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DESCRIÇÃO
A importância da pesquisa de modelos qualitativo e quantitativo para a produção
acadêmica. A pesquisa de campo e a análise de dados nas abordagens quantitativa
e qualitativa.
PROPÓSITO
Compreender as características da pesquisa de abordagens qualitativa e
quantitativa, bem como suas possíveis interfaces. Perceber que a análise de dados,
proveniente da pesquisa de campo, pode tornar-se instrumento eficaz na
pesquisa
acadêmica, em ambas as abordagens.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
Metodologia científica é muito mais do que algumas regras de como fazer uma
pesquisa; ela auxilia a refletir e propicia um “novo” olhar sobre o mundo: um olhar
científico, curioso, indagador e criativo. Portanto, a pesquisa
não se reduz a certos
procedimentos metodológicos. A pesquisa científica exige criatividade, disciplina,
empatia, flexibilidade, humildade, interesse genuíno, organização e sensibilidade,
baseando‐se no confronto permanente
entre o possível e o impossível, entre o
conhecimento e o desconhecimento.
MÓDULO 1
Distinguir pesquisa quantitativa de pesquisa qualitativa a partir da
relevância da pesquisa de campo para a produção acadêmica
CONSTRUINDO O PROBLEMA DA
PESQUISA
Fazer uma pesquisa significa aprender a pôr ordem nas próprias ideias. Não importa
tanto o tema escolhido, mas a experiência de trabalho de pesquisa. Trabalhando‐se
bem, não existe tema que seja tolo ou pouco importante. A
pesquisa deve ser
entendida como uma ocasião singular para fazer alguns exercícios que servirão por
toda a vida. O trabalho de pesquisa deve ser instigante, mesmo que o objeto não
pareça ser tão interessante.
O que o verdadeiro pesquisador busca é o jogo criativo
de aprender como pensar e olhar cientificamente.
COMENTÁRIO
Nessa “arte” de fazer pesquisa, o jogador precisa ter alguns atributos para poder
entrar no campo científico. Alguns podem ser vistos como internos, atributos
pessoais que devem fazer parte do indivíduo que deseja ser um pesquisador:
Clareza
Concentração
Criatividade
Curiosidade
Delicadeza
Disciplina
Empatia
Equilíbrio
Flexibilidade
Humildade
Iniciativa
Interesse real
Objetividade
Organização
Paciência
Paixão
Respeito ao entrevistado
Saber escutar
Tranquilidade
Outras qualidades podem ser chamadas de externas, porque dependem da
formação científica do pesquisador. São elas:
ESCREVER BEM
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Estudo da literatura existente
autor/shutterstock
PRIMEIRO PASSO
SEGUNDO PASSO
TERCEIRO PASSO
QUARTO PASSO
Fonte:Shutterstock
QUINTO PASSO
Fazer com que o leitor compreenda o seu estudo e possa recorrer aos resultados
caso queira dar continuidade à pesquisa.
Para tanto, o objeto de estudo deve responder aos interesses do pesquisador e ter
as fontes de consulta acessíveis e de fácil manuseio. Quanto mais se recorta o tema,
com mais segurança e criatividade se trabalha. O estudo
científico deve ser claro,
interessante e objetivo, tanto para as pessoas familiarizadas com o assunto quanto
para as que não são. Muitos acadêmicos se perdem em parágrafos herméticos que
não são compreendidos nem pelos
seus pares. O pesquisador não precisa utilizar
termos obscuros para se mostrar profundo. A profundidade e a seriedade do estudo
podem ser mais bem percebidas se o pesquisador utilizar uma linguagem
compreensível para o
maior número de alunos e leitores.
Veremos a seguir:
FASE EXPLORATÓRIA
A fase inicial, que pode ser chamada de exploratória, lembra uma “paquera” de dois
adolescentes. É o momento em que se tenta descobrir algo sobre o objeto de desejo,
quem mais escreveu (ou se interessou) sobre ele,
como poderia haver uma
aproximação, qual a melhor abordagem (ou metodologia) dentre todas as possíveis
para
conquistar esse objeto.
FASE DE ELABORAÇÃO
Em seguida, vem a fase que equivale ao “namoro”, quando há maior compromisso e
que exige um conhecimento mais profundo, uma dedicação quase exclusiva ao
objeto de paixão. É a fase de elaboração do projeto de pesquisa,
quando o estudioso
mergulha profundamente no tema estudado.
METODOLOGIA
Fonte:Shutterstock
Fonte: Arthimedes | Shutterstock
HERÓDOTO
Uma boa reflexão sobre a importância de Heródoto nesse contexto, bem como
um ótimo exemplo de pesquisa podem ser encontrados no artigo O selvagem e
a História: Heródoto e a questão do Outro, de Klaas Woortmann. Pesquise-o
na
plataforma SciELO.
COMENTÁRIO
Não pretendendo fazer um caminho tão longo, mas, para situar a questão do uso de
técnicas e métodos qualitativos de pesquisa nas ciências sociais dentro de uma
discussão mais ampla, elucidaremos o debate entre a sociologia
positivista e a
sociologia compreensiva.
Segundo a perspectiva de que o objeto das ciências sociais deve ser estudado como
o das ciências físicas, a pesquisa é uma atividade neutra e objetiva, que busca
descobrir regularidades ou leis, em que o
pesquisador não pode fazer julgamentos
nem permitir que seus preconceitos e suas crenças contaminem a pesquisa.
DURKHEIM
Émile Durkheim (foto), como Comte, preocupado com a ordem na sociedade e com
a primazia da sociedade
sobre o indivíduo, também se posicionou a favor da unidade
das ciências. Tomando “os fatos sociais como coisas”, Durkheim (1985) defendia que
o social é real e externo ao indivíduo, ou seja, o fenômeno
social, como o fenômeno
físico, é independente da consciência humana e verificável pela experiência dos
sentidos e da observação.
Durkheim acreditava que os fatos sociais só poderiam ser explicados por outros fatos
sociais, e não por fatos psicológicos ou biológicos, como pretendiam alguns
pensadores de seu tempo. Defendendo a visão
da ciência social como neutra e
objetiva, na qual sujeito e objeto do conhecimento estão radicalmente separados,
Durkheim teve uma influência decisiva para que as ciências sociais adotassem o
método
científico das ciências naturais.
DILTHEY
Na segunda metade do século passado, alguns pensadores, influenciados pelo
idealismo de Kant, reagiram criticamente ao modelo positivista de conhecimento
aplicado às ciências sociais, acreditando que o estudo
da realidade social por meio
de métodos de outras ciências poderia destruir a própria essência dessa realidade, já
que esquecia a dimensão de liberdade e individualidade do ser humano.
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Wilhelm Dilthey. Fonte: wikimedia.org
Para Dilthey, os fatos sociais não são suscetíveis de quantificação, já que cada um
deles tem um sentido próprio, diferente dos demais, e isso torna necessário que cada
caso concreto seja compreendido em
sua singularidade. Portanto, as ciências sociais
devem se preocupar com a compreensão de casos particulares e não com a
formulação de leis generalizantes, como fazem as ciências naturais.
WEBER
Fonte:Shutterstock
Max Weber. Fonte: wikimedia.org
ÉMILE DURKHEIM
WILHELM DILTHEY
MAX WEBER
PESQUISA DE CAMPO
A discussão apresentada anteriormente, que diferencia as ciências sociais das
demais ciências físicas, contextualiza o surgimento e o desenvolvimento das técnicas
e dos métodos qualitativos de pesquisa social.
LE PLAY
Frédéric Le Play (foto), contemporâneo de Comte, foi um dos primeiros a estudar a
realidade social dentro
de uma perspectiva científica que considerava a observação
direta, controlável e objetiva da sociedade como o método mais adequado à
pesquisa social. Em La Réforme Sociale en France (1864),
Le Play expõe o método
das monografias, que se caracteriza por ser uma técnica, ordenada e metódica, de
observação direta da sociedade.
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Lewis Henry Morgan. Fonte: wikimedia.org
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Franz Boas. Fonte: wikimedia.org
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Bronislaw Malinowski. Fonte: wikimedia.org
Mas foram os trabalhos de campo de Franz Boas e Bronislaw Malinowski
(respectivamente retratados acima), entre 1883 e 1902, e, particularmente, a
expedição às ilhas Trobriand, que consagraram a ideia de que
os antropólogos
deveriam passar um longo período na sociedade que estão estudando para
encontrar e interpretar seus próprios dados, em vez de depender dos relatos dos
viajantes, como faziam os chamados
“antropólogos de gabinete”.
Nos primeiros trinta anos do século XX, o trabalho de campo passou a orientar as
pesquisas antropológicas. Boas, um geógrafo de formação, crítico radical dos
antropólogos evolucionistas, ensinou que no campo
tudo deveria ser anotado
meticulosamente e que um costume só tem significado se estiver relacionado ao seu
contexto particular. Ensinou também o “relativismo cultural”: o pesquisador deveria
estudar
as culturas com um mínimo de preconceitos etnocêntricos.
FRANZ BOAS
RALPH LINTON
RUTH BENEDICT
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A pesquisa não é uma ação isolada, mas uma oportunidade de fazer exercícios
que servirão por toda a vida.
C) Ainda que o objeto não seja ou não pareça interessante, é preciso que o trabalho
do pesquisador seja instigante.
D) Não é qualquer tema ou assunto da atualidade que pode ser objeto de uma
pesquisa científica.
A) Durkheim
B) Comte
C) Malinowski
D) Dilthey
E) Weber
GABARITO
Qualquer tema ou assunto da atualidade pode ser objeto de uma pesquisa científica.
A pesquisa não é uma ação isolada, mas uma oportunidade de fazer exercícios que
servirão por toda a vida. O autêntico pesquisador compreende a pesquisa como um
jogo que lhe proporciona criatividade e o desenvolvimento do olhar científico. Ainda
que o objeto não seja ou não pareça interessante, é preciso que o trabalho do
pesquisador seja instigante. Mesmo temas do cotidiano e banais, dependendo da
experiência do pesquisador, podem se tornar grandes e profundas pesquisas.
2. Para este pensador, os fatos sociais somente podem ser explicados por
outros fatos sociais e não por explicações psicológicas ou biológicas,
diferenciando-se de muitos outros pensadores de sua época. A adoção do
método científico nas ciências sociais tem, com certeza, a sua influência direta
e determinante. Esse pensador é:
É fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o
indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda a maneira de fazer que é geral na
extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo, possui uma existência
própria, independentemente de suas manifestações individuais. O fato social é tudo o
que se produz na e pela sociedade, ou ainda, aquilo que interessa e afeta o grupo de
alguma forma (DURKHEIM, 1985).
MÓDULO 2
Por meio do contato íntimo com a vida nativa, exaustivamente registrado no diário de
campo, Malinowski buscou as respostas dessas questões preocupando‐se em
compreender o ponto de vista nativo.
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Malinowski em pesquisa de campo com nativos das Ilhas Trobriand. | Fonte:
scihi.org
CLIFFORD GEERTZ
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Clifford Geertz. Fonte: wikimedia.org
ATENÇÃO
Enquanto os métodos quantitativos supõem uma população de objetos comparáveis,
os métodos qualitativos enfatizam as particularidades de um fenômeno em termos de
seu significado para o grupo pesquisado. É como um mergulho
em profundidade
dentro de um grupo “bom para pensar” questões relevantes para o tema estudado.
RUTH CARDOSO
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Ruth Cardoso. Fonte: wikimedia.org
EUNICE DURHAM
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Eunice Durham. Fonte: wikimedia.org
Eunice Durham (1986) concorda com essa crítica e mostra a preocupação dos
pesquisadores em
descobrirem uma aplicação imediata e direta dos resultados de
sua pesquisa que beneficie a população estudada. Sem deixar de ver como
necessária a identificação do pesquisador com seu objeto,
porque sem ela é
impossível a compreensão “de dentro”, Durham adverte para o risco de se explicar a
sociedade por meio das categorias “nativas”, sem uma análise científica sobre elas e
sem uma
reflexão teórica e metodológica sobre a postura do cientista social.
RUTH CARDOSO
EUNICE DURHAM
AARON CICOUREL
Fonte: sociology.ucsd.edu
Cicourel (1980) já havia advertido para o perigo de o pesquisador ficar tão envolvido
com o grupo estudado que poderia se tornar um “nativo”, sem compreender as
consequências desta “conversão” para os objetivos da pesquisa,
como, por exemplo,
“tornar‐se cego para muitas questões importantes cientificamente”. Cicourel aponta
para as faltas de regras processuais claras que definam o papel do pesquisador no
campo desde o momento de sua
inserção.
