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ANTEPROJECTO
AUTOR
Antónia Dijanira do Amaral Belchior
HUAMBO – CAÁLA
2022
1. INTRODUÇÃO
A presente pesquisa tem por objetivo responder questões a respeito da influência do luto no processo
de ensino e aprendizagem, uma vez que o processo do luto é um desafio, visto que pode provocar
impactos tanto psicológicos quanto cognitivos e a reorganização das estruturas psicológicas podem não
ser satisfatórias, O processo do luto provoca uma série de roturas, tratando-se do fato de que, caso
momento ocorra na infância em que a criança está em desenvolvimento, podem haver interferências em
seu processamento de aprendizagem.
Diante disso, a criança se encontra em um estado de vulnerabilidade e desorientação cognitiva,
ocasionando um grau de dificuldades de aprendizagem. Diante dessas evidências, a presente pesquisa
aborda a influência do luto no processo de ensino e aprendizagem, com o intuito de apontar métodos
para avaliar uma criança nesse processo. Levantado através de pesquisas teóricas e limitando-se às
influências do luto em uma criança que está em fase de desenvolvimento.
A análise do tema surgiu com base em pesquisas acerca do assunto como fonte artigos, literatura e dados da
Organização Mundial de Saúde (OMS), tendo, como linha de orientação, a neuropsicológica. A OMS define saúde
como um estado de completo bem-estar físico, mental e social. Salientando-se que a saúde é um direito para todos,
independentemente do seu sexo, raça, ocupações ou características pessoais ou sociais, percebe-se, inicialmente,
que o luto influencia na saúde mental e bem-estar do indivíduo (OMS, 2017). Nesta perspetiva pretende-se a
elaborar de algumas estratégias psico-educativas para apoiar alguns alunos da 6ª classe que passaram por este
processo e que necessitam de apoio na vertente psico-educativa para possível intervenção.
1.1. JUSTIFICATIVA
O presente tema foi escolhido partindo da premissa de que o luto é um processo de
desorganização psíquica, que provoca uma série de ruturas, incluindo até interferências no processo
de aprendizagem da criança. Diante disso, senti-me na necessidade de abordar o tema com objetivo
de analisar o principal impacto do luto no desenvolvimento cognitivo e escolar dos alunos em estudo.
2. OBJECTIVOS
• Geral
Criação de estratégias Psico-educativas para minimizar as implicações do luto nos alunos da 6ª
classe da escola nº102 S. João.
• Específicos
Caracterizar o luto como causa da desistência de alguns alunos da 6ª classe
Identificar as consequências por parte dos alunos que já vivenciaram o processo de luto
Descrever as possíveis atribuições do psicólogo na vertente psico-educativa, para auxiliar os
alunos no processo do luto.
3. CAMPO DE ACÃO
Alunos da 6ªClasse da Escola nº102 do São João – Huambo
4. HIPÓTESES
5. METODOLOGIA
Para o presente trabalho será necessário fazer um estudo de caso por meio de entrevistas e questionário, com
os alunos da 6ªClasse da escola nº102 São João-Huambo
6. MARCO TÉORICO-CONCEITUAL
De acordo com Maria Aparecida Mautone, a palavra “luto” se refere ao estado
emocional de estar bereft, palavra que significa “ser rasgado” (Soares & Mautone,
2013, p. 25). É comum que os enlutados se sintam como o que “rasgados”,
“despedaçados”, como se aquela dor nunca mais fosse passar.
Toda morte exige um período de luto para que aqueles que ficam reorganizem suas
vidas. É um período doloroso, mas que passa com o tempo, no entanto para Franco
(2010) certas mortes causam um processo de luto mais difícil de elaborar.
Neste contexto, a morte oriunda de um suicídio deixa marcas profundas na família, e é uma das que
apresenta maior número de pessoas necessitando de acompanhamento profissional para superação,
tendo em vista que, os que ficam muitas vezes experimentam sentimentos de culpa, rejeição,
impotência e algumas vezes, sentem raiva de si próprias por sentirem raiva daquele que partiu. Outro
exemplo de perda que merece destaque é o aborto, mesmo que tenha sido espontâneo e, segundo
Silva (2007), se foi intencional, pode haver uma dificuldade ainda maior na elaboração do luto, pois
está enquadrado entre as perdas socialmente negadas ou inaceitáveis, por tratar-se de um ser
indefeso, principalmente em um país em que tal ato é considerado crime com pena prevista no código
penal.
A vida perdida em um assassinato também pode imputar aos que ficaram uma difícil
tarefa de elaboração do luto, tendo em vista que essa morte poderia ter sido evitada e,
a vida foi interrompida abruptamente, sem justificativa plausível. Outra forma de
“morte” se dá na forma de desaparecimento, pois assim como nos desastres aéreos, o
corpo não aparece e não é possível a comprovação da morte.
“[...] Crianças que vivenciaram perdas podem apresentar problemas sociais, baixa autoestima e
ansiedade, o que ressalta a necessidade de que os professores saibam desses fatos, para
compreender e acolher seus alunos”.
O professor deve estar atento a essas mudanças comportamentais, além das mudanças citadas pela autora
outras também podem se seguir durante o processo de luto como, por exemplo: distanciamento dos colegas,
distúrbios alimentares, comportamento agressivo, déficit de atenção entre outros.
Nesta perspetiva, o professor deve procurar compreender o aluno e, permitir que expresse suas emoções,
pois, a partir de sua fala e suas brincadeiras e de outras situações que permeiam o ambiente escolar, poderá
deixar a tensão de lado e, com as experiências adquiridas vai obtendo, mesmo que lentamente, um
conhecimento de mundo e, por conseguinte, acerca do término do ciclo da vida. É recomendável, trabalhar
com a criança usando recursos como brincadeiras, jogos e o lúdico, pois conforme Raimbault (1979) e
Winnicott (1983, apud SILVA 2007, p. 31)
“[...] no lúdico a criança se sente mais confiante e a vontade para expressar seus medos, angústias,
sofrimento e fantasias a respeito das perdas e da morte”, tendo então o lúdico como ferramenta o professor
pode explorar maneiras de mostrar à criança a transitoriedade da vida. Outra forma de trabalhar esse
assunto em sala de aula sem constranger a criança é propondo brincadeiras que promovam sua
socialização, visto que, pelo fato de estar em processo de enlutamento, pode distanciar-se dos colegas e, por
meio da brincadeira, como destaca Kishimoto (1997), a criança explora seus pensamentos, e socializa-se por
meio de interações com os pares.
A psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, em sua obra “Sobre a morte e o
morrer”, formulou as cinco fases do luto fases essas que representam reações
psíquicas do individuo enlutado para lidar com a perspetiva da perda/morte e
são processos naturais do ser humano. Que são:
NEGAÇÃO
A primeira fase do luto se manifesta como uma defesa psíquica, no qual a
pessoa se nega a acreditar no que aconteceu e tenta não entrar em contato
com a realidade, preferindo não falar sobre o assunto. É uma fase de dor
intensa e dificuldade para lidar com a perspetiva da falta e ausência.
RAIVA
Na segunda fase do luto aparecem os sentimentos de revolta com o
mundo e com todos. O indivíduo se sente injustiçado e não se conforma
com o que está passando. Quando o sujeito para de negar o que ocorreu
e se conecta com a realidade, vendo que não é possível reverter a
situação, ele sente muita raiva.
NEGOCIAÇÃO OU BARGANHA
Na terceira fase, a pessoa começa uma etapa de negociação. É uma tentativa
de aliviar a dor e buscar soluções possíveis para sair daquela realidade. É comum que
pessoas façam promessas para Deus, busque o exemplo para tentar negociar uma
volta, tenta trapacear a realidade, tenta compensar a falta com outra coisa.
DEPRESSÃO
Nesta quarta fase do luto, a pessoa se volta para o mundo interno. Ela se isola do
mundo externo por se considerar impotente e triste. É considerada a fase mais
duradoura de todas, no qual a pessoa se vê imersa numa tristeza profunda diante do
sentimento de perda. É comum que se tenha os sentimentos da depressão como:
tristeza profunda, choro, apatia, falta de vontade de realizar atividades, falta de
perspectiva, desânimo e etc. É comum que demore um tempo à passar, porém se
permanecer por tempo demais pode se tornar um luto patológico.
ACEITAÇÃO
A última fase do luto é caracterizada pelo momento em que o individuo consegue
enxergar a realidade da forma que é (dura e penosa) e ainda assim aceita-la.
