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A influência de um

programa de treino
orientado para o
desenvolvimento da
condição física, na
capacidade de produção
de pessoas deficientes
mentais
Universidade do Porto

Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física

A influência de um programa de treino orientado para o


desenvolvimento da condição física, na capacidade de
produção de pessoas deficientes mentais.

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física,


com vista à obtenção do grau de Mestre em Ciência do Desporto - Especialidade de
Actividade Física Adaptada (Decreto-Lei n° 216/92, de 13 de Outubro).

Orientadores:

Professora Doutora Maria Adília Silva

Professor Doutor Amândio Braga dos Santos Graça

Fernando José Cardoso


Julho de 2003
Cardoso, F.J. (2003). A influência de um programa de treino orientado para o
desenvolvimento da condição física, na capacidade de produção de pessoas
deficientes mentais. Dissertação apresentada às provas de Mestrado em Ciência do
Desporto na área de Especialização em Actividade Física Adaptada. Faculdade de
Ciências do Desporto e de Educação Física - Universidade do Porto. Porto

PALAVRAS CHAVE: DEFICIÊNCIA MENTAL; PROGRAMAS DE TREINO;


CONDIÇÃO FÍSICA; PRODUTIVIDADE; TEMPO EM TAREFA
A minha família
Agradecimentos

Aos meus Orientadores, Professora Doutora Maria Adília Silva e


Professor Doutor Amândio Graça, pela disponibilidade, acompanhamento
e apoio que me deram ao longo de todo o processo.

À Directora Centro de Educação e Formação Profissional Integrada


(CEFPI) - Porto, Dr.a Olga Figueiredo, por ter tornado possível a
realização deste trabalho.

Aos Operários participantes (Cristina, Olinda, Emília, Cândida, Maria


José, Teresa, Adelino, Albino, João Carlos, Fernando, Rui Miguel, Vítor,
Manuel, José Miguel, José Paulo, Armindo, Rui Silva e Toy) e às
respectivas famílias, que autorizaram a sua participação.

Às Supervisoras da oficina, D. Amélia Abrantes e D. Ana Maria, pela


simpatia com que me apoiaram.

Ao Professor Doutor James Rimmer e ao Professor Doutor Pauli Rintala


que me ajudaram na selecção da bateria de testes para avaliar a
condição física.

Ao Professor Doutor Frank Seagraves pela simpatia que teve em me


enviar a sua tese de doutoramento.

Ao Rui, à Cristina, à Laurentina e à Maneia.

A todos os amigos que se interessaram pelo meu trabalho.

v
Indice geral

1 INTRODUÇÃO 3

2 REVISÃO DA LITERATURA 11

2.1 DEFICIÊNCIA MENTAL, CONDIÇÃO FÍSICA E CAPACIDADE PRODUTIVA 11

2.1.1 Deficiência mental 11


2.1.2 A importância do trabalho 15
2.1.3 As oportunidades de emprego 19
2.1.3.1 Emprego protegido 22
2.1.3.2 Formação profissional 25
2.1.3.3 Incentivos à colocação em mercado aberto de trabalho 27
2.1.4 Condição física, saúde e produtividade 30
2.1.4.1 Condição física e saúde 32
2.1.4.2 Saúde e produtividade 34
2.1.4.3 Condição física e produtividade 37
2.1.5 Programas de treino: planificação e implementação 46
2.1.5.1 Estrutura do programa de treino e intensidade de esforço 46
2.1.5.2 Estratégias para mantero esforço físico 57
2.2 METODOLOGIA DE OBSERVAÇÃO E INSTRUMENTOS 63

2.2.1 Avaliação da condição física 63


2.2.2 Observação da produção e do tempo de trabalho 69
2.2.2.1 Observação da produção 70
2.2.2.2 Observação do tempo de trabalho 73

3 OBJECTIVOS E HIPÓTESES 77

4 MATERIAL E MÉTODOS 81

4.1 PROTOCOLO EXPERIMENTAL 81

4.1.1 Programa de treino: duração das sessões e intensidade do esforço 82


4.1.2 Organização, estrutura e desenvolvimento das sessões do programa de
treino 83
4.2 AMOSTRA 89

4.2.1 Caracterização da amostra 89


4.2.2 Constituição dos grupos 92
4.3 PROCEDIMENTOS DE RECOLHA DE DADOS 95

4.3.1 Condição física 95


4.3.1.1 Determinação dos instrumentos de avaliação da condição física 95

VII
96
4.3.1.2 Estudo prévio
4.3.1.3 Avaliação da Condição Física "
101
4.3.2 Produção
101
4.3.2.1 Descrição da tarefa avaliada
103
4.3.2.2 Quantificação do trabalho produzido
105
4.3.3 A utilização do tempo de trabalho
105
4.3.3.1 Categorias de observação
106
4.3.3.2 Segmentação da observação
106
4.3.3.3 Equipamento utilizado
107
4.3.3.4 Procedimentos de observação e registo
1 0 9
4.4 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS

113
5 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
1 1 3
5.1 AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA

5.1.1 Participação no programa de treino e relação com os ganhos nas variáveis


113
da condição física
114
5.1.2 Pré-teste da avaliação da condição física
5.1.3 Pós-teste da avaliação da condição física H6
5.1.4 Comparação dos resultados da avaliação da condição física do Pré-teste e
117
do Pós-teste
1 2 3
5.2 AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO

5.2.1 Notas sobre a realização do pré-teste e do pós-teste 123


124
5.2.2 Resultados obtidos no pré-teste
5.2.2.1 Produção do grupo experimental e do grupo de controlo no pré-teste 125
5.2.2.2 Produção individual e tempo de latência no pré-teste 128
131
5.2.3 Resultados obtidos no pós-teste
5.2.3.1 Produção do grupo experimental e do grupo de controlo no pós-teste 131
5.2.3.2 Produção individual e tempo de latência no pós-teste 136
5.2.4 Comparação dos resultados da avaliação da produção no pré-teste e no
141
pós-teste '
5.2.4.1 Comparação dos resultados da produção dos grupos 141
5.2.4.2 Comparação da produção individual e do tempo de latência 148
153
5.3 A UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE TRABALHO
5.3.1 A utilização do tempo de trabalho no pré-teste 153
5.3.2 A utilização do tempo de trabalho no pós-teste 154
5.3.3 Comparação da evolução da utilização do tempo de trabalho do pré-teste e
156
do pós-teste

VIM
5.3A Correlação entre o tempo em tarefa e o número de conjuntos montados157

6 DiSCUSSÃO DOS RESULTADOS 161

6.1 CONDIÇÃO FÍSICA 162

6.2 PRODUÇÃO 172

6.3 UTILIZAÇÃO DO TEMPO DE TRABALHO 177

6.4 PRODUTIVIDADE 179

7 CONCLUSÕES 185

8 BIBLIOGRAFIA 193

8.1 OUTRAS REFERÊNCIAS 200

9 ANEXOS I

ANEXO I AUTORIZAÇÕES E QUESTÕES ÉTICAS Ill

ANEXO II COMUNICAÇÃO PESSOAL DO INVESTIGADOR JAMES RIMMER V

ANEXO III COMUNICAÇÃO PESSOAL DO INVESTIGADOR PAULI RINTALA VII

ANEXO IV FUNCTIONAL FITNESS TEST (RILKI E JONES, 2001) XI

ANEXO V EUROFIT PARA ADULTOS (CONSELHO DA EUROPA, 1995) XIX


ANEXO VI ROCKPORT FITNESS WALKING TEST ( R F W T ) XXXI
ANEXO VII PLANTAS DA OFICINA XXXIII
ANEXO VIII ESTUDO PRÉVIO XXXV
ANEXO IX PRÉ-TESTE - AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA XXXVII
ANEXO X PÓS-TESTE - AVALIAÇÃO DA CONDIÇÃO FÍSICA XXXIX
ANEXO XI ÍNDICE DE MASSA CORPORAL XLI

ANEXO XII TESTES DE NORMALIDADE PARA AS VARIÁVEIS DA CONDIÇÃO FÍSICA ....XLIII


ANEXO XIII AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DOS GRUPOS NO PRÉ-TESTE XLV
ANEXO XIV AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DOS GRUPOS NO PÓS-TESTE XLVII
ANEXO XV CONTAGENS DE PRODUÇÃO POR PERÍODO DE TRABALHO XLIX
ANEXO XVI DETERMINAÇÃO DA CONSTÂNCIA DA PRODUÇÃO INDIVIDUAL E DOS TEMPOS

DE LATÊNCIA LI

ANEXO XVII TEMPO E NÚMERO MÉDIO DE SITUAÇÕES EM TAREFA E DISTRACÇÃO (PRÉ-

TESTE E PÓS-TESTE) Llll


ANEXO XVIII ESTUDO DA CORRELAÇÃO ENTRE A PRODUÇÃO NO PÓS-TESTE E A

CONDIÇÃO FÍSICA LV

IX
Quadro 16 - Quadro resumo de presenças e faltas às sessões do programa de
treino 113

Quadro 17 - Resultados do pré-teste, por grupo 116

Quadro 18- Resultados do pós-teste, por grupo 117

Quadro 19-T-test para amostras independentes, no pré-teste 118

Quadro 20 - T-test para amostras independentes, no pós-teste 118

Quadro 21 - T-test de amostras independentes, para ganhos/perdas (pré/pós-


teste) 119

Quadro 22 - T-teste de medidas repetidas, para o grupo experimental 120

Quadro 23 - T-teste de medidas repetidas, para o grupo de controlo 120

Quadro 24 - Quadro resumo dos ganhos médios e das percentagens por variável
da condição física e por grupo 121

Quadro 25 - Produção dos grupos no pré-teste (T-Teste de amostras


independentes) 127

Quadro 26 - N° de peças montadas e tempo de latência (pré-teste) 129

Quadro 27 - Produção dos grupos no pós-teste (T-Teste de amostras


independentes) 135

Quadro 28 - Cálculo da percentagem média de produção individual do grupo


experimental nos 3 primeiros dias (pós-teste) 138

Quadro 29 - Estimativa da produção do grupo experimental no último dia (pós-


teste) 138

Quadro 30 - N° de peças montadas e tempo de latência (pós-teste) 139

Quadro 31 - T-Teste de medidas repetidas (produção dos grupos) 147

Quadro 32 - T-Teste de amostras independentes (produção dos grupos) 147

Quadro 33 - T-Teste de amostras independentes (comparação do tempo de


latência) 149

Quadro 34 - T-Teste de medidas repetidas (comparação da produção individual).... 151

Quadro 35 - T-Teste de amostras independentes (comparação da produção


individual) 152

XII
indice de quadros e de figuras

Quadros

Quadro 1 - Quadro resumo dos trabalhos encontrados na literatura sobre a relação


entre a produção e a condição física dos D.M 5

Quadro 2 - Áreas a avaliar para a determinação das necessidades das pessoas


com D. M. (Adaptado de AAMR, 2002 pp.4-5) 14

Quadro 3 - Componentes e factores da relação Condição Física / Saúde (Adaptado


de Bouchard e Shephard, 1994) 33

Quadro 4 - Possíveis efeitos da promoção da saúde (Adaptado de Riedel et ai.,


2001 p.168) 35

Quadro 5 - Percentagem do ganho da capacidade produtiva (Adaptado de Zetts et


ai., 1995 p.172) 42

Quadro 6 - Resultados da condição física obtidos por Montegomery et ai.


(Adaptado de Montgomery et ai., 1988 - pp. 75-76) 51

Quadro 7 - Percentagem do ganho da força máxima obtida por Zetts et ai.


(Adaptado de Zetts et ai., 1995 p.175) 53

Quadro 8 - Testes de avaliação das variáveis da condição física, aplicados em

estudos com adultos deficientes mentais 66

Quadro 9 - Tempo de duração das sessões do treino 83

Quadro 10 - Indivíduos excluídos do programa 89

Quadro 11 - Constituição dos grupos: sexo, número e idade 90

Quadro 12- Situação clínica da amostra 91

Quadro 13-Avaliação da produtividade (Dez. 2001) 92

Quadro 14 - População de referência da bateria EUROFIT para Adultos 96

Quadro 15 - Provas a aplicar no estudo prévio 97

XI
Quadro 36 - Utilização do tempo de trabalho no pré-teste 153

Quadro 3 7 - Número de situações observadas no pré-teste 154

Quadro 38 - T-teste de amostras independestes para a utilização do tempo de

trabalho (pré-teste) 154

Quadro 39 - Utilização do tempo de trabalho no pós-teste 155

Quadro 40 - Número de situações observadas no pós-teste 155

Quadro 41 - T-teste de amostras independestes para a utilização do tempo de


trabalho (pós-teste) 155

Quadro 42 - T-teste de medidas repetidas, relativo à evolução da utilização do


tempo de trabalho 156

Quadro 43 - Correlação entre o tempo em tarefa e montagem de conjuntos (por


operário) 157

Quadro 44 - Correlação entre o tempo em tarefa e montagem de conjuntos (por


grupo) 158

Quadro 45- Teste Shapiro-Wilk (determinação da normalidade das variáveis da


condição física no pré-teste e no pós teste para o grupo experimental
e para o grupo de controlo XLIII

Quadro 46 - Correlação entre o ganho da produção e ganho das componentes da


condição física LV

Quadro 47 - Correlação entre o a produção e as variáveis da condição física no


pós-teste LV

Quadro 48 - Teste Shapiro-Wilk - determinação da normalidade dos valores


relativos ao ganho de produção e ganho das componentes da
condição física LVI

Quadro 49 - Teste Shapiro-Wilk - determinação da normalidade dos valores


relativos à produção e às variáveis da condição física no pós-teste LVI

XIII
Figuras

Figura 1 - Média do tempo gasto nas diferentes aplicações da prova RFWT, no

estudo de Cluphf et ai. (adaptado de Cluphf et ai., 2001 p.66) 54

Figura 2 - Volume total de trabalho, por dia e por grupo (pré-teste) 125

Figura 3 - Média de molas colocadas por operário num minuto, nos dias da semana
(pré-teste) 126

Figura 4 - Produção média por operário por minuto nos 4 períodos de trabalho (pré-
teste) 127

Figura 5 - Quantidade de molas colocadas no quarto período de trabalho (pré-


teste) 127

Figura 6 - Produção individual do grupo experimental (pré-teste) 128

Figura 7 - Produção individual do grupo de controlo (pré-teste) 129

Figura 8 - Tempo de latência relativo à montagem de conjuntos de 4 molas (pré-


teste) 130

Figura 9 - Constância do tempo de latência, relativa à montagem de conjuntos de 4

molas (pré-teste) 131

Figura 10 - Volume total de trabalho, por dia e por grupo (pós-teste) 132

Figura 11 - Média das molas colocadas por operário num minuto, nos dias da
semana (pós-teste) 133

Figura 12 - Produção média por operário por minuto nos 4 períodos de trabalho
(pós-teste) 134

Figura 13 - Quantidade de molas colocadas no quarto período de trabalho (pós-


teste) 135

Figura 14 - Produção individual do grupo experimental (pós-teste) 136

Figura 15 - Produção individual do grupo de controlo (pós-teste) 137

Figura 16 - Tempo de latência relativo à montagem de conjuntos de 4 molas (pós-


teste) 140

XIV
Figura 17 - Constância do tempo de latência, relativa à montagem de conjuntos de
4 molas (pós-teste) 140

Figura 18 - Provável impacto provocado pela ausência da operária n°1 141

Figura 19 - Volume total de trabalho, por dia e por grupo (pré-teste e pós-teste) 143

Figura 20 - Correcção do volume total de trabalho, pela ausência da operária n°1


(pré-teste e pós-teste) 144

Figura 21 - Média de molas colocadas por operário num minuto (pré-teste e pós-
teste) 144

Figura 22 - Produção média por operário em cada período (pré-teste e pós-teste)... 145

Figura 23 - Quantidade de molas colocadas no quarto período de trabalho (pré-


teste e pós-teste) 146

Figura 24 - Produção individual do grupo experimental (pré-teste e pós-teste) 148

Figura 25 - Produção individual do grupo de controlo (pré-teste e pós-teste) 148

Figura 26 - Tempo de latência dos participantes (pré-teste e pós-teste) 149

Figura 27 - Constância do tempo de latência, relativa à montagem de conjuntos de


4 molas (pré-teste e pós-teste) 150

Figura 28 - Situações para o desenvolvimento da abdução do ombro 166

XV
Resumo
O tipo de trabalho normalmente disponível para as pessoas deficientes
mentais, exige mais esforço físico do que capacidades cognitivas, e de um
modo geral, os referidos indivíduos apresentam níveis de condição física mais
baixos do que os seus pares não deficientes, revelando uma capacidade
funcional mais reduzida. Deste modo, e tendo em conta que a força e a
resistência muscular podem condicionar a capacidade de produção, ajudar os
deficientes mentais a desenvolver o seu potencial físico pode contribuir, de
forma acentuada, não só para uma maior facilidade de realização das tarefas
do quotidiano, como também para os tornar mais produtivos, facilitando a
obtenção e a manutenção de um emprego, quer em regime de emprego
protegido, quer no mercado aberto de trabalho, com consequente melhoria da
sua qualidade de vida.
O objectivo do estudo é investigar a influência de um programa de treino
orientado para o desenvolvimento da condição física, na capacidade de
produção de pessoas deficientes mentais.
Trata-se de um estudo de natureza experimental, desenvolvido em três fases:
primeira fase (pré-teste) - avaliação da condição física, da produção e da
utilização do tempo de trabalho (tarefa, distracção, interacção e ausência);
segunda fase - aplicação de um programa de treino durante 14 semanas (3
sessões semanais, com duração entre 35 e 60 minutos), orientado para o
desenvolvimento da resistência aeróbia, desenvolvimento da força e da
flexibilidade; terceira fase (pós-teste) - utilização dos mesmos instrumentos e
metodologia do pré-teste.
A amostra (n=18 e idade=40,6±4,71) foi dividida aleatoriamente por dois
grupos: grupo experimental, que foi submetido ao programa de treino acima
referido; grupo de controlo que continuou a laborar na oficina.
A condição física foi avaliada através da prova Rockport Fitness Walking Test
(Kunde e Rimmer, 2000; McCubbin et al., 1997) e de provas da bateria de
testes EUROFIT para Adultos (Conselho da Europa, 1995). A produção foi
avaliada em tempo real (medida de grupo) e através de imagens vídeo (medida
individual), as quais serviram também para avaliar o tempo de trabalho.
Feita a análise dos resultados verificou-se que: houve ganhos significativos nas
componentes da condição física para o grupo experimental; o grupo
experimentai aumentou a produção em 6.49% (sobre o grupo de controlo); o
grupo experimental diminuiu o número de distracções (5.55%), enquanto o
grupo de controlo o aumentou (13.89%).
O estudo permitiu-nos concluir que o programa de treino melhorou a condição
física do grupo experimental e terá contribuído para a diminuição das
distracções. Relativamente ao aumento da produção, o nosso estudo é
inconclusivo.

PALAVRAS CHAVE: DEFICIÊNCIA MENTAL; PROGRAMAS DE TREINO; CONDIÇÃO


FÍSICA: PRODUTIVIDADE; TEMPO EM TAREFA

XVII
Abstract
The jobs usually available to people with mental retardation require more a
physical effort than cognitive capacities. Generally those people present worse
physical condition and inferior functional capacity than people without mental
retardation. Considering that muscular force and resistance can influence the
production capacity, helping people with mental retardation to develop their
physical potential certainly is a way of contributing not only to make their life
easier but also to increase their production, allowing the attainment and
maintenance of employment either in competitive or protected conditions, with a
consequent improvement of their quality of life.
The objective of the study is to investigate the influence of a training program
designed to develop physical condition on the production capacity of people
with mental retardation.
The experiment proceeds in three stages: first one (pre-test) - evaluation of: the
physical condition, the production achievement, and the use of working time
(time on task, distraction, social interaction, and being elsewhere); second one -
application of a 14 weeks training program (3 sessions a week, each one lasting
35 to 60 minutes), to develop aerobic resistance, force and flexibility; third one
(pos-test) - application of the same instruments and procedures employed on
the first stage.
The sample (n=18 and age = 40.6±4.71) has been divided, in a random way, in
two groups: the experimental one, submitted to the referred training program,
and the control group, which went on working in the office.
The physical condition was evaluated by the Rockport Fitness Walking Test
(Kunde & Rimmer, 2000; McCubbin et al., 1997) and by EUROFIT tests to
adults (Conselho da Europa, 1995). The production achievement was quantified
by direct observation (group measure) and by video records (individual
measure). The use of working time was also assessed by video observation.
Results showed significant gains concerning the physical condition of the
experimental group, with a production increase of 6.49% in relation to the
control one. In the experimental group the frequency of distractions has
diminished of 5.55% while it has increased of 13,89% in the control group.
The study allowed concluding that the training program improved the physical
condition of the experimental group and contributed to the diminution of the
distraction frequency. However it was not conclusive about its impact on
productivity.

KEY WORDS: MENTAL RETARDATION; TRAINING PROGRAMS; PHYSICAL


CONDITION; PRODUCTIVITY; WORKING TIME

XIX
Résumée
Le gendre de travail normalement disponible pour les handicapés mentaux
exige un effort plutôt physique que cognitif et, de façon générale, ces individus
présentent des niveaux de condition physique inférieurs à ceux de leurs
partenaires non handicapés, ayant une capacité fonctionnelle plus réduite que
ceux-ci. De cette façon, et considérant que la force et la résistance musculaires
peuvent conditionner la capacité de production, aider les handicapés mentaux à
développer leur potentiel physique peut vraiment contribuer, non seulement à
une plus grande facilité dans la réalisation de leurs tâches du quotidien, mais
aussi à augmenter leur productivité et à obtenir et garder un lieu de travail, soit
en régime d'emploi protégé soit dans le marché ouvert de travail, avec une
conséquente amélioration de leur qualité de vie.
L'objectif de l'étude est celui de chercher l'influence, dans la capacité de
production de personnes handicapées mentales, d'un programme
d'entraînement orienté vers le développement de leur condition physique.
Il s'agit d'un étude de nature expérimentale, développé selon les trois phases
suivantes: première phase (pré-test) - évaluation de la condition physique, de
la production et de l'utilisation du temps de travail (tâche, distraction, interaction
et absence); deuxième phase - application d'un programme d'entraînement
pendant 14 semaines (3 sessions par semaine, avec la durée de 35 à 60
minutes), orienté vers le développement de la résistance aérobic,
développement de la force et de la flexibilité; troisième phase (pós-test) -
utilisation des mêmes instruments et de la méthodologie du pré-test.
L'échantillon (n=18 et âge = 40,6+4,71) a été divisé, de façon aléatoire, en
deux groupes: le groupe expérimental, qui a été soumis au programme
d'entraînement référé, et le groupe de control, qui a poursuivi son travail à
l'atelier.
La condition physique a été évaluée travers l'épreuve Rockport Fitness Walking
Test (Kunde e Rimmer, 2000; McCubbin et a/., 1997) et des épreuves de
l'ensemble de tests EUROFIT pour adultes (Conselho da Europa, 1995). La
production a été quantifiée en temps réel (mesure de groupe) et travers des
images vidéo (mesure individuelle), celles-ci ayant aussi servi à l'évaluation du
temps de travail effectif.
L'analyse des résultats a montré de signifiants profits, en ce qui concerne les
components de la condition physique, pour le groupe expérimental, avec un
incrément de production de 4,49% par rapport au groupe de control. Dans le
groupe expérimental, la fréquence de distractions a diminué en 5,55%, tandis
que dans le groupe de control elle a augmenté en 13,89%.
L'étude a permis de conclure que le programme d'entraînement a amélioré la
condition physique du groupe expérimental, ayant contribué pour la diminution

xxi
de la fréquence des distractions. Par rapport à la productivité cette étude n'a
pas permis d'en tirer des conclusions.

MOTS-CLÉ: HANDICAP MENTAL; PROGRAMMES D'ENTRAÎNEMENT;


CONDITION PHYSIQUE; PRODUCTIVITÉ; TEMPS DE TRAVAIL.

XXII
Abreviaturas

AAHPERD American Alliance for Health, Physical Education, Recreation

and Dance

AAMR American Association on Mental Retardation

Art Artigo

CEFPI Centro de Educação e Formação Profissional Integrada

CEP Centro de emprego protegido

Desv. Padrão Desvio Padrão

D.M Deficiência mental

DV Digital Video

GB Gigabytes (1.000.000 de bytes)

Kbits Mil bits por segundo (quantidade de informação transmitida)

MAD Mediana dos desvios absolutos em relação à mediana

MB Ram Megabytes (1.000 bytes) de memória virtual

MHR Número máximo de batimentos cardíacos

MHZ Megahertz

OMS Organização Mundial de Saúde

Q| Quociente de inteligência

RFWT Rockport Fitness Walking Test

RHR Número de batimentos cardíacos em repouso

RPM Rotações por minuto

THR Número de batimentos cardíacos em esforço

VO2MAX Consumo máximo de oxigénio

XXIII
INTRODUÇÃO
Introdução

1 Introdução
A Inclusão de alunos com necessidades educativas especiais no ensino
regular, a criação de Centros de Formação Profissional e a colocação no
regime de emprego protegido e no mercado aberto de trabalho são as últimas
etapas do longo processo que levou ao reconhecimento das mais elementares
necessidades e dos mais elementares direitos dos cidadãos com necessidades
especiais.

O trabalho assume um papel fundamental na organização social e na vida das


populações. O trabalho "ajuda a definir quem somos, promove o encontro entre
pessoas, estrutura o nosso tempo, ocupa-nos mental e fisicamente"
(McConkey, 1998 p. 58), promove o bem-estar psicológico (Griffin et ai., 1996) e
é um factor importante para a independência e a integração na comunidade
(Moore et ai., 2002; Kierman, 2000).

Numa Sociedade que se organiza em torno do trabalho, a falta de trabalho, ou


a incapacidade para o desenvolver tem implicações na qualidade de vida das
pessoas. As dificuldades sentidas pela população em geral na obtenção e na
manutenção do emprego agravam-se quando se trata de pessoas com
deficiência, e sobretudo de pessoas com deficiência mental, que, associado a
uma capacidade produtiva normalmente inferior, apresentam dificuldades ao
nível dos comportamentos adaptativos, principalmente ao nível das relações
interpessoais.

Uma vez verificada a grande dificuldade das pessoas com deficiência em


obterem e/ou manterem o emprego, é instituído o regime de emprego
protegido, o qual "...visa assegurar a valorização pessoal e profissional das
pessoas deficientes, facilitando a sua passagem, quando possível, para um
emprego não protegido" (Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro, Art. 1o). A
formação profissional para as pessoas com deficiência, criada pelo Decreto-Lei
n° 247/89 e regulamentada pelo Decreto-Lei 405/91, vem contribuir para a
integração e realização socioprofissional dos indivíduos, a adequação entre o

3
Introdução

trabalhador e o posto de trabalho, a promoção de igualdade de oportunidades e


a redução da exclusão social.

O tipo de trabalho que normalmente está disponível para as pessoas


deficientes, e em particular para as que são deficientes mentais, inclui tarefas
manuais (Parker, 2001; Croce e Horvat, 1992) que exigem algum esforço físico
(serviços de armazém, limpezas, jardinagem, agricultura, carpintaria e outros) e
tarefas repetitivas (montagens de pequenos componentes). Uma vez que este
tipo de trabalho exige mais esforço físico do que capacidades cognitivas, o
aumento da condição física pode dar um contributo importante para a
manutenção do emprego (Croce e Horvat, 1992), quer no mercado aberto de
trabalho, quer em regime de emprego protegido (em que o indivíduo tem de ter
uma capacidade média de trabalho não inferior a um terço da capacidade
normal exigida a um trabalhador não deficiente no mesmo posto de trabalho).

Tem sido verificado que os deficientes mentais apresentam níveis de condição


física mais baixos do que os seus pares não deficientes (Fernall, 1997; Zetts et
ai., 1995; Croce e Horvat, 1992; Rimmer, 1992) e que apresentam também
uma capacidade funcional mais reduzida (Seagraves, 2002), no entanto eles
respondem ao treino de forma similar aos indivíduos sem deficiência (Croce e
Horvat, 1992). O baixo nível de condição física da população deficiente mental
pode ser uma das barreiras à obtenção do sucesso no local de trabalho, uma
vez que a força e resistência muscular têm sido relacionadas com a
capacidade de produção (Gamble et ai., 1993; Croce e Horvat, 1992; Halfon et
ai., 1990). Ajudar estas pessoas a desenvolver o seu potencial (Parker, 2001;
Zetts et ai., 1995) pode contribuir, não só para uma maior facilidade na
realização das tarefas do dia-a-dia, mas também para tornar os indivíduos mais
produtivos no trabalho (Parker, 2001) e para facilitar a obtenção e manutenção
do emprego, com vista a melhoria da sua qualidade de vida.

=Í> Trabalhos produzidos na área da produção e da condição física

A relação entre os programas de treino que visam o desenvolvimento da força,


da resistência aeróbia e da flexibilidade, e o aumento da capacidade de

4
Introdução

produção de adultos deficientes mentais em situação real de trabalho não é


bem conhecida. A propósito da capacidade de produção dos D.M.,
encontramos na literatura cinco trabalhos que resumimos no Quadro 1.

Os autores que analisaram a produção em situação simulada de trabalho


encontraram ganhos, quer ao nível do desenvolvimento da condição física,
quer ao nível do desenvolvimento da produção. O mesmo já não aconteceu
nos casos em que foi analisada a produção em situação real de trabalho:
enquanto Beasley (1982) e Seagraves (2002) obtiveram resultados positivos,
Parker (2001) não conseguiu chegar a nenhuma conclusão, devido à
inadequação dos instrumentos aplicados.

Quadro 1 - Quadro resumo dos trabalhos encontrados na literatura sobre a relação entre
a produção e a condição física dos D.M.

Estudou o
Estudou a produção em
desenvolvimento da
Autor
Resistência Situação real Situação
Força
aeróbia da trabalho simulada
Beasley (1982) a) Sim Sim
CroveeHorvat(1992) Sim Sim Sim
Zetts(1995) Sim Sim
Parker (2001 ) Sim Sim Sim
Seagraves (2002) Sim Sim Sim

a) Autor citado por Seagraves (2002), por Parker (2001), por Zetts (1995) e por Crove e
Horvat(1992)

A partir da revisão da literatura, somos levados a crer que não terá ainda sido
estudada a relação entre programas de treino orientados para o
desenvolvimento da condição física (que não privilegiem uma ou outra
componente da condição física) e a produção em situação real de trabalho
nem a relação entre tipo de programas de treino e a utilização do tempo de
trabalho. Por tais motivos julgamos que o nosso estudo poderá dar um
contributo importante para a compreensão destas relações e abrir uma nova
linha de investigação, que a nosso ver é importante, não só para o estudo de

-
5
Introdução

indivíduos com deficiência mental (adultos ou jovens), como também, para o


estudo de indivíduos com necessidade educativas especiais, em situação de
transição da Escola para o mercado de trabalho.

=> Objectivo do trabalho:

Objectivo deste trabalho consiste em estudar a influência de um programa de


treino orientado para o desenvolvimento da condição física na produtividade
de pessoas deficientes mentais. Para o efeito foram constituídos dois grupos
de forma aleatória (experimental e controlo) e foram recolhidos dados
relativos:

• à produção dos grupos (contagem em tempo real): número de peças


produzidas em 4 dias de trabalho;

• à produção individual (contagem feita através de imagens vídeo - 3


blocos diários de 20 minutos, recolhidos nos 4 dias em que foi feita a
observação em tempo real): número de peças produzidas por cada
indivíduo e tempo utilizado;

• à utilização do tempo de trabalho (observada através das imagens


vídeo): tempo utilizado em tarefa, em distracção, em interacção com as
Supervisoras e ausente da linha de montagem; número de situações
em tarefa, em distracção, em interacção com as Supervisoras e
ausente da linha de montagem;

• à condição física (equilíbrio, flexibilidade, força e resistência aeróbia).

=> Estrutura do trabalho salientando, nomeadamente, as intenções que


levaram à inclusão de cada parte ou capítulo e a justificação do
ordenamento lógico das partes:

O trabalho segue as linhas orientadoras para a apresentação de dissertações


de Mestrado.

6
Introdução

Na revisão da literatura, que segue a esta introdução, começamos por fazer


referência à deficiência mental, onde é apresentada a última definição
aprovada pela American Association on Mental Retardation (2002) e
comparada com a definição anterior (1992).

Após a referência à deficiência mental, relevamos o papel que o trabalho


assume na organização social e na vida das populações e a sua importância
para os indivíduos com deficiência mental. Uma vez explicado o valor do
trabalho para o tipo de pessoas em que a nossa amostra se insere,
apresentamos a legislação que rege o trabalho e a formação profissional das
pessoas com deficiência. Neste capítulo procuramos resumir o que nos
pareceu mais importante e que pode ajudar a perceber o enquadramento legal
que se relaciona com a população deficiente e o direito ao trabalho.

Segue-se um ponto em que procuramos relacionar a condição física, a saúde e


a produtividade. A referência à condição física e à produtividade estão
perfeitamente justificadas pelo próprio título do estudo. Quanto à saúde, ela é
abordada por dois motivos: primeiro, a literatura tem vindo a relacionar a saúde
com a capacidade de produção dos indivíduos não deficientes; segundo, a
população em que a nossa amostra se integra não pode ser considerada uma
população saudável, à luz do que é definido pela Organização Mundial de
Saúde (1989) e de acordo o Secretariado Nacional para a Reabilitação e
Integração das Pessoas com Deficiência (1999). Neste capítulo é analisada a
relação entre a condição física e a saúde, entre a saúde e a produtividade e
entre a condição física e a produtividade, e são apresentados estudos
realizados com indivíduos deficientes mentais referindo-os a estudos sobre
indivíduos não deficientes.

Os dois últimos pontos da revisão da literatura dizem respeito à planificação e


implementação dos programas de treino e à metodologia de investigação e
instrumentos. No primeiro destes dois pontos são apresentadas algumas
recomendações para o trabalho com D.M., descritos os programas de treino
utilizados em estudos com esta população, e são referidas estratégias que têm
por objectivo incentivar os indivíduos a manter o esforço físico, quer em

7
Introdução

programas de treino, quer em provas de avaliação da condição física. No ponto


seguinte, que fecha a revisão da literatura, abordamos a avaliação da condição
física, a avaliação da produção e a avaliação do tempo de trabalho. No caso da
avaliação da condição física: fazemos um levantamento das baterias validadas
para os D.M. e concluímos que não existe nenhuma bateria validada para os
indivíduos adultos, com excepção da avaliação da resistência aeróbia;
apresentamos as provas utilizadas nos estudos descritos em 2.1.5.1 Estrutura
do programa de treino e intensidade de esforço; referimos a importância da
familiarização com os testes e a importância da validade e da fiabilidade dos
mesmos. A propósito da avaliação da produção e da avaliação do tempo de
trabalho, referimo-nos à observação em tempo real e à observação através das
imagens vídeo, e à necessidade de verificar a fiabilidade intra e inter-
observadores. De seguida descrevemos a metodologia de observação utilizada
pelos investigadores Seagraves (2002), Parker (2001), Zetts et ai., (1995) e
Croce e Horvat (1992), e concluímos o ponto com a referência à vantagem de
utilizar as gravações vídeo para fazer a observação relativa ao tempo de
trabalho.

Após a revisão da literatura são apresentados os objectivos e as hipóteses, é


feita a descrição do material e métodos, são apresentados os resultados, é
feita a discussão dos resultados e são apresentadas as conclusões e
sugestões para trabalhos futuros.

8
REVISÃO DA LITERATURA
Revisão da literatura

2 Revisão da literatura

2.1 Deficiência Mental, Condição Física e Capacidade


Produtiva

2.1.1 Deficiência mental


Os estudos realizados nas últimas décadas, nas diferentes áreas do
conhecimento em que a Deficiência Mental (D.M.) é estudada, têm contribuído
para a evolução de conceito de D.M. e, consequentemente, para a evolução da
classificação das pessoas com D.M.

=> O conceito actual de deficiência mental

Em 2002, a American Association on Mental Retardation (AAMR) adopta a


décima definição de Deficiência Mental. Esta última definição, uma
actualização da definição de 1992, caracteriza a D.M. como "uma incapacidade
caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e
comportamento adapativo, expresso nas capacidades conceptuais, sociais e
práticas adaptativas, e tem origem antes dos 18 anos de idade" (AAMR, 2002
p.1 ), e aponta cinco assunções para a aplicação da definição:

1. "As limitações do funcionamento têm que ser consideradas no contexto


da comunidade em que o indivíduo se insere (idade, pares e cultura);

2. No processo de avaliação deve ser considerada a diversidade cultural e


linguística, assim como as diferenças ao nível dos factores de
comunicação, sensoriais, motores e comportamentais;

3. No indivíduo coexistem limitações com aspectos fortes;

4. A descrição das limitações têm o propósito de desenvolver o perfil dos


apoios necessários;

11
Revisão da literatura

5. Com apoios personalizados e apropriados, a funcionalidade dos


indivíduos com D.M. pode geralmente melhorar" (p.1)

Os apoios referidos no ponto 5. são definidos pela AAMR (2002) como


recursos e estratégias individuais necessários para promover o
desenvolvimento, educação, interesses, e bem-estar pessoal do deficiente
mental, e podem ser prestados por familiares, amigos e técnicos, como
professores, psicólogos ou médicos.

Como a anterior definição, esta nova versão é um modelo funcional que


considera o contexto e o envolvimento em que o indivíduo interage. Um tal
modelo "requer uma análise multidisciplinar e ecológica que reflecte a
interacção do indivíduo com o envolvimento, e os resultados dessa interacção
em relação à independência, relacionamento, contribuições sociais,
participação na escola e comunidade e bem-estar pessoal" (AAMR, 2002 p.2).

Apesar das definições de 1992 e de 2002 porem ênfase nos apoios e na


sociedade, com vista à inclusão e bem-estar da pessoa deficiente mental, elas
distinguem-se na medida em que a actual definição de deficiência mental deixa
de fazer referência ao Ql do indivíduo e ao número mínimo de áreas do
comportamento adaptativo em que tem de apresentar incapacidade, para que
possa ser considerado deficiente mental. Dito de outra forma, as definições de
1992 e de 2002, distinguem-se pelo seguinte:

• enquanto na definição de 1992 a D.M. é apresentada como um


funcionamento intelectual significativamente abaixo da média (o
que corresponde a um Ql igual ou inferior a 70-75), na definição
actual a D.M é descrita como uma incapacidade caracterizada por
significantes limitações no funcionamento intelectual. O valor do
Ql, quando igual ou inferior a 70-75, passa a ser utilizado apenas
como "um aspecto na determinação das pessoas que têm deficiência
mental" (AAMR, 2002 p.3), a par das significantes limitações no
comportamento adaptativo e da evidência de que a deficiência tenha
ocorrido até aos 18 anos de idade;

12
Revisão da literatura

• relativamente ao comportamento adaptativo, na definição de 1992 é


referido que devem existir limitações em duas ou mais áreas do
comportamento adaptativo, e na definição de 2002 consta apenas
que deve haver limitações significativas no comportamento
adaptativo expressas nas capacidades sociais e práticas
adaptativas.

=> Classificação das pessoas com deficiência mental

Com a revisão de 1992, a AAMR abandonou o tipo de classificação


tradicionalmente utilizado, que agrupava os indivíduos de acordo com a sua
capacidade intelectual (ligeiro, moderado, severo e profundo), e passou a
considerar como acabamos de referir, o tipo e a quantidade de apoios
necessários. Isto é, em vez de classificar as pessoas, passou a classificar os
apoios necessários ao desenvolvimento consistente e duradouro dos
comportamentos adaptativos (Vieira e Pereira, 1996). Os níveis de apoio eram
determinados para cada uma das quatro dimensões: "funcionamento intelectual
e capacidades adaptativas, aspectos psicológicos e emocionais, aspectos
físicos, de saúde e etiológicos e aspectos relativos ao envolvimento".(Fernhall,
1997p.221).

Por tal motivo, deixou de fazer sentido distinguir os D.M. segundo o Ql, quer a
nível escolar, quer a nível das instituições vocacionadas para o trabalho com
pessoas deficientes mentais.

Na actual revisão (2002) deixa de ser feita qualquer referência à classificação


dos indivíduos com D.M., sendo salientada:

• a necessidade de avaliar o indivíduo com vista à planificação de


estratégias, serviços e apoios, para a optimização das suas
competências;

• que as necessidades individuais e as circunstâncias possam mudar com


o tempo.

13
Revisão da literatura

Segundo a mesma organização, a avaliação das necessidades das pessoas


com D.M. deve ser feita nas nove áreas que são descritas no Quadro 2.

Quadro 2 - Áreas a avaliar para a determinação das necessidades das pessoas com D. M.
(Adaptado de AAMR, 2002 pp.4-5)

ÁREA ACTIVIDADES (exemplo)

• Promover oportunidades de desenvolvimento


físico que inclua a coordenação fina e global;
Desenvolvimento
• Actividades de desenvolvimento social e
humano
emocional, para desenvolver a confiança,
autonomia e iniciativa.
• Participação nas tomadas de decisão nas
Ensino e educação actividades de treino e educativas;
• Usar a tecnologia na aprendizagem.
• Preparar a alimentação e comer;
Autonomia em casa • Participar em actividades de tempos livres em
casa.

Autonomia na • Usar os meios de transporte;


comunidade • Interagir com os membros da comunidade.
• Interagir com colegas e supervisores;
Emprego
• Realizar as tarefas com rapidez e qualidade.
• Evitar situações de risco relativas à segurança e
Saúde e segurança saúde;
• Manter uma dieta equilibrada.
• Manter um comportamento apropriado em
Comportamento público;
• Controlar a fome e a agressão.
• Fazer e manter amizades;
Relação social • Tomar decisões apropriadas, relativamente a
questões de natureza sexual.
• Proteger-se de situações de exploração;
Auto-protecção
• Gerir o seu dinheiro

Apesar do abandono da classificação com base no Ql, as designações de 1983


(ligeiro, moderado, severo e profundo) continuam a ser utilizadas em trabalhos
de investigação publicados em revistas da especialidade, como é o caso, por
exemplo, de Fernhall, Bo (1997), Donncha et ai. (1999), Frey et ai. (1999),
Hunde e Rimmer (2000), Draheim et al.(2002) e Seagraves (2002).

14
Revisão da literatura

2.1.2 A importância do trabalho

"Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do


trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e
à protecção contra o desemprego.

Quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e


satisfatória, que lhe permita e à sua família uma existência
conforma a dignidade humana, e completada, se possível,
por todos os outros meios de protecção social. "

Declaração Universal dos Direitos do Homem


(Art. 23° -n°1 e n° 3)

0 trabalho assume um papel fundamental na organização social e na vida das


populações. 0 reconhecimento da sua importância é documentado pela grande
quantidade de trabalhos de investigação que podem ser encontrados através
dos motores de pesquisa de bases de dados internacionais, pelos livros
publicados e pelo conjunto de documentos e legislação, de onde destacamos:
a Declaração Universal dos Direitos do Homem; o Pacto Internacional sobre os
Direitos Económicos, Sociais e Culturais; a Constituição da República
Portuguesa e a vasta legislação sobre as leis do trabalho que tem sido
produzida.

O trabalho "ajuda a definir quem somos, promove o encontro entre pessoas,


estrutura o nosso tempo, ocupa-nos mental e fisicamente" (McConkey, 1998 p.
58) e promove o bem-estar psicológico (Griffin et ai., 1996). Segundo Kierman
(2000) "o trabalho é um factor importante para a independência e a integração
na comunidade (...) É um meio de independência económica, identificação
social e um meio que proporciona relacionamentos interpessoais. Na idade
adulta desenvolvemo-nos através da nossa carreira, mantemos um estilo de
vida com base nos nossos vencimentos e desenvolvemos as nossas amizades
através do nosso local de trabalho" (p. 1). Moore et ai. (2002) consideram que

15
Revisão da literatura

para maior parte dos adultos o emprego é um meio através do qual podem
obter independência financeira e é um caminho para a identificação social um
meio de relacionamento interpessoal. Neste sentido, o emprego é um factor
crítico associado à independência e à integração económica. Na opinião de
Wehman e Revell (1996) o "emprego protegido aumenta de forma dramática o
rendimento dos indivíduos com incapacidades" e os indivíduos que mais
parecem beneficiar do emprego protegido são as "pessoas com uma
significativa necessidade de apoio, incluindo pessoas com maiores
incapacidades ao nível cognitivo" (p. 7), tomando-os menos dependentes da
segurança social. Por outro lado, o emprego protegido tem impacto na
economia, pelo pagamento de taxas relativas aos negócios envolvidos.

Kierman (2000) refere que, por volta dos anos 50, não era dada grande
relevância ao conceito de emprego para pessoas com deficiência mental. O
emprego começou por ser visto como uma actividade necessária para a
ocupação do tempo dos D.M. nas instituições de acolhimento, onde "podiam
trabalhar ao seu próprio ritmo produzindo tarefas rotineiras e repetitivas, e onde
eram reembolsados de acordo com a sua capacidade produtiva" (p. 1). O
desenvolvimento e propagação destas oficinas (oficinas protegidas), apesar de
representarem a oportunidade de emprego para os D. M., não proporcionam a
estes trabalhadores a oportunidade de serem economicamente auto-suficientes
e não proporcionam, também, contacto com trabalhadores não deficientes,
uma vez que são lugares em que se verifica segregação.

Apesar de para muitos indivíduos com deficiência mental as oficinas protegidas


serem o sítio ideal para desenvolverem uma actividade profissional, alguns têm
a real possibilidade de passar para uma situação de emprego protegido ou
mesmo para situações de mercado aberto de trabalho, no entanto, segundo
Kierman (2000) "a saída das oficinas protegidas é limitada, em parte, devido à
falta de expectativas por parte dos profissionais relativamente à capacidade de
trabalho das pessoas com deficiência mental poderem trabalhar em situações
reais de trabalho, e também devido à preocupação dos pais relativamente à

16
Revisão da literatura

perda de benefícios sociais e ao isolamento social a que os indivíduos podem


ficar sujeitos no emprego competitivo" (p. 2).

Por volta dos anos 70, começa a perceber-se que poucas pessoas conseguem
passar das oficinas protegidas para situações reais de trabalho. "As técnicas
ensinadas nas oficinas têm pouca relevância para o mercado de trabalho (...), o
transfere das aprendizagens é mínimo" (Kierman, 2000 p. 2), o papel das
oficinas protegidas começa a ser questionado. Surge então o conceito de
emprego protegido, que é baseado no conhecimento de que as pessoas com
deficiência mental conseguem aprender, e no reconhecimento dos benefícios
que emergem de um local de trabalho mais inclusivo. Este novo modelo,
embora desajustado aos deficientes mentais com dificuldades mais severas,
traz "para primeiro plano o reconhecimento de que o emprego é uma opção
realista para as pessoas com deficiência mental" (Kierman, 2000 p. 2) e
proporciona maior satisfação aos indivíduos deficientes, devido ao aumento de
vencimento e tipo de tarefas que passam a desenvolver (Griffin et ai., 1996).

Em Portugal, o papel dado à formação profissional e os incentivos à criação de


postos de trabalho, como o apoio à instalação de empresas multinacionais e o
apoio ao emprego de Jovens, de pessoas deficientes e de desempregados de
longa duração, são também testemunho do grande valor que o trabalho
representa para a nossa sociedade. Segundo Garcia (2000 p. 54), "o trabalho
encontra-se fundamentado ontologicamente (...) o trabalho aparece como o
factor organizativo da nossa vida, obcecando de forma evidente a nossa
existência".

O direito ao trabalho é reconhecido pelo Art. 58 da Constituição da República,


que assenta no Art. 23° da Declaração Universal dos Direitos do Homem e no
Art. 6o do Pacto Internacional sobre os Direitos Económicos, Sociais e Culturais
(Leite e Almeida, 1998).

À luz da Constituição, todos os cidadãos têm os mesmos direitos e deveres


(Art. 12°), têm a mesma dignidade e são iguais perante a lei (n° 1 do Art. 13°) e

17
Revisão da literatura

"ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer


direito ou isento de qualquer dever..." (n° 2 do Art. 13°). O direito ao trabalho é
um direito de todos os cidadãos, "sem distinção de idade, sexo, raça,
cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas ..."
(n° 1 do Art. 59°). Exceptua-se o caso dos menores em idade escolar, a quem o
trabalho está interdito (n° 3 do Art. 69°).

Numa Sociedade que se organiza em torno do trabalho, numa sociedade em


que a retribuição auferida pelo trabalho produzido é necessária para a
estabilidade económica e financeira e para o planeamento da vida, a falta de
trabalho, ou a incapacidade para o desenvolver, tem implicações na vida das
pessoas.

Devido à grande importância do trabalho, as dificuldades sentidas na obtenção


e na manutenção do emprego geram nas pessoas situações de angústia e de
incerteza relativamente ao futuro. As preocupações manifestadas tantas vezes
por pessoas que vêm os seus postos de trabalho ameaçados, ou pior que isso,
vêm as suas empresas fechar ou recebem cartas de despedimento, e as
pessoas se mantêm em situações de emprego precário, são exemplo desta
angústia, deste desespero, desta incerteza. A falta de trabalho, que em muitos
casos implica perda da única fonte de rendimento, traduz-se,
consequentemente, em perda de qualidade de vida.

As dificuldades sentidas pela população em geral na obtenção e na


manutenção do emprego, agravam-se quando se trata de pessoas com
deficiência, e sobretudo de pessoas com deficiência mental, que associado a
uma capacidade produtiva normalmente inferior, apresentam dificuldades ao
nível dos comportamentos adaptativos, principalmente ao nível das relações
interpessoais.

Sendo claro que as pessoas com deficiência, e no caso, com deficiência mental
têm as mesmas necessidades que as pessoas não deficientes, no que diz
respeito à satisfação das necessidades básicas e à plena participação na vida

18
Revisão da literatura

social, o trabalho tem também para estas pessoas o mesmo valor que tem para
o resto da população.

Garcia (2000) refere ter encontrado nas pessoas deficientes uma preocupação
pela falta de trabalho e ter verificado em várias entrevistas que "é evidente que
o trabalho é uma obsessão" (p. 54). No contacto que temos mantido com
pessoas deficientes mentais, quer em formação (jovens e jovens adultos), quer
em situação de emprego protegido, também temos verificado que para esta
população o trabalho se reveste de uma grande importância. É certo que nem
todos os indivíduos com deficiência mental atribuírem ao trabalho o mesmo
valor que a população em geral atribui, mas também é verdade que entre as
pessoas não deficientes mentais há casos de quem não revela interesse pelo
trabalho, e há mesmo quem procure explorar, tanto quanto lhe é possível, a
situação de "ajuda" da Segurança Social.

Independentemente do valor que os indivíduos com deficiência mental atribuam


ao trabalho, a oportunidade de emprego constitui, seguramente, um factor
importante para a fruição da vida e para a inclusão social da pessoa com
deficiência. Neste sentido tem sido publicada legislação que procura encontrar
soluções que facilitem a integração sócio-profissional da pessoa deficiente.
Destacamos a legislação sobre o emprego protegido, a formação profissional e
os aos incentivos à colocação em mercado aberto de trabalho, que é tratada
mais à frente.

2.1.3 As oportunidades de emprego


Em 1969, surge pela primeira vez em Portugal legislação que consagra o
direito das pessoas deficientes a receber apoio do Estado, relativamente à sua
condição de trabalhadores. Na altura, as pessoas deficientes eram designadas
por trabalhadores com capacidade diminuída. Na parte introdutória do
Decreto-Lei 49 408, de 24-11-69, do Ministério das Corporações e Previdência
Social, que faz a revisão do regime jurídico do contrato individual de trabalho, é
referido que se acrescenta "um novo capítulo (o capítulo IX) dedicado aos
trabalhadores com capacidade reduzida. Este novo capítulo limita-se, para já, a

19
Revisão da literatura

consagrar um princípio que não poderá deixar de figurar na moderna legislação


portuguesa, ou seja o dever de cada vez mais se impõe às empresas e ao
Estado de facilitar e fomentar a recuperação profissional e o emprego dos
trabalhadores com capacidade diminuída, qualquer que seja a sua causa"
(Leite e Almeida, 1998 p.75). No Art. 126° deste Decreto-Lei (capítulo IX) é
definido que:

1. "As empresas deverão facilitar o emprego aos trabalhadores com


capacidade de trabalho reduzida, quer esta derive de idade, doença ou
acidente, proporcionando-lhes adequadas condições de trabalho e
salário e promovendo ou auxiliando acções de formação e
aperfeiçoamento profissional apropriadas.

2. O Estado deverá estimular e apoiar, pelos meios que forem tidos por
convenientes, a acção das empresas na realização dos objectivos
definidos no número anterior.

3. Independentemente do disposto nos números anteriores, poderão ser


estabelecidas por portaria de regulamentação do trabalho ou convenção
colectiva, especiais medidas de protecção aos trabalhadores com
capacidade de trabalho reduzida, particularmente pelo que respeita à
sua admissão e condições de prestação da actividade, tendo sempre em
conta os interesses desses trabalhadores e das empresas" (Leite e
Almeida, 1998 p. 102).

Mais tarde, em 1983, tendo por base a Constituição da República que consagra
como "obrigação do Estado a realização de uma política nacional de prevenção
e tratamento, reabilitação e integração social dos deficientes", que lhes
assegure "o exercício efectivo dos direitos reconhecidos e atribuídos aos
cidadãos em geral, nomeadamente o direito ao trabalho" (Leite e Almeida, 1998
p.459), o Governo Português, através do Ministério do Trabalho, publicou o
Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro. Este Decreto-Lei foi revisto em alguns
dos seus aspectos pelo Decreto-Lei 194/85 de 24 de Junho, que "substituiu as
expressões «deficientes(s)» e «trabalhador(s) deficiente(s)» pelas expressões

20
Revisão da literatura

«pessoa(s) deficiente(s)» e «trabalhadores em regime de emprego protegido»


(Leite e Almeida, 1998 p.459), e é regulamentado pelo Decreto Regulamentar
n° 37/85 de 24 de Junho.

O Decreto-Lei n° 401/91, de 16 de Outubro, estabeleceu o enquadramento


legal para a formação profissional inseridas no sistema educativo e no sistema
de mercado de emprego. Tendo em conta as matérias comuns aos dois
sistemas - educativo e emprego - este Decreto-Lei procurou "enquadrar toda a
formação profissional ,,, através de um regime jurídico que lhe imprima a
desejada unidade e eficácia" (Leite e Almeida, 1998 p.502). Por sua vez, o
Decreto-Lei 405/91, de 16 de Outubro, clarificando "o papel do Estado, das
empresas e outras entidades empregadoras ou formadoras" (Leite e Almeida,
1998 p.510), regulamenta o mercado de emprego, no que diz respeito aos
aspectos específicos deste sistema.

Não tendo o Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro, mostrado ser suficiente


para a criação de condições que facilitassem a passagem de pessoas
deficientes para um emprego não protegido, foram criadas medidas
incentivadoras adicionais com vista à colocação de trabalhadores deficientes
no mercado aberto de trabalho. Para tal, foi publicado o Decreto-Lei 299/86, de
19 de Setembro, cujo n° 1 do Art. 1 o viria a ser alterado pelo Decreto-Lei
125/91, de 21 de Março, e foi também publicado o Decreto-Lei n° 247/89, de 5
de Agosto, que define apoios financeiros como incentivo ao emprego de
pessoas deficientes: subsídio de acolhimento personalizado do trabalhador
deficiente e subsídios e prémios às entidades empregadoras que admitam
trabalhadores deficientes.

21
Revisão da literatura

2.1.3.1 Emprego protegido

O Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro, institui o regime de emprego


protegido, definindo-o como "toda a actividade útil e remunerada que, integrada
no conjunto da actividade económica nacional e beneficiando de medidas
especiais de apoio por parte do Estado, visa assegurar a valorização pessoal e
profissional das pessoas deficientes, facilitando a sua passagem, quando
possível, para um emprego não protegido" (Art. 1o).

No Art. 2o, o mesmo Decreto-Lei, define que "o regime de emprego protegido
será aplicável às pessoas deficientes que, não podendo ser abrangidas pela
regulamentação do trabalho das pessoas deficientes em geral, preencham
cumulativamente os seguintes requisitos:

a. Tenham idade para o trabalho nos termos da lei geral;

b. Tenham concluído o adequado processo de reabilitação médica;

c. Estejam registados nos competentes serviços do Ministério do


Trabalho;

d. Manifestem suficiente autonomia nas actividades da vida diária;

e. Revelem capacidade suficiente de interpretação e execução das


normas a que deverão obedecer as tarefas que lhes forem cometidas;

f. Possuam capacidade média de trabalho não inferior a um terço da


capacidade normal exigida a um trabalhador não deficiente no mesmo
posto de trabalho."

Embora o mercado de emprego protegido tenha sido pensado para pessoas


com deficiência, não se destina à totalidade destas pessoas, uma vez que nem
todas as deficiências geram uma incapacidade que tenha reflexos na
produtividade das pessoas. Também relativamente à produtividade, existe um
limite inferior para a aceitação destas pessoas no regime de emprego
protegido. De acordo com a alínea f) do art. 2o, acima descrita, apenas as
pessoas com capacidade de trabalho igual ou superior a um terço da
capacidade normal exigida a um trabalhador não deficiente no mesmo posto de

22
Revisão da literatura

trabalho, podem ser integradas neste mercado. É interessante verificar que


este valor é superior ao definido no Decreto-Lei 247/89, de 5 de Agosto, que ,
no âmbito do programa de apoio ao emprego no mercado normal de trabalho,
considera "25% da capacidade produtiva média para o posto de trabalho ..."
(alínea b) do Art. 28°) como limite mínimo para a atribuição de subsídio de
compensação às entidades empregadoras (Art. 27°).

Também não podem integrar o mercado de emprego protegido as pessoas


que não manifestem autonomia nas actividades da vida diária.

As modalidades de trabalho em regime de emprego protegido podem ser


prestadas, de acordo com o art. 3o do Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro,
"em centros próprios, em meio normal de produção ou no domicílio da pessoa
deficiente". Nos artigos seguintes (Art. 4 o e Art. 11°, respectivamente), o termo
centros próprios passa a ser designado por centro de emprego protegido e
o termo meio normal de produção passa a ser designado por enclave.

Este Decreto-Lei refere-se aos centros de emprego protegido, aos enclaves e


ao trabalho exercido no domicílio, nos seguintes termos:

• o centro de emprego protegido é definido como uma "unidade de


produção, de carácter industrial, artesanal, agrícola, comercial ou de
prestação de serviços, integrada na actividade económica nacional, que
visa assegurar às pessoas deficientes o exercício de uma actividade
remunerada assim como a possibilidade de formação e ou
aperfeiçoamento profissional que permitam, sempre que possível, a sua
transferência para o mercado normal de trabalho" (Art. 4o). Estes
centros "funcionam em moldes empresariais comuns, com as
adaptações exigidas quer pela natureza dos trabalhadores que ocupa ...
", e o número de postos de trabalho "ocupados por trabalhadores não
abrangidos pelo regime de emprego protegido não deverá ultrapassar os
25% do número global dos postos de trabalho do CEP" (Art. 8o, com
redacção do Decreto-Lei 194/85, de 24 de Junho).

23
Revisão da literatura

• o enclave é definido como "um grupo de pessoas deficientes que


executam a sua actividade em conjunto, sob condições especiais, num
meio normal de trabalho" (Art. 11°) e a sua organização está
dependente de regulamento próprio, de acordo o Art. 15o.

• o trabalho exercido no domicílio da pessoa deficiente consiste numa


"actividade útil e remunerada exercida no próprio domicílio das pessoas
deficientes, que, reunindo condições para serem integradas em centros
de emprego protegido ou enclaves, não podem, por razões de ordem
médica, familiar social ou geográfica, deslocar-se do domicílio ou ser
inseridas no trabalho colectivo" trabalho (Art. 17°).

Relativamente ao apoio aos trabalhadores e relativamente à remuneração está


previsto o seguinte:

1. São deveres da entidade patronal, para além dos enunciados na lei


geral: "assegurar os apoios médico, psicológico, social e educativo de
que o trabalhador em regime de emprego protegido careça", assim
como, "colaborar activamente na valorização pessoal e profissional do
trabalhador em regime de emprego protegido, facilitando a sua
passagem para um emprego não protegido" (Leite e Almeida, 1998
p.463).

2. Quanto à remuneração dos trabalhadores em regime de emprego


protegido, o Decreto-Lei n° 194/85, de 24 de Junho alterou
significativamente o inicialmente estipulado pelo Decreto-Lei n° 40/83,
de 25 de Janeiro. No Decreto-Lei de 1983, o salário poderia ir de 90% a
120% do salário mínimo nacional, dependendo da produtividade do
trabalhador. Com a nova redacção fica garantido o salário mínimo do
mesmo sector de actividade, independentemente da capacidade
produtiva da pessoa (Leite e Almeida, 1998).

24
Revisão da literatura

A legislação a que nos temos vindo a referir, e que respeita ao emprego


protegido, tem o mérito de proporcionar uma valorização pessoal e profissional
às pessoas com deficiência, que devido à sua baixa capacidade produtiva (não
inferior a um terço da capacidade produtiva de um trabalhador não deficiente
no mesmo posto de trabalho) não teriam qualquer possibilidade de serem
admitidas ou manterem uma ocupação profissional no mercado normal de
trabalho. Trata-se de uma legislação que veio contribuir, de forma significativa,
para o atenuar do desequilíbrio de oportunidades existentes na Sociedade
Portuguesa.

Ao participarem activamente na actividade económica nacional, tendo como


contrapartida uma remuneração mensal e constante, que lhe garante
autonomia económica, as pessoas deficientes vêem assim concretizados os
desejos que atravessam toda a Sociedade: o de se sentir profissional e
socialmente integrado.

Sendo pretensão do Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro, proporcionar os


meios necessários à "valorização pessoal e profissional das pessoas
deficientes, facilitando, dentro do possível a sua integração no mercado normal
de trabalho" (Leite e Almeida, 1998 p. 466), impõe-se uma prévia avaliação e
orientação profissional. Esta avaliação e orientação profissional, da
competência do Instituto de Emprego e Formação Profissional, é feita por
equipas técnicas multidisciplinares, constituídas, de acordo com o n° 4 do Art.
1 o do Decreto-Regulamentar n° 37/85, de 24 de Junho, por: um técnico de
emprego, um médico, um psicólogo ou conselheiro de orientação profissional e
um assistente social (Leite e Almeida, 1998).

2.1.3.2 Formação profissional


Em 1989 é promulgada a Lei de Bases da Prevenção e Reabilitação e
Integração das Pessoas com Deficiência, através da qual o Estado promove e
garante a equiparação de oportunidades das pessoas deficientes. No Art. 21°,

25
Revisão da literatura

esta Lei refere que a "política de orientação e formação profissional deve


habilitar as pessoas com deficiência à tomada de decisões vocacionais
adequadas e prepará-las para o exercício de uma actividade profissional
segundo modelos diversificados e englobar o maior número de sectores de
actividade económica, tendo em conta as transformações tecnológicas do
sistema de produção".

Neste mesmo ano é publicado o Decreto-Lei n° 247/89, de 5 de Agosto, que


sublinha a importância da orientação e formação profissional das pessoas
deficientes e define o regime de concessão de apoio técnico e financeiro do
Instituto de Emprego e Formação profissional às entidades, que não fazendo
parte da administração central (Art. 2o), promovam a orientação e a formação
profissional e façam a integração sócio-profissional de pessoas deficientes.
Para efeitos de aplicação do diploma, é considerada pessoa deficiente, "todo o
indivíduo que, pelas suas limitações físicas ou mentais, tem dificuldade em
obter ou sustentar um emprego adequado à sua idade, habilitações e
experiência profissional" (Art. 3o). Os apoios relativos à formação profissional
são concedidos às situações que tenham em vista "dotar as pessoas
deficientes de idade não inferior a 16 anos, dos conhecimentos e capacidades
necessários à obtenção de uma qualificação profissional que lhes permita
alcançar e sustentar um emprego e progredir profissionalmente no mercado
normal de trabalho" (Art. 7o).

Em 16 de Outubro de 1991 são publicados o Decreto-Lei 401/91, que


estabelece o quadro legal da formação profissional inserida no sistema
educativo e no mercado de emprego, e o Decreto-Lei 405/91, que regulamenta
esta última formação.

O Decreto-Lei 401/91 define a formação profissional como "o processo global e


permanente através do qual jovens e adultos, a inserir ou inseridos na vida
activa, se preparam para o exercício de uma actividade profissional", e refere
que "consiste na aquisição e no desenvolvimento de competências e atitudes,
cuja síntese e integração possibilitam a adopção dos comportamentos

26
Revisão da literatura

adequados ao desempenho profissional" (Art. 2o). Esta formação pode ser


inicial ou contínua. A formação profissional inicial destina-se a "conferir uma
qualificação profissional certificada, bem como a preparar para a vida adulta e
profissional" e a formação contínua "insere-se na vida profissional do indivíduo,
realiza-se ao longo da mesma e destina-se a propiciar ... a qualidade do
emprego e contribuir para o desenvolvimento cultural, económico e social" (Art.
3o).

As finalidades da formação profissional, inscritas no Art. 4 o do Decreto-Lei


401/91, com redacção do Despacho Normativo n° 86/92, de 5 de Junho, são,
entre outras: a integração e realização socioprofissional dos indivíduos; a
adequação entre o trabalhador e o posto de trabalho; a promoção de igualdade
de oportunidades e a redução da exclusão social; modernização e
desenvolvimento, favorecendo a melhoria da produtividade e competitividade; a
melhoria da capacidade de relacionamento (Leite e Almeida, 1998). Esta
formação deve corresponder às "exigências do exercício das profissões ... e às
aptidões, interesses e necessidades individuais" (Leite e Almeida, 1998 p.504).

Às entidades empregadoras compete, de acordo com as alíneas a) e c) do


Art. 7o do Decreto-Lei n° 405/91, "proporcionar a formação profissional inerente
ao processo de adaptação entre os trabalhadores e os postos de trabalho" e
"promover a valorização permanente dos recursos humanos de forma a obter
níveis de rendimento e produtividade de trabalho tidos por desejáveis ...". Estas
duas alíneas referem-se a dois aspectos que ganham maior importância,
quando se trata de trabalhadores colocados em regime de emprego protegido,
devido à deficiência mental: dificuldades na adaptação a novas situações e
tarefas e menor capacidade de produção.

2.1.3.3 Incentivos à colocação em mercado aberto de trabalho

A publicação do Decreto-Lei n° 40/83, de 25 de Janeiro, que estabelece


"medidas especiais de apoio por parte do Estado, visando assegurar a
valorização pessoal e profissional das pessoas deficientes e facilitar a sua
passagem para um emprego não protegido", não se mostrou uma medida

27
Revisão da literatura

eficaz, pelo que o Estado Português precisou adoptar "algumas medidas


incentivadoras de aceitação dos trabalhadores deficientes por parte das
empresas" (Leite e Almeida, 1998 p.470). Neste sentido, e tendo em conta a
preocupação da Segurança Social em integrar as pessoas deficientes e em
criar novos postos de trabalho são promulgados:

1. O Decreto-Lei 299/86, de 19 de Setembro, que pretende criar


incentivos ao emprego de trabalhadores deficientes, através da
redução da taxa contributiva à segurança social.

2. O Decreto-Lei 247/89, de 5 de Agosto, que cria incentivos à


integração sócio-profissional de pessoas deficientes, através da sua
colocação no mercado aberto de trabalho.

O Art. 1 o do Decreto-Lei 299/86, de 19 de Setembro, define a sua aplicação a


"entidades empregadoras, contribuintes do regime geral de segurança social
dos trabalhadores por contra de outrem, que tenham e mantenham a
respectiva situação contributiva regularizada e celebrem contratos de trabalho
por tempo indeterminado com trabalhadores deficientes beneficiam de uma
redução das contribuições por elas devidas à Segurança Social em função dos
referidos trabalhadores" - redacção dada pelo Decreto-Lei 125/91, de 21 de
Março (Leite e Almeida, 1998 p.470). Para efeitos da aplicação do Decreto-Lei
299/86, são considerados trabalhadores deficientes os indivíduos que tenham
"capacidade de trabalho inferior a 80% da capacidade normal exigida a um
trabalhador não deficiente no mesmo posto de trabalho" (p. 471). Este limite é
fixado devido ao facto do legislador entender que incapacidades inferiores a
20%, "em regra, não são limitativas de uma normal aceitação do trabalhador
por parte dos empregadores" (Leite e Almeida, 1998 p.470).

Os incentivos a atribuir às entidades empregadoras que coloquem nos seus


quadros pessoas deficientes (definidos pelo Decreto-Lei 247/89, de 5 de
Agosto), podem ser feitos a título de compensação devido ao menor
rendimento destes trabalhadores durante o período de adaptação ou

28
Revisão da literatura

readaptação ao posto de trabalho, para a adaptação de postos de trabalho e


eliminação de barreiras arquitectónicas e para o acolhimento personalizado à
pessoa deficiente, durante o "processo de integração sócio-profissional, de
adaptação ao esquema produtivo da entidade empregadora e ao posto de
trabalho que lhe foi destinado" (n° 2 do Art. 34°). Este Decreto-Lei prevê ainda
a atribuição de mais dois incentivos ao emprego de pessoas deficientes, que
são: o prémio de integração, "atribuído às entidades empregadoras que
celebrem contratos sem termo com pessoas deficientes" (n° 1 do Art. 39°), e o
prémio de mérito, concedido às entidades empregadoras "que em cada ano se
distingam na celebração com pessoas deficientes de contratos de trabalho sem
termo" (n° 1 do Art. 41°).

Apesar de todas estas medidas e do esforço que todos os intervenientes têm


feito, quer na avaliação e orientação profissional, quer na formação
profissional, o número de casos de sucesso, que para nós corresponde ao
estabelecimento de contratos sem termo, é relativamente reduzido. No entanto,
somos testemunha de situações de plena adaptação ao posto de trabalho,

29
Revisão da literatura

2.1.4 Condição física, saúde e produtividade


As palavras produção e produtividade têm aplicação diferente na língua
portuguesa. Segundo Almeida Costa (1977 p. 1152), produção significa o
"acto ou efeito de produzir; produto; obra; trabalho; realização; ... ; aquilo que a
agricultura e a indústria proporcionam" e produtividade significa a "qualidade
daquilo que é produtivo; o rendimento de uma empresa, de um sector público,
relativamente aos custos da produção".

Na literatura consultada encontramos o termo productivity empregue em


situações que se referem, quer à produtividade, quer à capacidade de
produção dos trabalhadores, apesar da língua inglesa ter também os termos
production e prodution capacity, que eventualmente poderiam ser usados em
vez do termo productivity nas situações em que se referem exclusivamente à
capacidade de produção, como é o caso de alguns dos trabalhos que são
apresentados mais à frente (2.1.4.3 Condição física e produtividade).

Tendo em conta que na literatura é mais vezes utilizado o termo


produtividade, e tendo também em conta que relativamente à saúde a
literatura refere sempre este mesmo termo, por uma questão de organização
do nosso trabalho, decidimos utilizá-lo nos títulos, em substituição do termo
capacidade produtiva ou capacidade de produção No entanto, no texto
aplicamos os dois termos (produtividade e produção) de acordo com o que
significam na língua portuguesa.

A aplicação do termo produtividade foi já tratado por Riedel et ai. (2001),


quando chamaram a atenção para o facto de a "produtividade não poder ser
reduzida à simples contagem ou presença no local de trabalho ou ao volume
de trabalho produzido, apesar destes aspectos serem factores da
produtividade". Estes autores são de opinião de que, quando a análise da
produtividade é aplicada a uma máquina, ela é facilmente documentada
através da análise dos custos e do trabalho realizado. Pelo contrário, a noção
de produtividade, quando aplicada ao Homem, torna-se mais complexa; o
homem recebe influências do meio envolvente, experimenta emoções e tem

30
Revisão da literatura

motivações que afectam a produtividade, como se de uma lesão ou de uma


disfunção se trate. Acrescentam os autores que a forte ligação entre pequenos
problemas criam dificuldades em determinar com exactidão o aspecto a
trabalhar com vista ao aumento da produtividade.

Apesar dos termos condição física e aptidão física se referirem à capacidade


física dos indivíduos, e quando associados às palavras baixa e alta servirem
para a quantificar, a sua aplicação não pode ser feita de forma indiscriminada.
Segundo Almeida Costa (1977), o termo aptidão refere-se à "qualidade do que
é apto; faculdade de poder fazer alguma coisa; habilidade; vocação;
disposição virtual que, por desenvolvimento natural, pelo exercício, ou pela
educação, se torna uma capacidade" (p. 125), e o termo condição, refere-se a
"... situação; circunstância (...); qualidade" (p.352).

Assim, enquanto o termo condição física é aplicado para descrever o estado


da capacidade física do(s) indivíduo(s), o termo aptidão física utiliza-se nas
situações em que se pretende relacionar a capacidade física com a capacidade
de levar a cabo uma determinada tarefa.

Sendo nosso propósito estudar a influência de um programa de treino orientado


para o desenvolvimento da condição física, na capacidade de produção de
pessoas com deficiência mental, e não ignorando a complexidade da análise
da produtividade no Homem, apresentamos o que na literatura nos pareceu
mais relevante para esta investigação. Neste sentido, e porque a população em
que a nossa amostra se integra não pode ser considerada uma população
saudável, à luz do que é definido pela Organização Mundial de Saúde, que
considera que "no domínio da saúde, a deficiência representa qualquer perda
ou alteração de uma estrutura ou de uma função psicológica, fisiológica ou
anatómica (...) A deficiência representa a exteriorização de um estado
patológico ..." (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1989 p. 56), e ainda, a
definição de pessoa deficiente que é dada pela Lei de Bases da Prevenção e
Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência no n° 1 do Art. 2 o

31
Revisão da literatura

("aquela que, por motivo de perda ou anomalia, congénita ou adquirida, de


estrutura ou função psicológica, intelectual, fisiológica ou anatómica susceptível
de provocar restrições de capacidade, pode estar considerada em situações de
desvantagem para o exercício de actividades consideradas normais tendo em
conta a idade, o sexo e os factores sócio-culturais dominantes"), as próximas
páginas são dedicadas à relação entre a condição física e saúde, a saúde e
a produtividade e a condição física e a produtividade (centrados nos
estudos da população considerada).

2.1.4.1 Condição física e saúde


A relação condição física / saúde "refere-se às componentes da condição física
que são afectadas favorável ou desfavoravelmente pela actividade física
habitual e que se relacionam com o estado de saúde. Tem sido definida como
um estado caracterizado pela capacidade de realizar as actividades diárias
com vigor, demonstrando traços e capacidades que são associadas a baixo
risco de desenvolvimento prematuro de doenças" (Bouchard e Shephard, 1994
p.81).
Os factores da condição física que se relacionam com a saúde são bem
conhecidos e podem ser agrupados em cinco componentes, como mostra o
Quadro 3 (Bouchard e Shephard. 1994). Um perfil favorável destes factores
constitui "uma nítida vantagem em termos de saúde, como o demonstram a
estatística relativa à morbilidade e à mortalidade" (p.81).

O Conselho da Europa (1995) considera que "o exercício físico regular é


indispensável à saúde física e mental de cada indivíduo e à inserção social",
pelo que "o exercício físico deve ser a pedra angular de uma boa estratégia,
em matéria de saúde, nas sociedades modernas" (pp. 10-11). Esta posição é
também reiterada por Hass et ai. (2001), Riedel et ai. (2001), Katzwarzyk et ai
(2000), Rimmer (1992), Shephard (1991) e Okada e Iseki (1990). Barros et ai.
(2000a) são de opinião que os indivíduos fisicamente activos apresentam

32
Revisão da literatura

menor deterioração da condição física e que o exercício físico é essencial para


a saúde, longevidade e produtividade na vida dessa população.

Quadro 3 ­ Componentes e factores da relação Condição F ísica / Saúde


(Adaptado de Bouchard e Shephard, 1994)

Componente Factor
Peso corporal
■ C omposição corporal
■ Distribuição do tecido adiposo subcutâneo
Morfológica
■ Tecido adiposo abdominal
■ Densidade óssea
■ Flexibilidade

­ Potência
Muscular ­ Força
■ Resistência

■ Agilidade
■ Equilíbrio
Motora
■ C oordenação
■ Velocidade
■ C apacidade de exercício sub­máxima
■ Potência aeróbia máxima
Cárdio­respiratória ■ Funções cardíacas
­ Funções respiratórias
■ Tensão arterial
■ Tolerância à glicose
■ Sensibilidade à insulina
Metabólica
■ Metabolismo dos lípidos e das lipo­proteinas
­ C aracterísticas de oxidação do substrato

O estilo de vida sedentário, que caracteriza a população deficiente mental, com


ou sem síndroma de Down, á algumas vezes associado a baixos níveis de
condição física e à obesidade (C luphf et ai., 2001; Fernhall, 1997). Muitos
investigadores concordam que esta inactividade é a primeira causa do baixo
nível da capacidade cardiovascular dos indivíduos deficientes mentais (C luphf
et ai., 2001; Rimmer,1992).

Hass et ai. (2001) consideram que com o desenvolvimento da resistência


cardiovascular nos D. M. pode melhorar significativamente muitos factores de
saúde associados à prevenção das doenças crónicas.

33
Revisão da literatura

Tendo em conta os baixos níveis de condição física que caracterizam os


indivíduos com D.M. (Fernall, 1997; Zetts et ai., 1995; Croce e Horvat, 1992;
Rimmer, 1992), o baixo nível de participação em programas desportivos
(Fernhall, 1997) e a dificuldade que esta população tem em se envolver por
iniciativa própria em programas de desenvolvimento da condição física
(Rimmer, 1992), é necessário criar condições para que possam desenvolver a
sua condição física (Fernhall (1997; Rimmer, 1992), e consequentemente,
melhorar o seu estado de saúde e aumentar a sua longevidade.

A propósito dos baixos níveis da capacidade cardiovascular dos adultos com


deficiência mental, Rimmer (1992) manifesta preocupação com o facto de uma
"grande percentagem de programas de recreação não contribuírem para a
melhoria do sistema cardiovascular das pessoas com deficiência mental" (p.
246), aconselhando ao desenvolvimento de programas que promovam a
capacidade física com vista à redução da incidência da morbilidade e
mortalidade associada às doenças coronárias.

2.1.4.2 Saúde e produtividade


Investigadores de diferentes áreas geográficas têm procurado estudar a
produtividade nos diversos sectores de produção. Inicialmente a preocupação
estava orientada para o estudo do impacto da Condição física sobre a
Produtividade (Shephard, 1991) e mais tarde os estudos alargaram-se à
análise do papel de programas orientados para a melhoria da qualidade de vida
e sua relação com a produtividade, numa perspectiva económica (Riedel, et ai.
2001).

Riedel et ai. (2001) referem que para além do papel dos programas de treino,
os programas orientados para a melhoria da qualidade de vida, que englobam
mudanças de comportamento, tais como a correcção de hábitos alimentares e
a redução/eliminação do consumo de tabaco ou álcool, têm vindo a ser

34
Revisão da literatura

também objecto de investigação nos últimos 20 anos. Segundo estes autores,


um crescente número de publicações tem vindo a verificar a importância do
estilo de vida relativamente à saúde e tem procurado interpretar e avaliar a
relação custo­eficácia dos programas de promoção da saúde no local de
trabalho. Alguns destes artigos focam directamente a relação entre a saúde e a
performance do trabalhador. A relação entre estes dois factores tem suscitado
o interesse de um grande e crescente número de empresas que vêm a
possibilidade de aumentar a sua produtividade, investindo na melhoria do
estado de saúde dos operários. "A influência positiva da saúde na
produtividade individual e na produtividade do grupo melhora a qualidade dos
bons serviços, aumenta a criatividade e inovação, facilita a recuperação e
aumenta a capacidade intelectual" (Riedel et ai., 2001 p.167), podendo estes
ganhos ser verificados a curto e longo prazo. No Quadro 4 é ilustrada a forma
como diferentes tipos de intervenção, ao nível da saúde, podem contribuir para
ganhos da produtividade a curto e longo prazo.

Quadro 4 ­ Possíveis efeitos da promoção da saúde (Adaptado de Riedel et ai., 2001 p.168;

Caminhos para a produtividade ]

Intervenções Resultados Efeitos desejados

Prevenção da doença,
Redução do absentismo
Promoção da saúde ^ >
Aumento da

Tratamento de doença Aumento da performance,


■=> produtividade

aguda e crónica ^ criatividade, motivação

Promover um ambiente Redução de acidentes


Saudável e seguro ■=> Prevenção de custos
Redução de custos
"=>
Criar uma cultura Redução dos custos com
de saúde ■=> a saúde

O Instituto para a Saúde e Gestão da Produtividade, citado por Riedel et ai.


(2001), que tem por objectivo ajudar a avaliar o retorno do investimento que é
feito no capital humano das empresas, considera que "a saúde dos

35
Revisão da literatura

empregados é um investimento seguro para o sucesso da empresa. Obtendo


sucesso nesta área, haverá uma mais-valia para os empresários ... e para os
empregados devida à melhoria da saúde, maior produtividade e melhor
qualidade de vida" (p. 169).

Na meta-análise desenvolvida por Riedel et ai. (2001), a que nos temos vindo a
referir, os autores concluíram que a partir dos trabalhos analisados não podiam
obter respostas definitivas acerca do tipo de investimentos relativos à saúde
que geram maiores efeitos na produtividade. No entanto, a par desta falta de
informação, que não permite obter dados conclusivos, os autores identificaram
as áreas de intervenção onde "a pesquisa deu respostas mais definitivas,
assim como as áreas que têm mostrado influenciar mais a produtividade" (p.
173). Entre os programas sobre os quais dizem haver maior conhecimento são
citados os programas de mudança de comportamento, onde incluem os
programas relativos ao exercício físico - "exercício físico geral e exercício físico
relacionado com dores de costas" - que "requerem normalmente intervenções
com duração entre 3 e 5 anos" (p.176). Estes programas têm, segundo os
autores, um efeito positivo sobre a saúde, que está bem documentado, mas o
seu efeito sobre a produtividade é "qualitativamente e quantitativamente
limitado" (p. 176) e há falta de informação relativamente ao retorno do
investimento.

Maior certeza relativamente à influência dos programas de treino sobre a


capacidade de trabalho parecem ter Hassmen e Koivula (1997), quando
referem que o exercício físico regular poderá, presumivelmente, atenuar a
perda de capacidade física para o trabalho, resultante do avanço da idade. Por
sua vez, llmarinen (2001) refere que a saúde e as capacidades funcionais são
a base da capacidade de trabalho e que a prevenção da diminuição precoce
destas capacidades é a chave para a manutenção de uma vida
profissionalmente activa até à idade da reforma.

36
Revisão da literatura

2.1.4.3 Condição física e produtividade

A capacidade de produção parece ser influenciada pelo nível de condição física


dos indivíduos. Esta influência dar-se-á a dois níveis:

• relativamente à manutenção da capacidade de trabalho - níveis superiores


de condição física ajudam a contrariar a tendência para a perda de
capacidade de trabalho que se verifica com o avanço da idade.

• relativamente à tarefa em si - nas situações de trabalho que exigem uma


capacidade funcional superior, quer para a realização da tarefa em si, quer
para a manutenção da tarefa durante o tempo de trabalho;

Nas últimas décadas a produtividade tem sido estudada por um significativo


número de investigadores, que têm produzido trabalhos experimentais com
grupos de indivíduos que desenvolvem a actividade profissional em diferentes
áreas. Só muito recentemente, o problema da capacidade de produção de
pessoas com deficiência mental constituiu preocupação dos investigadores.

No caso dos indivíduos não deficientes e profissionalmente activos foi


encontrada relação entre a participação em programas de desenvolvimento da
condição física e ganhos de produtividade (Shephard, 1999, 1992). No entanto,
estes ganhos, normalmente baixos, diferem de estudo para estudo, em função
do tipo de ocupação profissional, do nível de adesão aos programas de
condição física e do desenho dos próprios programas (Shephard, 1992).

Relativamente à população com deficiência mental, têm também sido


desenvolvidos estudos acerca do papel da condição física na produtividade de
indivíduos com deficiência mental, não numa perspectiva de análise de custos /
benefícios, mas sim, numa tentativa de perceber o contributo que os programas
de treino orientados para o desenvolvimento da condição física podem dar para
a integração destes indivíduos no mercado aberto de trabalho (Zetts et ai.,
1995) e na manutenção do emprego, tendo em conta que as tarefas destinadas
a esta população exigem mais esforço físico do que esforço mental (Croce e
Horvat, 1992). Segundo a literatura consultada, existe também relação entre o
desenvolvimento da condição física e níveis superiores de produtividade. Zetts
et ai. (1995) são de opinião que a menor condição física do indivíduo deficiente

37
Revisão da literatura

mental representa uma desvantagem relativamente ao indivíduo não deficiente,


quando se candidata a um serviço que exige um nível de condição física
superior, pelo que se justifica a sua participação num programa regular de
desenvolvimento da condição física. Por sua vez, Croce e Horvat (1992)
consideram que melhorar as capacidades físicas dos indivíduos com
deficiência mental pode ser um importante contributo para o seu
desenvolvimento, uma vez que a "capacidade cardiovascular e a força estão
relacionadas com a capacidade de trabalho nesta população" (Fernhall, 1997
p.223).

A propósito do desenvolvimento da condição física, e apesar dos baixos níveis


de condição que caracterizam as pessoas com deficiência mental, elas reagem
às cargas de treino como os indivíduos normais (Croce e Horvat, 1992), se
bem que o desenvolvimento da capacidade se dá de uma forma mais lenta
(Zetts et ai., 1995; (Croce e Horvat, 1992).

=> Estudos da influência de programas de treino na produtividade

A título de exemplo, apresentamos de uma forma muito sumária quatro estudos


sobre a produtividade em população não deficiente, e seguidamente referimos
os estudos que encontramos na literatura, relativos à produtividade da
população em que a nossa amostra se insere.

Os 4 estudos que se referem às pessoas não deficientes, não são


apresentados por serem os mais representativos de toda a investigação que foi
produzida a este respeito, mas por serem dos últimos estudos que se ocupam
exclusivamente com a importância dos programas de treino. Como vimos
anteriormente, a preocupação actual já não se centra exclusivamente no papel
deste tipo de actividades, mas em programas orientados para a melhoria da
qualidade de vida, que englobam mudanças de comportamento (ver 2.1.4.2
Saúde e produtividade).

38
Revisão da literatura

=> Estudos da influência de programas de treino na produtividade de


população não deficiente

Spirtovic (1988) estudou a influência da aplicação de três exercícios durante


três meses, em 170 operárias têxtil. No final de cada mês verificou sempre
aumento de produtividade (7,5% no primeiro mês, 9,09% no segundo mês e
3,24% no terceiro mês).

Halfon et ai (1990) encontraram correlação entre um programa de


desenvolvimento da força, relaxação e resistência aeróbia e o aumento da
eficácia no trabalho e diminuição da fadiga durante o período laboral. O estudo
incidiu sobre uma amostra de 540 empregados de duas fábricas de produtos
farmacêuticos.

Shephard (1991), num artigo de revisão sobre os potenciais benefícios do


desporto e da actividade física para pessoas com incapacidade física e para a
sociedade, mencionou que os programas de condição física, para além de
melhorarem a imagem das empresas, podem fazer aumentar a quantidade e a
qualidade de produção.

Gamble et ai. (1993) analisaram a influência de um programa de treino de 10


semanas (2 treinos por semana) que incluía jogos de futebol de salão e
trabalho de força em circuito de treino, na capacidade de trabalho e nível de
condição física de indivíduos que desenvolvem a sua actividade profissional em
serviço de emergência com ambulâncias. Concluíram que o grupo experimental
(n=8), para além de melhorar a condição física, baixou significativamente os
custos metabólicos verificados numa situação simulada de acidente.

=> Estudos da influência de programas de treino na capacidade de


produção de indivíduos com deficiência mental

Partindo da hipótese de que um programa de treino pode fazer aumentar a


capacidade de consumo máximo de oxigénio e a capacidade física para o
trabalho em adultos deficientes mentais, Schurrer et ai. (1985) aplicaram um
programa de treino, com a duração de 23 semanas (4 a 6 treinos por semana,

39
Revisão da literatura

supervisionados e com presença opcional), a um grupo de cinco indivíduos; a


média de presenças foi de 3,09 sessões por semana. Concluíram que, para
além de um ganho de 36% do V02MAX. e da diminuição de 5,6% no peso
corporal, o programa de treino fez "melhorar o comportamento (...) e a
capacidade produtiva" (p. 170). Infelizmente, estes autores não conseguiram
quantificar os ganhos da produção, e para além disso, ela foi referida
relativamente a apenas 2 indivíduos. Ainda a propósito da produtividade, os
autores referiram-se aos trabalhos de Beasly (1982) e de Bundschuh e Cureton
(1982).

• O primeiro destes autores verificou um aumento significativo da


capacidade de produção em adultos deficientes mentais (através da
contagem de peças produzidas), após a aplicação de um programa de
"jogging".

• Pelo contrário, os segundos autores não conseguiram demonstrar


diferenças estatisticamente significativas na capacidade física de
produção entre o grupo experimental e o grupo de controlo de
adolescentes deficientes mentais, após 16 semanas de desenvolvimento
da condição física.

Baseados em estudos que têm investigado a relação entre parâmetros da


condição e a capacidade de trabalho, e o aumento da capacidade de trabalho
como resultado de programas de treino nesta população, Croce e Horvat
(1992) referem que há uma efectiva influência do treino físico na produtividade
dos indivíduos. No trabalho experimental, que é explicado mais à frente
(2.1.5.1 Estrutura do programa de treino e intensidade de esforço), os autores
quantificaram o trabalho desenvolvido - número de peças correctamente
embaladas - num dia de trabalho (6 horas), por operários de uma oficina
protegida. A tarefa consistia na montagem de caixas de cartão e colocação de
12 jarras de plástico, por caixa. Às jarras, que pesavam entre 29 e 226 gramas,
era previamente colocada uma tampa. Depois de cheias, as caixas eram
fechadas e empilhadas. A observação foi feita em situação real de trabalho e
não foram fornecidos quaisquer tipo de reforços.

40
Revisão da literatura

A relação de causa-efeito foi confirmada no trabalho realizado, onde puderam


observar um ganho médio de produtividade de 7,64% ±3.03. Outra conclusão a
que chegaram foi a de que o período durante o qual se verifica a manutenção
dos efeitos do treino é muito curto, o que sugere a necessidade dos indivíduos
com deficiência mental se manterem envolvidos num programa de treino; ao
fim de 5 semanas (altura em que foi verificado o efeito de retenção das
alterações induzidas pelo treino) o ganho médio de produtividade tinha baixado
para 5.33% ±1.62, o que corresponde a um decréscimo médio de 30.21%,
sobre o ganho inicial (7,64%). A partir dos dados fornecidos pelos autores,
verifica-se que os indivíduos que apresentaram maiores ganhos são os que
maior percentagem de capacidade de trabalho perdem no final das 5 semanas.

Zetts et ai. (1995) aplicaram a um grupo de 6 indivíduos (15-20 anos) com


deficiência mental moderada a severa, um programa de treino orientado para o
desenvolvimento da força, que é descrito mais à frente (2.1.5.1 Estrutura do
programa de treino e intensidade de esforço).

O objectivo do estudo foi avaliar o efeito do programa na capacidade de


trabalho dos participantes. Para tal, foram criadas três situações simuladas de
trabalho: empilhar caixas com o peso de 11,34 kgs em cima de uma mesa com
76 cm de altura; empurrar um carro de mão com o peso de 38,5 Kgs;
transportar 3 baldes com o peso de 11,34 Kgs.

As conclusões do estudo foram de que o programa de treino de resistência de


força faz aumentar a produtividade em indivíduos com deficiência mental, no
entanto, o ganho obtido ao nível da produtividade não é proporcional ao ganho
da força; a força desenvolve-se mais rapidamente.

Os autores verificaram uma melhoria da produtividade dos indivíduos nas três


situações observadas. A percentagem do ganho da produtividade difere de
tarefa para tarefa e entre os indivíduos, conforme pode ser observado no
Quadro 5, que resume os resultados apresentados no estudo.

41
Revisão da literatura

Quadro 5 - Percentagem do ganho da capacidade produtiva


(Adaptado de Zetts et ai., 1995 p.172)

Situação observada Percentagem do ganho


Empilhar caixas 37.62% ±22.19
Empurrar carro de mão 24.38% ±19.89
Transportar baldes 13.81% ±8.78

Média 25.27% ±16,95

Parker (2001 ) desenvolveu um estudo para investigar o efeito de um programa


de treino de 9 semanas no desenvolvimento da capacidade de produção e de
desenvolvimento da força muscular de 4 indivíduos do sexo masculino, com
idades entre 25 e 29 anos. Este programa de treino é descrito mais à frente,
em 2.1.5.1 Estrutura do programa de treino e intensidade de esforço, como os
trabalhos de Croce e Horvat (1992) e de Zetts et ai. (1995).

Parker (2001 ) investigou a influência do programa de treino relativamente:

• à capacidade produtiva em situação de trabalho simulado (empurrar um


carro de mão e empilhar caixas);

• à capacidade produtiva de tarefas realizadas no local (montagens, lavar


louça, separar correspondência e serviço de guarda) - o autor definiu
como on-sitework tasks;

• ao ganho de força muscular.

O autor concluiu que, em consequência da participação no programa de treino,


os participantes melhoraram o nível de força e a capacidade produtiva nas
situações de trabalho simulado. No caso da força, foi verificado um ganho
médio de 20.57% ±3.35, no final da aplicação do programa, e 39.72% ±4.62, no
final do período de retenção. No caso do trabalho simulado, o autor encontrou
um ganho de 15.25% ±3.10 na tarefa de empurrar o carro de mão, e um ganho
de 10.61% ±4.96 na tarefa de empilhar caixas. Como para a força, Parker
também registou valores mais elevados durante o período de retenção nas
tarefas do trabalho simulado (22.11% ±3.38 e 12.78 ±3.13, respectivamente).

42
Revisão da literatura

Relativamente à capacidade produtiva das tarefas realizadas em situação real


de trabalho (on-sitework tasks), os resultados obtidos não revelaram ganhos
expressivos, provavelmente, segundo o autor, devido a inadequação dos
instrumentos de avaliação da produtividade. Para a avaliação em situação real
de trabalho, Parker recorreu a observações quantitativas e qualitativas
(medíocre, médio, bom e elevado) efectuadas pelos supervisores dos
operários. Para além da falta de informação, tanto quantitativa como qualitativa,
em algumas semanas, o autor verificou falta de correspondência entre os
indicadores objectivos e os indicadores subjectivos do trabalho produzido pelos
operários.

Como Zetts et ai. (1995), Seagraves (2002) também estudou a influência de um


programa de treino de resistência progressiva no desenvolvimento da força e
da capacidade de produção, em jovens D.M. com idade escolar (16.14±1.61
anos). Trabalhou com um grupo de 14 indivíduos durante 10 semanas, como é
explicado mais à frente em 2.1.5.1 Estrutura do programa de treino e
intensidade de esforço.

Para além da avaliação da evolução na 5a semana e no final da aplicação do


programa (10a semana), o autor fez também a avaliação da retenção dos
efeitos induzidos pelo treino, como tinha sido feito por Croce e Horvat (1992) e
por Parker (2001). Verificamos também semelhanças entre este estudo e os
trabalhos de Zetts et ai. (1995) e de Parker (2001), relativamente às situações
utilizadas para a avaliação da capacidade produtiva: transporte de baldes e
empilhamento de caixas. No entanto, e apesar destes pontos comuns,
verificamos uma grande diferença, que consistiu no facto de Seagraves (2002)
utilizar um grupo de controlo enquanto os investigadores anteriores não o
tinham feito.

Neste estudo, o autor encontrou diferenças estatisticamente significativas entre


os dois grupos, com resultados mais elevados para o grupo experimental, em
todas as tarefas de produção: p=0.010 na prova empilhar cadeiras; p=0.037 na
prova transportar baldes; p=0.018 na prova empurrar carro de mão; p=0.035 na

43
Revisão da literatura

prova empilhar caixas. Os dois grupos também se distinguiram relativamente


ao ganho de força, com p=0.0001 em todas as variáveis - a média da melhoria
da força no grupo experimental foi de 38,35%, enquanto o grupo de controlo
melhorou 4,08%. Cinco semanas após o termo da aplicação do programa de
desenvolvimento da força, na avaliação da retenção dos efeitos induzidos pelo
treino, o autor verificou que todos os indivíduos que integraram o grupo
experimental regrediram, relativamente aos valores obtidos no pós-teste.

O autor concluiu que o desenvolvimento de um programa de treino no nível


escolar pode fazer aumentar a capacidade funcional dos alunos e assim
facilitar o processo de transição da escola para o mundo do trabalho.

^> Retenção dos efeitos de treino

O período de retenção dos efeitos do treino na condição física é curto


(Seagraves,; Croce e Horvat, 1992), o que sugere que os indivíduos com
deficiência mental devam manter-se envolvidos num programa de treino (Croce
e Horvat, 1992). Cinco semanas após a conclusão de um programa de treino,
Seagraves (2002) verificou um decréscimo de 11,42% na força isométrica e um
decréscimo de 12,64% na capacidade de trabalho. Croce e Horvat (1992)
verificaram também diminuição da força isométrica e da capacidade produtiva
ao fim do mesmo período de tempo, após a conclusão do programa de treino.
Estes autores verificaram que a percentagem do ganho de força baixou dos
23,49% (registados no final do programa) para 8,23%, que o V0 2 MÁX diminuiu
de 20,00% para 8,01% e a capacidade de produção passou de 7,64% para
5,33%.

Contrariamente aos autores anteriormente referidos, Parker (2001) registou


ganhos de força no final das 6 semanas de retenção, relativamente ao final do
período de aplicação do programa de desenvolvimento de força (de 20,57%
para 39,72%). No entanto, verifica-se uma estabilização dos valores dos
ganhos de força a partir da terceira semana do período de retenção e na sexta
semana todos os participantes mostram um decréscimo relativamente à
semana anterior. Este ganho de força terá resultado por um lado do facto de o

44
Revisão da literatura

autor testar uma vez por semana os participantes, que provavelmente provocou
algum efeito de treino (Parker, 2000), e por outro, do efeito retardado do
programa de treino, que segundo Matveiv (1981), "o maior incremento dos
resultados não coincide com o período de maior volume da carga" (p. 50),
mesmo porque, "as cargas de treino não proporcionam apenas um efeito
imediato mas também acumulado (...) se se criam condições de alívio, de
descanso activo, as cargas podem provocar um fenómeno de super-treino" (p.
64).

Uma vez apresentada a relação entre a condição física e saúde, a saúde e a


produtividade e a condição física e a produtividade (centrados nos estudos
da população D.M.), e descritos os trabalhos mais recentes sobre a influência
de programas de treino na produtividade de D.M., faremos de seguida uma
abordagem à estrutura dos programas de treino e intensidade do esforço, e às
estratégias para manter os D.M. na actividade desportiva.

45
Revisão da literatura

2.1.5 Programas de treino: planificação e implementação


Apesar do baixo nível de capacidade física que caracteriza os indivíduos com
deficiência mental, a resposta fisiológica aos programas de treino é igual à dos
seus pares não deficientes, pelo que a sua planificação e implementação
devem ser orientadas pelos objectivos a alcançar e devem obedecer aos
princípios do treino desportivo.

No sentido de garantir um esforço significativo nas actividades que constituem


o programa de treino, por forma a que se verifiquem as alterações fisiológicas
perseguidas, é fundamental incentivar os participantes a um significativo
envolvimento nas tarefas propostas. Tendo em conta as características
particulares desta população, que tem alguma dificuldade em manter esforços
elevados em situação de fadiga, o recurso a breves e claras explicações, a
reforços verbais, à criação e manutenção de rotinas, à atribuição de prémios de
acordo com o esforço desenvolvido, e ao uso de música durante as actividades
de treino, parecem ser estratégias importantes no trabalho com a população
portadora de deficiência mental.

2.1.5.1 Estrutura do programa de treino e intensidade de esforço

Após a referência a recomendações acerca da estrutura do programa de treino


e da intensidade do esforço, descrevemos a metodologia utilizada em quatro
estudos que analisaram a influência de programas de treino no
desenvolvimento da condição física e na capacidade de produção de indivíduos
com deficiência mental, e apresentamos de uma forma sumária as alterações
que se verificaram na condição física dos participantes.

=> Recomendações

Hass et ai. (2001) referem que o American College of Sports Medicine e outras
organizações internacionais têm estabelecido linhas orientadoras no sentido de

46
Revisão da literatura

que os programas de desenvolvimento da condição física, numa perspectiva de


melhoria da saúde, devem ser realizados duas a três vezes por semana e
devem incluir exercícios para o desenvolvimento da resistência aeróbia, da
flexibilidade e dos níveis de força. Estes exercícios devem ser variados e
devem envolver os grandes grupos musculares. Rimmer (1994), explica que de
acordo com o American College of Sports Medicine, a "frequência do exercício
depende da duração e da intensidade do treino, podendo as sessões ser
diárias ou variar entre 3 e 5 dias por semana, de acordo com a necessidade,
interesse e capacidade funcional dos indivíduos" (p. 12).

Shephard (1991) diz que a actividade física com vista à melhoria da saúde
deve ser realizada entre 3 e 5 vezes por semana, com uma duração de 20 a 60
minutos por sessão e uma intensidade de esforço entre 60 e 70% do VO2MAX.

Barros et ai (2000b) referem que para melhorar a resistência aeróbia devem


ser programados exercícios dinâmicos de grandes grupos musculares, tais
como, caminhar, trotar, correr, saltar, nadar e dançar. Andar, para Rimmer
(1992), é um dos melhores exercícios para indivíduos com deficiência mental.
A melhoria da resistência aeróbia pode também ser conseguida através da
bicicleta ergométrica, da natação, da dança aeróbia de baixo impacto, de
andar/correr e de circuitos de treino. Relativamente a esta última actividade o
autor considera que é possível uma grande variedade de situações e que a
permanência em cada estação deve ser entre 1 a 2 minutos, com intervalos de
30 a 60 segundos para mudar de estação.

Para o desenvolvimento da resistência aeróbia, de acordo com o American


College of Sports Medicine (1991, citado por Rimmer, 1994), a duração do
esforço deve variar entre 15 e 60 minutos. "O objectivo a longo prazo deve ser
manter durante 20 a 30 minutos uma intensidade de esforço entre 40% e 85%
da capacidade funcional máxima. Contudo, nas primeiras semanas do
programa, enquanto o organismo se adapta ao esforço, é importante que a
duração do esforço seja mantida entre 15 a 20 minutos" (p. 12), podendo
mesmo começar por 5 minutos no caso do praticante ser obeso ou ter baixa
condição física (Rimmer, 1992).

47
Revisão da literatura

A progressão do programa de treino deve basear-se, segundo o American


College of Sports Medicine (1991, citado por Rimmer, 1994), "na capacidade
funcional dos participantes, no seu estado de saúde, idade, preferências,
necessidade e objectivos" (p. 13). Rimmer (1994) considera que, na fase inicial
do programa de treino, que deve ter uma duração entre 4 e 6 semanas, as
actividades devem ser agradáveis e não devem exigir muito esforço físico aos
participantes e não lhes devem causar fadiga excessiva durante e após a
sessão de treino. O nível da intensidade de esforço deve situar-se entre 30% e
50% da capacidade máxima funcional, e a duração da fase em que é
desenvolvida a resistência aeróbia deve situar-se entre 10 e 15 minutos,
aumentando gradualmente ao longo de algumas semanas. Na fase seguinte,
destinada a um maior desenvolvimento da condição física, a intensidade de
esforço e a duração do tempo destinado ao desenvolvimento da resistência
aeróbia são aumentados; a intensidade de esforço é aumentada entre 10% a
15% e a duração deve situar-se entre 15 e 30 minutos. A propósito de uma
terceira fase, destinada à manutenção da condição física, o autor refere que, o
maior objectivo para todos os indivíduos - incluindo os que têm limitações
físicas ou mentais - deveria ser a realização de um treino regular, a realizar
entre 3 e 6 dias por semana, com uma intensidade de esforço entre 50% a 85%
e duração entre 20 a 45 minutos.

Fernhall et ai. (1989, citados por Rimmer, 1992) mencionam que a frequência
cardíaca máxima nos adultos com deficiência mental pode estar reduzida em
8% a 17% , o que para um indivíduo de 20 anos pode, segundo os autores,
corresponder a valores situados entre 166 e 184 batimentos por minuto (220 -
idade x %). Outra opção, relativamente à determinação da frequência cardíaca
máxima têm Pitetti et ai. (1988, citados por Rimmer, 1994), que utilizam a
fórmula "220 - idade" para mulheres e a fórmula "205 - (idade / 2)" para
homens.

Para a determinação da intensidade de esforço, Rimmer (1992) considera que


o mais adequado seria obter o V02MAX., no entanto, e na impossibilidade de o
conseguir, o autor considera importante que se defina uma zona de segurança.

48
Revisão da literatura

O desenvolvimento da resistência aeróbia nos indivíduos adultos com


deficiência mental é provavelmente a componente da condição física mais
difícil de melhorar nesta população devido à "falta de motivação para manterem
níveis de intensidade de trabalho necessários à manifestação dos efeitos do
treino. Muitos indivíduos podem parar a actividade antes de atingirem os níveis
adequados de esforço, provavelmente devido a desconforto ou fadiga"
(Rimmer, 1992 p. 242).

Fernhall (1997) considera que os programas de treino orientados para o


desenvolvimento da condição física dos indivíduos com D.M. podem ser
conduzidos de forma idêntica à da população não deficiente, "com algumas
importantes modificações: a intensidade do exercício deve ser de 60% a 80%
da capacidade funcional máxima; o exercício deve ser supervisionado visto ser
pouco provável que as pessoas com D.M. possam, por si só, realizar o seu
próprio treino; são necessárias entre 16 e 35 semanas para promover aumento
do VO2MAX, apesar de terem sido demonstrados ganhos da capacidade
funcional em programas de curta duração; técnicas de motivação, como ganhar
prémios, podem ser necessárias para manter a adesão ao programa; o treino
da força deverá ser incorporado sempre que possível, pelo seu interesse para
a actividade profissional e independência" (pp. 223-224).

Para o desenvolvimento da força de grandes grupos musculares, Fernhall


(1997) sugere que sejam utilizadas máquinas de musculação durante um
período de 10a 12 semanas. As cargas devem situar-se entre 70% e 80% da
força máxima do participante e devem ser aplicadas em 3 séries de 8 a 12
repetições.

O aumento da carga de treino (intensidade e da quantidade de esforço) deve


ser feita de forma gradual e com precaução. Durante a realização de um
trabalho de força, observar as expressões faciais e o tremor dos músculos dos
participantes é uma estratégia utilizável (Zetts et ai., 1995). A respiração
controlada e a capacidade de manter uma conversa no decurso de trabalho
aeróbio (corrida contínua, por exemplo), são também indicadores úteis para

49
Revisão da literatura

perceber o tipo de esforço que está a ser desenvolvido. Neste tipo de trabalho,
controlar periodicamente os batimentos cardíacos é também uma forma de
perceber o nível de esforço que está a ser desenvolvido.

=> Estudos feitos com indivíduos deficientes mentais

Montgomery et ai. (1988) desenvolveram um trabalho orientado para a


melhoria da condição física com adultos D.M. sedentários, com idade entre 20
e 39 anos, colocados em emprego protegido. Este trabalho foi realizado em
duas fases: na primeira fase, que teve a duração de 6 meses e foi orientada
alunos de um curso de graduação em educação física {physical educatoin
graduate studentes), participaram 171 indivíduos distribuídos aleatoriamente
pelo grupo experimental (n=84) e pelo grupo de controlo (n=87); na segunda
fase, que decorreu durante 4 meses, foi orientada por trabalhadores não
deficientes (estes indivíduos foram recrutados nos locais de trabalho dos
deficientes) e participaram 53 indivíduos, que foram organizados em grupo
experimental (n=27) e grupo de controlo (n=26). Em ambas as fases foram
realizadas 3 sessões semanais.

O programa de treino foi baseado no manual de Reid et ai. (1985, citado por
Montgomery et ai., 1988) e consistiu num trabalho de desenvolvimento da
capacidade cardiovascular, flexibilidade e força. As sessões começaram por ter
uma duração de 40 minutos, sendo reservados 15 minutos para o
desenvolvimento da capacidade cardiovascular (dança aeróbia, andar/correr e
jogos de fácil execução - low-skill games). Com a continuidade do programa, o
tempo destinado a esta componente da condição física foi aumentado para 20-
25 minutos.

Para a avaliação das variáveis da condição física, os autores utilizaram o teste


The Canadian Standardized Test of Fitness (CSTF). A partir dos resultados
obtidos (sintetizados no Quadro 6) concluíram que na primeira parte do
programa - 6 meses - houve melhorias significativas nas provas de
abdominais e flexão do tronco à frente, e que na segunda parte do programa -

50
Revisão da literatura

4 meses - houve melhorias significativas nas provas de abdominais, flexão de


tronco à frente e resistência aeróbia.

Quadro 6 - Resultados da condição física obtidos por Montegomery


et ai. (Adaptado de Montgomery et ai., 1988 - pp. 75-76)

Programa
Prova
6 Meses 4 Meses
Dinamómetro manual 1.36% 4.26%
Abdominais 90.11% 82.79%
Flexão de tronco à frente 2.35% 3.69%
Resistência aeróbia 4.01% 11.78%

De acordo com os resultados num pré-teste, Croce e Horvat (1992) aplicaram


um programa de treino a 3 jovens adultos com deficiência mental. Este
programa, orientado para o desenvolvimento de força e resistência aeróbia, foi
individualizado, continuamente ajustado, com a duração diferente para os 3
indivíduos (8, 11 e 14 semanas), e foi aplicado em duas fases. Na primeira fase
os participantes fizeram a adaptação ao programa e realizaram esforços de
baixa intensidade (50 a 60% do V0 2 MAX), e na segunda fase foram
submetidos a uma intensidade de esforço entre 65 a 85%. O nível de esforço
dos participantes era controlado através da contagem dos batimentos
cardíacos no início do exercício aeróbio, aos 6 minutos e 1 minuto após o
termo do exercício. Para a determinação da intensidade de esforço foi
previamente determinado o número de batimentos cardíacos em repouso e foi
utilizada a fórmula que Rimmer (1994) define como fórmula Karvonen: "THR =
(MHR-RHR) x %lntensidade + RHR" (THR = Número de batimentos cardíacos
em esforço; MHR = número máximo de batimentos cardíacos, estimado a partir
da fórmula "220 - idade"; RHR = número de batimentos cardíacos em
repouso).

O número de sessões por semana foi de quatro (3 com a duração de 60


minutos e 1 com a duração de 40 minutos). O trabalho de resistência aeróbia
foi realizado nas três sessões de 60 minutos, enquanto o trabalho de força foi
realizado em todas as sessões semanais. Para o treino de resistência aeróbia

51
Revisão da literatura

recorreram ao uso de bicicleta ergométrica e correr/andar, enquanto que para o


treino de força (flexão e extensão do antebraço sobre o braço e abdução e
adução do ombro - 3 séries de 8 a 12 repetições) foram usados elásticos. O
tempo utilizado nestes dois tipos de trabalho foi de 20 minutos por sessão. O
tempo restante de cada sessão foi utilizado para a activação geral e
flexibilidade (10 minutos iniciais) e para o retorno à calma (últimos 10 minutos).

No fim da aplicação do programa os autores verificaram um ganho médio de


23,49% ±10,29 na força (calculado a partir dos valores obtidos na flexão e
extensão do cotovelo, abdução do ombro e flexão isométrica do tórax), e de
20,0% ±7,44 no V02MAX.

Com o objectivo de avaliarem o efeito de um programa de treino de resistência


progressiva na capacidade de produção de 6 indivíduos com deficiência
mental, com idade entre 15.4 e 20.4 anos, Zetts et ai. (1995) implementaram
um programa de treino individual, com base na avaliação da capacidade
máxima de levantamento de peso. O treino foi aplicado num período de 43 dias
(14 sessões) e consistiu na utilização de haltères e de máquinas de
musculação, para desenvolvimento da força dos membros superiores e
inferiores.

As sessões tinham a duração de 35 a 45 minutos, sendo 5 minutos utilizados


para flexibilidade e o restante para os exercícios de desenvolvimento da força.
O programa consistiu na aplicação de 3 níveis de esforço; no primeiro, os
praticantes realizavam 2 séries de 12 repetições com um peso baixo; no
segundo, realizavam 3 séries de 8 repetições e o peso era aumentado; no
terceiro, realizavam 4 séries de 6 repetições com um peso superior. Quando os
participantes conseguiam realizar completamente o último nível, era
aumentado o peso mantendo, no entanto, o mesmo número de séries e
repetições. A passagem de nível estava dependente da capacidade de
cumprirem os objectivos do nível actual em dois dias consecutivos.

A determinação da passagem de nível era da responsabilidade pelo


observador, que tinha em conta indicadores como a expressão facial e o tremor
dos músculos em esforço. Quando o praticante passava para o nível superior,

52
Revisão da literatura

era dado durante algum tempo maior atenção para verificar a adequação da
medida tomada.

Após a aplicação do programa, os autores verificaram um ganho médio da


força máxima de 44,59% ±21,93 (calculado a partir dos valores obtidos nos
seis exercícios de força que foram trabalhados). O elevado valor encontrado
para o desvio padrão mostra uma grande variação de resposta dos
participantes ao programa de treino. Relativamente a um mesmo exercício, a
maior variação encontrada é de 160,00%, e a menor variação encontrada é de
31,70%, como pode ser verificado no Quadro 7.

Quadro 7 - Percentagem do ganho da força máxima obtida por Zetts et ai. (Adaptado de Zetts et ai.,
1995 p.175)

Participante
Exercício Média
1 2 3 4 5 6
Bench Press 42,8 11,1 15,4 20,0 16,7 25,0 21,83 ±17,64
Military Press 37,5 66,7 40,0 25,0 33,3 33,3 39,30 ±39,66
Leg Press 100,0 160,0 58,3 0,0 60,0 100,0 79,72 ±75,66
Leg Curls 133,3 100,0 9,0 71,4 0,0 11,1 54, f3 ±38,30
Leg Extensions 150,0 11,1 10,0 16,7 100,0 14,2 50,33 ±30,40
Biceps Curí 33,3 0,0 66,7 33,3 0,0 0,0 22,22 ±20,00

82,82 58, f 5 33,23 27,73 35,00 30,60


Média 44,59 ±2f,93
±5f,89 ±63,26 ±25,45 ±24,07 ±39,08 ±35,89

Cluphf et al. (2001) aplicaram um programa de treino de dança aeróbia com 3


sessões por semana, durante 12 semanas. Foi aplicado a 27 adultos D.M.,
divididos por dois grupos: grupo experimental (n=15, idade 38.6+9.2) e grupo
de controlo (n=12, idade 37.3±9.5). Os treinos começavam com 5 minutos de
aquecimento, seguidos de um período de dança aeróbia, que começou por ser
de 12 minutos e foi aumentado 1 minuto por sessão até atingir os 30 minutos.
O tempo máximo de duração desta parte do treino foi atingido na 6 a semana.
As sessões de treino terminavam com um período de 5 a 10 minutos de retorno
à calma, em que eram realizados exercícios menos exigentes em termos de
esforço e trabalho de flexibilidade. Na parte do treino destinada à dança

53
Revisão da literatura

aeróbia, para além dos exercícios específicos esta actividade, eram incluídas
danças familiares aos participantes, como por exemplo o Twist.

Com o objectivo de motivar os participantes do grupo experimental para uma


melhor participação no programa de treino, os autores utilizaram o seguinte
sistema de atribuição de prémios: de acordo com o esforço desenvolvido e a
atenção e a cooperação em cada sessão, cada participante podia receber um
ou dois autocolantes que eram colocados num quadro. Ao fim de cada 10
autocolantes ganhos, os participantes podiam escolher um dos prémios
disponíveis (certificados, autocolantes, gomas, livros para pintar e fitas de
condecoração).

Todos os 27 participantes foram submetidos a avaliação da resistência aeróbia


(Rockport Fitness Wal king Test ­RFWT) em cinco momentos: pré­teste; 4 a
semana; 8a semana; 12a semana (pós­teste); 18a semana (avaliação da
retenção). Os resultados obtidos pelo grupo experimental e pelo grupo de
controlo nas 5 aplicações do RFWT, são apresentamos na Figura 1. Com base
nestes dados os investigadores concluíram que os grupos só se distinguiram
entre si ao fim de 12 semanas de trabalho.

30 ­

28 _—­m

26
« ^
■­
^
24 ­

22
-y
a a
Pré­teste 4 semana 8 semana Pós­teste Retenção

♦ Grupo experimental 29,47 24,91 24,16 23,03 26,14

—■—Grupo de controlo 25,63 26,12 26,42 27,43 27,92

Figura 1 ­ Média do tempo gasto nas diferentes aplicações da


prova RFWT, no estudo de C luphf et ai. (adaptado de
Cluphf et ai., 2001 p.66)

Analisando as classificações médias de cada um dos grupos, verificaram que,


enquanto o grupo de controlo não apresentou diferenças significativas durante
o tempo em que decorreu o estudo, o grupo experimental melhorou entre o pré­

54
Revisão da literatura

teste e a 4 a semana e piorou entre a 12a e a 18a semana (avaliação dos efeitos
de retenção).

Parker (2001) estudou também o efeito da aplicação de um programa de treino


de resistência progressiva, idêntico ao de Zetts et ai. (1995), em 4 adultos com
deficiência mental e idade compreendida entre 25 e 29 anos. Utilizou máquinas
de musculação para o desenvolvimento da força dos membros superiores
(flexão e extensão do antebraço sobre o braço) e dos membros inferiores
(flexão e extensão) e dos músculos da região peitoral e abdominal. O cálculo
da intensidade das cargas foi feito com base na força máxima de cada
interveniente.

O programa de treino teve a duração de 9 semanas (2 sessões por semana) e


foi antecedido de um período de preparação inicial (baseline) que se prolongou
por 5 semanas, e de um período de 6 semanas para determinar o efeito de
destreino.

O programa de desenvolvimento da força, acima referido como programa de


treino, foi organizado em 3 fases: na primeira, com a duração de 2 semanas, os
participantes foram submetidos, em cada sessão, a 2 séries de 12 repetições
com cargas correspondentes a 30% / 40% da força máxima; durante a segunda
fase, que decorreu nas 3 semanas seguintes, os participantes foram
submetidos a 3 séries de 8 repetições com cargas correspondentes a 50% /
60% da força máxima; na última fase, que durou 4 semanas, foram aplicadas 4
séries de 6 repetições com cargas correspondentes a 70% / 80% da força
máxima.

Ao longo das 20 semanas que durou o estudo, foram feitas avaliações


semanais da força e da capacidade de produção relativa às tarefas simuladas,
enquanto a avaliação das tarefas desenvolvidas em situação real de trabalho
foi feita semanalmente em dois casos, e de duas em duas semanas nos outros
dois.

Os indivíduos que participaram no estudo obtiveram um ganho médio de força


de 20.57% ±3.35 no final do programa de treino e 39.72% ±4.62 no final do

55
Revisão da literatura

período de retenção, como foi referido atrás, em 2.1.4.3 Condição física e


produtividade.

Seagraves (2002) utilizou também um programa de treino de resistência


progressiva, para verificar o efeito no desenvolvimento da força e resistência
muscular e na capacidade produtiva de jovens deficientes mentais, alunos de
uma escola secundária. A partir de uma amostra de 14 indivíduos, criou 2
grupos aleatórios. O grupo experimental foi submetido ao programa de treino
de resistência progressiva durante 10 semanas, com 2 sessões semanais de
30 a 40 minutos), enquanto o grupo de controlo participou em jogos individuais
e colectivos.

O programa de treino consistiu no desenvolvimento de força e de resistência de


força, organizado em circuito de treino, que envolvia várias estações com
exercícios diferentes. Os participantes trabalhavam em grupos de 2 e
realizavam entre 3 a 4 vezes o mesmo exercício. Segundo o autor, o modelo
de treino foi retirado do trabalho de Zetts et ai. (1995). Consistiu na
organização do treino em 3 níveis: no primeiro nível a resistência era de baixa
intensidade e realizavam 3 séries de 12 repetições com baixa resistência; no
segundo nível a resistência era de média intensidade e realizavam 3 séries de
10 repetições; no terceiro nível realizavam 4 séries de 8 repetições - cada série
correspondia a uma volta completa ao circuito. Os praticantes passavam para o
nível superior depois de conseguirem concluir o plano de treino do nível em
que se encontravam.

Foi feita uma avaliação bilateral da força nos movimentos de flexão e extensão
do cotovelo, abdução do ombro e flexão e extensão do joelho, tendo sido
usado um dinamómetro. Esta avaliação foi feita em quatro momentos: antes do
início do programa, na 5a semana, na 10a semana e 5 semanas após a
conclusão do programa, para determinação da retenção dos efeitos do treino.

Como foi já referido anteriormente, o autor encontrou ganhos significativos


relativamente ao desenvolvimento da força e da capacidade de produção do

56
Revisão da literatura

grupo experimental, tendo concluído que o programa de treino se mostrou


eficaz e pode ajudar no processo de transição para a vida activa.

Dos seis estudos apresentados, três utilizam grupo experimental e grupo de


controlo (Seagraves, 2002; Cluphf et ai., 2001; Montgomery et ai., 1988),
enquanto os restantes fazem a análise de casos (Parker, 2001; Zetts et ai.,
1995; Croce e Horvat, 1992).

Zetts et ai. (1995) trabalhou quase exclusivamente a força e desenvolveu uma


metodologia que foi utilizada por Parker (2001) e, mais tarde, por Seagraves
(2002). Enquanto Zetts et ai. (1995) e Seagraves (2002) trabalharam com
indivíduos com idades entre os 14 e os 20 anos, Parker (2001) trabalhou com
indivíduos mais velhos (entre 25 e 29 anos). Nestes estudos foram encontrados
grandes ganhos de força, tendo os maiores valores sido registados por Zetts et
ai. (1995), que curiosamente foram os autores que realizaram menos sessões
de treino e aplicaram o programa em menos tempo.

Todos os estudos tiveram em comum a preocupação de fazer uma aplicação


gradual da intensidade das cargas de treino.

2.1.5.2 Estratégias para manter o esforço físico

Como anteriormente referimos, os estímulos verbais, a atribuição de prémios


de acordo com o esforço desenvolvido, o uso de música durante a realização
do programa, são aspectos a considerar no trabalho com a população
deficiente mental. No entanto, outras estratégias, como alternar exercícios
diferentes podem ajudar a manter esforços elevados por um período mais
alargado de tempo, e simultaneamente, ajudar a manter o interesse dos
indivíduos pelo exercício físico.

Personalizar o programa de treino e torná-lo tão agradável quanto possível,


pode ajudar a manter o interesse pela actividade, uma vez que a motivação é o
primeiro obstáculo que encontramos na população com deficiência mental

57
Revisão da literatura

(Fernhall, 1997). Um programa de treino orientado para adultos com deficiência


mental, que não considere a necessidade de motivar e encorajar os
participantes através de reforços permanentes, corre o risco de fracassar
(Rimmer, 1992). As vivências negativas, que fazem parte da história de muitos
adultos deficientes mentais, assim como os fracassos nas primeiras sessões
de um programa de treino podem levar a uma certa relutância para com a
actividade desportiva. Por este motivo, Rimmer (1994) considera que os
programas, principalmente no início, devem ser orientados para o sucesso,
devem ser constituídos por actividades que agradem aos participantes e devem
ser criadas estratégias de reforço com vista à manutenção da adesão aos
próprios programas.

=> Estímulos verbais

Os estímulos verbais são fundamentais para fazer aumentar e manter níveis de


participação elevados nas actividades desportivas (Zetts, et ai., 1995; Croce e
Horvat,1992) e são naturalmente utilizados nas actividades de treino e na
educação física, pelo que devem constituir o primeiro e principal meio de
incentivo (French, et ai., 1992).

Estes reforços poderão ser feitos em vários momentos: no início da sessão de


treino; durante a realização do exercício; no final do exercício; no final da
sessão. Podem ser reforços positivos, traduzindo satisfação pela obtenção de
um melhor resultado, ou negativos, no caso de se pretender chamar a atenção
para algum aspecto que esteve menos bem. A este propósito, Croce e Horvat
(1992) propõem-nos termos como: "Bom trabalho"; "Fez melhor do que da
última vez"; "Está a fazer um bom trabalho"; "Deve trabalhar mais na próxima
vez, se quer fazer melhor"; Eu sei que consegue fazer melhor se se esforçar
mais da próxima vez". As três primeiras expressões, na opinião dos autores,
devem ser usadas quando os participantes superam os resultados que tinham
previamente alcançado. As duas últimas expressões, aplicam-se aos casos em
que, pelo contrário, os participantes ficaram aquém do nível anteriormente
alcançado.

58
Revisão da literatura

Ao longo do programa de treino, quando a intensidade é aumentada, pode


ocorrer um decréscimo de trabalho por parte dos participantes, o que implica
reforços verbais suplementares e um acompanhamento mais próximo, no
sentido de manter um nível de intensidade de esforço apropriado (Croce e
Horvat, 1992).

=> Atribuição de prémios pelo esforço desenvolvido

A oferta de produtos alimentares como hamburgers, guloseimas e


refrigerantes, e de certificados, autocolantes e artigos do género tem sido
utilizada em estudos com indivíduos com deficiência mental (Cluphf et ai.,
2001; Croce e Horvat, 1992; Lavay e McKenzie, 1991, citados por Rimmer,
1992), como uma estratégia para aumentar o envolvimento no programa de
treino (Fernhall, 1997; Croce e Horvat, 1992; French et ai., 1992). Este sistema
é extremamente eficaz na motivação de indivíduos com deficiência mental,
especialmente nos casos em que são pouco motivados (Rintala, 1994) ou mais
inaptos (Croce e Horvat, 1992). No entanto, o recurso a este sistema de
motivação deve ser feito apenas se os reforços verbais se tornarem ineficazes,
uma vez que estes são os reforços naturalmente utilizados nas actividades
regulares do treino ou de educação física (French et ai., 1992)

O sistema de atribuição de prémios envolve a atribuição de pontos aos


participantes, de acordo com o desempenho que têm nos exercícios que
constituem o programa de treino. Estes pontos são posteriormente trocados por
prémios que os participantes escolhem, de entre um conjunto de produtos que
lhes são disponibilizados.

No estudo desenvolvido por Croce e Horvat (1992), foi perguntado aos


participantes, no início de cada sessão, se pretendiam ganhar mais pontos e
foi-lhes explicado como os podiam obter (na componente resistência aeróbia, o
participante recebia 1 ponto se atingisse a sua melhor distância,, e mais 1 ponto
por cada quarto de volta, a uma pista com 183 metros; no treino de força
recebia um ponto se igualava ou ultrapassava o número de repetições que
tinha conseguido realizar no exercício em causa, e outro ponto por cada

59
Revisão da literatura

repetição suplementar). No final de cada semana, os pontos acumulados eram


trocados por prémios.

=> A música como factor de motivação

A música tem um efeito de distracção dos participantes durante a realização de


exercício físico aeróbio de intensidade moderada e está associado a baixos
níveis de percepção de esforço (Potteiger et ai., 2000), pelo que pode tornar o
programa de treino mais agradável e ajudar a realizar os exercícios de uma
forma, que para o praticante, possa parecer mais "fácil".

A redução da capacidade de percepção da quantidade de esforço despendido


poderá estar relacionado com factores de ordem psicológica, como sugere
Morgan (1973), citado por Potteiger et ai. (2000). Segundo este autor, um terço
da quantidade de esforço percebido resulta factores psicológicos e dois terços
resultam de factores.

Shephard (1990) refere que a música tem um valor particular quando se trata
de indivíduos com deficiência mental. O ritmo pode encorajar a manter o
esforço físico, e a música, só por si, pode tornar-se numa fonte de interesse e
estimulação mental. Rimmer (1992) reitera esta opinião, quando refere que "a
música pode ser um componente da aula agradável para muitos utentes e pode
servir como reforço de adesão ao programa" (p. 244).

=> Alternar exercícios e contar pulsação

Quando é solicitado um esforço intenso durante o trabalho de resistência


aeróbia, o recurso a um tipo diferente de exercício aeróbio pode ajudar a
manterem o nível de entusiasmo e entrega dos participantes. Verificar o
número de batimentos cardíacos pode, também, incentivar os participantes a
manter o nível de esforço desejado (Croce e Horvat,1992).

A necessidade de alternar os exercícios tem também a ver com o facto de


muitos dos adultos deficientes mentais terem alguma dificuldade em se
manterem na mesma actividade por um período alargado de tempo. Por tal

60
Revisão da literatura

motivo, Rimmer (1994) sugere que o programa de treino seja variado e que
uma actividade que necessite de mais tempo possa ser dividida por dois
períodos e aplicada de forma alternada com outras actividades. O autor
considera que o circuito de treino é um bom exemplo de actividade que agrada
aos indivíduos deficientes mentais, devido à diversidade de situações e ao
facto de demorarem pouco tempo a serem realizadas.

61
Revisão da literatura

2.2 Metodologia de observação e instrumentos


A quantidade de instrumentos de avaliação da condição física validados para
crianças e jovens com deficiência mental contrasta com a falta de instrumentos
destinados à determinação da condição física dos adultos com deficiência
mental, com excepção para a avaliação da resistência aeróbia e determinação
do VO2MAX. Esta situação parece reflectir, por um lado, o grande interesse
que a fase de crescimento e de desenvolvimento das pessoas deficientes
mentais tem tido para os investigadores, e por outro, a reduzida preocupação
com a avaliação dos adultos D.M., à excepção da componente aeróbia da
condição física.

A familiarização com os instrumentos de avaliação, a validade dos


instrumentos e fiabilidade das avaliações constituem um ponto chave de todo o
processo de investigação.

 escolha do tipo de observação (vídeo ou tempo real) das situações de


produção e da utilização do tempo de trabalho prende-se com o número de
observadores disponíveis, com o número de operários que participam no
estudo e com os objectivos do próprio estudo. Por uma questão de
consistência dos resultados, nos estudos experimentais de medidas repetidas,
o recurso ao vídeo parece ser mais vantajoso do que a análise em tempo real.

2.2.1 Avaliação da condição física


Para a avaliação da condição física deve recorrer-se, sempre que possível, a
testes que estejam validados para a população em que a amostra em causa se
insere.

Na literatura encontramos algumas baterias de testes específicas para avaliar


crianças e jovens deficientes mentais. São exemplo: o Kansas Adapted/Special
Physical Education Test, para idades entre os 5 e 21 anos; o Prudential
FITNESSGRAM (adaptado a populações especiais), para crianças e jovens, a

63
Revisão da literatura

partir dos 5 anos; o Project Unique Physical Fitness Test, para idades entre os
10 e os 17 anos; o President's Challenge for Students With Special Needs,
para idades entre os 6 e os 17 anos; o AAHPERD Motor Fitness Test for the
Moderately Mentally Retarded, para idades entre os 6 e os 20 anos; o Special
Fitness Test for Mildly Mentally Retarded Persons, para idades entre os 8 e os
18 anos; o Fait Physical Fitness Test for Mildly and Moderate Mentally
Retarded Students, para idades entre os 9 e os 20 anos (Miller, 1998).
Encontramos ainda o Eurofit Physical Fitness, que foi validado por Donncha et
al. (1999) para adolescentes masculinos com deficiência mental ligeira.

Estas baterias de testes testemunham o interesse que a fase de crescimento e


de desenvolvimento das pessoas deficientes mentais tem tido para os
investigadores.

A grande oferta que encontramos para os jovens e adolescentes contrasta com


a falta de testes validados para adultos com deficiência mental.

A partir da pesquisa efectuada, verificamos que para os adultos com deficiência


mental apenas existem testes validados para a avaliação da resistência
aeróbia: Rockport Fitness Walking Test (Kunde e Rimmer, 2000; Laurie et al.,
1998; McCubbin et al., 1997; Kittredge et al., 1994; Rintala et al., 1992);
Maximal Treadmill Test (McCubbin et al., 1997); Submaximal Bicycle Test
(McCubbin et al., 1997); 1.5-Mile Run/Walk Test (Fernhall et al., 1988, citado
por Rintala et al., 1992); Step-test da bateria Canadian Standardized Test of
Fitness (Montegomery et al., 1988).

Através da análise de trabalhos experimentais realizados com adultos


deficientes mentais, para além das provas relativas à avaliação da resistência
aeróbia, verificamos a aplicação dos testes que constam do Quadro 8. Alguns
destes testes fazem parte da bateria de testes Canadian Standadized Test of
Fitness, que segundo Reid et al. (1985), citados por Montgomery et al. (1988)
pode ser utilizada com a população adulta deficiente mental; no entanto os
resultados das provas flexão de braços e abdominais (sit-up) poderão não dar
resultados muito correctos "devido à variabilidade dos níveis de motivação dos

64
Revisão da literatura

adultos deficientes mentais" (Montgomery et ai., 1988 p.75). Pelo contrário,


Fernall (1993) considera que a prova de abdominais {sit-up) tem "um bom nível
de confiança tanto para crianças como para adultos com deficiência mental
(r=0.66-0.90)" (p.444).

Analisando o Quadro 8, facilmente se verifica a diversidade de testes que são


utilizados na avaliação das variáveis da condição física, e que, em alguns
casos, exigem equipamentos que nem sempre estão disponíveis - é o caso
das máquinas de musculação, de haltères e de plataformas de força. Às provas
constantes neste quadro (Quadro 8), acrescentamos também as que, apesar
da sua validade não estar ainda testada em indivíduos adultos com deficiência
mental, têm sido utilizadas por Rintala (2002) - ver Anexo III:

• força e resistência muscular: Sit-up - Abdominais com braços no peito e


também com braços em extensão, e força manual;

• flexibilidade do tronco à frente (Sit-and-reach);

• equilíbrio estático {Stork stand ), com mãos nos quadris;

• equilíbrio dinâmico - calcanhar / ponta do pé (andar);

» destreza manual.

Para além destas provas, o autor tem feito também a avaliação do índice de
massa corporal.

Na literatura encontramos a bateria de testes EUROFIT para Adultos (Conselho


da Europa (1995), que se encontra validada para a população adulta não
deficiente e que apresenta quadros com dados de referência para algumas
provas, embora não baseados na população Portuguesa. Verifica-se que há
uma "proximidade" desta bateria com algumas das provas usadas em estudos
experimentais com a população em que a nossa amostra se insere, o que nos
sugere a aplicabilidade de alguns testes desta bateria na população adulta com
deficiência mental - mais à frente, no capítulo 4 Material e métodos, voltamos a

65
Revisão da literatura

escrever sobre a bateria EUROFIT Para Adultos, uma vez que a aplicamos no
nosso estudo.

Quadro 8 - Testes de avaliação das variáveis da condição física, aplicados em estudos


com adultos deficientes mentais.

Autores
Provas
Montegomery et ai., 1988
Croce e Horvat, 1992
Registo do peso e da altura Zetts et ai., 1995
Balic et ai., 2000
Montegomery et ai., 1988
Medição de pregas cutâneas Croce e Horvat, 1992
Frey et ai., 1999
Montegomery et ai., 1988
Avaliação da força manual, através de dinamómetro
Balic et ai., 2000
Croce e Horvat, 1992
Flexão e extensão dos membros superiores (com
Zetts et ai., 1995
máquinas de musculação e haltères)
Parker, 2001

Flexão e extensão dos membros superiores (com Seagraves, 2002


dinamómetro)
Força abdominal {sit-ups) Montegomery et ai., 1988
Força abdominal (com máquina de musculação) Parker, 2001
Flexões de braços Montegomery et ai., 1988
Montegomery et ai., 1988
Flexão do tronco à frente (sit-and-reach)
Frey et ai., 1999
Adução e abdução do ombro Croce e Horvat, 1992
Abdução do ombro (com dinamómetro) Seagraves, 2002
Croce e Horvat, 1992
Força da região peitoral (Chest press)
Parker, 2001
Zetts et ai., 1995
Flexão e extensão dos membros inferiores (com
Frey et ai., 1999
máquina de musculação)
Parker, 2001

Flexão e extensão dos membros inferiores (com Seagraves, 2002


dinamómetro)
Força dos membros inferiores, com dinamómetro e Balic et ai., 2000
plataforma de força
Extensão da coluna - região dorso-lombar (com máquina Parker, 2001
de musculação)

=> Familiarização

A familiarização com os testes de condição física é um dos aspectos


fundamentais quando se pretende fazer uma avaliação de indivíduos com

66
Revisão da literatura

deficiência mental. Os participantes devem ter a oportunidade de se


familiarizarem com os instrumentos, com os avaliadores e com os protocolos
(Balic, et ai., 2000; Frey et ai., 1999; Fernhall, 1997; Rintala et ai., 1997;
Fernhall et ai. 1996; Conselho da Europa, 1995; Croce e Horvat, 1992).

O número de sessões necessárias a esta familiarização depende, segundo


Fernhall (1997), dos indivíduos que vão ser testados, isto é, das suas
"dificuldades em compreender as tarefas, da motivação, do défice de atenção e
das suas incapacidades motoras" (p. 222).

Na literatura encontramos estudos que tiveram preocupações diferentes


relativamente à preparação dos indivíduos para a realização dos testes. Por
exemplo:

■ no estudo de Balic et ai. (2000) "cada participante tomou parte em


duas ou três sessões práticas" (p. 313) para se adaptarem ao
laboratório, ao pessoal e aos protocolos.

■ no estudo de C roce e Horvat (1992) foi desenvolvido um programa


prévio para o aumento da condição física dos participantes no
estudo, com o objectivo de garantir a sua capacidade para realizar o
protocolo do teste de aptidão cardiovascular e dos testes de força, e
minimizar, assim, os efeitos de erro decorrentes de uma deficiente
execução das provas no pré­teste. Este programa teve duração
diferente para os 3 participantes (6, 9 e 12 semanas).

