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TÉCNICAS MANUAIS PASSIVAS ASSOCIADAS AO MÉTODO

PILATES NA DOR NEUROPÁTICA EM INDIVÍDUO COM LESÃO


MEDULAR - RELATO DE CASO 

PASSIVE MANUAL TECHNIQUES ASSOCIATED WITH PILATES


METHOD IN NEUROPATHIC PAIN IN AN INDIVIDUAL WITH SPINAL
CORD INJURY - CASE REPORT

TÉCNICAS MANUAIS PASSIVAS E


PILATES NA DOR NEUROPÁTICA 

PASSIVE MANUAL TECHNIQUES AND


PILATES IN NEUROPATHIC PAIN

Luiza Teifke 1, Simone Rosa Potetto2 

1
Acadêmica de Fisioterapia – Universidade Luterana do Brasil – ULBRA – Canoas. 

2
Orientadora, Mestre, Docente do Curso de Fisioterapia da Universidade Luterana
do Brasil – ULBRA – Canoas. Av. Farroupilha, 8001. Bairro São José, Canoas / RS /
Brasil CEP: 92425-900 - E-mail: E-mail: simone.poletto@ulbra.br

Endereço para correspondência:

Simone Rosa Poletto

Av. Farroupilha, 8001

Bairro São José


2

RESUMO 

Introdução:  A dor neuropática (DN) é definida como como uma dor


que surge em consequência de uma lesão, trauma ou doença que
afete o sistema somatossensitivo. A DN, em indivíduos com lesão
medular, é um fator de grande impacto na qualidade de vida e na
capacidade funcional do indivíduo. Objetivos: Avaliar e comparar o
nível de dor neuropática antes e depois das intervenções
fisioterapêuticas. Método: Relato de caso, realizado no mês de
outubro de 2022 na clínica Espaço Bem-estar na cidade de Sertão
Santana/RS. O indivíduo com lesão medular que apresenta dor
neuropática foi avaliado quanto à sensibilidade, ao impacto na
qualidade de vida e seu nível de dor, antes e após as intervenções,
realizadas em um período de 4 semanas com duas sessões semanais.
Resultados: Aumento na qualidade de vida em vários domínios do
SF36; a pontuação média da escala visual analógica no início das
avaliações foi de 6,88 a passou para 4,38 no final das avaliações.
Conclusão: constatou-se que o método Pilates e a mobilização neural
podem ser importantes instrumentos para o acompanhamento de
indivíduos com lesão medular que apresentem dor neuropática.

Palavras-chave: Dor neuropática. Lesão medular. Capacidade


funcional. 

Pontos chaves: Houve melhora significativa ….


3

ABSTRACT

Introduction: Neuropathic pain (NP) is defined as pain that arises as a


result of an injury, trauma or disease that affects the somatosensory
system. NP, in individuals with spinal cord injury, is a factor of great
impact on the individual's quality of life and functional capacity.
Objectives: To assess and compare the level of neuropathic pain
before and after physical therapy interventions. Method: Case report,
carried out in October 2022 at the Espaço Bem-estar clinic in the city of
Sertão Santana/RS. The individual with spinal cord injury who presents
neuropathic pain was evaluated when the sensitivity, the impact on
quality of life and their level of pain, before and after the interventions,
carried out in a period of 4 weeks with two weekly sessions. Results:
Conclusion:

Keyword: Neuropathic pain. Spinal cord injury. Functional capacity.

Key points: There was significant improvement in….


4

INTRODUÇÃO

A dor neuropática (DN) trata-se de um resultado de uma lesão ou


doença que afete o sistema somatossensorial do sistema nervoso central ou
periférico ¹. As condições de DN impulsionadas pelo sistema nervoso central
podem ser de origem de lesão medular e/ou esclerose múltipla. O sistema
nervoso periférico pode induzir neuropatias pelos eventos intra e pós
quimioterapia, e neuropatia diabética, onde a lesão pode ocorrer em qualquer
ponto ao longo da medula espinhal até o córtex no sistema somatossensitivo.
A DN tem como características de sintomas a queimação, formigamento,
sensações elétricas, raios de dor e alterações de sensibilidade ². O
diagnóstico da DN não possui biomarcadores, é baseado em fatores clínicos,
como a presença de dor espontânea, dor desencadeada por estímulos
normalmente não nocivos, por evocada podendo ser denominada como
alodinia, podendo ser mecânica sendo desencadeada ao movimento, ou
estática desencadeada por pressões ou estímulos pontuados².

