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INTRODUÇÃO
Todos os dias estamos em contato com eventos e fatos pertinentes à perda, seja de
ordem natural ou trágica, essas perdas relacionadas às emoções que envolvem
sentimentos vivenciados ao material interligado a um objeto, as perdas estão em
nosso cotidiano os quais implicam dor e sofrimentos ambos difíceis de lidar.
(SANTANA, 2017, p. 12)
I
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso na graduação em Psicologia, como requisito parcial
para obtenção do título de Psicólogo (a) pela Universidade do Sul de Santa Catarina, 2020.
II
Acadêmico do curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. E-mail:
sabrinaguimaraes98@gmail.com
III
Msc. em Administração. Professora Titular na Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL.
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De acordo com Giuliese (2008) a segurança que é obtida com o suprimento de nossas
necessidades básicas está ligada a segurança emocional do sujeito. Sabe-se que o mundo é
movido pelo trabalho e este ocupa grande parte do dia e da vida das pessoas, isso faz com que
ele ganhe uma importância significativa em suas vidas.
Campos e Saraiva (2014) enfatizam que o trabalho é central na vida de boa parte das
pessoas, pois apresenta relação com a sobrevivência, entretanto não se limita a isto, ao
trabalho são atribuídos muitos sentidos. A questão é que as pessoas criam um forte vínculo
com o trabalho, muitas vezes ele se torna parte de suas vidas e até mesmo parte de suas
identidades como seres humanos.
A relevância que a esfera de vida pessoal ocupada pelo trabalho adquire para a
maioria das pessoas das sociedades modernas é evidente quando se observa que ele
é utilizado como definidor da estrutura de tempo (dias, meses, anos), divisor entre
atividades pessoais (autodeterminadas) e impessoais (heterodeterminadas),
legitimador social de diferentes fases da vida (estudo, trabalho e aposentadoria) [...]
Além disso, o trabalho se coloca como uma necessidade existencial, cujos
rendimentos servem para a satisfação de necessidades humanas (alimentação,
moradia, educação, lazer, bem-estar social, arte e prestígio), tornando-se, portanto,
um elemento crítico contribuidor para o autoconceito e identidade pessoais. Assim,
o trabalho possui um forte caráter estruturante nos níveis pessoal e social.
(BASTOS; PINHO; COSTA, 1995, p. 21).
Neste sentido, a perda de um trabalho, seja ela por motivos de demissão, escolha
própria, de aposentadoria, doença, entre outros, acaba gerando mudanças em diversos
contextos da vida do indivíduo além da própria rotina. De acordo com Campos e Saraiva
(2014) o trabalho interfere na saúde mental, atua como agente de regulação e pertença a
grupos sociais, além de possuir função de “fio condutor” da família. Sendo assim, mudanças
relacionadas ao trabalho acabam atingindo âmbitos das relações sociais, familiares, papéis do
indivíduo e sua identidade.
Certamente o rompimento de vínculo de trabalho trata-se de um momento de ajuste a
uma nova vida sem o antigo trabalho. Este rompimento, esta soma de novas informações,
pode acabar desencadeando um sofrimento significativo, o luto pela perda. De acordo com
Nascimento et al. (2006) o luto é caracterizado como sendo uma resposta advinda da perda do
objeto valorizado, neste caso o emprego. Cavalcanti, Samczuk e Bonfim (2013) também
enfatizam este significado ao dizerem que o luto pode ser entendido como a perda de um elo
de grande significado entre uma pessoa e um objeto. Ao vivenciar esta perda significativa o
sujeito precisa passar pelo processo de elaboração deste luto para que consiga seguir sua vida
adiante.
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De acordo com Zanelli, Bastos e Rodrigues (2014) a vida de todas as pessoas é afetada
pelo trabalho, todo cotidiano está ligado às organizações de trabalho. Vínculos de amizade,
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serviços disponibilizados a sociedade, produtos e serviços essenciais para a vida são alguns
exemplos.
Ao longo da história o trabalho possuiu diferentes significados e sofreu inúmeras
transformações. Apesar disto, ele se manteve organizando e direcionando a vida tanto em
perspectivas individuais quanto sociais. É através do trabalho que a sociedade se organiza e o
indivíduo da sentido a vida. (CAMPOS; SARAIVA, 2014).