■ No estudo de Parker (2001), à semelhança do que aconteceu em


Croce e Horvat (1992), o programa de desenvolvimento da condição
física foi antecedido de um programa prévio (Basel ine), que teve a
duração de 5 semanas e foi aplicado de forma igual a todos os
participantes.

■ No estudo de Seagraves (2002) foi feito um treino prévio para a


explicação e experimentação dos diferentes exercícios. No sentido
de assegurar a assimilação das técnicas foram utilizadas resistências
de baixa intensidade.

67
Revisão da literatura

=> Validade e fiabilidade

O objectivo de qualquer observação é de que ela traduza com exactidão o que


realmente acontece. A validade e fiabilidade dos instrumentos (Baumbartner e
Jackson, 1995; Rintala, 1994), juntamente com a capacidade de observação e
de registo das pessoas que aplicam os testes (Van der Mars, 1989) e a
capacidade dos praticantes em cumprirem o protocolo das provas (Fernhall,
1997; Baumbartner e Jackson, 1995; Croce e Horvat, 1992), tem uma grande
importância no processo de avaliação.

Segundo Van der Mars (1989), a validade refere-se à capacidade de medição


que um determinado instrumento possui; a validade de um instrumento é tanto
maior, quanto mais os resultados da observação se aproximarem do real valor
das de capacidades que se pretende medir. Aplicar uma prova para a qual os
participantes não estão preparados, seja por falta de conhecimento ou por falta
de compreensão, por falta de experiência, de capacidade física (Rintala et ai.,
1997; Fernhall et ai., 1996; Baumbartner e Jackson, 1995; Croce e Horvat,
1992) ou de motivação (Fernhall, 1997) é correr o risco de obter resultados que
não traduzam a verdadeira capacidade dos indivíduos.

Ainda de acordo com Van der Mars (1989), a fiabilidade de uma prova
(capacidade do instrumento para obter os mesmos valores quando aplicado
uma segunda vez) põe ênfase na importância da consistência nas
observações, a qual é de extrema importância para a validade dos trabalhos de
investigação. Segundo o autor, no processo de análise de uma dada situação,
o observador pode ser considerado um instrumento de avaliação, pelo que se
torna necessário verificar o grau de consistência das suas observações.
Partindo deste princípio, Zetts et ai. (1995) fizeram um trabalho prévio de
comparação das observações efectuadas pelos aplicadores das provas (inter-
observadores), no sentido de determinar o grau de confiança dos resultados.

68
Revisão da literatura

2.2.2 Observação da produção e do tempo de trabalho


A importância da validação dos instrumentos e da fiabilidade dos resultados,
abordada a propósito da observação da condição física, também se coloca nas
situações de observação da produção e da observação do tempo de trabalho.

Para a observação de situações relacionadas com o trabalho pode recorrer-se


a gravações vídeo ou à observação em tempo real. Hopkins (1998) considera
que para a análise do movimento contínuo em períodos curtos (segundos), é
mais adequado recorrer-se à gravação de imagens vídeo. No caso da
observação ser feita através de uma técnica de análise de períodos
intervalados, como por exemplo na técnica Academic Learning Time - Physical
Education (ALT-PE), descrita por Parker (1989) em que as observações são
normalmente feitas em intervalos de 12 segundos (6 segundos de observação,
seguidos de seis segundos de registo), é tão adequado recorrer a gravações
vídeo como à observação em tempo real. Ainda segundo Hopkins (1998), a
observação durante minutos ou horas poderá também ser feita através do
recurso a imagens vídeo.

Optar por gravações vídeo permite reduzir o número de observadores a uma


pessoa, permite observar mais variáveis e permite analisar o tempo gasto em
diferentes actividades (Hopkins, 1998), uma vez que a visualização das
imagens pode ser repetida tantas vezes quantas as necessárias. No recurso a
equipamento vídeo toma-se necessário observar alguns cuidados, tais como:
habituar os indivíduos à presença do equipamento, para que a sua actuação
seja tão normal quanto possível; colocar o equipamento em locais que tornem
a sua presença pouco notada e que permita, simultaneamente, fazer o registo
de todo o espaço desejado e que nenhuma das pessoas a observar fique
oculta; evitar situações que chamem a atenção para o equipamento, como por
exemplo, desactivar a luz de gravação e o sinal sonoro de ligar/desligar.

69
Revisão da literatura

Quando as observações são feitas em tempo real, o número de observadores


necessários varia em função da situação a observar. Tratando-se do registo de
peças produzidas e/ou do controlo de qualidade, um só observador poderá
fazer o registo do trabalho de mais que um indivíduo. No entanto, tratando-se
de situações que impliquem a observação de atitudes ou de contagem de
tempo, o número de observadores necessários aumenta pelo facto de ter que
se garantir rigor nas observações. Neste caso, é imprescindível fazer um treino
prévio dos observadores (afinar procedimentos - "validar o instrumento") e
avaliar a fiabilidade inter-observadores, no sentido de garantir que os
resultados das observações traduzam, tão exactamente quanto possível, o que
se passou durante os períodos de observação.

Pelo contrário, quando se recorre à observação vídeo não é absolutamente


necessário fazer um treino prévio do observador nem avaliar previamente a sua
fiabilidade. O treino do observador poderá ser feito após a recolha de imagens
e, de acordo com Van der Mars (1989), a verificação da fiabilidade intra-
observador deve ser feita, no mínimo, uma semana após o registo da
observação. O cálculo da fiabilidade é efectuado através da divisão do número
das situações em que há coincidência, pelo somatório das coincidências e das
Acordos
divergências ( xioo). Através desta operação, determina-se a
Acordos + Desacordos

percentagem de acordos do observador.

2.2.2.1 Observação da produção


Tratando-se de um trabalho de manufactura, a quantificação da produtividade
pode ser feita em termos de trabalho por unidade de produção, como medida
directa do tempo de trabalho (Seagraves, 2002; Parker, 2001; Riedel et ai.,
2001; Croce e Horvat,1992). Esta avaliação pode ser feita em situações reais
de trabalho ou em situações de tarefa simulada e durante todo o período de
laboração ou durante uma parte do tempo (Seagraves, 2002; Parker, 2001;
Zetts et ai. 1995; Croce e Horvat,1992).

70
Revisão da literatura

=> Observações feitas em trabalhos experimentais com indivíduos com


deficiência mental

No trabalho experimental desenvolvido por C roce e Horvat (1992), foi


quantificado o número de frascos correctamente embalados em caixas de
cartão durante o período normal de laboração da oficina (6 horas) ­ a tarefa
envolvia a dobragem das caixas de cartão, a colocação de tampas no frascos
(peso entre 28 e 227 gramas), a colocação dos frascos nas caixas (12 por
caixa), fechar as caixas e empilhá­las. A contagem foi repetida uma vez por
semana, durante o período em que decorreu o trabalho.

No trabalho desenvolvido por Zetts et ai. (1995), foram criadas três situações
de tarefa simulada, com vista à avaliação da produtividade. Estas tarefas
consistiam em: empilhar caixas de cartão com as dimensões de 47cm x 33cm x
25cm e com o peso de 11,34 kgs em cima de uma mesa, cujo tampo distava do
chão 76,2 cm; empurrar um carro de mão com o peso de 38,55 kgs; transportar
3 baldes (com a capacidade de 13,6 litros) com o peso de 11,34 kgs (cada).
Para avaliarem o trabalho produzido contaram as caixas empilhadas num
minuto e mediram a distância percorrida com o carro de mão e com os baldes,
num período de tempo igual. Os participantes foram avaliados nas 14 sessões
que constituíram o programa de treino.

Parker (2001) quis avaliar a capacidade de produção de adultos com


deficiência mental em situação simulada e em situação real de trabalho. No
caso das tarefas simuladas, utilizou duas situações idênticas às de Zetts et ai.
(1995):

■ colocar 8 caixas de cartão com as dimensões de 47cm x 33cm x 25cm e


com o peso de 11,34 kgs em cima de uma mesa (tampo a 76,2 cm do
solo). As caixas encontravam­se no chão e eram transportadas uma a
uma até à mesa. Os participantes não tinham que andar mais de um ou
dois passos para ir buscar as caixas. A prova era repetida 3 vezes, com
um intervalo de 5 minutos. A primeira execução era de treino e eram

71
Revisão da literatura

utilizadas caixas com menor peso (6,8 Kgs) para evitar a fadiga. O
resultado da prova era obtido através do cálculo da média das duas
últimas repetições;

■ empurrar um carro de mão com duas rodas, com o peso de 38,55 kgs
(duas caixas de cartão com 18,14 kgs e 20,41 kgs), num percurso
rectangular de 49 metros (6 metros x 18 metros). C omo na prova
anterior, a primeira execução era de treino e era transportado um peso
menor (22,68 Kgs) para evitar a fadiga. O resultado da prova era obtido
através do cálculo da média das duas últimas repetições;

Para a avaliação da situação real de trabalho, as informações foram recolhidas


pelos Supervisores dos 4 indivíduos que participaram no estudo. Em dois
casos ficou definido que os Supervisores forneceriam um relatório quinzenal
sobre a quantidade de horas de trabalho e o pagamento por hora, e um
relatório semanal com comentários e classificação (fraco, médio, bom,
elevado). Nos outros dois casos, os Supervisores preenchiam apenas o
relatório semanal (comentários e classificação). O investigador apenas visitou
os locais de trabalho no início e no final do estudo e não teve "qualquer
controlo sobre as condições de trabalho, horas de trabalho ou quantidade de
trabalho produzido pelos participantes" (Parker, 1991 p.45).

No estudo de Seagraves (2002) foram utilizadas três situações de tarefa


simulada (empilhar caixas, transportar baldes e empurrar um carro de mão) e
uma situação real de trabalho (empilhar cadeiras de plástico):

■ empilhar caixas ­ empilhar o maior número possível de caixas numa


mesa com aproximadamente 91 centímetros de altura, durante um
minuto. As caixas encontravam­se colocadas numa mesa idêntica,
afastada aproximadamente 3 passos, relativamente à primeira;

■ transporte de baldes ­ transportar a passo 2 baldes (com a capacidade


de 22,7 litros) carregados com 9 kgs cada, num percurso rectangular
durante 30 segundos. Para a avaliação desta tarefa era registada a
distância percorrida;

72
Revisão da literatura

■ empurrar carro de mão ­ empurrar um carro de mão durante 30


segundos, num percurso à volta de dois cones distanciados entre si 10
metros. C omo na tarefa anterior, a prestação desta tarefa era avaliada
em função da distância percorrida;

■ empilhar cadeiras de plástico ­ colocar o maior número possível de


cadeiras em cima das mesas (numa cafetaria), durante o período de um
minuto. Era registado o número de cadeiras correctamente colocado.

2.2.2.2 Observação do tempo de trabalho


O registo do tempo que os operários utilizam em tarefa, em distracção, em
interacção com colegas ou supervisores e noutras situações, permite­nos
perceber a forma como gastam o tempo destinado ao trabalho. Através da
análise deste tempo é possível perceber que relações se estabelecem e o
tempo que cada um lhes dedica. Em simultâneo com a análise do tempo de
trabalho, a contagem da produção individual, permite­nos reconhecer os
índices de produtividade de cada indivíduo.

Para a análise do tempo de trabalho, ou da forma como o tempo de trabalho é


utilizado, as gravações vídeo apresentam­se mais vantajosas relativamente à
observação em tempo real, uma vez que permitem observar um maior número
de indivíduos durante um período de tempo contínuo.

A observação de gravações vídeo tem também a vantagem de proporcionar


condições que levam a um maior rigor nos dados recolhidos. Por um lado,
permitem uma maior precisão da contagem dos tempos quando se usa o
cronometro interno do vídeo ou do programa informático (no caso de se
recorrer à digitalização das imagens), e por outro lado, a visualização das
imagens pode ser repetida a qualquer momento, o que ajuda a minimizar erros
de observação decorrentes de situações de fadiga ou de distracção.

E é precisamente pela possibilidade de rever imagens, que o vídeo se reveste


de uma grande importância nos estudos experimentais de medidas repetidas. A

73
Revisão da literatura

necessidade de garantir a fiabilidade das observações ao longo da


investigação, tanto nos casos de um observador (análise da fiabilidade intra-
observador), como nos casos de vários observadores (análise da fiabilidade
inter-observadores), é crucial para a própria investigação. E o vídeo
proporciona essa análise, precisamente pela possibilidade de se observarem
de novo situações já analisadas e registadas. Como referimos anteriormente, a
validade de um estudo passa pela validade dos instrumentos e pela sua
fiabilidade, e como refere Van der Mars (1989), no processo de análise de uma
dada situação, o observador pode ser considerado um instrumento de
avaliação, pelo que se torna necessário verificar o grau de consistência das
suas observações.

74
OBJECTIVOS E HIPÓTESES
Objectivos e hipóteses

3 Objectivos e hipóteses

Como objectivo geral, este trabalho pretendeu estudar a influência de um


programa de treino orientado para o desenvolvimento da condição física, na
produtividade de pessoas deficientes mentais.

Especificamente, é nosso propósito:

1. determinar se o programa de treino consegue fazer aumentar a condição


física na população estudada.

2. determinar se o programa de treino consegue fazer aumentar o número


de peças produzidas durante o dia de trabalho.

3. conhecer a forma como os operários utilizam o seu tempo de trabalho e


determinar se o programa de treino consegue fazer diminuir o número e
o tempo gasto em comportamentos não relacionados com a actividade
produtiva.

Como hipóteses básica, considerámos que o programa de treino faz aumentar


a produtividade dos operários.

Na sequência desta hipótese, considerámos que o programa de treino faz:

1. aumentar a condição física na população estudada;

2. aumentar o número de peças produzidas durante o dia de trabalho;

3. diminuir o número de comportamentos não relacionados com a


actividade produtiva, e consequentemente, faz aumentar o tempo em
tarefa.

77
MATERIAL E MÉTODOS
Material e métodos

4 Material e métodos

Trata-se um estudo de natureza experimental, realizado nas instalações do


Enclave de Produção do Centro de Educação e de Formação Profissional
Integrada (CEFPI) - Porto, que é desenvolvido em três fases.

• Na primeira fase é aplicado um pré-teste, em que é feito o registo da


condição física, da produtividade e da forma como o tempo de trabalho é
utilizado pelos sujeitos da nossa amostra;

• Na segunda fase é aplicado um programa de treino, com a duração de


14 semanas, orientado para o desenvolvimento da resistência aeróbia,
desenvolvimento da força geral e da flexibilidade;

• Na terceira fase é aplicado um pós-teste, em que são utilizados os


mesmos instrumentos e a mesma metodologia do pré-teste.

A amostra, constituída por 18 operários do CEFPI, foi dividida aleatoriamente


por dois grupos, sendo um o grupo experimental (grupo I), que foi submetido ao
programa de treino acima referido, e o outro, o grupo de controlo (grupo II),
que continuou a laborar na oficina.

4.1 Protocolo experimental


Ao longo de um período de 14 semanas (três sessões por semana, com a
duração entre 35 e 60 minutos - ver Quadro 9), o Grupo Experimental é
submetido a um programa de treino orientado para o desenvolvimento da
resistência aeróbia, desenvolvimento da força geral e da flexibilidade,
enquanto o Grupo de Controlo se mantém a trabalhar na oficina.

No planeamento do programa de treino, que se pretende tão individualizado


quanto possível, e no sentido de proporcionar a cada elemento do grupo as
melhores condições de trabalho, são consideradas:

81
Material e métodos

• as diferenças individuais dos participantes (os resultados obtidos no pré-


teste de condição física e a informação obtida através do sector médico);

• as reacções dos participantes às propostas de trabalho e às cargas


solicitadas

4.1.1 Programa de treino: duração das sessões e intensidade do


esforço
Tendo em conta que os indivíduos que constituem o grupo experimental não
praticam qualquer actividade desportiva há mais de oito anos, e na perspectiva
de que provavelmente voltarão a deixar de ter contacto com a actividade física
desportiva, o programa de treino é realizado em 3 fases.

Durante a primeira fase, que decorre até à 5a semana, inclusive, o tempo de


duração das sessões aumenta gradualmente e a intensidade do esforço é
baixa até à 4 a semana, passando a moderada na 4 a e 5a semana.

A segunda fase, inicia-se na 6a semana do programa de treino e prolonga-se


até à 13a semana, inclusive. Neste período, as sessões tem a duração máxima
estipulada (60 minutos) e a intensidade de esforço é elevada; no treino da
resistência os participantes devem manter um esforço próximo de 70% da sua
capacidade aeróbia máxima (controlada através da contagem dos batimentos
cardíacos durante o período de esforço) e no treino da força devem procurar
ultrapassar, em cada treino, o número máximo de repetições conseguidas
anteriormente (recorde pessoal, por exercício).

Na terceira e última fase do programa de treino, o tempo das sessões diminui


de 60 para 45 minutos e a intensidade de esforço também diminui; no treino da
resistência o esforço é reduzido para próximo de 50% da capacidade aeróbia
máxima e no treino da força o número de repetições é fixado em 50% do
recorde pessoal, para cada exercício.

82
Material e métodos

Quadro 9 - Tempo de duração das sessões do treino

Conteúdos do treino
Tempo
Fase Semana Resistência Retorno total
Activação
Flexibilidade Força à calma
Geral Aeróbia

1a 10 6 6 8 5 35

2a 10 6 6 8 5 35

1a 3a 10 7 8 10 5 40

4a 10 12 10 13 5 50

5a 10 12 13 13 5 55

2a 6a-13a 10 12 13 20 5 60

3a 14a 10 12 8 10 5 45

4.1.2 Organização, estrutura e desenvolvimento das sessões do


programa de treino
Em todas as sessões é utilizada música, com ritmos adequados às diferentes
partes do treino.

No sentido de criar rotinas que facilitem a organização da aula, são mantidos


os exercícios que nas primeiras sessões mais entusiasmem o grupo, e pela
mesma sequência.

As sessões são constituídas por cinco partes: activação geral; flexibilidade;


desenvolvimento da força; desenvolvimento da resistência aeróbia; retorno à
calma.

=> Activação geral

No período de activação geral são feitos deslocamentos diversos, tais como:


marcha, corrida e pequenas deslocações em quadrupedia e na posição de
cócoras e pequenos saltos (coelho, pé coxinho, canguru).

Os períodos de corrida são alternados com marcha e com mobilização em


simultâneo dos braços (circundução à frente e atrás, adução e abdução, e

83
Material e métodos

outros). Durante os períodos de marcha é também feita a mobilização do


pescoço e pulsos.

Nesta fase do treino são realizados os jogos pré-desportivos: "Roubar" o lenço


(pendurado atrás das costas do colega) e caçadinhas.

=> Flexibilidade

Nas três primeiras semanas é feito apenas trabalho de flexibilidade activa-


assistida. A partir da quarta semana, o desenvolvimento da flexibilidade inclui
exercícios de flexibilidade activa. Em cada sessão, os exercícios de
flexibilidade activa-assistida antecedem sempre os de flexibilidade activa.

Trabalho de flexibilidade activa-assistida:

• Articulação coxo-femural - adbução dos membros inferiores, a partir da


posição de pé, flectindo o tronco à frente e procurando apoiar as mão no
solo, sem dobrar os joelhos. Manter a posição de máxima flexão durante 10
segundos, voltar à posição de pé e repetir o exercício.
• Articulação escápulo-humeral - com apoio dos pulsos no espaldar,
membros inferiores ligeiramente flectidos e um pé ligeiramente avançado
relativamente ao outro, flectir o tronco mantendo os membros superiores em
extensão e a cabeça em flexão; forçar a amplitude do movimento de
elevação antero-superior dos membros superiores (descer os ombros em
direcção ao solo) até ao limiar da dor. Manter a posição de máxima flexão
durante 10 segundos, voltar à posição de pé e repetir o exercício.

• Flexão do tronco à frente - a partir da posição de sentado, pernas em


extensão e ligeiramente afastadas, flectir o tronco à frente, procurando
chegar com as mãos o mais longe possível e manter o olhar dirigido para a
frente (não flectir a coluna vertebral ao nível da zona cervical e da zona
dorsal). O movimento de flexão deve continuar até atingir o limiar da dor.
Manter a posição de máxima flexão durante 10 segundos, voltar à posição
inicial de sentado e repetir o exercício. Este exercício é feito com a ajuda de

84
Valeria! e métodos

um colega, que empurra o tronco, ao nível da zona dorso-lombar. Os pares


trocam de posição depois de concluído o exercício.
• Flexão lateral do tronco - na posição de pé, com os membros inferiores em
extensão e ligeiramente afastados, inclinar o tronco para o lado direito,
fazendo deslizar a mão ao longo da parte exterior do membro inferior.
Depois de atingir o ponto máximo de flexão, manter a posição durante 10
segundos. Em seguida executar o exercício para o lado contrário e repetir
uma vez para cada lado. Deve ser evitada a rotação do tronco e a
anteversão da bacia.

Trabalho de flexibilidade activa:

A partir de movimentos ritmados (actividades do tipo ginástica aeróbia), realizar


movimentos com amplitude e que solicitem as articulações previamente
trabalhadas

• Articulação escápulo-humeral - na posição vertical, com olhar dirigido para


a frente e pernas ligeiramente afastadas, realizar 3 movimentos diferentes:
• antepulsão/retropulsão dos membros superiores até à amplitude
máxima, que deve ser mantida durante 10 segundos por acção dos
músculos agonistas (realizar 3 ciclos de movimento);

• abdução dos membros superiores, a partir do cruzamento dos braços


à frente do tronco, seguido de movimento oblíquo, até ao máximo de
amplitude do movimento - um faz a elevação ântero-superior e o
outro a retro-pulsão (realizar 3 ciclos de movimento com cada braço
em elevação ântero-superior). A posição de máxima amplitude deve
ser mantida durante 10 segundos por acção dos músculos agonistas.

• Flexão do tronco à frente - a partir da posição vertical, com os membros


inferiores em extensão e unidos, flectir o tronco à frente até atingir o limite
do movimento. A posição de máxima flexão deve ser mantida durante 10
segundos e o olhar deve ser dirigido para a frente. Durante este período de
10 segundos, os membros superiores, pendentes e descontraídos,
balançam alternadamente no sentido ântero-posterior, com o objectivo de

85
Material e métodos

ajudarem a forçar a aproximação do tronco aos membros inferiores. Depois


de voltar à posição inicial, o exercício é repetido mais duas vezes.
• Rotação do tronco - na posição de pé, com os membros inferiores em
extensão e ligeiramente afastados, braços em abdução e paralelos ao solo,
realizar a rotação do tronco até ao limiar da dor (a cabeça deve
acompanhar a rotação e o olhar deve ser dirigido para trás durante o
movimento). A posição de máxima rotação deve ser mantida através da
acção dos músculos agonistas, durante 5 segundos. O exercício é realizado
duas vezes para cada lado.

=> Força

Para o desenvolvimento da força recorre-se a dois tipos diferentes de


organização do trabalho.

Na primeira parte do trabalho de força o treino é feito por estações. Os


participantes são divididos em 3 grupos (de 3 indivíduos) e realizam durante o
período de 1 minuto, cada um dos exercícios a seguir descritos (passam 2
vezes por cada estação).

• Saltitares em banco sueco - com o banco sueco encostado aos


espaldares (paralelamente à parede), os participantes iniciam o
exercício com as mãos apoiadas nos espaldares, um pé em cima do
banco sueco e outro pé no chão. O exercício consiste em trocar os
apoios (pés) através de saltos sucessivos, durante um minuto.

• Extensões de braços - os participantes executam o maior número de


extensões de braços durante o período de um minuto. Os pés estão
apoiados afastados e os joelhos podem estar em apoio no solo
durante a realização das extensões de braços. Aos participantes é
dito que se necessitarem podem descansar com o peito apoiado no
solo, no entanto são encorajados a realizar o maior número possível
de repetições, e de preferência sem o apoio dos joelhos. Atendendo
à dificuldade deste exercício e ao facto de alguns indivíduos do grupo
não saberem contar, é importante que o aplicador do programa

86
"aterial e métodos

esteja junto do grupo que se encontra nesta estação para os motivar


e ajudar a contar as repetições.

• Haltères de mão ­ são disponibilizados haltères de 2 Kgs, 3 Kgs e 5


Kgs para a realização de dois tipos de movimento, durante meio
minuto cada um (é necessário um cronometro para sinalizar a
passagem do meio minuto). Os indivíduos são estimulados a utilizar
haltères de maior peso, desde que consigam realizar os exercícios
com correcção durante o tempo estipulado.

■ abdução dos membros superiores, com os braços inicialmente


junto ao tronco; o participante deve estar de pé e manter o
tronco e a cabeça perfeitamente alinhados.

■ movimentos de balanço no sentido antero­posterior, com


ligeira flexão do antebraço sobre o braço; o participante deve
estar de pé : com os membros inferiores paralelos e
ligeiramente afastados e fazer o movimento de rotação da
bacia para compensar o desequilíbrio provocado pela
deslocação dos haltères.

Na segunda parte do trabalho de força, todo o grupo faz abdominais.


Constituem­se pares, por forma a que um segure nos pés enquanto o colega
faz o exercício (cada participante realiza o exercício duas vezes); é importante
assegurar que em cada grupo haja pelo menos um indivíduo que saiba contar,
caso contrário, terá que ser o aplicador a fazer a contagem.

O exercício é realizado com as pernas unidas e flectidas a 90° e mãos atrás da


nuca. Em cada elevação os cotovelos devem tocar nos joelhos. Nos casos em
que o participante não consiga realizar o exercício com as mão na nuca, pode
fazê­lo com as mão nos ombros (braços cruzados ao nível do peito), ou, se
mesmo assim ainda não consegue, pode usar o balanço dos braços (a partir da
posição antero­superior, dirigi­los para os joelhos enquanto levanta o tronco).

A cada participante é proposto um número de execuções de acordo com o seu


nível de força. Quando um participante alcança ou ultrapassa o número de

87
Material e métodos

execuções proposto, na sessão seguinte é-lhe proposto um número superior -


múltiplos de 5 (10; 15; 20; 25; 30; 35).

=> Resistência aeróbia

Para o desenvolvimento da resistência aeróbia são utilizadas a corrida contínua


e uma sequência de passos simples, do tipo utilizado na ginástica aeróbia.

Estes dois tipos de exercícios são aplicados de forma alternada: corrida


contínua (7 minutos) - sequência de passos (6 minutos) - corrida contínua (7
minutos).

A sequência de passos acima referida, de fácil execução, é treinada durante a


primeira fase do programa de treino (até à quinta semana), por forma a que na
segunda fase os praticantes consigam manter um ritmo de trabalho elevado.

Ao longo das sessões a velocidade de corrida e da sequência de passos é


aumentada de acordo com a evolução do grupo.

=> Retorno à calma

Durante o período de retorno à calma são realizados exercícios de relaxamento


muscular.

88
Material e métodos

4.2 Amostra
Segundo os dados existentes nos processos individuais, e os dados obtidos
junto da Unidade de Avaliação do CEFPI, todos os indivíduos que participam
neste estudo (n=18) são portadores de deficiência mental moderada. De
acordo com informações recolhidas no Sector Médico, nenhum toma
medicação ou tem doenças ou lesões que impeçam a participação no
programa desportivo.

A participação dos sujeitos da amostra foi previamente autorizada pelas


respectivas famílias.

4.2.1 Caracterização da amostra


A amostra, inicialmente constituída por 26 operários (8 do sexo feminino e 18
do sexo masculino), passou a ser constituída apenas pelos 18 indivíduos,
pelos motivos apresentados no Quadro 10.

Quadro 10 - Indivíduos excluídos do programa

Motivo N° de indivíduos

Não conseguirem desempenhar a tarefa que é sujeita à avaliação da


6
produtividade

De acordo com a médica do CEFPI, a grande probabilidade de ataque


2
epiléptico aconselhava a não participação no programa desportivo

Dos 18 indivíduos, 6 são do sexo feminino e 12 do sexo masculino, com a


idade média de 40,6 ± 4,71 anos, tendo o mais novo 32 anos e o mais velho
49 anos. No Quadro 11, podem observar-se os dados relativos à constituição
dos grupos, no que diz respeito à idade e ao sexo.

Nove indivíduos encontram-se no escalão etário dos 30-39 anos, e outros


nove no escalão 40-49.

89
Material e métodos

Quadro 11 - Constituição dos grupos: sexo, número e idade

Idade
Sexo N°
Média Desv. Padrão Máxima Mínima

F 3 42 5,57 48 37
Grupo /
M 6 40,0 5,97 49 32

F 3 39,3 2,52 42 37
Grupo II
M 6 41,0 4,69 47 35

=> A experiência relativa à pratica de actividades físicas desportivas

Relativamente à participação em actividades físicas desportivas durante o


tempo de lazer, e segundo informação das respectivas famílias, a situação é a
seguinte:

No Grupo de controlo (grupo II)

• Um indivíduo frequenta uma aula semanal de natação (45 minutos)


e um treino semanal (1 hora) de atletismo e futebol. Estas
actividades são desenvolvidas num clube que se dedica
exclusivamente a pessoas com deficiência mental;

• Um indivíduo frequenta um programa de desenvolvimento da


condição física (resistência aeróbia e força e resistência muscular)
numa academia particular;

• Dois indivíduos praticaram natação, mas já abandonaram a


actividade há mais de dois anos;

• Os restantes cinco elementos do grupo de controlo não praticam


qualquer actividade física desportiva de forma regular há mais de 8
anos, altura em que o CEFPI deixou de lhes proporcionar este tipo
de actividades.

No Grupo experimental (grupo I)

• Todos os indivíduos já não praticam actividades desportivas desde


que o CEFPI deixou de lhas proporcionar.

90
Material e métodos

=> Situação clínica da amostra

A situação clínica da amostra é apresentada no Quadro 12. Destacamos 3


casos de obesidade (2 indivíduos com síndroma de Down), 3 casos de
problemas articulares (1 com patologia degenerativa osteoarticular e outro
com escoliose dorso-lombar associada), 4 casos com epilepsia, sendo 1
assinalado com probabilidade de ataque durante o exercício - este indivíduo,
como anteriormente referido, frequenta um programa de desenvolvimento da
condição física em academia particular.

Quadro 12 - Situação clínica da amostra

Grupo I Grupo II

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Obesidade X X X

Hipertensão X

Problemas articulares X X X

Escoliose dorso-lombar X X

Escoliose dorsal X

Asma X

Epilepsia com alguma


probabilidade de ataque X
durante o exercício
Epilepsia sem
probabilidade de ataque X X X
durante o exercício
Patologia psicótica X

Tipo medicação a) b) c) a) a)
a) Anti-epilético
b) Neuroléptico
c) Anti-hipertensivo

=> Produtividade

De acordo com a avaliação efectuada pela Unidade de Avaliação do CEFPI


em Dezembro de 2001, a capacidade média de produção em posto de
trabalho era de 17% relativamente à capacidade de um trabalhador normal,

91
Material e métodos

conforme Quadro 13. Neste processo foi avaliado o nível de desempenho de


cada operário nas diferentes tarefas que são desenvolvidas na oficina
(colocação de molas de roupa em cartões - conjuntos de 12; colocação de
conjuntos de guaches em caixas de plástico; montagem de fechos de roldana;
montagem de deslizadores). Para a determinação da percentagem de
produtividade dos operários, foi necessário estimar a capacidade de produção
de um operário normal, e na ausência de referenciais validados, foi calculada
a partir do trabalho desenvolvido pelas Supervisoras da oficina e por Técnicos
da unidade de avaliação, durante o período de uma hora. Para o cálculo do
valor de referência foram, assim, contadas as peças produzidas pelos
colaboradores em diferentes períodos do dia. Tanto os Técnicos como as
Supervisoras foram previamente submetidos a um período de treino.

O nível de desempenho foi obtido, tendo em conta, por um lado, a quantidade,


a qualidade e o grau de supervisão que cada operário necessita em cada
tarefa, e por outro lado, o grau de importância dessa tarefa para a função.

Quadro 13 -Avaliação da produtividade (Dez. 2001)

Escalão da
N° de indivíduos
produtividade
Até 10% 9
De 11% a 20% 7
De 21% a 30% 7
De 31% a 40% 2
+ de 40% 1

4.2.2 Constituição dos grupos


Como anteriormente referimos, no processo de investigação da situação
apresentada foram organizados 2 grupos. O grupo experimental (grupo I), ao
qual foi aplicado o programa de treino descrito em 4.1 Protocolo experimental,
e o grupo de controlo (grupo II), que se manteve a trabalhar na oficina.

92
Material e métodos

A constituição dos grupos foi feita de forma aleatória, pelo processo que
passamos a descrever:

1. Foram excluídos do projecto, como referidos a propósito da


caracterização da amostra, os operários que:

1.1. Não conseguiam desempenhar a tarefa que ia ser sujeita à


avaliação da produtividade (colocação de molas em cartões);

1.2. Apresentavam problemas de saúde, que condicionavam a sua


participação no programa desportivo (de acordo com parecer da
médica do CEFPI);

2. Foi pedido às Supervisoras dos operários que constituíssem dois


grupos de trabalho, equivalentes em termos de produtividade.
Posteriormente, confirmou-se a equivalência dos grupos, através da
contagem de peças produzidas durante um período de trabalho, tendo
sido necessário fazer a troca entre dois indivíduos de grupos
diferentes, porque um dos grupos produzia bastantes mais peças que
o outro. Foram também feitos ajustamentos dentro dos dois grupos,
através da troca de elementos dentro do mesmo grupo, por questões
que se relacionavam com relações interpessoais (antipatia/simpatia
entre os elementos), que influenciavam o trabalho.

3. O grupo experimental (grupo I), foi determinado pelo indivíduo que


ocupava o primeiro lugar na lista geral de nomes, ordenada
alfabeticamente por ordem crescente.

93
Material e métodos

4.3 Procedimentos de recolha de dados

4.3.1 Condição física

4.3.1.1 Determinação dos instrumentos de avaliação da condição física

Não tendo sido encontrada nenhuma bateria de testes validada para avaliar a
condição física da população em que se integra a nossa amostra (adultos,
portadores de deficiência mental moderada), procuramos obter opinião de
investigadores que publicam artigos relacionados com a condição física de
pessoas com deficiência mental. De acordo com o Professor James Rimmer
(2002) (Anexo II), é possível aplicar a bateria "EUROFIT para Adultos", a qual
permite estabelecer comparação com indivíduos adultos não deficientes, o que
não está em desacordo com a posição do Professor Pauli Rintala (2002)
(Anexo lii).

Na ausência de uma bateria de testes de condição física validada para adultos


com deficiência mental moderada, e porque os sujeitos da nossa amostra
foram referenciados por Gomes (2000), que considerou a possibilidade de se
aplicar a bateria de testes "Funcional Fitness Test, decidimos realizar um
estudo prévio para a determinação do instrumento a utilizar na avaliação da
condição física. Neste estudo, fizemos aplicação da bateria "EUROFIT para
Adultos" (Conseil de L'Europe, 1995) e da bateria "Funcional Fitness Test' (Rikli
e Jones, 2001).

A bateria "EUROFIT Para Adultos" (Conseil de L'Europe, 1995) é destinada a


indivíduos de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 20 e os
65 anos - intervalo etário em que a nossa amostra se inclui. Substituímos, no
entanto, as provas propostas para a avaliação da capacidade aeróbia, pela
prova "Rockport Fitness Walking Test (RFWT)" ( Kunde e Rimmer, 2000;
McCubbin et al., 1997), por esta prova estar validada para a população em que
se integra a nossa amostra.

95
Material e métodos

Esta bateria (EUROFIT Para Adultos) disponibiliza tabelas com valores de


referência, por grupos de idade (20-29, 30-39, 40-49, 50-59 e 60-65 anos),
sexo e percentil (20, 40, 60 e 80), embora obtidos para populações de países
diversos, como se pode ver no Quadro 14.

Quadro 14 - População de referência da bateria EUROFIT para Adultos

Teste Referência (percentil) Escalão etário


Abdução do ombro População Inglesa 20-29 a 60-65
Equilíbrio sobre uma perna População Sueca 20-29 a >60
Salto vertical, sem corrida de balanço População Sueca 20-29 a 2:60
Dinamómetro manual População Inglesa 20-29 a 60-65

Abdominais População Sueca 20-29 a 260

Flexão lateral do tronco População Finlandesa 30-39 a 50-59


Flexão do tronco à frente (sentado) População Sueca 20-29 a 260

A bateria "Funcional Fitness Test', validada para populações com idade a


partir dos 60 anos, disponibiliza também tabelas com dados de referência por
grupos (60-64, 65-69, 70-74, 75-79, 80-84, 85-89 e 90-94 anos) e percentil (de
5 a 95, com incrementos de 5), e é constituída por provas que reflectem os
atributos fisiológicos para a consecução independente de tarefas caseiras, de
cuidados de higiene, do transporte de compras e outras rotinas (Sardinha e
Martins, 1999).

4.3.1.2 Estudo prévio


Com a aplicação das provas verifica-se uma tendência para a aprendizagem
(Sardinha e Martins, 1999; Baumgartner e Jackson, 1995), assim, para garantir
que os resultados obtidos no teste descrevessem a condição física dos
participantes, o estudo prévio foi feito com a totalidade da amostra. As baterias
foram aplicadas de acordo com o protocolo estabelecido pelos autores. A
ordem de realização das provas, que se encontram descritas no Anexo IV e no

96
Material e métodos

Anexo V, corresponde à ordem definida pelos autores e que é apresentada no


Quadro 15.
Quadro 15 - Provas a aplicar no estudo prévio

1. Levantar e sentar na cadeira


2a feira 2. Flexão do Antebraço
3. Sentado e alcançar
Funcional Fitness
Test
4. Alcançar atrás das costas
3a feira 5. Sentado, caminhar 2,44 m e voltar a sentar
6. Andar seis minutos

1. Equilíbrio sobre uma perna


Eurofit para Adultos 5a feira 2. Salto vertical, sem corrida de balanço
e 3. "Abdominais"
Rockport Fitness
Walking Test 4. Flexão lateral do tronco
(RFWT) 6a feira 5. Flexão do tronco à frente (sentado)
6. Uma milha a andar

Na primeira sessão do estudo prévio, explicamos o motivo pelo qual as provas


iam ser aplicadas e referimo-nos muito sumariamente a cada uma delas. Nesta
explicação tivemos em conta a capacidade de compreensão dos indivíduos.

As sessões foram iniciadas com uma activação geral, em que foram incluídos
exercícios de flexibilidade.

Antes da realização de cada prova, e de acordo com o protocolo estabelecido


pelos autores, explicamos as instruções e procedimentos de cada teste,
fizemos a sua demonstração e demos o tempo necessário para que fossem
experimentados.

Com o objectivo de fazer a aplicação das provas no menor tempo possível,


recorremos a dois técnicos, ficando cada um responsável por provas
diferentes. Esta nossa preocupação está de acordo com Baumgartner e
Jackson (1995), que consideram que diminuir o tempo de espera pode prevenir
problemas de indisciplina e evitar a redução da satisfação dos participantes nas
actividades.

Nas provas "Andar seis minutos" da bateria "Funcional Fitness Test e


"Rockport Fitness Walking Test (RFWT)", que se encontra descrita no Anexo

97
Material e métodos

VI, cada participante foi acompanhado por um colaborador nosso, que se


manteve ligeiramente à frente, para o motivar a percorrer a maior distância
possível (Kunde e Rimmer, 2000; McCubbin et ai., 1997).

Durante a aplicação da bateria "EUROFIT para Adultos", apercebemo-nos do


fraco poder discriminador da prova "Elevação do tronco a partir da posição de
sentado" (Abdominais) e da dificuldade da nossa amostra na realização dos
testes "Salto em altura" e "Equilíbrio sobre uma perna".

No teste "Elevação do tronco a partir da posição de sentado" (Abdominais),


61,11 % dos indivíduos conseguiu realizar o máximo de execuções previstas no
protocolo, o que tira a este teste o poder de descriminar a nossa amostra.
No teste "Salto em altura", grande parte dos indivíduos fazia um uso pouco
eficaz dos membros superiores para ajudar no balanço, tendo o problema sido
solucionado com o ensino da técnica de execução e a utilização de um tempo
suplementar para a sua aprendizagem.

No teste "Equilíbrio sobre uma perna", a maior parte dos indivíduos não
conseguiu executar a prova com os olhos fechados. Depois de um tempo mais
prolongado de adaptação à prova, decidimos que no estudo prévio esta prova
fosse realizada com olhos abertos.

Depois de realizadas todas as provas, verificamos que a bateria "EUROFIT


para Adultos" é aplicável à nossa amostra e que nos permite diferenciar os
indivíduos quanto à flexibilidade, equilíbrio e força dos membros inferiores.
Relativamente à força e resistência abdominal, para discriminar os indivíduos,
toma-se necessário que a prova se prolongue para além das 3 séries de 5
abdominais estabelecidas no protocolo, enquanto o participante conseguir;
deve manter as mãos na nuca e tocar com os cotovelos nos joelhos em cada
elevação.

Pelo contrário, a bateria "Funcional Fitness Test', não nos permite avaliar a
força e resistência abdominal e mostrou-se de mais difícil aplicação. Por
exemplo, na prova "Levantar e sentar da cadeira", alguns indivíduos mostraram

98
Material e métodos

alguma dificuldade em fazer a extensão máxima (posição vertical) quando se


levantavam, e na prova "Sentado, caminhar 2,44 m e voltar a sentar", vários
indivíduos corriam em vez de andar rápido. Manifestaram ainda dificuldade em
fixar o braço na prova "Flexão do antebraço".

Tendo em conta a opinião manifestada pelos investigadores Professor Pauli


Rintala e Professor James Rimmer, e tendo sido constatada a aplicabilidade da
bateria "EUROFIT para Adultos" à nossa amostra, decidimos optar pela sua
utilização no estudo, rejeitando, assim, a bateria "Funcional Fitness Test'.

4.3.1.3 Avaliação da Condição Física

A avaliação da condição física é realizada através de um pré-teste e de um


pós-teste.

As sessões de avaliação da condição física, no pré-teste e no pós-teste são


iniciadas com uma activação geral, em que se incluem exercícios de
flexibilidade. Antes da realização de cada prova são dadas instruções,
explicados os procedimentos necessários e feita uma demonstração.

Para a avaliação da capacidade aeróbia, é aplicada a prova "Rockport Fitness


Walking Test (RFWT)", de acordo com o protocolo estabelecido (Anexo VI).

Para a avaliação da flexibilidade, força e resistência abdominal, e equilíbrio,


são aplicadas as provas da bateria de testes "Eurofit para Adultos", que a
seguir são referidas:

• Abdução do ombro;
• Flexão lateral do tronco;
• Flexão do tronco à frente (sentado);
• Dinamómetro manual;
• Salto vertical, sem corrida de balanço;

99
Material e métodos

• Elevação do tronco a partir da posição de sentado (Abdominais);


• Equilíbrio sobre uma perna.

As provas da bateria de testes "Eurofit para Adultos", são aplicadas de acordo


com o protocolo estabelecido pelo Conselho da Europa (1995), com excepção
para seguintes provas:

• Equilíbrio sobre uma perna - a aplicação da prova é feita com olhos


abertos, em vez de olhos fechados;

• Elevação do tronco a partir da posição de sentado (Abdominais) - a


prova prolonga-se para além das 3 séries de 5 abdominais
estabelecidas no protocolo. A 3a série de 5 abdominais, realizada com
as mãos na nuca e a tocar com os cotovelos nos joelhos em cada
elevação, deve ser mantida enquanto o participante conseguir; a prova
termina quando os indivíduos não conseguem continuar a tocar com os
cotovelos nos joelhos.

Para as situações em que se pretendam discriminar os participantes, o


Conselho da Europa (1995) sugere que se substitua este teste.
Tratando-se de indivíduos jovens e/ou com boa condição física, o que
não é o caso da nossa amostra, o Conselho da Europa considera que
será de aplicar o teste proposto no "EUROFIT pour les Enfants"
(número de repetições máximas em 30 segundos),

100
Material e métodos

4.3.2 Produção
A avaliação da capacidade de produção da nossa amostra é realizada numa
situação real de trabalho.

Por se tratar de um estudo experimental em que é realizado um pré­teste e um


pós­teste com um intervalo de quinze semanas (catorze semanas do programa
de treino e uma semana para a realização do pós­teste da condição física), é
seleccionada a "montagem de molas de roupa em cartão" por ser a única tarefa
que garante continuidade de trabalho durante o tempo necessário para o nosso
estudo.

4,3.2.1 Descrição da tarefa avaliada

A tarefa "montagem de molas de roupa em cartão" consta da colocação de 12


molas, em grupos de 4 molas da mesma cor (vermelho, amarelo ou azul), num
cartão com a dimensão de 2,3 x 16,1 cm. O procedimento utilizado na oficina
para a realização desta tarefa é o seguinte:

• para a colocação de molas vermelhas:

■ o operário segura o cartão com uma mão e prende as molas com


a outra, respeitando a quantidade, colocando­as de modo a que
fiquem perpendiculares ao cartão, encostadas umas às outras e
encaixadas até à mola de aço, e tendo o cuidado de rejeitar as que
têm defeito;

■ coloca os conjuntos montados no contentor;

• para a colocação de molas amarelas:

■ o operário verifica se as molas vermelhas estão bem colocadas e


se foi respeitada a quantidade. Se necessário, dispõe melhor as
molas e emenda a quantidade;

■ prende as molas amarelas, respeitando a quantidade, e coloca­as


de modo a que fiquem perpendiculares ao cartão, encostadas

101
Material e métodos

umas às outras e encaixadas até à mola de aço, tendo o cuidado


de rejeitar as que têm defeito;

■ coloca os conjuntos montados no contentor;

• C olocação de molas azuis:

■ o operário verifica a colocação dos conjuntos anteriores, dispondo


melhor as molas e emendando a quantidade, se necessário;

■ prende as azuis, colocando­as de modo a que fiquem


perpendiculares ao cartão, encostadas umas às outras e
encaixadas até à mola de aço, tendo o cuidado de rejeitar as que
têm defeito;

■ coloca os conjuntos montados no contentor. Quando este se


encontra cheio, leva­o às supervisoras, que fazem uma última
verificação aos conjuntos montados e os colocam em caixas
maiores, libertando os contentores.

