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INTRODUÇÃO
A MEDIAÇÃO
1 Sobre a relação dialética entre o abstrato e o concreto consultar: KOSIK, k. Dialética do Concreto.
Tradução de Célia Neves e Alderico Turibio, 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. (Coleção rumos da
cultura moderna, v. 26).
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à mediação entre o ser humano e os outros seres humanos que só se realiza por meio da
atividade produtiva enquanto o modo pelo qual o ser humano transforma a natureza.
Como os seres humanos não se separam da natureza, as relações entre eles não podem
se desenvolver fora dela. Por isso, na automediação se enfatiza o caráter ontológico da
mediação e, dessa forma, demarca-se o cunho ontológico do trabalho docente.
A RELAÇÃO ENSINO-APRENDIZAGEM
será sempre necessário que ela se fatigue a fim de aprender e que se obrigue a
privações e limitações de movimento físico isto é. que se submeta a um
tirocínio psicofísico. Deve-se convencer á muita gente que o estudo é
também um trabalho e muito fatigante com um tirocínio particular próprio,
não só muscular-nervoso mas intelectual: é um processo de adaptação, é um
hábito adquirido com esforço, aborrecimento e mesmo sofrimento.
(GRAMSCI, 1985, p. 89)
A ESCOLA NOVA
vivência cotidiana. É oportuno observar que esse é um lema caro, inclusive a muitas
correntes progressistas do pensamento pedagógico. A origem liberal-burguesa e
pragmática do “aprender a aprender” indica o seu vínculo, inevitável, com o
individualismo. Há argumentos justificando o seu uso com outra acepção, pois, segundo
tais argumentos, ela pode ser re-significada. Deve-se duvidar dessa possibilidade,
porque a expressão é ideológica, e as expressões ideológicas não podem ser re-
significadas fora do âmbito da ideologia. Assim, o “aprender a aprender” está vinculado
à auto-suficiência do indivíduo e, por isso, jamais poderá assumir um caráter libertário
ou libertador. O compromisso do “aprender a aprender” é com o indivíduo, porém,
quando o lema é pronunciado com o entusiasmo que é comum aos educadores
comprometidos com as demandas populares, a noção de indivíduo parece irrelevante,
mas o perigo da sua reprodução ideológica está nessa aparente irrelevância.
As mudanças no âmbito da metodologia de ensino e da difusão do lema
“aprender a aprender” conferiram à educação e à escola um caráter pragmático, e esta
foi a principal característica da primeira fase do escolanovismo. Na segunda fase,
implementada depois da Segunda Guerra Mundial, os representantes da escola nova
começaram a desenvolver mudanças de ordem conceitual, cuja base foi e é a psicologia
da aprendizagem, o que consolida a idéia de que a escola deve preocupar-se
exclusivamente com o aluno e o seu aprendizado.
Nesta segunda fase da escola nova, pode-se destacar, na educação brasileira, a
influência de vários psicólogos da aprendizagem. Na década de sessenta, observa-se o
predomínio das idéias de B. F. Skinner, mas também está presente o pensamento de K.
R. Rogers, sobretudo nas experiências de educação não-formal. A partir da década de
setenta, os educadores brasileiros tomam contato com as formulações de J. Piaget e,
assim, quase todos se “tornam construtivistas”. Na década seguinte, foi a vez de L. S.
Vigotsky aparecer no cenário e, nos anos noventa, a novidade é a idéia de inteligências
múltiplas de H. Gardiner. O pensamento desses autores, quando veiculado pelos
educadores brasileiros, assume sempre a perspectiva da aprendizagem por parte do
aluno. Em nome dessa nobre preocupação, os educadores brasileiros podem lançar mão
de fragmentos das concepções desses autores e arranjá-las segundo a sua conveniência
no sentido de explicar ou justificar as suas práticas educativas. Isso ocorre, por exemplo,
em relação a J. Piaget e L. S. Vigotsky. Embora o primeiro seja neokantiano e o
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aluno, quem o ensina é a atividade. Em outros termos, o ensino passa a ser um atributo
da atividade, quando ela é, de fato, uma responsabilidade do docente: o ensino é um
atributo da docência.
mudanças, quando ocorrem, estão restritas ao interior da sala de aula e, por isso, não
atingem as outras instâncias da vida escolar. Não há mudança possível sem que a escola
seja compreendida como totalidade dialética e histórica.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS