Você está na página 1de 74

DOUTRINA E PRECEITOS DO JARDIM DOS

ORIXÁS

Estas são as crenças básicas do Jardim dos Orixás:

· Acreditamos em Olorum, Deus, causa primeira de tudo, infinito e


incompreensível para nós humanos.

· Acreditamos nos Tronos Divinos e Orixás Maiores, manifestações de


Olorum. No Jardim dos Orixás, reconhecemos e cultuamos as Sete
Linhas de Umbanda ou Sete Tronos Divinos, que se manifestam em
14 Orixás, além do Orixá Exu, Orixá Pombagira e Orixá Exu-Mirim.

· Acreditamos na reencarnação, como mecanismo de progresso e


educação. A Umbanda praticada no Jardim dos Orixás é
reencarnacionista e progressista, e não salvacionista.

· Acreditamos nos guias espirituais que nos auxiliam em nossas vidas


orientando-nos e auxiliando-nos, dentro dos limites de nosso próprio
merecimento.

· Acreditamos nas Linhas de Trabalho da Umbanda.

· Acreditamos na hierarquia definida e respeitada, tendo como


dirigentes espirituais o Sr. Preto e a Sra. Sinhá, dirigentes de
trabalhos espirituais, o Sr. Tranca Ruas das Sete Encruzilhadas e a
Sra. Yami, e como Sacerdotes de Umbanda Pai Tatá e Mãe Cláudia.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
· Acreditamos no mediunismo de incorporação, bem como nas outras
formas de manifestação mediúnica.

· Acreditamos no caráter sagrado da Vida em todas as suas formas.

· Acreditamos na Lei de Causa e Efeito.

· Acreditamos na Lei de Retorno.

· Acreditamos no exercício livre da caridade em todos os seus


aspectos espirituais e físicos.

· Acreditamos na prática do bem em todas as atividades espirituais e


em cada ato da vida comum.

· Acreditamos que cada um é responsável pelas escolhas que faz na


vida.

· Acreditamos que estamos em constante progresso e sempre para


melhor.

· Acreditamos no trabalho e esforço concentrado em determinado


propósito ou meta, como principal e mais adequada via de progresso
espiritual e material.

· Trabalhamos com as Linhas da Direita e Esquerda, que se


complementam em suas atuações, nos seus campos de ação e
propósitos, ambas contribuindo para a manifestação da vontade de
Olorum.

· A ética e a moral no Jardim dos Orixás tem como baliza as Sete


Linhas de Umbanda.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
REGRAS BÁSICAS

1- Nunca cobrar por trabalhos espirituais, ainda que toda contribuição


seja bem aceita sob forma de velas, incensos, donativos em geral ou
força de trabalho.

2- Nunca pedir o mal para qualquer pessoa ou situação, inclusive


amarrações amorosas.

3- Nunca utilizar qualquer coisa de animais nos trabalhos espirituais,


nem comer alimentos de origem animal nas dependências do
terreiro.

4- Todos que vierem para servir a Luz e trabalhar para o bem serão
aceitos no Jardim dos Orixás, tanto espíritos quanto encarnados, desde
que respeitem os preceitos da casa, a hierarquia e a integridade da
corrente.

Ponderações dos Pais de Santo

Este curso introdutório de Umbanda foi elaborado


integralmente por Pai Tatá, Pai de Santo do Jardim dos Orixás, e
revisado e complementado pela Mãe Cláudia, Mãe de Santo do
Jardim dos Orixás. Representa o posicionamento doutrinário e
teológico adotado por este terreiro.

A Umbanda praticada no Jardim dos Orixás tem como base


teológica a Umbanda Sagrada do Pai Rubens Saraceni. A escolha

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
dessa vertente da Umbanda foi feita por orientação expressa do Sr.
Tranca Rua das Sete Encruzilhadas.

Aceitamos como válidas todas as outras vertentes da


Umbanda, como a Umbanda Esotérica, Omolocô, Tradicional, e
outras, entendendo que são perspectivas e leituras diferentes da
mesma Umbanda.

Não há, em nosso posicionamento doutrinário, nenhuma mais


correta que outra, mais verdadeira que outra. A mais certa é aquela
que corresponde aos nossos anseios, às nossas expectativas, que
responde às nossas perguntas existenciais e nos dá um sentido na
vida.

Não aceitamos, não fomentamos, e repreendemos


qualquer forma de crítica ou comentário pejorativo sobre outros
terreiros de Umbanda e suas práticas, ou sobre outros Pais e
Mães de Santo.

Enfatizamos e estimulamos o convívio pacífico e fraternal entre


todos os umbandistas. Entendemos que os detalhes ritualísticos e
particularidades de cada terreiro são questões menores e não devem
ser motivo para intrigas bobas e fofocas. Participe do terreiro que
bem entender, honre e respeite aos seus Pais de Santo e aos seus
preceitos, mas tenha também o mesmo respeito por todos os
umbandistas de outros terreiros.

Temos consciência do peso, da responsabilidade e dos


desafios imensos que o Pai e Mãe de Santo umbandista enfrenta. A
administração do terreiro, os cuidados constantes com os Filhos de

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Santo, as obrigações espirituais diárias, os assédios frequentes de
espíritos perturbadores, a estrutura física do terreiro, e muitas outras
questões, tornam a função de Sacerdote de Umbanda extremamente
desafiadora. Assim, consideramos todos os Pais e Mães de Santo da
Umbanda verdadeiros “guerreiros da Umbanda”, e nutrimos profundo
respeito e consideração.

Respeitamos todas as outras religiões como caminhos válidos


e diferentes para Deus. Mas exigimos o direito de exercitar nosso
culto da maneira como nos convém, sem medo, livre de ameaças,
imposições e chacotas de qualquer natureza. Somos brasileiros, e
neste país qualquer pessoa cultua a religião que bem quiser.
Dispensamos o proselitismo religioso fanático e invasivo sob todas
as formas.

INTRODUÇÃO

Preceito: norma ou mandamento, aquilo que se aconselha fazer


ou praticar, regra.

Doutrina: conjunto de princípios básicos em que se fundamenta


um sistema religioso, filosófico e político; opinião.

