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O poder analgésico do toque agradável em

indivíduos com dor crônica: Descobertas


recentes e novos insights
Martina Fusaro1*, Rory J. Bufacchi2†, Valentina Nicolardi1†
e Luca Provenzano2†

Tradução: Annemarie Frank


Revisão: Rafael Pontes

1
Fondazione Santa Lucia, Roma, Itália
2
Italian Institute of Technology, Genova, Itália

Estes autores contribuíram igualmente para este trabalho
Fáscia *Correspondência: Martina Fusaro m.fusaro@hsantalucia.it
para
Fisioterapeutas
Esta mini-revisão aborda trabalhos recentes sobre o estudo do toque agradável
em pacientes com dor crônica (DC) e seu potencial uso como tratamento. Embora
experimentos tenham demonstrado que o toque agradável, por meio da ativação
de aferentes CT (C-táteis) e das regiões cerebrais envolvidas em seu valor afetivo,
pode reduzir o desconforto e a intensidade da dor induzida, a interação entre
toque agradável e a DC permanece pouco examinada. Alguns experimentos
mostram que a DC pode atrapalhar os aspectos positivos de receber o toque
agradável, enquanto em outros estudos a percepção de prazer é preservada. Além
disso, apenas algumas tentativas foram feitas para testar se o toque pode ter um
efeito modulador na DC, mas esses resultados também permanecem
inconclusivos. De fato, enquanto um estudo recente demonstrou que o toque CT
pode diminuir a DC após uma estimulação curta, outro estudo sugeriu que o toque
agradável pode não ser suficiente. Estudos futuros devem investigar mais a fundo
a interação psicológica e neural entre toque agradável e DC. Na conclusão desta
mini-revisão, propomos uma nova ferramenta que desenvolvemos recentemente
usando a realidade virtual imersiva (RVI).

Palavras-chave: toque agradável, dor crônica, tratamento, realidade virtual


imersiva (RVI), modulação da dor

Toque agradável
A pele é o órgão do nosso corpo que intermedia a maioria das nossas interações com o mundo externo
(Morrison et al., 2010). Cada centímetro de cada indivíduo é coberto por milhões de mecanorreceptores
que são ativados ao interagir com objetos ou outros seres vivos. Alguns mecanorreceptores (por
exemplo, aqueles que conduzem às fibras beta, A-Delta e C), estão envolvidos na somatosensação,

O artigo no original, Fusaro M, Bufacchi RJ, Nicolardi V and Provenzano L (2022) The analgesic power of pleasant touch in individuals with
chronic pain: Recent findings and new insights. Front. Integr. Neurosci. 16:956510. doi: 10.3389/fnint.2022.956510, de acesso aberto e
disponível em: https://www.frontiersin.org/articles/10.3389/fnint.2022.956510/full, é protegido por direitos autorais e disponibilizado na rede
mundial de computadores através da licença Creative Commons CC-BY (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/). Este artigo
foi traduzido por Annemarie Frank e a tradução revisada por Rafael Pontes. A tradução também é protegida por
direitos autorais e está disponível através da Licença Creative Commons CC-BY-NC
https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0).
2

contribuindo para a discriminação de superfícies, a detecção de materiais ou a percepção da dor


