O CDC (Código de Defesa alimentação é uma tarefa de todos.
do Consumidor) obriga que,
no fornecimento de produtos A Convenção sobre os
19 - Noll, PReS, Noll,
M., de Abreu, LC et e serviços, sejam garantidos Direitos da Criança – instrumento
al. Noll, P.R.e.S., Noll,
M., de Abreu, L.C. et
direitos básicos de proteção à reconhecido pelo Brasil que
al. Ultra-processed saúde e à educação. Ao mesmo estabelece a alimentação
food consumption by
Brazilian adolescents tempo, reconhece as crianças saudável e a nutrição adequada
in cafeterias and como consumidoras que precisam como direitos fundamentais
school meals.
Disponível em: de maior proteção. Todos os de todas as crianças e aponta
https://www.nature.
estabelecimentos públicos e privados que, especialmente na escola,
com/articles/s41598-
019-43611-x. devem respeitar esses direitos. elas devem estar protegidas
19

da exposição aos alimentos estão desprotegidas de normas e


não saudáveis e estratégias de regulamentos que abranjam toda
marketing da indústria alimentícia. essa perspectiva do ambiente
alimentar escolar saudável.
A BNCC (Base Nacional Comum
A seguir, vamos apresentar o
Curricular) estabelece as diretrizes
modelo de Projeto de Lei e os
para toda a educação básica no
principais pontos a serem pensados
País, seja pública ou privada,
com bastante atenção para que a
orienta uma série de posturas e
medida regulatória que você vai
ações exatamente para estimular
implementar em seu município
o desenvolvimento desse senso
seja a mais exitosa possível. Cada
crítico nas crianças - assim como
tópico é muito importante porque
os hábitos saudáveis. Em 2018,
se complementam. Por exemplo,
o Congresso Nacional aprovou a
quando existe uma medida que
inclusão da educação alimentar
proíbe a comercialização de certos
e nutricional como um tema
alimentos, ela deve prever também
transversal na educação básica,
ações de educação alimentar e
devendo ser abordado no ensino
nutricional para que as crianças
infantil, fundamental e médio de
e adolescentes entendam o
escolas públicas e privadas do
porquê de tais alimentos não
país. A cantina, sendo uma parte
serem recomendados, assim, a
integrante da escola, precisa estar
regulamentação torna-se mais eficaz.
alinhada ao projeto pedagógico da
instituição e, portanto, trabalhar a Será preciso trabalhar para além
educação alimentar e nutricional e da dicotomia do “pode ou não
ofertar alimentos saudáveis. pode”. Você e sua equipe, mais
do que ninguém, sabem que
Pensando na prática a partir
dentro da gestão pública é preciso
desse aparato jurídico e na
paciência, diálogo, troca, respeito e,
importância de avançar para
principalmente, trabalho em grupo.
além da perspectiva do PNAE,
Chame as equipes das secretarias,
o Idec em parceria com a ACT
vereadores, representantes da
Promoção da Saúde, Instituto
sociedade civil e do setor regulado
Desiderata, Fian e a Aliança pela
e conversem. Construam uma
Alimentação Adequada e Saudável
medida robusta e madura, que
propõe um modelo de Projeto de
leve em consideração o objetivo
Lei para apoiar a transformação
principal dessa caminhada: a
das escolas públicas e privadas
promoção da saúde das crianças e
do Brasil. Apesar de toda a rede
adolescentes do seu município.
de cuidado que já existe dentro
desse espaço, as escolas no país Vamos lá!
20

3.1. OS QUATRO PILARES DE UMA BOA


REGULAMENTAÇÃO DO AMBIENTE
ALIMENTAR DA ESCOLA
O PL modelo proposto pelo Idec apontar que algumas regiões com
é fruto do desejo de apoiar as medidas regulatórias vigentes não
iniciativas locais de regulamentação estavam conseguindo assegurar
do ambiente alimentar da escola. um ambiente alimentar saudável
Mais do que trazer bons exemplos nas escolas e isso nos incentivou a
de outros municípios e estados, criar o PL modelo, considerando as
é importante que você tenha em evidências científicas disponíveis,
mãos um material que ajude, as diretrizes do Guia Alimentar
na prática, a colocar de pé um para a População Brasileira, além
projeto que dê conta de abraçar os das orientações dos organismos
principais pontos para o sucesso da internacionais sobre ambiente
regulamentação. escolar saudável. Nesse percurso,
também tivemos o apoio de
Esse protótipo começou a ser
entidades da sociedade civil e
pensado em 2021 pela equipe de
academia, que atuam na luta pela
alimentos do Idec. Nosso desafio
promoção da saúde pública e dos
era organizar o diálogo com
direitos do consumidor20.
gestores de estados e municípios
para transformar as escolas Identificamos a necessidade de
20 - ACT Promoção em ambientes mais saudáveis. se trabalhar quatro eixos, que são
da Saúde, Instituto
Desiderata, Fian Em concomitância, estávamos complementares entre si e devem
e a Aliança pela
mapeando as regulamentações de ser implementados em conjunto
Alimentação
Adequada e Saudável diferentes estados e municípios. para que a regulamentação e a
e Aliança Nacional
pela Alimentação
Algumas mais robustas e outras transformação das escolas seja um
Adequada e Saudável. menos. Estudos começaram a sucesso. Confira:

Educação Doações e Comunicação Fiscalização e


alimentar e comercialização mercadológica controle social
nutricional (EAN) de alimentos no de alimentos no
ambiente escolar ambiente escolar
21

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E
NUTRICIONAL (EAN)
O educar para o comer é o principal rurais podem ser recursos
propósito de se regulamentar pedagógicos interessantes.
o ambiente da escola. Por isso,
Também é importante que as
qualquer regulamentação deve
ações de EAN abordem todas as
estar atrelada ao educar, por meio
dimensões do direito humano à
da EAN. Além disso, como já dito
alimentação adequada e saudável,
anteriormente neste Guia, a EAN está
perpassando por todo o sistema
incluída na BNCC como um tema
alimentar e todas as características
transversal a todo o processo de
do ambiente que influenciam
ensino e aprendizagem. Por isso deve
as escolhas alimentares.
estar prevista no currículo escolar e
É fundamental que esteja
no projeto político-pedagógico das
incorporada de forma transversal
escolas públicas e privadas.
no currículo escolar e que possa ser
Entende-se como EAN “um trabalhada sob diferentes aspectos
conjunto de ações formativas, de e formas no cotidiano escolar.
prática contínua e permanente,
Um jovem consciente é capaz
transdisciplinar, intersetorial e
de fazer melhores escolhas 21 - Brasil. Ministério
multiprofissional, que objetiva do Desenvolvimento
alimentares, consumir alimentos Social e Combate
estimular a adoção voluntária de
produzidos de forma mais saudável à Fome. Marco
práticas e escolhas alimentares de referência de
e sustentável, e fazer valer seus educação alimentar
saudáveis que colaborem para a
direitos e deveres em relação não e nutricional para
aprendizagem, o estado de saúde as políticas públicas.
só a sua própria alimentação, mas – Brasília, DF: MDS;
do escolar e a qualidade de vida Secretaria Nacional
também de toda a sociedade.
do indivíduo”21. Em sua prática, de Segurança
Alimentar e
são recomendadas abordagens e Uma questão delicada é a Nutricional, 2012.
Disponível em:
recursos problematizadores, lúdicos capacitação permanente dos https://www.cfn.
e colaborativos, que potencializem educadores em temas relacionados org.br/wp-content/
uploads/2017/03/
a reflexão e o diálogo, envolvam à alimentação e nutrição. A falta de marco_EAN.pdf
toda a comunidade escolar e capacitação dos educadores gera 22 - Manual
operacional para
valorizem os conhecimentos um ciclo vicioso no qual não se
profissionais de
populares e regionais. A realização ensina nutrição nas escolas porque saúde e educação:
promoção da
de hortas escolares, feiras não há professores treinados – e alimentação
gastronômicas e visitas a locais os professores não são treinados saudável nas escolas.
Ministério da Saúde.
onde os alimentos são produzidos pela ausência ou falha dos cursos Disponível em:

e/ou preparados, como as cozinhas de formação específica22. Por isso, http://189.28.128.100/


nutricao/docs/geral/
escolares, cantinas e propriedades a capacitação não pode restringir- manual_pse.pdf
22

se a um evento pontual, nem a um parceria entre saúde e educação


instrumento destinado a suprir no nível local é de fundamental
deficiências da formação inicial. importância para a construção
Mais do que isso, precisa fazer de metodologias e processos
parte do exercício profissional formativos conjuntos.
do educador. Nesse sentido, a

DAS AÇÕES DE EDUCAÇÃO


ALIMENTAR E NUTRICIONAL
O Idec sugere por meio do PL modelo a a liberdade e autonomia da escola no
seguinte redação para contemplar essa desenvolvimento das atividades.
dimensão na regulamentação: Art. 4º – A organização de hortas
Art. 3º – A escola deverá incluir a no ambiente escolar e a prática da
educação alimentar e nutricional culinária devem compor as estratégias
de forma transversal no currículo de educação alimentar e nutricional,
escolar, em conformidade com a conforme viabilidade operacional e de
Lei 13.666 de 16 de maio de 2018, infraestrutura das escolas.
abordando o tema alimentação Art. 5º – As escolas, com o apoio
e nutrição e práticas saudáveis das secretarias estaduais e/ou
de vida no processo de ensino e municipais da educação e da saúde,
aprendizagem, inserido no projeto devem promover a capacitação do
político pedagógico das escolas. seu corpo docente e colaboradores
Parágrafo único. A educação alimentar para incorporar a educação
e nutricional deve ser um campo de alimentar e nutricional no projeto
conhecimento e de prática contínua, político pedagógico, a partir de
permanente, transdisciplinar que usa uma abordagem multidisciplinar e
abordagens e recursos educacionais transversal dos conteúdos.
problematizadores e ativos, que Art. 6º – É responsabilidade da escola
favoreçam o diálogo junto aos escolares orientar a comunidade escolar sobre a
e a comunidade escolar, considerando importância da alimentação adequada
todas as fases do curso da vida, etapas e saudável, bem como orientar os
do sistema alimentar e as interações pais e responsáveis sobre os lanches
e significados que compõem o enviados para a escola em consonância
comportamento alimentar, respeitando com os dispositivos desta Lei.
23

DOAÇÕES E COMERCIALIZAÇÃO DE
ALIMENTOS NO AMBIENTE ESCOLAR
Na escola, as crianças estão sem com alimentos industrializados
a supervisão de suas famílias ou altos em açúcar, sódio e
responsáveis. Têm, portanto, mais gorduras na cantina, além de
autonomia para escolher o que ser bombardeada por pôsteres
comer. Mas se há poucas opções e outros materiais publicitários
saudáveis e/ou essas opções são de refrigerantes e refrescos
pouco atrativas ou mais caras, açucarados. Como ela poderá
como a criança poderá escolher exercer o conhecimento adquirido
uma fruta ao invés de um biscoito se faltam opções saudáveis para
recheado ultraprocessado? o lanche e ela é, a todo momento,
sem nem mesmo se dar conta,
Apesar da importância das
induzida a adquirir produtos não
estratégias pedagógicas, que
saudáveis? E a coerência, que é um
objetivam capacitar as crianças
dos pilares da educação? É por isso
para fazerem escolhas voluntárias
que se fazem necessárias ações
mais saudáveis, é importante
conjuntas e complementares.
destacar que o ambiente tem
fundamental influência no Lembre-se que a proibição de
processo de escolha. Além das alguns itens na escola e em seu
ações de educação alimentar e entorno não impede que, em
nutricional, é preciso garantir a outros ambientes, as crianças
oferta de alimentos saudáveis e tenham acesso e consumam
restringir a oferta de alimentos alimentos não saudáveis. Por isso
que são críticos para a saúde. Isso mesmo, o primeiro passo precisa
vale para cantinas, buffets, eventos partir desse ambiente que tem, por
escolares e qualquer outra forma natureza, o papel de ser modelo
de oferta de alimentos às crianças. de uma sociedade que preza pela
saúde e hábitos mais saudáveis.
Pense em uma criança de 10
anos que aprende sobre a Ao regulamentar a oferta de
importância de uma alimentação alimentos na escola é muito
adequada, saudável, sustentável importante atentar-se à linguagem
e rica em alimentos in natura utilizada. Ela precisa ser clara
ou minimamente processados. e objetiva para garantir a plena
Predisposta a aplicar seus compreensão por parte da
conhecimentos recém-adquiridos, comunidade escolar e facilitar
durante o intervalo ela se depara a fiscalização pelos dos órgãos
24

responsáveis. É recomendável a a definição do que pode ou não


construção de uma lista de itens entrar na escola. Além do Guia, o
proibidos e permitidos, justificando Perfil Nutricional da Organização
o motivo da proibição de cada Pan-Americana da Saúde também
alimento e bebida. Na hora de pode ser uma referência importante
montar essa lista, lembre-se que para elaborar a lista. Esse modelo
é imprescindível que a legislação é uma ferramenta para classificar
esteja alinhada com o Guia alimentos e bebidas processados
Alimentar para a População Brasileira, e ultraprocessados que contêm
publicado pelo Ministério da Saúde. nutrientes críticos em excesso,
Ele deve ser o ponto de partida para como açúcares, sódio e gorduras23.

DAS AÇÕES DE DOAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE


ALIMENTOS E BEBIDAS NO AMBIENTE ESCOLAR
O Idec sugere por meio do PL modelo a entrega de alimentos (contratação de
seguinte redação para contemplar essa lanche pronto) no ambiente escolar
dimensão na regulamentação: estão sujeitos a esta lei.
Art. 7º – A doação e comercialização Art. 9º – Devem ser oferecidas e/ou
de alimentos, bebidas e preparações comercializadas diariamente três
culinárias no ambiente escolar opções de lanches e/ou refeições
deve priorizar aqueles in natura e saudáveis, que contribuam para a
minimamente processados, de forma saúde dos escolares, que valorizem a
variada e segura, que respeitem a cultura alimentar local e que derivam
cultura e as tradições locais, em de práticas produtivas ambientalmente
conformidade com a faixa etária e o sustentáveis, tais como:
estado de saúde do aluno, inclusive dos I – frutas, legumes e verduras da
que necessitem de atenção específica. estação, de preferência de produção
Parágrafo único: Para efeitos desta local ou regional;
Lei, a doação e comercialização de II – castanhas, nozes e/ou sementes;
alimentos refere-se a qualquer forma
III – iogurte e vitaminas de frutas naturais,
de distribuição e venda de alimentos,
isolados ou combinados com cereais
bebidas e preparações culinárias a
como aveia, farelo de trigo e similares;
escolares, professores, funcionários
IV – bebidas ou alimentos à base de
administrativos, pais e demais
extratos ou fermentados com frutas;
membros dentro da unidade escolar,
de forma terceirizada ou gestão V – sanduíches naturais sem molhos
direta pela escola. ultraprocessados;

Art. 8º – Todos os estabelecimentos VI – pães caseiros;


comerciais localizados no interior das VII – bolos preparados com frutas,
escolas públicas ou privadas (cantinas, tubérculos, cereais e/ou legumes,
refeitórios, restaurantes, lanchonetes, usando quantidades reduzidas de
23 - Para saber mais, etc.), as empresas fornecedoras de açúcar e gorduras, e sem conservantes,
acesse: https://www.
paho.org/pt/nutrient-
alimentação escolar, os serviços de corantes e/ou emulsificantes;
profile-model “delivery” ou qualquer sistema de
25

IX – produtos ricos em fibras (frutas secas, ingredientes, tais quais, refrigerantes,


grãos integrais, entre outros similares); néctares, refrescos, chás prontos
X – salgados assados que não para o consumo, água de coco
contenham em sua composição gordura industrializada, bebidas esportivas,
vegetal hidrogenada ou embutidos bebidas lácteas, bebidas achocolatadas
(Exemplos: esfirra, enrolado de queijo); bebidas alcoólicas, cerveja sem álcool e
bebidas energéticas;
XI – refeições balanceadas e variadas
em conformidade com o Guia Alimentar VII – embutidos (presunto,
para a População Brasileira; apresuntado, mortadela, blanquete,
salame, carne de hambúrguer, nuggets,
XII – outros alimentos recomendados pelo
empanados, bacon, linguiça, salsicha,
Guia Alimentar para a População Brasileira.
salsichão e patê desses produtos);
Art. 10º – É obrigatório disponibilizar
VIII – alimentos que contenham
pelo menos uma opção de alimento
adoçantes e antioxidantes artificiais
e/ou preparação aos escolares
(observada a rotulagem nutricional
portadores de necessidades
disponível nas embalagens);
alimentares especiais, tais como
diabetes, doença celíaca, intolerância IX – outros alimentos processados e
à lactose e outras alergias e ultraprocessados que contenham:
intolerâncias alimentares, cuja • mais de 100 mg (cem miligramas) de
composição esteja em observância aos sódio em 100 kcal (cem quilocalorias)
demais artigos desta Lei. do produto (≥ 1 mg de sódio por 1 kcal);
Art. 11º – Ficam proibidas as doações • mais de 1g de açúcar livre em 100kcal
e a comercialização, no ambiente (≥ 10% de total de energia proveniente
escolar de alimentos ultraprocessados, de açúcares livres);
preparações e bebidas com altos teores • mais de 1g de gordura saturada em
de calorias, gordura saturada, gordura 100 kcal (≥ 10% do total de energia
trans, açúcar livre e sal, com adição de proveniente de gorduras saturadas);
adoçantes, tais como:
• mais de 3g de gordura total em
I – balas, pirulitos, gomas de mascar,
100 kcal (≥ 30% de total de energia
biscoitos recheados, chocolates,
proveniente do total de gordura);
algodão doce, chup-chup, suspiros,
• qualquer quantidade de ácidos graxos
maria-mole, churros, marshmallow,
trans adicionados pelo fabricante.
sorvetes de massa, picolés de massa
com cobertura e confeitos em geral; XI – alimentos que contenham
rotulagem nutricional frontal, com
II – cereais açucarados, salgadinhos
base na Resolução da Diretoria
industrializados e biscoitos salgados
Colegiada (RDC) nº 429/2020 e na
tipo aperitivo;
Instrução Normativa (IN) nº 75/2020
III – frituras em geral;
da Agência Nacional de Vigilância
IV – salgados assados que tenham em Sanitária (Anvisa).
seus ingredientes gordura hidrogenada
Art. 12º – Para as escolas de educação
(empadas, pastel de massa podre, etc.);
infantil que atendem crianças
V – pipoca industrializada e pipoca menores de 2 anos, fica proibida a
com corantes artificiais; oferta de preparações ou produtos
VI – bebidas formuladas que contenham açúcar, incluindo os
industrialmente, que contenham sucos naturais, conforme as diretrizes
açúcar ou adoçantes em seus oficiais do Ministério da Saúde.
26

COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA DE
ALIMENTOS NO AMBIENTE ESCOLAR
Entende-se por comunicação Por exemplo, a marca de um
mercadológica toda e qualquer refrigerante na capa de um caderno
comunicação comercial, inclusive ou um evento que leva o patrocínio
publicidade para a divulgação de determinada marca24. Na
de produtos, serviços, marcas e internet, a utilização de conteúdos
empresas. A publicidade é explícita patrocinados e influenciadores
quando sua mensagem não deixa digitais é um exemplo de
dúvidas de que ela está tentando publicidade velada.
persuadir o consumidor a adquirir
tal produto. Por exemplo, pôsteres, O Conselho Nacional dos Direitos da
outdoors, panfletos, comerciais de Criança e do Adolescente (Conanda)
TV e rádio e anúncios na internet. já prevê, em Resolução publicada
Ela é velada quando coloca a marca em 2014, que é “abusiva qualquer
e sua mensagem de forma menos publicidade e comunicação
perceptível para o consumidor. mercadológica no interior das

O QUE DIZ A RESOLUÇÃO Nº


163/2014 DO CONANDA
(...) III – representação de criança;
Art. 2º Considera-se abusiva, em razão IV – pessoas ou celebridades com apelo
da política nacional de atendimento ao público infantil;
da criança e do adolescente, a prática V – personagens ou apresentadores
do direcionamento de publicidade e de infantis;
comunicação mercadológica à criança,
VI – desenho animado ou de animação;
24 - Saiba mais com a intenção de persuadi-la para
sobre o conflito de VII – bonecos ou similares;
o consumo de qualquer produto ou
interesses na escola
neste material serviço e utilizando-se, dentre outros, VIII – promoção com distribuição de
produzido pela ACT: dos seguintes aspectos: prêmios ou de brindes colecionáveis
https://actbr.org.br/
ou com apelos ao público infantil; e
uploads/arquivos/O- I – linguagem infantil, efeitos especiais
Papel-Da-Escola- e excesso de cores; IX – promoção com competições ou
Para-A-Promocao-
jogos com apelo ao público infantil.
Da-Alimentacao- II – trilhas sonoras de músicas infantis
Adequada-E-
ou cantadas por vozes de criança; (...)
Saudavel.pdf
27

creches e das instituições escolares As escolas são vistas por alguns


de educação infantil e fundamental, fabricantes como o lugar ideal para
inclusive em seus uniformes e divulgar as mensagens publicitárias
materiais didáticos”25. No entanto, direcionadas a crianças, já que é
a Resolução ainda carece de onde elas se concentram e passam
efetivação, principalmente quando uma parte significativa dos seus
o assunto é alimentação. dias, por anos a fio. A forma
mais comum de propaganda de
Crianças e adolescentes estão em
alimentos dentro do ambiente
processo de desenvolvimento e
escolar está nas cantinas, que
ainda não conseguem entender o
exibem cartazes, folhetos e outros
caráter persuasivo ou as conotações
recursos visuais. É comum os
irônicas embutidas nas mensagens
refrigerantes serem associados a
publicitárias. Até aproximadamente
pessoas se divertindo entre amigos,
os 8 anos de idade, elas misturam
ou ainda os achocolatados estarem
fantasia e realidade. Por exemplo,
associados à prática de esportes
quando está assistindo ao seu
radicais. Mas ambos são prejudiciais
desenho preferido na TV e ocorre
à saúde das crianças. Também há
uma interrupção pelos intervalos
outros tipos de publicidade que vão
comerciais, a criança de mais ou
além da cantina e são igualmente
menos 4 anos não entende que
prejudiciais, veja a seguir na tabela
o programa acabou e deu lugar a
“As várias faces da publicidade de
um intervalo comercial. E mesmo
alimentos dentro das escolas”.
depois que consegue fazer tal
distinção, é só aproximadamente Nos dispositivos legais que
aos 12 anos que ela tem condições existem em estados e municípios
de compreender o caráter brasileiros, nos quais é pautada
persuasivo da publicidade26. a comunicação mercadológica,
em geral a lógica é a seguinte:
Em relação aos alimentos, a
ao proibir a comercialização de
publicidade interfere negativamente
determinados produtos, também
nos hábitos desse público,
fica proibido a sua publicidade.
incentivando o consumo – em excesso
– de opções não saudáveis. Como não Como o termo “publicidade” é muito
25 - Resolução Nº 163,
há publicidade para frutas, verduras abrangente, ao regulamentar a de 13 de março de 2014.

e alimentos saudáveis, acabamos comunicação mercadológica dentro 26 - Por que a


publicidade faz mal
bombardeados por estímulos ao das escolas é importante detalhar para as crianças?,
consumo de ultraprocessados, quais práticas não são permitidas, Criança e Consumo.
Disponível em: http://
e o efeito sobre as crianças é como as que citamos na tabela criancaeconsumo.
org.br/wp-content/
perverso. Um levantamento de “As várias faces da publicidade uploads/2014/02/por-
201227 apontou que crianças que já de alimentos dentro das escolas”. que-a-publicidade-
faz-mal-para-as-
enfrentam sobrepeso aumentam Isso facilitará a compreensão da criancas.pdf
em até 134% o consumo de medida regulatória por parte da 27 - Targeting
alimentos com altos teores de sódio, comunidade escolar e a fiscalização children with treats.
Teach Make a
açúcar e gorduras trans e saturadas pelos órgãos responsáveis. Difference. Disponível
em https://teach.
quando expostas à publicidade de com/blog/childhood-
alimentos não saudáveis. obesity-facts/
28

AS VÁRIAS FACES DA PUBLICIDADE DE


ALIMENTOS DENTRO DAS ESCOLAS
Onde acontece
com mais Por que
O que é Como acontece frequência regulamentar

Propaganda Cartazes, Cantinas e Crianças são


folhetos e outros refeitórios desprovidas de
recursos visuais senso crítico
e maturidade
para lidar com
mensagens
persuasivas
contidas nos
anúncios

Patrocínio Recursos Gincanas, Podem parecer


financeiros competições, parcerias
oferecidos por olimpíadas, inocentes, mas
fabricantes de atividades escondem
alimentos e culturais interesses
bebidas para escusos da
a realização indústria em
de evento ou expor seus
atividade produtos e
marcas ao
público infantil
e jovem

Merchandising Exibir a marca Nas capas dos Tem como


ou a mensagem cadernos e objetivo fixar a
de fabricantes livros didáticos, marca na mente
de alimentos canetas e outro das crianças,
em objetos de objetos escolares levando-as a
interesse dos reconhecer com
alunos facilidade e dar
preferência a
seus produtos no
mercado ou na
cantina
29

Onde acontece
com mais Por que
O que é Como acontece frequência regulamentar

Promoções Ações que Nas cantinas Em fase de


de venda instigam a e ações desenvolvimento
compra de um promocionais dos mecanismos
determinado realizadas de autocontrole,
produto em troca dentro da escola as crianças são
de brindes e estimuladas
participação em a consumir
sorteios de maneira
compulsiva para
ganhar o brinde
ou o sorteio

DAS AÇÕES DE COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA


DE ALIMENTOS NO AMBIENTE ESCOLAR
O Idec sugere por meio do PL modelo circunstância agravante a utilização,
a seguinte redação para contemplar dentre outros, dos seguintes recursos:
essa dimensão na regulamentação: I – linguagem infantil, efeitos especiais
Art. 13º – É vedado, na unidade e excesso de cores;
escolar, qualquer tipo de comunicação II – trilhas sonoras de músicas infantis
mercadológica de alimentos, preparações ou cantadas por vozes de criança;
e/ou bebidas cuja oferta e comercialização
III – representação de criança;
seja proibida por esta Lei.
IV – pessoas ou celebridades com
Art. 14º – Para efeitos desta lei, a apelo ao público infantil;
comunicação mercadológica abrange a
V – personagens ou apresentadores
promoção comercial direta ou indireta,
infantis;
incluindo-se aquelas realizadas no
VI – desenho animado ou de animação;
espaço físico da escola e também no
contexto de atividades extracurriculares. VII – bonecos ou similares;

Art. 15º – É vedada no ambiente VIII – promoção com distribuição de


escolar, a prática do direcionamento prêmios ou de brindes colecionáveis
de publicidade e de comunicação ou com apelos ao público infantil; e
mercadológica à criança dos produtos IX – promoção com competições ou
tratados nesta Lei, sendo considerada jogos com apelo ao público infantil.
30

FISCALIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL


Muitos dos dispositivos legais – que local. Os profissionais precisam
serão apresentados neste Guia, estar motivados a trabalhar pelo
no capítulo a seguir – preveem a pleno cumprimento da lei e
fiscalização e aplicação de sanções conscientes de sua importância28.
em caso do não cumprimento A delimitação de uma plano
da legislação vigente. As mais claro e objetivo de atuação e a
comuns são multas e o fechamento designação de um responsável
do estabelecimento comercial, técnico pela coordenação do
no caso da regulamentação trabalho de fiscalização são
de cantinas e da proibição de passos fundamentais.
publicidade infantil. É comum a
Entende-se que a Vigilância
Vigilância Sanitária ser apontada
Sanitária tem o poder de autuar o
como órgão responsável pela
infrator da lei, no que diz respeito à
ação de fiscalização, no que diz
venda dos alimentos proibidos ou
respeito a autuação de cantinas
ausência dos alimentos indicados,
e estabelecimentos comerciais
ou ainda a exibição de publicidade
similares dentro das escolas, mas
irregular. Merece mais atenção,
trouxemos aqui algumas reflexões
porém, a questão da inserção da
sobre essa responsabilidade.
EAN no programa pedagógico da
A primeira delas é: ao utilizar escola e em sua rotina, bem como a
projetos e dispositivos de outras capacitação da comunidade escolar
localidades, ou mesmo o PL para trabalhar o tema. Quem
modelo elaborado pelo Idec fiscalizaria? Caberia sanção para a
e parceiros como base para a escola que não cumprisse? Quais
criação de medidas na sua região, seriam os critérios para a avaliação?
28 - Experiências
estaduais e
é preciso certificar-se de que o
Sabemos que o desenho
municipais de texto se aplica à sua realidade. Por
regulamentação de programas consistentes
da comercialização exemplo, assegurar que o órgão
minimizam a necessidade de
de alimentos em
fiscalizador competente exista em
escolas no Brasil: fiscalização e punição quando
identificação e seu município ou estado e possa
sistematização se trata de capacitação do corpo
do processo
realizar a fiscalização.
docente ou a incorporação de
de construção
e dispositivos Uma vez instalada dentro determinado tema ao currículo
legais adotados.
Ministério da Saúde.
da Vigilância Sanitária tal escolar. Nesses casos, a chave
http://189.28.128.100/ tarefa, faz-se necessária uma parece estar na capacidade dos
nutricao/docs/geral/
regula_comerc_ sensibilização dos fiscais, órgãos competentes em conceber
alim_escolas_
para que de fato a tarefa seja e implementar iniciativas bem
exper_estaduais_
municipais.pdf incorporada à rotina da agência estruturadas, relevantes e
31

DEBATE SOBRE O AMBIENTE ALIMENTAR DA CRIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS MAIS


ESCOLA ENVOLVENDO A COMUNIDADE ESCOLAR ROBUSTAS, DIVERSAS E EFETIVAS

alinhadas com as necessidades entre os membros da comunidade,


e disponibilidade das escolas, é por isso que a implementação
educadores, educandos e de uma regulamentação sobre
comerciantes. Importante o ambiente alimentar da escola
mencionar que é sempre mais precisa ser debatido e estar
efetivo um trabalho de orientação e inserido no projeto político
sensibilização com normas e regras pedagógico da escola.
claras do que uma ação punitiva.
Se todos fazem parte da mudança,
Para isso, ressalta-se, é todos estarão atentos às
imprescindível um alto grau de adequações do ambiente escolar
colaboração entre as equipes de e tendem a agir ativamente para
saúde, que detêm o conhecimento que elas ocorram. O fortalecimento
técnico necessário, e as equipes de processos participativos
de educação, que conhecem em contribui para a criação de
profundidade a realidade das escolas políticas públicas mais robustas
e os desafios do ambiente escolar. – os gestores compartilham seu
trabalho com a sociedade e ela traz
sua diversidade de experiências,
conhecimentos e sugestões de
Em todo caso, o envolvimento da como resolver os problemas,
comunidade escolar como um para, juntos, construir soluções
todo é fundamental e possibilita a coerentes com a realidade local.
formação de um olhar fiscalizador
32

A IMPORTÂNCIA DA INTEGRAÇÃO DOS SETORES


DA SOCIEDADE PARA TRANSFORMAR O AMBIENTE
ESCOLAR EM PROMOTOR DE SAÚDE
Em Brasília, a participação social no de setores saúde, educação, governo,
controle e fiscalização dos dispositivos sociedade, pedagógico das escolas,
é uma realidade exemplar. O Decreto famílias, a gente consegue contribuir
nº 36.900 de 23 de novembro de na formação desses estudantes e
2015 prevê a implementação de um transformar o ambiente escolar como
fórum permanente, composto por realmente promotor de saúde.”
representantes da saúde e educação E foi por meio do fórum que a
e representantes da sociedade civil secretaria conseguiu trabalhar de
(Conselho Nacional de Segurança forma sistemática estratégias para
Alimentar e Nutricional e Conselho implementar as legislações que
de Alimentação Escolar) e das escolas trabalham a temática no âmbito
privadas, para acompanhar as ações do Distrito Federal. Vale destacar
necessárias à promoção de um três estratégias que o fórum
ambiente alimentar escolar saudável. está desenvolvendo em apoio a
O Fórum se reúne a cada bimestre. implementação da Lei: seminários
Para Shirley Silva Diogo, nutricionista envolvendo a comunidade escolar;
da Secretaria de Educação e elaboração de materiais de apoio
coordenadora do Fórum de Promoção para as escolas; e uma proposta de
da Alimentação Adequada e Saudável aprimoramento da legislação frente
nas Escolas, “somente quando tem às evidências atuais e o Guia Alimentar
uma integração, uma articulação, seja para a População Brasileira.

Como dito anteriormente, um de listas de práticas e produtos


dos fatores que pode facilitar ou proibidos e permitidos, será mais
dificultar a fiscalização é o grau de facilmente compreendido pelos
complexidade da lei. Se o texto for agentes de fiscalização.
claro e objetivo, como a presença
33

DAS AÇÕES DE FISCALIZAÇÃO E


CONTROLE SOCIAL
O Idec sugere por meio do PL modelo a de educação, com a colaboração das
seguinte redação para contemplar essa Associações de Pais e Mestres (APM) e da
dimensão na regulamentação: comunidade escolar o acompanhamento
Art. 16º – Fica estabelecida a criação das ações realizadas e a fiscalização
de um fórum permanente de do disposto nesta Lei, respeitadas as
acompanhamento e implementação do respectivas competências.
disposto desta Lei e regulamentações Art. 18º – Qualquer cidadão pode
em âmbito estadual e/ou municipal, denunciar o não cumprimento desta
integrado pelos setores saúde, Lei ao Sistema de Ouvidoria do
educação, representante de escolas município e/ou estado ou outros canais
privadas, estabelecimentos comerciais de atendimento disponibilizado.
e outros interessados.
Art. 17º – Cabe aos órgãos de vigilância
sanitária, de defesa do consumidor e
34

4.

O QUE JÁ ESTÁ
SENDO FEITO
NO BRASIL
35

Em nível federal, tramitam no contendo informações sobre


Congresso Nacional distintos projetos alimentação e nutrição.
de lei que propõem diferentes
No entanto, conforme foi detalhado
regulamentações para o ambiente
na publicação “Ambiente Alimentar
escolar, mas não há ainda (até a
das Escolas”31, do Idec, nove anos
elaboração deste Guia) um dispositivo
após a promulgação da lei, parte
de abrangência nacional. O que existe
dos alimentos proibidos ainda
é uma Portaria Interministerial29
eram vendidos nas escolas. Essa
que define diretrizes gerais para a
experiência mostra que, para garantir
promoção da alimentação saudável
a eficácia da lei, é fundamental que
e adequada nas escolas. Ela foi a
ela defina as formas de fiscalização e
primeira medida em nível nacional a
as responsabilidades dos diferentes
trazer a perspectiva de um ambiente
atores envolvidos em seu processo
alimentar saudável na escola, porém
de implementação, além da
tem caráter apenas orientador para
importância da sensibilização da
os estados e municípios. A partir dela,
comunidade escolar.
algumas políticas públicas merecem
destaque, como o Programa de Saúde De toda forma, a lei serviu de
na Escola, Crescer Saudável e mais referência para outras iniciativas
recentemente o PROTEJA (Estratégia no país. Diversos municípios e
de Prevenção e Atenção à Obesidade estados criaram dispositivos legais
Infantil)30, implementados numa sobre o tema. Para atualizar essa
perspectiva intersetorial, envolvendo lista, a equipe do Grupo de Estudos,
as secretarias de saúde e de educação Pesquisas e Práticas em Ambiente
em nível local. Alimentar e Saúde (GEPPAAS), da
Universidade Federal de Minas
Fora da esfera federal, a primeira
Gerais (UFMG), realizou, a pedido 29 - Portaria
iniciativa de criação de uma Interministerial Nº
do Idec, um levantamento das
legislação específica sobre 1.010, de 08 de maio
regulamentações para a proteção de 2006. Disponível
comercialização de alimentos e em: http://bvsms.
do ambiente escolar existentes saude.gov.br/bvs/
bebidas nas escolas ocorreu em
nas capitais e estados do Brasil até saudelegis/gm/2006/
Florianópolis, Santa Catarina, com a pri1010_08_05
dezembro de 2021. _2006.html
publicação da Lei nº 5.853 de junho
30 - Portaria GM/
de 2001. O dispositivo teve ampla Os critérios de seleção das medidas MS nº 1.862, de
divulgação na mídia nacional e, que você vai encontrar neste 10 de agosto de
2021. Disponível
seis meses após sua criação, foi capítulo observou a apresentação em: https://bvsms.
saude.gov.br/bvs/
estendido para todo o estado, com a dos seguinte itens: saudelegis/gm/2021/
publicação da Lei nº 12.061. Com isso, prt1862_11_08_
2021.html
os proprietários de cantinas escolares Alguma proposição relacionada
31 - Ambiente
ficaram obrigados a comercializar a proibição ou restrição da Alimentar das
produtos considerados saudáveis, comercialização de alimentos e Escolas. Disponível
em: https://idec.
oferecer duas opções de frutas bebidas dentro das escolas e/ou a org.br/ferramenta/
ambiente-alimentar-
sazonais diariamente e fixar um promoção de alimentos saudáveis das-escolas-guia-
mural próximo ao estabelecimento nesse ambiente; para-gestores
36

A restrição do comércio de regulatórias, 14 regulamentavam


alimentos não saudáveis no somente escolas públicas (21,54%),
entorno das escolas; duas regulamentavam somente
escolas privadas (3,08%) e 49
A inclusão de educação regulamentavam escolas públicas e
alimentar e nutricional (EAN) no privadas (75,38%).
currículo escolar;
Os tipos de alimentos mencionados
A proibição da publicidade de nos dispositivos legais foram
alimentos não saudáveis dentro categorizados de acordo com a
das escolas. classificação NOVA, que separa
os alimentos em quatro grupos,
Ao todo foram encontradas 65 de acordo com o seu grau de
regulamentações vigentes sobre a processamento: alimentos in natura
venda de alimentos no ambiente ou minimamente processados,
escolar, sendo 39 estaduais (60%) e preparações culinárias, alimentos
26 municipais (40%). Das medidas processados e ultraprocessados.
municipais, 14 são de capitais de O mesmo método de classificação
estados brasileiros (65,38%). Em utilizado pelo Guia Alimentar para a
relação à abrangência das medidas População Brasileira.