Esta é a doutrina e os preceitos do Jardim dos Orixás.

O terreiro Jardim dos Orixás é um terreiro de Umbanda, com giras


de trabalhos espirituais em que a mediunidade de incorporação é o
principal instrumento de contato com a espiritualidade. As giras são
organizadas e estruturadas dentro da doutrina e preceitos gerais da

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Umbanda Sagrada, com as devidas peculiaridades e adequações
ritualísticas da casa.

Cultuamos os Orixás como manifestações de Olorum. As Linhas


de Trabalho espirituais têm suas forças nas irradiações dos Orixás
Maiores, atuando, quando conveniente e merecido, no auxílio de
encarnados e desencarnados, aliviando o sofrimento, orientando,
resgatando e encaminhando para o socorro adequado.

As giras representam o exercício mediúnico sadio e ritualizado,


em que os integrantes da corrente treinam e educam seus talentos
mediúnicos, praticam a caridade desinteressada, aprendem com os
Guias espirituais sobre as leis da vida, a ética e moral sob a
perspectiva da Umbanda, e exercitam a magia umbandista. As
relações entre os umbandistas no terreiro são de respeito mútuo,
fraternidade e cooperação. Repelimos veementemente qualquer
forma de fofoca, intriga, preconceito ou pré-julgamento.

Consideramos a Umbanda uma religião de mistérios em que o


maior templo é a natureza. Os Orixás vibram em toda a natureza, em
cada pedra, planta, animal, nos riachos, no sopro do vento ou raio de
sol que brilha neste mundo. O umbandista se encanta com a
natureza, com o mundo natural, e sente-se parte da vida. Somos a
favor da vida, e compreendemos a morte como parte da vida, o fim
de um ciclo, e não a extinção dela.

O terreiro é uma extensão da natureza, um local de culto em que


existe a presença de elementos naturais que vibram na sintonia dos
Orixás, simbolizando a natureza do mundo ou Natureza Divina.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Assim, é coerente a responsabilidade ecológica de todos os
umbandistas.

Preto (preto velho diretor espiritual da casa) nos ensina que cada
passo, cada pisada dada nesse mundo, deverá ser feito com carinho
e amor, pois a mãe terra é gentil e acolhedora conosco, e nós
devemos retribuir essa gentileza. Devemos sempre ter respeito e
cuidado com a natureza, com a terra, o chão, zelando pelo mundo
que nos acolhe e sustenta.

No Jardim dos Orixás adotamos o posicionamento doutrinário de


que todos nós somos responsáveis por estarmos exatamente onde
estamos e nas condições em que estamos. Construímos nossa
própria realidade em cada decisão tomada, a todo instante, em cada
ação ou palavra falada momento a momento. O presente é causa do
futuro e causado pelo passado. Planta-se agora as sementes que
formarão o nosso amanhã. Colhe-se hoje a semente plantada no
passado. Somos herdeiros de nós mesmos.

Preto também nos ensina que aquele que planta tomate não pode
esperar colher mamão. Colherá tomates. Além disso, se quiser ter
uma roça inteira de tomates para se fartar, precisa plantar muitas
sementes, e não apenas uma semente. Deixa claro para nós que a
constância de nossas ações, de nossas atitudes, cultivadas em
nosso presente, constroem o nosso amanhã. E não será com apenas
algumas boas obras que conseguiremos colher uma vida mais farta,
recheada de amor, paz e equilíbrio. Esse cultivo do bem deverá ser
diário, momento a momento, disciplinado e consistente.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
A Umbanda manifestada no Jardim dos Orixás é progressista, ou
seja entendemos que tudo progride, evolui para melhor, mais cedo
ou mais tarde. Nós humanos podemos acelerar este processo por
meio de nossa vontade e do nosso livre arbítrio, já que podemos
escolher entre bons e maus atos e atitudes. Somente há
possibilidade de escolha e responsabilidade por cada uma destas
escolhas quando há liberdade.

Somos em nossa essência livres, ainda que estejamos a todo


instante sofrendo influências do ambiente à nossa volta, sejam elas
energias, espíritos, clima, sociedade, familiares, amigos, além de
nossas próprias tendências cultivadas ao longo de nossa evolução
pelas muitas vidas vividas neste mundo. Mas sempre poderemos
escolher entre um caminho ou outro, uma ação ou outra. O que nos
falta muitas vezes é clareza mental e emocional para decidir de forma
mais sábia.

Os Guias espirituais atuam em nossas vidas orientando-nos e, às


vezes, atuando mais ostensivamente em uma ou outra questão. Guia
de Umbanda não é “gênio da lâmpada” e nem babá para ficar
pajeando (cuidar de crianças, pajear) Filho de Santo. O terreiro não
é balcão de pedidos descabidos, como se todo pedido tivesse
obrigatoriamente de ser acolhido e resolvido. Os guias espirituais têm
total autonomia para aceitar um pedido ou não, ponderar se é
adequado e justo ou não, se há merecimento por parte de quem pede
ou não. Há situações que foram plantadas no passado e que agora
trazem seus frutos amargos, exigindo correção e reeducação, com
mudança de postura e de atitudes em nossas vidas.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
A dor é entendida como corretiva e não como punição, e estará
presente em nossas vidas enquanto for necessária para a completa
correção. Quanto mais cedo aprendemos e nos melhoramos, mais
rapidamente paramos de sofrer e a situação dolorosa se resolve.
Quando consultamos um Guia e pedimos sua ajuda, eles poderão
nos orientar sobre qual ponto estávamos ou estamos em
desequilíbrio, chamando nossa atenção para a correção necessária
de nossas atitudes. Por vezes, prescrevem determinados trabalhos
para que fique mais claro o que deveremos mudar, abrindo nossos
caminhos para que nós mesmos solucionemos nossos problemas.

A Umbanda

A Umbanda é uma religião brasileira, essencialmente mediúnica e


reencarnacionista, que tem como marco histórico de sua fundação a
data de 15 de novembro de 1908, quando houve a primeira
incorporação do Caboclo das Sete Encruzilhadas no médium Zélio
Fernandino de Moraes. É uma religião com fortes influências do culto
africano, recebendo também elementos indígenas e europeus, como
o cristianismo e o espiritismo. Umbanda é uma religião espiritualista
e reencarnacionista que ensina que a vida é eterna e a nossa curta
passagem aqui no plano material destina-se à evolução, ao
aperfeiçoamento e à conscientização dos Espíritos.