Os contentores acima referidos estão colocados entre os operários que


constituem grupos de trabalho ­ os contentores de molas vermelhas estão
situados entre os operários que montam as molas vermelhas e os operários
que vão montar as amarelas; os contentores de molas vermelhas+amarelas,
estão situados entre os operários que montam as molas amarelas e os
operários que vão montar as azuis; os contentores de molas
vermelhas+amarelas+azuis encontram no final da linha de montagem.

Nas situações em que não haja conjuntos de molas vermelhas ou de molas


vermelhas+amarelas nos contentores mais próximos, os operários que
precisem de conjuntos para poderem continuar a laborar, têm instruções para
ir buscar conjuntos a outros contentores. Em alternativa, podem também,
temporariamente, ajudar o colega anterior a montar os conjuntos em falta.

A reposição de molas nas mesas é feita pelas Supervisoras ou por um


operário que faz parte do grupo de controlo (número 14).

102
Material e métodos

4.3.2.2 Quantificação do trabalho produzido


Na ausência de um instrumento validado para a análise e classificação da
capacidade produtiva de indivíduos colocados em regime de emprego
protegido, desenvolvemos a metodologia a seguir apresentada.

Para a avaliação da capacidade produtiva da nossa amostra, no pré-teste e no


pós-teste, é feita uma contagem de molas montadas por cada grupo e uma
contagem individual, ao longo dos 5 dias de trabalho de uma semana.

A contagem de molas montadas por cada grupo é feita diariamente e em 3


momentos:
• Ao intervalo da manhã (10:15 - 10:30 horas) - é feita a contagem das
peças montadas desde a abertura da oficina;
• Ao intervalo de almoço (12:30 - 13:30 horas) - é feita a contagem das
peças montadas no 2o período de trabalho da manhã;
• Ao intervalo da tarde (15:15 - 15:30 horas) - é feita a contagem das
peças montadas no 1 o período de trabalho da tarde.

A contagem das molas montadas por cada operário é feita nos 3 períodos
diários de 20 minutos de trabalho, que são gravados em vídeo para a análise
da utilização do tempo de trabalho, que é descrita mais à frente.

Simultaneamente com a contagem da produção individual é feito o registo do


momento em que cada conjunto de 4 molas é montado, o que permite fazer
uma análise do tempo médio utilizado para a montagem de cada conjunto.

O desenho desta metodologia foi influenciado:

• pelas particularidades que caracterizam os indivíduos com deficiência


mental e que influenciam os níveis de produtividade, tais como, a
variação do estado de humor e a variação da postura perante o trabalho,
resultantes das interacções no grupo ou da entrada de pessoas
estranhas ao serviço, no local de trabalho;

103
Material e métodos

• pela influência que o estado de saúde dos indivíduos exerce sobre a


produtividade;

• pela organização existente na oficina (trabalho em linha de montagem):

■ em que a produtividade de um indivíduo pode ser influenciada


pela produtividade de outro, que realiza uma tarefa anterior (na
linha de montagem);

■ que inviabiliza a avaliação individual durante todo o período de


trabalho.

• Pela opinião das Supervisoras que consideram que os operários não


devem manter a mesma tarefa durante todo o dia, por se tornar
demasiado exigente (tendo sugerido a interrupção do trabalho com
molas após o intervalo da tarde).

104
•Material e métodos

4.3.3 A utilização do tempo de trabalho


Com este estudo, pretende-se conhecer a forma como os operários utilizam o
seu tempo de trabalho e determinar se o programa de treino consegue fazer
diminuir o número e o tempo gasto em comportamentos não relacionados com
a actividade produtiva.

4,3.3.1 Categorias de observação

A partir da organização encontrada na oficina definimos 4 situações (abaixo


descritas), com vista à análise da utilização do tempo de trabalho, por parte dos
operários.

Situações a observar:

• em actividade produtiva quando, apesar de conversar ou olhar para o


lado, realiza a tarefa que lhe é destinada. Consideramos também que
está em actividade produtiva, quando o operário leva os contentores às
supervisoras ou vai buscar material (cartões para a colocação de molas,
conjuntos de molas a outros contentores ou sacos de molas ao
armazém); arranja os conjuntos já colocados nos contentores; arranja o
local de trabalho (disposição dos contentores e das molas para montar);
coloca as molas estragadas nas caixas de desperdícios; arruma as
molas nos contentores; colabora com colegas, na colocação de molas
estragadas nas caixas de desperdícios; vai buscar contentores vazios
para colocar conjuntos de molas.
• distraído quando pára a produção, apesar de poder ter peças na mão,
para interagir com colegas ou simplesmente observar situações várias;
• em interacção com as Supervisoras quando pára a produção para
ouvir, perguntar, responder ou pedir algo às Supervisoras;
• ausente da linha de produção por motivos não relacionados com a
tarefa, nos casos mais variados e que não foram referidos acima,
Cabem aqui diversas situações, tais como, saída do local sem motivo

105
Material e métodos

válido para interacção com colegas ou com as Supervisoras, higiene


pessoal ou atraso.

4.3.3.2 Segmentação da observação

Para o registo das situações acabadas de descrever, são utilizadas gravações


vídeo, a realizar nos dias em que decorre a avaliação de produção no posto de
trabalho e são efectuadas nos seguintes períodos:

• No primeiro tempo da manhã (9:40 horas-10:10 horas);


• No segundo tempo da manhã (11:55 horas-12:25 horas);
• No primeiro tempo da tarde (14:40 horas-15:10 horas).

Para o estudo são rejeitados os primeiros e os últimos 5 minutos de cada bloco


de filme, sendo analisados os 20 minutos intermédios.

Não dispondo de equipamento que permita fazer a recolha de imagens sem


que os operários se apercebam, e no sentido de eliminar, ou pelo menos
minimizar, a influência da presença de câmaras no comportamento dos
operários, torna-se necessário habituá-los à nossa presença e à presença do
equipamento vídeo. Para tal, é utilizado o tempo em que decorre o estudo
prévio; as câmaras são colocadas em locais diferentes (num mesmo dia), e
recolhidas algumas imagens, com as lâmpadas de gravação e o sinal sonoro
das câmaras vídeo activados.

Além da habituação que pretende criar nos operários, estas gravações servem
para perceber qual o melhor local para a recolha de imagens, com vista à
observação dos operários.

4.3.3.3 Equipamento utilizado


O procedimento para a recolha de imagens, com vista ao nosso estudo, é o
seguinte.

106
Material e métodos

São utilizadas duas câmaras vídeo da marca Sony, modelo DCR-TRV 120E
(Digital 8).

As câmaras são:
• configuradas de forma a não acenderem a luz de gravação e a não
emitirem sinal sonoro nos momentos em que são activadas e
desactivadas;
• utilizadas sempre com baterias completamente carregadas (ligar as
câmaras à corrente eléctrica inibe a utilização da bateria no caso de
haver falha no fornecimento da energia eléctrica);
• colocadas a uma altura de 2,13 metros a partir do solo, sobre tripé de
marca MITSAI, modelo VS-34, com 13 cm de altura, colocados sobre
armários com 2 metros de altura (que dividem parcialmente a oficina).
Desta forma, procura-se que cada um dos operários não seja encoberto
pelos colegas, uma vez que de cada lado da mesa de trabalho, disposta
no sentido longitudinal relativamente à câmara vídeo, estão sentados 4
operários, distanciados entre si 1,20 metros. O nono operário está
sentado na extremidade da mesa, de frente para a câmara vídeo. No
Anexo VII podem ser consultadas duas plantas da oficina, à escala de
1/100, que mostram o distanciamento entre os operários e a posição dos
2 grupos e das câmaras vídeo. A planta, em corte, mostra o ângulo de
filmagem, assim como a distância câmara/grupo;
• activadas e desactivadas por trás dos armários, para evitar que os
operários se distraiam e se apercebam do momento em que as câmaras
estão a gravar.

4.3.3.4 Procedimentos de observação e registo

Os vídeos (300 minutos em cada semana, por grupo) são previamente


digitalizados com qualidade DV total, que permite uma taxa de transferência de
dados de 37.695 Kbits/s e uma imagem com a dimensão de 720x526 e 25
fotogramas/segundo, através de uma placa de captura de vídeo Pinnacle

107
Material e métodos

Studio DV Plus, instalada num computador com processador Pentium IV, 1500
MHZ, 512 MB Ram, 2 Discos Seagate Barracuda com 80 GB a 7200RPM,
sendo um disco destinado, exclusivamente, à digitalização de imagens vídeo.

Para a análise dos vídeos é utilizado o programa Adobe Premiere 6.0, que
permite aumentar o monitor (área de visualização do vídeo) e observar, ao
fotograma, o tempo em que cada indivíduo está nas quatro situações
anteriormente descritas (em actividade produtiva, distraído, em interacção com
as Supervisoras e ausente da linha de produção, por motivos não relacionados
com a tarefa).
Apesar da observação ser feita ao fotograma (1/25 segundo), para efeitos do
estudo, consideramos o tempo com aproximação ao segundo mais próximo.
Isto é, um episódio iniciado aos 3 minutos, 2 segundos e 12 fotogramas,
registamos 3 minutos e 2 segundos; no caso desse mesmo episódio se iniciar
ao fotograma 13, já registamos 3 minutos e 3 segundos.

Para o registo dos dados extraídos das situações observadas, utilizamos o


programa Microsoft Excel (Office 2000).

Para cada operário, e para cada período do dia, são registados os momentos
em que inicia cada episódio. A partir destes dados é calculada a duração dos
episódios e contado o tempo total usado em cada situação, assim como o
número de vezes que cada operário está em actividade produtiva, distraído, em
interacção com as Supervisoras e ausente da linha de produção, por motivos
não relacionados com a tarefa.

108
Material e métodos

4.4 Procedimentos de análise de dados


São criadas bases de dados no programa SPSS for Windows, versão 10.0,
com os resultados relativos ao pré­teste e ao pós­teste:

■ condição física ­ valores de todas as provas e número de presenças


às sessões de treino;

■ produção dos grupos (contada em tempo real):

• n° de peças montadas em cada período de trabalho;

• produção total por dia de trabalho;

■ produção individual (contada através da observação das imagens


vídeo) ­ tempo médio de latência e número médio de conjuntos
montados (4 molas), por período de trabalho;

■ utilização do tempo de trabalho (registado através da observação das


imagens vídeo) ­ tempo médio e número de situações em tarefa, em
distracção, em interacção com as Supervisoras e ausentes da linha
de produção por motivos não relacionados com a tarefa, por período
de trabalho;

■ produção individual e utilização do tempo de trabalho ­ número


médio de conjuntos montados (4 molas), tempo médio utilizado nas 4
situações (tarefa, distracção, interacção e ausência) e número de
registo das situações;

A partir dos dados introduzidos no SPSS, é feita a análise estatística descritiva


e indutiva dos dados.

Estatística descritiva ­ é feita uma análise às variáveis e efectuados cálculos


das médias e desvio padrão. Os gráficos apresentados têm origem nos
programas SPSS e EXCEL (Office 2000).

Estatística indutiva ­ nos casos em que n>30, ou em que se verifica uma


distribuição normal dos resultados, é utilizado o T­test de amostras
independentes para comparar os grupos no pré­teste e no pós­teste e o T­test

109
Material e métodos

de medidas repetidas para verificar diferenças num mesmo grupo entre o pré-
teste e o pós-teste. O intervalo de confiança é mantido em 95%

Nas situações de n<30 e sem distribuição normal dos resultados, aplicam-se os


testes não paramétricos correspondentes: Mann Whitney e Wilcoxon.

A correlação bivariada é analisada através dos testes de correlação de


Pearson (casos de distribuição normal dos resultados) e de Spearman (casos
em que a distribuição não é normal e com Outliers).

110
I

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

i
Apresentação dos resultados

5 Apresentação dos resultados

5.1 Avaliação da condição física

5.1.1 Participação no programa de treino e relação com os ganhos


nas variáveis da condição física

Como foi referido anteriormente, o programa de treino teve a duração de 14


semanas, com 3 sessões semanais, com excepção da 8a semana que teve
apenas uma sessão (dia 23 de Dezembro) e da 9 a semana que teve duas
sessões (dia 30 de Dezembro e 3 de Janeiro) por motivo de férias de Natal e
feriado de Ano Novo.

Durante as 39 sessões de trabalho foram registadas 311 presenças (88.6%) e


40 faltas (11.4 %), conforme pode ser consultado no Quadro 16,

Quadro 16 - Quadro resumo de presenças e faltas às sessões do programa de treino

Operário

1 2 3 4 5 6 7 8 9

N° 31 34 36 39 26 39 35 35 36
Presenças
% 79.5 87.2 92.3 100.0 66.7 100.0 89.7 89.7 92.3

N° 8 5 3 0 13 0 4 4 3
Faltas
% 20.5 12.8 7.7 0.0 33.3 0.0 10.3 10.3 7.7

A partir dos dados relativos à percentagem de presenças às sessões do


programa de treino, verificamos a correlação existente entre esta variável e as
variáveis da condição física. Apesar das variáveis terem distribuição normal,
utilizamos a correlação de Spearman por ser mais robusta que a de Pearson e
poder ser utilizada em casos em que as amostras não tenham distribuição

113
Apresentação dos resultados

normal e tenham outliers (Pestana e Gageiro, 1998) - no caso presente,


apesar das variáveis terem distribuição normal e serem simétricas, a variável
"presença aos treinos" apresenta dois outliers moderadas e um outlier severo.
O resultado do estudo mostra que existe apenas correlação entre a presença
aos treinos e as variáveis "Resistência aeróbia" (correlação -0.785 e p=0.012)
e "Abdominais" (correlação 0.763 e p=0.017), nas provas realizadas no pós-
teste. No entanto, neste estudo aparece uma correlação de 0.736 e p=0.024,
relativa à variável "Abdominais" do pré-teste (em relação ao valor da presença
de treinos, o que pode levar a desvalorizar a correlação da prova abdominais
do pós-teste. Estas correlações têm um intervalo de confiança de 95%.

5.1.2 Pré-teste da avaliação da condição física


O pré-teste da avaliação da condição física foi aplicado duas semanas após a
realização do estudo prévio. Os resultados foram confirmados através duma
nova aplicação das provas à totalidade da amostra. Nos casos em que os
resultados diferiam, consideramos para efeito do estudo os melhores valores
de cada indivíduo.

=> Acerca de algumas provas no pré-teste

Na prova "Uma milha a andar" (RFWT) todos os indivíduos obtiveram


diferenças de tempo inferiores a 40 segundos nas duas aplicações da prova no
pré-teste, que é a diferença aceitável para os tempos de duas provas de um
mesmo indivíduo (Kittredge et ai., 1994).

Na prova "Elevações do tronco a partir da posição de sentado" (Abdominais),


no estudo prévio, 61,11% dos indivíduos conseguiu realizar o máximo de

114
Apresentação dos resultados

execuções previstas no protocolo. No pré-teste, esta percentagem subiu para


83,33%. Estes resultados tiravam à prova o poder de descriminar a nossa
amostra e de mostrar uma possível melhoria da força e da resistência
abdominal no pós-teste. Baseamo-nos nesta constatação para procedermos à
alteração do protocolo desta prova, descrita no capítulo 4 Material e métodos.

Na prova "Equilíbrio sobre uma perna", em que houve necessidade de alterar o


protocolo da prova, como anteriormente referimos, dois indivíduos (número 2 e
18) disseram ter medo de cair. Durante a realização da prova destes indivíduos
mantivemo-nos mais próximos para lhes transmitir confiança.

Verificamos que, relativamente ao estudo prévio, havia resultados muito


diferentes para a grande parte dos indivíduos (alguns resultados eram muito
piores). Nas duas aplicações que fizemos no pré-teste, continuou ainda a haver
resultados pouco semelhantes para todos os indivíduos. Portal motivo, fizemos
uma nova aplicação desta prova e consideramos, para cada indivíduo, o
melhor resultado que obtiveram nas 3 aplicações.

Alguns indivíduos mostraram dificuldade na prova de salto em altura. No


estudo prévio, o indivíduo número 18 não conseguia fazer correr a fita métrica,
pois, em vez de saltar na vertical, flectia as pernas sobre a coxa. Outros
indivíduos apresentaram dificuldade em usar os membros superiores para
ajudar no balanço. Esta situação levou a que utilizássemos algum tempo a
ensinar a técnica de execução do salto.

=> Resultados registados nas provas no pré-teste

Os resultados das provas do pré-teste podem ser consultados no Anexo IX. Os


dados relativos ao peso, altura e índice de massa corporal dos indivíduos
participantes no estudo, podem ser consultados no Anexo XI.

115
Apresentação dos resultados

No Quadro 17, apresentamos a média e o desvio padrão do peso, da altura, do


índice de massa corporal e dos resultados obtidos pelos dois grupos nas oito
provas de condição física a que foram submetidos, no pré-teste.

Quadro 17 - Resultados do pré-teste, por grupo.

Grupo experimental Grupo de controlo

Peso 73.17 ±17.38 65.50 ±15.34

Altura 1.592 ±0.095 1.550 ±0.125

índice de massa corporal 28.74 ±5.62 27.45 ±7.58

Dinamómetro manual 21.50 ±5.25 24.33 ±6.96

Abdução do ombro 143.33 ±11.07 148.33 ±8.80

Equilíbrio sobre 1 perna 8.33 ±5.92 8.22 ±5.52

Salto vertical 10.33 ±3.77 14.78 ±10.72

Flexão lateral do tronco 16.39 ±3.951 15.44 ±5.00

Flexão do tronco à frente 17.78 ±14.64 22.33 ±9.86

Abdominais 19.89 ±8.22 17.78 ±3.35

Resistência aeróbia 0:17:28 ±0:2:36 0:18:32 ±0:03:02

5.1.3 Pós-teste da avaliação da condição física


O pós-teste da avaliação da condição física ocorreu na semana imediatamente
a seguir à conclusão do programa de treino. Como para o pré-teste, os
resultados do pós-teste (Anexo I) foram confirmados através duma nova
aplicação das provas à totalidade da amostra; a primeira aplicação da prova
"uma milha a andar" (RFWT) ao grupo experimental foi realizada na última
sessão do programa de treino. Nesta prova, todos os participantes (de ambos
os grupos) obtiveram tempos inferiores a 40 segundos nas duas aplicações.

Relativamente à prova "Equilíbrio sobre uma perna", utilizamos o mesmo


procedimento que foi usado no pré-teste.

116
Apresentação dos resultados

No Quadro 18, apresentamos a média e o desvio padrão do peso, da altura, do


índice de massa corporal e dos resultados obtidos pelos dois grupos nas oito
provas de condição física a que foram submetidos, no pós-teste.

Através de uma breve análise aos resultados do Quadro 17 e do Quadro 18,


verifica-se uma melhoria dos resultados do grupo experimental relativamente
ao grupo de controlo em todas as variáveis da condição física, embora não
tenha havido uma melhoria estatisticamente significativa na totalidade das
variáveis, como veremos a seguir.

Quadro 18 - Resultados do pós-teste, por grupo.

Grupo experimental Grupo de controlo

Peso 72.72 ±16.90 65.72 ±14.79


Altura 1.59 ±0.095 1.550 ±0.125

índice de massa corporal 28.60 ±5.56 27.58 ±7.42

Dinamómetro manual 23.44 ±4.84 24.06 ±5.94

Abdução do ombro 152.22 ±10.53 150.11 ±9.91

Equilíbrio sobre 1 perna 7.78 ±5.04 9.67 ±5.36

Salto vertical 16.89 ±6.39 14.89 ±9.13

Flexão lateral do tronco 18.17 ±3.65 15.44 ±5.08


Flexão do tronco à frente 24.89 ±13.78 21.33 ±10.14
Abdominais 32.78 ±13.08 18.44 ±4.64

Resistência aeróbia 0:16:08 ±0:01:41 0:18:25 ±0:03:15

5.1.4 Comparação dos resultados da avaliação da condição física


do Pré-teste e do Pós-teste
Uma vez que o número de indivíduos que constitui a amostra é inferior a 30,
houve necessidade de determinar a normalidade de todas as variáveis.

Tendo sido verificada a normalidade de todas variáveis nos dois grupos


(Quadro 45, que se encontra no Anexo XII), procedemos de seguida à
aplicação do T-test para amostras independentes, no pré-teste (Quadro 19) e
no pós-teste (Quadro 20).

117
Apresentação dos resultados

Os resultados destes estudos mostram que os dois grupos não se distinguiam


no pré-teste relativamente a nenhuma das variáveis da condição física, e no
pós-teste distinguiram-se apenas na variável "Abdominais" (p=0.011). No
entanto, aplicando um T-Test para amostras independentes, relativo aos
ganhos/perdas dos dois grupos (valores calculados pela subtracção dos
resultados do pré-teste aos resultados do pós-teste, em cada variável), verifica-
se haver mais diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, do que
as encontradas no pós-teste através do T-test para amostras independentes. A
partir dos resultados deste estudo, que podem ser analisados no Quadro 21,
verificamos diferenças estatisticamente significativas nas prova: "Abdução do
ombro" (p=0.032), "Salto vertical" (p=0,01), "Flexão do tronco à frente"
(p=0,007), "Abdominais" (p=0,00) e "Resistência aeróbia" (p=0.05).

Quadro 19 - T-test para amostras independentes, no pré-teste

Prova I P
Dinamómetro manual -0.975 0.344

Abdução do ombro -1.061 0.305

Equilíbrio sobre 1 perna 0.041 0.968

Salto vertical -1.173 0.268

Flexão lateral do tronco 0.444 0.663

Flexão do tronco à frente -0.774 0.450

Abdominais 0.713 0.486

Resistência aeróbia -0.801 0.435

Quadro 20 - T-test para amostras independentes, no pós-


teste

Prova f P
Dinamómetro manual -0.239 0.814

Abdução do ombro 0.438 0.667

Equilíbrio sobre 1 perna -0.770 0.453

Salto vertical 0.538 0.598

Flexão lateral do tronco 1.360 0.210

Flexão do tronco à frente 0.624 0.542

Abdominais 3.097 0.011

Resistência aeróbia -1.866 0.081

118
Apresentação dos resultados

Quadro 21 - T-test de amostras independentes, para ganhos/perdas (pré/pós-teste)

Média
Prova t P
Grupo Experimentai Grupo de controlo

Dinamómetro manual 1.94 +4.05 -0.28 ±2.27 1.437 0.170

Abdução do ombro 8.89 ±7.85 1.78 ±3.80 2.446 0.032

Equilíbrio sobre 1 perna -0.55 ±1.59 1.44 ±3.13 -1.710 0.107

Salto vertical 6.56 ±5.66 0.11 ±3.52 2.902 0.010

Flexão lateral do tronco 1.78 ±2.17 0.00 ±2.12 1.759 0.098


Flexão do tronco à frente 7.11 ±7.71 -1.00 ±1.66 3.088 0.007
Abdominais 12.89 ±6.37 0.67 ±3.91 4.906 0.000

Resistência aeróbia -0:01:19 ±0:01:28 -0:00:07 ±0:00:52 -2.116 0.050

No sentido de complementar a análise dos resultados obtidos, aplicamos o


T-teste de medidas repetidas a ambos os grupos. No caso do grupo
experimental (ver Quadro 22), o T-test mostra que houve melhorias
significativas em todas as variáveis, com excepção para o "Dinamómetro
manual" e o "Equilíbrio sobre uma perna". Entre os ganhos mais expressivos
estão as variáveis "Abdominais" (p=0,000), o "Salto vertical" (p=0,008) e a
"Abdução do ombro" (p=0,009), e entre os ganhos menos expressivos estão a
"Flexão do tronco à frente" (p=0,024), a "Resistência aeróbia" (p=0,027) e a
"Flexão lateral do tronco" (p=0,039).

No T-test de medidas repetidas para o grupo de controlo (Quadro 23), verifica-


se que não houve alterações significativas em nenhuma das variáveis, no
período que decorreu entre o pré-teste e o pós-teste.

A partir dos resultados obtidos nas provas do pré-teste e do pós-teste pela


totalidade dos indivíduos que constituíram a amostra, é possível determinar a
percentagem de ganho de cada indivíduo. Para a determinação desta
percentagem, utilizamos a fórmula empregue por Zetts et ai. (1995): subtrair o
valor do resultado do pós-teste ao resultado do pré-teste, dividi-lo pelo valor do
A«« /PósTeste-PréTeste ,nn.
pre-teste e multiplicar por 100 ( x 100 ).
Pr éTeste

119
Apresentação dos resultados

Quadro 22 - T-teste de medidas repetidas, para o grupo experimental

Prova Média t P
Dinamómetro manual (pré-teste) 21.50 ±5.25
Pari -1.440 0.188
Dinamómetro manual (pós-teste) 23.44 ±4.83

Abdução do ombro (pré-teste) 143.33 ±11.07


Par 2 -3.397 0.009
Abdução do ombro (pós-teste) 152.22 ±10.53

Equilíbrio sobre 1 perna (pré-teste) 8.33 ±5.92


Par 3 1.048 0.325
Equilíbrio sobre 1 perna (pós-teste) 7.78 ±5.04

Salto vertical (pré-teste) 10.33 ±3.77


Par 4 -3.475 0.008
Salto vertical (pós-teste) 16.89 ±6.39

Flexão lateral do tronco (pré-teste) 16.39 ±3.95


Par 5 -2.462 0.039
Flexão lateral do tronco (pós-teste) 18.17 ±3.65

Flexão do tronco à frente (pré-teste) 17.78 ±14.64


Par 6 -2.769 0.024
Flexão do tronco à frente (pós-teste) 24.89 ±13.78

Abdominais (pré-teste) 19.89 ±8.22


Par 7 -6.068 0.000
Abdominais (pós-teste) 32.78 ±13.08

Resistência aeróbia (pré-teste) 0:17:28 ±0:02:36


Par 8 2.704 0.027
Resistência aeróbia (pós-teste) 0:16:08 +0:01:41

Quadro 23 - T-teste de medidas repetidas, para o grupo de controlo

Prova Média t P
Dinamómetro manual (pré-teste) 24.33 ±6.96
Pari 0.368 0.723
Dinamómetro manual (pós-teste) 24.06 ±5.95

Abdução do ombro (pré-teste) 148.33 ±8.80


Par 2 -1.403 0.198
Abdução do ombro (pós-teste) 150.11 ±9.91

Equilíbrio sobre 1 perna (pré-teste) 8.22 ±5.52


Par 3 -1.386 .0203
Equilíbrio sobre 1 perna (pós-teste) 9.67 ±5.36

Salto vertical (pré-teste) 14.78 ±10.72


Par 4 -0.095 0.927
Salto vertical (pós-teste) 14.89 +9.13

Flexão lateral do tronco (pré-teste) 15.44 ±5.00


Par 5 -0.000 1.000
Flexão lateral do tronco (pós-teste) 15.44 ±5.08

Flexão do tronco à frente (pré-teste) 22.33 ±9.86


Par 6 1.809 0.108
Flexão do tronco à frente (pós-teste) 21.33 ±10.14

Abdominais (pré-teste) 17.78 ±3.35


Par 7 -0.512 0.633
Abdominais (pós-teste) 18.44 ±4.64

Resistência aeróbia (pré-teste) 0:18:32 ±0:03:02


Par 8 0.413 0.690
Resistência aeróbia (pós-teste) 0:18:25 ±0:03:15

120
Apresentação dos resultados

No Quadro 24 apresentamos as percentagens de ganhos nas variáveis em que


o grupo experimental obteve resultados estatisticamente significativos. Na
primeira parte do quadro estão registados os valores percentuais obtidos por
cada um dos participantes e na segunda parte estão registadas as
percentagens médias obtidas por cada um dos grupos e a percentagem média
do ganho do grupo experimental sobre o grupo de controlo.

Quadro 24 ­ Quadro resumo dos ganhos médios e das percentagens por variável da
condição física e por grupo

Flexibilidade Força
Resistência
Flexão Flexão do
Abdução Salto aeróbia
Participante lateral do tronco à Abdominais
do ombro vertical
tronco frente
1 7.38 ­2.27 41.18 0.00 57.89 7.78

2 ­1.44 32.00 10.00 11.11 100.00 19.33

3 3.16 8.33 9.76 400.00 66.67 3.94


a>
| 4 14.17 12.20 55.56 100.00 114.29 14.81
<u
a. 5 2.94 13.04 ­14.29 60.00 70.00 ­4.09
X
LU
o 6 13.08 12.50 38.89 25.00 33.33 6.73
O.
CD 7 2.70 ­2.44 25.00 20.00 73.91 8.56

8 1.91 0.00 22.86 100.00 42.11 4.27

9 13.70 38.71 520.00 61.11 63.64 1.27

10 6.67 25.00 ­18.75 0.00 0.00 ­2.84

11 ­0.65 ­20.59 0.00 ­11.76 ­20.00 ­6.39

o 12 1.31 ­5.13 ­6.25 25.00 ­16.67 0.49


o
c 13 0.63 ­14.71 0.00 ­26.09 26.67 9.24
8 14 ­1.32 0.00 5.88 ­8.57 8.00 ­2.35
<D
■o
O
Q. 15 ­1.53 7.41 0.00 60.00 ­21.05 0.63
3
ò 16 0.67 0.00 ­20.0 8.70 41.18 1.31

17 1.44 21.88 ­6.67 0.00 0.00 0.57

18 3.45 6.82 0.00 150.00 23.53 5.91

o Experimental 6.40% 12.45% 78.77% 86.36% 69.09% 6.95%


■o o

ff Controlo 1.18% 2.30% ­5.09% 21.92% 4.63% 0.73%

Diferença a favor do 6.22%


5.22% 10.15% 83.86% 64.44% 64.46%
Grupo Experimental

Média da
percentagem por 30.08% 64.45% 6.22%
tipo de actividade

121
Apresentação dos resultados

Na última linha do quadro pode observar-se que os indivíduos que participaram


no programa de treino apresentaram, em média, um ganho de 30.08% na
flexibilidade, de 64.45% nas provas de força e 6.22% na prova de resistência
aeróbia.

122
Apresentação dos resultados

5.2 Avaliação da produção

Os resultados são apresentados pela seguinte ordem:

1 o - a quantidade de peças montadas pelos grupos durante o dia de


trabalho (contagem em tempo real);

2o - a quantidade de peças montadas por cada operário nos períodos de


20 minutos que foram filmados (contagem através das imagens
vídeo);

3o - os tempos de latência relativos à montagem de conjuntos de 4


molas (registados a partir das imagens vídeo).

Para cada tipo de resultados faremos previamente uma análise impressionista


dos gráficos que ilustram os dados recolhidos e procederemos de seguida à
apresentação dos respectivos testes estatísticos.

5.2.1 Notas sobre a realização do pré-teste e do pós-teste


=> Pré-teste

No dia em que iniciávamos a contagem da produção, deparamos com um


notório desequilíbrio na produção dos dois grupos. Esta situação levou-nos a
interromper o trabalho e a reorganizar os grupos. Assim, o início da contagem
foi adiado por um dia e decorreu até à segunda-feira da semana seguinte (de
terça a segunda).

Nos dois primeiros dias da avaliação (terça e quarta-feira) verificamos que


apesar de não ser feita a contagem das peças durante o 4 o tempo (período
após o intervalo da tarde - 15:15 horas), a Supervisora manteve os operários
na mesma tarefa, contrariando a informação que nos tinha sido transmitida.
Perante esta situação, propusemos que se passasse a fazer a contagem da

123
Apresentação dos resultados

produção do dia inteiro de trabalho. Assim, a partir do 3o dia (quinta-feira), a


produção passou a ser contada nos quatro períodos (das 9:00 às 16:45 horas).

=> Pós-teste

O segundo momento de contagem da produção decorreu na semana a seguir à


avaliação da condição física (uma semana após a conclusão do programa de
treino). Como a contagem da produção no pré-teste tinha sido feita de terça a
segunda-feira, o pós-teste decorreu nos mesmos dias da semana e as
contagens intermédias da produção dos grupos foram efectuadas nos mesmos
momentos.

Neste segundo momento de contagem da produção não pudemos verificar a


produção no 2 o dia (quarta-feira) porque a Direcção do CEFPI tinha combinado
para essa manhã um Workshop com actividades de dramatização, orientado
por um técnico Irlandês (ligado a actividade teatrais) que se encontrava na
cidade do Porto, no âmbito do Ano Europeu das Pessoas com Deficiência.

5.2.2 Resultados obtidos no pré-teste


Embora no pré-teste tenha sido feita a contagem de produção de terça a
segunda-feira (5 dias), como foi definido no capítulo 4 Material e métodos,
apenas apresentamos os dados dos dias da semana correspondentes aos que
foram possíveis avaliar no pós-teste: terça-feira, quinta-feira, sexta-feira e
segunda-feira.

No Anexo XIII podem ser consultados os registos diários da produção, o tempo


de duração dos diferentes períodos de trabalho e o número de operários
presentes em cada período.

124
Apresentação dos resultados

5.2.2.1 Produção do grupo experimental e do grupo de controlo no


pré­teste

A partir da quantidade de peças produzidas, analisamos para cada grupo:

■ Figura 2 ­ o volume total de trabalho (quantidade de molas colocadas


nos cartões);

■ Figura 3 ­ o número médio de molas colocadas por operário num


m i n , , i . / N°total de molas colocadas por grupo , , , „ \.
m I n UtO ( 5-—2U1_ / nunutos de trabalho ; ,
N° de operários

■ Figura 4 ­ o número médio de molas colocadas por operário em cada


_ —_r__i_ / Total de molas colocadas em cada período pelo grupo , . , , , \.
£
( J c l 1 UU(J \ 2—-—/ minutos do período ) ,
N° de operários

■ Figura 5 ­ a quantidade de molas colocadas no quarto período de


trabalho, nos três últimos dias: quinta­feira, sexta­feira e segunda­
feira.

A Figura 2, relativa à produção total por dia e por grupo é menos elucidativa do
que a Figura 3, que representa o número médio de molas colocadas por cada
operário num minuto de trabalho, uma vez que na terça­feira foram
contabilizados apenas os 3 primeiros períodos de trabalho e nos dias seguintes
foram contabilizados os 4 períodos.

12000 ­
•irwin
c
o i
o c
CO
N° de Molas

O)
o
o

o
5
IO
o
o

Terça Quinta Sexta Segunda


D Experimental 8472 9872 9300 11336
D C ontrolo 9760 10504 10312 10228

Dia de trabalho

Figura 2 ­ Volume total de trabalho, por dia e por grupo


(pré­teste)

125
Apresentação dos resultados

Ainda na Figura 2, os grupos parecem ter produzido menos no dia de terça­


feira, relativamente a quinta e sexta­feira, mas quando analisamos a Figura 3,
que considera o tempo de trabalho, verifica­se uma maior produção dos dois
grupos na terça­feira, e também, que a produção vai diminuindo ao longo da
semana, recuperando na segunda­feira.

4,00
"3 C\T\ -

| 3,00 ­
I 2,50 ­
w 2,00 ­
õ 1,50 ­
» 1,00 ­ —
? 0,50
z
Terça Quinta Sexta Segunda
D Experimental 3,10 2,97 2,73 3,45
□ C ontrolo 3,60 3,18 3,01 3,05

Dia de trabalho

Figura 3 ­ Média de molas colocadas por operário num


minuto, nos dias da semana (pré­teste)

A Figura 4 representa o nível de produção nos 4 períodos de trabalho (n°


médio de molas colocadas por operário em cada minuto, por período). Verifica­
se que a produção média dos grupos é menor no primeiro período e aumenta
ao longo do dia.

Analisando a produção de cada grupo, verifica­se que o grupo experimental


produziu mais no 1 o período do que no 2 o e no 3o, e que manteve uma
produção pouco variável nestes períodos (2.92 no 1 o , 2.88 no 2 o e 2.85 no 3o
período). C ontrariamente, o grupo de controlo foi aumentando sempre a
produção ao longo do dia (2.66 no 1 o , 3.08 no 2o, 3.22 no 3o e 3.36 no 4 o
período). A Figura 4 baseia­se nos valores dos 3 dias em que foi feita a
avaliação do dia inteiro de trabalho (quinta, sexta e segunda­feira).

Analisando a Figura 5, que representa a produção no 4 o período de trabalho


(ao longo dos 3 dias em que a produção deste período foi quantificada),
confirma­se a maior produção do grupo experimental (já verificada na Figura 4).

126
Apresentação dos resultados

Período de trabalho

Figura 4 - Produção média por operário por minuto nos 4


períodos de trabalho (pré-teste)

Dia de trabalho

Figura 5 - Quantidade de molas colocadas no quarto


período de trabalho (pré-teste)

Para determinar o significado estatístico da diferença de peças montadas pelos


dois grupos no pré-teste, foi aplicado o T-teste de amostras independentes
depois de verificada a distribuição normal dos resultados. A partir dos valores
do Quadro 25 verifica-se que não há distinção entre os grupos, pelo que a
diferença entre o número de peças produzidas durante os quatro dias não é
estatisticamente significativa.

Quadro 25 - Produção dos grupos no pré-teste (T-Teste de amostras


independentes)

Grupo Média t P
Grupo experimental 2598.67 ±594.58
-0.496 0.624
Grupo de controlo 2720.27 ±741.25

127
Apresentação dos resultados

5.2.2.2 Produção individual e tempo de latência no pré­teste

A análise da produção individual dos operários foi feita a partir dos 12 registos
vídeo efectuados no pré­teste ­ 3 períodos diários de 20 minutos, conforme
explicado no capítulo Material e métodos.

A partir dos valores encontrados, conseguimos conhecer:

■ a capacidade produtiva de cada indivíduo e o tempo de latência


relativo à montagem de conjuntos de 4 molas;

■ a constância da produção e do tempo de latência;

■ as diferenças de produção nos diferentes períodos;

■ as diferenças de produção nos diferentes dias.

=> Capacidade produtiva dos indivíduos

Verificamos grandes diferenças entre indivíduos na produção, quer dentro do


grupo experimental (Figura 6), quer dentro do grupo de controlo (Figura 7). Os
valores apresentados nos gráficos dizem respeito ao somatório das peças
produzidas nos períodos observados.

Figura 6 ­ Produção individual do grupo experimental (pré­


teste)

128
Apresentação dos resultados

Figura 7 - Produção individual do grupo de controlo (pré-


teste)

=> Tempo de latência e constância do tempo de latência

0 tempo de latência foi também muito diferente entre os indivíduos de ambos


os grupo; no grupo experimental a média dos tempos de latência individuais
variou entre 0:00:41 ±0:00:10 e 0:07:43±0:04:47, e no grupo de controlo variou
entre 0:00:28±0:00:04 e 0:05:18±0:04:53 (ver Quadro 26).

Quadro 26 - N° de peças montadas e tempo de latência (pré-teste)

Operário N° de peças montadas Tempo de latência

1 97.33 ±6.93 0:00:49 ±0:00:03

2 45.33 ±18.48 0:01:35 ±0:00:27

S 3 93.67 ±19.18 0:00:48 ±0:00:06


c
4 52.33 ±13.80 0:01:35 ±0:00:29
£
<D
Q.
X
5 27.00 ±10.25 0:03:04 ±0:01:11
01
o 6 121.67 ±25.04 0:00:41 ±0:00:10
Q.
3
O 7 55.00 ±12.31 0:01:27 ±0:00:16

8 68.00 ±11.57 0:01:10 ±0:00:12

g 11.60 ±6.65 0:07:43 ±0:04:47

10 58.18 ±16.33 0:01:28 ±0:00:29

11 23.64 ±13.20 0:05:18 ±0:04:53

o 12 43.00 ±14.59 0.02:05 ±0:00:45


g
c 13 48.00 ±15.91 0:01:35 ±0:00:29
o
o
0) 14 36.33 ±17.26 0:03:20 ±0:03:28
13
o
a. 15 92.33 ±12.35 0:00:52 ±0:00:08
O 16 38.18 ±16.33 0:01:59 ±0:00:27

17 162.33 ±32.47 0:00:28 ±0:00:04

18 84.00 ±25.98 0:00:57 ±0:00:22

129
Apresentação dos resultados

Como resultado directo da grande variabilidade das médias e dos desvios


padrão relativos ao tempo de latência, a constância da produção individual dos
operários, surge também muito variável em ambos os grupos.

Desvi0 padrã0
A partir da fórmula , encontra­se o coeficiente de dispersão dos
Média

indivíduos relativamente às variáveis "n° de peças montadas" e "Tempo de


latência". No entanto, estes valores não nos permitem obter resultados fiáveis
devido à existência de outliers, que em alguns casos são severos, como pode
ser comprovado na Figura 8 (os resultados outl ier moderados estão
assinalados com "O" e os outl ier severos estão assinalados com "*"). Por tal
motivo, e no sentido de verificar a dispersão relativa ao período de latência,
calculamos o valor da mediana das diferenças em módulo ­ valores absolutos
­ entre a mediana das observações e o valor de cada observação (MAD ­
Mediana dos desvios absolutos em relação à mediana) (Pestana e Gageiro,
1998).

1200

1000­

3if
w
■2 800­

o
õ 600
'B
J5
OJ
-o 400
o
5.
E

H
200

0
N= 9 12 12 12 12 Í2 Í2 12 10 11 11 12 12 12 12 11 12 12

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Operários

Figura 8 ­ Tempo de latência relativo à montagem de


conjuntos de 4 molas (pré­teste)

De acordo com os valores de MAD, que podem ser consultados mais


detalhadamente no Anexo XVI, os indivíduos mais inconstantes relativamente à
variável "Tempo de latência", são o n° 4 (0:00:17), o n° 5 (0:00:48) e o n° 9

130
Apresentação dos resultados

(0:01:54) do grupo experimental, e o n° 11 (0:00:52), o n° 12 (0:00:32) e o n° 14


(0:00:40) do grupo de controlo. Os indivíduos mais constantes são o n° 1 e n° 3
(0:00:02) e o n° 6 (0:00:05) do grupo experimental, e o n° 10 (0:00:05), o n° 13
e n° 18 (0:00:07), o n° 15 (0:00:08) e o n° (0:00:03) do grupo de controlo. A
posição dos indivíduos nos grupos pode ser 17 observada na Figura 9.

0:02:01
0:01:44
0:01:26 ­j
D 0:01:09
2 0:00:52
0:00:35
0:00:17
0:00:00

Grupo experimental Grupo de controlo


Operários

Figura 9 ­ Constância do tempo de latência, relativa à montagem de


conjuntos de 4 molas (pré­teste)

5.2.3 Resultados obtidos no pós­teste

5.2.3.1 Produção do grupo experimental e do grupo de controlo no


pós­teste

Como anteriormente referimos, as contagens do pós­teste correspondem aos


mesmos dias e períodos apresentados no pré­teste.

As quatro figuras seguintes representam os resultados obtidos ao longo dos


quatro dias de observação, com excepção da Figura 13 que representa os
últimos 3 dias:

■ Figura 10 ­ volume total de trabalho (quantidade de molas colocadas


nos cartões);

131
Apresentação dos resultados

Figura 11 - o número médio de molas colocadas por operário num


minUtO ( N-tolaldemolascolocadas por grupo , m m u t o s d e ^ ^ );
N° de operários

Figura 12 - o número médio de molas colocadas por operário em


C a d a períOdO ( Totol de molas colocadas em cada período pelo grupo / ^ ^ do ^ ^ y
N° de operários

Figura 13 - a quantidade de molas colocadas no quarto período de


trabalho, nos três últimos dias: quinta-feira, sexta-feira e segunda-
feira.

A Figura 10 mostra um maior distanciamento dos valores de terça-feira


relativamente aos restantes dias, mas isso prende-se com o facto de no
primeiro dia terem sido contabilizados apenas os 3 primeiros períodos de
trabalho, enquanto nos restantes, como já vimos anteriormente, foi contada a
produção dos 4 períodos.

15000 -,
N° de Molas

Terça Quinta Sexta Segunda


D Experimental 9348 12592 14416 11072
Q Controlo 8748 12452 14176 11624

Dia de trabalho

Figura 10 - Volume total de trabalho, por dia e por grupo


(pós-teste)

À excepção de Segunda-feira, a produção do grupo experimental foi sempre


superior à do grupo de controlo. A inversão de posições neste dia esteve muito
provavelmente relacionada com a ausência da operária n° 1, que como
veremos mais à frente, teve um rendimento médio de 17.83% nos três dias
anteriores (de terça a sexta-feira).

132
Apresentação dos resultados

Um outro dado interessante é de que ambos os grupos aumentaram a


produção ao longo da semana.

Observando a Figura 11, que representa o número médio de molas colocadas


por operário, verificamos que o distanciamento dos valores de terça­feira
relativamente aos restantes dias não é tão grande como parece ser, quando
analisamos a Figura 10.

Por outro lado, verificamos que o grupo experimental aparece como o mais
produtivo durante os 4 dias em que decorreu o pós­teste. A ausência da
operária n° 1, acima referida, parece então justificar, por si só, a inversão de
posições dos grupos na segunda­feira ­ comparar a Figura 10 com a Figura 11.

5,00 i
o

~ 3,00 ­
(A

o 2,00 ­

■S 1,00
o

Terça Quinta Sexta Segunda

D Experimental 3,46 3,75 4,28 3,54


D C ontrolo 3,06 3,63 4,15 3,36

Dia de trabalho

Figura 11 ­ Média das molas colocadas por operário num


minuto, nos dias da semana (pós­teste)

O dia em que há maior diferença de produção entre os grupos é a terça­feira


(1 o dia do pós­teste), e o dia em que a produção é maior em ambos os grupos
é a Sexta­feira, ao contrário do que aconteceu no pré­teste, que foi o dia
menos produtivo para os dois grupos.

Como tinha acontecido no pré­teste, também agora os grupos foram menos


produtivos no primeiro período de trabalho do que nos períodos restantes ­ ver
Figura 12.

133
Apresentação dos resultados

O grupo experimental foi menos produtivo que o grupo de controlo nos dois
primeiros períodos, e mais produtivo nos dois últimos.

Os grupos distinguiram-se mais no primeiro e no quarto período e tiveram uma


produção mais próxima nos restantes períodos. O maior distanciamento
ocorreu no quarto período, em que se verificou um aumento da produção do
grupo experimental de 4.18 para 4.44, e uma diminuição do grupo de controlo
de 4.08 para 3.63.