(Treede, 1995; Reinisch e Tschachler, 2005; Woolf e Ma, 2007). Outros receptores, que recentemente
atraíram um interesse crescente, contribuem para o aspecto social e afetivo das interações táteis
(Gallace e Spence, 2010). Esses chamados "aferentes CT", encontrados em particular na pele pilosa
(Olausson et al., 2010), reagem principalmente quando acariciados a uma velocidade específica de 3–6
cm/s. Além disso, para ativar esses aferentes, a força aplicada também precisa ser controlada. De fato,
estudos anteriores demonstraram que, juntamente com a velocidade ideal, é necessária uma força
entre 0,04 e 5 milinewtons (Vallbo et al., 1999; Ackerley et al., 2014a,b; Watkins et al., 2017; Ackerley,
2022) para ativar os receptores CT. Por fim, outro parâmetro que pode ser levado em consideração
durante uma carícia é a temperatura: o toque à temperatura da pele parece ser ideal para provocar o
disparo de fibras CT, enquanto toques quentes e frios os ativam em menor grau (Ackerley, 2022). É
importante ressaltar que o disparo desses aferentes CT é associado a uma sensação subjetiva de prazer.
Os aferentes CT moldam nossas vidas sociais desde o nascimento (Cascio et al., 2019; Fini et al.,
2022), afetando nossas interações com as pessoas que cuidam de nós, amigos e parceiros românticos.
O toque agradável (também chamado de "toque CT") — provavelmente mediado por aferentes CT —
confere muitas outras vantagens. Os recém-nascidos, por exemplo, apresentam uma diminuição da
frequência cardíaca (um índice de estresse reduzido) e um aumento do envolvimento com o cuidador
quando acariciados numa velocidade preferida pelos aferentes CT (Fairhurst et al., 2014). O contato
pele a pele com recém-nascidos (por exemplo, o método canguru) é considerado em muitos países uma
prática fundamental das unidades de cuidado materno, pois promove a amamentação bem-sucedida e
melhora o desenvolvimento de bebês prematuros (Moore et al., 2016). Mesmo na vida adulta, conforme
postulado por Morrison (2016), o toque agradável pode servir como um importante amortecedor de
estresse, pois pode promover alostase corporal ativando alguns dos principais nodos cerebrais
envolvidos na regulação do estresse. Por fim, foi demonstrado recentemente que o toque agradável
melhora o bem-estar durante situações estressantes, como COVID (Von Mohr et al., 2021), dor
emocional (Sahi et al., 2021) e estresse fisiológico (Triscoli et al., 2017).

Toque agradável e redução da dor


Foi demonstrado que o toque agradável pode reduzir com sucesso a dor induzida experimentalmente
(Leknes e Tracey, 2008). Estudos em animais destacaram dois mecanismos possíveis por trás desses
efeitos de redução da dor dos aferentes CT na redução da dor. O primeiro mecanismo seria uma
conexão inibitória entre as entradas CT e a substância gelatinosa – que está localizada no corno dorsal
da medula espinhal (Lu e Perl, 2003) – e resultaria num efeito analgésico modulado pelas secreções
tônicas dos neurônios TAFA4 (Delfini et al., 2013). O segundo mecanismo estaria relacionado ao
aumento da liberação de ocitocina durante a ativação de aferentes CT (Walker et al., 2017a). Além
disso, estudos realizados em participantes humanos destacaram que o efeito analgésico experimentado
pelos participantes poderia estar ligado tanto a uma atividade parassimpática (Di Lernia et al., 2018),
como indicado por uma diminuição da frequência cardíaca durante toques agradáveis fornecidos por
um parceiro romântico (como demonstrado por Triscoli et al., 2017), quanto por uma modulação da
atividade do sistema receptor µ-opióide endógeno (Nummenmaa et al., 2016). Mais recentemente, em
extensa revisão de Meijer et al. (2022), analisando a base neural do toque afetivo e da dor, os autores
apresentaram um novo modelo das interações entre dois sistemas somatossensoriais. Em seu modelo,
os autores levantaram a hipótese de um sistema inibitório no qual o toque agradável pode impedir que
a dor atinja as vias ascendentes, bloqueando o processamento cortical (e, portanto, reduzindo a
percepção da dor). Além disso, eles também sugerem uma potencial modulação da dor por meio da
regulação negativa da ínsula e do córtex cingulado anterior, responsáveis pela experiência subjetiva da
dor (Meijer et al., 2022). Ainda está em debate se a redução da dor decorre de mecanismos inibitórios
ascendentes descritos acima ou da modulação da ínsula e do próprio córtex cingulado anterior. Embora
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a revisão de Meijer e colegas se concentre principalmente em estudos com participantes saudáveis e o


modelo desenvolvido pareça promissor, aqui revisamos alguns dos poucos estudos que investigaram os
efeitos do toque agradável em pacientes com dor crônica (DC). A revisão desses estudos recentes pode
nos permitir entender se o modelo proposto pode ser aplicado na DC da mesma forma que em
indivíduos saudáveis.

