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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

Curso: Licenciatura em História

Disciplina: Teoria da História I

Professor(a): Diego Finder Machado

Turma: 132 – Segundo Ano

Aluno(a): Gabriel Henrique de Oliveira Furlanetto

RESUMO DO TEXTO “A OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA”, DE MICHEL DE


CERTEAU

A articulação das práticas historiográficas possui, por obviedade, a atuação do


historiador. Esse, em sua essência e por suas circunstâncias, executa a historiografia
de acordo com a realidade que o caracteriza. Desse modo, não é possível constituir
fontes historiográficos sem que essas estejam respaldadas na própria identidade
social de seu responsável. Além disso, anterior a fontes historiográficas, existe os
objetos (cartas, jornais, livros etc.), e neles há uma base potencial de historiografia.

Na vasta existência desses objetos, o historiador escolhe alguns para


transformá-los em históricos. Logo em seguida, separado os objetos, que antes
poderiam ser chamados de não-ditos – pois não são sujeitos humanos para se
constituírem –, o historiador inicia o processo de historicização. Sendo assim, o objeto
deixa de ser um não-dito, para que seja configurado como fonte de pesquisa
historiográfica, e, no caso dessa última, uma correspondente institucional.

Referente ao conceito de “instituições”, a pesquisa de historiadores faz jus à


uma equivalência social. Essa sociedade assume a fonte histórica, e essa última é
recebida em específicos âmbitos, como o setor científico/acadêmico que recepciona
essa fonte histórica. Outrossim, a pesquisa histórica só é ratificada na competência
recepcionista de outros historiadores. Ora, se algo é propriamente uma denominação

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historiográfica, esse mesmo algo deve ser confirmado no seio daqueles que o
reconhecem metodologicamente.

Ademais, esses métodos, por serem cientificamente específicos, são


conhecidos, em uma inclinação de conhecimento mais pleno, como estritos na esfera
acadêmica dos historiadores. Por consequência, é neles que é regida
necessariamente as tecnicidades de produções historiográficas. Isso, na base do
objeto de estudo, direciona a fonte historiográfica para os mesmos fundamentos
comunicativos e acadêmicos, para que, portanto, sejam confirmadas.

No acolhimento das fontes historiográficas, um pilar de seu reconhecimento é


a referenciação científica. Na elaboração de pesquisas historiográficas, é
indispensável que o pesquisador ateste a sua cientificidade utilizando outras obras
bibliográficas, dado que, sendo os meios acadêmicos setores rudimentares, as
citações corroboram o tecido de aprovação científica.

Além do mais, as fontes historiográficas não são primordialmente acuradas


para fins de consumo. Elas, reincidentemente, são para os próprios fins científicos das
matrizes acadêmicas que as circundam. Em outras palavras, as produções
historiográficas são voltadas para o reconhecimento científico das instituições em que
é manejado a historiografia. Em contraste, a fonte de pesquisa historiográfica não
será, dessa maneira, uma prioridade de exercícios comerciais.

Estabelecidas as fontes historiográficas, há a imprescindibilidade de identificar


as limitações delas. Sendo todas, pois, um fragmento de história, não serão
contempladas com a capacidade de expor universalmente as informações que elas
circundam. Ou seja, essas fontes são limitadas, e, exemplificando, como um livro, a
pesquisa historiográfica se inicia e finda, mas, o que nela é entregue, perpetuar-se-á,
aliás, em outras pesquisas que existirão.

Finamente, quanto ao próprio historiador, ele é parte íntima da fonte e pesquisa


historiográfica. Sendo ele mesmo, porquanto, vinculado ao processo histórico e
interagente da historiografia, é impossível que ele mesmo se deixe de lado para
compor as significâncias históricas. Dessarte, a objetividade da história é
comprometida, visto que o interagir do pesquisador não a permite, resultando num
composto específico de visão histórica. Nesse contexto, o historiador, além de estar
(almejando ou não) firmado em suas subjetividades, o local em que está presente

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também intervirará no resultado de pesquisa historiográfica, pois o ser humano tende
a se modificar por ela.

Assim sendo, é firmada a operação historiográfica. Envolvida em questões


técnicas, científicas, institucionais e subjetivas, a história perpassa pela pesquisa
historiográfica para que seja, é claro, fundamentada. Está ela, por conseguinte,
completada nas redondezas em que é gestada, o que fora disso seria uma outra fonte
historiográfica, mesmo que dite sobre um mesmo “recorte histórico”. À vista disso, a
produção da história impede o historiador de neutralidade, mas o compele por uma
interação direta na sua composição.

REFERÊNCIA

CERTEAU, Michel de. A operação historiográfica. In: CERTEAU, Michel de. A escrita
da história. Rio de Janeiro: Forense, 2011. cap. 2, p. 65-109.

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