RETRATO DAS REGULAMENTAÇÕES VIGENTES

40%
MUNICIPAIS
35%
DE CIDADES
NÃO CAPITAIS
60%
ESTADUAIS

65%
3% DE CIDADES
CAPITAIS
SOBRE ESCOLAS
PARTICULARES

22% 75%
SOBRE ESCOLAS SOBRE AMBAS
PÚBLICAS AS ESCOLAS
37

NÃO CUSTA LEMBRAR...


Alimentos in natura: são aqueles que não passaram por
nenhum processo industrial, que temos acesso como eles
vêm da natureza. Ex.: frutas, verduras, legumes.

Minimamente processados: são alimentos in natura


que precisam de algum processamento antes de chegar ao
consumidor final, mas que não têm adição de ingredientes
ou transformações que os descaracterizem. Ex.: grãos,
farinhas, café.

Ingredientes culinários processados: são substâncias


extraídas de alimentos in natura ou minimamente
processados por procedimentos físicos, como prensagem.
Ex.: azeite, sal, manteiga.

Processados: são alimentos in natura ou minimamente


processados modificados por processos industriais
relativamente simples e que podem ser realizados em
ambiente doméstico. Ex.: geléias, pães, queijos.

Ultraprocessados: podem ser comidas e bebidas —


porque não são propriamente alimentos, mas formulações
industriais com ingredientes dos outros grupos, em que
são adicionados corantes, emulsificantes, aromatizantes e
quase sempre contém excesso de gordura, açúcar e sal.

Fonte: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

Das medidas regulatórias que ultraprocessados (56,23%), seguidos


mencionam alimentos permitidos de alimentos com alegações vagas
(43,08%), segundo a NOVA, a maioria sobre o teor de nutrientes (23,21%),
citava preparações culinárias (30,8%), preparações culinárias (9,05%),
seguidas dos alimentos in natura e produtos não alimentícios, como
minimamente processados (29,11%), cigarro, álcool, remédios(6,23%)
32 - Alimentos
alimentos ultraprocessados (28,7%), alimentos in natura e minimamente cuja descrição na
alimentos processados (2,95%) e processados (5,09%) e alimentos regulamentação não
permite classificá-los
8,44% possuíam alegações vagas processados (0,19%). segundo a NOVA.
sobre o teor de nutrientes32. Por exemplo: “sem
Os gráficos a seguir detalham muito açúcares”;
“alimentos
Quanto às medidas regulatórias que a quantidade de medidas que enquadrados em
mencionam alimentos proibidos abordam, ou não, os pilares para uma dieta saudável”;
“alimentos de alto
(75,38%), a maioria era de alimentos uma boa regulamentação: teor calórico”
38

PORCENTAGEM DE MEDIDAS REGULATÓRIAS


QUE MENCIONAM OS PILARES
32% 68% 43% 57% 75% 25%

AÇÕES DE EDUCAÇÃO ALIMENTOS PERMITIDOS ALIMENTOS PROIBIDOS


ALIMENTAR E NUTRICIONAL

23% 77% 30% 70%

COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA FISCALIZAÇÃO E CONTROLE SOCIAL

MENCIONA NÃO MENCIONA

A partir do Projeto de Lei Modelo, ou municípios, foram analisados


elaborado pelo Idec e parceiros, os quatro pilares para uma boa
o GEPPAAS construiu um escore regulamentação do ambiente
(método de classificação que usa alimentar da escola, abordados no
pontuação) para avaliar as medidas capítulo anterior, além de outros
regulatórias vigentes nos estados e três aspectos, considerados pontos
municípios brasileiros. Para pontuar de excelência para garantir o
o conjunto de medidas por estados sucesso da regulamentação.

4 PILARES PARA UMA BOA REGULAMENTAÇÃO

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E COMUNICAÇÃO


NUTRICIONAL; MERCADOLÓGICA;

DISTRIBUIÇÃO E FISCALIZAÇÃO DA
COMERCIALIZAÇÃO DE IMPLEMENTAÇÃO DA
ALIMENTOS; MEDIDA REGULATÓRIA
39

PONTOS DE EXCELÊNCIA
ABRANGÊNCIA DA MEDIDA FORÇA DE
REGULATÓRIA; REGULAMENTAÇÃO DA
MEDIDA REGULATÓRIA;
MENÇÃO DOS ALIMENTOS
ULTRAPROCESSADOS.

Abrangência da medida um decreto ou portaria, ele pode


regulatória: facilmente ser alterado por uma
Dentro da escola, estudantes da nova gestão. Enquanto as leis são
rede privada estão mais expostos mais difíceis de passarem por
aos produtos ultraprocessados alterações, já que dependem de
e têm mais probabilidade de acordo com o Legislativo. Então
consumi-los regularmente. uma medida regulatória que é
Enquanto os estudantes da rede uma lei tem mais força do que
pública têm acesso à alimentação medidas regulatórias que são
oferecida pelo PNAE, que portarias ou decretos.
prioriza alimentos in natura, em
Menção dos alimentos
detrimento dos ultraprocessados.
ultraprocessados:
Mas, no entorno da escola, tanto
os estudantes da rede privada Evidências científicas demonstram
quanto os da rede pública estão que uma das principais causas
expostos a esses produtos. Por da atual pandemia de obesidade,
isso é importante que a medida diabetes e outras Doenças
regulatória abarque a rede pública Crônicas não Transmissíveis
e a rede privada de escolas. (DCNTs) é o aumento do consumo
de produtos ultraprocessados.
Força de regulamentação da Por isso é importante que a
medida regulatória: medida regulatória mencione,
Uma lei é um instrumento que explicitamente, que produtos
garante mais legitimidade e ultraprocessados não devem estar
segurança jurídica, porque foi no ambiente alimentar da escola.
aprovada pelo Legislativo e
Considerando a presença ou
sancionada pelo governo. Uma lei
não desses aspectos, foi possível
também garante mais perenidade
classificar as medidas existentes no
para as políticas públicas. Quando
Brasil em três categorias a seguir:
um projeto é criado a partir de
40

CLASSIFICAÇÃO DE MEDIDAS REGULATÓRIAS


0 a 3 pontos: medidas regulatórias existem e precisam
ser aprimoradas para cumprir sua função de promoção da
alimentação adequada e saudável no ambiente alimentar escolar;

4 a 7 pontos: medidas regulatórias cumprem parcialmente


sua função de promoção da alimentação adequada e saudável
no ambiente alimentar escolar;

8 a 12 pontos: medidas regulatórias cumprem sua função de


promoção da alimentação adequada e saudável no ambiente
alimentar escolar.

Abaixo você confere como os pontos de cada medida foi obtida a partir da
foram distribuídos em cada um dos somatória dos pontos recebidos em
eixos analisados. A pontuação final cada um dos eixos.

Educação alimentar e nutricional Pontos

Não é mencionada na medida regulatória. 0

É mencionada na medida regulatória, sem providências para seu 1


desenvolvimento.

É mencionada na medida regulatória e dá providências para seu 2


desenvolvimento.

Distribuição e comercialização de alimentos Pontos

Não é mencionada nenhum tipo de regulamentação da 0


distribuição e comercialização de alimentos no ambiente escolar
na medida regulatória.

É mencionada a regulamentação da distribuição e comercialização 1


de alimentos no ambiente escolar na medida regulatória, sem
distinguir quais alimentos são proibidos ou permitidos.
41

Distribuição e comercialização de alimentos Pontos

É mencionada a regulamentação da distribuição e comercialização 2


de alimentos no ambiente escolar na medida regulatória,
distinguindo quais alimentos são proibidos ou permitidos.

Comunicação mercadológica Pontos

Não é mencionado nenhum tipo de regulamentação da comunicação 0


mercadológica no ambiente escolar na medida regulatória.

É vedada a comunicação mercadológica no ambiente escolar pela 1


medida regulatória.

É vedada a comunicação mercadológica dos alimentos proibidos 2


no ambiente escolar pela medida regulatória, e descreve os
recursos proibidos.

Pontos de excelência Pontos

A medida regulatória prevê fiscalização e controle social (pela 1


vigilância sanitária, órgãos de defesa do consumidor, associação de
pais e mestres ou órgão da educação).

A medida regulatória abrange escolas privadas. 1

A medida regulatória é uma lei. 1

A medida regulatória proíbe alimentos ultraprocessados. 1

A medida regulatória é uma lei e está regulamentada por um decreto. 1


42

A avaliação das medidas mostrou que 30,23% (13) das


regulatórias foi realizada de forma medidas regulatórias obtiveram
conjunta por ente federativo pontuação entre 0 e 3; 55,82% (24)
(município ou estado), dessa forma, obtiveram pontuação entre 4 e 7;
se alguma medida desse conjunto e 13,95% (6) obtiveram pontuação
apresentasse um dos itens entre 8 e 12. Ou seja, a maior
avaliados, todo o grupo recebia parte do conjunto de medidas
a pontuação, no total, foram regulatórias precisa ser aprimorada
avaliados 43 conjuntos de medidas para cumprir sua função.
regulatórias. A classificação final

FORAM AVALIADOS:

43 CONJUNTOS
DE MEDIDAS
REGULATÓRIAS

30% 56% 14%


OBTIVERAM DE OBTIVERAM DE OBTIVERAM DE
0 E 3 PONTOS 4 E 7 PONTOS 8 E 12 PONTOS

Seis conjuntos de medidas cumprem sua função de promoção


regulatórias obtiveram entre 8 a 12 da alimentação adequada e saudável
pontos, portanto são considerados no ambiente escolar. São elas:
um conjunto de medidas que
43

6 CONJUNTOS DE MEDIDAS QUE


OBTIVERAM ENTRE 8 E 12 PONTOS
Localidade: Distrito Federal Localidade: Manaus (AM)
• Lei nº 5.232 • Lei nº 1.414 regulamentada pelo
Para consulta: https://bit.ly/3QgdYLH Decreto nº 741
• Lei nº 5.146 regulamentada pelos Para consulta: https://goo.gl/9W56pg
Decreto nº 36.900 (Lei), https://goo.gl/bfYmDa (Decreto)
Para consulta: https://bit.ly/3tCEczi (Lei)
https://bit.ly/3tFRg6S (Decreto)
Localidade: Campo Grande (MS)
• Decreto nº 37.346
Para consulta: https://bit.ly/39BDETh) • Lei nº 4.992
Para consulta: https://bit.ly/3O1UeL1
• Lei nº 6.475
Para consulta: https://bit.ly/3PUjgfO

Localidade: Porto Alegre (RS)

Localidade: Rio Grande do Sul • Lei nº 10.167


Para consulta: https://bit.ly/3mSlArd
• Lei nº 13.027
Para consulta: https://goo.gl/DWJzw3
• Lei nº 15.216 regulamentada pelo
Localidade: Pelotas (RS)
Decreto nº 13.027
• Lei Municipal nº 5.778
Para consulta: https://bit.ly/3zI8UKU
Para consulta: https://bit.ly/3MYcBPG
(Lei), https://goo.gl/DWJzw3 (Decreto)

A partir da pontuação do conjunto distribuição e comercialização


das medidas dentro dos itens nas escolas. Ressalta-se também
analisados, chama a atenção a que grande parte das medidas
baixa menção a providências foram elaboradas antes da
sobre educação alimentar e aprovação do Guia Alimentar para
nutricional (apenas seis ou a População Brasileira, que trouxe
13,95%); baixa menção à vedação uma nova abordagem, com base na
de comunicação mercadológica classificação NOVA. Nesse sentido,
com exemplos de ações proibidas é sempre importante considerar
(12 ou 27,91%); e apenas uma a previsão de atualização das
medida regulatória ganhou pontos medidas e regulamentações
de excelência por mencionar existentes frente ao avanço
o termo “ultraprocessado” na das evidências científicas e dos
proibição de alimentos para documentos oficiais.
44

4.1. EXEMPLOS INSPIRADORES


Agora que conhecemos melhor Elencamos a seguir alguns
o panorama regulatório do país dispositivos que existem e
e sabemos quais aspectos são abordam com sucesso os 7 eixos
fundamentais para criar uma boa utilizados pelo GEPPAAS na análise
regulamentação, vamos conferir mencionada anteriormente.
alguns exemplos inspiradores?

MARANHÃO

Lei ordinária 10.342


MANAUS (AM) Lei 11.196

Lei 1.414
BAHIA
Lei 13.582

DISTRITO FEDERAL

Decreto 36.900
ESPÍRITO SANTO

MATO GROSSO Portaria 038-R

Lei 8.681
RIO GRANDE DO SUL

CAMPO GRANDE (MS) Decreto 54.994

Lei 4.992
PELOTAS (RS)
Lei municipal 5.778

OS 7 EIXOS

Regulamentações Educação alimentar e nutricional (EAN) Abrangência da medida regulatória


municipais
Doações e comercialização de alimentos Menção dos alimentos
ultraprocessados
Regulamentações Comunicação mercadológica
estaduais
Fiscalização e controle social da
implementação da medida regulatória
45

EDUCAÇÃO ALIMENTAR E IV – hábitos e estilos de vida saudáveis;


V – frutas e hortaliças: preparo, consumo e
NUTRICIONAL (EAN) sua importância para a saúde;
VI – fome e segurança alimentar; e
Localidade: Manaus/AM VII – dados científicos sobre os malefícios
Data da publicação: 22 de janeiro de 2010 do consumo dos alimentos cuja
Dispositivo: Lei comercialização é vedada pela Lei nº
15.216/2018 e por este Decreto.
Número de identificação: 1.414
Art. 11. A Secretaria da Saúde e a
Descrição do dispositivo: Art. 3º As
Secretaria da Educação promoverão
escolas promoverão a capacitação de
ações educativas organizarão material
seu corpo docente para a abordagem
elucidativo sobre o conteúdo deste
multidisciplinar e transversal da educação
Decreto, incluindo orientações sobre
alimentar e nutricional, respeitando
hábitos alimentares saudáveis no
os hábitos alimentares regionais e
ambiente escolar.
incentivando o consumo de frutas,
verduras e legumes. Para consulta: https://bit.ly/3NXVC17

Parágrafo Único – Será feito o monitoramento


do estado nutricional das crianças.
Art. 4º Serão desenvolvidas estratégias Localidade: Maranhão
para informar e envolver as famílias no
Data da publicação: 20 de outubro de 2015
processo, destacando-se a importância
da alimentação saudável e as doenças Dispositivo: Lei Ordinária
causadas pela má alimentação. Número de identificação: 10.342
Para consulta: https://bit.ly/2HglYcq Descrição do dispositivo: Art. 5º Para
a promoção e a regulamentação da
alimentação saudável nas escolas, as
seguintes ações serão implementadas:
Localidade: Rio Grande do Sul VIII – promoção contínua da educação
Data da publicação: 17 de janeiro de 2020 nutricional, por meio da formação
Dispositivo: Decreto de hábitos alimentares saudáveis, do
monitoramento do estado nutricional dos
Número de identificação: 54.994
alunos e da ênfase nas ações de prevenção
Descrição do dispositivo: Art. 10. As
e controle dos distúrbios nutricionais;
escolas poderão realizar campanhas
IX – incorporação do tema da alimentação
e ações educativas, inclusive com
saudável no projeto político-pedagógico
abordagem pedagógica transversal, sobre
da escola, perpassando todas as áreas
os temas abaixo relacionados:
de estudo e propiciando experiências no
I – alimentação e cultura;
cotidiano das atividades escolares.
II – refeição balanceada, grupos de
Para consulta: https://bit.ly/3b6Jb5c
alimentos e suas funções;
III – alimentação e mídia;

INSPIRAÇÃO EXTRA
Em 2022, o FNDE publicou uma nota ator social envolvido na alimentação
técnica sobre a EAN no âmbito do escolar, por exemplo gestores e
PNAE. O documento elenca uma série professores. Apesar de ser direcionado
de sugestões de atuação para cada às escolas públicas, as orientações
46

podem inspirar você, gestor, e sua algumas das sugestões de atuação para
equipe, na formulação de medidas para alguns desses atores sociais.
promover a EAN. Destacamos a seguir

Atores sociais
Sujeitos do processo de
ensino e aprendizagem Sugestões de atuação

• Substituir a abordagem da pirâmide alimentar


pelas informações contidas no Guia Alimentar
para a População Brasileira e no Guia Alimentar para
Crianças Brasileiras Menores de 2 anos;
• Realizar diagnóstico da situação alimentar e
nutricional de estudantes;
Nutricionista
• Elaborar materiais de apoio para a realização
e/ou equipe de
de ações de EAN articuladas ao currículo e ao
alimentação
cotidiano escolar e compartilhar com as escolas
escolar
materiais de apoio já existentes;
• Realizar atividades formativas com a equipe de
gestores escolares, coordenadores pedagógicos,
professores, merendeiras, agricultores familiares,
estudantes e seus familiares – de forma que toda a
comunidade escolar esteja envolvida.