Fonte: wikimedia.org
Mariza Peirano (1995), em A favor da etnografia, afirma que não se pode ensinar a
fazer pesquisa de campo como se ensinam os métodos estatísticos, as técnicas de
surveys (tipo de investigação quantitativa,
baseada principalmente na coleta de
dados), a aplicação de questionário. A pesquisa qualitativa depende da biografia do
pesquisador, das opções teóricas, do contexto mais amplo e das imprevisíveis
situações que
ocorrem no dia a dia da pesquisa.
LEIA MAIS
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Maria Isaura Pereira de Queiroz
RESUMINDO
O pesquisador deve estabelecer um difícil equilíbrio para não ir além do que pode
perguntar, mas, também, não ficar aquém do possível. Além disso, a memória é
seletiva, a lembrança diz respeito ao passado, mas se atualiza
sempre a partir de um
ponto do presente.
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Michael Pollak. Fonte: wikimedia.org
MICHAEL POLLAK
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Paul Thompson. Fonte: wikimedia.org
Existem algumas qualidades essenciais que o pesquisador deve possuir para ter
sucesso em suas entrevistas: interesse real e respeito pelos seus pesquisados,
flexibilidade e criatividade para explorar novos problemas em sua
pesquisa,
capacidade de demonstrar compreensão e simpatia por eles, sensibilidade para
saber o momento de encerrar uma entrevista ou “sair de cena” e, como lembra Paul
Thompson (1992), principalmente, disposição para ficar calado e ouvir.
PAUL THOMPSON
ATENÇÃO
Becker (1997) alerta que a escolha das teorias que orientam a pesquisa também
está contaminada pelas preferências e dificuldades do pesquisador, já que uma
organização ou um grupo pode ser visto de muitas maneiras diferentes,
nenhuma
delas certa ou errada, visto que são alternativas possíveis e talvez complementares.
Não é possível formular regras precisas sobre as técnicas de pesquisa qualitativa
porque cada entrevista ou observação é única:
depende do tema, do pesquisador e
de seus pesquisados.
O pesquisador deve:
O fato de ter uma convivência profunda com o grupo estudado pode contribuir para
que o pesquisador “naturalize” certas práticas e alguns comportamentos que deveria
“estranhar” para compreender. Malinowski chama a atenção para
a “explosão de
significados” no momento de entrada no campo, em que cada fato observado na
cultura nativa é significativo para o pesquisador. O olhar que “estranha”, em um
primeiro momento, passa a “naturalizar” em seguida
e torna‐se “cego” para dados
valiosos.
RESUMINDO
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Fonte: Kanjana Kawfang | Shutterstock
Max Weber acreditava que se podia tirar proveito da quantificação na Sociologia,
desde que esse método se mostrasse fértil para a compreensão de determinado
problema e não obscurecesse a singularidade dos fenômenos que não
poderia ser
captada por meio da generalização. Como nenhum pesquisador tem condições para
produzir um conhecimento completo da realidade, diferentes abordagens de
pesquisa podem projetar luz sobre distintas questões. É
o conjunto de diversos
pontos de vista e de maneiras de coletar e analisar os dados (qualitativa e
quantitativamente) que permite uma ideia mais ampla e inteligível da complexidade
de um problema.
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Fonte: shutter_o | Shutterstock
NEUMA AGUIAR
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Fonte: Lesya Pogosskaya | Shutterstock
ATENÇÃO
A autora afirma que a generalização não é o único objetivo de sua pesquisa, e que a
observação participante foi de fundamental importância para explorar o tema e
levantar as hipóteses, para questionar as categorias
de seu vocabulário (que não
foram compreendidas pelos trabalhadores), para especificar os conceitos e as
perguntas de seus questionários. Aguiar demonstra que a combinação do survey
com a observação participante
possibilitou ir além das generalizações sobre o
processo de industrialização na região, e permitiu a compreensão das
representações dos trabalhadores sobre suas atividades.
DEPOIMENTO
Outro exemplo de integração de dados qualitativos e quantitativos é a minha
pesquisa sobre amantes de homens casados (GOLDENBERG, 1990). Fiz entrevistas
em profundidade com oito mulheres, em um primeiro estudo. Em seguida,
entrevistei
nove homens casados que refletiram sobre as suas experiências extraconjugais. Por
fim, realizei um estudo de caso, em que entrevistei o homem casado, sua amante e
toda a sua família (pai, mãe, duas irmãs e um
irmão). Além desses dados
qualitativos, foram fundamentais para as minhas conclusões as análises
demográficas feitas por Elza Berquó,
a partir dos dados do censo de 1980.