Cultuamos a Deus como o nosso Divino Criador e às suas


Manifestações na forma de Divindades-Mistérios (Orixás). Na
Umbanda, os Espíritos que se manifestam em nome de Deus e dos
Orixás são um meio entre as pessoas e o plano Divino da criação,

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
onde reside de fato todo o poder que eles manifestam. Os cultos
realizados no Jardim dos Orixás servem como auxílio para o
desenvolvimento de nossas potencialidades internas.

Mediunidade de incorporação é o principal instrumento mediúnico


dos trabalhos no terreiro. Mas ela não é um fim em si mesmo. É antes
de tudo um meio para nos educarmos e nos melhorarmos enquanto
temos contato com os guias que se manifestam nas giras.

Além do constante serviço de auxílio e socorro aos necessitados,


trabalhamos para conscientizar os umbandistas da necessidade do
estudo constante, do aperfeiçoamento da consciência, do cultivo da
fé, da religiosidade, da mediunidade e sacerdócio. O terreiro de
Umbanda é muito mais do que pronto-socorro emocional e espiritual
ou “balcão de pedidos''. É sim um local de culto religioso onde
aprendemos a louvar a Deus e as suas manifestações, educamos
nossa mediunidade, convivemos numa grande família umbandista, e
trabalhamos para o auto aperfeiçoamento, bem como para o auxílio
e melhoria daqueles que buscam o nosso socorro.

Deus é a fonte primordial de todos os eventos criadores, o


princípio dos princípios, onde tudo tem origem n´Ele e fora d´Ele nada
existe. E, como do nada coisa alguma deriva, então todos os
princípios surgem a partir d´Ele, ou seja, é a origem de todas as
coisas. Deus é assim o ente Supremo auto gerado em si mesmo.

Os sagrados Orixás são mistérios e manifestações de Deus, e os


chamamos de nossos pais e mães divinos. Eles são nossos
superiores em todos os sentidos e nos amparam o tempo todo, e tudo

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
fazem para desenvolverem em nosso mental as nossas faculdades
espirituais.

Vibração

Quando falamos em vibração Divina estamos nos referindo a um


fluxo de ondas emitidas por Deus e pelas suas divindades.

Na Umbanda identificamos sete vibrações divinas que


denominamos setenário vibratório, e cada uma delas flui em uma
faixa ampla, infinita, alcançando tudo e todos, criando um espectro
vibracional magnífico dentro do qual fluem infindáveis tipos e
modelos diferentes de ondas. Essas ondas não se tocam, ainda que
todas estejam em tudo o que Deus criou, pois cada uma delas forma
uma tela vibratória e emite ou emana um fator.

Os fatores são classificados por “famílias” que têm funções


complementares, e são enfeixadas, agrupadas, em 7 vibrações
divinas. Cada faixa é formada por ondas e fatores que se
complementam e são absorvidas, concentradas e condensadas em
certos elementos, substâncias, espécies, etc. Essas vibrações
divinas tem apresentação polarizada, ou seja, há um polo positivo e
um polo negativo ou polo masculino e polo feminino. Cada polo
destas vibrações é regido por um Orixá. A vibração divina em si
mesma recebe o nome de Trono Divino.

Essas vibrações divinas são:

1. A primeira vibração (Trono da Fé: Oxalá e Logunã) faz


associação:

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
a. Nos elementos, associamos aos cristais.
b. Nos padrões energéticos é associada à energia cristalina.
c. Nos chacras é associada ao coronário.
d. Nas cores é associada ao translúcido, branco e dourado.
e. Nos sentidos é associada à fé.
f. Nos sentimentos é associada à religiosidade, à fraternidade, à
esperança, à paciência, à perseverança, à resignação, à tolerância,
à humildade.

2) A segunda vibração (Trono da Lei - Ogum e Iansã) faz associação:

a. Nos elementos, é associada ao ar.


b. Nos padrões energéticos, é associada a energia eólica.
c. Nos chacras é associada ao laríngeo.
d. Nas cores são associadas ao vermelho ou azul.
e. Nos sentidos da vida é associada à Lei.
f. Nos sentimentos é associada à lealdade, à retidão, ao caráter,
à tenacidade, à rigidez, ao rigor, à combatividade ao senso de direção
e de ordem.

3) A terceira vibração (Trono da Justiça - Xangô e Oroiná) faz


associação:

a. Nos elementos, é associada ao fogo.


b. Nos padrões energéticos é associada a energia ígnea.
c. Nos chacras é associada ao umbilical.
d. Nas cores é associada ao vermelho e ao laranja.
e. Nos sentidos é associada à justiça e ao equilíbrio.
f. Nos sentimentos é associada à imparcialidade, à reflexão, à
moralidade, ao equilíbrio.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
4) A quarta vibração (Trono do Amor: Oxum e Oxumaré) é
associada:

a. Nos elementos é associada aos minerais.


b. Nos padrões energéticos é associada à energia mineral.
c. Nos chacras é associada ao cardíaco.
d. Nas cores é associada ao amarelo e ao rosa.
e. Nos sentidos é associada à concepção.
f. Nos sentimentos é associada ao amor, à união, à caridade, à
bondade, à prosperidade, à concepção.

5) A quinta vibração (Trono do Conhecimento: Oxóssi e Obá) faz


associação:

a. Nos elementos é associada aos vegetais.


b. Nos padrões energéticos é associada aos florais.
c. Nos chacras é associada ao frontal.
d. Nas cores é associada ao verde e ao marrom.
e. Nos sentidos é associada ao conhecimento.
f. Nos sentimentos é associada à especulação, à curiosidade, à
busca, ao aprendizado, à criatividade, à inventividade, à
versatilidade.

6) A sexta vibração (Trono da Geração: Iemanjá e Omulu) faz


associação:

a. Nos elementos é associada a água.


b. Nos padrões energéticos é associada a energia aquática.
c. Nos chacras é associada ao básico.
d. Nas cores é associada ao azul e ao preto ou roxo.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
e. Nos sentidos é associada a geração.
f. Nos sentimentos é associada à maternidade, ao amparo, à
estabilidade, à fartura, à maleabilidade, à criatividade, à preservação,
à multiplicação.

7) A sétima vibração (Trono da Evolução: Obaluaê e Nanã) faz


associação:

a. Nos elementos é bi-elemental ( terra - água).


b. Nos padrões energéticos é associada à energia Telúrica-
Aquática.
c. Nos chacras é associada ao esplênico.
d. Nas cores é associada ao violeta e ao lilás.
e. Nos sentidos é associada à evolução.
f. Nos sentimentos é associada à flexibilidade, à
transmutabilidade, à maturidade, ao racionalismo, à persistência, à
sapiência.

O Culto de Umbanda
O que caracteriza o culto de Umbanda? Quando é que
podemos chamar um determinado lugar de terreiro de Umbanda?
Será que aquele terreiro só faz o bem?
Um terreiro de Umbanda possui determinadas características
de culto, utilizando-se de ritualística própria, que o faz ser
reconhecido como umbandista. Há variações na estrutura de culto de
acordo com o terreiro. Estas diferenças se devem às heranças
religiosas dos Pais de Santo, bem como aos guias dirigentes
responsáveis por aquele terreiro. Assim, cada casa tem sua própria

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
doutrina e preceitos, mas existem características gerais encontradas
em quase todos os terreiros de Umbanda.
Não há uma forma mais certa que outra, ou uma vertente mais
fundamentada que outra. As diferentes formas de se realizar o culto
se ajustam às necessidades e capacidades daquele grupo de
pessoas, proporcionando uma infinidade de terreiro-escolas com
particularidades próprias. Certamente, existe um que se ajusta aos
nossos anseios, às nossas necessidades, às nossas expectativas, e
que nos identificamos. É só procurarmos.
Desta maneira, é inadequado e repreensível as críticas que um
umbandista filiado a determinado terreiro faz a outro terreiro, tanto
em sua forma de culto quanto aos preceitos daquela casa. Não
sabemos a história do outro terreiro, as pelejas enfrentadas pelos
Pais de Santo, os assédios enfrentados pela corrente mediúnica,
nem o momento particular que estão experimentando. Talvez, daqui
há algum tempo, tudo se ajuste e melhore, evolua, naquele outro
terreiro. Ou talvez tudo que é mal visto e criticado hoje seja somente
um monte de fofoca!
Quanto à questão de se fazer somente o bem, isto é mais
complexo. Primeiramente, observamos que o conceito de bem é
muito variável, segundo os valores adotados por cada pessoa.
Determinada ação pode ser aceitável para uns e reprovável para
outros. Lembremo-nos que todos nós comemos a carne de animais
mortos por magarefes nos matadouros, mas dificilmente teríamos a
coragem de matar uma vaca, um bezerro, um porco, um coelho, um
pato ou uma galinha com nossas próprias mãos. Para nós que
comemos carne, o magarefe é um bom trabalhador, mas para os
vegetarianos e veganos, é um monstro assassino. Estudamos e

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
discutimos os conceitos de bem e mal de acordo com a Umbanda e
a doutrina do terreiro Jardim do Orixás ao longo das vivências e dos
cursos oferecidos.
A Umbanda é uma religião e, portanto, tem como função
primordial, nos aproximar de Deus. Porém, há muita gente que
procura os terreiros de Umbanda com objetivos escusos,
reprováveis, perversos mesmo. O mal, em todo seu amplo conceito,
não está na religião ou no terreiro, mas em quem está pedindo o mal.
E, talvez, seja justamente a Umbanda que o faça rever seus valores,
arrepender-se e mudar para melhor. Quanto às medidas
pedagógicas e corretivas que serão adotadas pelos guias de
Umbanda, cabe somente a eles determinarem o que é necessário
fazer ou falar naquela situação. O que vemos como um mal hoje
pode, de fato, ser o amargo remédio adequado para o aprendizado
ou reajuste perante as Leis Divinas.

Os Itens do Ritual

Vamos enumerar e explicar alguns itens que compõem um


ritual de Umbanda no Jardim dos Orixás, servindo de modelo geral
para um ritual umbandista, independente da vertente (divisão menor
de um movimento cujos participantes defendem pontos de vista
próprios; linha) a que pertence o terreiro.

Local de culto

O espaço utilizado deverá ser somente para o culto, como um


barracão, uma sala ou um grande templo. Mas poderá ser um local

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
pertencente a uma casa particular como um quarto dentro da casa,
um quarto separado no quintal, ou até mesmo as próprias
dependências da casa como a sala de jantar ou a cozinha. Contudo,
recomenda-se que esta situação seja provisória, pois a ritualística da
Umbanda exige determinados fundamentos de proteção e de firmeza
do trabalho ritualístico e magístico, tornando inconveniente a mistura
de tantas energias manipuladas durante os trabalhos espirituais com
os afazeres do dia a dia. O importante é que se reconheça que há
um local de culto.
O culto poderá também ser realizado em local externo, numa
mata, cachoeira ou praia, para trabalhos específicos.

Defumação

A defumação com determinadas ervas é realizada antes do


início dos trabalhos espirituais. Esta defumação tem como objetivo
limpar o ambiente espiritual, bem como preparar vibratoriamente o
local para que haja harmonia vibratória na gira. É realizada antes dos
trabalhos colocando-se as ervas em brasa em um turíbulo ou uma
lata e incensando todo local.
A defumação é acompanhada de cânticos específicos, que
ativam as forças de limpeza destas ervas proporcionando maior
eficiência ao processo. O próprio ritual de defumação é um preparo
para todos os integrantes do terreiro, pois acalma a mente e nos
coloca em sintonia com os trabalhos que vão começar.

Palestra inicial

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Uma pequena palestra inicial, em geral proferida pelo Pai de
Santo ou Mãe de Santo, é frequentemente adotada nos terreiros para
explicar como serão feitos os trabalhos do dia ou para informar
determinados preceitos tanto aos Filhos de Santo como para aqueles
que vieram consultar os guias. Explica-se as regras da casa, aquilo
que se admite ou não no terreiro. Neste momento, todos os
integrantes da casa já estão em suas posições para o começo da
gira.
Orações

As orações iniciais ajudam no processo de sintonização da


corrente mediúnica e de todos os integrantes do terreiro. Neste
momento, faz-se a chamada das forças espirituais que atuarão
naquele trabalho, evoca-se a proteção divina, os orixás que atuam
na casa e as linhas de trabalho de Umbanda que atuarão naquele
dia.
Em seguida, realiza-se uma oração coletiva na qual todos são
convidados a orar juntos. Utilizamos no Jardim dos Orixás como
oração coletiva o Pai Nosso, pois entendemos que esta oração é
ecumênica e de conhecimento geral.

Cânticos

Os cânticos ou pontos cantados são parte fundamental do ritual


umbandista. Cantamos o hino da Umbanda, o hino dos orixás, o hino
do Jardim dos Orixás e outro cântico que representa a nossa alegria
de estarmos naquele culto, naquele momento.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Os primeiros três hinos, realizamos em pé, com todos os
integrantes da corrente de mãos dadas formando um grande círculo
em volta da coluna dos orixás, elevando nossos pensamentos,
asserenando nossas emoções, entrando na sintonia vibratória da
corrente mediúnica do terreiro. Acompanhamos o último cântico
batendo as palmas das mãos, representando a nossa alegria e
festividade no culto, saudando a todos aqueles que virão trabalhar na
gira.
Há também outra função com o bater de palmas: o som
estalido das palmas ajudam na desintegração de energias ruins,
miasmas etéricos, que podem estar grudados, colados, nas pessoas
presentes no culto.
Cantamos então o hino que simboliza a abertura dos trabalhos
espirituais na casa. Além deste significado simbólico, também serve
como chave magística que “liga” a gira. Ainda que seja cantado por
todas as pessoas integrantes da corrente, é de responsabilidade do
dirigente da casa, ou seja, o Pai de Santo/Mãe de Santo ou Pai
Pequeno/Mãe Pequena, iniciar o cântico. Ao término dos trabalhos
espirituais novamente se canta este hino, porém com o objetivo de
encerramento dos trabalhos realizados.
Mesmo que este cântico seja de domínio público, entendemos
que ele é detentor de grande força mágica e ritualística quando
utilizado dentro do ritual de Umbanda, determinando a abertura e o
fechamento dos trabalhos espirituais. Desta forma, todos os
trabalhos espirituais devem ser realizados entre a abertura e o
fechamento da gira por este ponto cantado.
Em seguida, cantamos para a linha dos exus, pois esta é a
primeira linha espiritual saudada nos trabalhos espirituais. Após a

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
firmeza desta linha, canta-se para as Pombagiras. Os cânticos para
as outras linhas de trabalho serão realizados no decorrer da gira, de
acordo com as necessidades e dinâmica própria do dia.
Ao término dos trabalhos espirituais, canta-se novamente a
chave magística para o encerramento da gira, e faz-se uma oração
de encerramento e agradecimento pelos trabalhos realizados.

Outros Itens do Terreiro e do Rito

Altar ou Congá

O altar, presente em todos os terreiros, é o local onde


colocamos algumas oferendas, velas e imagens que simbolizam as
linhas de trabalho no terreiro. O altar ou congá serve
como catalisador de energias, funcionando como reserva de energias
espirituais, que permanecerão mesmo após o término da gira. Todo
Filho de Santo que chega ao Jardim dos orixás deverá fazer o ritual
de “bater cabeça” para o congá. Este ato tem como objetivo nos
ensinar a termos respeito e humildade perante forças superiores
presentes no terreiro. Não é necessário bater a cabeça literalmente
no altar, mas sim abaixar-se em atitude de reverência e fazer uma
pequena oração de agradecimento, pedindo permissão para
trabalhar na casa. Em geral, todos os guias que incorporam também
fazem o ritual de saudar o altar.
As velas que são acesas sobre o altar facilitam a nossa firmeza
e sintonia com as energias espirituais, levando, eterizando, nossos
pedidos, louvores, e agradecimentos aos Orixás e às diversas linhas

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
de trabalhos espirituais. Também podemos colocar garrafas de água
ou outros objetos pessoais para serem imantadas sobre o altar.

Coluna dos Orixás

A Coluna dos Orixás é uma estrutura particular deste terreiro.


Nela, estão assentadas as Sete Linhas de Umbanda, representadas
nas cores do arco-íris. Ela está localizada no centro do salão e é o
local em que as forças divinas dos Orixás vibram para todo o terreiro.
Acendemos velas nas cores correspondentes a cada lado da coluna
e fazemos oferendas aos Orixás na base da coluna. Desta forma, os
Orixás estão assentados na coluna e não no altar.
As giras ocorrem em volta da coluna, aproveitando-se das
energias emanadas dela, que nos ajudam em nossos transes
mediúnicos, na limpeza espiritual, e facilitando a nossa sintonia com
as energias dos Orixás. É comum durante as giras o ritual de se
caminhar em volta da coluna enquanto o médium busca a sintonia
com os guias espirituais ou com os Orixás. Isto nos permite
entrarmos em contato com diversas frequências vibratórias numa
única volta ao redor da coluna. Ao caminharmos, acalmamos a mente
enquanto o nosso corpo está ativo e trabalhando.
Todo Filho de Santo ao entrar no jardim dos orixás deverá
saudar a Coluna dos Orixás colocando-se em atitude de reverência
em frente ao lado pintado de branco, que simboliza o trono da Fé
(Oxalá e Logunã), realizando pequena oração de agradecimento e
pedindo autorização para trabalhar naquele dia, bem como outros
pedidos que o fiel queira fazer. Também pode-se saudar cada um
dos lados da coluna.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Tronqueira

A tronqueira do Exu, presente na entrada do salão principal do


terreiro, deverá ser saldada sempre que se entrar ou sair do terreiro.
No Jardim dos Orixás, temos uma tronqueira para Exu, cujo protetor
é o senhor Exu Tridente, e uma tronqueira para Pombagira, que tem
a senhora Rosa Caveira como protetora. O senhor Exu Tridente e a
senhora Pombagira Rosa Caveira são os responsáveis pela guarda
dos trabalhos espirituais realizados durante as giras. Em suas
tronqueiras são colocados elementos magísticos para condensar e
firmar as energias necessárias para o trabalho de proteção da
casa. Em geral, colocam-se velas das cores preta e vermelha,
bebidas, símbolos de metal, sal grosso, carvão, e outros apetrechos
adequados ao trabalho do dia. Para a senhora Rosa Caveira também
oferecemos flores ou rosas e champanhe. A bebida do Senhor Exu
Tridente é a pinga branca.
Ao entrar no salão principal o Filho de Santo deverá saudar
primeiro a tronqueira de Exu e depois a tronqueira de Pombagira,
abaixando-se em sinal de reverência, tocando o chão ou batendo três
vezes no chão a frente da tronqueira, enquanto faz um
agradecimento pela oportunidade do trabalho, e pedindo permissão
e licença para entrar e trabalhar na casa.

As roupas

As roupas cerimoniais são exclusivas para os dias de trabalhos


espirituais. Utilizamos o branco como roupa padrão para os dias de

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
trabalho das linhas da direita e roupas coloridas para os dias de
trabalho das linhas da esquerda. Em geral, permitimos que os guias
espirituais orientem seus cavalos sobre a indumentária que será
utilizada por cada Filho de Santo. Muitas vezes, os guias do próprio
médium pedem para que ele utilize chapéus, colares, pulseiras,
ternos, capa, instrumentos magísticas como terços, espadas, etc.
Estas roupas e instrumentos de trabalho são de uso exclusivo
para gira, não devendo ser utilizados no dia a dia. É bastante nítida
a influência que as vestimentas têm durante o processo mediúnico,
facilitando a sintonia com os guias, pois ficam impregnados com suas
energias espirituais.
Como exemplo da fundamentação das roupas utilizadas
citamos o fato de que as capas e capuzes servem para a proteção
do guia e do médium enquanto realiza seus trabalhos. O chapéu e
os turbantes protegem a coroa do médium, evitando interferências
vibratórias durante a gira, que poderiam atrapalhar a comunicação e
sintonia do guia com o médium.
É recomendado que os que os Filhos de Santo no Jardim dos
Orixás utilizem proteções em suas coroas, principalmente nos dias
de trabalho. As mulheres utilizam turbantes e os homens o gorro.
Pés descalços

Os pés descalços são regra da casa, pois entendemos que isto


facilita o fluxo constante de energias entre o médium e o chão. Todo
Filho de Santo deverá entrar descalço no salão principal.
Porém, existem terreiros que optam por trabalharem calçados,
como acontecia na primeira tenda de Umbanda do pai Zélio de
Moraes.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Velas

O uso das velas é fundamento do terreiro Jardim dos Orixás e


da Umbanda de modo geral. As velas utilizadas são de diversas
cores, de acordo com as necessidades do trabalho espiritual, acesas
em locais específicos do terreiro como tronqueira de Exu e
Pombagira, altar principal e Coluna dos Orixás. A energia do fogo é
utilizada para diversos fins. Por exemplo, serve para a sutilização de
energias nos trabalhos, facilitando o intercâmbio entre os encarnados
e espíritos. Também dissolve e dispersa miasmas etéricos. Cada
vela acendida tem o seu dono, ou seja, aquela acendida para um
Orixá será recebida apenas por este Orixá, aquela acendida para
um guia será recebida apenas por aquele guia.

Atabaques

Os tambores que acompanham os cânticos têm a função de


auxiliar toda a dinâmica da gira. Cada toque, cada ritmo de batida do
tambor, influencia de maneira específica nos trabalhos espirituais. Há
toda uma ciência magística na música tocada e cantada nos terreiros
de Umbanda. Alguns toques têm como objetivo aumentar a sintonia
mediúnica, enquanto outros a diminuem. Podem também servir como
proteção contra assédios espirituais ou magias negativas.
O som do tambor atua diretamente no chacras dos médiuns,
em especial no chacra básico, contribuindo para o aumento de fluxo
de energias da terra para o médium. Em outras situações, amplia a
força e a abertura do chacra coronário, contribuindo assim para um
melhor intercâmbio com as vibrações dos Orixás.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Aqueles que têm a tarefa de batucar os tambores são
chamados ogãs, e passam por processo de despertar mediúnico
enquanto desempenham este trabalho. Os tambores são
consagrados para os trabalhos espirituais e devem ser tratados com
respeito.
Não é permitido a nenhum Filho de Santo ficar batucando como
forma de divertimento nos tambores. Somente os ogãs tocam
durante a gira. Eventualmente, outro Filho de Santo pode tocar, ou
algum convidado que já tenha os fundamentos dos cânticos da
Umbanda, desde que haja autorização dos pais-de-santo da casa ou
dos guias chefes da casa.
É muito comum os guias espirituais, quando chegam no terreiro
incorporados em seus médiuns, saudarem os tambores e os ogãs, o
que demonstra a importância destes fundamentos musicais
na Umbanda.

Instrumentos de Trabalhos
Tabaco
O fumo é um dos itens mais controversos nos trabalhos
espirituais da Umbanda. Esta é planta sagrada, que tem
propriedades detergentes e cicatrizantes, muito utilizada pelos guias
para as limpezas de pessoas e ambientes, pois quebra e dissolve
energias negativas e miasmas que ficam impregnadas na aura
espiritual ou nos locais. É utilizada também para a imantação de
objetos pessoais levados aos guias para benzimento através do
sopro de fumaça, misturando as energias do guia espiritual, do
médium e do fumo num complexo energético que fica impregnado
em colares, roupas, imagens, guias, etc.
TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS
JANEIRO DE 2021
É, portanto, instrumento de trabalho, com uso ritualístico e
magístico, bem distante da ideia de vício ou farra que pode parecer
numa observação inicial e precipitada. Os guias espirituais
manipulam essas energias e vibrações com objetivos úteis e não
apenas por simples prazer ou sinal de inferioridade e apego
infrutífero. Porém, caso o médium não aceite trabalhar com esse
instrumento por motivos pessoais (desconforto com o cheiro da
fumaça, problemas de saúde), deverá avisar ao guia de sua opção,
e este certamente respeitará a escolha, abandonando esta forma de
trabalho).
Bebidas