Para Kurogi (2008) o trabalho seria uma oportunidade para o indivíduo, pois a partir
dele poderia estar desenvolvendo habilidades, buscando concretizar seus objetivos, além de
satisfazer suas necessidades pessoais e profissionais. De acordo com Bernal (2010) o trabalho
cumpre várias funções significativas, além da econômica, proporciona status e prestígio
social, é fonte de identidade pessoal, interação e contatos sociais, estrutura o tempo, entre
outras. O autor complementa trazendo que:
Bastos, Pinho e Costa (1995) mencionam sobre dois eixos principais de significados
para o trabalho. O primeiro deles seria uma avaliação negativa que diz respeito à ideia de
sacrifício, esforço incomum, carga, fardo, esgotamento, punição, obrigação. Já o segundo
eixo, que seria uma valorização positiva, diz respeito à ideia de empenho, esforço, fazer com
cuidado, instrumento da salvação, harmonização com a natureza.
Algo importante de ser salientado é que por mais que a palavra trabalho tenha seu
significado às vezes relacionado a sentidos negativos como à tortura e sofrimento, se tira o
trabalho de uma pessoa ela terá uma sensação de vazio existencial. (CAMPOS; SARAIVA,
2014).
De acordo com Bastos, Pinho e Costa (1995) além de servir para satisfação de
necessidades, a relevância que o trabalho ocupa na vida das pessoas fica mais evidente
quando se dá conta que o mesmo é definidor da estrutura de tempo, divisor entre atividades
pessoais e impessoais e legitimador de diferentes fases da vida. Torna-se assim contribuinte
da formação de identidades, além de possuir caráter estruturante.
Para Campos e Saraiva (2014) a importância do trabalho na vida das pessoas pode se
dar por questões voltadas aos relacionamentos, ao desenvolvimento de sentimento de
vinculação, o ter algo a fazer além do objetivo de vida. Sendo assim é importante
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compreender como o homem concebe seu trabalho, não bastando que o mesmo o traga
repercussões na vida particular, mas além disto ele deve representar certo valor no que diz
respeito a esfera social. O prazer e o sentimento de realização associados ao trabalho explicam
o sentido e o comprometimento do trabalhador.
De acordo com Bastos, Pinho e Costa (1995) para entendermos melhor o significado
do trabalho podemos analisar seus três grandes domínios, que segundo o autor se tratam da
centralidade, das normas societais, e os resultados e objetivos valorizados. A centralidade do
trabalho seria a importância que o trabalho ocupa na vida da pessoa. Resultados ou produtos
valorizados do trabalho seriam as finalidades das atividades. Já as normas societais relativas
ao trabalho consistem na relação do indivíduo com as normas que são aceitas socialmente.
Bernal (2010) menciona que o trabalho é parte fundamental de nossa subjetividade.
Para Bastos, Pinho e Costa (1995) isto se dá pelo fato de o trabalho possuir impacto sobre
comportamento, percepções, avaliações e atribuições. Viana e Machado (2011) completam ao
mencionarem que o trabalho engaja totalmente a subjetividade daquele que trabalha.
De acordo com Campos e Saraiva (2014) além de relacionar-se com o trabalho de
forma intencional, o homem acaba se identificando com a sua obra, pois neste processo o
mesmo também se transforma enquanto indivíduo. Deste modo, o homem sente que tem
valor, que é produtivo, que é útil, e isto acaba fortalecendo sua identidade. O emprego auxilia
a pessoa na compreensão de si mesmo.
Sendo assim, essa relação histórica entre o homem e o trabalho que permanece até
hoje deixa clara a importância que o trabalho ocupa na vida das pessoas, de tantas formas
possíveis, direta e indiretamente. O trabalho é forte influenciador da subjetividade dos
indivíduos, permite suprimento de necessidades pelo fator econômico, interfere nas
avaliações, percepções, comportamento, além do valor social que apresenta. Isto se explicita
na sensação de vazio existencial que uma pessoa pode ter ao romper esta relação tão
importante.
Todo cotidiano e vida de uma pessoa possuem ligação com o trabalho. Neste sentido é
evidente que este direciona a vida das pessoas em âmbitos individuais e sociais. O trabalho é
aquele que oferece sentido à vida. Campos e Saraiva (2014) mencionam que o ato de trabalhar
se vincula a ideia de ser produtivo, por isso o trabalho exerce grande influência na motivação
dos indivíduos.
Para se ter noção desta amplitude de importância que o trabalho ocupa, Bernal (2010)
apresenta que como o trabalho está sendo tão crucial na vida das pessoas, muitos acreditam
atualmente que ele se trata de algo natural do homem. O autor complementa que o trabalho é
o resultado do capitalismo industrial. Atualmente é como se sem ele, não fôssemos nada nem
ninguém. Neste sentido, é importante mencionar que o capitalismo contribui para esta
cobrança social de se ter um emprego.
O autor menciona que “o século XX já não é mais o século do trabalho, é o século do
emprego”. (Méda, 1998, p.110-111 apud Bernal, 2010, p. 26). O medo do desemprego e de
perder o emprego são ameaça ao bem-estar psicológico e psicossocial dos trabalhadores.
Zanelli (2010) enfatiza que os profissionais estão em constante ameaça de desemprego e isso
acaba os colocando claramente ao risco de adoecimento. Viana e Machado (2011, p. 48)
destacam que o trabalho é importante como sendo um fator de “equilíbrio psíquico na vida
das pessoas”.
“O trabalho significa um fator de equilíbrio e de desenvolvimento para o indivíduo,
que lhe assegura a inserção no real, em termos dos diferentes grupos existentes na sociedade”.
A participação que o indivíduo sente ao fazer parte de um processo de trabalho lhe
proporciona uma amplitude de consciência sobre si e sobre a sociedade. Neste sentido ele
apropria-se de sua cidadania, lhe proporcionando “condições de desenvolvimento e equilíbrio
psicológico”. O trabalho possui importância no que diz respeito ao equilíbrio psicológico do
sujeito. “As relações que o indivíduo estabelece com a sociedade estão demarcadas pelas
possibilidades e perspectivas originadas da posição ocupada no contexto social e na forma
pela qual ele consegue exercer sua ação no respectivo contexto”. (KANAANE, 2017 p. 13-
28)
Inúmeras vezes remetemos a ideia de luto como algo relacionado à morte, mas não é
certo o remetermos apenas a este contexto. De modo geral, independente do motivo, de
acordo com Nascimento et al., (2006) o luto se trata de uma resposta à separação, é uma
resposta a perda significativa de um objeto valorizado. Esta perda não se remete apenas ao
objeto real, mas também a representações simbólicas. (CAVALCANTI; SAMCZUK;
BONFIM, 2013).
A ideia de luto não se limita apenas à morte, mas ao enfrentamento das sucessivas
perdas reais e simbólicas durante o desenvolvimento humano, como derrotas e
fracassos do cotidiano, as frustrações profissionais, os fracassos sentimentais, os
desejos de posse, adoecimentos graves tanto físicos quanto psíquicos. (SANTANA,
2017, p. 16)
De acordo com Lima e Rodrigues (2018) a perda de um objeto amado traz consigo a
desestruturação do sujeito. Sendo assim este processo de luto se trata de uma reconstrução e
uma reorganização perante uma perda. Segundo Giuliese (2008) em todo processo de luto
ocorre um renascimento e este processo cíclico é o que vai constituindo o sujeito. Santana
(2017) nos traz que ninguém nasce preparado para perder, culturalmente somos ensinados a
valorizar ganhos e não estamos habituados às perdas, mas elas se fazem necessárias para o
crescimento e também para lembrar-nos que nada é para sempre. O luto “é um desafio
emocional, psíquico e cognitivo com o qual todos terão que lidar.” (SANTANA, 2017, p. 16).
O luto é um fenômeno mental natural que faz parte do desenvolvimento do homem
sendo um processo que surge para a elaboração de uma perda. Para Cavalcanti, Samczuk e
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Bonfim (2013) são exemplos destes elos significativos os aspectos pessoais, profissionais,
sociais e familiares. Nascimento et al., (2006) complementam esta ideia ao mencionarem que
a perda pode ser a de uma pessoa amada, de um emprego, de um bem, dinheiro, entre outros.
De acordo com Lima e Rodrigues (2018) existem diferentes tipos de luto, os autores
citam o luto normal e o luto patológico. O luto normal não promove trauma nem
consequências que afetam a pessoa de forma física ou psicológica. Já o luto patológico é
aquele com complicações, onde o indivíduo o revive constantemente.
Para os autores a aceitação da perda ocorre através do verdadeiro conhecimento sobre
a realidade e interiorização da perda. A partir do momento que a pessoa interioriza o luto e o
vive, ela se direciona à superação da perda. O luto é superado através do conhecimento e da
aceitação pela perda do objeto. Cabe enfatizar que o luto não se trata de uma doença, ele é um
processo e pode ser superado com o passar do tempo. (CAVALCANTI; SAMCZUK;
BONFIM, 2013).
O luto é uma resposta esperada quando ocorre uma perda. De acordo com Nascimento
et al., (2006, p. 435) quando se trata de um curso sem complicações se seguem algumas fases,
“sentimentos de descrença, negação, desamparo e, posteriormente, um maior grau de
consciência da perda, acompanhado de sentimentos menos devastadores, chegando até ao
momento da reorganização da vida, quando se compreende que o trabalho do luto está
concluído.”
Para Lima e Rodrigues (2018) o luto percorre por diferentes fases que se mesclam e se
substituem, são elas: entorpecimento, anseio e busca da figura perdida, desespero e
reorganização. Apesar de apresentar as fases de dor, entorpecimento, raiva, busca do objeto
perdido, saudades e desespero, cada pessoa vivencia o luto de maneira subjetiva.
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Para chegar à compreensão das fases do luto, Santana (2017) aborda sobre a trajetória
de Elizabeth Kubler-Ross que classificou e definiu cada fase: a negação, a raiva, a barganha, a
depressão e a aceitação.
A negação:
O Indivíduo recusa em aceitar a realidade que está acontecendo. Isto seria uma
defesa psíquica que faz com que o indivíduo acaba negando o problema, tenta
encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade seja da morte de um
ente querido ou da perda de emprego, de relacionamentos, emigração, amputação de
um membro do corpo, perda de objeto, um adoecimento. É comum a pessoa também
não querer falar sobre o assunto. (SANTANA, 2017, p. 24)
A raiva:
[...] a raiva nessa fase leva o indivíduo a se revoltar com o mundo, se sente
injustiçado e não se conforma por estar passando por isso. Vem toda uma questão do
complexo do abandono. Toda vez em que o indivíduo se depara com o sentimento
de perda ele se depara com sentimento de abandono. É nesse momento da raiva que
vem à tona todas as lembranças e questionamentos, muitas das vezes o indivíduo
abandona a si mesmo entrando em outros processos de adoecimento para superar a
dor do enlutamento. Para além da raiva também desencadeia uma irritabilidade com
tudo que lembra o que remete a perda e o comportamento do outro diante da sua
vulnerabilidade. (SANTANA, 2017, p. 25)
Num luto bem feito, quando o objeto está perdido, o enlutado, de início, se sente
desolado, roubado, odeia o objeto perdido [...] e se sente de alguma forma,
responsável. Mas, pelo processo de luto, ele recorda a boa relação que já teve,
valoriza essa relação e também essa memória dentro dele. Despede-se do objeto
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externo e constrói uma memória dos antigos aspectos criativos da relação, que o
ajuda a reconstruir novas relações, com pessoas ou com o trabalho. (GIULIESE,
2008, p. 54)
Sendo assim, fica claro que o luto é uma resposta que advém de uma separação,
da perda de algo que significava muito, algo que era muito valorizado, independente de se
tratar de algo físico ou simbólico, como no caso em questão, o rompimento da relação de
trabalho. A passagem pelo luto permite que o indivíduo se reorganize frente a sua perda, pois
assim ela é elaborada. Quando a pessoa vivencia este luto, conhecendo e aceitando, ela
consegue superar a perda.
MÉTODO
A presente pesquisa caracterizou-se como sendo uma pesquisa de campo, com nível de
profundidade descritiva e de abordagem qualitativa.
Trata-se de uma pesquisa de campo, porque teve como objetivo “conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se procura uma resposta,
ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as
relações entre eles”. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 186).
Classifica-se como sendo uma pesquisa descritiva, que segundo Motta et al. (2013 p.
107) “é aquela que analisa, observa, registra e correlaciona aspectos (variáveis) que envolver
fatos ou fenômenos, sem manipulá-los.” Gil (2002 p. 42) menciona que “as pesquisas
descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada
população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis.” E
complementa trazendo que há pesquisas neste formato que servem para proporcionar uma
nova visão a respeito do problema.
Partindo para a abordagem da pesquisa a mesma se caracteriza como sendo um estudo
de caráter qualitativo que de acordo com Motta et al. (2013 p. 112) teve como objetivo
“conhecer as percepções dos sujeitos pesquisados acerca da situação-problema, objeto de
investigação.” E complementa ao dizer que a pesquisa qualitativa procura “fazer sentido de
discursos e narrativas que estariam silenciosas, tendo como foco entender e interpretar dados
e discursos.”
PARTICIPANTES
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Foram participantes desta pesquisa seis pessoas que romperam relação de trabalho nos
últimos vinte e quatro meses. Assim, a amostra foi não probabilística por conveniência.