Dor
A percepção da dor, que promove proteção contra danos reais ou potenciais (Baliki e Apkarian, 2015), é
uma experiência sensorial e emocional complexa (International Association for the Study of Pain). A dor
pode ser classificada de acordo com sua duração: por um lado, a dor aguda é uma forma limitada no
tempo e extinta pela resolução do processo patológico subjacente (por exemplo, quando a lesão
cicatriza). Por outro lado, a DC é uma condição na qual a dor persiste muito além do tempo normal de
cura. Uma vez que determinar o fim do tempo de cicatrização de um processo patológico pode ser
difícil, a dor é considerada crônica quando persiste por mais de 12 semanas após seu início
(International Association for the Study of Pain). É importante ressaltar que a DC é uma condição comum
que afeta mais de 30% da população geral em todo o mundo (Cohen et al., 2021).
DC é um termo abrangente que compreende vários tipos de dor e condições. Por exemplo, a DC
pode surgir como um diagnóstico principal (ou seja, DC primária) quando não pode ser explicada por
outra condição crônica (CID-11). Nesse caso, sua etiologia é desconhecida e abrange muitas condições
(por exemplo, dor crônica generalizada, fibromialgia e síndrome do intestino irritável). Diferentemente,
a DC secundária é um sintoma secundário de uma variedade de condições subjacentes, como câncer
(dor crônica oncológica), cirurgia ou trauma tecidual (DC pós-operatória e pós-traumática; Treede et al.,
2015). Outro tipo de DC é a DC neuropática, causada por uma lesão ou doença do sistema nervoso
somatossensorial (IASP). Por fim, a dor visceral crônica se origina de órgãos internos, enquanto a dor
musculoesquelética crônica surge como parte de um processo de doença que afeta diretamente ossos,
articulações, músculos ou tecidos moles.
No entanto, independentemente da sua etiologia, a DC é um grave problema de saúde mundial,
representando um fardo social e econômico significativo (Gaskin e Richard, 2012). Indivíduos com DC
têm uma deficiência incapacitante durante a maior parte de sua existência, o que afeta profundamente
sua qualidade de vida (Campbell et al., 2016). Dado que a dor é considerada uma união multifatorial
dinâmica de fatores biológicos, psicológicos e sociais, é difícil construir um tratamento generalizado
único para pacientes com DC. Até agora, a melhor prática para o tratamento de pacientes constitui uma
abordagem multidisciplinar individualizada, centrada no paciente (Chandler et al., 2021).