A lesão medular traumática se trata de uma condição neurológica, que


provoca limitações, redução de nível de atividades físicas, promovendo
inúmeros eventos adversos, como redução da qualidade de vida, dores, e
reclusão social³. O fator da lesão pode ser em decorrência de fraturas,
luxações ou agressões e ferimentos na medula espinhal, podendo afetar
funções respiratórias, circulatórias, sexuais, motores e sensitivas. Entre as
principais causas de lesões medulares traumáticas estão os ferimentos a
arma de fogo, quedas e acidentes automobilísticos 4.

O método pilates se trata de um conceito de exercícios corporais e


mentais, criado por Joseph H Pilates nos inícios dos anos 1900, inspirado em
5

artes marciais, meditação, balé e exercícios gregos e romanos antigos 5. O


método tem como objetivo o controle e fluidez corporal, com exercícios que
englobam flexibilidade, controle, força e estabilidade. O power house se trata
da musculatura de tronco e abdome, sendo o grupo muscular mais trabalhado
do Pilates, formando o princípio de controle postural e fluxo de movimento e
respiração 6.

A mobilização neural é conhecida também como neurodinâmica (NM),


sendo ela uma técnica que tem como objetivo restaurar a homeostase dentro
e ao redor do sistema nervoso, facilitando o movimento neural e a
neurodinâmica corporal 7. A técnica visa mobilizar e avaliar as estruturas
nervosas, envolvendo uma sequência de movimentos articulares e de tensão
que aumentam a distância entre as terminações neurais8.

Tendo em vista que são escassos e desatualizados os dados a respeito


do tratamento não farmacológico da dor neuropática, se torna necessário a
investigação e estudo sobre métodos alternativos e eficazes para o alívio da
dor e redução dos sintomas. A DN é um fator incapacitante para indivíduos
acometidos e um grave problema de saúde pública, os métodos propostos
são de fácil alcance para os pacientes e com poucos riscos, podendo não só
reduzir os níveis de dor, mas melhorar a capacidade funcional do indivíduo e
a qualidade de vida dele.

Método

O estudo trata-se de um relato de caso, realizado entre outubro e


novembro de 2022 na clínica Bem – Estar localizada na cidade de Sertão
Santana/RS. Esta pesquisa está de acordo com as diretrizes da resolução
466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovada pelo Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), sob o Parecer n°
5.678.088. Foi incluído indivíduo com lesão medular traumática, que
apresenta dor neuropática. Os critérios de exclusão foram indivíduos que
tenham realizado procedimentos invasivos para manejo da dor nos últimos 6
meses antes dos testes e intervenções e menores de idade.
6

Após receber a descrição detalhada da pesquisa, o participante


assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Coletou-se os
dados de identificação e foi submetido a testes de sensibilidade, a escala de
qualidade de vida que foi aplicada em dois momentos, antes do início das
intervenções e após a realização das intervenções propostas. A escala visual
analógica (EVA) foi realizada em todo o início e final de atendimento.

Os testes de sensibilidade superficial tátil e dolorosa foram realizados


no primeiro e ultimo atendimento. Para a avaliação da sensibilidade tátil foi
utilizado o algodão, e para a dolorosa foi utilizado uma agulha estéril, com o
paciente de olhos fechados, foi tocado com a agulha e o algodão a região de
abdômen, pernas e braços, o paciente teve que identificar a região tocada,
também se observou as expressões faciais e queixas em resposta aos
toques. Foi questionado sobre a sensibilidade sentida, como por exemplo,
hipoestesia,hiperestesia, anestesia ou sensibilidade preservada 9.

A escala de qualidade de vida SF-36 se trata de uma escala


com 36 questões relacionadas com a capacidade funcional, aspectos físicos,
aspectos emocionais e saúde mental, seus resultados são quanto maior a
pontuação, menor é a incapacidade, ou seja, um escore de zero equivale ao
máximo de incapacidade e uma pontuação de 100 equivale a nenhuma
incapacidade. o questionário foi aplicado antes dos inícios das intervenções e
ao final do plano de intervenções 10.

