Você está na página 1de 12

Universidade Federal do Amazonas - UFAM

Instituto de Ciências Exatas - ICE


Laboratório de Física Geral III - IEF816

Professor. Dr. Haroldo de Almeida Guerreiro

Capacitância de uma Esfera Metálica

Edson Darlan M. Ferreira - 21950129


Luís Felipe Reis de Souza - 21951677
Thiago A. de Araújo - 21950131

Manaus, 18 de abril de 2022


Sumário
1 Introdução 5

2 Fundamentação Teórica 6
2.1 Potencial Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2 Campo Elétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 Carga Armazenada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.1 Pela aplicação da lei de Gauss . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3.2 Da densidade de Carga Armazenada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3.3 A partir do Desenvolvimento Multipolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.3.4 Usando o circuito equivalente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.4 Capacitância de uma Esfera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.5 Conservação da carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

3 Objetivos 9

4 Parte Experimental 9
4.1 Material Necessário: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
4.2 Procedimento Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

5 Resultados e Discussões 11

6 Conclusão 11

Referências 11
Lista de Figuras
1 Montagem do experimento para determinação da capacitância da esfera maior C 2 . . 10
2 Dados da tensão U2 ×U1 para obtenção da razão de capacitância C 1 /C 2 . . . . . . . 11
Lista de Tabelas
1 Valores das ddp’s medidos no laboratório da UFAM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1 Introdução
Em 1746, o físico holandês Pieter van Musschenbroek, professor em Leiden, estava
tentando introduzir carga elétrica na água de um recipiente, ligada a um cano carregado, através
de um fio de cobre mergulhado na água. Um estudante estava segurando o recipiente, enquanto
Pieter carregava o cilindro por atrito. Quando o estudante esbarrou no cano com a outra mão,
levou um violento choque. Repetiram a experiência, trocando de papéis, e Pieter levou um choque
ainda maior. Assim foi descoberta a "garrafa de Leiden", o primeiro capacitor, capaz de armazenar
carga elétrica [6].
Um capacitor é um dispositivo que pode armazenar carga elétrica por curtos períodos
de tempo. Assim como os resistores, os capacitores podem ser conectados em série e em paralelo.
Sabemos que um resistor dificulta a passagem de carga elétrica, daí a produção de calor, mas
fora isso não nos preocupamos muito com o que acontece no resistor. No entanto, o efeito de
armazenar carga em um capacitor tem muito mais significado não apenas dentro do capacitor,
mas também no espaço ao seu redor [8]. O efeito em tal espaço é chamado de campo elétrico e isso
requer que o investiguemos com algum detalhe. Se quiséssemos encher um recipiente com água,
sabemos que leva tempo para despejar essa água. Da mesma forma, leva tempo para despejar
carga em um capacitor e, novamente, essa velocidade de ação é algo com o qual precisamos nos
familiarizar, pois tem muita influência na aplicação de capacitores [3].
Os capacitores possuem inúmeras aplicações práticas, como em unidades de flash das
máquinas fotográficas, em um laser pulsante, nos sensores de airbags automotivos ou em recep-
tores de rádio e televisão. Para um capacitor em particular, a razão entre a carga acumulada em
cada condutor e a diferença de potencial entre os condutores é uma constante, chamada capa-
citância. A capacitância depende das dimensões, das formas dos condutores e do material (caso
haja) existente entre eles. Em comparação ao caso no qual existe somente vácuo entre os condu-
tores, a capacitância torna-se maior quando há um material isolante (ou dielétrico) entre eles. Isso
resulta de uma redistribuição das cargas, chamada polarização, que ocorre no interior do material
[8].
Tem a propriedade de armazenar energia elétrica na forma de carga eletrostática e,
quando conectado em um circuito, a energia armazenada flui no circuito para executar uma fun-
ção útil. Em muitos circuitos (por exemplo, circuitos de rádio e televisão), os capacitores são in-
seridos intencionalmente para introduzir a capacitância desejada [5]. Em outros casos, há ca-
pacitância a capacitância é indesejável entre os condutores das linhas de transmissão de energia
elétrica e também entre os fios de um cabo telefônico. Nestes exemplos, pode ser minimizada ou
compensada [4].
Os capacitores podem ser usados para armazenar energia, tanto para descarga lenta
quanto para descarga rápida. No caso lento, o capacitor age efetivamente como uma bateria.
Exemplos incluem lanternas e adaptadores de energia. Para o caso rápido, os capacitores tam-
bém têm a capacidade de liberar sua energia muito rapidamente, ao contrário de uma bateria
normal. Exemplos incluem flashes, armas de choque, desfibriladores, etc. Em muitos dispositivos
eletrônicos, os capacitores são usados para suavizar flutuações na tensão em um circuito CC. Se
um capacitor é colocado em paralelo com a carga, ele age como uma bateria de reserva [7].
Embora seja classificado como elemento linear, a relação corrente-tensão é depen-
dente do tempo. A faixa de valores de capacitância pode ser enorme, de modo que às vezes pode
dominar o comportamento do circuito e outras vezes ser essencialmente insignificante. Tais ques-
tões continuam a ser relevantes em aplicações de circuitos modernos, particularmente à medida
que os sistemas de computador e comunicação se movem para frequências operacionais e densi-
dades de componentes cada vez mais altas [2].

