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ISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS

O uso racional de medicamento é composto de vários aspectos, e um deles é a


correta distribuição desses dentro do hospital. Há uma diferença básica quando se
fala de dispensação e distribuição, pois a primeira é exclusiva do profissional
farmacêutico.

O tipo de sistema de distribuição a ser escolhido depende de alguns requisitos


como, por exemplo, o nível de complexidade do hospital, a estrutura física, os
recursos e profissionais qualificados disponíveis, os procedimentos operacionais
padrão bem determinados, entre outros. Será abordada uma distribuição com
quatro tipos de sistemas. (GOMES; REIS, 2009)

Sistema de distribuição coletivo


É o sistema mais antigo e se baseia no fato de que a distribuição ocorre por
unidade de internação ou pela solicitação da enfermagem. Assim, já é possível
perceber que a farmácia é apenas o repassador de medicamentos, não ocorre
análise de prescrição e parte da assistência farmacêutica é comprometida. A
farmácia não tem a sua disposição dados sobre o medicamento como: para quem,
porque e por quanto tempo será utilizado. (GOMES; REIS, 2009)
O fato de a enfermagem ficar encarregada desse processo que, na realidade,
deveria ser de responsabilidade da farmácia, por tratar diretamente de processos
que envolvem o medicamento, facilita a ocorrência de erros e perda de tempo no
cuidado com outros aspectos relacionados ao paciente.
Observe-se alguns exemplos (GOMES; REIS, 2009):
 Clique sobre as abas abaixo:
Desvantagens do sistema coletivo
Vantagens do sistema coletivo

Sistema de distribuição individualizado


No sistema de distribuição individualizado, os medicamentos são dispensados por
paciente, e não por unidades assistenciais, geralmente para cobrir 24 horas. Isso
aproxima o farmacêutico do processo de análise da prescrição, pois agora ele sabe
para quem, para que e por quanto tempo. Pode ser dividido em dois tipos:
(GOMES; REIS, 2009)
Quadro 6.
TIPO CARACTERÍSTICA
Direto Utiliza a transcrição da prescrição médica.
Indireto Utiliza a cópia da prescrição médica.
Maneiras de fazer as cópias

Cópia carbonada: colocação de papel carbono entre duas folhas de prescrição,


gerando, assim, duas vias, sendo uma enviada ao farmacêutico. A vantagem é
que não necessita da instalação de equipamentos especializados.

Fotocópias: utiliza máquina copiadora. Gera custos, pois é necessária a aquisição


de equipamento adequado.

Via fax: esse método reduz o tempo gasto com o transporte das prescrições, mas,
além dos custos com a aquisição do equipamento, pode ocasionar erros
relacionados à questão da qualidade do fax (se for ruim, pode induzir a erros,
como acontecia na transcrição) e ao envio de mais de uma cópia da mesma
prescrição.

Informatizada: os médicos fazem a prescrição em computadores disponíveis na


área da unidade assistencial e essa é diretamente enviada à farmácia. Os custos
para implementar são mais altos, porém a qualidade da letra do médico não mais
influencia, e erros por conta disso são evitados, além de reduzir a perda de tempo
no transporte de documentos.

Tecnologia sem fio: palmtops, tablets e outras tecnologias relacionadas


permitem ao médico realizar a prescrição diretamente na hora em que está
consultando o paciente e, além das vantagens relacionadas para a prescrição
citada, reduz-se a quantidade de espaço utilizado, cabos e outros.
A forma de a farmácia distribuir os medicamentos para as unidades depende de
cada tipo de hospital, mas, por exemplo, eles podem ser enviados em sacos
plásticos, desordenadamente, constando apenas o nome do paciente, número do
leito e a unidade assistencial a que se destina; isso para um período de 24 horas.
Ainda é possível, de maneira mais ordenada, fabricar (por termossolda, por
exemplo) plásticos que contenham os medicamentos distribuídos por horário para
um período de 24 horas ou mesmo por turno. (GOMES; REIS, 2009)

 Clique sobre as abas abaixo:


Desvantagens do sistema de distribuição individualizada:
Vantagens do sistema de distribuição individualizada:
Principais causas de erros nos sistemas coletivo e individualizado:

Sistema de distribuição combinado/misto


Nesse sistema, alguns medicamentos são distribuídos por cópia da prescrição
(característica do sistema individualizado) e outros são distribuídos por solicitação
da enfermagem (característica do sistema coletivo). As unidades de internação são
atendidas pelo sistema individualizado, e as de serviço (ambulatório, urgência etc.),
pelo coletivo. É uma mistura de sistemas que depende, como já mencionado
anteriormente, das necessidades de funcionamento e dos recursos do hospital.
(GOMES; REIS, 2009)
 
Sistema de distribuição por dose unitária
A distribuição por dose unitária foi desenvolvida por farmacêuticos americanos
devido aos crescentes casos de erros de administração por causa da constante
chegada ao mercado de fármacos cada vez mais potentes, porém perigosos
(exemplo, aqueles com janelas terapêuticas estreitas, ou seja, pequenas
mudanças de dose podem causar toxicidade ao paciente). Esse método de
distribuição é mais seguro para o paciente, minimiza a ocorrência de erros, os
recursos profissionais são mais bem gerenciados, tem maior eficiência e reduz o
custo com medicamentos. É importante esclarecer que a dose unitária industrial
não representa a mesma coisa, e, sim, a dose de algum medicamento vendida em
uma embalagem unitária que contém identificação do fármaco, prazo de validade,
lote, nome comercial, entre outras, e que pode ser utilizada no sistema de
distribuição por dose unitária, sendo, muitas vezes, de grande utilidade na farmácia
hospitalar. (GOMES; REIS, 2009)
O sistema por dose unitária permite distribuir os medicamentos para cada paciente
(até aqui pode ser comparado ao sistema individualizado) de maneira que todos os
tipos de formas farmacêuticas sejam enviados ao paciente, de acordo com a
prescrição médica, prontos para serem utilizados e na dose correta para um
determinado intervalo de tempo, ou seja, a enfermagem não necessita mais
manipular, fazer cálculos ou preparar nenhum medicamento. Além disso, outra
inovação trazida por esse sistema é o fato de que a análise da prescrição deve ser
realizada para que seja traçado um perfil farmacoterapêutico do paciente. A
enfermagem deve manter um registro das administrações realizadas para controle
e para que, mesmo que o erro ocorra, ele possa ser mais rapidamente detectado e
as consequências sejam mais bem controladas. (GOMES; REIS, 2009)
O perfil farmacoterapêutico deve conter:

»   Para o paciente:
›    idade;
›    peso; 
›    diagnóstico;
›    data da admissão;
›    número do leito;
›    nome da unidade assistencial.

»   Sobre o medicamento:
›     nome do fármaco de acordo com a Denominação Comum Internacional (DCI)
ou Denominação Comum Brasileira (DCB);
›     forma farmacêutica;
›     concentração;
›     dose;
›     intervalo;
›     via de administração;
›     data de início;
›     quantidade distribuída por dia.

Para adotar esse sistema é necessário pessoal qualificado, sistema de


padronização e gestão de medicamentos eficiente. Outro ponto importante é a
dificuldade de encontrar disponíveis no mercado doses unitárias de medicamentos
estéreis. Isso leva à necessidade de implantação de uma Central de Preparações
Estéreis, o que demanda um custo inicial muito elevado que a maioria dos
hospitais, como os de médio e pequeno porte, não conseguem bancar. (GOMES;
REIS, 2009)
A obtenção da dose unitária dentro do hospital deve ser feita respeitando,
primeiramente, as características farmacológicas do medicamento (estabilidade,
fotossensibilidade etc.). Por isso, devem-se observar os tipos de materiais
utilizados no processo de reembalagem e sua compatibilidade com a obtenção da
dose unitária, evitando contaminações cruzadas e microbiológicas. (GOMES;
REIS, 2009)
Quadro 7.
TIPO DE
FORMA FARMACÊUTIC CARACTERÍSTICAS DA EMBALAGEM
A  
Devem ter características que permitam que todo o
conteúdo possa ser consumido; dependendo da forma e
do fármaco é preciso calcular conteúdo a mais por causa
das perdas; a concentração do fármaco deve constar em
mg/mL  ou g/mL;  as seringas que forem utilizadas para a
Líquidos de uso oral administração ao paciente não podem conter agulhas.
O blíster deve ser confeccionado  de parte transparente
para visualização do medicamento e outro opaco para
permitir a impressão de informações e também de fácil
Sólidos de uso oral remoção para a retirada do medicamento.
O conjunto agulha + seringa já deve ser mandado pronto
para o uso, não precisando mais ser manipulado. A
agulha deve ser de tamanho adequado para o
Uso parenteral procedimento  a ser realizado no paciente.
A embalagem deve sempre conter a finalidade para a qual
Outras formas se destina o medicamento (ex.: supositório, uso oftálmico).
 Clique sobre os números abaixo:

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Sistema de distribuição centralizado


O centro de distribuição está localizado em área física única, ou seja, todas as
áreas do hospital são atendidas por ele. (GOMES; REIS, 2009)
 
Sistema de distribuição descentralizado
»   Há mais de uma área física de distribuição localizada. Essas áreas auxiliares à
farmácia central são chamadas de farmácia satélite;
»   As farmácias satélites são implantadas em unidades que possuem
necessidades diferenciadas como centro cirúrgico, UTI ou são construídas por
necessidades físicas como expansão da farmácia, hospital em multiblocos ou com
muitos andares;
»   As vantagens de se ter as farmácias satélites são: melhor comunicação da
equipe de farmácia com médicos, enfermeiros e outros; agilidade na entrega dos
medicamentos e, ainda, é possível treinar pessoal para atender as peculiaridades
de cada unidade assistencial onde a farmácia se encontra;
»   As desvantagens de se ter as farmácias satélites são: maior disponibilização de
recursos humanos, gerenciais e financeiros. (GOMES; REIS, 2009)
Escolher bem o sistema de distribuição de medicamentos que se adapte à
realidade física e financeira do hospital, mas, principalmente, da melhor qualidade
de serviços prestados ao paciente não é tarefa fácil e necessita de uma gestão
atenta e observadora. Se a escolha do sistema for eficiente, serão também
eficientes os processos, a diminuição de gastos com medicamentos e outros que
acabam por comprometer e muito da receita do hospital. (GOMES; REIS, 2009)

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GESTÃO DO ABASTECIMENTO DE MATERIAIS

Antes de escolher o melhor sistema de distribuição, é importante garantir que o


abastecimento de medicamentos vai conseguir suprir as necessidades do hospital
e os pacientes não terão que se deparar com horários para os quais não são
enviados os medicamentos. Os gastos com materiais variam de hospital para
hospital, mas podem comprometer até 50% do orçamento sendo, portanto,
essencial utilizar os recursos da melhor maneira para não faltar, estragar, ou
comprar materiais sem necessidade. Além disso, priorizar a qualidade dos
materiais adquiridos é essencial tanto para o paciente quanto para os profissionais
que trabalharam com eles. (GOMES; REIS, 2009)
Nesse contexto, surge o conceito de logística, possibilitando fazer o planejamento,
padronizar, adquirir, receber, armazenar, distribuir e fazer o controle de estoques,
ou seja, a logística é um conceito amplo que consegue tornar o abastecimento
mais eficiente. O gerenciamento é composto por: normalização, controle, aquisição
e armazenamento. (GOMES; REIS, 2009)

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NORMALIZAÇÃO

Normalizar significa regularizar, estabelecer norma ou padrão, uniformizar. Isso


ajuda a conectar as necessidades reais da equipe hospitalar e dos pacientes com
a farmácia que é responsável por adquirir os materiais necessários. É dividida em:
padronização, especificação, classificação, codificação. (GOMES; REIS, 2009)
Quadro 8.
É uma atividade que precisa ser desenvolvida
multidisciplinarmente para que todas as unidades assistenciais
tenham seus interesses atendidos. Utiliza-se de critérios de
eficácia, segurança, qualidade e custo. Tem a finalidade de
aumentar a qualidade dos materiais adquiridos, reduzir a
PADRONIZAÇÃO quantidade de materiais sem utilidade e diminuir os custos.
É uma atividade desenvolvida para descrever os materiais.
Uma descrição mais detalhada ajuda na hora de comprar e
facilita a comunicação com os fornecedores, já para os usuários
e profissionais uma mais simples é o suficiente. Devem constar
itens como dosagem, forma farmacêutica, nome do fármaco
ESPECIFICAÇÃO segundo DCB, volume/peso.
Deve ter a capacidade de facilitar o armazenamento/guarda
CLASSIFICAÇÃO dos materiais, a padronização e a fácil informatização.
CODIFICAÇÃO São do tipo numéricos, alfanuméricos e alfabéticos e devem
permitir a expansão. Os critérios para sua criação dependem do
tipo de instituição e o mais importante é que um código nunca
se refira a mais de um item e vice-versa.
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CONTROLE DE ESTOQUE

