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Prof. Dr.

Relivaldo Pinho

Rousseau 1712-1778

ESTADO DE NATUREZA; GOVERNO CIVIL.


O estado de natureza:
➢ Ao contrário de Hobbes, Rousseau não concebe
uma realidade de guerra de todos contra todos.

“Do contrato ➢ Para ele, o Estado de natureza era uma realidade


social” (1762). de harmonia entre o homem e a natureza, sem
guerras.
O trabalho mais
famoso de Rousseau “Enquanto os homens se contentaram com suas cabanas
é precedido pelos rústicas, enquanto se limitaram a costurar com espinhos
chamados dois ou com cerdas suas roupas de peles, a enfeitar-se com
“Discursos”. plumas e conchas, a pintar o corpo com várias cores, a
aperfeiçoar ou a embelezar seus arcos e flechas, a cortar
Serão neles que ele com pedras agudas algumas canoas de pescador ou
desenvolverá de alguns instrumentos grosseiros de música – em uma
modo mais detido a palavra: enquanto só se dedicaram à obras que um
sua concepção de único homem podia criar, e a artes que não solicitavam o
Estado de natureza. concurso de várias mãos, viveram tão livres, sadios, bons
e felizes quanto o puderam ser por sua natureza, e
continuaram a gozar entre si das doçuras de um
comércio independente” (“Segundo discurso”).
Rousseau - Natureza Humana e Contrato Social
https://www.youtube.com/watch?v=eOp3UdKmXc0
O que obriga o homem a sair do Estado de natureza?

➢ Do estado primitivo, os homens entrariam no estado selvagem no


qual já realizam a utilização de ferramentas, para, então,
entrarem no estágio de barbárie.
➢ Esses estágios acontecem por fatores naturais, humanos. Por
exemplo: por causas naturais, a natureza não mais oferece tudo
ao homem, o homem tem de fabricar novas ferramentas e
dominar a natureza; do ponto de vista humano, a dominação de
realizações como o ferro e agricultura e a dependência desigual
entre os homens.
Diante da impossibilidade de autoconservação, é preciso:

“Uma forma de associação que defenda e proteja a


pessoa e os bens de cada associado com toda a força
comum, e pela qual cada um um, unindo-se a si mesmo,
permanecendo assim tão livre quanto antes”. (C.S)

“Assim estaria formado o contrato social que faz surgir a


sociedade e o Estado, que seria um corpo moral e
coletivo. Para ROUSSEAU, esse pacto que faz surgir o
sistema social não acaba com a liberdade natural dos
indivíduos, pelo contrário, anula o que poderia ser
desigual entre os homens na natureza e os torna iguais
por convenção e direito”. (Carvalho. M. A influência de Hobbes, Locke e Ruosseau
na formação do parlamento moderno)
Atenção:

➢ É o estado de desigualdade gerado por esse


novo estágio, que obriga o homem a sair do
Estado de natureza. “(...) foram o ferro e o trigo
que civilizaram os homens e perderam o
gênero humano.” (Seg. Disc)

Dica de filme para ver depois. Observar, por


exemplo, como sociedades tradicionais e
sociedades complexas são representadas.
Temos aqui um outro tipo de
Uma nova alienação do indivíduo para a
alienação para o formação do contrato social.
contrato social
➢ Rousseau vai criticar a alienação
# de Hobbes e proposta por Hobbes e a
Locke (representação) de Locke.

➢ Na sua teoria, a alienação para o


formação do contrato social se
dá à comunidade, ou seja, “cada
um, dando-se a todos, não se dá
a ninguém”.
Sociedade e estado

➢ O contrato social faz surgir a sociedade e o


estado (um corpo moral e coletivo).

➢ Para Rousseau, o homem não pode mais


voltar ao estado de natureza anterior, mas a
desigualdade que, na barbárie, os fez sair,
agora poderia deixar de existir através não
de uma doação da liberdade, mas dos
direitos e convenções.
Formado o contrato que origina o estado e sociedade, o homem
então substitui seu instinto natural, pelo instinto de justiça, dotado da
moral que inexistia no estado de natureza.

Deve ouvir a razão e não os instintos, perde a liberdade natural, mas


ganharia a liberdade civil.

Instinto e razão
Vontade geral, estado,
legisladores e soberania

➢ A vontade do todo, do coletivo, mas não da maioria.

➢ É o fundamento da soberania expressa nas leis.

➢ A vontade do povo precisa ser “traduzida”, essa tradução será feita por homens notáveis, os
legisladores.

➢ Rousseau, para limitar o poder dos legisladores, indica que eles estão proibidos de fazer parte
da soberania e do judiciário. “Seriam necessários deuses para dar lei aos homens”.

➢ Eles tem que conhecer a alma do povo, mas não podem, dela fazer parte.

➢ O contrato, então, deve se fundamentar no governo e nas leis que identifiquem a vontade
soberana.
Tarefa:
Estabeleça uma discussão com os colegas, exprima seu ponto de
vista, a partir do parágrafo abaixo da Constituição Federal do Brasil,
à luz do pensamento de Rousseau:

“Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o


exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição”.
Referências:

Carvalho. M. A influência de Hobbes, Locke e Rousseau na formação do


parlamento moderno. Revista de Informação Legislativa, Brasília a. 40 n. 160
out./dez. 2003.

ABRÃO, Bernardete. A história da filosofia. São Paulo: Nova Cultural Ltda.

SANTOS, Gislene. O estado de natureza em Rousseau. Espaço Plural . Ano XII . Nº


25 . 2º Semestre 2011.

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