• Durante a elaboração do projeto político-


pedagógico, integrar as ações de EAN, para que
sejam realizadas ao longo do ano letivo;
• Dar suporte a nutricionistas para a execução das
ações planejadas;
Gestores • Buscar parcerias livres de conflitos de interesses
e articular ações conjuntas, por exemplo com
Unidades Básicas de Saúde e Equipes de Saúde
da Família, assim como do Programa Saúde na
Escola;
• Apoiar e supervisionar a implantação de hortas
escolares como espaços pedagógicos.

• Usar e valorizar a cozinha e o refeitório escolar, o


comércio local, feiras e mercados como ambientes
de aprendizagem;
• Incluir temáticas de alimentação e nutrição
nas aulas e demais atividades pedagógicas, por
exemplo utilizando os preços dos alimentos nas
Professores
aulas de matemática ou abordando a cultura
alimentar nas aulas de história;
47

• Contribuir com a formação crítica dos alunos


quanto a informações e mensagens sobre
alimentação veiculadas em propagandas
comerciais e redes sociais;
• Desenvolver projetos que articulem as atividades
pedagógicas das diferentes áreas de conhecimento,
tendo a EAN como tema transversal e articulador
de saberes.

• Participar ativamente de atividades formativas;


• Visitar as dependências da escola para conhecer a
alimentação escolar;
• Participar ativamente de atividades propostas por
professores que mobilizem e envolvam a família,
Família e/ou como entrevistas e produção textual para conhecer
responsáveis pelos os hábitos familiares, receitas de família, etc.
estudantes

Para acessar a nota técnica na íntegra, acesse: https://bit.ly/3Oneu9e.

DOAÇÕES E COMERCIALIZAÇÃO Parágrafo Único – A proibição de que trata


este artigo estende-se aos ambulantes
DE ALIMENTOS localizados nas cercanias das escolas.
Art. 5º A cantina escolar oferecerá para
Localidade: Pelotas/RS consumo, diariamente, pelo menos uma
variedade de fruta da estação in natura,
Data da publicação: 21 de janeiro de 2011
inteira ou em pedaços, ou na forma de
Dispositivo: Lei Municipal
suco, preferencialmente com matéria-
Número de identificação: 5.778 prima produzida na região de Pelotas.
Descrição do dispositivo: Art. 3º A Art. 6º O contrato entre a escola e a
administração da Cantina Escolar deverá cantina escolar, quando for o caso, conterá
receber orientação sobre nutrição e cláusulas observantes desta Lei.
lanches saudáveis pelas nutricionistas da
Parágrafo Único – Nas concorrências
Rede Pública Municipal.
públicas, a minuta de contrato que integra
Art. 4º Fica proibida a comercialização dos o respectivo edital para exploração
produtos a seguir relacionados no ambiente dos serviços de cantina escolar
das escolas de educação infantil, de ensino conterá cláusulas especificando itens
fundamental e médio das redes pública e comercializáveis, com observância do
privada de ensino no município de Pelotas: disposto nesta Lei.
I – Balas, pirulitos, gomas de mascar, Para consulta: https://bit.ly/3fWQcHH
biscoitos recheados;
II – Refrigerantes e sucos artificiais;
III – Salgadinhos industrializados;
IV – Frituras em geral; Localidade: Campo Grande/MS

V – Pipoca industrializada; Data da publicação: 30 de setembro de 2011

VI – Alimentos em cuja preparação seja Dispositivo: Lei


utilizada gordura vegetal hidrogenada. Número de identificação: 4.992
48

Descrição do dispositivo: Art. 7º Fica XI. leite fermentado, achocolatado, iogurte


proibida a comercialização dos seguintes de frutas;
produtos: XII. água de coco.
I – balas, pirulitos, gomas de mascar, § 2º – Fica proibido comercializar:
biscoitos recheados;
I. balas, pirulitos e gomas de mascar;
II – refrigerantes e sucos artificiais;
II. chocolates, doces à base de goma,
III – salgadinhos industrializados; caramelos;
IV – frituras em geral; III. refrigerantes, sucos artificiais, refrescos
V – pipoca industrializada; a base de pó industrializado;
VI – bebidas alcoólicas; IV. salgadinhos industrializados, biscoitos
VII – alimentos industrializados cujo recheados; salgados e doces fritos;
percentual de calorias provenientes de V. pipocas industrializadas;
gordura saturada ultrapasse 10% (dez por VI. alimentos com mais de 3 g (três
cento) das calorias totais; gramas) de gordura em 100 kcal (cem
VIII – alimentos em cuja preparação seja quilocalorias) do produto;
utilizada gordura vegetal hidrogenada. VII. alimentos embutidos (presuntos,
Art. 11. É vedada, no ambiente escolar, mortadelas, salames, linguiças, salsichas);
a publicidade de produtos cuja VIII. alimentos com mais de 160 mg (cento
comercialização seja proibida por esta Lei. e sessenta miligramas) de sódio e 100 kcal
Parágrafo único. A proibição constante (cem quilocalorias) do produto;
deste artigo estende-se a modalidades IX. alimentos que contenham corantes e
de publicidade por meio de patrocínio antioxidantes artificiais;
de atividades escolares, inclusive
X. alimentos sem a indicação de origem,
extracurriculares.
composição nutricional e prazo de validade.
Para consulta: https://bit.ly/3xZzrCw
Para consulta: https://bit.ly/3viNiBV

Localidade: Espírito Santo


Data da publicação: 7 de abril de 2010
Dispositivo: Portaria
COMUNICAÇÃO MERCADOLÓGICA
Número de identificação: 038-R
Localidade: Rio Grande do Sul
Descrição do dispositivo: § 1º – Poderão
Data da publicação: 17 de janeiro de 2020
ser comercializados apenas os produtos a
seguir indicados e similares: Dispositivo: Decreto

I. pães (integrais, brioche, francês, de Número de identificação: 54.994


forma e árabe); Descrição do dispositivo: Art. 9º Fica
II. sanduíches (recheios: queijo branco, ricota, vedada no ambiente escolar a publicidade
frango, peito de peru, atum, requeijão, pasta de produtos cuja comercialização seja
de soja, legumes e verduras); proibida por este Decreto, inclusive por
meio de patrocínio de atividades escolares
III. biscoitos tipo cream cracker, água e sal,
e extracurriculares.
maisena e maria;
Para consulta: https://bit.ly/3V3CeE6
IV. bolos de massa simples; cereais
integrais em flocos ou em barras;
V. pipoca natural sem gordura;
VI. frutas “in natura”; Localidade: Bahia
VII. picolé de frutas; Data da publicação: 14 de setembro de 2016
VIII. leite longa vida integral; Dispositivo: Lei
IX. suco de fruta natural; Número de identificação: 13.582
X. vitamina de frutas com leite; Descrição do dispositivo: Art. 1º Fica
49

proibida no Estado da Bahia a publicidade, I – definição de estratégias, em conjunto


dirigida a crianças, de alimentos e bebidas com a comunidade escolar, para favorecer
pobres em nutrientes e com alto teor de escolhas saudáveis;
açúcar, gorduras saturadas ou sódio. II – capacitação dos profissionais
§ 1º A vedação se estenderá no período envolvidos com alimentação na escola
compreendido entre 06 (seis) e 21 (vinte e uma) para produção de alimentos saudáveis;
horas, no rádio e televisão, e em qualquer III – desenvolvimento de estratégias de
horário nas escolas públicas e privadas. informação às famílias, enfatizando sua
§ 2º Fica impedida a utilização de celebridades corresponsabilidade e a importância de
ou personagens infantis na comercialização, sua participação.
bem como a inclusão de brindes promocionais, Para consulta: https://bit.ly/3SWgrML
brinquedos ou itens colecionáveis associados
à compra do produto.
Art. 2º A publicidade durante o horário
permitido deverá vir seguida de Localidade: Distrito Federal
advertência pública sobre os males
Data da publicação: 23 de novembro de 2015
causados pela obesidade.
Dispositivo: Decreto
Entende-se por publicidade qualquer
Número de identificação: 36.900
forma de veiculação do produto ou marca,
seja de forma ostensiva ou implícita em Descrição do dispositivo: Art. 8º Fica
programas dirigidos ao público infantil. estabelecida a criação de um fórum
permanente de acompanhamento da
Para consulta: https://bit.ly/3BiDCey
implementação deste Decreto, integrado por
representantes dos seguintes segmentos:
I – 01 representante titular e respectivo
suplente da Alimentação Escolar da

FISCALIZAÇÃO E CONTROLE Secretaria de Estado de Educação;


II – 01 representante titular e respectivo
SOCIAL DA IMPLEMENTAÇÃO DA suplente da Vigilância em Saúde da
Secretaria de Estado de Saúde;
MEDIDA REGULATÓRIA III – 01 representante titular e respectivo
suplente indicado pela agremiação
Localidade: Maranhão que representa os estabelecimentos
Data da publicação: 19 de dezembro de 2019 particulares de ensino do Distrito Federal;
Dispositivo: Lei IV – 01 representante titular e respectivo
Número de identificação: 11.196 suplente indicado pela entidade que
representa os permissionários das cantinas
Descrição do dispositivo: Art. 3º A
comerciais e donos das cantinas nas
política estadual de alimentação escolar
escolas privadas;
será implementada e formulada com a
observância das seguintes diretrizes: V – 01 representante titular e respectivo

III – a participação da comunidade no suplente da sociedade civil indicado pelo


controle social e no acompanhamento Conselho de Alimentação Escolar;
das ações realizadas pelo Estado, VI – 01 representante titular e respectivo
sendo de responsabilidade dos pais ou suplente indicado pelo Conselho Regional
responsável (eis) legal(ais) informar à de Nutricionistas da 1ª Região;
instituição escolar sobre o problema VII – 01 representante titular e respectivo
alimentar sofrido pela criança, inclusive suplente indicado pelo Conselho de
comprovando o mesmo através de Segurança Alimentar e Nutricional do
documento médico; Distrito Federal - CONSEA/DF e pela
Art. 5º Para a promoção e a regulamentação Câmara Intersetorial de Segurança
da alimentação saudável nas escolas, as Alimentar e Nutricional - CAISAN/DF;
seguintes ações serão implementadas: VIII – 01 representante titular e respectivo
50

suplente da sociedade civil indicado pelo


Conselho de Saúde do Distrito Federal.
MENÇÃO DOS ALIMENTOS
§ 1º Este fórum deve ser presidido pela ULTRAPROCESSADOS
Secretaria de Estado de Educação e ter
regimento interno específico. Localidade: Maranhão
§ 2º Fica estabelecido o prazo de 120 dias, Data da publicação: 19 de dezembro de 2019
a contar da publicação deste Decreto, para Dispositivo: Lei
implementação do fórum permanente de
Número de identificação: 11.196
acompanhamento.
Descrição do dispositivo: Art. 1º Esta Lei
Art. 9º Compete à Secretaria de Estado de
estabelece normas gerais e critérios básicos
Saúde do Distrito Federal a fiscalização
para a promoção da alimentação saudável
e o controle sanitário das cantinas
e determina a exclusão de alimentos
estabelecidas nas unidades da rede de
ultraprocessados e açucarados nas escolas
ensino, conforme previsto na Lei Distrital
públicas e particulares no âmbito do Estado
nº 5.321, de 6 de março de 2014.
do Maranhão.
Para consulta: https://bit.ly/3aZXnMR
Art. 2º Para fins de alimentação saudável,
ultraprocessados e açucarados, considera-se:
I – alimentação saudável: é aquela baseada
em equilíbrio e variedade na ingestão, sendo

ABRANGÊNCIA DA MEDIDA composta de proteínas, gorduras, carboidratos


(incluindo fibras), vitaminas e minerais.

REGULATÓRIA II – alimentos ultraprocessados e


açucarados: são produtos cuja fabricação
envolve diversas etapas, técnicas de
Localidade: Mato Grosso
processamento e ingredientes, muitos
Data da publicação: 13 de julho de 2007 deles de uso exclusivamente industrial.
Dispositivo: Lei Art. 4º Fica proibida a comercialização
Número de identificação: 8.681 e o consumo, no ambiente escolar, dos
Descrição do dispositivo: Art. 1º Os alimentos ultraprocessados e açucarados.
alimentos fornecidos ou colocados à Para consulta: https://bit.ly/3HwDhWL
disposição nas cantinas das unidades
escolares, públicas e privadas, do Estado
de Mato Grosso que atendam a educação
infantil e básica deverão observar aos
padrões de qualidade nutricional e de vida
indispensáveis à saúde dos alunos.
Para consulta: https://bit.ly/3rMpzrP
51

4.2. DISPOSITIVOS LEGAIS VIGENTES


POR MACRORREGIÕES DO BRASIL – EM
ESTADOS E MUNICÍPIOS
REGIÃO NORTE REGIÃO NORDESTE
6 Medidas encontradas 15 Medidas encontradas
4 Leis 1 Resolução 14 Leis
1 Portaria 1 Instrução normativa

1 2 3 9 6

3 3 5 10

DISTRITO FEDERAL
REGIÃO CENTRO-OESTE 4 Medidas encontradas
7 Medidas encontradas 2 Leis
2 Decretos
7 Leis
4
1 5 1
4
4 3

REGIÃO SUL CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS


REGULATÓRIAS

12 Medidas encontradas Cumprem totalmente a


função
11 Leis REGIÃO SUDESTE
Cumprem parcialmente a
1 Decreto
19 Medidas encontradas função

5 5 2 Precisam ser aprimoradas


13 Leis 1 Decreto para cumprirem sua função
5 7 3 Portarias 2 Resoluções

15 4 Regulamentações municipais

Regulamentações estaduais
9 10
52

EXEMPLOS DE MEDIDAS diária de pelo menos uma variedade de


fruta. É válido para as redes pública e

ADOTADAS EM CAPITAIS E privada de ensino.


Para consulta: https://bit.ly/3N3k0NB
ESTADOS BRASILEIROS

DISTRITO FEDERAL

Localidade: Distrito Federal


QUE CUMPREM TOTALMENTE Ano de publicação: 2013

SUA FUNÇÃO Dispositivo: Lei


Número de identificação: 5.146
Descrição do dispositivo: Proíbe a
comercialização e a publicidade de
produtos não saudáveis listados (incluindo
REGIÃO NORTE refrigerantes, balas e frituras, dentre
outros) e obriga a oferta diária de pelo
menos uma variedade de fruta. Prevê
Localidade: Manaus (AM) a capacitação do corpo docente para a
Ano de publicação: 2010 educação nutricional. É válido para as
redes pública e privada de ensino.
Dispositivo: Lei
Para consulta: https://goo.gl/7Y9ZiB
Número de identificação: 1.414
Descrição do dispositivo: Proíbe
a comercialização, distribuição e Ano de publicação: 2015
publicidade de alimentos, refrigerantes e Dispositivo: Decreto
sucos industrializados que contenham na
Número de identificação: 36.900
sua composição substâncias prejudiciais
Descrição do dispositivo: Regulamenta a
à saúde ou que contenham alto teor de
Lei 5.146, de 21 de agosto de 2013.
gordura saturada e trans, açúcar livre e
sal. Prevê a capacitação do corpo docente Para consulta: https://goo.gl/UFjNgr
para a educação nutricional. É válido para
as redes pública e privada de ensino.
Ano de publicação: 2016
Para consulta: https://goo.gl/9W56pg
Dispositivo: Decreto
Número de identificação: 37.346
Descrição do dispositivo: Altera o Decreto
nº 36.900, de 23 de novembro de 2015, que
REGIÃO CENTRO-OESTE por sua vez regulamenta a lei 5.146. A
nova redação exclui os estabelecimentos
Localidade: Campo Grande (MS) comerciais em funcionamento antes da
publicação do decreto de se adequar à
Ano de publicação: 2011
norma, que proíbe a comercialização de
Dispositivo: Lei
alguns ultraprocessados.
Número de identificação: 4.992
Para consulta: https://bit.ly/39BDETh
Descrição do dispositivo: Proíbe a
comercialização e a publicidade de
Ano de publicação: 2020
alimentos não saudáveis listados
(incluindo refrigerantes, balas e salgados Dispositivo: Lei
fritos, dentre outros) e obriga a oferta Número de identificação: 6.475
53

Descrição do dispositivo: Proíbe a oferta Ano de publicação: 2018


de embutidos na alimentação servida aos Dispositivo: Lei
alunos dos estabelecimentos públicos de
Número de identificação: 15.216
ensino do Distrito Federal.
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre
Para consulta: https://bit.ly/3PUjgfO
a promoção da alimentação saudável e
proíbe a comercialização de produtos que
colaborem para a obesidade, diabetes e
hipertensão, em estabelecimentos instalados
em escolas públicas e privadas do estado.
REGIÃO SUL
Para consulta: https://bit.ly/3zJTc1T

Localidade: Porto Alegre (RS)


Ano de publicação: 2007 Ano de publicação: 2020

Dispositivo: Lei Dispositivo: Decreto

Número de identificação: 10.167 Número de identificação: 54.994

Descrição do dispositivo: Proíbe a Descrição do dispositivo: Regulamenta a


comercialização e publicidade de produtos Lei nº 15.216 de 30 de julho de 2018.
não saudáveis dentro dos parâmetros Para consulta: https://bit.ly/3O0PkOA
previstos. É válido para as redes pública e
privada de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/euy92Q

Localidade: Pelotas (RS)