O controle de estoque envolve métodos para determinar quanto e quando comprar,


ou seja, utilizando cálculos. E ainda há, também, o controle físico dos estoques.
 
Quanto comprar
O primeiro parâmetro necessário para calcular quanto comprar é a média
aritmética móvel que é assim chamada porque a cada novo mês acrescenta-se o
mês mais recente e descarta-se o mais antigo, dando a ideia de movimentação da
média. Ela é um método de previsão do quanto será consumido no próximo
período analisa do (n= no  de meses, por exemplo). O n escolhido depende da
experiência de gestão da empresa, mas quanto maior seu valor menos o método
vai ser sensível às variações de consumo. O valor de n deve ser escolhido a partir
da escolha da variação de consumo adequada. Existem alguns tipos dessa
variação. (GOMES; REIS, 2009)
Quadro 9.
TIPO DE VARIAÇÃO DE
CONSUMO DESCRIÇÃO
É um desvio (aproximadamente 25%) do consumo
médio mensal (CMM) que aparece conectado a causas
como verão, inverno, epidemias. Costuma ser o mais
utilizado em hospitais por representar melhor a realidade
Modelo de evolução sazonal do setor.
Modelo de evolução de
consumo sujeito a O CMM de alguns itens novos vai aumentando,
tendências enquanto o de itens mais antigos vai caindo.
Modelo horizontal Tendência é constante, pois não sofre influências.
Fonte: Gomes e Reis, 2009.
 

CMM = consumo médio mensal


n = número de meses
Existem outros tipos de média que não a média móvel, mas essa é a mais
utilizada. Abaixo, encontra- se um resumo.

Último período
Utilizam-se os mesmos dados coletados no período anterior, ou seja, só pode ser
usada para produtos com consumo uniforme. (GOMES; REIS, 2009)
 
Média móvel ponderada
Utiliza-se quando as variações nos períodos imediatamente mais próximos são
grandes, ficando impossível utilizar a média do último período descrita acima. São
utilizados pesos maiores para os produtos de consumo mais recente que vão
decrescendo para os mais antigos. (GOMES; REIS, 2009)
 
Média móvel exponencial
Nesse tipo de média, o erro da previsão é considerado. Soma-se a previsão
anterior ao produto de uma constante de amortecimento pelo erro de previsão
como mostrado na fórmula a seguir.

»   Erro de previsão: diferença entre consumo do período anterior e a previsão


que foi feita para esse mesmo mês.
»   Alfa: constante de amortecimento (dado empírico, entre 0,1- 0,3; consumos
mais variáveis, alfa é maior, e consumos menos variáveis/uniformes alfa é menor).
(GOMES; REIS, 2009)

Mínimos quadrados
É capaz de fazer previsões para mais de um período, mas não é indicada para
hospitais, principalmente, por não comportar os dados sazonais e porque não há,
geralmente, interesse em previsões em longo prazo. (GOMES; REIS, 2009)
O quanto comprar é a junção da média aritmética móvel, do estoque de segurança
e da análise da curva ABC.
 
Estoque de segurança
Pode também ser chamado de estoque mínimo. É, como o próprio nome diz, a
quantidade mínima/ reserva que deve ser mantida de produto no estoque para
que, em casos emergenciais (atraso de suprimento, elevação não esperada de
consumo, por exemplo) o atendimento seja mantido. (GOMES; REIS, 2009)
A quebra ou ruptura do atendimento desencadeia custos adicionais para o sistema
que podem ser muito maiores que os custos de manter um estoque de segurança
adequado. Isso pode ser visualizado calculando-se os custos do não atendimento;
os custos com pessoal que está parado, ou seja, subutilizado pela falta de produtos
para trabalhar; custos dos produtos que tiverem que ser adquiridos fora da
previsão; custo da mudança da rotina. (GOMES; REIS, 2009)
O tempo de abastecimento (TA) compreende o período que vai do processamento
interno das compras (emissão do pedido etc.) até a chegada dos produtos.
(GOMES; REIS, 2009)
TA= TPI + TPE