Toque agradável em pacientes com dor crônica


As modulações da dor foram extensivamente estudadas em indivíduos saudáveis (Villemure et al.,
2003; Rhudy et al., 2005; Valentini et al., 2017a,b; Nicolardi et al., 2020, 2022) e pacientes com DC
(Bushnell et al. , 2013; Yarnitsky, 2015). Foi relatado que emoções positivas e ambientes sociais de
apoio podem diminuir a dor (Che et al., 2018). Nesse sentido, o toque agradável, teoricamente, poderia
ser uma ferramenta interessante para reduzir as sensações dolorosas e a DC; no entanto, ainda é
necessária mais investigação experimental.
Quando as pessoas sentem dor em circunstâncias normais, tocar suavemente a área dolorida
geralmente resulta em alívio físico e emocional (Weze et al., 2005). No entanto, isso pode não valer
para pacientes que sofrem de DC, uma vez que sua percepção subjetiva da dor é alterada (Baliki et al.,
2006). De fato, Hashmi et al. (2013) demonstraram que pacientes com DC – em comparação com
pessoas com dor aguda – mostraram mais atividade relacionada à dor nos circuitos relacionados à
emoção, em oposição às áreas somatossensoriais (Hashmi et al., 2013).
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Outras evidências vêm de Case et al. (2016), que investigaram o envolvimento de opioides em
pacientes com fibromialgia (distúrbio caracterizado por DC primária e generalizada). Os opioides são de
particular interesse porque são responsáveis pela natureza recompensadora do toque agradável.
Nesses pacientes, os autores observaram menos diferenças em termos de intensidade e prazer entre o
toque lento (na velocidade ideal dos aferentes CT) e rápido (velocidade abaixo do ideal) do que em
participantes saudáveis. Isso sugere um envolvimento reduzido dos receptores CT durante o
processamento do toque agradável. Além disso, os efeitos da naloxona, um antagonista opiáceo,
diferiram entre pacientes e participantes saudáveis. Enquanto os participantes saudáveis relataram
maior prazer, os pacientes relataram diminuição da intensidade do toque. Pacientes com fibromialgia
também foram testados em um estudo de Boehme et al. (2020), que investigou respostas subjetivas e
neurais ao toque agradável. Neste estudo, os autores demonstraram que os pacientes tinham
processamento neural intacto para toque agradável, mas que o toque era considerado menos agradável
do que para um grupo de controle. Essa anedonia ao toque agradável foi associada ao processamento
avaliativo disfuncional, conforme evidenciado por uma diminuição da atividade na ínsula direita
durante as avaliações de prazer e uma ativação durante a avaliação da dor.
Outra condição de DC na qual o toque agradável foi investigado é a enxaqueca. No estudo de
Lapp et al. (2020), inicialmente não houve diferença nas classificações de agradabilidade entre
pacientes e controles quando foram solicitados a avaliar um único toque em diferentes velocidades (1,
3, 10 cm/s como velocidades ideais para aferentes CT vs. 0,3 e 30 cm /s como velocidades
desfavoráveis). No entanto, na segunda parte do estudo, os participantes tiveram que avaliar toques
agradáveis repetidos: aqui, apenas os pacientes com enxaqueca mostraram uma diminuição nas
avaliações de prazer. Isso foi particularmente verdadeiro para pacientes com alodinia tátil durante a
cefaleia. Esse resultado sugere que a percepção de prazer pode estar subclinicamente alterada em
pacientes com DC.
Recentemente, Gossrau et al. (2021) investigaram a percepção do toque agradável em pacientes
com neuralgia pós-herpética, patologia caracterizada pela DC. Eles relataram que os pacientes
classificaram a experiência de receber um toque agradável como menos agradável do que um grupo de
controle. Resultados semelhantes foram encontrados por Nees et al. (2019), que investigou a percepção
do toque agradável em pessoas com dor lombar crônica. Seus resultados mostraram que, embora as
regiões do cérebro envolvidas na percepção do toque agradável fossem as mesmas entre os grupos
(pacientes versus controle), os pacientes com DC apresentaram reatividade reduzida e avaliação
reduzida do prazer do toque. Além disso, seus resultados destacaram a possibilidade de que o prazer do
toque pudesse ser usado como marcador para o processamento afetivo problemático na DC.
Em contraste, pacientes com doença de Parkinson - que também são afetados pela DC -
relataram maior prazer do toque agradável do que os controles saudáveis, especialmente quando
acariciados a uma velocidade de 3 cm/s. Os autores sugeriram que a terapia com dopamina pode ter
um impacto no aumento do valor recompensador do toque, transformando-o em um tratamento
potencial para a dor dos pacientes (Kass-Iliyya et al., 2017).
Conforme demonstrado pelos estudos acima, os pacientes com DC geralmente apresentam uma
percepção anormal do toque agradável, que é diminuída na maioria dos estudos, mas preservada em
alguns. No entanto, não há estudos suficientes para entender claramente quais mecanismos periféricos
e centrais influenciam essa percepção alterada e se os pacientes com DC reagem de maneira diferente
dependendo da etiologia de sua dor.

