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PROCESSO DE ELABORAÇÃO DO LUTO EM PESSOAS QUE ROMPERAM


RELAÇÃO DE TRABALHOI

Sabrina Silva GuimarãesII


Solange Zanatta PivaIII

Resumo: Trata-se de uma pesquisa cujo objetivo é compreender o processo de elaboração do


luto em pessoas que romperam relação de trabalho. Caracterizou-se como sendo uma pesquisa
de campo, com nível de profundidade descritiva e de abordagem qualitativa. Foram
participantes desta pesquisa seis pessoas que romperam relação de trabalho a menos de vinte e
quatro meses da data de realização da entrevista e que não romperam o vínculo de maneira
intencional. A amostra se obteve de forma não probabilística por conveniência e foi utilizada
como técnica de coleta de dados uma entrevista presencial na modalidade semiestruturada. Os
dados coletados foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo. Os princípios
éticos que nortearam essa pesquisa tiveram como base as exigências do Comitê de Ética em
Pesquisa com seres humanos, previsto nas Resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional
de Saúde. Os resultados indicam que a partir do rompimento, todos os participantes
vivenciaram as fases do luto, de forma subjetiva.

Palavras-chave: Luto. Trabalho. Desligamento.

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa se refere ao trabalho de conclusão do curso de Psicologia da


Universidade do Sul de Santa Catarina- UNISUL. A pesquisa está vinculada à disciplina
Proposição de Produção de Conhecimento Científico em Psicologia, bem como o estágio
curricular obrigatório em Psicologia Organizacional.
Sabe-se que a Psicologia é uma ciência jovem e desta forma ainda há muito que ser
aprofundado e estudado. No trabalho em questão foi dada atenção ao processo de rompimento
de vínculo de trabalho e a vivência do luto.

Todos os dias estamos em contato com eventos e fatos pertinentes à perda, seja de
ordem natural ou trágica, essas perdas relacionadas às emoções que envolvem
sentimentos vivenciados ao material interligado a um objeto, as perdas estão em
nosso cotidiano os quais implicam dor e sofrimentos ambos difíceis de lidar.
(SANTANA, 2017, p. 12)

I
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em Psicologia, como requisito parcial
para obtenção do título de Psicólogo (a) pela Universidade do Sul de Santa Catarina, 2020.
II
Acadêmico do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
sabrinaguimaraes98@gmail.com
III
Msc. em Administração. Professora Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
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De acordo com Giuliese (2008) a segurança que é obtida com o suprimento de nossas
necessidades básicas está ligada a segurança emocional do sujeito. Sabe-se que o mundo é
movido pelo trabalho e este ocupa grande parte do dia e da vida das pessoas, isso faz com que
ele ganhe uma importância significativa em suas vidas.
Campos e Saraiva (2014) enfatizam que o trabalho é central na vida de boa parte das
pessoas, pois apresenta relação com a sobrevivência, entretanto não se limita a isto, ao
trabalho são atribuídos muitos sentidos. A questão é que as pessoas criam um forte vínculo
com o trabalho, muitas vezes ele se torna parte de suas vidas e até mesmo parte de suas
identidades como seres humanos.

A relevância que a esfera de vida pessoal ocupada pelo trabalho adquire para a
maioria das pessoas das sociedades modernas é evidente quando se observa que ele
é utilizado como definidor da estrutura de tempo (dias, meses, anos), divisor entre
atividades pessoais (autodeterminadas) e impessoais (heterodeterminadas),
legitimador social de diferentes fases da vida (estudo, trabalho e aposentadoria) [...]
Além disso, o trabalho se coloca como uma necessidade existencial, cujos
rendimentos servem para a satisfação de necessidades humanas (alimentação,
moradia, educação, lazer, bem-estar social, arte e prestígio), tornando-se, portanto,
um elemento crítico contribuidor para o autoconceito e identidade pessoais. Assim,
o trabalho possui um forte caráter estruturante nos níveis pessoal e social.
(BASTOS; PINHO; COSTA, 1995, p. 21).

Neste sentido, a perda de um trabalho, seja ela por motivos de demissão, escolha
própria, de aposentadoria, doença, entre outros, acaba gerando mudanças em diversos
contextos da vida do indivíduo além da própria rotina. De acordo com Campos e Saraiva
(2014) o trabalho interfere na saúde mental, atua como agente de regulação e pertença a
grupos sociais, além de possuir função de “fio condutor” da família. Sendo assim, mudanças
relacionadas ao trabalho acabam atingindo âmbitos das relações sociais, familiares, papéis do
indivíduo e sua identidade.
Certamente o rompimento de vínculo de trabalho trata-se de um momento de ajuste a
uma nova vida sem o antigo trabalho. Este rompimento, esta soma de novas informações,
pode acabar desencadeando um sofrimento significativo, o luto pela perda. De acordo com
Nascimento et al. (2006) o luto é caracterizado como sendo uma resposta advinda da perda do
objeto valorizado, neste caso o emprego. Cavalcanti, Samczuk e Bonfim (2013) também
enfatizam este significado ao dizerem que o luto pode ser entendido como a perda de um elo
de grande significado entre uma pessoa e um objeto. Ao vivenciar esta perda significativa o
sujeito precisa passar pelo processo de elaboração deste luto para que consiga seguir sua vida
adiante.
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A vivência do rompimento da relação de trabalho traz consigo momentos de


elaboração de luto para que a pessoa consiga desgrudar-se do sofrimento que foi gerado e
seguir a vida. Cavalcanti, Samczuk e Bonfim (2013) também afirmam que o próprio luto seria
um processo de reorganização e reconstrução perante uma perda.
Por uma questão de subjetividade, ao passar por isso cada pessoa vai encarar este
momento de um modo diferente, mas, o que se implica é que passar pelo rompimento de uma
relação de trabalho gera algum tipo de desconforto. Para algumas pessoas em menor
intensidade, já para outras em grande intensidade. Para Cavalcanti, Samczuk e Bonfim (2013)
a perda de algum objeto que se ama traz a fragmentação e desestruturação do sujeito.
Este momento não deve ser ignorado, portanto a pesquisa em questão propôs entender
melhor esta situação de dor e o que pode ser feito para uma vivência menos dolorosa. De
acordo com Giuliese (2008) advém do desenvolvimento da capacidade de reparação a
habilidade de entrar em luto e se recuperar. A questão é que nem sempre este assunto acaba
entrando em pauta e ganha a devida importância que merece.
O que se percebe é que ao romper a relação de trabalho o sujeito passa da posição de
trabalhador para desempregado, aposentado, encostado, entre outros, e os sentimentos
decorrentes da nova condição não são levados em conta. A ruptura do contrato de
trabalho exclui o profissional do mundo corporativo e das condições para que ele viva o luto
advindo da perda do objeto. Para Giuliese (2008) as separações são realizadas de forma
arbitrária, unilateral e violenta.
Com a nova “intitulação” a pessoa passa a receber outra visibilidade perante a
sociedade e os aspectos psicológicos decorrentes nem sempre são avaliados. Fez-se
necessário entender melhor este processo para que ocorra a diminuição deste sofrimento
gerado para o sujeito antes e durante seu processo de luto.
A relevância desta pesquisa deu-se pelo fato deste tema ser sempre atual, todos os dias
pessoas são demitidas, se aposentam, perdem seus empregos e sofrem com isso. De acordo
com o IBGE (2020), no 4º trimestre do ano de 2019 o Brasil possuía 11,6 milhões de pessoas
desempregadas. No momento que este trabalho estava sendo escrito (2020), estávamos nos
deparando com uma crise mundial ocasionada por um vírus ainda pouco conhecido (corona
vírus). Como medida de proteção e para impedir a propagação do vírus empresas tiveram de
colocar seus empregados em home-office (quando possível), fechar suas portas por um
período, entre outras opções. Como consequência, algumas empresas estavam fechando e
pessoas estavam sendo demitidas, o que reforçou a importância que este tema ocupa.
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Para a Psicologia, demais áreas, comunidade acadêmica e a população em geral, o


trabalho em questão agrega e muito. Este trabalho trouxe conhecimento a acadêmicos e
profissionais da Psicologia para quando se depararem com questões relacionadas a esta
temática, bem como, para poderem auxiliar pessoas que estão passando por esta situação.
Cavalcanti, Samczuk e Bonfim (2013, p. 103) esclarecem que “o indivíduo deve voltar ao
estado em que se encontrava antes da perda, ou o mais próximo possível” e é o conhecimento
que nos possibilita auxiliar estas pessoas a passarem por este momento.
Santana (2017) alerta que o luto mal elaborado pode vir a causar doenças
psicossomáticas. Sendo assim, amenizar essa dor como uma forma de elaboração do processo
deste luto é de grande importância. Cabe ressaltar que o luto não se trata de um estado, mas
sim de um processo.
Apesar de trabalho e luto serem dois temas bastante pesquisados, nas bases
consultadas não constava uma pesquisa realizada que especificasse exatamente o que aqui se
propõe. A busca por estudos acerca deste assunto foi realizada em bases de dados com as
chaves de pesquisa: elaboração do luto/ relação de trabalho. Não foram encontrados estudos
específicos com estas questões juntas. As bases pesquisadas foram: Portal CAPES, Scielo,
Pepsic, Arca e Google acadêmico. Percebeu-se que é possível encontrar artigos relacionados à
temática da elaboração do luto bem como artigos sobre relação de trabalho, porém não há um
artigo específico para as duas temáticas juntas na mesma perspectiva. Na base de dados
Google Acadêmico puderam ser encontrados dois trabalhos com visões parecidas com este,
porém apresentaram vieses diferentes do aqui proposto, o que justifica a sua realização.
Problema de pesquisa: “Como ocorre o processo de elaboração do luto em pessoas que
romperam relação de trabalho?” Objetivo geral: Compreender o processo de elaboração do
luto em pessoas que romperam relação de trabalho. Objetivos específicos: Identificar a
importância e o significado do trabalho para as pessoas pesquisadas; Descrever o processo e
as fases do luto vividas pelos pesquisados, após rompimento da relação de
trabalho; Descrever os sentimentos experimentados pelos pesquisados, após o rompimento da
relação de trabalho; Identificar as formas encontradas pelos pesquisados para superar a perda
do trabalho.

O TRABALHO E SUA IMPORTÂNCIA

De acordo com Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014) a vida de todas as pessoas é afetada
pelo trabalho, todo cotidiano está ligado às organizações de trabalho. Vínculos de amizade,
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serviços disponibilizados a sociedade, produtos e serviços essenciais para a vida são alguns
exemplos.
Ao longo da história o trabalho possuiu diferentes significados e sofreu inúmeras
transformações. Apesar disto, ele se manteve organizando e direcionando a vida tanto em
perspectivas individuais quanto sociais. É através do trabalho que a sociedade se organiza e o
indivíduo da sentido a vida. (CAMPOS; SARAIVA, 2014).
Para Kurogi (2008) o trabalho seria uma oportunidade para o indivíduo, pois a partir
dele poderia estar desenvolvendo habilidades, buscando concretizar seus objetivos, além de
satisfazer suas necessidades pessoais e profissionais. De acordo com Bernal (2010) o trabalho
cumpre várias funções significativas, além da econômica, proporciona status e prestígio
social, é fonte de identidade pessoal, interação e contatos sociais, estrutura o tempo, entre
outras. O autor complementa trazendo que:

O trabalho é uma construção social dentro de um contexto histórico e de uma cultura


muito concretos e que se relaciona com experiências e com um modo de vida das
pessoas também concreto, também com um sistema de relações simbólicas
desenvolvidas em seu meio e que, em boa parte, determinam as aspirações dessas
pessoas e de seu nível de satisfação profissional em diferentes circunstâncias e
condições. (BERNAL, 2010, p. 33)

Bastos, Pinho e Costa (1995) mencionam sobre dois eixos principais de significados
para o trabalho. O primeiro deles seria uma avaliação negativa que diz respeito à ideia de
sacrifício, esforço incomum, carga, fardo, esgotamento, punição, obrigação. Já o segundo
eixo, que seria uma valorização positiva, diz respeito à ideia de empenho, esforço, fazer com
cuidado, instrumento da salvação, harmonização com a natureza.
Algo importante de ser salientado é que por mais que a palavra trabalho tenha seu
significado às vezes relacionado a sentidos negativos como à tortura e sofrimento, se tira o
trabalho de uma pessoa ela terá uma sensação de vazio existencial. (CAMPOS; SARAIVA,
2014).
De acordo com Bastos, Pinho e Costa (1995) além de servir para satisfação de
necessidades, a relevância que o trabalho ocupa na vida das pessoas fica mais evidente
quando se dá conta que o mesmo é definidor da estrutura de tempo, divisor entre atividades
pessoais e impessoais e legitimador de diferentes fases da vida. Torna-se assim contribuinte
da formação de identidades, além de possuir caráter estruturante.
Para Campos e Saraiva (2014) a importância do trabalho na vida das pessoas pode se
dar por questões voltadas aos relacionamentos, ao desenvolvimento de sentimento de
vinculação, o ter algo a fazer além do objetivo de vida. Sendo assim é importante
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compreender como o homem concebe seu trabalho, não bastando que o mesmo o traga
repercussões na vida particular, mas além disto ele deve representar certo valor no que diz
respeito a esfera social. O prazer e o sentimento de realização associados ao trabalho explicam
o sentido e o comprometimento do trabalhador.
De acordo com Bastos, Pinho e Costa (1995) para entendermos melhor o significado
do trabalho podemos analisar seus três grandes domínios, que segundo o autor se tratam da
centralidade, das normas societais, e os resultados e objetivos valorizados. A centralidade do
trabalho seria a importância que o trabalho ocupa na vida da pessoa. Resultados ou produtos
valorizados do trabalho seriam as finalidades das atividades. Já as normas societais relativas
ao trabalho consistem na relação do indivíduo com as normas que são aceitas socialmente.
Bernal (2010) menciona que o trabalho é parte fundamental de nossa subjetividade.
Para Bastos, Pinho e Costa (1995) isto se dá pelo fato de o trabalho possuir impacto sobre
comportamento, percepções, avaliações e atribuições. Viana e Machado (2011) completam ao
mencionarem que o trabalho engaja totalmente a subjetividade daquele que trabalha.
De acordo com Campos e Saraiva (2014) além de relacionar-se com o trabalho de
forma intencional, o homem acaba se identificando com a sua obra, pois neste processo o
mesmo também se transforma enquanto indivíduo. Deste modo, o homem sente que tem
valor, que é produtivo, que é útil, e isto acaba fortalecendo sua identidade. O emprego auxilia
a pessoa na compreensão de si mesmo.

O trabalho é, portanto, fundamental ao homem porque possibilita o desvio dos


impulsos para uma atividade produtiva que deve gerar satisfação e prazer; permite a
reparação dos objetos internos; favorece o reconhecimento do sujeito pelo outro e a
obtenção de recursos para que possa construir sua história e atender as suas
necessidades. Ou seja, ao mesmo tempo em que constitui o homem como sujeito, o
constitui como cidadão. (GIULIESE, 2008, p. 29)

Sendo assim, essa relação histórica entre o homem e o trabalho que permanece até
hoje deixa clara a importância que o trabalho ocupa na vida das pessoas, de tantas formas
possíveis, direta e indiretamente. O trabalho é forte influenciador da subjetividade dos
indivíduos, permite suprimento de necessidades pelo fator econômico, interfere nas
avaliações, percepções, comportamento, além do valor social que apresenta. Isto se explicita
na sensação de vazio existencial que uma pessoa pode ter ao romper esta relação tão
importante.

ROMPIMENTO DE VÍNCULO DE TRABALHO


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Partindo do pressuposto de que o trabalho é aquele que oferece sentido a vida, o


rompimento desta relação acaba gerando desconforto na vida daquele que o perde. Esta perda
pode ocorrer por diferentes formas, como por exemplo, encerramento/rompimento de
contrato, demissão, aposentadoria, dentre outros.
Neste sentido, Giuliese (2008) relaciona as separações vivenciadas pela pessoa a partir
da relação que ela estabeleceu quando criança com a mãe durante a amamentação. É como se
a separação que ocorre entre o indivíduo e o trabalho, seja ela pela razão que for, repetisse o
mesmo modelo do desmame primordial, e este desmame sempre é traumático.
De acordo com Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014) o trabalho dá possibilidade para
que a pessoa assuma um papel e uma identidade dentro de um grupo. E quando este sujeito é
retirado da corporação acaba perdendo relevância para o grupo no qual estava inserido.
(GIULIESE, 2008)
Quando uma pessoa perde seu emprego isso afeta fortemente sua vida e a vida da sua
família. De acordo com Campos e Saraiva (2014, p. 43) “a demissão assume o caráter de
morte de uma identidade profissional, de pertença a um grupo e de compartilhamento de
valores e signos, de uma trajetória de vida”.
Para Giuliese (2008) neste momento de ruptura o que surge para o sujeito é a
desilusão, a surpresa e o desencanto. Estes sentimentos e sensações advêm da ruptura do
contrato narcisista por parte da instituição que simplesmente exclui este sujeito. Isso faz com
que ele perca sua sustentação, se sinta desamparado e perca esperanças com relação ao seu
futuro.
O autor complementa a ideia ao trazer que assim como no desmame, a demissão e
desligamento deveriam ser conduzidos “com respeito, cuidado, diálogo sobre os
acontecimentos, como um preparo para a pessoa ganhar autonomia e assim construir um novo
projeto.” (GIULIESE, 2008, p. 50) Se a demissão for realizada sem os cuidados devidos pode
acarretar um verdadeiro desastre na vida do indivíduo. Quando ela é conduzida sem
transparência e coerência, o vínculo de confiança é rompido surgindo assim sentimentos de
culpa, desorganização, revolta, derrota, negação e depressão. Sendo assim é de extrema
importância que o demissor ofereça os sinais e o tempo necessário para que o profissional
perceba que é o momento de partir. Se for feito ao contrário disso, se fará necessário um
longo e cuidadoso processo de elaboração do luto pela perda ocorrida. (GIULIESE 2008). O
mesmo cabe para encerramento/rompimento de contrato, aposentadoria, dentre outros.
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EFEITOS PSICOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS DO ROMPIMENTO DE VÍNCULO DO


TRABALHO

Todo cotidiano e vida de uma pessoa possuem ligação com o trabalho. Neste sentido é
evidente que este direciona a vida das pessoas em âmbitos individuais e sociais. O trabalho é
aquele que oferece sentido à vida. Campos e Saraiva (2014) mencionam que o ato de trabalhar
se vincula a ideia de ser produtivo, por isso o trabalho exerce grande influência na motivação
dos indivíduos.
Para se ter noção desta amplitude de importância que o trabalho ocupa, Bernal (2010)
apresenta que como o trabalho está sendo tão crucial na vida das pessoas, muitos acreditam
atualmente que ele se trata de algo natural do homem. O autor complementa que o trabalho é
o resultado do capitalismo industrial. Atualmente é como se sem ele, não fôssemos nada nem
ninguém. Neste sentido, é importante mencionar que o capitalismo contribui para esta
cobrança social de se ter um emprego.
O autor menciona que “o século XX já não é mais o século do trabalho, é o século do
emprego”. (Méda, 1998, p.110-111 apud Bernal, 2010, p. 26). O medo do desemprego e de
perder o emprego são ameaça ao bem-estar psicológico e psicossocial dos trabalhadores.
Zanelli (2010) enfatiza que os profissionais estão em constante ameaça de desemprego e isso
acaba os colocando claramente ao risco de adoecimento. Viana e Machado (2011, p. 48)
destacam que o trabalho é importante como sendo um fator de “equilíbrio psíquico na vida
das pessoas”.
“O trabalho significa um fator de equilíbrio e de desenvolvimento para o indivíduo,
que lhe assegura a inserção no real, em termos dos diferentes grupos existentes na sociedade”.
A participação que o indivíduo sente ao fazer parte de um processo de trabalho lhe
proporciona uma amplitude de consciência sobre si e sobre a sociedade. Neste sentido ele
apropria-se de sua cidadania, lhe proporcionando “condições de desenvolvimento e equilíbrio
psicológico”. O trabalho possui importância no que diz respeito ao equilíbrio psicológico do
sujeito. “As relações que o indivíduo estabelece com a sociedade estão demarcadas pelas
possibilidades e perspectivas originadas da posição ocupada no contexto social e na forma
pela qual ele consegue exercer sua ação no respectivo contexto”. (KANAANE, 2017 p. 13-
28)

A capacidade de trabalhar é um dos pilares da saúde mental, a ausência do trabalho


ou a incapacidade temporária de produzir é uma ameaça à saúde do sujeito. O
estigma e o estereótipo do “louco” caracterizam-se na perda da noção da realidade e
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da possibilidade da contribuição com a sociedade, em que o indivíduo torna-se um


“fardo” para todas as esferas sociais. Sentir-se produtivo vincula-se à noção e
vivência de saúde e bem-estar e o trabalho, como fontes de estímulo e possibilidade
de criação, possibilitando que a capacidade produtiva do indivíduo possa existir e
objetivar-se em uma obra de que o próprio trabalhador e outras pessoas irão se
beneficiar e se reconhecer. (CAMPOS; SARAIVA, 2014, p. 37)

Para Zanelli (2010) os sintomas somáticos e psicológicos que resultam da relação de


trabalho são cada vez mais constatados. “O desgaste físico e emocional está na base de
problemas de saúde crônicos: insônia, dores de cabeça, pressão alta, úlcera e maior
suscetibilidade a gripes e resfriados” (ZANELLI, 2010, p. 35). Outro ponto importante de ser
mencionado é que na atualidade, mesmo cumprindo o que se exige e atingindo os resultados o
trabalhador, de acordo com Giuliese (2008) não tem segurança ou estabilidade, podendo ser
demitido a qualquer momento.

O LUTO: PROCESSO E IMPLICAÇÕES

Inúmeras vezes remetemos a ideia de luto como algo relacionado à morte, mas não é
certo o remetermos apenas a este contexto. De modo geral, independente do motivo, de
acordo com Nascimento et al., (2006) o luto se trata de uma resposta à separação, é uma
resposta a perda significativa de um objeto valorizado. Esta perda não se remete apenas ao
objeto real, mas também a representações simbólicas. (CAVALCANTI; SAMCZUK;
BONFIM, 2013).

A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas ao enfrentamento das sucessivas
perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano, como derrotas e
fracassos do cotidiano, as frustrações profissionais, os fracassos sentimentais, os
desejos de posse, adoecimentos graves tanto físicos quanto psíquicos. (SANTANA,
2017, p. 16)

De acordo com Lima e Rodrigues (2018) a perda de um objeto amado traz consigo a
desestruturação do sujeito. Sendo assim este processo de luto se trata de uma reconstrução e
uma reorganização perante uma perda. Segundo Giuliese (2008) em todo processo de luto
ocorre um renascimento e este processo cíclico é o que vai constituindo o sujeito. Santana
(2017) nos traz que ninguém nasce preparado para perder, culturalmente somos ensinados a
valorizar ganhos e não estamos habituados às perdas, mas elas se fazem necessárias para o
crescimento e também para lembrar-nos que nada é para sempre. O luto “é um desafio
emocional, psíquico e cognitivo com o qual todos terão que lidar.” (SANTANA, 2017, p. 16).
O luto é um fenômeno mental natural que faz parte do desenvolvimento do homem
sendo um processo que surge para a elaboração de uma perda. Para Cavalcanti, Samczuk e
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Bonfim (2013) são exemplos destes elos significativos os aspectos pessoais, profissionais,
sociais e familiares. Nascimento et al., (2006) complementam esta ideia ao mencionarem que
a perda pode ser a de uma pessoa amada, de um emprego, de um bem, dinheiro, entre outros.

A vivência do luto é fundamental para a reorganização e reconstrução diante da


quebra do vínculo. Desafiante psiquicamente, emocionalmente e cognitivamente,
porém necessário para ressignificação da relação com o objeto perdido. Existem
várias formas de luto, além do luto pela morte de uma pessoa, também há processo
de luto relacionado com perdas de relações interpessoais, de ideia, de material, tudo
que o indivíduo perde, mas não consegue desvincular-se causando sofrimento. Esse
sofrimento causado pela dor da quebra desse vínculo é comparado pelo mesmo
sentido com o luto por morte. (SANTANA, 2017, p. 17)

De acordo com Lima e Rodrigues (2018) existem diferentes tipos de luto, os autores
citam o luto normal e o luto patológico. O luto normal não promove trauma nem
consequências que afetam a pessoa de forma física ou psicológica. Já o luto patológico é
aquele com complicações, onde o indivíduo o revive constantemente.
Para os autores a aceitação da perda ocorre através do verdadeiro conhecimento sobre
a realidade e interiorização da perda. A partir do momento que a pessoa interioriza o luto e o
vive, ela se direciona à superação da perda. O luto é superado através do conhecimento e da
aceitação pela perda do objeto. Cabe enfatizar que o luto não se trata de uma doença, ele é um
processo e pode ser superado com o passar do tempo. (CAVALCANTI; SAMCZUK;
BONFIM, 2013).

Todo e qualquer sujeito vivencia, ao longo de sua existência, processos de


separação. [...] Se o núcleo de uma relação suficientemente boa entre o sujeito e seus
objetos está bem estabelecido, o sujeito pode enxergar as consequências da
separação, elaborar o luto pela perda, enfrentar a culpa pelo dano e trabalhar na
reconstrução reparativa da verdade. (GIULIESE, 2008, p. 48)

O luto é uma resposta esperada quando ocorre uma perda. De acordo com Nascimento
et al., (2006, p. 435) quando se trata de um curso sem complicações se seguem algumas fases,
“sentimentos de descrença, negação, desamparo e, posteriormente, um maior grau de
consciência da perda, acompanhado de sentimentos menos devastadores, chegando até ao
momento da reorganização da vida, quando se compreende que o trabalho do luto está
concluído.”
Para Lima e Rodrigues (2018) o luto percorre por diferentes fases que se mesclam e se
substituem, são elas: entorpecimento, anseio e busca da figura perdida, desespero e
reorganização. Apesar de apresentar as fases de dor, entorpecimento, raiva, busca do objeto
perdido, saudades e desespero, cada pessoa vivencia o luto de maneira subjetiva.
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Para chegar à compreensão das fases do luto, Santana (2017) aborda sobre a trajetória
de Elizabeth Kubler-Ross que classificou e definiu cada fase: a negação, a raiva, a barganha, a
depressão e a aceitação.
A negação:

O Indivíduo recusa em aceitar a realidade que está acontecendo. Isto seria uma
defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta
encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte de um
ente querido ou da perda de emprego, de relacionamentos, emigração, amputação de
um membro do corpo, perda de objeto, um adoecimento. É comum a pessoa também
não querer falar sobre o assunto. (SANTANA, 2017, p. 24)

A raiva:

[...] a raiva nessa fase leva o indivíduo a se revoltar com o mundo, se sente
injustiçado e não se conforma por estar passando por isso. Vem toda uma questão do
complexo do abandono. Toda vez em que o indivíduo se depara com o sentimento
de perda ele se depara com sentimento de abandono. É nesse momento da raiva que
vem à tona todas as lembranças e questionamentos, muitas das vezes o indivíduo
abandona a si mesmo entrando em outros processos de adoecimento para superar a
dor do enlutamento. Para além da raiva também desencadeia uma irritabilidade com
tudo que lembra o que remete a perda e o comportamento do outro diante da sua
vulnerabilidade. (SANTANA, 2017, p. 25)

Na barganha “o indivíduo começa a negociar, começando com si mesmo, acaba


querendo dizer que será uma pessoa melhor se sair daquela situação, faz promessas a Deus.”
(SANTANA, 2017, p. 26).
A depressão:

Neste estágio, [...] apresentam sintomas clínicos de depressão, retraimento, retardo


mental, perturbação do sono, desesperança e possivelmente ideia de suicídio. Essa
fase leva a pessoa se retirar para seu mundo interno, se isolando, torna-se
melancólica e se sente impotente diante da situação. (SANTANA, 2017, p. 26)

Na aceitação “o indivíduo não tem desespero e consegue enxergar a realidade como


realmente é, ficando pronto para um recomeço.” (SANTANA, 2017, p. 27). Nem todos os
indivíduos passam por todos estes estágios, alguns podem passar por eles em sequências
diferentes. É comum ao indivíduo que passa por esse processo apresentar ao menos dois dos
estágios. Nem todas as pessoas passam pelo processo completo, algumas acabam ficando
paralisadas em alguma fase. Também não há um tempo predefinido para duração do processo
do luto. (SANTANA, 2017)

Num luto bem feito, quando o objeto está perdido, o enlutado, de início, se sente
desolado, roubado, odeia o objeto perdido [...] e se sente de alguma forma,
responsável. Mas, pelo processo de luto, ele recorda a boa relação que já teve,
valoriza essa relação e também essa memória dentro dele. Despede-se do objeto
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externo e constrói uma memória dos antigos aspectos criativos da relação, que o
ajuda a reconstruir novas relações, com pessoas ou com o trabalho. (GIULIESE,
2008, p. 54)

Sendo assim, fica claro que o luto é uma resposta que advém de uma separação,
da perda de algo que significava muito, algo que era muito valorizado, independente de se
tratar de algo físico ou simbólico, como no caso em questão, o rompimento da relação de
trabalho. A passagem pelo luto permite que o indivíduo se reorganize frente a sua perda, pois
assim ela é elaborada. Quando a pessoa vivencia este luto, conhecendo e aceitando, ela
consegue superar a perda.

MÉTODO

A presente pesquisa caracterizou-se como sendo uma pesquisa de campo, com nível de
profundidade descritiva e de abordagem qualitativa.
Trata-se de uma pesquisa de campo, porque teve como objetivo “conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as
relações entre eles”. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 186).
Classifica-se como sendo uma pesquisa descritiva, que segundo Motta et al. (2013 p.
107) “é aquela que analisa, observa, registra e correlaciona aspectos (variáveis) que envolver
fatos ou fenômenos, sem manipulá-los.” Gil (2002 p. 42) menciona que “as pesquisas
descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.” E
complementa trazendo que há pesquisas neste formato que servem para proporcionar uma
nova visão a respeito do problema.
Partindo para a abordagem da pesquisa a mesma se caracteriza como sendo um estudo
de caráter qualitativo que de acordo com Motta et al. (2013 p. 112) teve como objetivo
“conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto de
investigação.” E complementa ao dizer que a pesquisa qualitativa procura “fazer sentido de
discursos e narrativas que estariam silenciosas, tendo como foco entender e interpretar dados
e discursos.”

PARTICIPANTES
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Foram participantes desta pesquisa seis pessoas que romperam relação de trabalho nos
últimos vinte e quatro meses. Assim, a amostra foi não probabilística por conveniência.

[...] na amostragem não probabilística, não temos garantia de que cada elemento
tenha chance de ser incluído, ou maneiras de estimar a probabilidade de que cada
elemento seja incluído na amostra [...]. A amostragem de conveniência envolve
selecionar os respondentes principalmente com base em sua disponibilidade e
disposição para responder. (SHAUGHNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER,
2012, p. 156).

Os critérios de inclusão dos sujeitos na pesquisa se deram de acordo com as


características da forma de rompimento e o tempo que passou desde o rompimento. A
pesquisa foi realizada com pessoas que tinham rompido a relação de trabalho a menos de
vinte e quatro meses na data de realização da entrevista e que não tinham rompido o vínculo
de maneira intencional (a seu próprio pedido), buscou-se assim, ter maior fidedignidade nos
conteúdos que seriam narrados pelos participantes. Os sujeitos foram encontrados a partir da
rede de relacionamento das pesquisadoras.

INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS

Foi utilizada como técnica de coleta de dados uma entrevista na modalidade


semiestruturada. De acordo com Gil (2002, p. 117) a entrevista semiestruturada é aquela que
“é guiada por relação de pontos de interesse que o entrevistador vai explorando ao longo de
seu curso”.
Para efetivação da entrevista, a pesquisadora fez contato com os participantes por
telefone, agendando dia e horário para realizar a entrevista individualmente com cada um
deles. As entrevistas foram realizadas no local em que os mesmos julgaram de melhor acesso,
preservando o sigilo e conforto dos entrevistados.
No dia e horário estabelecidos, a pesquisadora se apresentou e orientou os
participantes sobre os objetivos e questões éticas desta pesquisa. Na sequência, foi
apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que foi assinado pelos
participantes, os quais ficaram com uma cópia, para possíveis consultas e esclarecimentos de
dúvidas. As entrevistas tiveram duração aproximada de 30 minutos.
Após a realização da coleta de dados a análise dos mesmos foi realizada a partir
de uma análise de conteúdo. Segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 167) a análise “é a
tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores.”
Marconi e Lakatos (2003, p. 223) complementam que a análise de conteúdo “permite a
14

descrição sistemática [...] do conteúdo da comunicação.” O conteúdo advindo da entrevista foi


analisado a luz do marco teórico.
Os princípios éticos que nortearam essa pesquisa tiveram como base as exigências
do Comitê de Ética em Pesquisa com seres humanos, previsto nas Resoluções 466/12 e
510/16 do Conselho Nacional de Saúde.
A aplicação da entrevista com os participantes realizou-se mediante a leitura
prévia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), onde foram orientados e
livres para quaisquer questionamentos ou dúvidas que poderiam surgir, não ocorrendo outras
questões procedeu-se à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
As gravações obtidas na ocasião da entrevista foram eliminadas assim que foram transcritas.
Os dados serão arquivados pelo período de cinco anos e após serão incinerados, mantendo a
identidade dos participantes em sigilo. Cabe ressaltar que os participantes ficaram com uma
cópia do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para possíveis consultas e
esclarecimentos de dúvidas.
Os riscos previstos na pesquisa foram mínimos. Estavam mais relacionados a
questões emocionais, poderiam gerar algum desconforto durante a entrevista ao se
emocionarem por estarem recordando o rompimento do vínculo de trabalho. Caso esta
situação ocorresse, os participantes seriam informados de que, ao se sentirem desconfortáveis,
poderiam interromper a entrevista imediatamente (podendo ser retomada em outro momento
caso a pessoa aceitasse) ou desistir da participação na pesquisa. Casos necessários poderiam
ser ouvidos e acolhidos pela pesquisadora responsável.
Os benefícios desta pesquisa são indiretos, pois ela gerou conhecimentos que
podem beneficiar outras pessoas e não o próprio participante em si. Os resultados da pesquisa
podem auxiliar no maior entendimento e conhecimento a respeito do assunto, contribuindo
para a psicologia como ciência a buscar estratégias que possam oferecer uma compreensão
mais efetiva nas questões relacionadas ao processo de elaboração do luto em pessoas que
romperam relação de trabalho. Protocolo de aprovação pelo CEP Unisul com o número do
protocolo do parecer 4.177.092.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A análise foi desenvolvida a partir da técnica de análise de conteúdo (MARCONE;


LAKATOS, 2003), sendo realizada a partir dos objetivos desta pesquisa. Os dados serão
apresentados em categorias criadas a partir dos objetivos propostos e serão apresentados em
15

quadros com a síntese dos mesmos, seguido de sua análise. Os participantes serão
representados por iniciais fictícias.

Quadro 1 - Caracterização da amostra pesquisada


Estado Cargo que Forma de Tempo de
Participante Sexo Idade Escolaridade
civil ocupava rompimento atuação
Superior Aux. de
P1 Fem. 25 Casada Demissão 2 semanas
Completo Laboratório
Médio
P2 Masc. 27 Casado Cabista Demissão 5 anos
Completo
Médio Líder de
P3 Masc. 40 Casado Demissão 5 anos
Completo obras
Médio
P4 Masc. 39 Casado Cabista Demissão 9 anos
Completo
Superior
P5 Masc. 33 Solteiro Vendedor Demissão 1 ano
Completo
Superior
P6 Fem. 22 Solteira Recepcionista Demissão 1 ano
Incompleto
Fonte: Elaboração da autora, 2020.

Os dados demonstram que a amostra foi composta por 6 sujeitos de 22 a 40 anos de


idade, sendo 2 do sexo feminino e 4 do sexo masculino com escolaridade variando de ensino
médio completo a superior completo. Todos foram demitidos e o tempo em que atuavam nas
empresas variou de duas semanas a 9 anos.

Quadro 2 - Importância e significado do trabalho

Importância e Significado Participantes que apresentaram

Financeiro/Necessidade P1, P4, P5, P6


Sustento P1, P3, P4
Qualidade de vida P1, P2, P5
Responsabilidade P3, P4
Reconhecimento P4, P5
Fonte: Elaboração da autora, 2020.
16

Essa categoria buscou identificar a importância e o significado do trabalho. A pergunta


realizada na entrevista foi a de número 1: “Qual o significado do trabalho para você?”.
Campos e Saraiva (2014) enfatizam que ao trabalho são atribuídos muitos sentidos. Como
pode ser observado no quadro 2, para os participantes desta pesquisa o trabalho tem sua
importância e seu significado atrelado a questões financeiras/necessidade, sustento, qualidade
de vida, além de denotar responsabilidade e reconhecimento.
De acordo com Bastos, Pinho e Costa (1995) o trabalho é necessário para a existência,
ele supre necessidades humanas como a alimentação, a moradia, a educação, o lazer, bem-
estar social e prestígio. É exatamente isso que pode ser percebido nos significados de trabalho
trazidos pelos participantes da pesquisa.
Quando se fala em questões financeiras os participantes deixam claro que a questão da
remuneração, ou seja, o valor recebido pelo seu trabalho é importante para que assim supram
suas necessidades. Atrelado a isso, outro significado atribuído foi o sustento, que tem grande
relação com financeiro e suprimento de necessidade, mas se direciona a questão de
alimentação. (BASTOS; PINHO; COSTA, 1995)
O trabalho também propicia qualidade de vida, como foi trazido por alguns
participantes, pode-se associar ao lazer e bem-estar trazido por Bastos, Pinho e Costa (1995).
As questões de significado voltadas para demonstração de responsabilidade e reconhecimento
também são mencionadas pelos autores quando mencionam as necessidades de bem-estar
social e prestígio. (BASTOS; PINHO; COSTA, 1995).

Quadro 3 - Sentimentos após o rompimento do vínculo

Sentimentos Participantes que apresentaram

Injustiça P1, P3, P4, P6


Surpresa P1, P2, P3, P4
Tristeza P1, P2, P6
Decepção P1, P3, P4
Incapacidade P1, P4, P6
Rejeição P1
Raiva P6
Pena P5
Fonte: Elaboração da autora, 2020.
17

Essa categoria buscou descrever os sentimentos experimentados pelos pesquisados


após o vínculo de trabalho. A pergunta realizada na entrevista foi a de número 2: “Como você
se sentiu no momento do rompimento?”. Observa-se que os participantes desta pesquisa
experimentaram sentimentos de injustiça, surpresa, tristeza, decepção, incapacidade, rejeição,
raiva e pena.
“Me senti bem decepcionado, não esperava por aquilo ali [...] me pegou bem de
surpresa porque tinham outros cargos para eu assumir ali e eles falavam [...] que eu não ia sair
e no fim assim no dia veio aquela surpresa.” (P3)
“É como se só vissem o meu erro e não os erros das outras funcionárias [...] eu senti
muito sentimento de injustiça junto com outros sentimentos.” (P6)
Para Campos e Saraiva (2014) através do trabalho o homem sente que tem valor, que
têm utilidade, que é produtivo, o que fortalece sua identidade. A menção destes autores
explica os sentimentos que foram atribuídos pelos participantes ao rompimento.
Segundo Giuliese (2008) os rompimentos são realizados de modo unilateral e violento.
Através da demissão podem surgir sentimentos de culpa, desorganização, revolta, derrota,
negação e depressão. O autor complementa que no momento do rompimento o sujeito fica
desiludido, surpreso e desencantado e isso ocorre pelo ato da instituição que simplesmente
exclui aquele sujeito. Em todos os relatos foi possível observar questões neste sentido. Dois
dos participantes mencionaram que esperavam por uma possível demissão, que havia a
possibilidade, mas que ela era incerta. Apesar de não serem completamente surpreendidos
pela decisão, um deles apresentou sentimento de injustiça e o outro de pena, como se
merecessem mais que uma demissão pelo que fizeram pela empresa.

Quadro 4 – Fases do luto vivenciadas


Fases do luto Participantes que vivenciaram
Negação P1, P2, P4, P6
Raiva P1, P3, P4, P5, P6
Barganha P1
Depressão P1, P2, P4, P6
Aceitação P3, P5
Fonte: Elaboração da autora, 2020.
18

Buscou-se descrever as fases do luto vividas pelos pesquisados após rompimento. As


perguntas realizadas na entrevista foram as de número 3: “No que se refere ao pós-
rompimento de vínculo, você se recorda de ter tido dificuldade em aceitar o fato de não estar
mais trabalhando? Conversava sobre o assunto?”; número 4: “No que se refere ao pós-
rompimento de vínculo, o que você se recorda de ter sentido por estar passando por aquela
situação?”; número 6: “No período após o rompimento de vínculo, teve algum problema de
saúde, seja ele físico ou emocional?”; e número 7: “Como você se sente hoje em relação a sua
saída da empresa?”.
Observa-se que, os participantes desta pesquisa passaram por pelo menos duas das
fases do luto partindo do pressuposto de que segundo Santana (2017) as fases do luto são
negação, raiva, barganha, depressão e aceitação.
Ressalta-se que se o trabalho for tirado de uma pessoa a mesma terá a sensação de um
vazio em sua existência. (CAMPOS; SARAIVA, 2014). Para Giuliese (2008) a ruptura faz
com que o sujeito perca sua sustentação, se sentindo desamparado e isso ficou explícito na
fala da maioria dos participantes.
Os participantes que vivenciaram a negação tentaram encontrar formas de não entrar
em contato com a realidade do que estava acontecendo, evitaram falar sobre o assunto.
“Fiquei umas três semanas pensando [...] remoendo [...] até entender que eu tava na rua e tudo
foi bem difícil, bem complicado”. (P2) “Até um mês foi dolorido pra mim aceitar [...] eu não
queria que tocassem no assunto.” (P4)
Os participantes que vivenciaram a raiva relataram em sua maioria sentimento de
injustiça, abandono, não conformidade inicial. Alguns participantes relataram vir à tona
lembranças e questionamentos vinculados ao emprego. “Raiva, injustiça, me senti inútil.” (P6)
A participante que vivenciou a barganha (P1) mencionou: “Hoje eu tento ver assim
como um aprendizado [...] ainda não vou dizer que eu to conformada, não to conformada, mas
hoje eu penso assim aquilo vai ficar de exemplo pra mim para o próximo eu assim focar
mesmo, é, tentar melhorar [...] então pra mim vai ficar o aprendizado [...] para o próximo [...]
e aos pouquinhos eu vou tentar tirar, levar só a parte boa de aprendizado pra eu no próximo
melhorar.”
Alguns participantes apresentaram alguns sintomas de depressão e dificuldades com
sono. Nesta fase os participantes se isolaram e se sentiram impotentes diante da situação.
“Fiquei quinze dias sem dormir [...] ia dormir 23:00 horas, acordava 01:00 hora da manhã e
não dormia mais, pesadelo um em cima do outro [...] Eu não tenho vergonha de falar, cansei
19

de pensar besteira [...] de parar pra pensar [...] será que vale a pena mesmo? Passar por isso
tudo [...] Será que compensa eu estar aqui mesmo?”. (P4)
Como podemos analisar no quadro, apenas dois dos seis participantes vivenciaram a
aceitação ficando plenamente prontos para um recomeço.
“É algo que já passou, foi bem resolvido, foi tranquilo, foi algo superado e hoje estou
bem graças a Deus, não trouxe assim mágoa comigo, não fico remoendo isso, é algo que já tá
resolvido [...] já passou.” (P5)
Chama atenção o fato de que as fases que mais participantes vivenciaram foram da
negação, raiva e depressão. Isto se dá pela forma que foi o rompimento, de modo unilateral
(GIULIESE 2008). Os dois únicos participantes que vivenciaram a aceitação foram também
os dois únicos participantes que não vivenciaram a negação. Pelo discurso que foi trazido
pelos mesmos, isto se deu pelo fato de que ambos tinham possibilidades para além da
continuidade naquele emprego. Um deles já cogitava uma possível demissão devido à
pandemia, o que o fez já pensar em outro plano para o caso de acontecer. O outro, já fazia
alguns serviços para além do seu trabalho, então, quando foi demitido continuou com seus
outros serviços.
Os dados desta amostra permitem concluir que não importa a idade, o sexo ou tempo
de atuação, todos vivenciaram o luto de alguma forma. Apesar das fases mencionadas cada
um vivenciou o luto de forma subjetiva, nem todos passaram pelo processo completo, a
duração do processo variou e a intensidade que foi sentida em cada fase também variou.
(SANTANA, 2017).