As bebidas são utilizadas por alguns guias espirituais em seus


trabalhos nas giras, variando o tipo da bebida e quantidade.
Não recomendamos o uso de quaisquer bebidas alcoólicas por
nenhum Filho de Santo ou umbandista em geral, e se for beber
socialmente, que seja com muita, muita! moderação.
Mas não são apenas bebidas alcoólicas as usadas pelos guias
espirituais durante as giras. Pretos velhos, por exemplo, bebem café.
Outros guias bebem água (serve inclusive para reidratar o médium,
que perde grandes quantidades de água durante a doação de
bioenergias ou ectoplasma ao longo dos trabalhos espirituais), água
de coco, guaraná, vinho, cerveja, champanhe, rum, destilados como
whisky e cachaça. Cada tipo de bebida serve a um determinado
propósito, vibra numa determinada frequência, e cada guia tem a sua
preferência e afinidade.
O uso de bebidas é possível na Umbanda devido ao transe de
incorporação, pois esta forma de mediunismo permite a formação do

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
complexo guia-cavalo, ou seja, a ligação entre o espírito guia e o
médium é intensa o suficiente para permitir a passagem dos eflúvios,
energias semi-materiais, das bebidas (ou comidas como no caso dos
bolos, doces e frutas dos ibejis) para o guia através do corpo do
médium. Assim, o guia pode manipular as energias emanadas das
bebidas para seus propósitos de trabalho.
Mas, caso o médium não se sinta confortável com o uso de
bebidas alcoólicas pelos guias, deverá avisá-los, e estes certamente
respeitarão a sua decisão e opção. Em geral, não há grande
resistência por parte dos médiuns quanto ao uso de bebidas não
alcoólicas durante os trabalhos.
Também poderemos utilizar as bebidas em oferendas,
assentamentos, firmezas, trabalhos de magia, limpezas espirituais,
etc.

(Quando comecei a trabalhar com o Sr. Tranca Rua, logo no


início, tive muita resistência ao uso de bebidas alcoólicas durante os
trabalhos espirituais. E ele me pedia whisky, e do bom, logo que
chegava. Aliás, antes dos trabalhos ele já ia me avisando:” quero
minha bebida para trabalhar, e meu charuto também!”
Particularmente, nunca gostei de destilados de qualquer natureza, e
isso foi causando certa tensão entre eu e ele. Certo dia, ele me
explicou assim: “uso a bebida, o whisky, por 3 motivos: primeiro,
porque ele é muito útil nos trabalhos que faço. Dinamizando as
energias do álcool com as minhas e as suas próprias, realizo
trabalhos de limpeza mais eficientes, dissolvendo os miasmas mais
densos e endurecidos que as pessoas têm grudados em suas auras.
Segundo, porque, quando termino os trabalhos espirituais e faço a

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
sua própria limpeza, o álcool sutiliza, eteriza, os resquícios de
energias densas que ficam em você. O álcool é uma substância que
tem propriedades de trasmutar (mudar de um estado ou local para
outro), transformar, miasmas mais densos em formas mais leves,
mais etéricas, facilitando a limpeza e a manipulação, pois ele é meio
água e meio fogo, dissolve e eteriza, ou seja, trasmuta, com grande
propriedade. E terceiro, porque eu gosto! KKKK”.
De fato, quando o sr. Tranca Rua se afasta de mim
desincorporando, sinto uma enorme quantidade de energia saindo
principalmente pelas minhas mãos e pés, num processo que dura
entre 30 e 50 minutos. Depois, me sinto limpo, apenas cansado
fisicamente.
É minha escolha aceitar a forma de trabalho deste guia, por
respeito e compromisso que assumi junto a ele, e por querer
aprender este fundamento de trabalho magístico e ritualístico através
da vivência direta com um mestre. O whisky, para mim, é bebida
ritualística, e eu nunca bebo whisky. Essa é a bebida do sr. Tranca
Rua, e é utilizada para trabalhos espirituais, jamais para meu lazer.
Sempre que vou para as giras em que o sr. Tranca Rua irá
trabalhar, assumo postura de aluno frente ao professor. Presto
atenção em todos os detalhes dos trabalhos, observando e
aprendendo com este magnífico mestre da Umbanda, que muito me
honra com suas incorporações, suas lições e puxões de orelha.
Aprendi a confiar neste guia ao longo do tempo, e hoje sei que ele
tem caráter firme, nobre, rígido, e alguma ponderada paciência. E é
inegável que possui amplo conhecimento da magia e ritualística de
Umbanda.)
Banhos

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Banhos com ervas e sal grosso são utilizados para limpezas
espirituais, quebra de magias, equilíbrio da mediunidade,
energização, abertura de caminhos, batismo, oferendas, etc. Muitas
são as ações e utilizações das plantas no terreiro, e serão usadas
conforme a necessidade. Há toda uma ciência nos rituais de banhos,
que podem ser prescritos pelos guias ou pelos Pais de Santo.
Gradualmente, os Filhos de Santo vão ganhando conhecimento
sobre os usos das ervas, trazendo esse rico instrumento para suas
vidas, tanto com finalidades espirituais como para o dia a dia. Há
aulas específicas sobre esse tema fornecidas pelo terreiro Jardim
dos Orixás.
As plantas também podem ser utilizadas como proteção de
ambientes, colocando-as em vasos, jardins domésticos ou nos
lugares em que convivemos.

Ponto Riscado

Pontos riscados são os desenhos que os guias fazem no chão.


