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AULA 7 - BIOMECÂNICA DAS ARTICULAÇÕES (COMPLEMENTO DE AULA)

A articulação é formada pela coaptação de dois ossos com o auxílio de músculos esqueléticos,
ligamentos e cápsula articular. Para uma melhor compreensão é necessário ressaltar algumas
considerações distintas sobre o sistema músculo-esquelético.

O sistema esquelético determina nossa estrutura (tamanho e forma do corpo humano) em


conjunto com hábitos alimentares, nível de atividade física e postura. Suas principais funções
são: formação de alavancas para o aumento de forças e/ou velocidade dos movimentos,
suporte, proteção, armazenamento de gordura e minerais, e formação de células sangüíneas.

O sistema músculo-esquelético tem como funções principais: produção de movimentos, auxílio


na estabilidade articular, manutenção da postura e posicionamento corporal, e suporte. O
músculo se insere no osso diretamente ou por meio de tendões e/ou aponeuroses (faixas
achatadas tendão), que suportam altas forças de tensão produzidas pelos músculos, absorvendo
ou aumentando a tensão no sistema. As ações musculares (excêntricas, concêntricas e
isométricas) estabilizam e maximizam a armazenagem de energia e desempenho muscular.
Alguns fatores que influem na estabilidade articular e força muscular são: o ângulo de inserção
do músculo, relação comprimento-tensão e força-velocidade.

Existem vários tipos de articulações, mas as mais presentes em nosso corpo são as sinoviais,
que podem ser classificadas conforme a quantidade de movimento permitido, tipo e tamanho
dos ossos, formas de contato entre as superfícies articulares, e planos e eixos de movimento.
Estas características proporcionam seu potencial de movimento e função: uma das articulações
mais estáveis do corpo humano é o quadril, pois possui bom suporte muscular, capsular e
ligamentar, além dos efeitos da gravidade e do vácuo da articulação (grande coaptação entre as
estruturas). O ombro, por sua vez, é uma das articulações menos estáveis, suprido pela cápsula
e músculos, possui contato articular menor, devido ao formato dos ossos e superfícies
articulares reduzidas.

As articulações sinoviais possuem uma camada de cartilagem em suas superfícies articulares,


nutrida pelo líquido sinovial (espécie de óleo lubrificante), permitindo a estabilidade e
distribuição das cargas sobre as superfícies com redução dos estresses de contato pela metade.
Ela permite ainda, o movimento entre os ossos com o mínimo de atrito e desgaste
consideráveis ao longo da vida, gerados pelo uso repetido. Os possíveis traumas e desgastes
provocam alterações das substâncias articulares até ocorrer uma degradação enzimática, e
remoção da matéria pela ação mecânica, provocando assim, uma diminuição das áreas de
contato e erosão da cartilagem. Em conseqüência, as possíveis fissuras, formação de cistos e
osteófitos sugerem o início da osteoartrite (doença articular degenerativa com inflamação,
desgaste e redução articulares).

Em algumas articulações existe uma cartilagem adicional (fibrocartilagem ou menisco) para


transmissão adicional de carga, estabilidade, melhora no ajuste de superfícies, proteção e
lubrificação.

Para aumentar a estabilidade das articulações, a cápsula articular protege a articulação,


definindo sua forma com a criação de uma porção interna e pressão atmosférica reduzida, para
uma melhor coaptação. Os ligamentos auxiliam na estabilidade (junção de ossos), controle e
limitação do movimento, suportando cargas de tensão. Imobilizações nestas regiões alteram as
propriedades mecânicas da cápsula e ligamentos, podendo resultar em rigidez articular, devido
a necessidade de cargas e compressão na articulação para troca de nutrientes e resíduos.

Complementando toda a estrutura de uma articulação, existem os proprioceptores, que são


receptores sensoriais (em músculos, tendões e articulações) detectores de estímulos. Os
proprioceptores articulares respondem a mudanças na posição articular, velocida de de
movimento, pressão intra-articular e terminações nervosas, transmitindo as informações ao
sistema nervoso.

Após o conhecimento anatômico e fisiológico das articulações, podemos distinguir os tipos de


movimentos realizados, tais como flexão, extensão, rotação, abdução, etc., e associá-los aos
planos e eixos ocorridos em relação a um sistema de referência, especificando a posição de um
corpo ou segmento no espaço e às características de sua movimentação.

O estudo e análise cinesiológica e biomecânica de uma articulação individual são fundamentais


para a compreensão dos movimentos básicos e podem proporcionar em conjunto, um melhor
desempenho em habilidades esportivas, realçando os requisitos para o condicionamento e
técnicas adequadas.

Referências Bibliográficas

Hamill, J. e Knutzen, K.M. São Paulo, Ed. Manole, 1999.

Kapandji, I.A. São Paulo, Ed. Manole, 1990.

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