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a

existência
de
Deus

FIL 600
Prof. Luiz Helvécio
definição

• Deus abraâmico (judaísmo, cristianismo,


islamismo).
• Deus é o ser maximamente perfeito:
 onipotente
 onisciente
 onipresente
 onibenevolente (sumamente bom)
 ser necessário
 criador do universo

L. H. Marques Segundo 2
onipotência

• S é onipotente sse:
– se (é possível que p) & (S deseja que p),
então é o caso que p.

(sse pode efetivar qualquer estado de coisas


possível).

L. H. Marques Segundo 3
onisciência

• S é onisciente sse:
– para qualquer proposição verdadeira p, S
acredita que p.
– para qualquer proposição p tal que S
acredita que p, p é verdadeira.
– se p fosse falsa, S não acreditaria que p.

(S acredita em todas e apenas aquelas


proposições verdadeiras).

L. H. Marques Segundo 4
onipresença

• S é onipresente sse:
– para qualquer região x do espaço, S ocupa
lugar em x.

(S está em todos os locais ao mesmo tempo)

L. H. Marques Segundo 5
suma bondade

• S é sumamente bom sse:


– tudo o que ele deseja é bom.
– se algo não fosse bom, ele não desejaria.

(S só deseja coisas boas).

L. H. Marques Segundo 6
existência necessária

• Um objeto a existe necessariamente sse:


– a existe em todos os mundos possíveis.

(a existe e não poderia não existir).

L. H. Marques Segundo 7
a crença em Deus

 A crença em Deus é racional?


 Em que condições é razoável acreditar em
Deus?
 A crença em Deus é justificada?
 Em que condições é a crença em Deus
justificada?
 Podemos saber que Deus existe?

L. H. Marques Segundo 8
Teísta:
• Acredita que Deus existe.

Ateísta:
• Acredita que Deus não existe. (positivo)
• Não acredita que Deus existe. (negativo)

Agnóstico:
• Suspende a crença.
 Não acredita que Deus existe.
 Não acredita que Deus não existe.

L. H. Marques Segundo 9
um pouco de epistemologia

• Crença: estado mental representacional

 Tem como conteúdo uma proposição.


 É verdadeira ou falsa.

“S acredita que p”

L. H. Marques Segundo 10
• Justificação: propriedade da
crença
 Razão ou evidência a favor da verdade de p.
 Admite graus: uma crença pode estar mais ou
menos justificada.
 Em grau suficiente transforma a crença
verdadeira em conhecimento.

“A crença de S está justificada”

L. H. Marques Segundo 11
• Legitimação epistêmica:
propriedade do sujeito.

 Direito do sujeito em sustentar uma crença.

“S tem o direito de acreditar que p”


“S não deve ser culpado por acreditar que p”

L. H. Marques Segundo 12
• Racionalidade: propriedade do
sujeito.

 Cumprimento de regras ou normas epistêmicas.

“S é racional ao acreditar que p”

L. H. Marques Segundo 13
evidencialismo

• S é racional em acreditar que p sse a crença


de S está justificada.
• A crença de S de que p está justificada sse
há evidência adequada a favor de p.
Logo,
• S é racional em acreditar que p sse tem
evidência adequada a favor de p.

L. H. Marques Segundo 14
 S tem evidência, e, a favor da crença de
que p sse a probabilidade de p aumenta
depois de S adquirir e.
 Ex.: S acredita que João é o assassino e
encontra as digitais de João na arma do crime.

 e é evidência contrária à crença de que p


sse a probabilidade de p diminui depois de
S adquirir e.
 Ex.: S acredita que João é o assassino e
descobre que João não está no país.

 e é evidencialmente neutro sse deixa


inalterada a probabilidade de p.
 Ex.: S acredita que João é o assassino e S
descobre que a vítima tinha 27 anos.

L. H. Marques Segundo 15
Há evidência adequada a favor da
crença em Deus?

Teologia Natural:
– Oferece um conjunto de argumentos a favor da
existência de Deus.

 Argumento ontológico
 Argumento do desígnio
 Argumento cosmológico
 Argumento moral
 Experiência religiosa

L. H. Marques Segundo 16
tipos de argumento

– a priori
• todas as suas premissas são conhecidas a
priori.

p é conhecível a priori sse S é capaz de saber


que p sem o auxílio da experiência empírica.

L. H. Marques Segundo 17
– a posteriori
• pelo menos uma de suas premissas é
conhecida a posteriori.

p é conhecível a posteriori sse S é capaz de


saber que p apenas com o auxílio da
experiência empírica.

L. H. Marques Segundo 18
o argumento ontológico

• Argumento a priori.
• Em sua forma clássica (apresentada por
Anselmo de Cantuária) é uma reductio ad
absurdum.
• Pretende provar a existência de Deus apenas a
partir da compreensão do conceito de Deus.

L. H. Marques Segundo 19
reductio ad absurdum

β
...
α & ~α
__________

L. H. Marques Segundo 20
premissa 1

Deus não existe.


[Suposição]

 Essa é a suposição do ateu.


 Anselmo pretende derivar uma contradição
dessa suposição.

L. H. Marques Segundo 21
premissa 2

Se uma existencial negativa tem significado,


então o objeto ao qual se nega existência existe
no entendimento mas não na realidade.

 Teoria referencial do significado [TRS]: se um conceito X tem


significado, então seu significado é o objeto ao qual X se
refere.
 Todo conceito com significado denota:
– um objeto que existe no entendimento (seja como for), e
– (se tiver aplicação no mundo real), um objeto que existe
na realidade.
 Assim, se um conceito tem significado, seu referente poderia
existir na realidade.
L. H. Marques Segundo 22
[C1] premissa 3

Deus existe no entendimento mas não na


realidade.
[1, 2]

 Se o ateu nega a existência de Deus, ele compreende o


significado do conceito DEUS.

L. H. Marques Segundo 23
[C2] premissa 4

Deus poderia existir na realidade.


[3, TRS]

L. H. Marques Segundo 24
premissa 5

Deus é o ser mais perfeito que se pode


conceber.
[Definição]

L. H. Marques Segundo 25
[C3] premissa 6

O ser mais perfeito que se pode conceber


poderia existir na realidade.
[4, 5 substituição]

 “Deus” e “o ser mais perfeito que se pode conceber”


são sinônimos.
 A substituição de um sinônimo pelo outro numa frase
não altera seu valor de verdade.

L. H. Marques Segundo 26
premissa 7

Se o ser mais perfeito que se pode


conceber poderia existir na realidade,
então seria mais perfeito.

 Tudo o que existe na realidade é mais perfeito do que


aquilo que existe apenas no entendimento.

L. H. Marques Segundo 27
[C4] premissa 8

O ser mais perfeito que se pode conceber


poderia ser mais perfeito.
[ 6, 7 MP]

L. H. Marques Segundo 28
premissa 9

Se Deus poderia ser mais perfeito, então


ele não é o ser mais perfeito que se pode
conceber.

• Analogia:
– Se João poderia ser mais alto, então ele não é o ser
mais alto que se pode conceber.

L. H. Marques Segundo 29
[C5] premissa 10

Deus não é o ser mais perfeito que se


pode conceber.
[8, 9 MP]

L. H. Marques Segundo 30
[C6] premissa 11

Deus é o ser mais perfeito que se pode


conceber & Deus não é o ser mais perfeito
que se pode conceber.
[5, 10 &+]

L. H. Marques Segundo 31
CONCLUSÃO

~[Deus não existe na realidade]


[1-11 RAA]

Deus existe na realidade.


[~-]

L. H. Marques Segundo 32

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