A escala EVA foi aplicada conforme foi descrita, ela consiste em


auxiliar na aferição na intensidade da dor no paciente, e foi aplicada no início
e final de cada atendimento, de maneira mais fidedigna, registrando as
evoluções de cada atendimento. O paciente foi questionado quanto ao seu
nível de dor, sendo 0 sem dor e 10 uma dor intensa ¹¹.

Os exercícios baseados no método Pilates, todos realizados no


aparelho Cadilacc foram realizados em todas as sessões, com princípios de
fortalecimento de tronco e ganho de mobilidade de quadril, tronco e membros
superiores, a dor não impede os exercícios propostos e atividades, sendo
como objetivo melhora da dor e mobilidade funcional. A intensidade dos
movimentos foi aumentada a cada sessão com aumento de tempo de
7

isometria e aumento de repetições. As intervenções se iniciavam com


movimentos de inclinações e alongamentos de tronco e membros superiores
de ambos os lados, após realizado alongamento de musculatura de membros
inferiores, associados a flexão e extensão de tronco, exercício de
fortalecimento e alongamento de membros superiores associado a flexão de
tronco com resistência das molas, exercício de flexão de tronco, exercício de
ponte associado com flexão de cotovelo e extensão de ombro 5,6. .

A mobilização neural foi realizada no final de todos os atendimentos,


com mobilizações passivas de neuroeixo, com o paciente sentado, solicitado
rotação de tronco e inclinação, para ambos os lados, com o terapeuta
realizando insistência no final da rotação e inclinação. A mobilização do nervo
ciático foi realizada com o paciente em decúbito dorsal, com o quadril em
rotação externa, joelho em flexão apoiado em membro contralateral, com o
terapeuta realizando a mobilização 7,8.

Resultados:

Os resultados foram verificados através de um relato de caso, realizado


no mês de outubro de 2022 na clínica Espaço Bem-estar na cidade de Sertão
Santana/RS de um indivíduo com lesão medular que apresenta dor
neuropática foi avaliado quando a sensibilidade, ao impacto na qualidade de
vida e seu nível de dor, antes e após as intervenções, realizadas em um
período de 4 semanas com duas sessões semanais com o objetivo de avaliar
e comparar o nível de dor neuropática antes e depois das intervenções
fisioterapêuticas. Para avaliação dos resultados se fez uso do instrumento
Qualidade de Vida -SF-36 e escala de avaliação visual de EVA. A tabela 1
apresenta os resultados do teste de sensibilidade inicial: primeiro atendimento
do programa
8

A tabela 1 mostra que o paciente apresentou tanto na avaliação tátil como


dolorosa membros superiores com sensibilidade preservada, região de coluna
cervical, toráxica e lombar c/ sensibilidade preservada, região sacral com
hipoestesia, região inguinal apresentou hiperestesia e região de abdome
apresentou hiperestesia. A figura 1 apresenta os resultados da pontuação de
cada domínio antes e após a intervenção da pesquisadora. O cálculo dos
escores feitos para os domínios no programa SPSS 23,0.
9

Resultados da figura 1 exibem um aumento na qualidade de vida em vários


domínios do SF36; somente em relação aos aspectos sociais a pontuação
permanece a mesma. As maiores modificações foram em relação à limitação
por aspectos físicos que passou da mais baixa pontuação para mais alta, o
mesmo ocorreu com o aspecto emocional que passou de 0 para 100 pontos.
A dor foi o domínio de maior pontuação após intervenção com apenas 32
pontos indicando uma baixa qualidade neste aspecto.

A vitalidade apresentou acréscimo na pontuação, mas não muito


elevado (1º atendimento= 35 último atendimento = 40), na saúde mental a
pontuação passou de 64 para 72, apresentando uma melhora de 16,66%,
lembrando que quanto mais próximo de 100 melhor a qualidade de vida.