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CURVA ABC

A curva ABC, também chamada de curva 80-20 ou gráfico de Pareto (por ter sido
inicialmente desenvolvida por Vildefedro Pareto em estudo sobre concentração de
renda, realizado na Itália em 1897), é um estudo que permite agrupar e gerenciar
itens de acordo com os seus valores e com o fluxo de sua utilização.
A análise da curva é feita de acordo com a seguinte classificação:
CLASSES
  % Itens % Custo
Classe A 20 50
Classe B 20 a 30 20 a 30
Classe C 50 20
Fonte: Adaptado de Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em Farmácia Hospitalar (GOMES;
REIS, 2009)
Os itens são divididos em três classes: na classe A, os itens custam muito, mas
representam pequena porcentagem do estoque; na classe B, os itens têm um
custo menor e já representam uma porcentagem maior do estoque; na classe C, a
porcentagem dos itens é praticamente metade do estoque, mas o custo para a
instituição é pequeno. Nem sempre os valores que representam as porcentagens
das classes vão ser exatamente os representados anteriormente, podendo uma
classe ocupar mais ou menos do que isso. Essa tabela demonstra que a curva
ABC, portanto, tem a capacidade de nortear as compras da instituição e participar
da decisão de quantos itens de cada classe precisam ser mantidos no estoque de
segurança com maior precisão. (GOMES; REIS, 2009)
A elaboração da curva segue no exemplo a seguir.

Procedimentos necessários:
»   relacionar itens que pertencem a um mesmo grupo e seus custos unitários
médios a partir de uma fonte comum;
»   relacionar o consumo anual (quantidade anual gasta de cada item);
»   calcular o custo anual a partir dos valores unitários e do consumo anual;
»   ordenar a tabela por custo anual decrescente;
»   calcular o custo anual acumulado:
›    repete-se o primeiro valor do custo anual na primeira casa do custo anual
acumulado;
›    esse valor é, então, somado ao segundo valor do custo anual;
›    o resultado dessa soma é, então, somado ao terceiro valor do custo anual;
›    o resultado dessa soma é, então, somado ao quarto valor do custo anual, e
assim por diante;
»   calculam-se as porcentagens a partir do custo anual acumulado:
›    cada valor do custo anual acumulado deve ser dividido pelo valor do último
custo  anual acumulado (que na realidade é soma/total de todos custos anuais) até
chegar ao 100% (valor do último custo anual acumulado dividido por ele mesmo.
»   para determinar quais itens são de que classe observa-se a coluna das
porcentagens:
›     começando da primeira porcentagem e seguindo a sequência deve-se
observar uma porcentagem que chegue para mais ou para menos próxima ao
valor de 50%, esses serão os itens da classe A ou aqueles que ocupam 50% dos
recursos.
›     somando-se a última porcentagem dos itens do tipo A descoberta no passo
acima com 20 a 30%, encontra-se até onde estão os itens B na tabela, ou seja, os
que consomem 20 a 30% dos recursos.
›     o restante das porcentagens e dos itens será do tipo C, ou seja,
aproximadamente 20% dos recursos consumidos. (GOMES; REIS, 2009)
Quadro 10. Custo Anual
ITEM CUSTO UNITÁRIO CONSUMO ANUAL CUSTO ANUAL
1 0,4 600 240,00
2 2,3 1000 2.300,00
3 1,10 300 330,00
4 19,00 10 190,00
5 1,20 1200 1.440,00
6 6,3 800 5.040,00
7 0,35 4000 1.400,00
8 0,25 6000 1.500,00
9 4,1 2000 8.200,00
10 0,82 500 410,00
Fonte: Adaptado de Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em Farmácia Hospitalar. (GOMES;
REIS, 2009)
 