Ano de publicação: 2011 QUE CUMPREM PARCIALMENTE
Dispositivo: Lei
SUA FUNÇÃO
Número de identificação: 5.778
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre a
promoção da alimentação saudável nas
escolas das redes pública e privada. Prevê
a promoção de conteúdo pedagógico em REGIÃO NORTE
atividades extraclasse, para trabalhar
temas como fome e segurança alimentar.
Para consulta: https://bit.ly/3tDT3cA Localidade: Roraima
Ano de publicação: 2012
Dispositivo: Resolução do Conselho
Estadual de Alimentação Escolar - CEAE/RR
Localidade: Rio Grande do Sul
Número de identificação: 1
Ano de publicação: 2008
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre
Dispositivo: Lei
os serviços de lanches nas Unidades
Número de identificação: 13.027 Educacionais Públicas que atendam a
Descrição do dispositivo: Proíbe a Educação básica localizadas no Estado,
comercialização e publicidade de produtos que deverão obedecer a padrões de
não saudáveis dentro dos parâmetros qualidade alimentar e nutricional,
previstos. É válido para as redes pública e proibindo a comercialização de alguns
privada de ensino. ultraprocessados e colocando a
Para consulta: https://goo.gl/DWJzw3 obrigatoriedade de ofertar pelo menos
duas frutas sazonais.
Para consulta: https://bit.ly/3mWWJCG
54

Localidade: Acre Localidade: Salvador (BA)


Ano de publicação: 2016 Ano de publicação: 2012
Dispositivo: Lei Dispositivo: Lei
Número de identificação: 3.134 Número de identificação: 8.292
Descrição do dispositivo: Obriga a Descrição do dispositivo: Proíbe
exposição de materiais educativos que a comercialização de alimentos
promovam a alimentação saudável e não saudáveis listados (incluindo
a capacitação do corpo docente para a refrigerantes, balas e salgadinhos, dentre
educação nutricional. Proíbe a exposição outros).Obriga a oferta diária de pelo
de cartazes que estimulem o consumo menos duas variedades de frutas e prevê
de produtos não saudáveis, como a exposição de materiais educativos sobre
salgadinhos, balas e refrigerantes - dentre alimentação saudável. É válido para as
outros. É válido para as redes pública e redes pública e privada de ensino.
privada de ensino. Para consulta: https://goo.gl/NDvF6T
Para consulta: https://goo.gl/hkAbYD

Localidade: Paraíba
Ano de publicação: 2015
REGIÃO NORDESTE Dispositivo: Lei
Número de identificação: 10.431
Localidade: Petrolina (PE)
Descrição do dispositivo: Proíbe a venda
Ano de publicação: 2011 de refrigerantes nas escolas das redes
Dispositivo: Lei pública e privada.
Número de identificação: 2.436 Para consulta: https://goo.gl/U1CFHb
Descrição do dispositivo: Proíbe a
comercialização de lanches e bebidas nas
escolas da rede municipal e particular fora
Localidade: Bahia
dos padrões de qualidade nutricional, por
exemplo: refrigerantes, salgados fritos, Ano de publicação: 2016
balas e pirulitos. Dispositivo: Lei
Para consulta: https://bit.ly/3b65eZa Número de identificação: 13.582
Descrição do dispositivo: Proíbe a
publicidade dirigida a crianças de
alimentos e bebidas pobres em nutrientes
Localidade: Aracaju (SE)
e com alto teor de açúcar, gorduras
Ano de publicação: 2010 saturadas e sódio. É válido para as redes
Dispositivo: Lei pública e privada.
Número de identificação: 3.814 Para consulta: https://goo.gl/4iPzTD
Descrição do dispositivo: Proíbe a
venda de produtos não saudáveis Ano de publicação: 2018
listados (incluindo refrigerantes, balas e
Dispositivo: Lei Ordinária
salgadinhos, dentre outros) e promove a
Número de identificação: 14.045
venda de alimentos saudáveis listados
(incluindo frutas e sucos naturais, dentre Descrição do dispositivo: Atualiza a Lei nº
outros). É válido para as redes pública e 13.582/2016, estendendo a compreensão
privada de ensino. de publicidade para toda e qualquer
comunicação mercadológica dirigida às
Para consulta: https://goo.gl/s52FnQ
crianças do ensino básico de todo o estado.
Para consulta: https://bit.ly/3mWRTFe
55

Localidade: Maranhão Descrição do dispositivo: Dispõe sobre


os critérios de concessão de serviços
Ano de publicação: 2015
de lanches e bebidas, nas unidades
Dispositivo: Lei Ordinária educacionais, localizadas no município.
Número de identificação: 10.342 Proíbe a venda de pirulitos, balas, chicletes,
Descrição do dispositivo: Estabelece refrigerantes e salgados fritos, por exemplo.
diretrizes, objetivos e ações para a Para consulta: https://bit.ly/3zM8AuL
instituição da política estadual de
alimentação escolar, visando a oferta de Ano de publicação: 2004
uma alimentação saudável e adequada, com
Dispositivo: Lei
o emprego de alimentos variados e seguros,
que respeitem a cultura e as tradições Número de identificação: 4.589

locais. Válido para escolas estaduais. Descrição do dispositivo: Revoga a

Para consulta: https://bit.ly/3tFJXw9 redação dos incisos da Lei nº 4.382, de


17 de julho de 2003, que proibiam a
venda de refrigerantes e salgadinhos
Ano de publicação: 2019 industrializados nas escolas públicas e
Dispositivo: Lei privadas do município.
Número de identificação: 11.196 Para consulta: https://bit.ly/3xutMCV
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre
a promoção de alimentação saudável
e determina a exclusão de alimentos
ultraprocessados e açucarados nas escolas Localidade: Mato Grosso
públicas e particulares no estado do Maranhão. Ano de publicação: 2007
Para consulta: https://bit.ly/3OhzvCL Dispositivo: Lei
Número de identificação: 8.681
Descrição do dispositivo: Proíbe a
comercialização de alimentos não saudáveis
Localidade: Sergipe
listados (incluindo refrigerantes, balas e
Ano de publicação: 2016
salgados fritos, dentre outros). É válido para
Dispositivo: Lei as redes pública e privada.
Número de identificação: 8.178-A Para consulta: https://goo.gl/qVjaff
Descrição do dispositivo: Proíbe a
comercialização de produtos que
Ano de publicação: 2008
colaborem para a obesidade infantil em
Dispositivo: Lei
cantinas e similares, como por exemplo
chocolate, biscoito recheado, maionese Número de identificação: 8.944
e presunto. Medida válida para escolas Descrição do dispositivo: Altera a Lei nº
públicas e privadas de todo o estado. 8.681, de 13 de julho de 2007.
Para consulta: https://bit.ly/3HsUTTk Para consulta: https://bit.ly/3CtaGj0

Localidade: Mato Grosso do Sul


REGIÃO CENTRO-OESTE Ano de publicação: 2013
Dispositivo: Lei
Localidade: Cuiabá (MT)
Número de identificação: 4.320
Ano de publicação: 2003
Descrição do dispositivo: Proíbe a compra,
Dispositivo: Lei produção e distribuição de produtos não
Número de identificação: 4.382 saudáveis listados (incluindo refrigerantes,
56

balas e salgadinhos, dentre outros) e


Localidade: Vitória (ES)
obriga a oferta diária de pelo menos uma
Ano de publicação: 2006
variedade de fruta. É válido para as redes
públicas de ensino. Dispositivo: Lei

Para consulta: https://goo.gl/cYy7nS Número de identificação: 6.786


Descrição do dispositivo: Proíbe a oferta
de alimentos fritos, doces e similares nas
refeições e cantinas escolares da rede
municipal de ensino.
REGIÃO SUDESTE
Para consulta: https://goo.gl/abZKSd

Localidade: Rio de Janeiro (RJ)


Ano de publicação: 2002 Ano de publicação: 2011

Dispositivo: Decreto Dispositivo: Lei

Número de identificação: 21.217 Número de identificação: 8.106

Descrição do dispositivo: Proíbe a Descrição do dispositivo: Proíbe a


aquisição, confecção e distribuição de utilização de alimentos industrializados,
produtos não saudáveis listados (incluindo com altos teores de calorias e poucos
balas e refresco em pó, dentre outros) no nutrientes na alimentação escolar. É válido
ambiente das cantinas escolares e prevê para as redes pública e privada de ensino.
um programa de educação nutricional. É Para consulta: https://bit.ly/39Czv1u
válido para a rede municipal de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/9z7KaV

Localidade: Santos (SP)


Ano de publicação: 2005
Localidade: Belo Horizonte (MG) Dispositivo: Lei
Ano de publicação: 2003 Número de identificação: 2.327
Dispositivo: Lei Descrição do dispositivo: Dispõe sobre a
Número de identificação: 8.650 venda de lanches e bebidas nas cantinas
Descrição do dispositivo: Proíbe a dos estabelecimentos escolares no
comercialização, aquisição, confecção, município. Proíbe a venda de bacon,
distribuição e publicidade de produtos linguiça, salgadinhos ultraprocessados e
não saudáveis listados (bebidas alcoólicas, coberturas doces, por exemplo.
balas e similares). É válido para as redes Para consulta: https://bit.ly/3tHoX8f
pública e privada de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/9dDwJU

Localidade: Juiz de Fora (MG)


Ano de publicação: 2010
Localidade: Itapetininga (SP) Dispositivo: Lei
Ano de publicação: 2009 Número de identificação: 12.121
Dispositivo: Lei Descrição do dispositivo: Versa sobre
Número de identificação: 5.320 a comercialização de alimentos nas
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre a escolas particulares e públicas, que
alimentação oferecida nas redes públicas deverá atender aos cuidados nutricionais,
e privadas, que atendam a educação higiênicos e sanitários, contribuindo
infantil e básica no município. Coloca a para o desenvolvimento de hábitos
obrigatoriedade da oferta de frutas, sucos alimentares saudáveis, promoção da
naturais e salgados assados. saúde e prevenção da obesidade infantil.
Veda a comercialização de produtos como
Para consulta: https://bit.ly/3TbQSqU
57

embutidos, frituras e refrigerantes. não saudáveis listados (incluindo balas,


Para consulta: https://bit.ly/3mX2nof refrigerantes e refrescos em pó, dentre
outros). É válido para as redes pública e
privada de ensino.
Para consulta: https://bit.ly/3be3mhd
Localidade: Minas Gerais
Ano de publicação: 2004 Ano de publicação: 2013
Dispositivo: Lei Dispositivo: Lei
Número de identificação: 15.072 Número de identificação: 6.590
Descrição do dispositivo: Proíbe o Descrição do dispositivo: Obriga
fornecimento e a comercialização de estabelecimentos que funcionam dentro
produtos e preparações com altos teores das escolas da rede particular de ensino
de calorias, gordura saturada, gordura a divulgarem as informações referentes à
trans, açúcar livre e sal, ou com poucos presença e à discriminação de quantidades
nutrientes. Institui um programa estadual em suas tabelas nutricionais dos alimentos
de educação nutricional. É válido para as comercializados, como a presença de
redes pública e privada de ensino. glúten, concentração de carboidratos, e
Para consulta: https://goo.gl/gwXyHX quantidade de calorias.
Para consulta: https://bit.ly/3Hz3K63
Ano de publicação: 2009
Dispositivo: Lei Ano de publicação: 2016
Número de identificação: 18.372 Dispositivo: Lei
Descrição do dispositivo: Atualiza a Lei Número de identificação: 7.394
15.072, de 05 de abril de 2004. Descrição do dispositivo: Altera a lei nº
Para consulta: https://bit.ly/3zVZtYm 6590, de 18 de novembro de 2013. Acrescenta
que o estabelecimento deverá informar no
cardápio a seguinte frase: “Este produto
Ano de publicação: 2010
contém alta concentração de sódio”, sempre
Dispositivo: Resolução
que na composição de um item houver uma
Número de identificação: 1.511 proporção de 400 mg de sódio ou mais para
Descrição do dispositivo: Regulamenta cada 100 g ou 100 mL de alimento.
a Lei 18.372, de 05 de abril de 2004, que Para consulta: https://bit.ly/3A0CSKD
por sua vez altera a Lei 15.072. Proíbe a
comercialização de produtos não saudáveis
listados (incluindo refrigerantes, frituras e
molhos calóricos, dentre outros). É válido Localidade: São Paulo
para as redes pública e privada de ensino. Ano de publicação: 2005
Para consulta: https://bit.ly/3OsHMDM Dispositivo: Portaria Conjunta
Número de identificação: COGSP/CEI/DSE,
de 23-3-2005
Descrição do dispositivo: Proíbe a venda
Localidade: Rio de Janeiro
de produtos que possam colaborar com
Ano de publicação: 2005
a obesidade, estando permitido apenas
Dispositivo: Lei os produtos saudáveis listados (incluindo
Número de identificação: 4.508 frutas, bolos e sucos naturais ou de polpa,
Descrição do dispositivo: Proíbe a dentre outros). É válido para as escolas da
comercialização, aquisição, confecção, rede estadual de ensino.
distribuição e publicidade de produtos Para consulta: https://goo.gl/jKHKJH
58

Ano de publicação: 2021 Localidade: Paraná


Dispositivo: Lei Ano de publicação: 2004
Número de identificação: 17.340 Dispositivo: Lei
Descrição do dispositivo: Proíbe, nas Número de identificação: 14.423
unidades escolares de educação básica
Descrição do dispositivo: Proíbe a
públicas e privadas, a comercialização
comercialização e a publicidade de
de alimentos industrializados que
alimentos não saudáveis listados no
contenham gorduras trans.
dispositivo (incluindo refrigerantes,
Para consulta: https://bit.ly/3mUJ6DZ balas e salgados fritos, dentre outros),
obriga a oferta diária de pelo menos
uma variedade de fruta e a exibição de
materiais informativos sobre alimentação
saudável. É válido para as redes pública e
REGIÃO SUL privada de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/mJybMS
Localidade: Florianópolis (SC)
Ano de publicação: 2001
Ano de publicação: 2005
Dispositivo: Lei
Dispositivo: Lei
Número de identificação: 5.853
Número de identificação: 14.855
Descrição do dispositivo: Proíbe a
Descrição do dispositivo: Proíbe a
comercialização de produtos não saudáveis
comercialização de produtos não
listados (incluindo refrigerantes, balas
saudáveis listados (incluindo refrigerantes,
e salgadinhos industrializados, dentre
balas e salgadinhos industrializados,
outros) e permite a venda de alimentos
dentre outros) e permite a venda de
saudáveis listados (incluindo pães, frutas
alimentos saudáveis listados (incluindo
e sucos naturais). Prevê a exibição de
pães, frutas e sucos naturais). Prevê a
materiais educativos sobre alimentação
exibição de materiais informativos sobre
saudável. É válido para as redes pública e
alimentação saudável. É válido para as
privada de ensino.
redes pública e privada de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/b4KCDc
Para consulta: https://bit.ly/3vTnsVp

Ano de publicação: 2009


Localidade: Santa Catarina
Dispositivo: Lei
Ano de publicação: 2001
Número de identificação: 16.085
Dispositivo: Lei
Descrição do dispositivo: Dispõe que
Número de identificação: 12.061 os estabelecimentos que funcionam
Descrição do dispositivo: Proíbe dentro das escolas da rede particular
a comercialização de produtos de ensino ficam obrigados a divulgar
não saudáveis listados (incluindo informações nutricionais dos alimentos
refrigerantes, balas e salgadinhos comercializados.
industrializados, dentre outros) e permite Para consulta: https://bit.ly/3MZNiNo
a venda de alimentos saudáveis listados
(incluindo pães, frutas e sucos naturais).
Prevê a exibição de materiais educativos a
respeito da alimentação saudável. É válido
para as redes pública e privada de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/pa8N9L
59

promovam a alimentação saudável e


a capacitação do corpo docente para a
educação nutricional. Proíbe a exposição
de cartazes que estimulem o consumo
de produtos não saudáveis, como
QUE PRECISAM SER APRIMORADAS salgadinhos, balas e refrigerantes - dentre
outros. É válido para as redes pública e
PARA CUMPRIR A SUA FUNÇÃO privada de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/hkAbYD

REGIÃO NORTE
REGIÃO NORDESTE
Localidade: Palmas (TO)
Ano de publicação: 2003 Localidade: Teresina (PI)
Dispositivo: Lei Ano de publicação: 2019
Número de identificação: 1.210 Dispositivo: Lei
Descrição do dispositivo: Determina Número de identificação: 5.380
os gêneros alimentícios que podem ser
Descrição do dispositivo: Obriga a
adquiridos pelas escolas, estabelece regras
divulgação, nos menus dos estabelecimentos
para o seu armazenamento e fornece
que menciona, de informações sobre a
outras diretrizes técnicas relativas à
existência ou não de glúten, lactose ou
alimentação escolar. É válido para a rede
açúcar, assim como se têm natureza diet ou
municipal de ensino.
light nos alimentos comercializados.
Para consulta: https://goo.gl/YKcoZA
Para consulta: https://bit.ly/3xWmwAV

Localidade: Rondônia
Localidade: Fortaleza (CE)
Ano de publicação: 2012
Ano de publicação: 2004
Dispositivo: Portaria da Secretaria de
Dispositivo: Lei
Educação do Estado
Número de identificação: 8.824
Número de identificação: 1.851
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre os
Descrição do dispositivo: Proíbe a venda
critérios de concessão de alimentos e bebidas
de produtos não saudáveis listados no
nas cantinas das escolas de Fortaleza, que
dispositivo (incluindo balas e salgadinhos,
deverão oferecer somente alimentos e
dentre outros) e permite a venda de
bebidas aprovados por nutricionista. Válido
produtos saudáveis listados (incluindo leite,
para escolas públicas e privadas.
frutas e cereais integrais, dentre outros).
Para consulta: https://bit.ly/3xuicHX
Proíbe o funcionamento das cantinas nos
horários de entrada e saída dos alunos. É
válido para a rede estadual de ensino.
Para consulta: https://goo.gl/PPPU1X Localidade: Ceará
Ano de publicação: 2012
Ano de publicação: 2016 Dispositivo: Lei
Dispositivo: Lei Número de identificação: 15.205
Número de identificação: 3.134 Descrição do dispositivo: Institui o
Descrição do dispositivo: Obriga a Programa Estadual Cantina Saudável
exposição de materiais educativos que nos estabelecimentos de ensino da rede
60

pública do estado do Ceará, com o objetivo


de promover ações que visam a adoção de
REGIÃO CENTRO-OESTE
práticas alimentares mais saudáveis.
Localidade: Jataí (GO)
Para consulta: https://bit.ly/3tHw7cp
Ano de publicação: 2011
Dispositivo: Lei Ordinária
Número de identificação: 3.230
Localidade: Piauí
Descrição do dispositivo: Institui
Ano de publicação: 2017 diretrizes para a promoção da
Dispositivo: Lei alimentação saudável nas escolas da
Número de identificação: 7.028 rede pública. Prevê, entre outras coisas,