ELZA BERQUÓ
Elza é uma das fundadoras da Associação Brasileira de Estudos Populacionais
(ABEP), da qual foi presidente e na qual tem ativa participação. Também é
membro da International Union for the Scientific Study of Population, da
Population Association of America e da Associación Latinoamericana de
Población.
Berquó (1989) percebeu que, entre a população com mais de 65 anos, somente 32%
das mulheres estavam casadas enquanto 76% dos homens estavam casados. A
maior mortalidade dos homens — e o fato
de o homem brasileiro se casar com
mulheres mais jovens que ele — gera esse desequilíbrio. As mulheres teriam, assim,
chances iguais aos homens somente até os 30 anos, no máximo. Berquó levanta a
hipótese de que no Brasil
exista uma poligamia disfarçada, já que as mulheres sem
possibilidades de casamento acabam se unindo a homens casados.
Nesse caso, apenas para ilustrar, os dados quantitativos revelam uma realidade
demográfica e as entrevistas em profundidade retratam como cada mulher vivencia
essa situação. É interessante como minhas entrevistadas se queixam
que “falta
homem no mercado”, constatação que pode ser facilmente verificada pelos dados do
censo.
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Os dados do IBGE sobre idade, sexo e estado civil foram usados para pensar
situações complexas, não quantificáveis, como a situação de ser amante de um
homem casado. Esses dados ajudaram a interpretar o discurso e a compreender
a
situação de uma forma mais ampla.
Interpretados à luz da minha questão, concluo que as mulheres têm menos chances
de casar e essa pode ser uma possível explicação para a situação da amante. Sem
os dados do IBGE, poderia me restringir às explicações dos pesquisados:
a ideia de
que o fato de ser amante deve corresponder a um tipo determinado de personalidade
de mulher “que não se valoriza” ou que “não quer compromisso”. A integração dos
dados quantitativos e qualitativos permite verificar
a tensão existente entre a “escolha
individual” e o “campo de possibilidades” das mulheres que são amantes de homens
casados.
RESUMINDO
Mediante essa análise concreta, é possível demonstrar que a análise e a
interpretação dos dados quantitativos e qualitativos podem proporcionar uma melhor
compreensão do problema estudado. O conflito entre a pesquisa
qualitativa e a
quantitativa é artificial. Cada vez mais os pesquisadores estão descobrindo que
devem utilizar todos os recursos e as técnicas existentes que possam contribuir para
o entendimento do problema estudado.
A) Durkheim
B) Comte
C) Malinowski
D) Dilthey
E) Weber
A) Malinowski
B) Durkheim
C) Comte
D) Weber
E) Dilthey
GABARITO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Antes de finalizarmos, gostaria de trazer uma informação que talvez lhe ajude a
compreender a importância de tudo que aqui estudamos. Minha primeira experiência
com pesquisa científica foi em 1978, aos 21 anos, quando ingressei
no Mestrado de
Educação da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Após dois anos e
meio defendi minha dissertação O deficiente auditivo no mundo do trabalho: um
estudo sobre a satisfação profissional.
Com a pressão da minha orientadora, que
cobrava relatórios semanais, fui a primeira da turma a defender a dissertação.
E é exatamente assim que você deve estar se sentindo! Ao trazer toda a reflexão
feita em nosso tema para a sua prática de estudante (e futuro pesquisador), você já
deve identificar a seriedade de uma pesquisa acadêmica e a
importância da
utilização de modelos qualitativos e quantitativos – ou a integração deles – de acordo
com objeto pesquisado e seus objetivos. E, quem sabe, já esteja contagiado pelo
brilho nos olhos, mantendo
sempre acesa a chama do olhar científico.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
AGUIAR, N. Observação participante e “survey”: uma experiência de conjugação.
In: A aventura sociológica. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
BERQUÓ, E. A família no século XXI. In: Ciência Hoje. v. 10, n. 58, outubro 1989.
EXPLORE+
Leia sobre Wilhelm Dilthey no artigo que destaca o centenário de sua morte,
Wilhelm Dilthey em novas traduções, de L. Waizbort.
Leia sobre a perspectiva de Clifford Geertz no texto Pode realmente haver uma
ciência natural da ação humana?, de S. Oliveira.
CONTEUDISTA
Mirian Goldenberg
CURRÍCULO LATTES