5
2 Fundamentação Teórica
Uma esfera metálica de raio R submetido a um potencial V0 em relação ao infinito. O
potencial e o campo elétrico em todos os pontos do espaço, bem como a carga armazenada na es-
fera condutora podem ser determinados primeiramente para encontrar o valor da capacitância. O
desenvolvimento teórico foi demonstrado conforme referência [1], para potencial elétrico, campo
elétrico e carga armazenada.
2.1 Potencial Elétrico
Este é o problema mais simples que pode ser colocado em problemas de campo elé-
trico na presença de condutores, pois, como veremos, depende de uma única variável e não requer
nenhuma aproximação. A esfera é conectada a um gerador que a coloca em um determinado po-
tencial elétrico. Para conseguir isso, o gerador coloca cargas na esfera, que serão dispostas na
superfície da esfera. Essas cargas causam um campo elétrico externo. No interior, por outro lado,
o potencial será constante e o campo elétrico zero.

φ = V0 , E =0 (r < R) (1)
Esse resultado também seria verdadeiro se, em vez de uma esfera sólida, tivéssemos
um condutor esférico com uma cavidade em seu interior (por exemplo, se fosse apenas uma su-
perfície esférica condutora), desde que o orifício estivesse vazio. Para encontrar o potencial elé-
trico externo, devemos resolver a equação de Poisson, mas como não há mais carga externa, ela se
reduz à equação de Laplace.

∇2 φ = 0 (r > R) (2)
com as condições de contorno que na superfície da esfera o potencial está fixado

φ = V0 (r = R) (3)
e que no infinito, que tomamos como origem do potencial, o potencial desaparece

φ → V0 (r → R) (4)
A geometria do sistema sugere o uso de coordenadas esféricas, nas quais a equação de Laplace é
escrita

1 ∂ 2 ∂φ ∂ ∂φ ∂φ
µ ¶ µ ¶
1 1
r + 2 sin θ + =0 (5)
r ∂r
2 ∂r r sin θ ∂θ ∂θ r sin θ ∂ϕ
2 2

Dada a simetria do sistema, em que as condições de contorno ocorrem nas superfí-


cies r = ct e, podemos supor que o potencial depende exclusivamente da coordenada radial r . De
acordo com o teorema da unicidade, se com esta hipótese encontrarmos uma solução que satis-
faça tanto a equação quanto as condições de contorno, resolvemos o problema. Se o potencial
depende apenas de r , a equação de Laplace se reduz a

1 d 2 dφ
µ ¶
r =0 (6)
r 2 dr dr
Integrando esta equação duas vezes dá um potencial da forma

B
φ= A+ (7)
r

6
Como deve desaparecer no infinito, a constante A deve ser zero.

B
µ ¶
0 = lim φ = lim A + =A (8)
r →∞ r →∞ r
e a constante B é obtida a partir do valor do potencial na superfície da esfera

B B
V0 = φ (R) = A + = ⇒ B = V0 R (9)
R R
com o que vale o potencial externo

V0 R
φ= (10)
r
Este potencial verifica a equação de Laplace e as condições de contorno. É, portanto,
a solução para o problema. Incluindo a solução interna que nos resta

V0 , para (r < R)
φ = V0 R (11)
 , para (r > R)
r
De acordo com este resultado, o potencial interno é constante, enquanto o potencial
externo é equivalente ao de uma carga pontual localizada no centro da esfera. Isso não significa
que essa carga exista (porque são as cargas na superfície condutora que criam o potencial), mas
sim que o potencial verifica que

• Depende apenas da coordenada radial;

• Decai como 1/r.