Percebe-se então, que a limitação por aspectos físicos e aspectos


emocionais passaram da pior condição para melhor condição após o uso de
técnicas manuais passivas associadas ao método Pilates na dor neuropática
para o indivíduo com lesão medular. A tabela 2 descreve as respostas do
paciente analisado no primeiro e último atendimento em cada um dos
domínios do SF36.

Tabela 2 - Avaliação dos Domínios: Estado geral de saúde, Capacidade funcional e limitação
por aspectos físicos do SF36 por questão

Estado geral de saúde 1º avaliação 2º avaliação

1 - Em geral você diria que a


sua saúde é boa: Boa Boa

11. a) Eu costumo obedecer


um pouco mais facilmente
que outras pessoas: Definitivamente falso Definitivamente falso
10

11. b) Eu sou tão saudável


quanto qualquer pessoa que
conheço: A maioria das vezes falso A maioria das vezes falso

11. C) Eu acho que minha A maioria das vezes


saúde vai piorar: verdadeiro Não sei

11. d) Minha saúde é


excelente: A maioria das vezes falso A maioria das vezes falso

Capacidade funcional: 1º avaliação 2º avaliação

3. a) Atividades Rigorosas,
que exigem muito esforço
tais como correr, levantar Não, não dificulta de modo
objetos pesados Sim, dificulta um pouco algum

3. b) Atividades moderadas,
tais como correr, aspirar a
casa, jogar bola... Sim, dificulta um pouco Sim, dificulta um pouco

3. c) Levantas, carregar Não, não dificulta de modo Não, não dificulta de modo
mantimentos algum algum

3. d) Subir vários lances de


escada Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. e) Subir um lance de
escada Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. f) Curvar-se ajoelhar-se Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. g) Andar mais de um km Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. h) Andar vários
quarteirões Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. i) Andar um quarteirão Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito


11

Não, não dificulta de modo Não, não dificulta de modo


3. j) Tomar banho vestir-se algum algum

Limitação por aspectos


físicos 1º avaliação 2º avaliação

4. a) Você diminuiu a
quantidade de tempo que se
dedica ao seu trabalho ou
outras atividades: Sim Não

4. b) Realizou menos tarefa


do que gostaria: Sim Não

4. c) Esteve limitado no seu


tipo de trabalho ou a outras
atividades? Sim Não

4. d) Teve dificuldade de
fazer seu trabalho ou outras
atividades : (necessitou de
um esforço extra) Sim Não

Vitalidade 1º avaliação 2º avaliação

5. a) Você diminuiu a
quantidade de tempo que se
dedica ao seu trabalho ou
outras atividades: Sim Não

5. b) Realizou menos tarefa


do que gostaria: Sim Não

5. c) Não realizou ou fez


qualquer das atividades com
tanto cuidado como
geralmente faz: Sim Não

Fonte: Dados da pesquisa (2022).


12

De acordo com a tabela 2, a mudança da pontuação no estado geral da


saúde foi em relação ao paciente acreditar em uma pequena melhora da
saúde, a percepção da questão: “ Eu acho que minha saúde vai piorar”
mudou de “A maioria das vezes verdadeiro” para “não sei”, indicando uma
pequena melhora na percepção da pontuação geral. Nas demais questões, as
respostas permaneceram as mesmas

Quando avaliado o domínio da capacidade funcional, observou-se


melhorias na execução de atividades rigorosas, que exigem muito esforço tais
como correr e levantar objetos pesados. Antes havia um pouco de dificuldade;
após a aplicação do pilates, a dificuldade mesma passou a não existir.

No que tange à vitalidade, antes da metodologia, o participantes


relatou diminuição em relação à quantidade de tempo que se dedica ao
trabalho ou outras atividades e havia realizado menos tarefa do que gostaria,
além de não ter realizado ou feito qualquer das atividades com tanto cuidado
como geralmente faz. Na última avaliação, nenhuma das perguntas tiveram
afirmação positiva; todas passaram para negativa no que diz respeito à
ocorrência destes problemas.

A tabela 3 apresenta as demais respostas em relação aos outros


domínios do SF36: Aspectos sociais, saúde mental e aspecto emocional.