Descrição do dispositivo: Dispõe sobre a incorporação do monitoramento da

a obrigatoriedade de informar aos situação nutricional dos alunos, ações

consumidores sobre os ingredientes de educação alimentar e nutricional com

utilizados no preparo dos alimentos base na cultura regional e nacional, e

fornecidos por restaurantes, cantinas estímulo à produção de hortas escolares.

escolares, hospitais, confeitarias, padarias, Para consulta: https://bit.ly/3b7dvwa


sorveterias e hotéis.
Para consulta: https://bit.ly/3QkuDyF

Ano de publicação: 2018 REGIÃO SUDESTE


Dispositivo: Instrução Normativa
Número de identificação: 005 Localidade: Divinópolis (MG)

Descrição do dispositivo: Veda oferta de Ano de publicação: 2010


bebidas com baixo valor nutricional tais Dispositivo: Lei Ordinária
como refrigerantes e refrescos artificiais, Número de identificação: 7.163
bebidas ou concentrados à base de xarope
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre
de guaraná ou groselha, chás prontos
a comercialização de lanches e bebidas
para consumo e outras bebidas similares,
em escolas no município, vedando a
bem como a oferta de salgados fritos,
venda de alimentos prejudiciais à saúde
petiscos salgados, balas, doces e demais
dos estudantes, como: frituras em geral,
alimentos que apresentem elevado teor de
embutidos e bebidas artificiais.
gorduras, sal e açúcar, além de alimentos
considerados calorias vazias. Para consulta: https://bit.ly/3HziiCC

Para consulta: https://bit.ly/3zoqenE

Localidade: Ribeirão Preto (SP)

Localidade: Rio Grande do Norte Ano de publicação: 2002

Ano de publicação: 2010 Dispositivo: Resolução da Secretaria


Municipal de Educação
Dispositivo: Lei
Número de identificação: 16/2002
Número de identificação: 9.434
Descrição do dispositivo: Proíbe o consumo,
Descrição do dispositivo: Dispõe sobre o
no interior das Unidades Educacionais
comércio de alimentos, por particulares,
pertencentes à rede municipal, de produtos
no interior das escolas estaduais
como balas, chicletes, pirulitos, maionese,
do Rio Grande do Norte. Institui a
sorvetes e semelhantes.
obrigatoriedade da oferta diária de pelo
menos duas frutas sazonais. Para consulta: https://bit.ly/3N5qhZg

Para consulta: https://bit.ly/3QtRZ4I


61

Localidade: Espírito Santo


Ano de publicação: 2010 REGIÃO SUL
Dispositivo: Portaria da Secretaria de
Educação do Estado Localidade: Palmitinho (RS)
Número de identificação: 038-R Ano de publicação: 2017
Descrição do dispositivo: Proíbe a Dispositivo: Lei
comercialização de produtos não saudáveis Número de identificação: 2.628
(incluindo refrigerantes, balas e salgadinhos
Descrição do dispositivo: Regulamenta o
industrializados, dentre outros) e permite
funcionamento dos bares e cantinas nas
a venda de alimentos saudáveis (incluindo
escolas da rede municipal, proibindo a
pães, frutas e sucos naturais). Estabelece
comercialização, por exemplo, de bebidas
que as cantinas sirvam exclusivamente aos
artificiais, biscoito recheado e frituras em geral.
funcionários da escola. É válido para a rede
estadual de ensino. Para consulta: https://bit.ly/3zGOEJT

Para consulta: https://bit.ly/3tHiOZJ

Ano de publicação: 2015 Localidade: Curitiba (PR)


Dispositivo: Portaria da Secretaria de Ano de publicação: 2004
Educação do Estado Dispositivo: Lei
Número de identificação: 066-R Número de identificação: 10.950
Descrição do dispositivo: Estabelece Descrição do dispositivo: Dispõe
normas para o funcionamento das cantinas sobre os alimentos e bebidas a serem
escolares dos estabelecimentos da rede comercializadas nas cantinas das escolas
pública. Dá poder ao Conselho de Escola localizadas no município, que deverão
para administrar as cantinas e proíbe a oferecer somente alimentos e bebidas
comercialização de alguns ultraprocessados, aprovados por nutricionista.
como chocolate, bala e embutidos.
Para consulta: https://bit.ly/3xzVmi1
Para consulta: https://bit.ly/3O0fRLD
62

5.

O QUE JÁ ESTÁ
SENDO FEITO
NO MUNDO
63

Além do Brasil, há outros países infantil em todo o mundo.


criando alternativas para o Encontramos iniciativas nesse
ambiente escolar saudável, sentido em pelo menos 45 países.
procurando intervir nos elevados Selecionamos aqui algumas que
números de sobrepeso e obesidade podem servir de inspiração.

1. ESTADOS UNIDOS 5. REINO UNIDO

2. MÉXICO 6. FRANÇA

4. PORTUGAL 7. HUNGRIA

8. CORÉIA DO SUL

3. CHILE 9. AUSTRÁLIA
64

1. ESTADOS UNIDOS 3. CHILE


A nível nacional, desde 2010 há padrões Em 2016, entrou em vigor uma lei que
de nutrição para os Programas Nacionais definiu limites para o teor de calorias,
de Alimentação Escolar e Café da Manhã gordura saturada, açúcar e sódio de
na Escola, e para o Programa Lanches todos os alimentos industrializados
Inteligentes na Escola. Há limites para a disponibilizados em escolas, para crianças
quantidade de gorduras, sal e açúcares menores de 14 anos. Ainda restringiu
adicionados nos alimentos, e as bebidas se qualquer tipo de promoção ou publicidade
restringem a água e leite. desses alimentos, bem como a oferta
Nos estados, há diversas medidas em de brindes e prêmios, a realização de
vigor. Regulamentos que proíbem a venda concursos e jogos, dentre outras atividades.
de alimentos por um certo período antes Além disso, toda publicidade de alimentos
e depois do café da manhã, e durante o efetuada por meios de comunicação de
intervalo do almoço . Outros, como na
33 massa deve promover hábitos de vida
Califórnia e Colorado, possuem restrições saudáveis, conforme as diretrizes do
específicas para gorduras trans. Arizona, Ministério da Saúde.
Distrito da Colúmbia, Flórida e Texas
proibiram totalmente as lanchonetes em
escolas de ensino fundamental.
Ao todo, 13 estados têm restrições 4. PORTUGAL
estritas sobre os alimentos disponíveis Em 2012 foram criadas diretrizes para
nas lanchonetes de escolas de ensino os refeitórios e máquinas de venda
fundamental e 11 têm restrições para as automática em escolas. Elas classificam os
escolas de ensino médio. alimentos em três grupos.
• Que podem ser promovidos;
• Que devem ser limitados;
• Que não podem ser fornecidos (fast-food,
2. MÉXICO
carnes vermelhas processadas, bebidas
Em 2010, os Ministérios da Educação e
adoçadas com açúcar, lanches, confeitaria).
Saúde publicaram o “Programa de Ação no
As escolas devem respeitar uma proporção
Contexto Escolar”, um conjunto de diretrizes
de três para um entre os produtos
obrigatórias para a venda ou distribuição de
alimentícios que podem ser promovidos e os
alimentos e bebidas nas escolas primárias,
que devem ser limitados, respectivamente.
públicas e privadas. As orientações
promovem o consumo diário de alimentos
saudáveis e proíbem refrigerantes. Também
33 - Marketing limitam a venda de alguns alimentos, que
de alimentos
devem ser ofertados com moderação, a
5. REINO UNIDO
para crianças: o
determinados dias da semana. Em 2014, Em Londres, o programa “Healthy Schools
cenário global das
regulamentações, as diretrizes se estenderam às escolas London” premia escolas com medalhas
Organização
secundárias, incluindo recomendações de bronze, prata e ouro, conforme suas
Mundial da Saúde.
Disponível em: para alimentos trazidos de casa. realizações no apoio à saúde e bem-estar
https://crianca.mppr. dos alunos. Além disso, um decreto de 2017
mp.br/arquivos/File/ Em 2017 também foi implementado o
proíbe a abertura de estabelecimentos do tipo
publi/saude/anvisa_ Programa Salud en tu Escuela (PSE), que
marketing_alimentos_ “fast food” no raio de 400 metros das escolas.
visa promover o desenvolvimento de
criancas_2006.pdf Os estabelecimentos também devem seguir
habilidades para uma vida saudável e
34 - Healthy Schools recomendações nutricionais específicas, mas
Londo. Disponível inclui melhorias na infra-estrutura das
a regra não é válida para os estabelecimentos
em: https://www. escolas; ações de inovação, utilizando por
london.gov.uk/ que já estão em funcionamento34.
exemplo plataformas digitais; e a avaliação
what-we-do/health/
healthy-schools- das crianças em idade escolar.
london
65

6. FRANÇA 2010, definiu recomendações nutricionais


para alimentação escolar e para a venda
Em 2004, foi instituída uma lei que proíbe
de alimentos nas escolas. Ela também
a comercialização de bebidas e lanches em
estabeleceu Zonas de Alimentos Verdes,
máquinas de venda automática dentro do
que proíbe a venda de alimentos e bebidas
ambiente escolar, e permite opções mais
com alto valor calórico e pobres em
saudáveis, como frutas e água.
nutrientes nos pontos de venda dentro da
Em 2017, foi proibida a oferta ilimitada de
escola e no seu entorno (considerando um
bebidas adoçadas, como refrigerantes, a
raio de 200 metros)35.
um preço fixo, tanto em escolas quanto
Em 2011, a educação alimentar e nutricional
em restaurantes e outros estabelecimentos
foi incluída nos currículos escolares. Dois
que recebam crianças menores de 18 anos.
anos depois, foram elaborados livros
didáticos específicos sobre o tema para o
ensino fundamental e médio.

7. HUNGRIA
Alimentos e bebidas ricos em açúcares, sal
e metil-xantina (substância estimulante
9. AUSTRÁLIA
presente, por exemplo, no café), como
Em 2014, foi criada uma forma de
refrigerantes, bebidas energéticas, produtos
classificação dos alimentos usando o 35 - Special act on
doces pré-embalados, salgadinhos de safety management
sistema de semáforos.
pacote e bebidas alcoólicas são tributados of children´s dietary

com um imposto denominado “public • Verde: alimentos que devem ser lifestyle; Sang
Geun Bae et al,
health product tax” (em tradução livre: promovidos; 2012. Disponivel
taxa sobre produtos, para promoção da • Amarelo: alimentos que devem ser em https://
extranet.who.int/
saúde pública), utilizado para financiar os ofertados com moderação; nutrition/gina/sites/
serviços de saúde. • Vermelho: alimentos proibidos, como default/filesstore/
KOR%202008%20
A comercialização desses produtos bebidas adoçadas, alimentos com alto teor Special%20act%20
é proibida nas escolas e em eventos calórico, baixa quantidade de fibras, alto on%20safety%20
management%20
organizados para crianças em idade escolar teor de açúcar e/ou sal. of%20children
(dentro ou fora da escola). A publicidade A classificação faz parte de um conjunto %27s%20dietary%20
lifestyle.pdf
dirigida a crianças menores de 18 anos de diretrizes voluntárias, que os governos
também é proibida no ambiente escolar. locais podem ou não adotar. Dentre elas,
36 - GUIDELINES
FOR HEALTHY
Em 2010, foi criado um programa para consta a proibição da oferta de alimentos FOODS AND DRINKS
reduzir o consumo excessivo de bebidas classificados com a cor vermelha. SUPPLIED IN
SCHOOL CANTEENS,
açucaradas a partir do fornecimento gratuito No ano seguinte, a educação alimentar e 2014. Disponível
de água nas escolas e aulas temáticas. nutricional passou a integrar o currículo em: https://www.
health.gov.au/
das escolas e o Território da Capital sites/default/files/
Australiana (ACT) proibiu a venda de documents/2021/03/
national-healthy-
bebidas açucaradas nas cantinas e as school-canteens-
8. CORÉIA DO SUL máquinas de venda automática. Além de guidelines-for-
healthy-foods-and-
A Lei Especial sobre a Gestão da prever a instalação de duas estações de
drinks-supplied-in-
Segurança Alimentar das Crianças, de abastecimento de água em cada escola36. school-canteens.pdf
66

6.

COMO VENCER
OS OBSTÁCULOS
67

Agora que passamos pelas no entanto, demandam um alto


principais experiências legais comprometimento político em
que versam sobre a alimentação assegurar que todas as escolas do
saudável e adequada dentro do município sejam um espaço de
ambiente escolar, chegou a hora construção de hábitos alimentares
de refletirmos sobre os obstáculos mais saudáveis, de promoção
potenciais na adoção dos de saúde e prevenção de todas
mecanismos propostos. as formas da má nutrição, com
Alguns são mais fáceis de superar, destaque para a obesidade e as
enquanto outros exigem um esforço outras Doenças Crônicas não
maior dos gestores públicos. Todos, Transmissíveis (DCNTs).

6.1. RESISTÊNCIAS
É possível que a regulamentação abrir o diálogo tão logo quanto
das cantinas escolares e da possível, para que o assunto ganhe
publicidade de alimentos no repercussão e possa ser debatido
ambiente escolar provoque reações por todos os envolvidos, inclusive a
por parte dos comerciantes, sociedade civil.
assustados com a possibilidade
de perda de renda ou até Reproduzimos abaixo um trecho
pressionados pelas corporações do Caderno Regulamentação da
de alimentos e bebidas, ou até comercialização de alimentos em
mesmo pela comunidade escolar escolas do Brasil: experiências
que não esteja sensibilizada pelo estaduais e municipais37, elaborado
tema e que entenda medidas pelo Ministério da Saúde, no
regulatórias como forma de qual os autores refletem sobre
37 - Confira
cercear o poder de escolha das os argumentos contrários à o Caderno
Regulamentação
crianças. Para fortalecer ações de regulamentação e sintetizam a da comercialização
regulamentação, é importante necessidade de tais medidas: de alimentos em
escolas do Brasil:
experiências
estaduais e
municipais na
íntegra em:
http://189.28.128.100/
nutricao/docs/geral/
Esse discurso [de que não se deve curioso, pois em alguns casos é regula_comerc_
optar pela proibição de alimentos tão claro que proibir e colocar alim_escolas_
exper_estaduais_
e publicidade nas cantinas] é limites faz parte do processo municipais.pdf
68

educativo. Por exemplo, na escola industrializados e, principalmente,


não é permitido ingerir bebida que seja estimulado a consumir
alcoólica nem fumar; existe outros alimentos, a provar novos
um limite de faltas que devem alimentos, a variar.
ser justificadas, entre outros.
(...)
Também poderíamos pensar em
outras proibições e limites tão Por fim, há também um discurso
importantes do nosso cotidiano, que encontra eco na indústria de
como o uso do cinto de segurança alimentos – que nenhum alimento
e os limites de velocidade nas é bom ou mal “em si”. O que faz
ruas e estradas. Quando a escola as pessoas adoecerem não é um
oferece esta alimentação, está, alimento, mas toda a dieta e a
de alguma forma, avalizando o frequência de consumo, por isso
consumo daqueles alimentos, o uma lista de alimentos proibidos
que muitas vezes é incoerente com não faria sentido. Na verdade, a
o que é discutido em sala de aula proibição só vem ao encontro deste
sobre alimentação saudável. entendimento, contribuindo para
diminuir o consumo de alimentos
(...)
que geram tanto desequilíbrio
Outra percepção importante neste na dieta como um todo e que
contexto é que interditar o acesso atualmente têm sido amplamente
a determinados alimentos na consumidos em outros momentos
escola não significa interditar o do cotidiano do aluno. É preciso
acesso a eles na vida da criança. levar em conta que nas cantinas
É simplesmente garantir que por escolares estes alimentos são
cerca de quatro horas, durante oferecidos diariamente, em um dos
cinco dias da semana, o aluno poucos momentos que a criança
não tenha acesso a alimentos possui dinheiro e está longe da
não saudáveis, esteja protegido orientação dos pais, favorecendo
de propagandas de alimentos seu consumo cotidiano.

UM CASO INUSITADO
Em 2016, na Bahia, um caso chamou A Associação Brasileira de Emissora de
atenção… Rádio e Televisão (ABERT), insatisfeita
A Lei Estadual nº 13.582, de 14 de com a perda do caixa de publicidade
setembro de 2016, tinha em seu Art. das corporações de ultraprocessados,
1º o seguinte texto: “fica proibida no requereu a suspensão dos efeitos
Estado da Bahia a publicidade, dirigida a da lei. À época, a Advocacia-Geral
crianças, de alimentos e bebidas pobres da União e a Procuradoria-Geral da
em nutrientes e com alto teor de açúcar, República se manifestaram pela
gorduras saturadas ou sódio”. procedência do pedido.
69

Em 2018, a lei impugnada foi alterada É importante lembrar que, como


pela Lei Estadual nº 14.045, passando a recomenda a Organização Mundial da
proibir a comunicação mercadológica Saúde (OMS), as escolas e os demais
dirigida à criança de quaisquer locais onde as crianças circulam
produtos nas escolas de educação devem ser livres de todas as formas
básica. Mesmo assim, a ABERT de publicidade de alimentos ricos em
manifestou-se pelo prosseguimento do gorduras saturadas, gorduras trans,
pedido de suspensão, entendendo que açúcares ou sódio, porque essas
permanecia a inconstitucionalidade. instituições agem como in loco parentis,
Mas, finalmente, no dia 24 de março ou seja, no lugar dos pais.
de 2021, a vitória veio. O Supremo Esse caso demonstra a importância de
Tribunal Federal julgou a ação como lutar para a proteção do ambiente escolar
improcedente. O Ministro Relator da no que diz respeito à publicidade. O Idec,
ação, Edson Fachin, argumentou que juntamente com outras organizações
a restrição da publicidade promove da sociedade civil que atuam pela
a proteção da saúde de crianças e promoção da saúde e direitos da
adolescentes, dever que a própria criança – ACT Promoção da Saúde e
Constituição de 88 define como sendo Instituto Alana, respectivamente – foram
de absoluta prioridade. E disse que a amicus curiae do processo (ou amigos
limitação de publicidade no espaço da corte, em tradução livre) e tiveram
escolar implica restrição muito leve à importância fundamental na defesa da
veiculação de propaganda. constitucionalidade da lei.

6.2. PACTUAÇÃO ENTRE


LEGISLATIVO E EXECUTIVO
Três experiências levantadas por caso, as resistências vieram dos
este Guia ilustram a importância sindicatos dos professores, bem
de um alinhamento estratégico como da Secretaria de Educação,
entre Executivo e Legislativo, para pois ambos se mostraram reticentes
que de fato a legislação tenha os diante da responsabilidade de
encaminhamentos esperados. capacitar e fiscalizar cantineiros
e de inserir no âmbito da escola
No Distrito Federal, a atuação ações voltadas para a educação
solitária do Legislativo fez com que nutricional. Mas essa situação no
os dispositivos fossem derrubados, DF foi revertida com a criação do
primeiramente por veto do Fórum de Promoção da Alimentação
governador e posteriormente por Adequada e Saudável nas Escolas,
atuação do Ministério Público. Neste no qual o governo, junto com
70

a sociedade civil organizada com as secretarias de estado (de


e representantes das escolas saúde e educação) que efetivamente
privadas, têm desenvolvido um teriam a responsabilidade de
conjunto de estratégias para implementá-la. No entanto, no
implementar a legislação vigente. processo de regulamentação, houve
a formalização de um Grupo de
Por outro lado, em Florianópolis,
Trabalho (GT) no âmbito da Casa
o debate acerca da necessidade
Civil do Estado, com a participação
de se regulamentar as cantinas
de representantes do governo, da
nasceu dentro do Conselho de
sociedade civil, das escolas privadas
Alimentação Escolar (CAE), órgão
e da indústria de alimentos.
que conta com um representante
do poder Executivo, além de Nesse processo, as partes tiveram
representantes do poder Legislativo a oportunidade de considerar a
e da comunidade escolar. O alto diversidade dos interesses envolvidos.
grau de sinergia dos diferentes Apesar das manifestações
representantes garantiu uma contrárias de representantes do
discussão ampla e exaustiva, setor privado, questionando a
levando a construção de um lista de alimentos proibidos e
dispositivo objetivo, completo e a referência ao Guia Alimentar
avalizado. Além disso, a sinergia
para População Brasileira, a
política – e o destaque na mídia –
regulamentação foi publicada
permitiu que a experiência pudesse
por meio do Decreto 54.994/2020,
ser transportada sem prejuízo para o
em atendimento a Lei, mas ainda
âmbito estadual de Santa Catarina.
apresentava limites e fragilidades
O caso mais recente do Rio Grande para a efetiva implementação,
do Sul também deve ser levado como, por exemplo, a não definição
em consideração nesse quesito. O das responsabilidades entre as
processo de discussão e elaboração secretarias envolvidas e o processo
da Lei nº 15.216/2018 se deu de fiscalização da Lei. Esses limites,
no âmbito do Legislativo, sem porém, podem ser sanados por
uma troca efetiva com os atores normatizações sucessivas dos
interessados no tema, sobretudo órgãos competentes.

6.3. PARCERIAS E ASSESSORAMENTOS


Ao analisarmos todos os dispositivos ou órgãos especializados na sua
levantados para a construção deste construção são mais claros, objetivos
Guia, nota-se que aqueles que e completos. É o caso, por exemplo,
contaram com o assessoramento de Florianópolis, onde a discussão
de profissionais, entidades e/ a respeito da lei nasceu dentro de
71

um órgão voltado para a reflexão da não-governamentais, centros de


alimentação escolar; e do Distrito pesquisa e educação, universidades,
Federal, que contou com o apoio de associações e o Ministério da
equipes da Universidade de Brasília Saúde podem ser parceiros no
(UnB) para a sua elaboração. assessoramento e acompanhamento
Diversas entidades podem auxiliar das ações. Por outro lado,
você, gestor público, e sua equipe, parcerias com marcas, produtos
na elaboração de dispositivos e/ou fabricantes não devem ser
legais a respeito da alimentação celebradas, por configurar claro
saudável e adequada. Organizações conflito de interesses.

6.4. ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA


Já vimos neste Guia o caso da visita especial à fábrica da Ferrero
Bahia, onde a ABERT tentou Rocher em Poços de Caldas39.
impedir a regulação da publicidade
Apesar das diferentes tentativas,
infantil. Há, também, o caso do
a Justiça, de uma forma geral,
Rio de Janeiro, onde a Associação
tem mantido um entendimento 38 - Lobby da
Brasileira da Indústria de indústria tenta
positivo de dispositivos legais desta minar proibição a
Alimentos (Abia), que representa
natureza. Novamente o caso da ultraprocessados
empresas como Coca-Cola, nas cantinas do
Bahia é um exemplo. Rio. O Joio e o Trigo,
Nestlé, Nissin, Arcor e outros 2022. Disponível
fabricantes de ultraprocessados, Outros tipos de pressões podem em: https://
ojoioeotrigo.com.
está tentando impedir a proibição ser exercidas durante o debate br/2022/04/lobby-
da-industria-tenta-
de ultraprocessados nas escolas38. em torno da elaboração dos minar-proibicao-a-
E, em Minas Gerais, o governador dispositivos legais. Nestes casos, é ultraprocessados-
nas-cantinas-do-rio/
do estado, Romeu Zema, fundamental o comprometimento
39 - Uai, Zema, cadê
revogou um decreto que, dentre dos gestores públicos com o bem- o decreto que estava
outras medidas, proibia tanto estar da sociedade, que se encontra aqui? O Joio e o Trigo,
2020. Disponível em:
os ultraprocessados quanto a muito acima de interesses https://ojoioeotrigo.
com.br/2020/10/uai-
publicidade no ambiente escolar, financeiros e corporativos de zema-cade-o-decreto-
uma semana antes de fazer uma determinados setores. que-estava-aqui/
72

7.

CONCLUSÕES
73

Ao final deste Guia, esperamos que esteja claro para


você que a escola constitui peça fundamental na
construção de uma sociedade mais saudável. Lembre-
se de que a obesidade e suas consequências são uma
ameaça real e cada vez mais presente na vida de
muitas crianças e adolescentes.

Dispositivos legais contribuem para a construção


de um ambiente escolar comprometido com o bem-
estar dos mais jovens e podem ter impacto de longo
prazo. As experiências identificadas nas capitais e
estados brasileiros apontam para a atuação em quatro
diferentes frentes:

PROIBIÇÃO DA
CANTINAS
PUBLICIDADE DE
SAUDÁVEIS
ALIMENTOS

ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL
NAS ESCOLAS
EDUCAÇÃO
CAPACITAÇÃO DOS
ALIMENTAR E
CANTINEIROS
NUTRICIONAL

Nenhuma dessas ações é plenamente eficiente


sozinha, como mencionamos várias vezes ao longo
deste Guia. Elas devem formar um sistema de
apoio e complementaridade que garanta o pleno
alcance do objetivo inicial. Por isso, o PL modelo
(que você encontra em anexo ao fim deste material)
é um instrumento importante na construção de
uma regulamentação que aborde todos os pilares
necessários para tornar o ambiente escolar mais
74

saudável. Recomendamos, também, que você conheça


a plataforma Alimentando Políticas40, um projeto criado
e mantido pelo Idec com o objetivo de reunir, traduzir
e disponibilizar pesquisas científicas que contribuam
para a criação de políticas públicas relacionadas à
alimentação e nutrição.

O mais importante para essa transformação, porém,


é a vontade política do gestor público em de fato dar
os encaminhamentos necessários ao tema e fazer a
diferença na elaboração destas medidas.

Os obstáculos existem e você deve estar acostumado


com eles em sua trajetória política e pública.
Principalmente se tratando de Leis, Decretos ou
Portarias, resistências irão surgir. Quando isso
acontecer é importante que o debate seja conduzido
tendo como foco a necessidade de enfrentamento de
uma crise de saúde pública, com base nas evidências e
experiências disponíveis.

Lembre-se, também, que os empecilhos podem


ser impostos apenas por desconhecimento e
desinformação, porque todas as evidências científicas
e experiências abordadas neste Guia demonstram
que esse conjunto de ações traz benefícios a todos
os envolvidos. Cabe a você ajudar a derrubar mitos e
ampliar o conhecimento a respeito da alimentação
saudável e adequada. E assim como as resistências,
demonstrações de apoio irão surgir – aproveite-se delas
para se fortalecer e aperfeiçoar o seu trabalho.

Se você chegou até aqui, é sinal de que comprometimento


não te falta. Então, mãos à obra! Saiba que nós somos
40 - Alimentando
Políticas. Idec. seus parceiros nesta caminhada. Estamos ansiosos
Disponível em: http://
por compartilhar a sua experiência com outros
alimentandopoliticas.
org.br/ gestores brasileiros!
76

8.

SOBRE O IDEC
77

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) é


uma associação de consumidores sem fins lucrativos,
independente de empresas, partidos ou governos.

Fundado em 1987 por um grupo de voluntários, nossa


missão é orientar, conscientizar, defender a ética na
relação de consumo e, sobretudo, lutar pelos direitos
dos consumidores.

Somos uma organização prestigiada dentro e fora do


Brasil. Acumulamos lutas e conquistas importantes
que só foram possíveis devido a ajuda de nossos
associados e parceiros, que contribuem para a
autonomia de nosso trabalho.

Dentre as nossas áreas prioritárias de atuação está a


alimentação. Lutamos pelo nosso direito de saber o
que comemos e por políticas que permitam escolher
alimentos melhores para a saúde e o meio ambiente.
Adotar hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis
é muito importante, mas não depende só dos cidadãos.

Acreditamos que é necessário criar um ambiente


favorável e, por isso, pressionamos a indústria e
auxiliamos governos na adoção de políticas que
induzam mudanças profundas e duradouras.

Defendemos, por exemplo, informação nutricional


mais clara e simples no rótulo dos produtos e regras
para a publicidade de alimentos, principalmente para
crianças. Ao mesmo tempo, queremos ampliar o acesso
a alimentos orgânicos e restringir o uso de agrotóxicos.

Para saber mais sobre a nossa atuação, acesse:

www.idec.org.br
78

9.

BIBLIOGRAFIA
79

Abaixo, você encontra todos os materiais que nos


apoiaram na construção deste Guia. Eles estão
segmentados por tipo de publicação:

Manuais e Guias:
Título: Guia de Boa Gestão do Prefeito
Fonte: Conselho Federal de Administração (CFA)
Ano: 2012
Para consulta: http://www.cfa.org.br/servicos/publicacoes/Guia-da-
boa-gestao-do-prefeito/Guia_PREFEITOS.pdf/view

Título: Manual das cantinas escolares saudáveis


Fonte: Ministério da Saúde
Ano: 2010
Para consulta: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/manual_
cantinas.pdf

Título: Manual operacional para profissionais de saúde e educação:


promoção da alimentação saudável nas escolas.
Fonte: Ministério da Saúde
Ano: 2008
Para consulta: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/manual_pse.pdf

Título: Proteção da escola contra a interferência das indústrias de


alimentos
Fonte: ACT Promoção da Saúde
Ano: (Sem data)
Para consulta: https://actbr.org.br/uploads/arquivos/O-Papel-Da-Escola-
Para-A-Promocao-Da-Alimentacao-Adequada-E-Saudavel.pdf

Título: Guidelines for healthy foods and drinks supplied in school


canteen
Fonte: Australian Government Department of Health
Ano: 2014
Para consulta: https://www.health.gov.au/sites/default/files/
documents/2021/03/national-healthy-school-canteens-guidelines-for-
healthy-foods-and-drinks-supplied-in-school-canteens.pdf

Relatórios
Título: A saúde pública e a regulamentação da publicidade de
alimentos
Fonte: Ministério da Saúde
80

Ano: (sem data)


Para consulta: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/
regulamentaPublicidadeAlimentos.pdf

Título: Experiências estaduais e municipais de regulamentação da


comercialização de alimentos em escolas no Brasil: identificação e
sistematização do processo de construção e dispositivos legais adotados.
Fonte: Ministério da Saúde
Ano: 2007
Para consulta: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/regula_
comerc_alim_escolas_exper_estaduais_municipais.pdf

Título: Global Status Report on noncommunicable diseases.


Fonte: Organização Mundial da Saúde
Ano: 2014
Para consulta: http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/148114/1/
9789241564854_eng.pdf

Título: Marketing de alimentos para crianças: o cenário global das


regulamentações
Fonte: Organização Mundial da Saúde
Ano: 2004
Para consulta: https://crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/
saude/anvisa_marketing_alimentos_criancas_2006.pdf

Título: School Food and nutrition framework


Fonte: Food and Agriculture Organization of the United Nations
Ano: 2019
Para consulta: https://www.fao.org/3/ca4091en/ca4091en.pdf

Estudos e pesquisas
Título: Changes in Dietary Behavior Among Adolescents and Their
Association With Government Nutrition Policies in Korea, 2005-2009
Fonte: Journal of Preventive Medicine and Public Health, 45(1): 47-59.
Autores: Sang Geun Bae, Jong Yeon Kim, Keon Yeop Kim, Soon Woo
Park, Jisuk Bae, Won Kee Lee
Ano: 2012
Para consulta: doi: 10.3961/jpmph.2012.45.1.47

Título: A escola promovendo hábitos alimentares saudáveis: uma


proposta metodológica de capacitação para educadores e donos de
cantina escolar
Fonte: Cadernos de Saúde Pública. Vol. 24 Suppl. 2
Autores: Bethsáida de Abreu Soares Schmitz; Elisabetta Recine;
Gabriela Tavares Cardoso; Juliana Rezende Melo da Silva; Nina
Flávia de Almeida Amorim; Renata Bernardon; Maria de Lourdes
Carlos Ferreirinha Rodrigues
81

Ano: 2008
Para consulta: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&
pid=S0102-311X2008001400016

Título: Cantinas escolares de Florianópolis: existência e produtos


comercializados após a instituição da Lei de Regulamentação
Fonte: Revista de Nutrição. Vol. 23 Nº 2
Autores: Cristine Garcia Gabriel; Melina Valério dos Santos;
Francisco de Assis Guedes de Vasconcelos; Gladys Helena
Gonçalves Milanez; Sanlina Barreto Hulse
Ano: 2010
Para consulta: https://www.scielo.br/j/rn/a/98VZjcGksLzTCGSCRh6
bndG/abstract/?lang=pt

Título: Dissecting obesogenic environments: the development


and application of a framework for identifying and prioritizing
environmental interventions for obesity
Fonte: Preventive Medicine, volume 29, Issue 6
Autores: Boyd Swinburn, Garry Egger, Fezeela Raza
Ano: 1999
Para consulta: DOI 10.1006/pmed.1999.0585

Título: Effectiveness of school food environment policies on


children’s dietary behaviors: A systematic review and meta-
analysis.
Fonte: PLoS One
Autores: Renata Micha, Dimitra Karageorgou, Ioanna Bakogianni,
Eirini Trichia, Laurie P Whitsel, Mary Story, Jose L Peñalvo, Dariush
Mozaffarian
Ano: 2018
Para consulta: DOI 10.1371/journal.pone.0194555

Título: Effects of choice architecture and chef-enhanced meals


on the selection and consumption of healthier school foods: a
randomized clinical trial
Fonte: JAMA Pediatr
Autores: Cohen, J.F.Richardson, S.A.; Cluggish, S.A.; Parker, E.;
Catalano, P.J.; Rimm, E.B
Ano: 2015
Para consulta: DOI 10.1001/jamapediatrics.2014.3805

Título: First Law regulating school canteens in Brazil: evaluation


after seven years of implementation
Fonte: Archivos Latinoamericanos de Nutrición. Vol. 59 Nº 2
Autores: Cristine Garcia Gabriel, Francisco de Assis Guedes de
Vasconcelos, Dalton Francisco de Andrade, Bethsáida de Abreu
Soares Schmitz
Ano: 2009
82

Para consulta: https://www.researchgate.net/publication/26778760_


First_Law_regulating_school_canteens_in_Brazil_Evaluation_after_
seven_years_of_implementation

Título: Pesquisa de Orçamentos Familiares


Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
Ano: 2008-2009
Para consulta: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/
liv45419.pdf

Título: School and community-based childhood obesity:


Implications for policy and practice.
Fonte: Journal of Prevention & Intervention in the Community
Autores: Suzette Fromm Reed, Judah J Viola, Karen Lynch
Ano: 2014
Para consulta: DOI 10.1080/10852352.2014.881172

Título: Ultraprocessamento de alimentos e doenças crônicas não


transmissíveis: implicações para políticas públicas
Fonte: Observatório Internacional de Capacidades Humanas,
Desenvolvimento e Políticas Públicas: estudos e análises
Autores: Carlos Augusto Monteiro e Maria Laura da Costa Louzada
Ano: 2015
Para consulta: http://capacidadeshumanas.org/oichsite/wp-content
/uploads/2015/06/07_Doen--as-cr--nicas-e-alimentos-industriais-
ultraprocessados.pdf

Título: Ultra-processed food consumption by Brazilian adolescents


in cafeterias and school meals
Fonte: Nature
Autores: Priscilla Rayanne e Silva Noll, Matias Noll, Luiz Carlos de
Abreu, Edmund Chada Baracat, Erika Aparecida Silveira e Isabel
Cristina Esposito Sorpreso
Ano: 2019
Para consulta: https://www.nature.com/articles/s41598-019-43611-x

Levantamentos e compilados técnicos


Título: Country profiles: Brazil
Fonte: Institute for Health Metrics and Evaluation, University of
Washington
Ano: (sem data)
Para consulta: http://www.healthdata.org/brazil