Quadro 11. Classificação ABC
CUSTO
  ANUAL  
    CUSTO ACUMULAD   CLASSIFICAÇÃ
GRAU ITEM ANUAL O % O
1º 9 8.200,00 8.200,00 38,95% A
2º 6 5.040,00 13.240,00 62,89 A
3º 2 2.300,00 15.540,00 73,8 B
4º 8 1.500,00 17.040,00 80,9 B
5º 5 1.440,00 18.480,00 87,7 B
6º 7 1.400,00 19.880,00 94,4 C
7º 10 410,00 20.290,00 96,3 C
8º 3 330,00 20.620,00 97,9 C
9º 1 240,00 20.860,00 99,09 C
10º 4 190,00 21.050,00 100 C
Fonte: Adaptado de Ciências Farmacêuticas: uma abordagem em Farmácia Hospitalar. (GOMES;
REIS, 2009)

Nessa tabela, fica fácil perceber o que foi falado anteriormente: poucos itens do
tipo A ocupando a maior porcentagem de gastos e muitos itens do tipo C ocupando
a menor porcentagem de gastos. Nessa tabela, também, é perceptível que a
utilização da curva ABC no cálculo do estoque de segurança deve-se ao fato de
que os itens do tipo A, sendo os mais caros para a instituição, devem ter um
estoque reduzido e alta rotatividade para não imobilizar os recursos. Já os do tipo
B terão estoques de segurança maiores do que os do tipo A, e os do tipo C
maiores do que os do tipo B e do tipo A. (GOMES; REIS, 2009)
Voltando agora para o cálculo do estoque de segurança que precisava do TA e da
Curva ABC, pode ser calculado da seguinte forma:
»   O coeficiente usado para multiplicar TA é escolhido a partir da realidade do
hospital.
»   O TA deve ser transformado de dias para meses por regra de três simples (se
um mês são 30 dias, então quantos meses são 45 dias?)
1 mês-----------30 dias
X meses--------45dias
X= 1.5 meses
(GOMES; REIS, 2009)

Lote de ressuprimento (quanto comprar?)


Quantidade de itens que deve ser comprada para atingir o estoque máximo. Dois
conceitos precisam ser introduzidos antes de falar sobre lote de ressuprimento
(LR).

 Clique sobre as abas abaixo:


Estoque máximo (Emax)
Frequência de compras (FC)
Ponto de ressuprimento (quando comprar?)

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CONTROLE FÍSICO

É baseado no inventário que serve para comparar o estoque físico/real com o


estoque presente nas fichas de controle ou no sistema de informática. Pode ser
classificado como permanentes, periódicos ou rotativos. O mais indicado na
escolha do tipo de inventário é utilizar a curva ABC e detectar os medicamentos
que mais interessa, ter controle sobre eles, determinando períodos mais curtos
para a realização do inventário. Por exemplo, itens do tipo A (maior custo) ou itens
mais importantes à assistência do paciente podem ser inventariados mensalmente.
Itens do tipo B a cada dois meses e do tipo C a cada seis meses de acordo com a
importância financeira ou terapêutica maior ou menor.
As divergências que podem ocorrer em um inventário derivam basicamente de
saídas e entradas feitas de maneira errada, problemas com o funcionamento
do software e o hardware, erros na contagem e desvios. (GOMES; REIS, 2009)
 
Aquisição
Adquirir ou comprar materiais é um procedimento que deve ser feito sempre dentro
das qualificações/ especificações, com os menores prazos possíveis, menor custo
e melhores condições de pagamento. Essas são as principais características para
se escolher um dentre tantos que pretendem fazer contrato com a empresa.
Escolher o processo pelo qual vão ser adquiridos os materiais depende da
realidade da empresa (pública ou privada) e deve estar vinculado a uma
possibilidade de controlar ao máximo, sem criar burocracia que acabe por
comprometer a rapidez e qualidade do sistema. (GOMES; REIS, 2009)
A aquisição em órgãos públicos dá-se por meio de licitações, que são
regulamentadas pela Lei no 8.666/1993 e suas alterações. A licitação é uma série
de procedimentos administrativos, que permitem que a administração consiga
selecionar a melhor proposta para ela, possibilitando, ao mesmo tempo, uma
concorrência justa, com iguais chances para aqueles que almejam o contrato com
o serviço público. Baseia-se nos seguintes princípios:

»   Procedimento formal: significa dizer que as licitações só podem ser


realizadas de acordo com o que está escrito na lei.
»   Publicidade de seus atos: não pode haver sigilo sobre nenhuma licitação e
nem tampouco sobre seus acontecimentos/desenrolar. 