Esta figura baseia-se nos valores dos 3 dias em que foi feita a avaliação de
todo o período laboral.

Período de trabalho

Figura 12 - Produção média por operário por minuto nos 4


períodos de trabalho (pós teste)

A Figura 13, que representa a produção do 4 o período de trabalho, mostra a


maior produção do grupo experimental neste período de tempo e mostra que
este mesmo grupo foi mais produtivo nos 3 dias.

Verifica-se também que a produção do grupo experimental decresceu ao longo


dos 3 dias, e que o grupo de controlo subiu ligeiramente de quinta para sexta,
mas decresceu bastante na segunda-feira. A grande descida que ocorreu na
segunda-feira para o grupo experimental terá a ver, como vimos atrás, com a
ausência da operária n° 1.

134
Apresentação dos resultados

o
01
"O

Quinta Sexta Segunda

£3 Experimental 3200 3144 2344

D Controlo 2652 2776 1916

Dia de trabalho

Figura 13 - Quantidade de molas colocadas no quarto


período de trabalho (pós-teste)

Fazendo o somatório da produção dos dois grupos, verifica-se que o 4 o período


mais produtivo foi o de sexta-feira, o que está de acordo com os valores da
produção global (ver Figura 10 e Figura 11).

No Anexo XIV podem ser consultados os registos diários da produção, o tempo


de duração dos diferentes períodos de trabalho e o número de operários
presentes em cada período.

Para determinar o significado estatístico da diferença de peças montadas pelos


dois grupos no pré-teste, foi aplicado o T-teste de amostras independentes,
depois de verificada a distribuição normal dos resultados. Os valores do
Quadro 27 mostram não haver distinção entre os grupos, pelo que a diferença
entre o número de peças produzidas no pós-teste não é estatisticamente
significativo.

Quadro 27 - Produção dos grupos no pós-teste (T-Teste de amostras


independentes)

Grupo Média t P
Grupo experimental 3161.87 ±947.74
-0.076 0.940
Grupo de controlo 3133.33 ±1104.42

135
Apresentação dos resultados

5.2.3.2 Produção individual e tempo de latência no pós­teste

Os resultados que apresentados de seguida foram obtidos pelo processo já


descrito em 5.2.2.2 Produção individual e tempo de latência no pré­teste.

=> Capacidade produtiva dos indivíduos

Verificamos que no grupo experimental a produção dos operários n° 1, 2, 3, 4


e 8 foi equilibrada, tendo­se situado entre as 940 e as 1208 peças ­ ver Figura
14. Esta mesma figura mostra que o operário n° 6 se distingue do resto do
grupo devido a ter produzido mais do que o dobro da média dos operários n°
2, 3, 4 e ter produzido praticamente o dobro dos operários n° 1 e 8. A produção
do operário n° 6 correspondeu a 26.24% da produção do grupo, enquanto que
a produção do operário n° 9 (o menos produtivo) foi de 1.65%.

22»

120J I 1U
.■. 104§ I?J
940

H | 324
452
144

1 2 3 4 5 6 7 8 9
Operários

Figura 14 ­ Produção individual do grupo experimental (pós­


teste)

A Figura 15 ilustra os resultados da produção do grupo de controlo. Os


operários que mais produziram neste grupo foram os n° 15, 17 e 18, no
entanto a produção é um pouco díspar (1644, 2172 e 1300 peças,
respectivamente). O maior equilíbrio foi verificado entre os operários n° 10, 12,
13, 14 e 16, cuja produção se situou entre 604 e 880 peças. A produção dos
operários, relativamente à produção do grupo, situou­se entre os 24.43% (n°
17)eos3.69%(n°11).

136
Apresentação dos resultados

2500

2000

f 1500
S
o
•o 10oo
o
z
500
0
10 11 12 13 14 15 16 17 18

Operários

Figura 15 - Produção individual do grupo de controlo (pós-teste)

Temos vindo a fazer referência à produção da operária n° 1 no pós-teste e


temos apontado o valor de 1552 peças como o valor provável do seu trabalho,
caso tivesse estado presente no último dia (segunda-feira).

A produção média da operária, como também já referimos anteriormente,


corresponde a 17.83% da produção do grupo - valor encontrado nos 3
primeiros dias de trabalho (Quadro 28).

Calculamos que no dia de segunda-feira teria, provavelmente, montado 344


peças. Este valor (diferença entre 1552 e 1208) foi obtido através da seguinte
fórmula: (peças produzidas pelo grupo experimental no último dia x 0.1783)

No sentido de verificar se o número de peças estimado para a operária n° 1


teria algum significado, somamos este valor à produção que o grupo teve na
segunda-feira (344 + 1924 = 2268). O valor encontrado foi multiplicado pela
percentagem média de produção de cada operário (Quadro 28) e obtivemos
um valor estimado para todos os indivíduos do grupo experimental (Quadro
29). Resultou, no entanto, um pequeno erro nos cálculos que não conseguimos
resolver; como a operária n°1 estava incluída no grupo, e devido à sua
percentagem, através deste cálculo foram-lhe atribuídas 404 peças, em vez
das 344, o que levou a uma distribuição de menos 60 peças (2.65% do valor
total) pelos 8 operárias.

137
Apresentação dos resultados

Quadro 28 - Cálculo da percentagem média de produção individual do grupo


experimental nos 3 primeiros dias (pós-teste)

Operário 1 o dia 2°dia 3° dia Média dos 3 dias

t 17.59 16.64 19.26 17.83 ±1.33

2 10.59 7.20 12.91 10.32 ±2.87

3 8.59 13.60 11.53 11.24 ±2.52

4 13.70 13.92 10.64 12.76 ±1.83

5 2.45 6.08 4.13 4.22 ±1.82

6 25.15 24.64 20.48 23.43 ±2.56

7 5.93 4.96 3.79 4.89 ±1.07

8 13.70 11.52 15.66 13.63 ±2.07

9 2.04 1.44 1.55 1.68 ±0.32

Quadro 29 - Estimativa da produção do grupo experimental no último


dia (pós-teste)

Operário Produção real Produção estimada

2 248 233

3 272 254

4 256 289

5 28 95

6 700 531

7 124 110

8 264 309

9 32 38

Fizemos um teste de normalidade à produção de segunda-feira e aos valores


que foram estimados, a que nos acabamos de nos referir. Através do teste
Shapiro-Wilk verificou-se que a variável "valor estimado" tinha distribuição
normal (p=0.501), mas que o "valor real" não tinha (p=0.049). Aplicamos o
teste de Correlação de Spearman, para um intervalo de confiança de 99%, e
verificamos que entre estas duas variáveis há uma correlação de 0.905
(p=0.002).

138
Apresentação dos resultados

­> Tempo de latência e constância do tempo de latência

O tempo de latência voltou (como no pré­teste) a ser muito variável em ambos


os grupos, como pode ser observado no Quadro 30; no grupo experimental a
média variou entre 0:00:26±0:00:06 e 0:06:56±0:03:09, e no grupo de controlo
variou entre 0:00:26±0:00:08 e 0:02:56±0:01:02.

Quadro 30 ­ N° de peças montadas e tempo de latência (pós­teste)

Operário N° de peças montadas Tempo de latência

1 134.22 ±17.22 0:00:36 ±0:00:04

2 78.33 +26.23 0:01:06 ±0:00:18

2c 3 87.33 ±27.81 0:01:00 ±0:00:24


<D
E 4 93.33 ±29.90 0:00:56 ±0:00:18
%_
ai
Q. 5 27.00 ±19.46 0:04:02 ±0:02:29
X
<D
o
O.
6 190.33 ±54.22 0:00:26 ±0:00:06

7 37.67 ±8.26 0:02:07 ±0:00:21

8 98.67 ±20.21 0:00:50 ±0:00:10

g 11.60 ±4.79 0:06:56 ±0:03:09

10 57.82 ±6.54 0:01:25 ±0:00:11


11 29.82 ±10.79 0:02:56 ±0:01:02

o 12 50.33 ±17.60 0:01:45 ±0:00:29


g
c 13 73.33 ±20.28 0:00:58 ±0:00:14
o
o
cu 14 60.00 ±12.65 0:01:21 ±0:00:24
■o
o
CL 15 137.00 ±15.55 0:00:35 ±0:00:04
3

o 16 48.73 ±16.18 0:01:43 ±0:00:25

17 181.00 ±68.14 0:00:26 ±0:00:08

18 108.33 ±22.20 0:00:45 ±0:00:08

Para saber quem foram os indivíduos menos constantes e os mais constantes


relativamente à variável "Tempo de latência", utilizamos a fórmula descrita em
5.2.2.2 Produção individual e tempo de latência no pré­teste, não só para
manter o mesmo teste, mas também, porque se continuou a verificar a
existência de resultados outlier, conforme pode ser observado na Figura 16.

De acordo com os valores de MAD (valor da mediana das diferenças em


módulo, entre a mediana das observações e o valor de cada observação) que
encontramos para a variável "Tempo de latência", os indivíduos mais

139
Apresentação dos resultados

inconstantes são o n° 5 (0:01:45), o n° 7 (0:00:20) e o n° 9 (0:01:29) do grupo


experimental, e o n° 11 (0:00:51), o n° 12 (0:00:24) e o n° 16 (0:00:16) do grupo
de controlo. Os indivíduos mais constantes são o n° 1 (0:00:03), o n° 6
(0:00:04) e o n° 8 (0:00:08) do grupo experimental, e o n° 10 (0:00:06), o n° 13,
n°14 e n°17 (0:00:05), o n° 15 (0:00:03) e o n° 18 (0:00:7) do grupo de controlo.

1000

■ in o

f.OO

-r 400

200

­200
12 12 12 12 12 12 10 11 11 12 12 12 12 11 12

1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Operários

Figura 16 ­ Tempo de latência relativo à montagem de


conjuntos de 4 molas (pós­teste)

A posição dos indivíduos nos grupos pode ser observada na Figura 17 e os


valores de MAD podem ser consultados no Anexo XVI.

o
<

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18

Grupo experimental Grupo de controlo


Operários

Figura 17 ­ C onstância do tempo de latência, relativa à montagem de


conjuntos de 4 molas (pós­teste)

140
Apresentação dos resultados

5.2.4 C omparação dos resultados da avaliação da produção no


pré­teste e no pós­teste

5.2.4.1 Comparação dos resultados da produção dos grupos

Para a comparação dos resultados da avaliação da produção no pré­teste e no


pós­teste, vamos manter a ordem de apresentação dos resultados que
utilizamos anteriormente.

Em relação ao volume total de trabalho, ou quantidade de molas montadas por


cada grupo, e tendo em conta a ausência da operária n°1 no último dia do pós­
teste, parece­nos oportuno apresentar uma figura com os valores da produção
efectivamente registados, e os valores que supostamente poderiam ter sido
obtidos se a referida operária tivesse estado presente neste dia.

Comecemos, então, por analisar o impacto que a ausência desta operária terá
provocado. A partir da Figura 18, verificamos que a produção do grupo
experimental na segunda­feira foi de 11072 peças. Tendo em conta que o
rendimento médio da operária em causa foi de 17.83% nos 3 dias de trabalho
anterior, se tivesse trabalhado na segunda­feira ela produziria 1974 peças
(11072 peças x 17.82%). Consequentemente, a totalidade das peças montadas
pelo grupo experimental seria de 13046, em vez de 11072.

„ 12400 ­
mola

...
o
o

a
■o
^ 10800

Segunda
D Corrigido 13046
□ Experimental 11072
M Controlo 11624

Figura 18 ­ Provável impacto provocado pela


ausência da operária n°1

141
Apresentação dos resultados

Relativamente à produção total por dia e por grupo, salientamos o seguinte:

■ No pré­teste o grupo de controlo montou mais peças do que o grupo


experimental na terça, quinta e sexta­feira (1288 peças, 632 peças e
1012 peças, respectivamente). Na segunda­feira a posição dos grupos
inverteu­se, tendo o grupo experimental sido o mais produtivo (montou
mais 1108 peças do que o grupo de controlo). A partir do número total
de molas montadas por cada grupo, verificamos que no pré­teste o
grupo de controlo produziu mais 4.47% relativamente ao grupo
experimental

■ No pós­teste o grupo experimental produziu mais do que o grupo de


controlo nos 3 primeiros dias ­ montou mais 600 peças na terça, 140 na
quinta e 240 na sexta­feira. Na segunda­feira, devido à ausência da
operária n° 1, a posição dos grupos inverteu­se; o grupo experimental
montou menos 552 peças do que o grupo controlo. No entanto, se
considerarmos o valor acima encontrado para a provável produção desta
operária durante o dia de segunda­feira, o grupo experimental teria
montado mais 1422 peças do que o grupo de controlo e, assim, teria
sido o grupo que montaria mais peças nos 4 dias em que decorreu o
pós­teste. Tendo por base o número total de molas montadas, verifica­
se que no pós­teste o grupo experimental produziu mais 0.91% do que o
grupo de controlo. C onsiderando uma vez mais o possível contributo da
operária n° 1 para a produção do grupo experimental, a produção do
grupo, relativamente ao de controlo, subiria para 4.86%.

A Figura 19 ilustra o volume total de trabalho produzido pelos dois grupos no


pré­teste e no pós­teste. Na tabela anexa ao gráfico, os termos Experimental 1
e Experimentai correspondem à produção do grupo experimental no pré­teste
e no pós­teste, respectivamente. Da mesma forma, os termos C ontrolol e
Controlo2 correspondem à produção do grupo de controlo nesses dois
momentos. Esta figura ilustra o que acima referimos sobre a evolução da
produção dos grupos nos quatro dias do pré­teste e do pós­teste.

142
Apresentação dos resultados

Terça Quinta Sexta Segunda

D ExperimentaM 8472 9872 9300 11336


■ C ontolol 9760 10504 10312 10228
D Experimentai 9348 12592 14416 11072
DControlo2 8748 12452 14176 11624
Dia de trabalho

Figura 19 ­ Volume total de trabalho, por dia e por grupo (pré­

teste e pós­teste)

Para determinarmos a evolução da produção de cada grupo relativizada ao


Produção no Pré - teste.
pós­teste, utilizamos a fórmula (1 ­)*100. Verificamos
Produção no pós ­ teste
que ambos os grupos melhoraram a sua produção no pós­teste: o grupo
experimental produziu mais 21.67% e o grupo de controlo produziu mais
15.18%. A diferença do aumento de produção é de 6.49% a favor do grupo
experimental.

Considerando uma vez mais o provável contributo da operária n° 1, o ganho de


produção do grupo experimental passaria de 21.67% para 26.74%, resultando
uma diferença de 11.55% entre os dois grupos, em vez da diferença de 6.49%.

A Figura 20 ilustra o que temos vindo a referir acerca da produção do grupo


experimental, quando consideramos o provável contributo da operária n° 1, na
segunda­feira no pós­teste.

143
Apresentação dos resultados

15000

12500
V) 10000
O
E 7500
v
■o 5000

2500

Terça Quinta Sexta Segunda

□ Experimental! 8472 9872 9300 11336


H C ontolol 9760 10504 10312 10228
D Experimentai 9348 12592 14416 13046
D C ontrolo2 8748 12452 14176 11624

Dia de trabalho

Figura 20 ­ Correcção do volume total de trabalho, pela ausência


da operária n°1 (pré­teste e pós­teste)

A Figura 21, relativa à média de molas colocadas por operário num minuto,
mostra de forma sugestiva que, enquanto no pré­teste o grupo experimental só
teve melhor prestação do que o grupo de controlo no último dia dos 4 dias de
avaliação, no pós­teste a prestação do grupo experimental foi sempre superior.

Dia de trabalho

Figura 21 ­ Média de molas colocadas por operário num minuto (pré­


teste e pós­teste)

144
Apresentação dos resultados

Um outro aspecto muito interessante, que pode ser verificado na Figura 19,
mas que a Figura 21 mostra de forma mais clara, é de que enquanto no pré­
teste os dois grupos vão diminuindo a produção ao longo da semana, de terça
a sexta­feira, no pós­teste aconteceu exactamente o contrário ­ ambos os
grupos aumentaram a produção ao longo da semana, verificando­se um grande
incremento de quinta para sexta­feira.

A produção média por operário em cada período de trabalho, no pré­teste e no


pós­teste, é ilustrada pela Figura 22.

Período de trabalho

Figura 22 ­ Produção média por operário em cada período (pré­


teste e pós­teste)

Os resultados obtidos no pós­teste confirmam os dados que já tínhamos obtido


em Outubro e que apontavam para um aumento da produção ao longo do dia:

■ o primeiro período foi o menos produtivo de todos para ambos os


grupos, com a média de 2.79 no pré­teste e de 2.99 no pós­teste
(média global de 2.89);

■ em termos de produção, a seguir ao primeiro período veio o segundo


período, com a média de 2.98 no pré­teste e de 3.98 no pós­teste
(média global de 3.48);

145
Apresentação dos resultados

■ seguiu­se o terceiro período com 3.03 de média no pré­teste e 4.13


no pós­teste (média global de 3.58);

■ por último, e com maior produção surgiu o quarto período de


trabalho, com uma produção média global de 3.75 (3.46 no pré­teste
e 4.04 no pós­teste).

A Figura 23, relativa à produção dos grupos no quarto período de trabalho,


mostra que o grupo experimental produziu sempre mais do que o grupo de
controlo, com excepção para o dia de sexta­feira, no pré­teste.

A partir do gráfico da Figura 23, mas talvez até com maior facilidade a partir da
tabela que lhe está anexa, é possível verificar que o grupo experimental foi
mais produtivo do que o grupo de controlo no pós­teste.

Dia de trabalho

Figura 23 ­ Quantidade de molas colocadas no quarto


período de trabalho (pré­teste e pós­teste)

Concluímos a apresentação dos resultados da produção no pré­teste e no pós­


teste, com dados obtidos através do estudo estatístico da produção dos
grupos. Para o efeito foi criada uma base de dados com as contagens por
período de trabalho, ao longo dos 4 dias, contabilizando 15 contagens no pré­
teste e 15 no pós­teste (Anexo XV)

146
Apresentação dos resultados

Depois de verificada a normalidade das variáveis "peças montadas no


pré-teste" e "peças montadas no pós-teste" (Anexo XV), aplicamos o T-teste de
medidas repetidas ao grupo experimental e ao grupo de controlo, e o T-teste de
amostras independentes.

Os T-teste de medidas repetidas mostram haver diferenças estatisticamente


significativas, quer para o grupo experimental (p=0.017), quer ao grupo de
controlo (p=0.040), como demonstrado no Quadro 31.

Para o grupo experimental, se considerarmos a produção que o grupo


provavelmente obteria se a operária n°1 tivesse estado presente no último dia
do pós-teste, a média seria de 3293.27 ±1003.35, r=-3.293 e p=0.005. A
diferença entre as médias seria de -694.60 ±816.91 e a correlação entre os
valores do pré-teste e do pós-teste (valor corrigido) seria de 0.581 com
p=0.023.

Quadro 31 - T-Teste de medidas repetidas (produção dos grupos)

Média Diferença de médias I P Correlação

Grupo Pré-teste 2598.67 ±594.58 0.531


-563.20 ±808.22 -2.699 0.017
experimental (p=0.042)
Pós-teste 3161.87 ±947.74

Grupo de Pré-teste 2720.27 ±741.25 0.774


-413.07 ±708.27 -2.259 0.040
controlo Pós-teste 3133.33 ±1104.42 (p=0.001)

O T-teste de amostras independentes mostra que os grupos não se distinguiam


no pré-teste e continuaram a não se distinguir no pós-teste (ver Quadro 32).

Quadro 32 - T-Teste de amostras independentes (produção

dos grupos)

Variável í P
N° de peças produzidas no pré-teste -0.496 0.624

N° de peças produzidas no pós-teste -0.076 0.940

147
Apresentação dos resultados

5.2.4.2 Comparação da produção individual e do tempo de latência

=> Capacidade produtiva dos indivíduos

Ao comparar os valores da produção individual no pré-teste e no pós-teste,


verificamos que, à excepção dos operários n° 7 e n° 10 (um de cada grupo) que
produziram menos, os restantes conseguiram montar mais peças durante os
períodos em que foram recolhidas as imagens vídeo. Como pode ser verificado
através da Figura 24 e da Figura 25 o indivíduo que aumentou mais a produção
foi o operário n° 6, seguido dos operários n° 2, 4, 8 e 15.

1 2 3 | 4
|Pré4este 1144 544 1124 628 324 1460 660 816 116

D Pós-teste 1203 940 1048 1120 324 2284 452 1184 144
Operários

Figura 24 - Produção individual do grupo experimental


(pré-teste e pós-teste)

2500

8 1500

Operários

Figura 25 - Produção individual do grupo de controlo


(pré-teste e pós-teste)

148
Apresentação dos resultados

=> Tempo de latência e constância do tempo de latência

A Figura 26 ilustra a diferença dos tempos de latência registados no pré­teste e


no pós­teste. Através de uma análise ao gráfico facilmente se constata que,
enquanto os operários n° 3, n° 5 e n° 7 (todos do grupo experimental) pioram o
tempo de latência no pré­teste, os restantes indivíduos conseguem melhorá­lo.

0:08:04

­ Pré­teste
■ Pós­teste

0:00:00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
Grupo experimental Grupo de controlo

Operários

Figura 26 ­ Tempo de latência dos participantes (pré­teste e pós­teste)

Aplicamos o T­teste de amostras independentes para verificar se havia


diferenças significativas entre o tempo médio de latência dos dois grupos, no
pré­teste e no pós­teste. A partir dos resultados obtidos verificamos que os
grupos não se distinguiam no pré­teste e passaram a distinguir­se no pós­teste
(Quadro 33) Verificamos também que a média do tempo de latência de ambos
os grupos baixou no pós­teste, conforme pode ser observado no mesmo
quadro.
Quadro 33 ­ T­Teste de amostras independentes (comparação do
tempo de latência)

Média f P

Grupo experimental 0:02:01 ±0:02:29


Pré­teste 0.144 0.886
Grupo de controlo 0:01:58 ±0:02:22
Grupo experimental 0:01:57 ±0:02:20
Pós­teste 2.623 0.010
Grupo de controlo 0:01:18 ±0:00:50

149
Apresentação dos resultados

Posteriormente aplicamos o T-teste de medidas repetidas para verificar se


havia diferenças significativas entre o tempo médio de latência no pré-teste e o
tempo médio de latência no pós-teste, em cada um dos grupos. Constatamos
que não houve alterações significativas para o grupo experimental (í=0.460 e
p=0.647), mas houve para o grupo de controlo (f=3.418 e p=0.001)

A constância do tempo de latência no pré-teste (MAD1) e no pós-teste (MAD2)


pode ser observado na Figura 27, a qual nos permite fazer uma comparação
intra e inter-indivíduos.

0:02:01 -,

0:01:44-

0:01:26

O 0:01:09 -

S 0:00:52 -
MAD1
0:00:35 -MAD2
0:00:17

0:00:00 -
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
v J V
v- v- '
Grupo experimental Grupo de controlo
Operários

Figura 27 - Constância do tempo de latência, relativa à montagem de


conjuntos de 4 molas (pré-teste e pós-teste)

No pós-teste, os indivíduos n° 3, n° 5 e n° 7 (do grupo experimental) estiveram


mais inconstantes do que tinham estado no pré-teste. Destes três, o segundo
(n° 5) foi quem teve maior subida do valor de MAD, que passou de 0:00:48
para 0:01:45. Pelo contrário, os operários n° 4 e n° 9 (do grupo experimental), e
n° 12, n° 14 e n° 15 (grupo de controlo) obtiveram resultados de MAD inferiores
aos do pré-teste.

Comparando a média de MAD no pré-teste com a do pós-teste, verifica-se que,


enquanto o grupo experimental subiu de 0:00:24±0:00:36 para

150
Apresentação dos resultados

0:00:30±0:00:38, o grupo de controlo desceu de 0:00:18±0:00:18 para


0:00:13±0:00:15. Para a subida do grupo experimental contribuiu em muito o
operário n° 5 - se tivesse mantido o valor do pré-teste, o grupo teria descido de
0:00:24±0:00:36, para 0:00:23±0:00:27.

Feito o estudo de normalidade à variável MAD, verificou-se que os grupos não


têm distribuição normal no pré-teste e no pós-teste. Obtivemos p=0.010 para o
grupo experimental e p=0.033 para o grupo de controlo no pré-teste, e p=0.010
para ambos os grupos no pós-teste.

Através do teste de Mann-Whitney verificamos que os grupos não se


distinguiram nem no pré-teste (z=0.000 e p=1.000) nem no pós-teste (z=-0.885
e p=0.376) e através do teste Wilcoxon verificamos que não houve diferenças
nos grupos entre os dois momentos de avaliação (z=0.538 e p=0.591, no caso
do grupo experimental e z=-1.123 e p=0.261, no caso do grupo de controlo).

=> Produção dos grupos nos diferentes períodos e dias de trabalho

Com o objectivo de se verificarem as diferenças relativamente à produção do


grupo (somatória das produções individuais), aplicamos o T-teste de medidas
repetidas e o T-teste de amostras independentes.

Através da aplicação do T-teste de medidas repetidas verificamos que ambos


os grupos aumentaram de forma significativa a sua produção no pós teste,
conforme pode ser observado no Quadro 34.

Quadro 34 - T-Teste de medidas repetidas (comparação da produção individual)

Média Diferença de médias t P Correlação

Grupo Pré-teste 63.57 ±36.13 0.780


-20.66 ±37.85 -5.540 0.000
experimental (p=0.000)
Pós-teste 84.23 ±58.57

Grupo de Pré-teste 65.83 ±44.88 0.689


-18.17 ±39.80 -4.678 0.000
controlo (p=0.000)
Pós-teste 84.00 ±53.90

151
Apresentação dos resultados

Através do T-teste de amostras independentes, concluímos que os grupos não


se distinguiam quanto ao n° de peças montadas no pré-teste (p=0.690) e
continuaram a não se distinguir no pós-teste (p=0.976) - ver Quadro 35.

Quadro 35 - T-Teste de amostras independentes (comparação da


produção individual)

Média t P

Grupo experimental 63.57 ±36.13


Pré-teste -0.399 0.690
Grupo de controlo 65.83 +44.88

Grupo experimental 84.23 ±58.57


Pós-teste -0.030 0.976
Grupo de controlo 84.00 ±53.90

152
Apresentação dos resultados

5.3 A utilização do tempo de trabalho

5.3.1 A utilização do tempo de trabalho no pré-teste


Como já tivemos oportunidade de referir, a análise da forma como os
indivíduos utilizaram o tempo de trabalho foi feita através da observação dos
blocos de vídeo de 20 minutos. O Quadro 36 apresenta a média do tempo
gasto por cada um dos grupos, e dos dois grupos em conjunto, nas quatro
situações observadas: em tarefa; em distracção; em interacção com a
supervisora; ausente da linha de montagem por motivos alheios à actividade.
No Anexo XVII podem ser analisados os tempos médios assim como o n°
médio de situações registadas em cada bloco de vídeo, para cada um dos
participantes.

Os valores apresentados no quadro correspondem às seguintes percentagens:

» no caso do grupo experimental: tempo em tarefa - 67.49%; em


distracção - 28.34%; em interacção com a Supervisora - 0.51%;
ausente da linha de montagem - 3.66%;

• no caso do grupo de controlo: tempo em tarefa - 71.27%; em


distracção - 26.05%; em interacção com a Supervisora - 0.42%;
ausente da linha de montagem - 2.26%

Quadro 36 - Utilização do tempo de trabalho no pré-teste

Tarefa Distracção Interacção Ausente

Grupo experimental 0:13:33 ±0:04:19 0:05:33 ±0:03:47 0:00:06 ±0:00:16 0:00:43 ±0:02:09

Grupo de controlo 0:14:11 ±0:03:56 0:05:11 ±0:03:43 0:00:05 ±0:00:16 0:00:27 ±0:01:12

Média total 0:13:52 ±0:04:08 0:05:22 ±0:03:44 0:00:05 ±0:00:16 0:00:35 ±0:01:44

Os grupos apresentam também valores muito próximos entre si, quando


comparamos o número de situações registadas (em tarefa, em distracção, em
interacção e ausências)- ver Quadro 37. O número de situações registadas
relativamente à tarefa correspondem, no grupo experimental a 50.01% das
situações observadas, enquanto que no grupo de controlo correspondem a

153
Apresentação dos resultados

50.18%. As situações de distracção têm também percentagens muito próximas


para os grupos: 48.63% (grupo experimental) e 48.53% (grupo de controlo).

Quadro 37 - Número de situações observadas no pré-teste

Tarefa Distracção Interacção Ausente

Grupo experimental 21.70 ±9.30 21.10 ±9.48 0.24 ±0.56 0.35 ±0.62

Grupo de controlo 19.06 ±11.92 18.43 ±12.12 0.21 ±0.51 0.28 ±0.55

Média total 20.36 ±10.76 19.75 ±10.95 0.23 ±0.54 0.32 ±0.58

Os valores encontrados, quer para o tempo, quer para o n° de situações


registadas levou-nos a considerar que os grupos não se distinguem em
nenhuma destas variáveis. Esta hipótese foi confirmada pelo T-teste de
amostras independentes, conforme se pode verificar no Quadro 38.

Quadro 38 - T-teste de amostras independestes para a


utilização do tempo de trabalho (pré-teste)

Variáveis í P
tarefa -1.109 0.269

distracção 0.721 0.472


Tempo
interacção 0.297 0.766

ausente 1.137 0.257

tarefa 1.799 0.074

N°de distracção 1.792 0.075


situações interacção 0.312 0.755

ausente 0.898 0.370

5.3.2 A utilização do tempo de trabalho no pós-teste


A partir dos valores apresentados no Quadro 39, encontramos as percentagens
ao tempo que cada grupo utilizou nas diferentes situações. O grupo
experimental utilizou 72.18% do tempo em tarefa, 23.56% em distracção.
0.33% em interacção com a Supervisora e 3.93% ausente da linha de
montagem. Por sua vez, o grupo de controlo utilizou 75.86% do tempo em

154
Apresentação dos resultados

tarefa, 21.14% em distracção. 0.50% em interacção com a Supervisora e


2.51% ausente da linha de montagem.

Quadro 39 - Utilização do tempo de trabalho no pós-teste

Tarefa Distracção Interacção Ausente

Grupo experimental 0:14:24+0:04:23 0:04:42 ±0:03:42 0:00:04 ±0:00:10 0:00:47 ±0:02:02

Grupo de controlo 0:15:08 ±0:03:27 0:04:13 ±0:03:25 0:00:06 ±0:00:06 0:00:30 ±0:01:10

Média total 0:14:46 ±0:03:57 0:04:28 ±0:03:34 0:00:05 ±0:00:15 0:00:39 ±0:01:39

Como no pré-teste, também agora se verifica uma proximidade entre os dois


grupos no que diz respeito ao número de situações registadas - ver Quadro 40.
Em termos percentuais, os valores deste quadro correspondem: no caso das
situações em tarefa a 49.95% (grupo experimental) e 49.87% (grupo de
controlo); no caso das situações em distracção a 48.52% (grupo experimental)
e 48.61 % (grupo de controlo).

Quadro 40 - Número de situações observadas no pós-teste

Tarefa Distracção Interacção Ausente

Grupo experimental 20.52 ±10.40 19.93 ±10.87 0.24 ±0.49 0.39 ±0.91

Grupo de controlo 22.59 ±13.73 22.02 ±13.93 0.27 ±0.62 0.42 ±0.64

Média total 21.57 ±12.21 20.99 ±12.52 0.25 ±0.56 0.41 ±0.79

Aplicado o T-teste de amostras independentes, verifica-se que no pós-teste os


grupos continuam a não se distinguir em nenhuma das variáveis - ver Quadro
41.
Quadro 41 - T-teste de amostras independestes para a
utilização do tempo de trabalho (pós-teste)

Variáveis t P
tarefa -1.364 0.174
distracção 0.979 0.329
Tempo
interacção -0.810 0.419
ausente 1.223 0.223
tarefa -1.236 0.218

N°de distracção -1.216 0.225


situações interacção -0.427 0.670
ausente -0.277 0.782

155
Apresentação dos resultados

5.3.3 Comparação da evolução da utilização do tempo de trabalho


do pré-teste e do pós-teste
Como acabamos de referir, os grupos não se distinguiam no pré-teste e
continuaram a não se distinguir no pós-teste.

Ao observar os dados relativos à utilização do tempo de trabalho (Quadro 36 e


Quadro 39) e ao número de situações observadas (Quadro 37 e Quadro 39),
verificamos que no pós-teste:

• O grupo experimental aumentou o tempo em tarefa (6.27%), reduziu o


número de distracções (5.55%) e o tempo em distracção (15.32%);

• O grupo de controlo aumentou o tempo em tarefa (6.70%), reduziu o


tempo em distracção (18.65%), mas esteve mais vezes distraído
(19.48%).

Através do T-teste de medidas repetidas (ver Quadro 42), verificamos que:

• O grupo experimental melhorou significativamente ao nível da variável


"tempo em distracção" (p=0.029);

• O grupo de controlo melhorou significativamente ao nível da variável


"tempo em tarefa" (p=0.024) e "tempo em distracção" (p=0.016), mas
piorou ao nível da variável "N° de situações em distracção" (p=0.003).

Quadro 42 - T-teste de medidas repetidas, relativo à evolução da utilização do


tempo de trabalho

Grupo experimental Grupo de controlo


Variáveis
t P t P
tarefa -1.912 0.059 -2.298 0.024

distracção 2.219 0.029 2.451 0.016


Tempo em
interacção 0.725 0.470 -0.418 0.677

ausente -0.241 0.810 -0.381 0.704

distracção 1.014 0.313 -3.015 0.003

N° de situações interacção 0.000 1.000 -0.815 0.417

ausente -0.380 0.705 -1.883 0.063

156
Apresentação dos resultados

5.3.4 Correlação entre o tempo em tarefa e o número de conjuntos


montados
Concluímos a apresentação dos resultados com os dados relativos à
correlação entre o tempo em tarefa e o número de conjuntos montados por
cada indivíduo (Correlação de Spearman) e por cada um dos grupos
(Correlação de Pearson) no pré-teste e no pós-teste.

Comecemos então pelos resultados dos operários (ver Quadro 43):

Quadro 43 - Correlação entre o tempo em tarefa e montagem de


conjuntos (por operário)

Pré-teste Pós-teste
Operário
Correlação Significância Correlação Significância
1 -0.017 0.965 0.126 0.748
2 0.958 ** 0.000 0.751 ** 0.005
3 0.462 0.130 0.687* 0.014
4 0.467 0.125 0.754 ** 0.005
5 0.961 ** 0.000 0.818** 0.001
6 0.232 0.468 0.720** 0.008
7 0.489 0.106 0.639* 0.025
8 0.807 ** 0.002 0.562 0.057
9 0.754** 0.005 0.639 * 0.025
10 -0.129 0.705 0.468 0.147
11 0.650 * 0.022 0.848 ** 0.000
12 0.740 ** 0.006 -0.082 0.800
13 0.765 ** 0.004 0.310 0.326
14 -0.160 0.618 0.792 ** 0.002
15 0.526 0.079 0.486 0.109
16 0.910** 0.000 0.753 ** 0.005
17 0.158 0.625 0.755 ** 0.005
18 0.877 ** 0.000 0.685 * 0.014

** Intervalo de confiança de 0.01


* Intervalo de confiança de 0.05

157
Apresentação dos resultados

• no pré-teste foi verificada uma correlação significativa em 4 indivíduos


do grupo experimental (intervalo de confiança de 0.01 em todos os
casos) e em 5 indivíduos do grupo de controlo (intervalo de confiança de
0.01 em 4 casos e intervalo de confiança de 0.05 no 5o caso);

• no pós-teste foi verificada correlação significativa em 7 indivíduos do


grupo experimental (intervalo de confiança de 0.01 em 4 casos e de 0.05
em 3 casos) e em 5 indivíduos do grupo de controlo (intervalo de
confiança de 0.01 em 4 casos e de 0.05 no 5o caso).

Comparando os resultados dos dois momentos de avaliação, verifica-se que o


operário n° 8 (grupo experimental) e os operários n° 12 e n° 13 (grupo de
controlo) deixaram de ter correlação significativa no pós-teste. Pelo contrário,
os operários n° 3, n° 4, n° 6 e n° 7 (grupo experimental) e os operários n° 14 e
n° 17, que não tinham tido correlação significativa no pré-teste, passaram a tê-
la no pós-teste.

Os resultados da correlação entre o tempo em tarefa e o número de conjuntos


por cada um dos grupos são apresentados no Quadro 44.

Quadro 44 - Correlação entre o tempo em tarefa e montagem de conjuntos


(por grupo)

Pré-teste Pós-teste
Correfação Significância Correlação Significância
Grupo experimental 0.679 0.000 0.740 0.000
Grupo de controlo 0.506 0.000 0.437 0.000

A partir deste quadro verifica-se que no pós-teste, a correlação foi maior para o
grupo experimental e menor para o grupo de controlo. Apesar destas
diferenças, a correlação foi sempre positiva e estatisticamente significativa
(p=0.000), para um intervalo de confiança de 0.01.

158
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Discussão dos resultados

6 Discussão dos resultados

Neste estudo colocamos a hipótese básica: o programa de treino faz aumentar


a produtividade de operários. Na sua sequência formulamos três hipóteses: o
programa de treino faz aumentar o número de peças produzidas durante o dia
de trabalho; o programa de treino faz diminuir o número de comportamentos
não relacionados com a actividade produtiva, e consequentemente, faz
aumentar o tempo em tarefa; o programa de treino faz aumentar a condição
física na população estudada

Poderemos considerar que o nosso estudo:

» Não suporta a hipótese básica;

• suporta a hipótese de que programa de treino faz aumentar a condição


física na população estudada.

• suporta parcialmente a hipótese de que o programa de treino faz


aumentar o número de peças produzidas durante o dia de trabalho;

• suporta parcialmente a hipótese de que o programa de treino faz


diminuir o número de comportamentos não relacionados com a
actividade produtiva e faz aumentar o tempo em tarefa;

A discussão dos resultados é iniciada com os dados relativos às variáveis da


quantidade de peças produzidas, continua com a análise das variáveis da
utilização do tempo de trabalho e da condição física, para culminar com a
discussão da produtividade.

Sem esquecer que a medida do nosso trabalho é uma medida de grupo


(comparação do grupo experimental com o grupo de controlo), serão discutidos
casos individuais que tenham tido impacto nos valores do grupo, assim como
situações relativas à metodologia do trabalho com adultos D.M.

161
Discussão dos resultados

6.1 Co ndição física


Os ganhos obtidos neste estudo são compatíveis com os resultados de outras
investigações.
O uso do programa de treino é essencial para o bem­estar e desenvolvimento
da condição física das pessoas D.M., que por norma apresentam valores mais
baixos ao nível das variáveis da condição física, como resultado de uma vida
mais sedentária que a dos seus pares.

O programa de treino teve resultados positivos no nosso estudo, tendo­se


verificado ganhos significativos ao nível da flexibilidade, da força e da
resistência aeróbia. Para as variáveis em que verificamos diferenças
significativas para o grupo experimental (Quadro 22), foram calculadas:

■ as diferenças dos ganhos médios entre os grupos (Quadro 24);

■ as médias da percentagem de ganho do grupo experimental sobre o


grupo de controlo, para os 3 tipos de actividade: flexibilidade
(30.08%), força (64.45%) e resistência aeróbia (6.22%).

Este estudo mostra que 14 semanas de treino, com 3 sessões semanais


(duração entre 35 e 60 minutos), orientadas para o desenvolvimento da
flexibilidade, da força e da resistência aeróbia têm um impacto positivo no
desenvolvimento da condição física de adultos com deficiência mental. Os
ganhos são similares com os estudos de Seagraves (2002), Parker (2001),
Zetts et ai. (1995) e Croce e Horvat (1992) e Montgomery (1988), e confirmam
a hipótese formulada.

Aplicado o T­teste de amostras independeste, verificou­se que o grupo


experimental e o grupo de controlo não se distinguiram em nenhuma variável
no pré­teste. No pós­teste, os grupos mostraram diferenças significativas na
variável "abdominais" (p=0.011) (Quadro 20).

162
Discussão dos resultados

Analisando as diferenças (ganhos/perdas) dos dois grupos entre o pré­teste e o


pós­teste, verificámos haver mais diferenças entre os grupos. Relativamente às
ganhos/perdas, eles distinguiram­se em todas as variáveis, com excepção das
seguintes: "dinamómetro manual" e "equilíbrio sobre uma perna" (p=0.170) e
"Flexibilidade lateral do tronco (média)" (p=0.098) (Quadro 21).

Aplicado o T­teste de medidas repetidas (Quadro 22 e Quadro 23), verificou­se


que:

■ o grupo experimental melhorou os resultados em todas as variáveis,


com excepção da variável "dinamómetro manual" (p=0.188) e
"equilíbrio sobre uma perna" (p=0.325)

■ o grupo de controlo não melhorou os resultados de nenhuma


variável.

Não terem sido encontradas melhorias significativas na prova de força manual


(dinamómetro manual), no grupo experimental, não foi para nós causa de
surpresa, uma vez que na planificação do programa de treino não foi incluído
trabalho específico para o desenvolvimento da força dos músculos flexores da
mão. Do que foi feito no ginásio, o que mais terá contribuído para o
desenvolvimento destes músculos foram os exercícios realizados em circuito
de treino: extensões de braços (ver p.86) e trabalho com haltères de mão (ver
p.87). São exercícios em que não é repetido o movimento de flexão/extensão
das mão. No caso da extensão de braços, as mãos permanecem em extensão,
apoiadas no solo, e no caso do trabalho com haltères, as mãos mantêm­se
flectidas para não deixarem cair os aparelhos. No estudo desenvolvido por
Balic et ai. (2000) os autores referiram não ter encontrado diferenças
significativas relativamente à força da mão, uma vez que estes músculos são
pouco utilizados durante os programas de treino. As maiores diferenças que
encontraram entre os grupos dizem respeito aos músculos da região lombar e
aos quadricípedes, que são frequentemente utilizados durante os programas
de treino. C omo veremos mais à frente, no nosso estudo também encontramos

163
Discussão dos resultados

maior desenvolvimento da força na zona abdominal e nos membros inferiores.


Ainda relativamente à prova de força manual (dinamómetro manual),
Montegomery et ai. (1988) registaram um ganho de 1.36% do grupo
experimental sobre o grupo de controlo no programa de 6 meses (média
ponderada do sexo masculino e feminino - n=171) e um ganho de 4.26% no
programa de 4 meses (média ponderada do ambos os sexos - n=53). No
nosso estudo, o ganho do grupo experimental sobre o grupo de controlo foi de
12.53%.

Apesar de sabermos que o equilíbrio resulta da percepção e da integração de


informações provenientes do sistema vestibular, do sistema óculo-sensorio-
motor e do sistema proprioceptivo (Petiz, 2002), esperávamos que o grupo
experimental obtivesse melhores resultados na prova de "equilíbrio sobre uma
perna". A nossa expectativa era de que o programa de treino pudesse ter
contribuído para um maior desenvolvimento desta capacidade, como resultado
das diversas situações de trabalho propostas ao longo do programa, se bem
que nenhuma tivesse visado especificamente o equilíbrio sobre uma perna.

=> Flexibilidade

Os valores médios obtidos pelos operários do grupo experimental nas 3 provas


de flexibilidade situaram-se entre 0.56% (operário n° 5) e 190.80% (operário n°
9). Este valor resultou, em grande parte, do ganho obtido por este operário na
prova de flexibilidade de tronco à frente (520%). Acreditamos que este ganho
terá resultado exclusivamente do trabalho desenvolvido pelo indivíduo, uma
vez que ele gostava muito de treinar a flexão do tronco à frente.

Os ganhos médios do grupo experimental sobre o grupo de controlo foram de


83.66% na prova de "flexão de tronco à frente", de 10.15% na prova de "flexão
lateral do tronco" e de 5.22% na prova de "abdução do ombro".

164
Discussão dos resultados

Esta diferença de valores parece-nos ter a ver com a dificuldade dos indivíduos
deficientes mentais em perceberem a forma correcta de realizar os exercícios e
de manterem uma posição desconfortável.

Dos estudos que encontramos, apenas o estudo de Montgomery et ai. (1988)


apresenta valores sobre o trabalho da flexibilidade com deficientes mentais. Na
única prova comum nos nossos trabalhos, os resultados foram muito
diferentes. Enquanto nós registamos um ganho de 83.66% do grupo
experimental sobre o grupo de controlo, Montgomery et ai. (1988) obtiveram
2.35% (1 a fase do programa - 6 meses) e 3.69% (2a fase do programa - 4
meses).

O exercício que propusemos para a flexão do tronco à frente, foi, de entre


todos os exercícios de flexibilidade, o mais fácil de compreender e de executar.
Simultaneamente, foi o exercício de flexibilidade em que os indivíduos
conseguiram manter o esforço durante mais tempo, provavelmente devido à
componente lúdica que foi introduzida - balanços dos braços.

O exercício proposto para trabalhar a flexão lateral do tronco já era mais


desconfortável e o movimento era menos usual. Para além disso, este
exercício provocava em alguns indivíduos um certo desequilíbrio, o que
condicionava o seu desempenho.

As situações propostas para o desenvolvimento da flexibilidade do ombro


(abdução) foram as mais difíceis de executar. Tivemos necessidade de fazer
muitas correcções ao longo das sessões, o que terá dificultado o aparecimento
de melhores resultados. Para um trabalho mais eficaz é necessário recorrer a
ajudantes ou, em alternativa, ter outras condições (mais espaldares e plintos ou
bock's) para criar condições como as ilustradas na Figura 28. Quer a nível
escolar, quer a nível de competição, é muito fácil encontrar situações de
"ajuda" para o maior e mais rápido desenvolvimento da flexibilidade. No
entanto, no trabalho com grupos constituídos apenas por indivíduos deficientes
mentais, devido à dificuldade que têm em perceber o limite da força que podem
exercer, e à dificuldade que têm em perceber as situações de ajuda, é difícil, e

165
Discussão dos resultados

talvez até arriscado, propor determinadas situações para o desenvolvimento da


abdução do ombro.