Toque agradável como tratamento


A forma mais comum de toque usada para reduzir a dor é a massagem (consulte Field, 2019 para uma
revisão abrangente). Existe uma diferença crucial entre a massoterapia e o tipo de toque aplicado na
maioria dos estudos sobre toque agradável, pois a massoterapia provavelmente também ativa os
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receptores responsáveis pela sensação de pressão (além dos aferentes CT). Isso torna as evidências
sobre massagem terapêutica menos comparáveis à literatura mencionada até agora nesta revisão.
Alguns estudos recentes investigaram diretamente se os tratamentos baseados no toque agradável
repetido podem ter um impacto na dor vivenciada. Di Lernia et al. (2020) recentemente mostraram que
o toque agradável pode reduzir significativamente a dor em pacientes com DC, após uma estimulação
de apenas 11 min. O tratamento desenvolvido por eles consistia numa estimulação controlada dos
receptores CT, a uma velocidade de 3 cm/s com uma força de 2,5 mN. Todos os pacientes que sofriam
de vários tipos de DC (ou seja, dor musculoesquelética secundária, dor neuropática, dor central)
classificaram sua dor como menos intensa após o tratamento. Esta evidência promissora destaca a
importância do toque agradável como um novo método para tratar pacientes com DC, especialmente
devido ao efeito consistente em diferentes grupos de pacientes.
No entanto, uma preocupação importante sobre a aplicação do toque como terapia são as situações
nas quais ele pode evocar sensações desagradáveis. Considerando que sensações evocadas
desagradáveis (como alodinia tátil), conforme relatado na seção acima, estão associadas à reatividade
reduzida do receptor CT e respostas afetivas anormais no cérebro, os efeitos analgésicos do toque
podem ser prejudicados em pacientes com DC. Dentro dessa visão, o modelo proposto por Meijer et al.
(2022), que foi projetado para indivíduos saudáveis, pode precisar ser adaptado para pacientes que
sofrem de DC, levando em consideração os mecanismos top-down ("de cima para baixo") e bottom-up
("de baixo para cima") alterados. Em consonância com essa evidência, em dois estudos Habig et al.
(2017) demonstraram que em pacientes com DC que sofriam de neuropatia de fibras pequenas e
síndrome de dor regional complexa, o toque agradável foi ineficaz na modulação da dor sentida (2017;
2021). Além disso, Habig et al. (2017) mostraram que o toque agradável modula apenas a intensidade
da dor pelo calor experimentada para controles saudáveis; pacientes com neuropatia de fibras
pequenas, em contraste, não experimentaram tal modulação da dor pelo toque. No entanto, deve-se
notar que o comprometimento das pequenas fibras pode estar diretamente relacionado com uma
interrupção na ativação dos receptores CT, portanto, pacientes com esse tipo de neuropatia podem
responder de maneira diferente ao toque, em comparação com outros pacientes com DC.
Em um estudo mais recente (Habig et al., 2021), os autores estudaram a percepção da dor em
pessoas com síndrome de dor regional complexa. Aqui, na avaliação sensorial, os pacientes relataram
menos prazer ao toque do que os participantes saudáveis, independentemente de o toque ter sido
aplicado no membro afetado, pele glabra ou pilosa, sugerindo um funcionamento interrompido dos
receptores CT. Além disso, um tratamento baseado na estimulação repetitiva do receptor CT não
reduziu a intensidade da dor nos pacientes. Tomados em conjunto, esses resultados sugerem que a
modulação sobre a dor pode ser fraca demais para conseguir alterar a DC e que os aferentes CT podem
ter perdido sua capacidade de mediar os aspectos agradáveis do toque nos pacientes com DC. É
importante mencionar que, diferentemente de Di Lernia et al., Habig aplicou uma estimulação dolorosa
externa e não investigou a dor contínua que o paciente com DC estava sentindo. Essa é uma diferença
substancial que merece uma investigação mais aprofundada. Em particular, deve ser esclarecido se o
toque agradável pode apenas desempenhar um papel no alívio da dor contínua ou também pode
reduzir a dor provocada externamente (que é adicionada à dor contínua já existente). Por fim, vale
ressaltar que Habig et al. (2021) deslizou sobre a pele dos participantes um pincel macio de pintor,
com uma força de 0,8 Newton. Dado que a área da superfície do pincel não foi relatada, e dada a
seletividade das fibras CT a pressões específicas [descrito em Vallbo et al. (1999)], a força aplicada nos
estudos de Habig pode não ter sido ideal para ativar as fibras CT. Mais estudos são necessários para
esclarecer as condições que resultam na redução bem-sucedida da dor: para isso, vários parâmetros
(como os descritos na introdução para obter uma ativação máxima dos receptores CT) devem ser
controlados.
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A percepção vicária do toque como perspectiva


