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LIMOEIRO DO NORTE-CE
2015
VALDÊNIA MARIA DOS SANTOS MOURA
LIMOEIRO DO NORTE-CE
2015
VALDÊNIA MARIA DOS SANTOS MOURA
BANCA EXAMINADORA
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Profa.
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Profa.
Este trabalho apresenta a pesquisa realizada em uma sala de infantil V, com uma
turma heterogênea, contendo apenas uma criança com necessidades educacionais
especiais, em uma escola pública municipal de educação infantil e ensino
fundamental, situada na cidade de Limoeiro do Norte, Ceará. Tendo como objetivo
geral compreender como acontece o processo de escolarização de crianças com
necessidades educacionais especiais na escola regular de ensino na educação
infantil, dentro das perspectivas da educação inclusiva e como objetivos específicos:
Averiguar a formação dos profissionais docentes que atuam na educação infantil e a
preparação dos mesmos no trabalho de inclusão das crianças com necessidades
especiais; Investigar sobre qual princípio é realizado o trabalho pedagógico nas
salas heterogêneas de educação infantil e analisar as questões legais sobre a
educação especial e relacionar com a realidade escolar. Como metodologia de
pesquisa utilizamos observações em torno da dinâmica de uma sala de aula que tem
criança com necessidades educacionais especiais e aplicação de questionários,
abordando sobre a formação continuada e a temática da inclusão, para as
professoras que atuam na educação infantil. Utilizamos como referências teóricas
autores como: BEYER (2013), MANTOAN (2006), SOARES E CARVALHO (2012),
OLIVEIRA (2011), GLAT (1995), MANTOAN E PRIETO (2006), MACHADO (2009),
KASSAR (1995) dentre outros, e ainda os documentos oficiais que comtemplam a
educação especial. Os resultados indicaram que a escola apesar de adquirir alguns
recursos de apoio ao atendimento das crianças com necessidades educacionais
especiais ainda se mostra despreparada para uma prática inclusiva e que os
professores além de não terem a formação adequada para atuarem nas salas em
que atuam, mesmo com experiência na educação, também mostraram não ter
conhecimento suficiente a cerca da temática da educação inclusiva; e que a ação
política existe legalmente no papel, porém, na prática deixa a desejar no que se
refere à formação continuada que faz parte da oferta de recursos que viabilizam a
real prática de uma educação inclusiva.
INTRODUÇÃO-----------------------------------------------------------------------------------------09
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Essas lei são pautadas na Constituição Federal de 1988, no capítulo III – seção I – Da educação.
E na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacionais (LDB)
a escola e suas exigências, tratando-se assim de uma inserção parcial onde o aluno
com deficiência é selecionado como apto ou não a inserção na escola. A inclusão
escolar por sua vez propõe uma reorganização das políticas educacionais, para que
aconteça uma inclusão completa e sistemática onde seja assegurado que todos os
alunos com ou sem deficiência devem frequentar a escola regular.
Porém, em 2011 trabalhei com uma turma na qual tinha uma criança com
síndrome de down, onde me deparei com muitas dificuldades em relação a encontrar
estratégias que pudessem ajudar nas especificidades da minha aluna; Assim
aconteceu também em 2013 quando me foi dado o desafio de trabalhar com um
aluno hiperativo, nessa escola, a terceira em que trabalhei, não tinha um apoio da
gestão para me auxiliar no trabalho com uma aluna que tinha necessidades
especiais, tampouco oferecia recursos de apoio ao trabalho com essas crianças.
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Segundo FERNANDES e MAGALHÃES (2002, p. 102) no passado a deficiência mental era
considerada como uma doença originada de uma diversidade de anomalias orgânicas que
causava um déficit irreversível no funcionamento mental. Porém, hoje o conceito de deficiência
mental é sempre vinculado a uma teoria da inteligência. Podemos citar o enfoque de deficiência
mental nas perspectivas de Piajet e Vygotsky.
que ainda estava começando, e mesmo sendo um curso apropriado para atuar na
educação infantil, não me proporcionava uma preparação para realizar um trabalho
pedagógico incluindo crianças com necessidades educacionais especiais, mas
também tinha conhecimento de que a escola como um todo tinha a responsabilidade
na questão de proporcionar uma educação inclusiva e de que eu na minha sala de
aula sem ajuda do conjunto da escola não iria alcançar grandes resultados.