Figura 28 - Situações para o desenvolvimento da abdução do ombro

Como vimos anteriormente, o maior ganho ao nível da flexibilidade foi obtido


pelo operário n° 9. Seguiram-lhes os operários n° 4 (27.31 %) e n° 6 (21.49%).

A menor percentagem foi obtida pelo operário n° 5, que para além de ter sido o
que mais faltou às sessões do programa de treino (33.3%) por motivo de
doença, foi o que apresentou maiores dificuldades ao nível da compreensão e
execução dos exercícios de flexibilidade. Tivemos que intervir, com alguma
frequência, no sentido de lhe relembrar a forma correcta de executar os
exercícios.

=> Força

Os valores médios obtidos pelos operários do grupo experimental situaram-se


entre 28.95% (operária n° 1) e 233.34% (operária n° 3). Este último valor foi
influenciado pelo ganho obtido pela operária na prova de "salto vertical"
(400%). Este ganho poderá ter sido influenciado, em parte, por um efeito de
aprendizagem decorrente do programa de treino; embora não tenha sido
realizado trabalho específico para esta prova, foram realizados "saltos de pé
coxinho", "saltos de canguru" e "saltitares em banco sueco".

Os ganhos médios do grupo experimental sobre o grupo de controlo foram de


64.44% na prova de "salto vertical" e de 64.46% na prova de "abdominais".

166
Discussão dos resultados

Verificamos que o aumento da força muscular ocorreu em todos os


participantes, o que está de acordo com o observado por Seagraves (2002),
Parker (2001), Zetts et ai. (1995) e Croce e Horvat (1992). Com a ressalva de
que os resultados destes autores não podem ser comparados com os nossos
devido ao facto de incidirem sobre grupos musculares diferentes e terem sido
usadas outras situações de trabalho, permitem no entanto fazer uma
comparação da grandeza do aumento da força. Os ganhos médios
encontrados por estes autores foram: 24.10% (Seagraves, 2002); 20.57%
(Parker, 2001); 44,59% (Zetts et ai.,1995); 23.49% (Croce e Horvat, 1992).

O trabalho desenvolvido por Montgomery et ai. (1988), a que já anteriormente


nos referimos, tem algumas semelhanças com o nosso programa de treino e
com algumas das provas por nós aplicadas, se bem que, de outra bateria de
testes (The Canadian Standardizen Test of Fitness). Para a avaliação da força,
foram aplicadas em ambos os estudos a prova de força manual ("dinamómetro
manual") e a prova de força abdominal ("abdominais"). Na primeira prova estes
autores verificaram um ganho de 1.36% no estudo de 6 meses e 4.26% no
estudo de 4 meses , e na segunda prova registaram um ganho de 90.11% no
estudo de 6 meses e 82.79% no estudo de 4 meses.

Os maiores ganhos de força do nosso estudo foram obtidos pela operária n° 3


(233.34%), como anteriormente já referido, seguida dos operários n° 4
(107.15%), n° 8 (71.06%) e n° 5 (65.00%) - este último foi quem teve o pior
resultado ao nível da flexibilidade. Aparentemente parece haver alguma
incongruência entre os resultados da flexibilidade e os da força para o operário
n° 5; seria de esperar que o número de faltas ao programa de treino
inviabilizasse tão grande progressão ao nível da força, quando comparado com
os colegas que foram mais assíduos. Os resultados deste indivíduo poderão ter
justificação, por um lado, no facto do desenvolvimento da força exigir menos
treinos semanais do que o desenvolvimento da flexibilidade e, por outro lado,
devido à maior dificuldade que este indivíduo teve em perceber e realizar os
exercícios de flexibilidade, como anteriormente mencionamos. Segundo Parker

167
Discussão dos resultados

(2001), o desenvolvimento da força pode ocorrer em situações de um treino


semanal e segundo Corbin e Fox (1987), a frequência para o trabalho da
flexibilidade deve ser de três ou mais dias por semana.

As menores percentagens do ganho de força foram obtidas pela operária n° 1


(28.95%) e pelo operário n° 6 (29.17%). No caso da operária n° 1, não foi
registado qualquer ganho na prova de salto em altura. Este resultado poderá
ser justificado com o facto da participante ter mostrado sempre receio em
executar saltos e nunca ter feito este tipo de exercício com muito à-vontade. No
caso do operário n° 6, quer o resultado da prova de salto em altura (25.00%),
quer o resultado da prova de abdominais (33.33%), poderão não corresponder
às suas reais capacidades, devido a uma participação pouco "entusiasmada"
nas provas e ao desânimo que manifestou pelo facto da actividade desportiva
estar a terminar - foi um participante sempre muito activo e que realizou todas
as tarefas com dedicação.

=> Resistência

Os valores médios obtidos pelos operários do grupo experimental situaram-se


entre -4.09% % (operário n° 5) e 19.33% (operária n° 2). A percentagem mais
baixa corresponde à utilização de mais 40 segundos no pós-teste, e a
percentagem mais elevada corresponde à diminuição de 4 minutos e 25
segundos no pós-teste. O facto do operário n° 5 ter piorado o tempo da prova
de resistência aeróbia pode estar relacionado com alguma falta de motivação
que nos pareceu verificar neste indivíduo, durante a realização deste teste. A
falta de assiduidade (33.33% de faltas) e o tipo de participação que teve nas
sessões, normalmente muito pouco activa, poderão ter contribuído para este
resultado. Pelo contrário, o resultado da operária n° 3 no pós-teste traduz a
forma como participou nas sessões de trabalho.

O ganho do grupo experimental sobre o grupo de controlo, verificado ao nível


da prova de resistência aeróbia, foi de 6.22%. Este valor aproxima-se dos
resultados obtidos por Montegomery et ai. (1988), como veremos a seguir, mas

168
Discussão dos resultados

fica aquém dos resultados de Croce e Horvat,1992 (20.00%), de Cluphf et


ai.,2001 (28.88%) e de Schurrer et ai., 1985 (36 a 43%).

Embora a diferença entre o resultado do nosso estudo e os resultados


encontrados por Croce e Horvat (1992) e por Schurrer et ai. (1985) sejam
bastante diferentes não nos causa grande estranheza, uma vez que os
primeiros autores trabalharam apenas com 3 indivíduos e os segundos com 5
indivíduos (durante 23 semanas), analisaram os ganhos ao nível do V02MAX e
utilizaram provas diferentes da nossa (Astrand bicycle test (1960) e andar em
treadmill, respectivamente). Pelo contrário, o resultado obtido por Cluphf et at.
(2001 ) já nos chamou mais a atenção e faz-nos considerar que alguma variável
possa ter influenciado de forma significativa um dos estudos. No nosso estudo
o grupo de controlo melhorou 0.63% entre o pré-teste e o pós-teste, enquanto
o grupo de controlo de Cluphf et ai. piorou 7.02% (corresponde a uma diferença
entre grupos de 7.65%). Estes autores verificaram que as prestações do grupo
de controlo pioraram em cada aplicação da prova (pré-teste, 4 a semana, 8a
semana e pós-teste), o que poderá estar relacionado com uma crescente falta
de motivação para a repetição do teste, ou com uma actuação menos eficaz
dos acompanhantes. Se a nossa amostra fosse constituída por indivíduos que
participassem de forma regular em actividades físicas desportivas, poderíamos
considerar que o menor ganho registado no nosso estudo seria devido a um
nível (inicial) mais elevado da capacidade cardiovascular. No entanto, como
ficou demonstrado na caracterização da amostra, não é fácil encontrar adultos
(em situação de emprego protegido) mais sedentários do que os que
participaram no nosso estudo. Portanto, a hipótese de que a diferença de
ganho do grupo experimental sobre o grupo de controlo nos dois estudos, não
poderá ser justificada com uma capacidade cardiovascular inicial mais elevada
dos grupos do nosso estudo.

No estudo desenvolvido por Croce e Horvat (1992) foi verificado que os ganhos
ao nível do V0 2 MAX ficaram abaixo dos ganhos de força (23.49±10.29), o que
ilustra bem que se obtêm mais rapidamente ganhos de força do que de

169
Discussão dos resultados

resistência aeróbia. Resultados semelhantes (maior ganho de força,


relativamente ao VO2MAX) foram obtidos por Montegomery et ai. (1988), quer
na primeira fase do estudo (6 meses), em que registou um ganho de 4.01 % do
VO2MAX do grupo experimental sobre o grupo de controlo, e na segunda fase
(4 meses), em que registou um ganho de 11.78%.

A necessidade de mais tempo para o desenvolvimento da resistência aeróbia é


também suportada pela opinião de Fernhall (1997). Este autor aponta um
período de 4 a 6 meses para o desenvolvimento da resistência aeróbia e de 10
a 12 semanas para o desenvolvimento da força.

Montegomery et ai. (1988) verificaram que após a primeira fase da aplicação


do programa (6 meses) o grupo experimental não mostrou ganhos significativos
na prova de resistência aeróbia (Step test - Canadian Standardized Test of
Fitness), apesar do registo dos treinos mostrar que houve evolução. Os autores
concluíram que a melhoria verificada durante o treino não se reflectiu no pós-
teste. No nosso estudo, apesar de termos obtido resultados estatisticamente
significativos na resistência aeróbia (p=0.027), tendo em conta o esforço que
os participantes conseguiam desenvolver durante o período em que era
trabalhada a resistência aeróbia, contávamos também com melhores
resultados para o grupo experimental na prova Rockport Fitness Walking Test,
no pós-teste. Consideramos, pois, que os resultados desta prova poderão ter
ficado aquém da real capacidade dos indivíduos. A diferença entre os
resultados esperados e os resultados obtidos, pode ter justificação no facto da
prova ser realizada fora do local habitual de treino (ginásio com as dimensões
de 9 X 6 metros) e na ausência de música ambiente. Fica-nos estão a dúvida:
como se comportariam os participantes se o ginásio onde decorreram as
sessões de treino tivesse dimensões que permitissem realizar a prova?

=> Programa de treino

Apesar da participação neste estudo ter sido voluntária, a operária n° 2 e o


operário n° 8 mostraram inicialmente pouca vontade em participar no

170
Discussão dos resultados

programa. No primeiro caso alegava dores de costas e que não se podia


agachar nem sentar no chão por causa do joelho, que tinha uma artrose, dizia.
No segundo caso, alegava que tinha problemas nos pés e não podia correr
nem andar durante muito tempo. Estas reacções duraram aproximadamente
duas semanas e foram desaparecendo, dando lugar a uma boa participação no
programa.

No sentido de aumentar e de manter a motivação dos participantes, recorremos


às seguintes estratégias:

■ utilizamos reforços verbais no início, durante e após o final das sessões


e fizemos todos os exercícios em conjunto com os participantes;

■ nos períodos destinados ao desenvolvimento da resistência aeróbia


alternamos os exercícios e verificamos a pulsação, de forma aleatória, a
todos os participantes. A contagem da pulsação, inicialmente destinada
a verificar a forma como os indivíduos reagiam ao esforço, passou
também a ser utilizada como um factor de motivação depois de nos
apercebermos da grande importância que os indivíduos lhe atribuíam;

■ utilizamos música em todas as sessões durante todo o tempo de


trabalho no ginásio. Tentamos, em quatro dias diferentes, trabalhar a
resistência aeróbia fora do ginásio (duas vezes no campo de ténis e
duas vezes no campo exterior polivalente). C omo nunca conseguimos
que os participantes se mantivessem a correr por mais de 3 minutos ­
faltava a música ­ passamos a fazer todo o trabalho no ginásio. A nossa
experiência, relativamente à utilização da música como factor motivador
está de acordo com Potteiger et ai. (2000), Rimmer (1992) e Shephard
(1990);

■ criamos um sistema de pontuação para a atribuição de prémios pelo


esforço desenvolvido nas sessões de treino. Este sistema foi
implementado a partir da 6 a semana de trabalho, altura em que a
intensidade de esforço passou a ser elevada e o tempo de treino passou
para 60 minutos. A pontuação (0.5 ou 1 ponto por sessão) era
"negociada" com todos os participantes no final de cada sessão de treino

171
Discussão dos resultados

(auto e hetero­avaliação) e registada num gráfico que ia sendo


preenchido com um marcador de tinta fluorescente. C ada gráfico era
utilizado durante duas semanas e a distribuição dos prémios era feita na
última sessão da utilização do gráfico. Em vez do número do operário,
as folhas de registo de pontuação tinham a fotografia (tipo passe) dos
nove indivíduos. Este sistema revelou­se muito eficaz, o que está de
acordo com a literatura.

6.2 Produção
No nosso estudo houve três constatações que nos surpreenderam.
Comecemos por falar de duas:

■ a primeira, foi de que não esperávamos encontrar uma diferença tão


grande de produção do grupo de controlo, entre o pré­teste e o pós­
teste, uma vez que se tratava de uma actividade observada em
situação real de trabalho, em que todos os operários (com excepção
da operária n° 11 ) tinham já uma significativa experiência e onde, por
isso, não seria esperável o efeito de aprendizagem;

■ a segunda, foi termos verificado uma evolução diferente da produção


dos grupos ao longo dos dias em que decorreu o pré­teste e o pós­
teste; enquanto no pré­teste houve uma diminuição da produção ao
longo da semana, no pós­teste registamos um aumento da produção
ao longo dos dias, entre terça­feira e sexta­feira.

Depois de analisarmos os dados e de termos reflectido sobre o que aconteceu


na oficina durante os dois períodos de observação, parece­nos que a
justificação de tais factos pode estar no tipo de supervisão efectuada (Riedel et
ai., 2001) nos dois períodos de avaliação, que terá afectado a motivação
(Shapira et ai., 1985) e a atenção relativamente ao trabalho (Cox et ai., 1987).

Como já tivemos oportunidade de referir, o grupo de operários onde a nossa


amostra se integra é supervisionado por duas pessoas. Aconteceu que, devido

172
Discussão dos resultados

a motivo de doença, no pré-teste só esteve presente uma Supervisora e no


pós-teste só esteve presente a outra. Estas duas funcionárias tiveram
actuações diferentes. A Supervisora que fez o acompanhamento no período
em que decorreu o pré-teste, nunca mostrou grande interesse pelo nosso
estudo e manteve uma atitude "normal" relativamente ao trabalho e aos
operários - chamava à atenção quando havia mais barulho na sala (gostava
que trabalhassem em silêncio), apoiava quando a solicitavam e chamava à
atenção quando os operários permaneciam durante algum tempo sem
trabalhar. Pelo contrário, a Supervisora que orientava a oficina no período em
que decorreu o pós-teste, desde início se interessou pelo nosso estudo e
mostrou algum interesse em conhecer os resultados obtidos em cada dia. Ao
contrário da colega, esta Supervisora incentivava indiscriminadamente os
operários dos 2 grupos e utilizava a música como "factor de motivação e para
manter um ambiente harmonioso na oficina", dizia. O dia em que houve maior
produção (sexta-feira - 3o dia de trabalho) coincidiu com o dia em que a
Supervisora mais incentivou os operários.

Esta diferença de atitude poderá então justificar que no pré-teste, por não ter
havido qualquer incentivo, ambos os grupos poderão ter diminuído a sua
produtividade ao longo da semana, em consequência da acumulação de
fadiga, e que no pós-teste, devido a um maior incentivo, os grupos tenham
superado o problema da acumulação da fadiga e, provavelmente por isso,
aumentaram de forma significativa a sua produção.

A terceira constatação que nos surpreendeu, a nós e às Supervisoras, foi o


facto de ambos os grupos aumentarem a sua produtividade ao longo do dia. No
capítulo 4 Material e métodos tínhamos referido que as Supervisoras eram de
opinião de que manter os operários durante um dia inteiro de trabalho na
mesma tarefa, seria exigir-lhes um esforço demasiado. Os resultados que
obtivemos, quer no pré-teste, quer no pós-teste, parecem indicar que o tipo de
trabalho é compatível com a manutenção da tarefa durante todo o dia.

173
Discussão dos resultados

A explicação do aumento da produção ao longo dos 4 períodos poderá ter a ver


com uma crescente concentração ao longo do dia de trabalho. O primeiro
período foi sempre o menos produtivo, por um lado, devido a facto de alguns
operários chegarem atrasados à oficina e, por outro lado, devido à maior
tendência para conversarem entre si. O segundo período de trabalho (entre o
intervalo da manhã e o intervalo para o almoço), segue-se em termos de
produtividade, ao primeiro período do dia. Neste período verificou-se algum
"desassossego" a partir do meio dia, hora em que chega o carro que transporta
o almoço. Para a perda de alguma produtividade contribui também o facto de
alguns operários tomarem a medicação por volta do meio-dia e de ser
distribuída a senha do almoço. Uma possível explicação para que o último
período seja o mais produtivo, pode ter a ver com o facto dos operários
estarem mais concentrados no seu trabalho e comunicarem menos entre si.
Lamentavelmente, não temos dados que nos permitam sustentar esta hipótese,
uma vez que as gravações vídeo foram feitas só nos 3 primeiros períodos de
trabalho.

Relativamente à produção individual (observada através das imagens vídeo)


verificamos haver diferenças significativas entre os indivíduos em ambos os
grupos, quer no pré-teste, quer no pós teste. No entanto, através da análise
das figuras que comparam os resultados nos dois períodos (Figura 24 e Figura
25), parece-nos haver um maior equilíbrio na produção do grupo experimental
no pós-teste; os indivíduos n° 2, 3, 4 e 8 apresentam um uma produção muito
próxima (não incluímos a operária n°1, por ter trabalhado apenas 3 dias). Pelo
contrário, no grupo de controlo, no pós-teste, os indivíduos mantêm uma
percentagem de produtividade muito idêntica à verificada no pré-teste. Esta
diferença entre os grupos sugere-nos que possa ter havido influência do
programa de treino na capacidade de produção dos indivíduos que integraram
o grupo experimental.

174
Discussão dos resultados

Foi verificado que o tempo médio de latência foi menor no pós-teste para os
dois grupos e foi verificado também que os grupos se distinguiram no pós-
teste. Não nos surpreendeu que o tempo de latência tivesse diminuído, uma
vez que tínhamos registado um aumento de produção para ambos os grupos,
se bem que, este tempo, por si só, poderá não justificar as diferenças ao nível
da produção. Reparemos que, apesar do grupo de controlo ter obtido um
tempo de latência menor (todos os indivíduos deste grupo baixaram o tempo),
foi o grupo experimental quem mais produziu no pós-teste e quem teve o maior
ganho de produção.

O facto dos grupos se distinguirem entre si relativamente ao tempo médio de


latência no pós-teste, deve-se, em grande parte, ao operário n° 5 (grupo
experimental) que aumentou o seu tempo médio de latência de 3 minutos e 4
segundos para 4 minutos e 2 segundos. Aplicando o T-teste de amostras
independentes sem considerar este indivíduo, obteríamos M.502 e p=0.136,
em vez de í=2.623 e p=0.010 (ver Quadro 33).

No grupo experimental, para além do operário n° 5, também os operários n° 3 e


n° 7 aumentaram o tempo médio de latência (6 segundos e 39 segundos,
respectivamente). No caso da operária n° 3, o aumento do tempo de latência
foi acompanhado da diminuição do número de peças produzidas (média de 6
por período observado) e terá resultado de uma fase que nos pareceu ser de
maior instabilidade. O operário n° 7 diminuiu também o número de peças
produzidas (média de 18 por período observado), pelo facto de no pré-teste ter
montado o 1 o conjunto de molas (vermelhas) e ter passado, no pós-teste, a
montar o 2 o conjunto de molas (amarelas), o que o obrigou a utilizar algum
tempo a fazer o arranjo de algumas molas montadas pelo colega que o
antecedia na linha de montagem. O aumento do tempo de latência do operário
n° 5 (58 segundos) não foi acompanhado de diminuição da produção.

Ao contrário do grupo experimental, no grupo de controlo, todos os indivíduos


melhoraram o tempo médio de latência. Destacamos dois indivíduos: a operária
n° 11, que melhorou o tempo médio em 2 minutos e 22 segundos, e o operário
n° 14 que melhorou 1 minuto e 59 segundos. No caso da operária n° 11, o

175
Discussão dos resultados

resultado obtido poderá estar relacionado com algum efeito de aprendizagem,


uma vez que esta participante tinha ainda pouca experiência na montagem de
molas quando iniciamos o nosso trabalho (o aumento da sua produção passou
de 23.64±13.20 para 29.82±10.79). O caso do operário n° 14 é diferente. Na
altura em que realizamos o pré-teste ele era o responsável por repor molas nas
mesas de trabalho dos dois grupos (conforme explicado no capítulo Material e
métodos) e no pós-teste este trabalho foi feito por indivíduos que não
pertenciam à amostra. Apesar desta alteração não ter tido implicações nos
resultados do T-teste de amostras independentes (f=2.609 e p=0.010 - tempo
de latência no pós-teste) nem no T-teste de medidas repetidas (f=2.857 e
p=0.005 - para o grupo de controlo), tem implicação nos resultados deste
operário. Depois de termos observado a diferença do tempo médio de latência
e a diferença da produção (36.33±17.26 no pré-teste e 60.00+12.65 no pós-
teste), fomos analisar novamente os vídeos do pré-teste e verificamos que este
indivíduo utilizou 55 minutos e 52 segundos (23.28% do tempo observado) na
tarefa de reposição de molas.

Ao analisar a correlação entre o tempo de permanência em tarefa com o


número de conjuntos que cada operário montou nos períodos observados em
vídeo, verificaram-se grandes diferenças entre os indivíduos, quer no pré-teste,
quer no pós-teste. Pensamos que esta diversidade de resultados poderá estar
relacionada com a variação de ritmo de trabalho. As diferenças encontradas na
produção individual podem estar relacionadas com o maior ou menor
perfeccionismo dos indivíduos. Isto é, a produção dos indivíduos era
influenciada pela quantidade de tempo que gastavam a reparar as molas
montadas pelos colegas anteriores - é o caso da operária n° 12 (montava o 3o
grupo de molas) que, em vez de dar um pequeno jeito às molas colocadas
pelos colegas, o que era suficiente, optava quase sempre por mudar as molas
de sítio, passando as vermelhas ( 1 o conjunto) para a outra ponta do cartão.
Algumas vezes esta operária foi observada a retirar as 8 molas colocadas
pelos colegas para de seguida montar os 3 conjuntos (vermelhas + amarelas +
azuis). Outros exemplos podem ser dados: os operários n° 10 e n° 11 tiveram

176
Discussão dos resultados

níveis de produção bastante variados, devido ao facto de algumas vezes


gastarem demasiado tempo para corrigir a colocação de molas montadas,
enquanto que noutros momentos conseguiam produzir mais; já o operário n°
17, tinha maior preocupação em produzir do que em fazer um trabalho de
qualidade, quando era chamado à atenção, baixava bastante o número de
peças produzidas.

Um outro factor que terá contribuído fortemente para as diferenças encontradas


na correlação entre o tempo em tarefa e número de conjuntos montados, foi a
capacidade de concentração no trabalho. Como já referimos, ter sido
considerado em tarefa as situações em que os indivíduos não estavam
completamente concentrados no trabalho (trabalhavam enquanto
conversavam, por exemplo), pode ser, só por si, justificação para as
correlações encontradas.

6.3 Utilização do tempo de trabalho


A contagem do tempo em tarefa, assim como a contagem das outras formas de
utilização do tempo (em distracção, em interacção com as Supervisoras e
ausente) foi feita de acordo com o estipulado na metodologia. No entanto,
durante a observação dos vídeos apercebemo-nos de que há uma parte
significativa do tempo registado como estando em tarefa, em que os operários
realizam o trabalho de uma forma mais lenta por não estarem completamente
concentrados na tarefa que estão a realizar (desviam o olhar e conversam
enquanto trabalham). Se durante a análise dos vídeos nos fosse possível ter
distinguido situações em que os operários realizavam a tarefa concentrados,
das situações em que realizavam trabalho enquanto conversavam ou
observavam colegas ou outras pessoas que circulavam na oficina, talvez
tivéssemos conseguido obter um dado importante para determinação do tempo
médio e do tempo máximo dos períodos de concentração de cada operário.

177
Discussão dos resultados

0 número de molas montadas por cada um dos operários e o tempo que cada
operário necessitou para montar conjuntos de 4 molas foi muito variável.
Embora considerado como tempo em tarefa, o tempo que não era utilizado
especificamente na montagem das molas no cartão, era gasto noutras funções
que lhes estavam relacionadas, como por exemplo, o arranjo dos conjuntos já
colocados nos contentores e o arranjo do local de trabalho (disposição dos
contentores e das molas para montar).

O maior ou menor tempo utilizado nestas tarefas, assim como o tempo gasto
em situações não relacionadas com o trabalho, contribuíram para a diferença
de tempos de latência encontrada entre os participantes.

Verificamos que os grupos nunca se distinguiram entre si e que:

• aumentaram o tempo em tarefa no pós-teste, mas apenas o grupo de


controlo registou uma melhoria significativa;

• diminuíram significativamente o tempo em distracção;

• o grupo de controlo aumentou significativamente o número de


situações em distracção.

Reflectindo sobre os dados relativos ao tempo e ao número de situações


(tarefa e distracção), somos levados a pensar que o programa de treino possa
ter, de alguma forma, influenciado o grupo experimental, uma vez que este
grupo reduziu o número de distracções em 5.55%, enquanto o grupo de
controlo as aumentou (13.89%) de forma significativa. Dito de outra forma,
parece-nos que o programa de treino poderá ter ajudado o grupo experimental
a manter-se mais concentrado.

No entanto, no pós-teste surgiu-nos uma variável que não tínhamos


considerado, e que nos parece ter exercido alguma influência, não só sobre a
produção, mas também sobre o tempo em tarefa e em distracção. Trata-se da
atitude da Supervisora que foi referida quando discutimos os resultados da
produção. Esta "nova variável" criou-nos alguma dificuldade na interpretação
dos dados e faz-nos levantar algumas questões. Será que com uma atitude

178
Discussão dos resultados

idêntica à verificada no pré-teste os indivíduos não teriam tendência para se


distraírem mais vezes? Será que o tempo médio de distracção aumentaria se
houvesse menos reforços verbais? Como se comportaria cada grupo?

Ao observarmos que o grupo de controlo aumentou de forma significativa o


número de distracções, mas que apesar disso conseguiu diminuir o tempo em
distracção, leva-nos a considerar que a intervenção da Supervisora tenha tido
grande influência na diminuição deste tempo.

6.4 Produtividade
O grupo experimental e o grupo de controlo não se distinguiram entre si, quer
no pré-teste, quer no pós-teste, e ambos registaram ganhos significativos no
pós-teste. Estes resultados foram obtidos através do registo da observação
feita em tempo real e confirmados através da observação feita à produção
individual, por dia de trabalho.

Apesar de não ter havido uma diferença estatisticamente significativa entre os


grupos no pós-teste, a partir da observação em tempo real verificamos que o
grupo experimental teve um maior ganho de produção do que o grupo de
controlo: 21.67% para o grupo experimental e 15.18% para o grupo de controlo.
A diferença de produção situou-se nos 6.49%, mas poderia teria sido de
11.55%, caso a operária n° 1 tivesse trabalhado no 4 o dia do pós-teste, como
foi explicado em 5.2.4.1 Comparação dos resultados da produção dos grupos.

Dos quatro estudos que conseguimos obter sobre a influência de programas de


treino na produtividade de pessoas com deficiência mental, apenas Seagraves
(2002) apresentou resultados observados numa situação real de trabalho:
empilhar cadeiras de plástico. Nesta tarefa, no final do programa de treino, o
grupo experimental obteve um ganho de 27.74% e o grupo de controlo, um
ganho de 6.68% (21.06% a favor do grupo experimental). Resultado diferente,
e mais próximo do nosso (6.49%) foi observado por Beasley (1982, citado por
Croce e Horvat, 1992), que estudou a influência de um programa de jogging na

179
Discussão dos resultados

capacidade produtiva de adultos deficientes mentais, em situação real de


trabalho.

Não podendo comparar o nosso resultado com os resultados de Croce e


Horvat (1992), Zetts et ai. (1995), Parker (2001) e os restantes resultados de
Seagraves, por terem sido verificados em tarefas simuladas, não deixa de ser
interessante verificar que os ganhos se situam entre 7.64% ±3.03 e 25.26%
±19.61, valor globais encontrados por Croce e Horvat (1992) e por Zetts et ai.
(1995), respectivamente, e que a produção média verificada por Parker (2001)
foi de 12.93% e a de Seagraves (2002) foi de 14.50%. Segundo estes dois
últimos autores, é possível que para além do efeito induzido pelo programa de
treino, tenha havido um efeito de aprendizagem.

Encontramos na literatura um trabalho de Hassmen e Koivula (1997) sobre a


influência de um programa de treino físico em adultos com média de idade de
66 anos. O programa, que consistiu em caminhar 3 vezes por semana durante
3 meses, provocou diferenças significativas a favor do grupo experimental em
tarefas complexas e diferenças menores em tarefas simples. Este estudo leva-
nos a colocar a seguinte questão: como reagiriam os participantes do nosso
estudo, se em vez de realizarem uma tarefa já muito bem treinada (para a
quase totalidade dos indivíduos) lhes fosse proposta outra tarefa mais
complexa ou menos trabalhada? O facto do grupo experimental ter conseguido
manter-se mais concentrado no pós-teste (diminuiu o número de distracções,
enquanto o grupo de controlo as aumentou de forma significativa) pode ser um
forte indicador de que, perante uma tarefa mais complexa ou menos
trabalhada, o grupo experimental conseguiria aumentar mais a sua
produtividade, em relação ao grupo de controlo

Tendo sido verificado que o ganho de produção de 6.49% do grupo


experimental sobre o grupo de controlo no pós-teste não foi estatisticamente
significativo, e que este ganho não tem correlação significativa com o ganho
das componentes da condição física (ver Quadro 46), e tendo também sido

180
Discussão dos resultados

verificado que a correlação entre as variáveis da condição física e a produção


no pós-teste não foi estatisticamente significativa (ver Quadro 47), somos
levados a considerar que a melhoria verificada ao nível da condição física não
justificará, por si, o ganho de produção verificado relativamente ao grupo
experimental. O facto de não termos encontrado correlação significativa entre o
ganho da condição física e o ganho da produção, sugere-nos que a maior
produtividade do grupo experimental (no pós-teste) possa estar relacionada
com uma maior motivação, que tenha resultado do sentimento de pertença a
um grupo mais restrito, o grupo "da ginástica", como diziam os operários entre
si.

Tendo em conta que a produtividade de um operário, de um grupo de operários


ou de uma empresa é mais do que a quantidade de trabalho produzido,
aumentar a produtividade significa produzir mais e produzir com qualidade. O
aumento da produtividade está associado a níveis mais elevados de motivação,
de concentração e de capacidade de realização de trabalho.

Os dados obtidos no nosso estudo (maior concentração e maior produção do


grupo experimental no 4 o período de trabalho no pós-teste), sugerem-nos que o
programa de treino poderá ter influenciado a produtividade do grupo
experimental.

181
CONCLUSÕES
Conclusões

7 Conclusões
As variáveis de contexto são de difícil controlo. Para além de factores
relacionados com o meio envolvente, a actuação dos supervisores e as faltas,
a motivação e o desempenho dos participantes podem exercer uma grande
influência na obtenção de resultados.

Observamos uma grande variabilidade entre os indivíduos deficientes mentais


que participaram no estudo, quer ao nível da condição física, quer ao nível da
produção, ao nível da utilização do tempo de trabalho e do tempo de latência.

Tratando­se de grupos relativamente pequenos, como é o caso do nosso


estudo, os resultados de alguns indivíduos condicionam os resultados do
grupo, o que pode justificar a divergência dos resultados verificados nos
diferentes estudos.

A análise que fizemos dos dados sugeriu­nos o seguinte:

=> o estudo suporta a hipótese de que o programa de treino faz aumentar a


condição física na população estudada:

■ o programa de treino que aplicamos fez aumentar a condição física


dos indivíduos que constituíram o grupo experimental. O ganho
mais significativo foi o ganho de força, seguido da flexibilidade, e
por último, da resistência aeróbia;

■ os reforços verbais sistemáticos, o uso da música, a utilização de


situações lúdicas, a alternância de exercícios de resistência aeróbia
e o sistema de pontuação e de atribuição de prémios mostraram­se
extremamente eficazes, o que está de acordo com a revisão da
literatura;

■ o ganho da flexibilidade depende da maior ou menor dificuldade


dos indivíduos em perceber e em realizar correctamente os
exercícios, assim como do empenho dos indivíduos;

185
Conclusões

■ para o ganho da força é necessário menos tempo do que para o


ganho de flexibilidade e para o ganho da resistência aeróbia.

=> relativamente à produção, o estudo suporta parcialmente a hipótese de que


o programa de treino faz aumentar o número de peças produzidas durante o
dia de trabalho:

■ o número de peças produzidas no pós­teste foi significativamente


maior para ambos os grupos, mas foi o grupo experimental que
mais aumentou a produção. O aumento de produção nos dois
grupos poderá estar relacionado com o tipo de supervisão
efectuada no pós­teste;

■ o tempo de permanência em tarefa, assim como o tempo de


latência não podem ser considerados, por si só, indicadores de
rendimento;

=> relativamente à utilização do tempo de trabalho, o estudo suporta


parcialmente a hipótese de que o programa de treino faz diminuir o número
de comportamentos não relacionados com a actividade produtiva e faz
aumentar o tempo em tarefa:

■ o grupo experimental diminuiu o número de distracções, enquanto


o grupo de controlo o aumentou de forma significativa, o que
aponta para um aumento da concentração do grupo experimental;

■ no pós­teste, ambos os grupos estiveram menos tempo distraídos


e mais tempo em tarefa, o que aparentemente está relacionado
com a supervisão.

=> por último, o estudo não suporta a hipótese básica ­ o programa de treino
faz aumentar a produtividade dos operários ­ no entanto:

■ apesar de não se terem verificado diferenças significativas entre os


dois grupos no pós­teste, o grupo experimental apresentou um
ganho superior ao do grupo de controlo;

186
Conclusões

■ a partir da análise da produção individual, parece haver um maior


equilíbrio entre a produção dos operários do grupo experimental no
pós­teste;

■ não foi encontrada correlação significativa entre a produção e a


condição física no pós­teste, o que sugere que o aumento da
produtividade do grupo experimental sobre o grupo de controlo
possa estar relacionado com uma maior motivação para o trabalho,
resultante do sentimento de pertença a um grupo mais restrito, o
grupo "da ginástica";

■ a diversidade dos valores da correlação entre o tempo de


permanência em tarefa com o número de peças montadas por cada
indivíduo pode estar relacionada com a capacidade de
concentração e com o perfeccionismo de cada indivíduo;

Antes de apresentarmos as sugestões para estudos futuros, e tendo em conta


a legislação em vigor e as características das pessoas deficientes mentais,
gostaríamos de deixar a nossa opinião acerca do papel das entidades
empregadoras e instituições de acolhimento. Tendo em conta que:

• a população deficiente mental apresenta normalmente uma menor


condição física do que a população não deficiente, e que tem tendência
para uma perda mais acelerada das capacidades devido ao estilo de
vida mais sedentário;

• que os D.M. conseguem responder positivamente aos programas de


desenvolvimento da condição física;

• que a condição física exerce alguma influência na capacidade de


produção dos indivíduos;

• que o ganho de condição física influência positivamente o estado de


saúde dos indivíduos;

187
Conclusões

• que os D.M. não procuram de forma autónoma locais para a prática de


uma actividade física desportiva regular, e que há poucos locais
vocacionados para este tipo de população,

competirá às entidades empregadoras e instituições de acolhimento promover


situações que facilitem a participação em programas de desenvolvimento da
condição física, com vista à melhoria do nível de saúde e bem-estar, aumento
da motivação e maior produtividade, com vista à sua verdadeira inclusão na
sociedade.

=> SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS


As questões que a seguir apresentamos resultaram de uma análise crítica ao
nosso trabalho e poderão, eventualmente, constituir-se como hipóteses para
novas investigações.

Como se comportariam os participantes na prova de RWFT se pudesse ter sido


realizada com música ambiente? Será que os resultados da prova seriam
diferentes?

Na discussão dos resultados fizemos referência ao facto de na análise dos


vídeos não nos ter sido possível distinguir situações em que os operários
realizavam a tarefa concentrados, das situações em que realizavam trabalho
enquanto conversavam ou observavam colegas ou outras pessoas que
circulavam na oficina. Não termos distinguido estas duas situações, não nos
permitiu conhecer o tempo máximo de concentração dos operários.

A que conclusões se chegará se na análise do trabalho de indivíduos com DM.


forem consideradas estas situações de trabalho? Qual será o tempo máximo
de concentração dos indivíduos? Qual a relação percentual entre o tempo em
tarefa concentrados e o restante tempo de trabalho?

188
Conclusões

Que resultados teríamos obtido se tivessem sido mantidas as condições de


trabalho verificadas no pré-teste? Provavelmente, seria interessante replicar o
trabalho na mesma amostra e analisar os resultados dos dois estudos.

Será que os valores que obtivemos no nosso estudo poderão ser verificados
em estudos que utilizem situações de trabalho idênticas à nossa, mas
aplicados a amostras maiores?

Será que o nosso programa de treino, aplicado a indivíduos com D.M. que
desenvolvam a sua actividade profissional em sectores de produção que exijam
mais esforço físico terá um efeito mais visível na capacidade produtiva?

189
I

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201
ANEXOS
Anexo I

Anexo !

Autorizações e questões éticas


O pedido de autorização para a realização do presente estudo foi formalizado,
através de carta dirigida à Direcção do Centro de Formação Profissional.
Posteriormente, em reunião com a Directora do CEFPI e o Coordenador do
Enclave, foi apresentado em pormenor o projecto do trabalho.

Após confirmação da autorização, foi realizada uma entrevista aos operários,


com o objectivo de conhecer a sua disponibilidade para participar no estudo,
tendo-lhes sido prestada toda a informação, salientando o carácter facultativo
da sua participação.

O Centro de Formação enviou uma carta às famílias dos operários que iam
integrar o grupo de trabalho, a explicar os objectivos do estudo e a metodologia
do trabalho e a solicitar a autorização para a sua participação.

Tanto aos operários, como às suas famílias, foi garantida a possibilidade de se


desvincularem do estudo em qualquer fase da sua implementação.

Ill
Anexo II

Anexo II

Comunicação pessoal do investigador James Rimmer

De: James Rimmer [jrimmer@uic.edu]


Enviado: terça-feira, 22 de Outubro de 2002 4:51
Para: fernandojcardoso@clix.pt
Assunto: Re: Eurofit for Adults

Thanks for your note. Yes, I have seen the Eurofit and I think it is
a
good test. It will also allow you to make comparisons to non-disabled

adults.

Kindly,

J. Rimmer
P.S. Please visit our website at www.ncpad.org. We have two surveys
on the
website that may be of interest to you.

At 08:55 PM 10/20/2002 +0100, you wrote:


>Dear Sir
>
>I'm a post-graduate student of the Porto University - Portugal.
>I'm preparing a thesis about the importance of physical exercise on
productivity of workers with mental retarded.
>In my researches, I didn't find any battery of tests validated for
adults
>with mental deficiencies, with age between the 32 and the 49 years. I
think
>to use the battery " Eurofit for Adults " (Conseil de L'Europe,
1995).
>I would like to know your opinion. This is an appropriate battery or
is
>there another what it is validated for this population and I ignore
it?
>
>Looking forward to hearing from you.
>
>Yours Faithfully
>Fernando Cardoso

James H. Rimmer, Ph.D., Professor


Director, National Center on Physical Activity and Disability
Department of Disability and Human Development (M/C 626)
University of Illinois at Chicago
1640 West Roosevelt Rd.

V
Anexo II

Chicago, IL 60608-6904
Phone -- 312/413-9651
Cell Phone — 312/545-3202
Fax — 312/355-4058
Anexo III

Anexo III

Comunicação pessoal do investigador Pauli Rintala

De: Pauli Rintala [pauli.rintala@sport.jyu.fi]


Enviado: quinta-feira, 17 de Outubro de 2002 5:58
Para: fernandojcardoso@clix.pt
Assunto: Vs: Eurofit Physocal Fitness

Fernando,
I am sorry to tell that there is no validated test for this
population.
The most work has been done on cardiovascular testing (1-mile walk and
shuttle run, ergometer). It wold not be a bad ideda to use Eurofit ( I
am not very familiar with it) See APAQ 16(1), 1999 Donncha et al.

I have used one battery which I will give to you below. This is an
excerpt from an unfinished manuscript to be sent to APAQ in a near
future???
Those test items have used for MR population, but their validity and
reliablity is not tested. Maybe you could use them and let me hear
your
results?

sincerely,
Pauli Rintala
Professor

Table 1. Physical performance components tested and tests administered


in 1996

Performance Components Test Item

Physical growth Height (cm)*


Weight (kg)*
Body Mass Index (BMI)*
Cardiovascular endurance 1-mile walk (min)
Muscular strength & endurance Sit-up (hands on chest) (times)*
Sit up (arms straight) (times)
Grip strength (N)
Flexibility Sit-and-reach (cm)
Static balance Stork stand (hands on hip) (sec)*
Stork stand (hands free) (sec)
Dynamic balance Heel-to-toe -walking (steps)
Manual dexterity Pearl transfer speed (sec)*
Purdue Peg Board (# of pegs)

VII
A n e x o III

Total number of test items 13


* Test items administered the same way in 1973, 1979, and 1996
In this paper, we present the tests that were performed in all testing
years 1973, 1979, and 1996. The more complete report of the tests and
the results in 1973 and 1979 is available in the dissertation of Ulla
Lahtinen (1986).
Body Mass Index (BMI) is calculated by dividing a person's body
weight in kilograms by his or her height in meters squared. It is
recommended when skinfold calipers cannot be used or researchers lack
training to take skinfold measurements (American College of Sports
Medicine, 1992). The concurrent related evidence of validity values
range from r = .70-82 using percent body fat as a criterion measure
(Lohman, 1992) . The reliability values are considered very high
(Lohman,
1994) . The BMI has the highest correlation with independent measures
of
body fat (Sims, 1976). Ks. Fox et al, 1983.
The sit-up test was used to measure abdominal strength/endurance.
Sit-ups can also be used as logically valid and reliable (test-retest
r
= .88) instrument (Jette, Sidney, & Cicutti, 1984) for individuals
with
ID. Motivation may be a problem as indicated by the Reid et al. (1985)
finding in the test-retest the intraclass correlation coefficient R =
.63 using the Canadian Standardized Test of Fitness. Pizarro (1990)
concluded that modified sit-ups were reliable (test-retest r = .83 and
.94) and suitable for use with mainstreamed educable and trainable
(EMH/TMH) adolescents with ID. Lahtinen (1986) reported the
reliability
coefficient values of r = .90 and .92 when the test was administered a
week apart for 10 adolescents with ID.
Static balance (stork stand) has acceptable face validity, a
test-retest reliability (r = .87), and an interrater type of
reliability
(objectivity) (r = .99) for persons without ID according to Johnson &
Nelson (1986). Suni et al. (1996) reported interrater ICC values of
.76
(SEM 13.3 seconds) and 1.0 (SEM 0.3 seconds) in two different studies
for adults without ID. The test-retest reproducibility over 1 week was
also tested. A moderate amount of variability was discovered for the
one
leg standing (mean difference between testing days 3.7 seconds with a
95% confidence interval from -2.2 to 9.6). Lahtinen (1986) tested 10
adolescents with ID on stork stand 1 week apart and found test-retest
reliability of r = .88.
Manual dexterity was measured using Lahtinen's (1986) "pearl
transfer speed" test of moving pearls from bowl to bowl which had been
found interclass test-retest reliability of r = .86.

> » <fernandojcardoso@clix.pt> 10/17 12:18 »>


Dear Sir

I'm a post-graduate student of the Oporto University &#8211;


Portugal.

VIII
Anexo ill

I'm preparing a thesis about the importance of physical exercise on


productivity of workers with mental retarded.
In my researches, I didn't find any battery of tests validated for
adults
with mental deficiencies, with age between the 32 and the 4 9 years. I
think
to use the battery " Eurofit for Adultus ".
I would like to know your opinion. This is an appropriate battery or
is
there another what it is validated for this population and I ignore
it?

Looking forward to hearing from you.

Yours Faithfully
Fernando Cardoso

IX
Anexo IV

Anexo IV

FUNCTIONAL FITNESS TEST (Rilki e Jones, 2001)


A bateria de testes Funcional Fitness Test, concebida para avaliar aspectos
físicos associados à independência funcional de pessoas com idades
avançadas, é constituída pelas provas a seguir descritas(Sardinha, 1999):

1 - Levantar e sentar da cadeira


Objectivo

Avaliar a força e resistência dos membros inferiores.

Material necessário

Cronometro; cadeira com encosto e sem braços, com o assento a uma altura
aproximada de 43 cm.

Procedimento

O participante senta-se no meio da cadeira, com pés apoiados no solo,


afastados à largura dos ombros, um pé ligeiramente à frente do outro, e braços
cruzados ao nível dos pulsos e contra o peito

Ao sinal previamente determinado, o participante executa os movimentos de


levantar (até atingir a posição vertical) e sentar (completamente) na cadeira
durante 30 segundos.

O participante deve ser corrigido e encorajado a executar o máximo de


repetições possíveis.

Ensaio

A seguir à demonstração, o executante pode efectuar um ou dois movimentos.

XI
Anexo IV

Pontuação

Corresponde ao número total de execuções correctas, realizadas em 30


segundos.

2 - Flexão do antebraço
Objectivo

Avaliar a força e resistência do membro superior dominante.

Material necessário

Cronometro; cadeira com encosto e sem braços; haltère de mão (2,27 Kg para
mulheres e 3,63 kg para homens).

Procedimento

O participante senta-se numa cadeira, com pés apoiados no solo, tronco


encostado às costas da cadeira e haltère na mão dominante.

O teste começa com a palma da mão voltada para a frente e o membro


superior pendente e perpendicular ao solo.

Ao sinal previamente determinado, o participante executa a flexão do antebraço


sobre o braço, que deve ser precedida do movimento de flexão do pulso.
Depois de atingir o máximo de flexão, volta à posição inicial, repetindo o
movimento durante 30 segundos.