»   Igualdade entre licitantes: ao Estado não é permitido dar condições


privilegiadas a nenhum dos licitantes e nem o licitante querer de alguma forma
ilegítima ser privilegiado.
»   Sigilo  das  propostas:  isso  deve  ocorrer  até  certo  prazo,  para  que
não  haja combinação de preços ou elevação desses por parte dos licitantes.
»   Vinculação ao edital: todo processo deve ser regido pelo edital escrito para
que tanto os direitos do Estado como os dos licitantes sejam protegidos e não haja
durante o processo mudanças que possam desfavorecer ou privilegiar um ou outro
candidato. O edital serve para tornar pública a existência de nova licitação e para
descrever as condições em que ela ocorrerá. Instituições hospitalares adquirem
materiais que, em sua maioria, têm caráter muito específico (medicamentos,
materiais médicos etc.) e, portanto, é importante que do edital constem
informações técnicas para auxiliar na escolha não só dos produtos de menor
preço, mas também os de melhor qualidade (melhor custo-benefício).
»  Julgamento objetivo: devem ser escolhidos parâmetros bem delimitados
(qualidade, prazo de entrega, preço, condições de pagamento) que possam guiar
a administração na escolha do melhor licitante e devido às condições especiais
dos produtos hospitalares profissionais como farmacêuticos, médicos e outros
devem integrar a equipe de compras para emitir parecer técnico sobre a compra,
pois nem sempre o mais barato é o melhor.
»   Adjudicação compulsória ao vencedor: a aquele que venceu é assegurado
o direito de vender até que o prazo do contrato tenha acabado, ou seja, não é
permitido ao hospital comprar de outro licitante que não seja o vencedor.

Modalidades de licitações
A escolha do tipo de licitação depende do total de recursos financeiros que o órgão
público pretende gastar em determinada compra.
Quadro 13.
TIPO CARACTERÍSTICAS
Não se utiliza nas compras de produtos
Leilão e concurso farmacêuticos/hospitalares.
Para transações de pequeno valor. Devem participar pelo
menos três candidatos que serão convidados pelo órgão e,
se outros cadastrados no órgão se interessarem até 24
horas antes da apresentação das propostas, poderão fazê-
lo. O documento de convocação deve ficar afixado no
Convite quadro do próprio órgão.
Tomada de preço Para contratos com valor imediatamente inferior aos do da
modalidade concorrência. Interessados já registrados e
habilitados pelo órgão deverão ser convocados com
antecedência mínima de 15 dias. O edital de convocação
deve ficar visível no próprio órgão e ser também entregue
às entidades de classe que os representam.
Pode participar todo aquele que o desejar, sendo
necessária primeiramente a comprovação de que está de
acordo com as condições do edital. Convocar com
antecedência mínima de 30 dias, devendo constar de
jornais de grande circulação privados e do próprio órgão
público. Aqui, utiliza-se o registro de preço do tipo menor
preço, ou seja, o que ganha se compromete a fornecer,
pelo tempo que o contrato estiver em vigência, o preço com
Concorrência o qual ganhou a licitação.
Fonte: Gomes; Reis, 2009.

 Clique sobre os números abaixo:

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7
ARMAZENAMENTO

É a parte do gerenciamento de materiais responsável pela movimentação (receber,


movimentar do lugar em que está guardado para os outros setores quando for
solicitado) e estocagem dos produtos adquiridos. O setor responsável pelo
armazenamento de medicamentos e correlatos é o almoxarifado ou também
chamado de Central de Abastecimento Farmacêutico (CAF). Suas atividades
envolvem guardar de forma organizada e que permita a localização rápida, a
preservação e a segurança (proteção contra riscos físico-químicos e
microbiológicos) dos materiais. (GOMES; REIS, 2009)
A Portaria no 1.884/1995 do Ministério da Saúde define as normas para a
construção de estabelecimentos de saúde. Nela está definido que a CAF deve
conter 0,6 m² por leito, mas, na realidade, muito além dessa determinação física, é
importante levar em consideração o tipo de assistência prestada pelo hospital, os
medicamentos que são utilizados por ele etc. (GOMES; REIS, 2009)
A CAF é responsável pelas seguintes atividades:

»   receber produtos conferindo sua compatibilidade com a nota fiscal;


»   lançar os produtos no sistema e guardá-los;
»   após receber o pedido das unidades assistenciais separar, enviar e fazer o
registro das saídas;
»   a gestão/controle de estoque é responsabilidade da CAF;
»   utilizar o sistema PEPS (primeiro que entra primeiro que sai) para movimentar
os produtos no estoque;
»   fazer o inventário do estoque e periodicamente confeccionar relatórios sobre
ele.
A estocagem pode ser feita de duas maneiras:
»   Estocagem fixa: são especificadas áreas para receber determinado tipo de
material. Muito utilizada para medicamentos sólidos, líquidos e semissólidos.
»   Estocagem livre: quando os materiais chegarem, o lugar que estiver vazio
poderá receber qualquer tipo de produto. Esse método é muito utilizado para
soluções parenterais de grande volume ou de pequeno volume que têm grande
rotatividade. Esse método tem a desvantagem de materiais se perderem no
estoque.

Aspectos que devem ser respeitados na estocagem de medicamento


Os estoques devem ser armazenados, de preferência, por tipo de forma
farmacêutica e em ordem alfabética em cada grupo. Medicamentos que vencem
primeiro devem ser colocados sempre à esquerda e à frente nos locais de
armazenamento. Se forem mais pesados e de maior saída, devem ficar próximos à
área de distribuição. Além disso, separar os medicamentos em pequenos lotes
com as quantidades que geralmente são entregues nos pedidos das unidades
assistenciais facilita a distribuição. (GOMES; REIS, 2009)
Pallets (estrado, geralmente de madeira) devem ser utilizados para isolar o contato
dos produtos com o solo evitando umidade, sujeira etc. Esses devem ficar a uma
distância mínima de 30 cm do solo. A estocagem deve, também, permitir que os
produtos fiquem de 30 a 50 cm das paredes e a 50 cm do teto. Além disso, é
importante manter certa distância entre os produtos para realizar a limpeza e
circular ar evitando umidade, fungos etc. As prateleiras ideais para o
armazenamento são as de aço (não sofrem ação de insetos, suportam muito peso
e são de fácil montagem e desmontagem) e têm a vantagem de ocupar pouco
espaço. O empilhamento de caixas deve obedecer a um número que preserve as
condições dos produtos e tem a vantagem de economizar espaço, além de não
precisar de outros equipamentos. (GOMES; REIS, 2009)
 
Condições de armazenamento
A Organização Mundial de Saúde preconiza que os locais de armazenamento
sejam ventilados e estejam a temperaturas de 15 a 25°C e de no máximo 30°C.
Para que sejam cumpridos esses requisitos, é imprescindível a adaptação de
sistemas de refrigeração, principalmente em países tropicais como o Brasil.
(GOMES; REIS, 2009)
Medicamentos que exigem conservação sob refrigeração devem contar com uma
cadeia de frio (refrigerador: cadeia fixa + caixas isotérmicas: cadeia móvel) e com a
seguinte classificação para o armazenamento, segundo a temperatura, adotada
pela Farmacopeia Brasileira, 4 ed. e Regulamento técnico de Medicamentos
Genéricos:

»   No congelador: temperatura entre 0°C e -20°C.


»   No refrigerador: entre 2°C e 8°C.
»   Local fresco: entre 8°C e 15°C.
»   Temperatura ambiente: entre 15°C e 30°C.
»   Local quente: entre 30°C e 40°C.
»   Calor excessivo: acima de 40°C.

A temperatura deve ser medida e registrada em documento diariamente por


termômetro de máxima e mínima para controle das oscilações. (GOMES; REIS,
2009)

A adequada gestão do abastecimento de materiais é o que assegura que ao


paciente não faltará parte essencial da assistência a que ele tem direito: os
medicamentos e correlatos. Gerenciar essa parte do hospital, ou mesmo de uma
indústria, tem que ser um trabalho diário e contínuo de observação para um
controle eficiente do processo, não comprometendo as outras áreas que
dependem desse setor. (GOMES; REIS, 2009)

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