Tabela 3 - Avaliação dos Domínios: Estado geral de saúde, Capacidade funcional e limitação
por aspectos físicos do SF36 por questão

Aspectos sociais 1º avaliação 2º avaliação


13

6- Durante as últimas 4 semanas,


de que maneira a sua saúde física
ou problemas emocionais
interferiram nas suas atividades
sociais em relação a sua família
amigos ou grupo: Moderadamente Moderadamente

10. Durante as últimas 4 semanas


quanto tempo sua saúde física ou
emocional interferiu com as
atividades socias ( visitar
parentes: Alguma parte do tempo Alguma parte do tempo

Dor 1º avaliação 2º avaliação

7- Quanta dor no corpo você teve


as últimas 4 semanas: Muito grave Moderada

8- Durante as últimas 4 semanas,


quanto essa dor interferiu no seu
trabalho normal: Extremamente Bastante

Saúde mental 1º avaliação 2º avaliação

9. b) Quanto tempo você tem se


sentido uma pessoa nervosa: Alguma parte do tempo Alguma parte do tempo

9. c) Quanto tempo você tem se


sentindo tão deprimido que nada Uma pequena parte do
pode anima-lo: Alguma parte do tempo tempo

9.d) Quanto tempo você tem se


sentindo calmo e tranquilo: Alguma parte do tempo Uma boa parte do tempo

9. f) Quanto tempo tem se Uma pequena parte do Uma pequena parte do


sentindo desanimado: tempo tempo
14

9. h) Quanto tempo você tem se


sentindo feliz: A maior parte do tempo A maior parte do tempo

Aspecto emocional 1º avaliação 2º avaliação

9. a) Quanto tempo você tem se


sentindo cheia de vigor, força de
vontade: Uma boa parte do tempo Uma boa parte do tempo

9.e) Quanto tempo você tem se Uma pequena parte do Uma pequena parte do
sentindo com muita energia tempo tempo

9. g) Quanto tempo tem se


sentindo esgotado: Uma boa parte do tempo Alguma parte do tempo

9. i) Quanto tempo tem se sentido


cansado: A maior parte do tempo A maior parte do tempo

2- Comparada a um ano atrás


como você classificaria sua idade
em geral, agora: Quase a Mesma Um Pouco Melhor

Fonte: Dados da pesquisa (2022).

A tabela 3 não mostra no domínio dos aspectos sociais já no aspecto


dor, as duas questões apresentaram mudanças, antes as dores no corpo
avaliadas nas últimas semanas eram graves muito graves e passaram a
moderada e a interferência da dor no trabalho passou de extremamente para
bastante.

Na saúde mental, a questão da depressão passou de alguma parte do


tempo para uma parte do tempo, na última avaliação o paciente tem se
sentido tem se sentindo calmo e tranquilo por uma boa parte do tempo antes
era por alguma parte do tempo.
15

Nos aspectos emocionais, percebe-se que o participante se sentia


esgotado uma boa parte do tempo na primeira avaliação; na última, a
percepção passa para alguma parte do tempo.

A questão 2 não entra em nenhum dos domínios do SF36, ela faz uma
comparação entre a percepção da idade a um ano atrás, sendo que a
resposta na primeira avaliação foi quase a mesma e passou para um pouco
melhor. A figura 2 apresenta o comparativo da escala visual analógica no
início e final da avaliação.

Figura 2 – Comparativo da escala visual analógica no início e final da avaliação.

Fonte: Dados da pesquisa (2022).

Dados da figura 3 mostram uma melhora significativa (p = 0,01) no


início e final das sessões no início a dor estava tanto na escala moderada ( de
3 a 7) e intensa (de 8 a 10), mais elevadas nos primeiros atendimentos. Ao
final das avaliações temos todas as avaliações como moderadas (3 a 7
pontos). A pontuação média no início das avaliações foi de 6,88 a passou
para 4,38 no final das avaliações.

Discussão
16

O estudo teve como objetivo verificar a efetividade de um programa de


tratamento fisioterapêutico onde se uniu técnica manual passiva e o método
pilates para a dor neuropática. Byrnes, Wu e Whillier em seu artigo relatam a
importância de terapias multidisciplinares, proposta a qual esse estudo teve
como objetivo. Vindo em encontro a esse estudo a proposta de um plano de
intervenção onde se concilia a terapia manual e o exercício físico através do
método pilates. Com resultados onde se apresentou a melhora da qualidade
de vida e aspectos físicos.