Os estudos aqui revisados fornecem resultados contrastantes: enquanto o toque agradável reduz a dor
em participantes saudáveis (entre outros benefícios para o bem-estar), em pacientes com DC ele pode
não ser suficiente para reduzir a dor. Dada a percepção alterada do toque agradável a nível periférico
(por exemplo, devido à exacerbação da alodinia), uma possibilidade poderia ser investigar se o
componente afetivo do toque agradável é preservado em pacientes com DC. Para fazer isso, pode ser
útil separar o componente visual do toque do feedback tátil do corpo. De fato, um conjunto interessante
de estudos investigou os mecanismos por trás da percepção vicária do toque agradável, ou seja,
quando as pessoas observam toques agradáveis nos outros. Esses estudos destacaram que as
classificações do toque observado correspondem ao ajuste de velocidade dos aferentes CT (Walker et
al., 2017b): toques agradáveis lentos foram considerados mais prazerosos em comparação com toques
neutros rápidos. Além disso, num estudo diferente, quando os participantes assistiam a vídeos de
outros sendo tocados em velocidades ideais versus não ideais para aferentes CT, a ínsula posterior
mostrou uma resposta semelhante ao toque sentido diretamente (Morrison et al., 2011). Essa sintonia
seletiva do toque agradável na ínsula pode permitir o reconhecimento da valência afetiva do toque
mesmo quando o toque é apenas observado. Recentemente, demonstramos que a Realidade Virtual
Imersiva (RVI) também pode ser usada para estudar a sensação vicária de prazer sem realmente
fornecer um estímulo aos corpos reais dos participantes (Fusaro et al., 2016, 2019, 2021; Mello et al.,
2021). Em uma série de estudos, observamos que um toque virtual puramente visual aplicado na
velocidade de ativação do receptor CT, sem qualquer toque real nos corpos dos participantes, pode
provocar sensações de prazer que imitam as interações da vida real. Essas sensações dependem de
diferentes fatores, como a aparência do avatar “tocante” ou a velocidade do toque observado. Também
demonstramos que o toque agradável virtual não é apenas percebido pelos participantes como
agradável e intenso (em comparação com um estímulo neutro), mas também pode provocar reações
neurofisiológicas objetivas, como respostas de condutância da pele (Fusaro et al., 2016, 2019, 2021).
Curiosamente, num estudo recente usando RVI, Harvie et al. (2022) destacaram que, num paciente com
síndrome de dor regional complexa, a dor pode ser evocada pela simples observação de estímulos
virtuais sem fornecer qualquer estimulação física. Após uma etapa em que o paciente foi submetido a
uma exposição a estímulos virtuais [de toque], a dor evocada também por estímulos virtuais foi
desencadeada com menor frequência, reduzindo a dor percebida. Infelizmente, essa redução não
ocorreu fora das configurações de RVI. No entanto, essa evidência sugere que a exposição à RVI pode
ser usada para desenvolver um tratamento bem-sucedido para a DC. Se tal tratamento for possível,
também será necessário testar o número de repetições necessárias para transpor o benefício do RVI
para fora dos ambientes experimentais. De fato, estudos anteriores demonstraram que as mudanças
obtidas graças aos procedimentos de RVI também podem ser observadas em sessões de
acompanhamento quando esses procedimentos são repetidos (Banakou et al., 2016; Freeman et al.,
2017). Aproveitando nossas evidências e o estudo de Harvie, oferecemos duas considerações em apoio
à ideia de que o toque agradável virtual pode ser usado para estudar e tratar a DC. Primeiro, o toque
agradável virtual evita o risco de ativar a alodinia, uma vez que nenhum toque mecânico é realizado no
corpo dos participantes. Em vez disso, a agradabilidade provocada pela percepção vicária (que
demonstrou ativar regiões cerebrais semelhantes ao prazer imediato, Morrison et al., 2011) pode ter
um efeito puramente positivo na dor percebida, particularmente nos aspectos emocionais que são
alterados em pacientes com DC (Hashmi et al., 2013). Em segundo lugar, os pacientes que
desenvolveram evitação ao toque (devido ao desconforto evocado) podem se beneficiar da exposição
repetida ao toque virtual e, consequentemente, serem dessenssibilizados a ele, conforme demonstrado
pelo protocolo desenvolvido por Harvie et al.
Para concluir, a interação entre toque agradável e dor em pacientes com DC precisa de mais
investigações para desvendar os mecanismos bottom-up e top-down em jogo. Nossa hipótese é que
duas possíveis desregulações possam estar em jogo aqui. O toque CT ativa diretamente os principais
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nodos emocionais, como a ínsula. Por um lado, em pacientes com DC essa ativação pode estar alterada,
conforme sugerido pelo estudo de Boehme et al., no qual eles demonstraram percepção intacta de
estímulos agradáveis, mas uma alteração na avaliação do estímulo em pacientes com fibromialgia.
Assim, restaurar o valor afetivo positivo do toque agradável pode ser um primeiro passo fundamental
para desenvolver um tratamento bem-sucedido. Por outro lado, como sugerido por Habig et al. (2017,
2021), estimular os receptores CT pode ser insuficiente para alterar a percepção da dor, provavelmente
devido ao comprometimento do sistema em pacientes com DC. Neste caso, poderá ser fundamental
avaliar caso a caso o funcionamento normal dos receptores e, consequentemente, desenvolver
tratamentos individualizados.