Quadro 5 – Formas de busca por superação da perda do trabalho


Formas Participantes que apresentaram
Reorganizar rotina/ Se ocupar de
outras formas (ex: realizar
pendências, ouvir música, ler, passear,
P1, P2, P3, P4, P5, P6
praticar esporte, viajar, conhecer
novos lugares, visitar parentes,
investir em si, cuidar da saúde)
Buscar novo emprego (pesquisar,
enviar currículo, fazer contato)/ P1, P2, P3, P4, P5, P6
Empreender
20

Pensamento positivo/ Esperança P1, P2, P3, P4, P5, P6


Apoio/ Incentivo P1, P2, P4
Fazer cursos P5, P6
Descansar/ Relaxar P5, P6
Fonte: Elaboração da autora, 2020.

Buscou-se, nesta categoria, identificar as formas encontradas pelos pesquisados para


superar a perda do trabalho. As perguntas realizadas na entrevista foram as de número 5: “No
que se refere ao período após o rompimento de vínculo, como você passou a organizar seu dia
a dia ou como você se organizou para a busca de uma nova colocação?”; e número 8: “Como
você superou a perda do trabalho?”.
Observa-se que as formas encontradas pelos participantes desta pesquisa foram
reorganizar rotina/se ocupar de outras formas, buscar novo emprego, pensar positivo/
esperança, ter apoio/incentivo de outras pessoas, fazer curso, descansar/relaxar.
Chama atenção neste ponto é a unanimidade nas três primeiras formas de superação.
Todos os participantes buscaram reorganizar suas rotinas, suprindo o tempo que era designado
ao trabalho. Os mesmos buscaram se ocupar de outras formas, algumas citadas foram realizar
o que antes não era possível devido à falta de tempo, ou seja, realizaram pendências pessoais.
Também citaram outras formas de ocupar o tempo como ouvir música, ler, passear, praticar
esporte, viajar, conhecer novos lugares, visitar parentes, investir em si e cuidar da saúde.
Isso enfatiza o que foi trazido por Bastos, Pinho e Costa (1995) quando mencionam
que o trabalho acaba sendo utilizado como definidor do tempo. Os participantes da pesquisa
organizavam sua rotina em torno do trabalho e precisaram reorganizá-la a partir da perda do
emprego.
A segunda forma de superação unânime foi à busca por um novo emprego. Embora
alguns tenham se ocupado em pesquisar por novas oportunidades, enviar currículos, fazer
contato com empresas e colegas de profissão, outros pensaram em empreender. O que fica
claro é que todos continuaram com seus olhares voltados para o trabalhar. De acordo com
Campos e Saraiva (2014) a importância do trabalho pode se dar pelo sentimento de
vinculação e do ter algo para fazer, isso também justifica essa busca, além das outras questões
já mencionadas.
A terceira forma de superação unânime foi o pensamento positivo e a esperança.
Apesar da demissão, todos os sentimentos vivenciados e a passagem pelo luto, todos os
participantes continuaram tendo esperança com relação ao seu futuro e o futuro profissional.
21

As outras três formas de superação demonstram que neste momento ter apoio e
incentivo de outras pessoas também é importante, pois auxilia aquela pessoa a passar pela
situação. A busca por mais conhecimento também auxilia, após a demissão, dois dos
participantes buscaram fazer cursos de modo a ampliarem suas possibilidades e se
especializar. Dois dos participantes também citaram que aproveitaram o momento para
descansar e relaxar visto que vinham de uma rotina com trabalho e isso também foi
importante naquele momento.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa foi realizada em meio a uma pandemia mundial, porém, nem
todas as demissões aqui citadas foram oriundas deste motivo. Apesar disso, a pandemia
influenciou sim para que ocorressem algumas das demissões. Neste caso, as demissões
acabaram ocorrendo mais por um motivo de corte de gastos das empresas e não por conta
exclusivamente da desenvoltura do funcionário. Independente da causa das demissões, todos
os participantes foram demitidos sem prévio aviso.
Os dados analisados permitem concluir que os objetivos foram atingidos. Para os
entrevistados o trabalho significa o suprimento de necessidades, o financeiro, o sustento,
qualidade de vida, além de denotar responsabilidade e reconhecimento. Para a amostra
pesquisada os sentimentos vivenciados com o desligamento foram injustiça, surpresa, tristeza,
decepção, incapacidade, rejeição, raiva e pena.
Observa-se que, independente do tempo que cada entrevistado trabalhava, todos
vivenciaram fases diferenciadas do luto. Os participantes não passaram pelo processo
completo, a duração do processo variou e a intensidade que foi sentida em cada fase também
variou.
A partir dos dados conclui-se que houve semelhanças nas maneiras de superação
do luto pelo rompimento do vínculo. As formas encontradas foram reorganização de rotina,
se ocupar de outras formas, buscar novo emprego, pensar positivo, esperança, ter apoio,
incentivo de outras pessoas, fazer curso, descansar e relaxar.
Sugere-se que esta pesquisa seja ampliada, sendo realizadas entrevistas também
com aposentados visto que não havendo um programa de preparação para, também se trata de
um rompimento de vínculo que pode ser traumático. A elaboração deste trabalho deixou clara
a importância de estudar, falar e pesquisar questões relacionadas ao luto em outras esferas da
vida, que não somente a morte. Perdas podem ser traumáticas e adoecedoras. Importante
22

também o registro da necessidade das empresas de prestarem mais atenção ao processo de


desligamento, seja ele de qualquer espécie, pois se trata do fechamento de um ciclo para o
trabalhador.
Entende-se que uma empresa não pode avisar com antecedência que demitirá
determinado funcionário, mas uma boa alternativa é aplicação de avaliação de desempenho
para todos os colaboradores. Assim, o funcionário saberá previamente quais os pontos que
precisa melhorar bem como a empresa terá subsídios que justifiquem a demissão caso o
funcionário não apresente o que se esperava. Assim o trabalhador terá mais facilidade para
entender os motivos da sua demissão. A demissão deve ser conduzida com respeito,
transparência, cuidado e diálogo.
Mesmo que não haja motivos para vir a ser demitido, é importante que o
trabalhador cogite sempre esta possibilidade, visto que ela existe, evitando assim uma
surpresa tão dolorosa. Cabe aqui a importância de ser ter sempre um segundo plano,
questionar-se: “Se um dia eu vier a ser demitido (a) deste meu emprego, o que farei?”.
Tivemos aqui dois exemplos de participantes que seguiram esta metodologia e apesar de
também vivenciarem o luto, consequentemente tiveram mais facilidade para o alcance da
aceitação, partindo para a plenitude de um recomeço.

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