Podemos calcular o valor da carga equivalente igualando a fórmula do potencial à ex-


pressão para uma carga pontual

V0 R 1 q
= ⇒ q = 4πϵ0 RV (12)
r 4πϵ0 r

2.2 Campo Elétrico


Uma vez que temos o potencial, o cálculo do campo elétrico é imediato:

0, para (r < R)
E = −∇φ = V0 R (13)
 u r , para (r > R)
r
O campo interno é nulo, pois corresponde a um condutor em equilíbrio eletrostático. Observe
que o mesmo resultado seria obtido se em vez de uma esfera sólida tivéssemos uma superfície
condutora.

2.3 Carga Armazenada


A carga armazenada na superfície da esfera pode ser obtida por vários métodos equi-
valentes:

7
2.3.1 Pela aplicação da lei de Gauss

Conhecemos o campo fora da esfera. Se calcularmos o fluxo deste campo através de


qualquer superfície que o circunda, o resultado é proporcional à carga contida

V0 R
I I µ ¶
Q = ϵ0 E d S =ϵ0 ur d S (14)
r2
Considerando em particular uma superfície esférica concêntrica com a esfera condu-
tora

d S = d Su e (15)
V0 R
I µ ¶
d S = ϵ0 dS (16)
r2
ϵ0V0 R 4πr 2
¡ ¢
dS = = 4πϵ0V0 (17)
r2
Observe que o fluxo é independente do raio r da superfície gaussiana considerada.
Deve ser assim porque a carga depositada na esfera será qualquer que seja, mas sem dúvida não
dependerá se a envolvermos com uma capa maior ou menor.

2.3.2 Da densidade de Carga Armazenada

Uma segunda possibilidade (equivalente à primeira) consiste em determinar previa-


mente a densidade superficial da carga armazenada na esfera condutora. Fazemos isso a partir da
descontinuidade no campo elétrico

V0 R ϵ0V
µ ¶
σs = ϵ0 n [E ] = ϵ0 u r 2
ur − 0 = (18)
R R
Esta densidade é uniforme, então a carga total (sua integral) é imediata

ϵ0V0 ¡
Z
Q = σs d S = 4πR 2 = 4πRV0
¢
(19)
R
S

Como fato notável podemos observar que, embora a carga total seja proporcional ao
raio da esfera (quanto maior a esfera, mais carga ela armazena), a densidade de carga é inver-
samente proporcional ao raio (quanto menor, maior a densidade e mais forte o campo em sua
superfície).

2.3.3 A partir do Desenvolvimento Multipolar

Finalmente, o valor da carga pode ser obtido a partir da expansão multipolar. Sabendo
como é o campo em pontos distantes, podemos saber quanto é a carga líquida, o momento de
dipolo, etc.
Neste caso, para todos os pontos exteriores vale

V0 R Q pr
µ ¶
1
= + +··· ⇒ Q = 4πε0 R, p = 0 · · · (20)
r 4πε0 r r 3

2.3.4 Usando o circuito equivalente

A carga armazenada também pode ser encontrada tratando a esfera como uma das
placas de um capacitor esférico. A outra placa, com a qual está em plena influência, seria uma

8
esfera de raio infinito.