Este estudo teve como objetivo verificar a efetividade de um programa


de fisioterapia utilizando o método pilates e mobilização neural passiva em
paciente com dor neuropática e seus reflexos na qualidade de vida de um
homem com lesão classificada, segundo a American Injury Association ¹² pela
escala de deficiência da ASIA como lesão “A” em nível neurológico T11, que
foi desenvolvida com o objetivo de caracterizar a extensão de uma lesão em
termos do grau de lesão da medula espinhal. Nível “ A “ de lesão se
caracteriza por uma lesão completa onde nenhuma função motora ou
sensorial é preservada abaixo do nível de lesão.

Em uma parceria público-privada entre a Food and Drug


Administration, agência federal do departamento de saúde e serviços dos
Estados Unidos e a American Pain Society ( APS) ¹³, organização profissional
da associação internacional para estudo da dor composta por profissionais da
saúde , incluindo fisioterapia, direito de negócios e indústria avaliou as
consequências psicossociais e funcionais da dor crônica e suas interferências
relacionadas a dor nas atividades de vida diária. Segundo o artigo, os
profissionais teriam uma percepção limitada sobre a dor e suas
consequências. A avaliação da dor, diagnóstico, prognóstico e
consequentemente o tratamento do paciente requer um protocolo que além
de diagnóstico, prognóstico e consequentemente o tratamento do paciente
requer um protocolo que além de diagnósticos médicos se observe fatores
funcionais e comportamentais. A dor não se inicia isoladamente é lesão, mas
ocorre em uma pessoa com um fenótipo único e com recursos e capacidades
adaptativos, sendo possível criar um contexto que contribui para a experiência
da dor e da adaptação. Conclui-se neste artigo que os mecanismos neurais e
17

suas adaptações podem ser responsáveis por um senso de controle de dor, o


controle da dor influencia na ativação neural no córtex cingulado anterior e na
ínsula ( áreas que apresentam respostas de reações físicas e emocionais)
sendo possível criar uma modulação de dor, contribuindo para a redução de
seu impacto em sua qualidade de vida.

Em uma revisão da literatura realizada pela revista científica da escola


14
de Goiás (RESAP) , foram analisados 12 artigos onde se observaram

alterações negativas em pacientes com lesão medular traumática completa.


As alterações foram físicas, psicológicas, sociais, atividades sexuais e de dor.
O instrumento mais utilizado para a avaliação da qualidade de vida dessa
população foi o Short Form Healtz Survey ( SF-36), onde se obteve os
resultados de uma qualidade de vida com aspectos insatisfatórios, incluindo
como causa principal a dor neuropática e suas limitações. Se apresentou uma
conclusão onde mudanças em aspectos de políticas em saúde pública e
conhecimento sobre a dor e suas limitações para esta população são de
grande importância para uma melhora na qualidade de vida e
consequentemente a inclusão social desses indivíduos.

Segundo a revisão sistemática realizada por Byrnes, Wu e Whillier da


15
faculdade de ciências e engenharia Macquane, Austrália , o método pilates

não se torna eficaz apenas para a aptidão física, mas para uma melhor
qualidade de vida. O estudo contou com 23 artigos publicados entre 2005 e
2016, que avaliaram a eficácia do pilates na reabilitação de diversas
patologias e incapacidades. O pilates se mostrou uma forma de tratamento
confiável e com bons resultados, sendo um método de fácil aplicabilidade e
aceitação para os pacientes. Os resultados apresentados foram satisfatórios,
apresentando redução na dor e incapacidade dos indivíduos avaliados, porém
se concluiu que existem poucos estudos que observem os resultados em
patologias específicas onde o pilates seja avaliado de uma forma direta nas
incapacidades de cada paciente.