Título: Facts and figures on childhood obesity


Fonte: Organização Mundial da Saúde
Ano: (sem data)
Para consulta: http://www.who.int/end-childhood-obesity/facts/en/
Título: Mapa da Obesidade
Fonte: Associação Brasileira Para o Estudo da Obesidade e da
Síndrome Metabólica
Ano: (sem data)
Para consulta: http://www.abeso.org.br/atitude-saudavel/mapa-
obesidade

Título: Obesidade infantil


Fonte: Enciclopédia para o Desenvolvimento da Primeira Infância
Ano: (sem data)
Para consulta: http://www.enciclopedia-crianca.com/obesidade-
infantil/sintese

Título: Offer healthy food and set standards in public institutions


and other specific settings
Fonte: World Cancer Research Fund International
Ano: (sem data)
Para consulta: https://policydatabase.wcrf.org/level_one?page=
nourishing-level-one#step2=1

Título: Por que a publicidade faz mal para as crianças


Fonte: Criança e Consumo
Ano: (sem data)
Para consulta: http://criancaeconsumo.org.br/wp-content/uploads/
2014/02/por-que-a-publicidade-faz-mal-para-as-criancas.pdf

Título: Targeting children with treats


Fonte: Teach Make a Difference
Ano: 2012
Para consulta: https://teach.com/blog/childhood-obesity-facts/

Título: The Double Burden of Malnutrition


Fonte: The Lancet
Ano: 2016
Para consulta: https://www.thelancet.com/series/double-burden-
malnutrition

Título: Diálogo sobre ultraprocessados: soluções para sistemas


alimentares saudáveis e sustentáveis
Fonte: Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde
(Nupens/USP) e Cátedra Josué de Castro
Ano: 2021
Para consulta: https://drive.google.com/file/d/1e3BY0Chz00Rbp8lP
Wz4MXY3l2N4CFCB2/view
Título: Excesso de peso e obesidade
Fonte: Ministério da Saúde
Ano: (Sem data)
Para consulta: https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/
excesso#:~:text=De%20acordo%20com%20a%20Pesquisa,masculino
%20(57%2C5%25)

Título: Alimentando Políticas


Fonte: Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor
Ano: (Sem data)
Para consulta: http://alimentandopoliticas.org.br/

Resoluções e diretrizes
Título: Special act on safety management of children´s dietary
lifestyle
Fonte: Ministry of food and drugs safety
Ano: 2010
Para consulta: https://extranet.who.int/nutrition/gina/sites/default/
filesstore/KOR%202008%20Special%20act%20on%20safety%20
management%20of%20children%27s%20dietary%20lifestyle.pdf

Título: Dez passos para uma alimentação saudável nas escolas


Fonte: Ministério da Saúde
Ano: (Sem data)
Para consulta: http://189.28.128.100/nutricao/docs/geral/dez_passos
_pas_escolas.pdf

Título: Lei nº 8.069 – Estatuto da Criança e do Adolescente


Fonte: Brasil
Ano: 1990
Para consulta: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm

Título: Portaria Interministerial nº 1.010


Fonte: Ministério da Saúde
Ano: 2006
Para consulta: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/
index.jsp?jornal=1&pagina=4&data=04/04/2014

Título: Resolução nº 163/2014 do Conanda


Fonte: Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente
Ano: 2014
Para consulta: http://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/
index.jsp?jornal=1&pagina=4&data=04/04/2014
Título: Diretrizes ABIR sobre Marketing para Crianças
Fonte: Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e
Bebidas Não Alcoólicas (ABIR)
Ano: 2016
Para consulta: http://abir.org.br/abir/wp-content/uploads/2016/04/
DiretizesABIRsobreMarketingparaCriancas.pdf

Título: Portaria GM/MS nº 1.862


Fonte: Ministério da Saúde
Ano: 2021
Para consulta: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2021/
prt1862_11_08_2021.html

Título: Special act on safety management of children´s dietary


lifestyle
Fonte: Ministry of food and drugs safety - Republic of Korea
Ano: (Sem data)
Para consulta: https://extranet.who.int/nutrition/gina/sites/default
/filesstore/KOR%202008%20Special%20act%20on%20safety%20
management%20of%20children%27s%20dietary%20lifestyle.pdf

Reportagens
Título: Uai, Zema, cadê o decreto que estava aqui?
Fonte: O Joio e o Trigo
Ano: 2020
Para consulta: https://ojoioeotrigo.com.br/2020/10/uai-zema-cade-
o-decreto-que-estava-aqui/

Título: Lobby da indústria tenta minar proibição a ultraprocessados


nas cantinas do Rio
Fonte: O Joio e o Trigo
Ano: 2022
Para consulta: https://ojoioeotrigo.com.br/2022/04/lobby-da-industria-
tenta-minar-proibicao-a-ultraprocessados-nas-cantinas-do-rio/

Título: Healthy Schools London


Fonte: Mayor of London / London Assembly
Ano: (Sem data)
Para consulta: https://www.london.gov.uk/what-we-do/health/
healthy-schools-london
86

10.

ANEXO
87

PROJETO DE LEI MODELO

Projeto de Lei XXXX de 2018

Dispõe sobre a promoção da alimentação


adequada e saudável no ambiente escolar por
meio da educação alimentar e nutricional e
da regulação da distribuição, comercialização
e comunicação mercadológica de alimentos
e bebidas nas unidades escolares das redes
pública e privada de educação básica, em
âmbito nacional, estadual, municipal e do
Distrito Federal.

Art. 1º – Entende-se como promoção da alimentação adequada e saudável no


ambiente escolar a realização da educação alimentar e nutricional, a regulação
da comercialização e a comunicação mercadológica de alimentos, preparações
e bebidas disponibilizadas e comercializadas nas redes pública e privada de
educação básica, em todo território nacional.

Parágrafo único. As unidades escolares devem ser espaços promotores


da saúde, qualidade de vida e de proteção dos direitos das crianças e
adolescentes, que influenciam na formação de hábitos saudáveis e no
desenvolvimento de habilidades para a promoção do bem-estar pessoal e
de sua comunidade.

Art. 2º – A promoção da alimentação adequada e saudável nas unidades


escolares deve ser realizada conforme as diretrizes oficiais do Ministério
da Saúde, respaldadas no Guia Alimentar para a População Brasileira e no Guia
Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, e com base nas diretrizes
do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) respaldadas na Lei nº
11.947, de 16 de junho de 2009.

Para efeitos desta lei, entende-se:

I. Alimentos in natura: obtidos diretamente de plantas ou de animais e


não sofrem qualquer alteração após deixar a natureza.

II. Alimentos minimamente processados: a alimentos in natura que


foram submetidos a processos de limpeza, remoção de partes não
comestíveis ou indesejáveis, fracionamento, moagem, secagem,
fermentação, pasteurização, refrigeração, congelamento e processos
similares que não envolvam agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou
outras substâncias ao alimento original.
88

III. Alimentos processados: fabricados pela indústria com a adição de


sal ou açúcar ou outra substância de uso culinário a alimentos in natura
para torná-los duráveis e mais agradáveis ao paladar. São produtos
derivados diretamente de alimentos e são reconhecidos como versões
dos alimentos originais. São usualmente consumidos como parte
ou acompanhamento de preparações culinárias feitas com base em
alimentos minimamente processados.

IV. Alimentos ultraprocessados: formulações industriais feitas inteiramente


ou majoritariamente de substâncias extraídas de alimentos (óleos,
gorduras, açúcar, amido, proteínas), derivadas de constituintes de
alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas
em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e
carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e vários tipos
de aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais
atraentes). Técnicas de manufatura incluem extrusão, moldagem, e pré-
processamento por fritura ou cozimento.

V. Comunidade escolar: composta por docentes, por discentes e por


outros profissionais da escola, além de pais ou responsáveis pelos alunos,
empresários, empregados e profissionais de estabelecimentos comerciais,
bem como qualquer pessoa envolvida diretamente no processo educativo
de uma escola e responsáveis pelo seu êxito.

VI. Comunicação mercadológica: Toda e qualquer atividade de


comunicação comercial, inclusive publicidade, para a divulgação de
produtos, serviços, marcas e empresas independentemente do suporte, da
mídia ou do meio utilizado.

Das ações de educação alimentar e nutricional

Art. 3º – A escola deverá incluir a educação alimentar e nutricional de forma


transversal no currículo escolar, em conformidade com a Lei 13.666 de 16 de
maio de 2018, abordando o tema alimentação e nutrição e práticas saudáveis
de vida no processo de ensino e aprendizagem, inserido no projeto político
pedagógico das escolas.

Parágrafo único. A educação alimentar e nutricional deve ser um campo


de conhecimento e de prática contínua, permanente, transdisciplinar
que usa abordagens e recursos educacionais problematizadores e
ativos, que favoreçam o diálogo junto aos escolares e a comunidade
escolar, considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema
alimentar e as interações e significados que compõem o comportamento
alimentar, respeitando a liberdade e autonomia da escola no
desenvolvimento das atividades.

Art. 4º – A organização de hortas no ambiente escolar e a prática da culinária


devem compor as estratégias de educação alimentar e nutricional, conforme
viabilidade operacional e de infraestrutura das escolas.
89

Art. 5º – As escolas, com o apoio das secretarias estaduais e/ou municipais da


educação e da saúde, devem promover a capacitação do seu corpo docente e
colaboradores para incorporar a educação alimentar e nutricional no projeto político
pedagógico, a partir de uma abordagem multidisciplinar e transversal dos conteúdos.

Art 6º – É responsabilidade da escola orientar a comunidade escolar sobre a


importância da alimentação adequada e saudável, bem como orientar os pais e
responsáveis sobre os lanches enviados para a escola em consonância com os
dispositivos desta Lei.

Das ações de doação e comercialização de alimentos e bebidas no ambiente escolar

Art. 7º – A doação e comercialização de alimentos, bebidas e preparações


culinárias no ambiente escolar deve priorizar aqueles in natura e minimamente
processados, de forma variada e segura, que respeitem a cultura e as tradições
locais, em conformidade com a faixa etária e o estado de saúde do aluno,
inclusive dos que necessitem de atenção específica.

Parágrafo único: Para efeitos desta Lei, a doação e comercialização de


alimentos refere-se a qualquer forma de distribuição e venda de alimentos,
bebidas e preparações culinárias a escolares, professores, funcionários
administrativos, pais e demais membros dentro da unidade escolar, de
forma terceirizada ou gestão direta pela escola.

Art. 8º – Todos os estabelecimentos comerciais localizados no interior das


escolas públicas ou privadas (cantinas, refeitórios, restaurantes, lanchonetes,
etc.), as empresas fornecedoras de alimentação escolar, os serviços de “delivery”
ou qualquer sistema de entrega de alimentos (contratação de lanche pronto) no
ambiente escolar estão sujeitos a esta lei.

Art. 9º – Devem ser oferecidas e/ou comercializadas diariamente três opções de


lanches e/ou refeições saudáveis, que contribuam para a saúde dos escolares,
que valorizem a cultura alimentar local e que derivam de práticas produtivas
ambientalmente sustentáveis, tais como:

I – frutas, legumes e verduras da estação, de preferência de produção local


ou regional;

II – castanhas, nozes e/ou sementes;

III – iogurte e vitaminas de frutas naturais, isolados ou combinados com


cereais como aveia, farelo de trigo e similares;

IV – bebidas ou alimentos à base de extratos ou fermentados com frutas;

V – sanduíches naturais sem molhos ultraprocessados;

VI – pães caseiros;

VII – bolos preparados com frutas, tubérculos, cereais e/ou legumes, usando
quantidades reduzidas de açúcar e gorduras, e sem conservantes, corantes
e/ou emulsificantes;
90

IX – produtos ricos em fibras (frutas secas, grãos integrais, entre outros


similares);

X – salgados assados que não contenham em sua composição gordura


vegetal hidrogenada ou embutidos (Exemplos: esfirra, enrolado de queijo);

XI – refeições balanceadas e variadas em conformidade com o Guia


Alimentar para a População Brasileira;

XII – outros alimentos recomendados pelo Guia Alimentar para a População


Brasileira.

Art. 10º – É obrigatório disponibilizar pelo menos uma opção de alimento e/


ou preparação aos escolares portadores de necessidades alimentares especiais,
tais como diabetes, doença celíaca, intolerância à lactose e outras alergias e
intolerâncias alimentares, cuja composição esteja em observância aos demais
artigos desta Lei.

Art. 11º – Ficam proibidas as doações e a comercialização, no ambiente escolar


de alimentos ultraprocessados, preparações e bebidas com altos teores de
calorias, gordura saturada, gordura trans, açúcar livre e sal, com adição de
adoçantes, tais como:

I – balas, pirulitos, gomas de mascar, biscoitos recheados, chocolates,


algodão doce, chup-chup, suspiros, maria-mole, churros, marshmallow,
sorvetes de massa, picolés de massa com cobertura e confeitos em geral;

II – cereais açucarados, salgadinhos industrializados e biscoitos salgados


tipo aperitivo;

III – frituras em geral;

IV – salgados assados que tenham em seus ingredientes gordura


hidrogenada (empadas, pastel de massa podre, etc.);

V – pipoca industrializada e pipoca com corantes artificiais;

VI – bebidas formuladas industrialmente, que contenham açúcar ou


adoçantes em seus ingredientes, tais quais, refrigerantes, néctares,
refrescos, chás prontos para o consumo, água de coco industrializada,
bebidas esportivas, bebidas lácteas, bebidas achocolatadas bebidas
alcoólicas, cerveja sem álcool e bebidas energéticas;

VII – embutidos (presunto, apresuntado, mortadela, blanquete, salame,


carne de hambúrguer, nuggets, empanados, bacon, linguiça, salsicha,
salsichão e patê desses produtos);

VIII – alimentos que contenham adoçantes e antioxidantes artificiais


(observada a rotulagem nutricional disponível nas embalagens).

IX – outros alimentos processados e ultraprocessados que contenham:

- mais de 100 mg (cem miligramas) de sódio em 100 kcal (cem quilocalorias)


do produto (≥ 1 mg de sódio por 1 kcal);
91

- mais de 1g de açúcar livre em 100kcal (≥ 10% de total de energia


proveniente de açúcares livres);

- mais de 1g de gordura saturada em 100 kcal (≥ 10% do total de energia


proveniente de gorduras saturadas);

- mais de 3g de gordura total em 100 kcal (≥ 30% de total de energia


proveniente do total de gordura);

- qualquer quantidade de ácidos graxos trans adicionados pelo fabricante.

XI – alimentos que contenham rotulagem nutricional frontal, com base na


Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 429/2020 e na Instrução Normativa
(IN) nº 75/2020 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Art. 12º – Para as escolas de educação infantil que atendem crianças menores de
2 anos, fica proibida a oferta de preparações ou produtos que contenham açúcar,
incluindo os sucos naturais, conforme as diretrizes oficiais do Ministério da Saúde.

Das ações de comunicação mercadológica de alimentos no ambiente escolar

Art. 13º – É vedado, na unidade escolar, qualquer tipo de comunicação


mercadológica de alimentos, preparações e/ou bebidas cuja oferta e
comercialização seja proibida por esta Lei.

Art. 14º – Para efeitos desta lei, a comunicação mercadológica abrange a


promoção comercial direta ou indireta, incluindo-se aquelas realizadas no
espaço físico da escola e também no contexto de atividades extracurriculares.

Art. 15º – É vedada no ambiente escolar, a prática do direcionamento de


publicidade e de comunicação mercadológica à criança dos produtos tratados
nesta Lei, sendo considerada circunstância agravante a utilização, dentre outros,
dos seguintes recursos:

I – linguagem infantil, efeitos especiais e excesso de cores;

II – trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança;

III – representação de criança;

IV – pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil;

V – personagens ou apresentadores infantis;

VI – desenho animado ou de animação;

VII – bonecos ou similares;

VIII – promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis


ou com apelos ao público infantil; e

IX – promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.


92

Das ações de fiscalização e controle social

Art. 16º – Fica estabelecida a criação de um fórum permanente de acompanhamento


e implementação do disposto desta Lei e regulamentações em âmbito estadual e/
ou municipal, integrado pelos setores saúde, educação, representante de escolas
privadas, estabelecimentos comerciais e outros interessados.

Art. 17º – Cabe aos órgãos de vigilância sanitária, de defesa do consumidor e


de educação, com a colaboração das Associações de Pais e Mestres (APM) e da
comunidade escolar o acompanhamento das ações realizadas e a fiscalização do
disposto nesta Lei, respeitadas as respectivas competências.

Art. 18º – Qualquer cidadão pode denunciar o não cumprimento desta Lei
ao Sistema de Ouvidoria do município e/ou estado ou outros canais de
atendimento disponibilizado.

Das disposições finais

Art. 19º – O descumprimento das disposições contidas neste regulamento


constitui infração administrativa, nos termos da Lei nº 6.437, de 20 de
agosto de 1977 e da Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990, sem prejuízo das
responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis.

Art. 20º – Os estabelecimentos comerciais de que trata o parágrafo único, Art. 3º


terão um período de transição de 6 (seis) meses para adequarem-se ao disposto
nesta Lei, a contar da data de publicação.

Art. 21º – Esta lei entra em vigor na data de sua publicação. O Poder Executivo
regulamentará no prazo de 180 (cento e oitenta) dias.
93

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABERT – Associação Brasileira de Emissora de Rádio e Televisão


Abia – Associação Brasileira da Indústria de Alimentos
Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária
APS – Atenção Primária à Saúde
BNCC – Base Nacional Comum Curricular
CAE – Conselho de Alimentação Escolar
CAISAN – Câmara Intersetorial de Segurança Alimentar e
Nutricional
CONSEA – Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do
Distrito Federal
CDC – Código de Defesa do Consumidor
DCNTs – Doenças Crônicas não Transmissíveis
Conanda – Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente
EAN – Educação Alimentar e Nutricional
ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
GEPPAAS – Grupo de Estudos, Pesquisas e Práticas em Ambiente
Alimentar e Saúde
GT – Grupo de Trabalho
Idec – Instituto de Defesa do Consumidor
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PeNSE – Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar
PL – Projeto de Lei
PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escola
PROTEJA – Estratégia de Prevenção e Atenção à Obesidade Infantil
SUS – Sistema Único de Saúde
www.idec.org.br

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