O avaliador deve estar numa posição que lhe permita colocar os dedos no
bícipede do executante, por forma a estabilizar-lhe o braço e perceber se os
movimentos estão a ser correctamente executados (o antebraço do executante,
tem que tocar os dedos do avaliador)

O participante deve ser corrigido e encorajado a executar o máximo de


repetições possíveis.

Ensaio

A seguir à demonstração, o executante pode efectuar um ou dois movimentos.

XII
Anexo IV

Pontuação

Corresponde ao número total de execuções correctas, realizadas em 30


segundos. Se no último movimento o antebraço estiver a meio da flexão, conta-
se como flexão completa.

3 - Sentado e alcançar
Objectivo

Avaliar a flexibilidade dos membros inferiores.

Material necessário

Cadeira com encosto e sem braços; régua de 45 cm.

Procedimento

Por questões de segurança, a cadeira deve ficar encostada à parede.

O participante senta-se numa cadeira e puxa-se à frente, até ficar sentado na


extremidade do assento (ao nível da articulação coxo-femural).

Mantendo uma perna flectida e o pé completamente assente no solo, o


participante faz a extensão da outra perna sobre a coxa (perna de preferência)
e apoia o calcanhar no chão, com o pé em flexão (aproximadamente a 90°).

Com a perna estendida, o praticante faz flexão do tronco à frente, mantendo a


coluna o mais direita possível e a cabeça no prolongamento da coluna. As
mãos devem deslizar uma sobre a outra, com dedos sobrepostos, tentando
ultrapassar os dedos dos pés. A posição de máxima flexão deve ter mantida
durante 2 segundos.

Ensaio

A seguir à demonstração, o executante define qual a perna de preferência e faz


duas execuções.

XIII
Anexo IV

Pontuação

Com o auxílio da régua é medida a distância (com a aproximação de 1 cm)


entre os dedos das mãos e os dedos dos pés, nas duas execuções. O dedo
grande do pé representa o ponto zero.

As distâncias serão registadas com sinal "­" se os praticantes não alcançarem


os pés, e com sinal "+" se os ultrapassarem.

Para efeitos de avaliação, considera­se apenas o melhor resultado.

4 - Estatura e Altura
Objectivo

Avaliar o índice de massa corporal (kg m"2)

Material necessário

Balança para registo com aproximação às 100 gramas; fita métrica de 1,5
metros; régua ou nível

Calçado

A avaliação do peso e altura pode ser feito com os participantes calçados.


Neste caso:

♦ ao peso obtido devem subtrai­se 0,45 Kg para mulheres e 0,91 Kg para


homens.

* à altura medida devem ser retirados entre 1,3 e 2,5 cm (procurar usar
um critério rigoroso).

Procedimento

Estatura

Fixar a fita métrica à parede, com o "zero" a 50 cm do solo.

O praticante encosta­se à parede, de preferência descalço, com o meio da


cabeça alinhada com a fita métrica e olhar dirigido para a frente.

XIV
Anexo IV

0 avaliador coloca a régua/nível sobre a cabeça do participante e encostada à


fita métrica. À altura marcada pela base do objecto colocado sobre a cabeça,
que deve estar nivelado, são somados 50 cm (correspondentes à distância que
vai da fita ao chão), obtendo-se assim a altura da pessoa.

Peso

O participante deve despir todas as roupas pesadas e colocar-se sobre a


balança, de preferência descalço.

O peso deve ser registado com aproximação às 100 gramas.

5 - Sentado, caminhar 2,44 metros e voltar a sentar


Objectivo

Avaliar a mobilidade física - velocidade, agilidade e equilíbrio dinâmico.

Material necessário

Cronometro; fita métrica; cone; cadeira com encosto

Montagem

Colocar a cadeira encostada à parede.

Colocar um cone em frente à cadeira, distanciado 2,44 metros (entre a


extremidade da cadeira e a parte anterior do cone), em área desimpedida -
mínimo 1,22 metros

Procedimento

O participante senta-se na cadeira, direito, com mãos nas coxas, pés assentes
no solo (um ligeiramente avançado relativamente ao outro). Deve ser informado
que a prova é cronometrada e que por isso tem que fazer o percurso o mais
rápido possível (sem correr).

Ao sinal previamente determinado, o participante levanta-se e percorre


rapidamente o caminho até ao cone, contoma-o e regressa à cadeira, onde se
volta a sentar.

xv
Anexo IV

O cronometro é accionado logo após o sinal de partida (independentemente do


momento em que a prova é iniciada) e parado quando o participante volta à
cadeira e se senta completamente.

Ensaio

A seguir à demonstração, o executante deve fazer um ensaio e realizar duas


execuções.

Pontuação

Registam-se os dois tempos cronometrados, mas utiliza-se apenas o melhor


para a avaliação do desempenho.

6 - Alcançar atrás das costas


Objectivo

Avaliar a flexibilidade dos membros superiores.

Material necessário

Régua de 45 cm.

Procedimento

Na posição de pé, o participante faz passar a mão dominante sobre o mesmo


ombro, com a palma da mão apoiada sobre as costas e dedos estendidos e
dirigidos para baixo. A mão do outro braço é colocada (por baixo) atrás das
costas, com os dedos esticados e dirigidos para cima (as costas da mão devem
estar em contacto com a coluna).

O participante deve tentar sobrepor, ou pelo menos tocar, os dedos médias das
duas mãos.

Ensaio

A seguir à demonstração, o executante experimenta duas vezes.

Pontuação

O participante executa o teste duas vezes.

xvi
Anexo IV

O avaliados ajuda a orientar os dedos médios das duas mãos na mesma


direcção e procede de seguida à medição da sobreposição/afastamento.

A sobreposição ou o afastamento entre os dedos médios é medida com


aproximação ao centímetro mais próximo. Nos casos de sobreposição, a
distância é marcada com sinal "+", e nos casos de afastamento, a distância é
marcada com sinal "-".
Para a avaliação do desempenho é considerada apenas a melhor pontuação.

7 - Andar seis minutos


Objectivo

Avaliar a resistência aeróbia.

Material necessário

Cronometro; fita métrica comprida; cones; paus; giz; marcador

Montagem

Marcação de segmentos de 5 metros, num percurso rectangular de 50 metros,


numa superfície plana e não deslizante.

O perímetro interior do percurso deve ser delimitado.

Procedimento

Os participantes devem percorrer a maior distância possível (sem correr) num


período de 6 minutos, à volta do percurso montado.

Ao sinal de partida, os participantes devem ser instruídos de que devem


caminhar o mais rápido possível e que, caso necessitem, podem parar para
descansar, mas logo que possível, devem retomar a prova.

A prova pode ser realizada por mais que uma pessoa em simultâneo. Neste
caso, devem partir com diferenças de tempo entre si, por forma a evitar que
andem em grupos ou em pares e devem usar números nas camisolas, para
mais fácil identificação e registo.

XVII
Anexo IV

Sempre que um participante completa uma volta, esta deve ser registada de
imediato numa ficha.

O avaliador deve permanecer dentro do perímetro do percurso após todos os


participantes terem iniciado a prova e deve informar quando faltarem 2 minutos
e um minuto para o termo da prova.

No final dos 6 minutos, cada participante abandona o percurso.

Pontuação

Ao número de voltas que cada participante completar, acrescenta-se o número


de metros até à marca mais próxima do local onde parou (ex.: 10 voltas + 5
marcas = 500 m +25 m = 525 m).

Precauções

O teste deve ser interrompido caso qualquer participante tenha tonturas, dor,
náusea ou fadiga.

XVIII
Anexo V

Anexo V

EUROFIT para Adultos (Conselho da Europa, 1995)


A bateria de testes EUROFIT para Adultos, concebida para avaliar a aptidão
física associada à saúde de pessoas adultas, é constituída por três categorias
de provas (1 a , 2 a e 3a prioridade), que "podem ser ligeiramente modificadas
para pessoas ou categorias específicas ( por exemplo em presença de certas
doenças ou perdas de função resultantes da idade)" ... A ordem de prioridade
dos diferentes testes, corresponde à importância que cada um tem
relativamente à saúde, (página 37)

Os testes satisfazem os critérios de validade, fidelidade e fiabilidade, não


representam perigo para a saúde, são de fácil aplicação e pouco exigentes em
termos de equipamento desportivo necessário à sua realização.

A aplicação da bateria deve compreender, pelo menos, a aplicação de um teste


de aptidão física, de aptidão muscular, exame antropométrico (altura, peso e
índice altura/anca) e avaliação da actividade física e do estado de saúde. No
nosso estudo, só não aplicaremos a prova "Braços flectidos em suspensão" (de
2 a prioridade), por sabermos que a nossa amostra é incapaz de a realizar.

A seguir, fazemos uma descrição sumária das provas que vão ser aplicadas.

TESTES DE 1a PRIORIDADE
Relativamente à avaliação da aptidão aeróbia, são disponibilizados três provas:
"teste de marcha a pé de 2 Kms"; "teste sobre bicicleta ergométrica"; "teste de
vaivém em percurso curto". Segundo os autores, deve ser aplicada a que
melhor se adaptar a cada situação.

xtx
Anexo V

Em vez do teste "Marcha a pé de 2 Kms", aplicamos a prova "Rockport Fitness


Walking Test (RFWT)", por se encontrar validada para a nossa amostra (Kunde
e Rimmer, 2000; McCubbin et ai., 1997). Esta prova é descrita no anexo 3.

1 - Elevações do tronco, a partir da posição de sentado


("Abdominais")
Objectivo

Avaliar a força e resistência muscular do tronco.

Preparação

Informar o participante sobre o procedimento no teste, com especial atenção


para a posição dos braços, em cada nível da prova

Contra­indicações

A existência de problemas musculares, nomeadamente na zona dorsal ou


lombar.

Realização da prova

O participante deita­se no tapete de ginástica, em decúbito dorsal, e flecte as


pernas a 90°, ficando com os pés imobilizados pelo avaliador.

O teste é constituído por três níveis de execução.


♦ No 1 o nível, o executante realiza 5 elevações com braços em extensão
e mãos dirigidas para os joelhos (inicia o movimento com as mãos
apoiadas nas coxas). O objectivo é tocar os joelhos com as pontas dos
dedos;
♦ No 2o nível, o executante realiza 5 elevações com braços cruzados no
peito. O objectivo é tocar nas coxas com os cotovelos;
♦ No 3o nível, o executante realiza 5 elevações com as mãos nas
orelhas. O objectivo é tocar nas coxas com os cotovelos;

O tempo de pausa entre os 3 níveis não deve ultrapassar o tempo necessário


para a explicação do nível seguinte.

xx
Anexo V

Material

Tapete de ginástica

Erros na execução

Os participantes não executam os movimentos completos (as costas não tocam


no chão ou os cotovelos não tocam nas coxas), afastam as mãos das orelhas e
tentam descansar durante as execuções.

Resultados

Regista-se o número de elevações correctas que o participante consegue


executar.

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população Sueca e


não fornecem valor crítico relativo à saúde, no entanto, são apontadas 5
repetições como o número mínimo, abaixo do qual a força é considerada
insuficiente.

Este teste não permite descriminar a capacidade de dois indivíduos que


tenham uma boa condição física. Para que tal seja possível, poderá ser
aplicado o teste da bateria EUROFIT para crianças, em que o participante
executa o maior número possível de repetições em 30 segundos.

2 - Flexão lateral do tronco


Objectivo

Avaliar a flexibilidade da coluna vertebral ao nível toráxica e lombar.

Preparação

Marcar a colocação dos pés

Realização da prova

O participante encosta-se à parede, colocando os pés sobre 2 marcas,


colocadas a 15 cm de distância, perpendiculares à parede e ligeiramente
afastadas desta. As omoplatas e as nádegas permanecem encostadas à

XXI
Anexo V

parede, os braços pendentes. O avaliador marca a parte externa da coxa, ao


nível da extremidade de cada mão do participante.

Em seguida o participante faz a inclinação lateral do tronco (sem afastar as


omoplatas da parede) e desliza a mão sobre a coxa até ao máximo da flexão,
mantendo a posição durante 1 ou 2 segundos. O avaliador faz uma nova marca
na parte externa da coxa do participante, no ponto onde chegou a ponta do
dedo maior, e regista a distancia entre as marcas.

O participante retoma a posição inicial e executa a flexão para o outro lado, e o


avaliador procede da mesma forma.

Material

Fita métrica ou régua;

Erros na execução

Os participantes rodam o tronco ou afastam a bacia quando fazem a flexão do


tronco.

Resultados

É medida a distância percorrida pela mão ao longo da coxa, durante a flexão


lateral. São anotados os resultados de ambos os lados, é calculada a média
destes valores, assim como a sua diferença.

A média das duas flexões, descreve a capacidade de flexão lateral do


participante, e a diferença dos 2 valores serve como informação complementar.

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população


Finlandesa e não fornecem valor crítico relativo à saúde.

3 - Flexão do tronco à frente


Objectivo

Avaliar a flexibilidade do tronco e a capacidade de alongamento dos músculos


da região posterior da coxa.

XXII
Anexo V

Preparação

0 participante deve realizar um aquecimento prévio, por forma a que o teste


seja realizado com correcção e evitar lesões.

Contra-indicacões

Nas situações em que o participante se queixa de lombalgias.

Realização da prova

Após uma demonstração do avaliador e depois de uma primeira execução de


preparação, executa duas vezes o teste, em esforço maximal.

Durante a realização da prova, as pernas devem estar estendidas. O


participante inclina lentamente o tronco à frente e apoia os dedos sobre a
prancha (caixa de madeira), no ponto mais distante possível, mantendo a
posição durante 2 a 3 segundos.

Material

Caixa de madeira com as seguintes dimensões: L: 45cm x A: 32 cm x C: 50


cm. Na parte superior da caixa, existe uma prancha, com a mesma largura (45
cm) e com 75 cm de comprimento - os 25 cm a mais, relativamente ao
comprimento da caixa, devem ficar para o lado em que o participante apoiar os
pés.

A prancha de 75cm deve permitir medir a distância que o participante consegue


alcançar, pelo que deve conter as necessárias marcações (de 0 a 75 cm).

Erros na execução

Os participantes flectem os joelhos ou fazem os movimentos com insistências.

Resultados

As medições são feitas ao centímetro mais próximo. É registado o melhor


resultado, das duas execuções.

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população Sueca e


não fornecem valor crítico relativo à saúde.

XXIil
Anexo V

4 - Equilíbrio sobre uma perna


Objectivo

Avaliar o equilíbrio geral do participante.

Preparação

O participante executa o exercício descalço, utiliza apenas a perna de


preferência e pode movimentar os braços e a perna livre durante o teste.

Não pode saltitar ou deslocar o pé de apoio durante o teste.

Realiza dois ensaios

Contra-indicações

Artrites ou dores nas articulações dos membros inferiores

Realização da prova

A prova tem a duração de 30 segundos e é realizada com os olhos fechados e


apoio numa só perna, em superfície plana e firme.

O avaliador conta o número de ensaios que executa para se manter em


equilíbrio durante o tempo de prova.

O cronometro é posto em marcha quando o participante fica em equilíbrio, e


parado quando este perde o equilíbrio (um apoio no solo conta como um
ensaio, mas o cronometro não pára). Após um desequilíbrio, o participante
tenta de imediato novo ensaio.

Material

Um cronometro e uma superfície livre, plana e firma.

Erros na execução

Há participantes que são incapazes de se manterem com os olhos


permanentemente fechados

XXIV
Anexo V

Resultados

São contados os ensaios que o praticante faz durante a realização do teste. Se


nos primeiros 15 segundos fizerem 15 ensaios, o teste é interrompido e atribui-
se-lhe a pontuação 30.

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população Sueca e


não fornecem valor crítico relativo à saúde.

TESTES DE 2a PRIORIDADE
5 - Teste de Salto em altura
Objectivo

Avaliar a força máxima e potência muscular dos membros inferiores.

Descrição

O salto é medido com o auxílio de uma fita métrica, presa por uma extremidade
ao participante e com a outra extremidade livre para deslizar sob uma placa
presa ao solo.

Preparação

Depois do avaliador explicar o teste, os participantes devem fazer 1 ou 2 saltos


de ensaio. Estes saltos devem ser antecedidos de um aquecimento e deve ser
usado calçado de desporto.

Contra-indicações

Problemas ao nível da coluna vertebral e dos membros inferiores, e também,


grande obesidade.

Realização da prova

A prova é iniciado com o participante de pé, pernas ligeiramente afastadas


sobre a placa. Na preparação do salto podem aproveitar o balanço dos braços.
O salto deve ser feito na vertical e a recepção ao solo deve ser feita no mesmo
sítio

xxv
Anexo V

Material

1 fita métrica, uma placa e um fio para prender a fita à cintura do praticante.

Resultados

A altura do salto deve ser feita em centímetros. Deve ser registado a melhor
marca de 2 ou 3 ensaios.

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população Sueca e


não fornecem valor crítico relativo à saúde.

Na interpretação dos resultados será de notar esta prova melhor a força


muscular relativa, do que a força absoluta, uma vez que o peso da pessoa tem
influência na capacidade de salto.

6 - Teste de Abdução do ombro


Objectivo

Medir a amplitude do movimento de abdução do ombro do lado de preferência.

Descrição
A amplitude do movimento é representada pelo grau obtido no movimento que
o braço faz ao longo de um eixo imaginário, situado a aproximadamente 45°,
relativamente ao plano frontal do corpo, (página 71, 3o §)

Preparação

O participante é informado sobre o procedimento a ter no teste e da


necessidade de descobrir o braço que vai ser avaliado.

O participante senta-se num banco, encostado a uma parede que tenha


marcada uma linha vertical (a coluna vertebral deve ficar aprumada com a
linha). Deve ficar com o braço dominante em repouso ao longo do corpo e a
palma da mão orientada para a coxa.

A correia do goniómetro é presa ao antebraço, entre o acrómio e o olecrâneo,


devendo o goniómetro ficar orientado para trás. A marca "zero" deve ser
colocada na direcção da agulha que indica a vertical

xxvi
Anexo V

Contra-indicações

Não aplicar o teste a pessoas que tenham feito recentemente deslocação da


articulação do ombro ou que tenham sido submetidas a intervenção cirúrgica.

Em caso de impossibilidade de avaliar o ombro do lado dominante, aplica-se o


teste ao outro ombro.

Realização da prova

Inicia o teste, elevando o braço até ao ponto mais alto possível em direcção à
testa, e em seguida faz um arco oblíquo, em direcção à parte lateral do corpo.
Durante a realização do teste deve manter a coluna direita (alinhada com a
marca da parede) e os ombros no plano horizontal

O movimento deve ser feito sem forçar e de forma controlada e progressiva.

0 teste é repetido entre 3 e 5 vezes. Repete-se 3 vezes, se os valores entre 2


repetições seguidas não ultrapassar os 5o.

Material

1 goniómetro;

1 linha marcada na parede (em alternativa, 1 poste de salto em altura, que


permite verificar melhor o alinhamento da coluna, durante a realização do teste;

1 banco de aproximadamente 50 cm.

Erros na execução

Os ombros não se mantêm permanentemente alinhados horizontalmente;

O goniómetro pode não estar bem fixado, o que pode levar a erros de leitura.

Resultados

É registado o melhor valor, de entre os valores que se encontrarem nos limites


definidos (5o).

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população Inglesa.

XXVII
Anexo V

7- Teste do dinamómetro manual


Objectivo

Medir a de preensão estática da mão.

Descrição

O participante deve apertar o dinamómetro com a mão dominante, usando a


sua máxima força.

Preparação

O avaliador explica o teste e faz uma demonstração, realçando que não deve
ser feitos movimentos que possam influenciar o resultado.

Depois de ajustada a pega do instrumento (de forma a permitir o ângulo recto


da 2 a falange do dedo grande), o participante executa um ensaio.

Contra-indicações

Participantes com problemas articulares no membro superior testado e com


hipertensão (devem consultar previamente o médico).

Realização da prova

A prova é realizada na posição de pé, com braço estendido e ligeiramente


afastado do corpo e o mostrador do dinamómetro orientado para a pessoa que
está a avaliar.

O dinamómetro deve ser apertado de forma firme e progressiva até ao limite


máximo da força. O teste deve ser repetido 2 vezes, com um intervalo de 10
segundos.

Material

Dinamómetro manual com pega ajustável.

Erros na execução

O dinamómetro não está ajustado ao tamanho da mão; Transpiração excessiva


pode dificultar a preensão do aparelho.

XXVIII
Anexo V

Resultados
0 melhor dos dois resultados obtidos é registado em Kgs.

Os resultados de referência disponíveis são baseados na população Inglesa e


não fornecem valor crítico relativo à saúde.

XXIX
Anexo VI

Anexo VI

Rockport Fitness Walking Test (RFWT)

Objectivo

Avaliar a capacidade aeróbia.

Descrição

A prova consiste numa marcha rápida de uma milha (1.609 metros), a realizar
num local com piso firme e regular.

Preparação

Os participantes devem fazer um aquecimento prévio e usar calçado e roupa


de desporto.

Informar os participantes de que devem percorrer a distância, andando tão


rápido quanto possível.

Realização da prova

A prova deve ser realizada em passo rápido e com cadência certa. Após a
primeira volta, cada participante passa a ser acompanhado por um assistente
que vai ligeiramente à frente e o estimula a continuar a prova e manter uma
passada rápida. O tempo é cronometrado até ao segundo.

Material

É aconselhável um percurso de 200 metros, em local com piso firme e regular;

1 cronometro;

Ficha de registo de dados.

XXXI
Anexo VII

Anexo VII

Plantas da Oficina
i i

CS? tt?

Armazém
G

3­Sl

Legenda:
■ I H W I I I I

Mesa de trabalho (1,20 x 0,80 m) Posto de trabalho Escala: 1/100


| ^ X Ç | Estante [2.0 x 0,95 x 0,4 m) Mesa de apoio

l ~ ~ > <^\ Armário / Vestiário § C âmara vídeo

frtíestfê

^kH*^bm&**^he~

Legenda:
^^T

D
Mesa de trabalho (1.20 x 0,80 m)

Posto de trabalho
I Estante metálica (2,0 x 0,95 x 0,4 m)

Câmara vídeo
Escala: 1/100

XXXIII
Anexo VIII

Anexo VIII

Estudo Prévio

Functional Fitness Test

ESTUDO PRÉVIO - avaliação da condição física

Sentado, Alcançar
Levantar e Flexão do Sentado e caminhar Andar 6
atrás das
N° Sexo sentar da antebraço alcançar 2,44m e voltar minutos
cadeira costas
a sentar

13 13 -15 5,75 5 568,9


1 F
10 11 -24 7,05 -3 461,4
2 F
14 1 5,84 6 640,3
3 F 12
10 15 -11 7,26 -9 550,9
4 M
15 12 -25 5,25 -26 629,4
5 M
12 14 -14 4,93 -5 652,3
6 M
10 0 6,29 -2 541,4
7 M 11
12 12,5 5,12 3 606,3
8 M 12

15 14 0 5,5 -4 730,5
g M
14 9 -11 5,5 7 456,7
10 F
11 -8 5,97 8 556,3
11 F 11
17 13 -2 6,91 3 424,3
12 F
12 11 12 5,21 4 573,6
13 M
10 15 -20 4,91 -10 519,9
14 M
13 14 -37 5,24 -6 650,3
15 M
13 13 -12 5,02 -4 744,4
16 M
11 14 -9 4,73 1 728,0
17 M
14 11 -17 5 -20 587,6
18 M

M 12,8 12,3 -7,6 5,5 -1,7 593,3


F 12,0 13,2 -14,7 6,0 -5,3 583,9

XXXV
A n e x o VIII

Uma milha a
r­ tf LO CO CM

(RFWT)
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andar
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CM CM
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XXXVI
Anexo IX

CD

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CIL Ò O

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1
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CM
CM CM CM
CM
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O
X o
0) LU LU O O O O
O
c
<

XXXVII
Anexo X

Uma milha a

0:17:31
0:14:34
0:15:02
0:21:01
0:15:42
0:17:01
0:23:52
0:14:18

0:19:25
0:21:43
0:16.50
0:17:48
0:16:57

0:13:24
(RFWT)

0:14:46
0:15:52
0:18:26
0:16:59
andar
Abdominais

S ^ ^ c o J S Ï Ï Ê M ^ a ^ c M

17
50
45
10
30
Flexão do tronco
à frente

14
45
11
24

(0

O c
£ T­ ^ O ^ C M
C M O C M C O c O x ­ ^ ­C O ^ ­ ' ^ ' ­ ­ ^ ­ "

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73
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O

23.5
19.5
14.5
14.5
15.5
14.5
13.5
18.5
c
21.5
Média

1 7.5
16.5
21.5

17
20
18

o
23
13
13

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15
Equilíbrios/ 1

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perna

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12

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4
2
8
5

I
<D
+J
Abdução do

(/>
ombro

Ç K 8 Í 8 § S Ï5 5 S ^ S ? S
140
145
163
137
160

0
I
tf)
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Dinamómetro

Q.
R i i ^ ^ ^ ^ i i
manual

25.5
17.5

29
23
16

| U. LL. u. 5 5 2 S S 2 U ­ L L . L L . S 5 S 5 5 5

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£­ UJ LU UJ LUI UÍ L U U J U J U J
o 05
1 1
O O O O O O O O O

XXXIX
Anexo XI

Anexo XI

índice de massa corporal

Pré-teste Pós-teste

índice de índice de
Grupo Sexo Altura Peso Altura massa
Peso massa
(m) (kgs) (m) corporal
(kgs) corporal
24.676 63.5 1.623 24.107
Exp 65 1.623
39.533 93 1.542 39.112
Exp 94 1.542
26.524 56 1.440 27.006
Exp 55 1.440
32.604 102.5 1.786 32.134
Exp M 104 1.786
30.214 77 1.586 30.611
Exp M 76 1.586
22.073 56.5 1.621 21.502
Exp M 58 1.621
32.759 78 1.548 32.550
Exp M 78.5 1.548
22.740 55 1.541 23.161
Exp M 54 1.541
27.581 73 1.638 27.208
Exp M 74 1.638
21.117 40 1.359 21.658
Cont 10 39 1.359
58 1.503 25.675
56.5 1.503 25.011
Cont 11
45.980 92.5 1.426 45.489
Cont 12 93.5 1.426
24.196 53.5 1.480 24.425
Cont 13 M 53 1.480
22.066 65 1.736 21.568
Cont 14 M 66.5 1.736
27.167 75 1.656 27.349
Cont 15 M 74.5 1.656
31.208 72 1.503 31.872
Cont 16 M 70.5 1.503
23.409 64 1.647 23.594
Cont 17 M 63.5 1.647
26.923 71.5 1.641 26.551
Cont 18 M 72.5 1.641

XLI
Anexo XII

Anexo XII

Testes de normalidade para as variáveis da condição


física

Quadro 45- Teste Shapiro-Wilk (determinação da normalidade das variáveis da condição física
no pré-teste e no pós teste para o grupo experimental e para o grupo de
controlo
Grau de significância (P)

Teste Prova Grupo Grupo de


experimental controlo

Dinamómetro manual 0.233 0.634


0.643 0.479
Abdução do ombro
0.151 0.177
Equilíbrio
0.418 0.584
Salto vertical
Pré-teste 0.393 0.126
Flexão lateral do tronco
0.845 0.167
Flexão do tronco à frente
0.412 0.318
Abdominais
0.471 0.691
Resistência aeróbia
0.783 0.429
Dinamómetro manual
0.494 0.236
Abdução do ombro
0.586 0.152
Equilíbrio
0.422 0.418
Salto vertical
Pós-teste Y 0.458 0.535
Flexão lateral do tronco
0.634 0.076
Flexão do tronco à frente
0.723 0.98
Abdominais
0.659 0.578
Resistência aeróbia

Nota: no estudo da normalidade das variáveis, o "teste Shapiro-Wilk aparece


sempre que as dimensões das amostras são inferiores a 50 (...) os níveis de
significância associados a cada teste (...) são superiores a 0.05. Assim, as
distribuições (...) são normais" (Pestana e Gageiro, 1998, p.162).

XLIII
Anexo XIII

Anexo XIII

Avaliação da produção dos grupos no pré-teste


Conjuntos N° Médio N° Molas
N°de Total de Molas/ Molas/ Operário
Duração Grupo
Dia Período Operários 2 1 Molas
minutos 3 Operário Minuto / Minuto
oores oores cor

147 0 21 1848 205 24,64 2,74


22-Out 1o 75 Experimental 9
287 1 0 3452 384 28,77 3,20
22-Out 2o 120 Experimental 9

9 247 3 46 3172 352 30,21 3,36


22-Out 3o 105 Experimental
26 6 1828 203 24,37 2,71
24-Out 1o 75 Experimental 9 133
229 0 1 2752 306 22,93 2,55
24-Out 2o 120 Experimental 9
202 53 6 2872 319 27,35 3,04
24-Out 3o 105 Experimental 9

9 197 0 14 2420 269 32,27 3,59


24-Out 4o 75 Experimental
0 0 1584 176 21,12 2,35
25-Out 1o 75 Experimental 9 132

9 251 5 1 3056 340 25,47 2,83


25-Out 2o 120 Experimental
9 223 1 8 2716 302 25,87 2,87
25-Out 3o 105 Experimental
156 0 18 1944 216 25,92 2,88
25-Out 40 75 Experimental 9

0 2 2504 278 33,39 3,71


1o 75 Experimental 9 208
28-Out
Experimental 9 290 0 11 3524 392 29,37 3,26
28-Out 2o 120
0 32 2492 277 23,73 2,64
3o 105 Experimental 9 197
28-Out
212 0 68 2816 313 37,55 4,17
28-Out 40 75 Experimental 9

15 3 2400 267 32,00 3,56


22-Out 1o 75 Controlo 9 189
294 40 72 4136 460 34,47 3,83
22-Out 2o 120 Controlo 9
9 259 0 29 3224 358 30,70 3,41
22-Out 3o 105 Controlo
158 0 1 1900 211 25,33 2,81
24-Out 1° 75 Controlo 9

Controlo 9 287 0 8 3476 386 28,97 3,22 J


24-Out 2o 120
240 21 0 3048 339 29,03 3,23
24-Out 3o 105 Controlo 9
159 0 43 2080 260 27,73 3,47
24-Out 4o 75 Controlo 8
10 29 1840 204 24,53 2,73
1° 75 Controlo 9 137
25-Out
298 0 1 3580 398 29,83 3,31
25-Out 2o 120 Controlo 9
226 25 0 2912 324 27,73 3,08
25-Out 3o 105 Controlo 9
148 25 1 1980 220 26,40 2,93
25-Out 40 75 Controlo 9

29 1 1640 182 21,87 2,43


1° 75 Controlo 9 117
28-Out
244 0 1 2932 326 24,43 2,71
28-Out 2o 120 Controlo 9
241 23 24 3172 352 30,21 3,36
28-Out 3o 105 Controlo 9
207 0 0 2484 276 33,12 3,68
28-Oul 4o 75 Controlo 9

XLV
Anexo XIV

Anexo XIV

Avaliação da produção dos grupos no pós-teste


Conjuntos _ N° Médio N° Molas
uração N°de ™ a l
de Molas/ violas/ Ciperário
F•eriodo Grupo
Dia nnutos c perários 3 2 1 Molas
Operário IVlinuto / Minuto
cores cores cor

0 81 2352 261 31,36 3,48


1o 75 Experimental 9 169
18-Fev
318 0 1 3820 424 31,83 3,54
18-Fev 2o 120 Experimental 9
261 0 11 3176 353 30,25 3,36
18-Fev 3o 105 Experimental 9
0 0 2004 223 26,72 2,97
1o 75 Experimental 9 167
20-Fev
323 0 2 3884 432 32,37 3,60
20-Fev 2o 120 Experimental 9
9 270 33 0 3504 389 33,37 3,71
20-Fev 3o 105 Experimental
0 2 3200 356 42,67 4,74
4o 75 Experimental 9 266
20-Fev
0 13 2704 300 36,05 4,01
1o 75 Experimental 9 221
21-Fev
9 361 19 0 4484 498 37,37 4,15
21-Fev 2o 120 Experimental
340 0 1 4084 454 38,90 4,32
21-Fev 3o 105 Experimental 9
259 4 1 3144 349 41,92 4,66
21-Fev 40 75 Experimental 9
5 12 940 118 12,53 1,57
1o 75 Experimental 8 71
24-Fev
306 40 0 3992 499 33,27 4,16
24-Fev 2o 120 Experimental 8
306 0 31 3796 475 36,15 4,52
24-Fev 3o 105 Experimental 8
0 1 2344 293 31,25 3,91
4o 75 Experimental 8 195
24-Fev
0 0 1020 113 13,60 1,51
1o 75 Controlo 9 85
18-Fev
3 47 3944 438 32,87 3,65
2o 120 Controlo 9 311
18-Fev
304 0 34 3784 420 36,04 4,00
18-Fev 3o 105 Controlo 9

24 0 1896 211 25,28 2,81


1° 75 Controlo 9 142
20-Fev
368 0 2 4424 492 36,87 4,10
20-Fev 2o 120 Controlo 9
287 0 9 3480 387 33,14 3,68
20-Fev 3o 105 Controlo 9

9 221 0 0 2652 295 35,36 3,93


20-Fev 40 75 Controlo
0 65 2468 274 32,91 3,66
Controlo 9 184
21-Fev 1o 75
383 0 1 4600 511 38,33 4,26
21-Fev 2o 120 Controlo 9
0 0 4332 481 41,26 4,58
3° 105 Controlo 9 361
21-Fe\
9 209 33 1 2776 308 37,01 4,11
21-Fe\/ 4o 75 Controlo
0 8 2000 222 26,67 2,96
1o 75 Controlo 9 164
24-Fe>1
9 304 24 27 3948 439 32,90 3,66
24-Fe>/ 2° 120 Controlo
313 0 1 3760 418 35,81 3,98
24-Fe í 3o 105 Controlo 9
9 152 0 23 1916 213 25,55 2,84
24-Fe \i 4o 75 Controlo

XLVII
Anexo XV

Anexo XV

Contagens de produção por período de trabalho


Grupo Experimental Grupo de controlo

Dia Período ­ Pós­teste


Pré­teste Pós­teste Pré­teste

2352 2400 1020


1 1o 1848
3820 4136 3944
1 2o 3452
3176 3224 3784
1 3o 3172
2004 1900 1896
2 1° 1828
3884 3476 4424
2 2o 2752
3504 3048 3480
2 3o 2872
3200 2080 2652
2 4o 2420
2704 1840 2468
3 1o 1584
4484 3580 4600
3 2o 3056
4084 2912 4332
3 3o 2716
3144 1980 2776
3 40 1944
940 1640 2000
4 1° 2504
3992 2932 3948
4 2o 3524
3796 3172 3760
4 3o 2492
2344 2484 1916
4 40 2816

.

Testes de normalidade para as variáveis da produção


dos grupos

Grau de significância (P)


Variável Grupo Grupo de
experimental controlo

0.625 0.624
Peças montadas no pré­teste
Peças montadas no pré­teste 0.404 0.373

XLIX
Anexo XVI

Anexo XVI

Determinação da constância da produção individuai e


dos tempos de latência

N° Média DP MAD
N° Média DP MAD
1 0:00:36 0:00:04 0:00:03
1 0:00:49 0:00:03 0:00:02
2 0:01:06 0:00:18 0:00:14
2 0:01:35 0:00:27 0:00:13
3 0:01:00 0:00:24 0:00:15
3 0:00:48 0:00:08 0:00:02
4 0:00:56 0:00:18 0:00:13 |
4 0:01:35 0:00:29 0:00:17
5 0:04:02 0:02:29 0:01:45
5 0:03:04 0:01:11 0:00:48
6 0:00:26 0:00:06 0:00:04
6 0:00:41 0:00:10 0:00:05
7 0:02:07 0:00:21 0:00:20
7 0:01:27 0:00:16 0:00:13
8 0:00:50 0:00:10 0:00:08
8 0:01:10 0:00:12 0:00:09
9 0:06:56 0:03:09 0:01:29
9 0:07:43 0:04:47 0:01:54
10 0:01:25 0:00:11 0:00:06
10 0:01:28 0:00:29 0:00:05
0:00:52 11 0:02:56 0:01:02 0:00:51
11 0:05:18 0:04:53
12 0:01:45 0:00:29 0:00:24
12 0:02:05 0:00:45 0:00:32
13 0:00:58 0:00:14 0:00:05
13 0:01:35 0:00:29 0:00:07
14 0:01:21 0:00:24 0:00:05
14 0:03:20 0:03:28 0:00:40
15 0:00:35 0:00:04 0:00:03
15 0:00:52 0:00:08 0:00:08
16 0:01:43 0:00:25 0:00:16
16 0:01:59 0:00:27 0:00:13
17 0:00:26 0:00:08 0:00:05
17 0:00:28 0:00:04 0:00:03
18 0:00:45 0:00:08 0:00:07
0:00:57 0:00:22 0:00:07
18

LI
Anexo XVII

Anexo XVII

Tempo e número médio de situações em tarefa e


distracção (pré-teste e pós-teste)

N°DISTR1 N°TAREF2 N°DISTR2


TAREFAI DISTRAC1 TAREF2 DISTRAC2 NTAREF1
N° 12,89
0:01:53 25,11 24,89 14,11
1 Média 0:15:58 0:03:44 0:17:47
9,21 9,82 5,23 5,16
0:01:19 0:01:04 0:01:14 0:01:16
Desvio padrão
0:06:05 25,58 25,08 30,58 30,17
2 Média 0:09:36 0:08:42 0:13:53
0:03:03 10,30 9,47 10,90 10,96
Desvio padrão 0:03:26 0:03:32 0:03:04
18,92 21,92 21,17
0:16:03 0:03:44 0:14:53 0:03:55 19,50
3 Média 6,89
0:02:30 0:01:36 7,69 7,33 7,10
Desvio padrão 0:02:33 0:02:29
13,33 11,58 10,58
0:15:26 0:04:31 0:17:47 0:02:03 14,00
4 Média 6,37
5,66 5,63 6,01
Desvio padrão 0:02:05 0:02:08 0:01:27 0:01:29
23,83 23,08 18,42 18,75
0:13:20 0:05:57 0:10:27 0:07:00
5 Média 8,65 8,86
0:04:32 9,49 10,06
Desvio padrão 0:04:47 0:04:38 0:06:04
0:00:57 12,58 11,25 8,17 6,75
Média 0:16:01 0:02:48 0:17:59
0:00:42 5,12 5,77 3,71 3,41
Desvio padrão 0:02:53 0:02:34 0:02:06
26,17 31,33 31,33
0:04:44 0:13:47 0:06:04 26,75
7 Média 0:14:51 4,40
0:01:44 7,84 8,00 4,31
Desvio padrão 0:03:00 0.02:25 0:01:49
21,67 18,33 16,83
0:04:32 0:16:31 0:02:56 22,42
Média 0:14:52 4,99
0:01:07 6,39 6,47 4,10
Desvio padrão 0:02:24 0:02:22 0:00:55
0:10:45 26,33 26,50 28,67 29,17
Média 0:06:29 0:10:47 0:07:20
0:02:27 9,87 9,66 7,91 8,17
Desvio padrão 0:03:05 0:03:36 0:01:58
6,36 5,27 11,55 10,55
Média 0:18:42 0:01:09 0:18:31 0.01:28
10 6,11 6,11
0:00:44 0:00:44 2,54 2,61
Desvio padrão 0:00:57 0:00.56
0:09:48 26,50 26,25 28,25 28,08
Média 0:11:32 0:08:12 0:10:11
11 10,43
0:03:55 0:03:55 9,40 9,73 10,79
Desvio padrão 0:03:39 0:04:02
19,58 18,58 14,67 13,33
0:14:56 0:03:56 0:17:07 0:02:06
12 Média 5,23 5,16
0:01:34 0:01:03 5,74 6,04
Desvio padrão 0:02:23 0:01:39
31,50 31,33 29,25 32,50
0:11.26 0:07:59 0:12:35 0:06:34
13 Média 14,95 11,97
0:02:27 0:02:42 6,49 6,51
Desvio padrão 0:02:04 0:01:50
15,00 14,58 38,17 37,17
Média 0:13:38 0:06.05 0:14:28 0:04:28
14 5,71 10,34 10,93
0:03:27 0:03:26 0:01:22 0:01:23 5,86
Desvio padrão 7,67
9,33 8,50 9,58
Média 0:16:34 0:03:03 0:17:43 0:01:33
15 3,45 4,08 3,85
Desvio padrão 0:02:56 0:01:18 0:00:56 3,20
0:02:54 23,58
0:03:42 21,25 21,25 24,33
Média 0:12:00 0:05:53 0:15:22
16 4,23 4,21
0:04:11 0:02:19 0:01:13 10,49 10,05
Desvio padrão 0:05:08
6,67 5,50 9,67 8,50
0:02:31 0:16:21 0:03:05
17 Média 0:17:06 5,14
0:04:14 0:04:18 3,14 3,06 5,21
Desvio padrão 0:01:53 0:01:47
33,50 36,92 35,83
0:12:09 0:07:27 0:14:10 0:05:02 34,25
18 Média 10,97
0:01:44 9,95 9,87 10,68
Desvio padrão 0:03:28 0:03:35 0:02:03

Legenda:
TAREFA2 ....Tempo em tarefa no pós-teste
TAREFAI Tempo em tarefa no pré-teste
DISTRAC2...Tempo em distracção no pós-teste
DISTRAC1 ...Tempo em distracção no pré-teste
N°TEREF1 ...N° situações em tarefa no pós-teste
N°TEREF1 ...N° situações em tarefa no pré-teste
N°DISTR2....N° de distracções no pós-teste
N°DISTR1 ...N° distracções no pré-teste

Llii
Anexo XVIII

Anexo XVIII

Estudo da correlação entre a produção no pós-teste e a


condição física

Quadro 46 - Correlação entre o ganho da produção e ganho das componentes da condição física

Produção
Grupo experimental Grupo de controlo

Correlação P Correlação P

Ganho de flexibilidade 0.533 0.139 0.117 0.765

Ganho de força -0.150 0.700 0.435 0.242

Ganho de resistência 0.417 0.265 0.733 0.025 *

NOTA: Foi aplicado o teste de Spearman por nem todas as variáveis terem distribuição

normal, conforme é demonstrado no Quadro 48.

Quadro 47 - Correlação entre o a produção e as variáveis da condição física no pós-teste

Produção
Grupo experimental Grupo de controlo

Correlação P Correlação P

Abdução do ombro -0.122 0.755 -0.719 0.29

Salto vertical -0.458 0.215 -0.181 0.640

Flexão lateral do tronco -0.034 0.932 0.470 0.202

Flexão do tronco à frente 0.205 0.597 -0.425 0.254

Abdominais 0.229 0.553 -0.248 0.520

Resistência aeróbia -0.398 0.288 -0.629 0.70

NOTA: Foi aplicado o teste de Pearson em todas as variáveis, com excepção da variável
"Flexão lateral do tronco" (para o grupo experimental), à qual foi aplicado a correlação
de Spearman por não apresentar uma distribuição normal dos valores, conforme é
demonstrado no Quadro 49.

LV
Anexo XVIII

Quadro 48 - Teste Shapiro-Wilk - determinação da normalidade dos valores


relativos ao ganho de produção e ganho das componentes da
condição física.

Grau de significância (P)

Grupo
Grupo de controlo
experimental

Ganho de produção 0.677 0.600

Ganho de flexibilidade 0.010 0.318

Ganho de força 0.010 0.010

Ganho de resistência 0.877 0.603

Quadro 49 - Teste Shapiro-Wilk - determinação da normalidade dos valores


relativos à produção e às variáveis da condição física no pós-
teste.

Grau de significância (P)

Grupo Grupo de controlo


experimental
Produção 0.334 0.185

Abdução do ombro 0.494 0.236

Salto vertical 0.422 0.418

Flexão lateral do tronco 0.010 0.535

Flexão do tronco à frente 0.634 0.076

Abdominais 0.723 0.098

Resistência aeróbia 0.659 0.578

LVI
ERRATA

Pág Parág. Li Deve ler-se

Título pessoas deficientes mentais pessoas com deficiência mental

24 2o 6a trabalho colectivo" trabalho (Art. 17°). trabalho colectivo" (Art. 17°).

25 1o 2a tem o mérito de proporcionar uma valoriza- tem o mérito de procurar proporcionar


ção pessoal condições para uma valorização pessoal

39 2a/3a para pessoas com incapacidade física e para pessoas com incapacidade física,
para a sociedade, mencionou mencionou

40 3o 2a na capacidade física de produção na capacidade de produção

40 40 2 a
condição e a capacidade de trabalho condição física e a capacidade de trabalho

60 3o 4 a /5 a resulta factores psicológicos e dois ten resulta de factores psicológicos e dois terços
resultam de factores. resultam de factores fisiológicos.

95 2o 7a (Conseil de L'Europe, 1995) (Conselho da Europa, 1995)

128 Figura 6 816 660


116 816
104 116
131 1o 4a e o n " (0:00:03) do grupo de controlo e o n° 17 (0:00:03) do grupo de controlo
o a
131 1 5 pode ser 17 observada na Figura 9. pode ser observada na Figura 9.

153 1o 8a situações registadas em cada bloco de situações registadas (relativamente à tarefa e


vídeo à distracção) em cada bloco de vídeo

153 3o 1a/3a no caso do grupo experimental: tempo em no caso do grupo experimental: tempo em
tarefa - 67.49%; em distracção - 28.34%; tarefa - 68.03%; em distracção - 27.87%;
em interacção com a Supervisora - 0.51%; em interacção com a Supervisora - 0.50%;
ausente da linha de montagem - 3.66%; ausente da linha de montagem - 3.60%;

156 2o 2a (Quadro 37 e Quadro 39) (Quadro 37 e Quadro 40)

161 7o 2 a /3 a quantidade de peças produzidas, continua condição física, continua com a produção,
com a análise das variáveis da utilização segue-se a análise das variáveis da utilização
do tempo de trabalho e da condição física, do tempo de trabalho,

164 7a/8a o ganho do grupo experimental sobre o o ganho do grupo experimental melhorou
grupo de controlo foi de 12.53%. 8.28% enquanto o grupo de controlo piorou
1.11%.

168 3o 10a da operária n° 3 da operária n° 2

Anexo XVI (pág. LI) Determinação da constância da produção Determinação da constância dos tempos de
individual e dos tempos de latência latência

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