O indivíduo não se sente mais desesperado diante da perda e da morte (mesmo que a
tristeza dure por muito tempo ou até a vida inteira – principalmente em casos de
falecimentos), e consegue prosseguir na vida de maneira saudável depois de aceitar a
sua dor.
7. TÉCNICAS PSICO-EDUCATIVAS NO ÂMBITO ESCOLAR PARA INTERVIR NO PROCESSO DE
LUTO
PSICO-EDUCAÇÃO
Momento em que o terapeuta explica ao paciente o modelo da terapia e também o funcionamento disfuncional
do paciente, para promover a compreensão deste perante a perda sofrida (Garner, 1997).
É um instrumento bastante utilizado para verificar quais pensamentos passaram pela mente do paciente diante
de uma determinada situação, e, a partir desses pensamentos, pode-se utilizar outra técnica, a flecha
descendente para encontrar as crenças centrais que geraram tais emoções e comportamentos ao paciente (Beck,
1997).
ROLE-PLAY
É a simulação de um evento em que paciente e terapeuta identificam qual pensamento ocorreu naquele certo
momento, para promover formas de manejo e enfrentamento mais funcionais. O paciente dramatiza o que diria
para alguém que estivesse na mesma situação e o mesmo problema que ele, tentando mostrar a
disfuncionabilidade da crença da pessoa (Beck, 1997).
DESCOBERTA GUIADA
Esta técnica, como o próprio nome diz, busca descobrir significados mais profundos com base na informação
dada pelo paciente. O que ele atribui, pensa e entende perante uma situação. Perguntas como: “O que significa
isso para você?”, “Se isso fosse verdade, o que quer dizer de você?” são utilizadas para evocar as crenças
centrais (Beck, 1997).
DESSENSIBILIZAÇÃO SISTEMÁTICA
Paciente e terapeuta hierarquizam quais situações são mais ansiogênicas ao
paciente, e, gradativamente, do menor ao maior evento ansiogênico, há a confrontação
deste com a finalidade de dessensibilização (D’Zurilla & Goldfried, 1971).
ABRIL
NOVE
MAIO
JUNH
JULH
JULH
OUT
DEZ
FEV
JAN
N/º ATIVIDADES
O
1 Criação das ideiais iniciais
2 Escolha do tema
3 Formulação do Problema
4 Formulação das perguntas de Pesquisa e recolha de dados
5 Definição dos Objectivos
6 Justificação do Problema
7 Fundamentação teorica
8 Revisão Bibliografíca, formatação ABNT
9 Analise e discução dos Resultados
10 Revisão linguística/Entrega do Projecto
11 Apresentação do Anteprojecto
12 Entrega PF
13 Defesa do PF
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Combinato, D. S., & Queiroz, M. de S. (2006). Morte: Uma Visão Psicossocial. Estudos de Psicologia, 11(2),209-
216.
Crepaldi, M. A., & Lisboa, M. L. (2003). Ritual de despedida em familiares de pacientes com prognóstico reservado.
Paidéia, 13,97-109
Dattilio, F. M., & Freeman, A. (2004). Estratégias cognitivo comportamentais de intervenção em situações de crise
(M. A. V. Veronese, Trad.). Porto Alegre: Artmed.
______(Coord.) Morte e desenvolvimento humano. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992. p. 1-13
______. A morte no contexto escolar: desafio na formação de educadores. In: FRANCO, M. H. P. (Org.) Formação
e rompimento de vínculos: o dilema das perdas na atualidade. São Paulo: Summus, 2010. p. 145 – 168.
KÜBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer: o que os doentes têm para ensinar a médicos, enfermeiras,
religiosos e aos seus próprios parentes. Traduzido por Paulo Menezes. 7. Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
LIMA, R, V. Morte na família: um estudo exploratório acerca da comunicação à criança. 2007. 191 f. Dissertação
(Mestrado em Psicologia) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. Disponível em: http://
www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/.../LimaDissertacao.pdf. Acesso em: 03 set. 2010
Sengik, A. S., & Ramos, F. B. (2013). Concepção de morte na infância. Psicol. Soc., Belo Horizonte, v. 25, n. 2, p.
379-387.
Soares, E. G. B., & Mautoni, M. A. A. G. (1996). Conversando sobre o luto. São Paulo: Ágora.
MUITO OBRIGADA
TWAPANDULA CALUA