A partir do século XII com o poder obtido pela igreja se instalou uma posição
de abuso por parte de integrantes desta, em relação aos discursos e as ações de
grande parte do clero, esse fato provocou manifestações dentro e fora da igreja,
gerando o início, da inquisição católica, como descreve Aranha (2005, p. 10), “um
dos períodos mais negros e tristes da história da humanidade: o da perseguição e
extermínio de seus dissidentes, sob o argumento de que eram hereges, ou
endemoninhados.” Consta da época documentos da igreja orientando a
identificação dos suspeitos de heresia, os quais eram ameaçadores às pessoas
que tinham deficiência, principalmente mental. Entretanto todos que se
posicionava contra o ideário da igreja era perseguido e isso emergiu o processo
da reforma protestante, onde se esperava benefícios para as pessoas com
deficiência, porém, Aranha (2005, p. 11 apud Pessotti, 1984, p. 12) expõe que
ainda assim, nessa época:
[...] a rigidez ética carregada da noção de culpa e responsabilidade pessoal
conduziu a uma marcada intolerância, cuja explicação última reside na visão
pessimista do homem, entendido como uma besta demoníaca, quando lhe
venha a faltar à razão ou a ajuda divina. É o que Pintner (1933) chamou de
“época dos açoites e das algemas” na história da deficiência mental. O
homem é o próprio mal, quando lhe falece a razão ou lhe falte à graça
celeste a iluminar lhe o intelecto: assim, dementes e amentes são, em
essência, seres diabólicos.
Dessa forma fica evidente que tanto na antiguidade como na idade média as
pessoas com deficiências não eram tratadas como seres humanos, mas sim
considerados seres demoníacos. Somente a partir do século XVI com a
revolução francesa, que fez surgir uma nova ordem social, é que se inicia a
emergência de novas ideias referente à natureza orgânica da deficiência, que se
deu por meio de processos da medicina que se iniciava nesse século.
No entanto, o século XVII é que foi, afirmado por Aranha (2005, p. 13),
“palco de novos avanços no conhecimento produzido na área da Medicina, o que
fortaleceu a tese da organicidade, e ampliou a compreensão da deficiência como
processo natural.” Nasce também nesse século a tese do desenvolvimento que
influencia as ações de ensino, contudo essas ações somente se desenvolvem
definitivamente no século seguinte.
A partir da década de 60, Aranha (2005, p. 30) alega que “o Brasil foi palco
do surgimento de centros de reabilitação para todos os tipos de deficiência, no
Paradigma de Serviços, voltados para os objetivos de integração da pessoa com
deficiência na sociedade e suas diversas instâncias.” A Lei de Diretrizes e Bases-
LDB (Lei 4.024/61) veio mencionar o compromisso do poder público com a
educação especial. Na década de 70, com o grande número de instituições
assistencialistas, se intensificou a criação de textos legislativos, avivando os direitos
educacionais e sociais das pessoas com deficiência por meio de políticas com leis e
pareceres que comtemplam a atenção das pessoas com necessidade especiais,
como a Lei nº 5.692/71 que segundo Aranha (2005) introduziu a proposta do
tecnicismo no abordo da deficiência no contexto escolar; O parecer do CFE nº
848/72 atribui a seriedade da prática de procedimentos e serviços especializados
para atender os alunos com necessidades educacionais especiais, onde na época
esse alunado era chamado de excepcional; E ainda o Plano Setorial de Educação e
Cultura abrangeu a educação especial no apontamento das prioridades
educacionais do país. Por meio dessas contribuições foi criado em 1973 o CENESP
(Centro Nacional de Educação Especial) pelo Decreto nº 72.425, de 03/07/73.
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Ligada a mudança da educação especial fixa para a educação especial móvel, a
concepção de educação especial subsidiária é composta no atendimento dos quatro princípios
fundamentais que orientam a educação inclusiva, ou seja, é sustentada na ideia de mudanças
com elementos que contribuam na prática inclusiva. (BEYER, 2013)
conscientização da comunidade escolar e da sociedade em geral em relação aos
equívocos das representações sociais sobre as pessoas com deficiência para a
superação da exclusão social, bem como a importância da participação dos grupos
envolvidos, como a família dos educando com necessidades educacionais especiais,
os professores, os especialistas na área e os gestores educacionais, junto às
políticas educacionais, em mobilização a favor de uma educação inclusiva. BEYER
(2013) frisa que a educação inclusiva é pedagogicamente realizável, considerando as
experiências já realizadas em outros países.
Com uma visão paralela GLAT (1995) considera a integração social e escolar
das crianças com necessidades especiais não como uma questão de natureza legal
ou operacional e sim de natureza relacional, ou seja, não bastam mudanças nas
políticas educacionais se os membros da sociedade não tiverem uma visão de
aceitação e respeito uns com os outros. Assim como a LDB, GLAT não cita o termo
inclusão ou educação inclusiva, sua visão é voltada para os sujeitos sociais como
integrantes do processo de integração e considera o este processo como uma
questão de relações interpessoais que envolvem os padrões da sociedade e
subjetividade das pessoas ditas normais e das pessoas com deficiência.
Sobre a integração social, GLAT (1995) fala como uma questão de relações
interpessoais que envolvem sentimentos tanto por parte das pessoas portadoras de
deficiências, como das pessoas ditas normais nos padrões da sociedade, a autora
fala ainda sobre a estigmatização das pessoas deficientes que é construída
socialmente e considerando a relação entre educação e sociedade esta colocação se
faz complacente na pesquisa quando é visto que o processo de inclusão se realiza
envolvendo a subjetividade dos professores e dos educandos, bem como para focar
o papel da educação no desenvolvimento social das pessoas com necessidades
especiais.
[...]
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular
capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns;
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
[...]
[...]
[...]
Diante das dificuldades dos professores que trabalham nas classes comuns,
que estão ligadas as formações e consequentemente ao conhecimento sobre a
proposta da educação inclusiva, seria um passo importante para as mudanças
educacionais da escola regular, se o trabalho do professor especializado
acontecesse de fato em conjunto com os professores que atuam numa classe
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O sistema de bidocência para BEYER (2013) é a segunda condição importante para
uma educação inclusiva, na qual se exige no mínimo, dois educadores numa sala de aula
heterogênea, um dos educadores com algumas horas semanais. A primeira condição este autor
ver como sendo a individualização do ensino, ligada a uma exigência na nova forma de pensar.
heterogênea e que não tem uma formação em educação especial, pois,
considerando a troca de conhecimentos entre ambas em vários momentos do
trabalho em si, poderia haver progressos no trabalho pedagógico e inclusivo,
relacionados às estratégias e metodologias, da professora da sala regular de ensino.
Nesse aspecto ressaltamos que por mais que existam leis educacionais e
políticas que defendam a educação inclusiva, o contexto da escola regular em
relação à preparação dos docentes e consequentemente a prática pedagógica
necessita ainda de várias transformações para atender as perspectivas da inclusão,
quanto a essa situação PRIETO (2006) nota que:
[...] de capacitá-los para conhecer melhor o que hoje se sabe a respeito das
possibilidades de trabalho pedagógico de promoção do desenvolvimento de
todas as crianças com necessidades educacionais especiais, bem como
para auxiliar essas crianças na construção de conhecimentos cada vez mais
ampliados e significativos acerca do mundo e de si mesmas. (OLIVEIRA,
2011, p. 252)
Dentro desse assunto PRIETO (2006) numa visão política concorda que:
“Primeiro o sistema, a forma como é jogada as leis de cima para baixo sem
antes haver uma modificação no espaço físico e segundo a falta de formação para
os professores e demais funcionários. Outro aspecto é a falta de recursos didáticos
adequados.”
Por essa razão Mantoan (2006) ressalta que a inclusão propõe uma
mudança de paradigma educacional, com o discurso de que a escola se encontra
estruturada “em modalidades, tipos de serviços, grades curriculares, burocracia.” E
que dessa forma:
Entre as respostas das professoras que atua na sala de AEE e a que atua
na sala regular com criança com necessidades educacionais especiais encontramos
contradições, pois estas respectivamente replicaram:
“Não.”
“Raramente.”