Contribuições dos autores


MF: conceituação, obtenção de financiamento, redação— rascunho original, redação—revisão e edição. VN e LP:
redação—revisão e edição. RJB: captação de recursos e redação – revisão e edição. Todos os autores contribuíram
com o artigo e aprovaram a versão submetida.

Financiamento
Este trabalho foi financiado pelo Ministério da Saúde da Itália (Ricerca Finalizzata, Giovani Ricercatori 2019, n ◦
GR-2019- 12369761).

Conflito de interesses
Os autores declaram que a pesquisa foi conduzida na ausência de quaisquer relações comerciais ou financeiras
que possam ser interpretadas como um potencial conflito de interesses.

Nota do editor
Todas as reivindicações expressas neste artigo são exclusivamente dos autores e não representam
necessariamente as de suas organizações afiliadas, ou as do editor, dos editores e dos revisores. Qualquer
produto que possa ser avaliado neste artigo, ou reclamação que possa ser feita por seu fabricante, não é
garantido ou endossado pelo editor.

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Edição: Lúcia Maria Sacheli, Universidade de Milano-Bicocca, Itália


Revisão: Daniele Di Lernia, Universidade Católica do Sagrado Coração, Itália, e Larissa Lauren Meijer,
Universidade de Utrecht, Holanda

Recebido em 30 de maio de 2022


Aceito em 08 de agosto de 2022
Publicado em 13 de setembro de 2022

Informações de direito autoral da obra original:


© 2022 Fusaro, Bufacchi, Nicolardi and Provenzano. This is an open-access article distributed under the terms of
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Como citar o artigo original:


Fusaro M, Bufacchi RJ, Nicolardi V and Provenzano L (2022) The analgesic power of pleasant touch in individuals
with chronic pain: Recent findings and new insights. Front. Integr. Neurosci. 16:956510. doi:
10.3389/fnint.2022.956510

Como citar esta tradução:


Fusaro M, Bufacchi RJ, Nicolardi V e Provenzano L. O poder analgésico do toque agradável em indivíduos com dor
crônica: Descobertas recentes e novos insights. Tradução: Annemarie Frank, TraduTERA/2022.

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