[...] na amostragem não probabilística, não temos garantia de que cada elemento
tenha chance de ser incluído, ou maneiras de estimar a probabilidade de que cada
elemento seja incluído na amostra [...]. A amostragem de conveniência envolve
selecionar os respondentes principalmente com base em sua disponibilidade e
disposição para responder. (SHAUGHNESSY; ZECHMEISTER; ZECHMEISTER,
2012, p. 156).
INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
quadros com a síntese dos mesmos, seguido de sua análise. Os participantes serão
representados por iniciais fictícias.
de pensar besteira [...] de parar pra pensar [...] será que vale a pena mesmo? Passar por isso
tudo [...] Será que compensa eu estar aqui mesmo?”. (P4)
Como podemos analisar no quadro, apenas dois dos seis participantes vivenciaram a
aceitação ficando plenamente prontos para um recomeço.
“É algo que já passou, foi bem resolvido, foi tranquilo, foi algo superado e hoje estou
bem graças a Deus, não trouxe assim mágoa comigo, não fico remoendo isso, é algo que já tá
resolvido [...] já passou.” (P5)
Chama atenção o fato de que as fases que mais participantes vivenciaram foram da
negação, raiva e depressão. Isto se dá pela forma que foi o rompimento, de modo unilateral
(GIULIESE 2008). Os dois únicos participantes que vivenciaram a aceitação foram também
os dois únicos participantes que não vivenciaram a negação. Pelo discurso que foi trazido
pelos mesmos, isto se deu pelo fato de que ambos tinham possibilidades para além da
continuidade naquele emprego. Um deles já cogitava uma possível demissão devido à
pandemia, o que o fez já pensar em outro plano para o caso de acontecer. O outro, já fazia
alguns serviços para além do seu trabalho, então, quando foi demitido continuou com seus
outros serviços.
Os dados desta amostra permitem concluir que não importa a idade, o sexo ou tempo
de atuação, todos vivenciaram o luto de alguma forma. Apesar das fases mencionadas cada
um vivenciou o luto de forma subjetiva, nem todos passaram pelo processo completo, a
duração do processo variou e a intensidade que foi sentida em cada fase também variou.
(SANTANA, 2017).
As outras três formas de superação demonstram que neste momento ter apoio e
incentivo de outras pessoas também é importante, pois auxilia aquela pessoa a passar pela
situação. A busca por mais conhecimento também auxilia, após a demissão, dois dos
participantes buscaram fazer cursos de modo a ampliarem suas possibilidades e se
especializar. Dois dos participantes também citaram que aproveitaram o momento para
descansar e relaxar visto que vinham de uma rotina com trabalho e isso também foi
importante naquele momento.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa foi realizada em meio a uma pandemia mundial, porém, nem
todas as demissões aqui citadas foram oriundas deste motivo. Apesar disso, a pandemia
influenciou sim para que ocorressem algumas das demissões. Neste caso, as demissões
acabaram ocorrendo mais por um motivo de corte de gastos das empresas e não por conta
exclusivamente da desenvoltura do funcionário. Independente da causa das demissões, todos
os participantes foram demitidos sem prévio aviso.
Os dados analisados permitem concluir que os objetivos foram atingidos. Para os
entrevistados o trabalho significa o suprimento de necessidades, o financeiro, o sustento,
qualidade de vida, além de denotar responsabilidade e reconhecimento. Para a amostra
pesquisada os sentimentos vivenciados com o desligamento foram injustiça, surpresa, tristeza,
decepção, incapacidade, rejeição, raiva e pena.
Observa-se que, independente do tempo que cada entrevistado trabalhava, todos
vivenciaram fases diferenciadas do luto. Os participantes não passaram pelo processo
completo, a duração do processo variou e a intensidade que foi sentida em cada fase também
variou.
A partir dos dados conclui-se que houve semelhanças nas maneiras de superação
do luto pelo rompimento do vínculo. As formas encontradas foram reorganização de rotina,
se ocupar de outras formas, buscar novo emprego, pensar positivo, esperança, ter apoio,
incentivo de outras pessoas, fazer curso, descansar e relaxar.
Sugere-se que esta pesquisa seja ampliada, sendo realizadas entrevistas também
com aposentados visto que não havendo um programa de preparação para, também se trata de
um rompimento de vínculo que pode ser traumático. A elaboração deste trabalho deixou clara
a importância de estudar, falar e pesquisar questões relacionadas ao luto em outras esferas da
vida, que não somente a morte. Perdas podem ser traumáticas e adoecedoras. Importante
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REFERÊNCIAS
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LUTO POR PERDA E SEQUELAS PSÍQUICAS PARA O TRABALHADOR COM
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Cap.