4πϵ0 RR ext
C = lim = 4πϵ0 R (21)
R ext →∞ R ext − R

Neste caso, tomando o limite da capacidade de um capacitor esférico

Q = C (V0 − V∞ ) = 4πϵ0 RV0 (22)

2.4 Capacitância de uma Esfera


O resultado, seja como for, é sempre o mesmo: a carga armazenada na esfera é

Q = 4πϵ0 R (23)
Por se tratar de um sistema de condutor único, a matriz do coeficiente de capacidade
é reduzida a um único elemento, que é a capacidade do condutor

Q 1 = C 11V1 (24)

Q 1 4πϵ0 RV0
C = C 11 = = = 4πϵ0 R (25)
V1 V0

2.5 Conservação da carga


Quando se tem dois capacitores interagindo, é possível obter a capacitância de um
capacitor quando se sabe a capacitância do outro capacitor, pelo princípio de conservação da
carga, onde
u 2C 2 = u 1C 1 (26)

3 Objetivos
• Determinar a capacitância do capacitor da esfera de maior diâmetro.

4 Parte Experimental
4.1 Material Necessário:

• Esfera condutora, d = 120 mm • Compasso de calibre Vernier, plástico

• Esfera condutora, d = 40 mm
• Cabo de conexão, 100 mm, amarelo-verde
• Haste isolante
• Cabo de conexão, 500 mm, vermelho
• Capacitor

• Multímetro digital • Amplificador de medição universal

9
4.2 Procedimento Experimental
Foi montado o experimento como mostra a figura 1. A partir disso, a esfera de menor
diâmetro foi carregada por uma fonte de tensão u 1 tal que, variamos as tensões em 1kV, 2kV, 3kV
para que, quando carregado, fosse transferido elétrons para esfera de maior diâmetro e assim me-
dir a diferença de potencial u 2 na esfera maior, esse processo foi feito três vezes para cada kV e
tirado uma média das medidas, como mostra a tela 1

Figura 1: Montagem do experimento para determinação da capacitância da esfera maior C 2 .

ddp esfera menor u 1 (kV ) ddp esfera maior u 2 (V )


1,0 2,0
2,0 3,43
3,0 5,47

Tabela 1: Valores das ddp’s medidos no laboratório da UFAM.

10
5 Resultados e Discussões
A partir da tabela 1 foi construído um gráfico, com linha de tendência linear, para assim
calcularmos a capacitância do capacitor da esfera maior.

Figura 2: Dados da tensão U2 ×U1 para obtenção da razão de capacitância C 1 /C 2

C1
Usando a equação u 2 = u 1 podemos obter C 2 comparando-a com a equação obtida no gráfico,
C2
logo teremos

C1
= 1, 735 × 10−3
C2
sendo que C 1 = 11 nF, portanto,

11 × 10−9 F
C2 = −3
= 6, 34 × 10−6 F
1, 735 × 10

C 2 = 6, 34 µF

6 Conclusão
Neste relatório foi demonstrado a capacitância em uma esfera metálica, realizado a
partir de medições de variações de diferenças de potencial, onde o valor encontrado foi de 6, 34 µF.
Entretanto, aconteceu que não foi possível chegar ao valor aproximado de 6, 0pF , que é o valor
indicado pelo fabricante da esfera metálica, devido a erros sistemáticos, ou seja, erros de precisão
nos equipamentos. É importante ressaltar que o equipamento usado já vinham apresentando
problemas de variações na tensão e corrente elétrica.
Referências
[1] Universidad de Sevilla. Capacidad de una esfera, 2022.

11
[2] WHJ Hayt and JE Kemmerly. Análise de circuitos em engenharia,[tradução de josé rubens de
doria porto], 1978.

[3] Edward Hughes, John Hiley, Ian McKenzie Smith, and Keith Brown. Hughes electrical and elec-
tronic technology. Pearson education, 2005.

[4] Clive Maxfield, John Bird, Tim Williams, Walt Kester, and Alan Bensky. Electrical engineering:
Know it all. Newnes, 2011.

[5] VK Mehta and Rohit Mehta. Basic Elactrical Engineering. S Chand, 2012.

[6] Herch Moysés Nussenzveig. Curso de física básica: Eletromagnetismo (vol. 3), volume 3. Editora
Blucher, 2015.

[7] Edward M Purcell and David J Morin. Electricity and magnetism. Cambridge University Press,
2013.

[8] Hugh D Young, Roger A Freedman, and Albert Lewis Ford. Sears and Zemansky’s university
physics, volume 1. Pearson education, 2006.

12

Você também pode gostar