16
Segundo Sally , as terapias alternativas são um bom meio de

tratamento para pacientes com lesão medular e vem apresentando um bom


18

potencial durante a reabilitação e tratamento, se tornando mais eficaz se


realizado em conjunto com protocolos convencionais da fisioterapia. O pilates
é citado no estudo como uma técnica que se adapta bem à realidade dos
atendimentos, e de bons resultados, onde pode ser adaptado para a limitação
de cada indivíduo, interferindo no seu nível de dor, sua intensidade e na maior
mobilidade funcional dos pacientes. A pesquisa se construiu com base em
dados públicos do projeto SCIRehab, utilizando pesquisas dos últimos 5 anos.

17
Giardini A.C apresentou em seu estudo publicado em 2012 a

correlação do aumento das células glias e a existência da dor neuropática


após a lesão medular. O autor apresentou como tratamento a mobilização
neural, um método clinicamente eficiente para pacientes após a lesão
medular total. Se identificou que a Mobilização ajuda na redução das células
gliais, as quais são as responsáveis pelo aumento da hiperalgesia térmica e
mecânica, sendo um tratamento viável e de baixo custo.

Conclusão

Conclui-se a partir desse estudo que o tratamento para dor neuropática


em indivíduos com lesão medular utilizando técnicas manuais passivas, com
mobilização neural em conjunto com o método pilates possibilitou uma
redução no nível de dor que se refletiu nos achados da escala EVA e na
melhora da qualidade de vida do paciente, refletindo no questionário de
qualidade de vida, realizado no primeiro e último atendimento. constatou-se
que o método pilates e a mobilização neural podem ser importantes
instrumentos para o acompanhamento de indivíduos com lesão medular que
apresentem dor neuropática.

Referências:

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21

Tabela 2 - Avaliação dos Domínios: Estado geral de saúde, Capacidade funcional e limitação
por aspectos físicos do SF36 por questão

Estado geral de saúde 1º avaliação 2º avaliação

1 - Em geral você diria que a


sua saúde é boa: Boa Boa

11. a) Eu costumo obedecer


um pouco mais facilmente
que outras pessoas: Definitivamente falso Definitivamente falso

11. b) Eu sou tão saudável


quanto qualquer pessoa que
conheço: A maioria das vezes falso A maioria das vezes falso

11. C) Eu acho que minha A maioria das vezes


saúde vai piorar: verdadeiro Não sei

11. d) Minha saúde é


excelente: A maioria das vezes falso A maioria das vezes falso

Capacidade funcional: 1º avaliação 2º avaliação

3. a) Atividades Rigorosas,
que exigem muito esforço
tais como correr, levantar Não, não dificulta de modo
objetos pesados Sim, dificulta um pouco algum

3. b) Atividades moderadas,
tais como correr, aspirar a
casa, jogar bola... Sim, dificulta um pouco Sim, dificulta um pouco

3. c) Levantas, carregar Não, não dificulta de modo Não, não dificulta de modo
mantimentos algum algum
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3. d) Subir vários lances de


escada Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. e) Subir um lance de
escada Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. f) Curvar-se ajoelhar-se Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. g) Andar mais de um km Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. h) Andar vários
quarteirões Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

3. i) Andar um quarteirão Sim, dificulta muito Sim, dificulta muito

Não, não dificulta de modo Não, não dificulta de modo


3. j) Tomar banho vestir-se algum algum

Limitação por aspectos


físicos 1º avaliação 2º avaliação

4. a) Você diminuiu a
quantidade de tempo que se
dedica ao seu trabalho ou
outras atividades: Sim Não

4. b) Realizou menos tarefa


do que gostaria: Sim Não

4. c) Esteve limitado no seu


tipo de trabalho ou a outras
atividades? Sim Não

4. d) Teve dificuldade de
fazer seu trabalho ou outras
atividades : (necessitou de
um esforço extra) Sim Não
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Vitalidade 1º avaliação 2º avaliação

5. a) Você diminuiu a
quantidade de tempo que se
dedica ao seu trabalho ou
outras atividades: Sim Não

5. b) Realizou menos tarefa


do que gostaria: Sim Não

5. c) Não realizou ou fez


qualquer das atividades com
tanto cuidado como
geralmente faz: Sim Não

Fonte: Dados da pesquisa (2022).

Figura 2 – Comparativo da escala visual analógica no início e final da avaliação.


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Fonte: Dados da pesquisa (2022).


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