Estes desenhos são feitos, em geral, com giz branco ou pemba.
Podem ser de tamanho pequeno, 20 a 30 cm, até desenhos grandes
de 1,5 a 2 metros. Tem várias finalidades e ações: descarrego,
trabalhos específicos, assinatura energética, magias das mais
variadas finalidades.
Muitas vezes, os médiuns, ansiosos por fazerem trabalhos
magísticos válidos e reconhecidos, procuram símbolos na net e
trazem para os rituais e giras. Mas isso é desnecessário e sem
fundamento. O guia que usa esse recurso do ponto riscado ajusta os

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
riscos e traços que compõem o desenho segundo as necessidades
do trabalho, às vibrações necessárias, às demandas que o momento
exige. Certamente, há determinados padrões que se repetem, mas
não são fixos e invariáveis.
O ponto riscado de um guia, enquanto sua assinatura
energética e magística, é só dele, e somente ele deverá riscar através
do seu cavalo quando achar conveniente. Ou seja, o guia vai
treinando, educando, ensinando o seu cavalo até o momento em que
conclui que o cavalo está pronto para trabalhar com a assinatura
energética dele.
No Jardim dos Orixás, muitos guias não trabalham com pontos
riscados, e isso não os impede de fazerem belíssimos trabalhos com
outros recursos, firmando suas forças com outros instrumentos. Não
exigimos os pontos riscados para a firmeza dos trabalhos espirituais
ou para a identificação dos guias. O guia espiritual utiliza este recurso
se achar necessário e adequado, e se não usar, trabalha na
Umbanda do mesmo jeito.

Comportamentos, Cargos e Funções

A Benção dos Pais de Santo

Deve-se cumprimentar o Pai e a Mãe de Santo assim que se


chega ao terreiro e ao término dos trabalhos espirituais, com
saudação própria e identificadora, que demonstra o respeito pela
hierarquia do terreiro e o agradecimento pelos cuidados com a coroa
mediúnica e ensinamentos proporcionados pelas vivências no

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
terreiro. Os Pais e Mães pequenos também deverão ser saudados
por todos.
Todos os Filhos de Santo deverão ter convivência amistosa e
fraternal uns com os outros e com os Pais de Santo da casa,
evitando-se qualquer tipo de fofoca, intriga ou formação de
“panelinha”. Às vezes, os Pais de Santo tem de chamar a atenção de
um ou outro Filho de Santo quanto a sua conduta e comportamento.
Isso será feito em momento próprio e adequado, em particular, com
os devidos cuidados para que se entenda os motivos da conversa.
Quem não aguenta orientações, por orgulho ou empáfia, sofre
mais, se indispõe com outros com muita mais facilidade, arroga para
si direitos que de fato não tem. Mostra-se frágil e vulnerável.
É função dos Pais de Santo orientar e corrigir a conduta dos
Filhos de Santo. Em algumas situações extremas, faz-se necessário
o afastamento do Filho de Santo, em especial quando este coloca
em risco a integridade da corrente e torna o convívio tão
desagradável que inviabiliza o equilíbrio necessário à harmonia do
terreiro como um todo.

Cargos e funções

Há cargos e funções dentro do terreiro, que auxiliam a


organizar e hierarquizar todo funcionamento. Cada integrante do
terreiro tem seu lugar dentro da hierarquia, suas obrigações com a
estrutura organizacional e tarefas a cumprir. Os cargos servem para
dividir tarefas e manter a ordem tanto nos afazeres de manutenção
do terreiro quanto dentro das giras. Atualmente, temos os seguintes
cargos:

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
a. Pai de Santo e Mãe de Santo, são os dirigentes da casa,
responsáveis por tudo o que acontece no terreiro. Determinam os
afazeres e as tarefas de manutenção do terreiro, bem como cuidam
da educação mediúnica dos Filhos de Santo. Devem ser consultados
sempre que houver qualquer dúvida ou problema com o terreiro, com
os Filhos de Santo, sobre os trabalhos espirituais ou dúvidas
teológicas, problemas pessoais. Tem função de orientação nos
aspectos religiosos, pessoais ou emocionais.

b. Pai Pequeno e Mãe Pequena, são os substitutos dos Pais de


Santo na ausência destes. Auxiliam diretamente nas tarefas
organizacionais do terreiro e também nas giras. Também tem função
de orientação dos Filhos de Santo, assim como na educação
umbandista. Devem ser respeitados e cumprimentados por todos os
Filhos de Santo.

c. Ogãs, são os responsáveis pela música no terreiro. Tocam


tambor, o atabaque, e zelam pela manutenção dos instrumentos.
Durante as giras, puxam os cânticos de acordo com as orientações
dos dirigentes da casa. A sequência de cânticos é pré determinada,
mas pode ser ajustada conforme as necessidades da gira.

d. Cambonos, são os responsáveis por servir aos guias durante


as giras, anotar orientações, “traduzir” as orientações dos guias aos
consulentes ou Filhos de Santo. Tem de ser bastante dinâmicos e
responsáveis, atentos a todo movimento da gira. Somente os
cambonos servem aos guias, salvo orientação expressa do guia em

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
contrário, assim como, somente eles entram na cozinha para pegar
os instrumentos e apetrechos utilizados durante as giras.

e. Médium ou Cavalo de Umbanda, são os médiuns de


incorporação que participam das giras, desenvolvendo e educando
sua mediunidade. Outras formas de mediunidade também podem ser
trabalhadas no terreiro, como a clarividência, clariaudiência, intuição.
Também podem trabalhar como doadores de energias, auxiliando
nos trabalhos de desobsessão, nos trabalhos de alguns guias, na
limpeza e reenergização de outros médiuns, etc.

Estágios mediúnicos

Quanto aos estágios mediúnicos, temos no terreiro:

a. Médium iniciante, que foi aceito como neófito, novato, à pouco


tempo. Pode participar das giras dentro da corrente secundária, a
“gira de fora”, em que aprende a dinâmica do terreiro, observa o
funcionamento e hierarquia do terreiro, e toma contato com os
padrões vibratórios da corrente mediúnica. É o período probatório,
em que a pessoa vivencia as experiências de se estar numa gira da
casa e sente se há ou não afinidade com o terreiro. Em geral, este
período dura 3 a 6 meses. Os cursos de iniciação à Umbanda
promovidos pela casa são pré-requisito para se participar das giras.

b. Médium em desenvolvimento, são aqueles que já foram


admitidos na corrente principal, “gira de dentro”, e estão em seus
processos de desenvolvimento e educação mediúnica. Já assumiram

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
compromisso com a casa e com a Umbanda, e começaram a
adentrar a parte mais profunda da religião. Não consultam pessoas,
salvo esporadicamente conforme se desenvolvem.

c. Médiuns formados, são os que já podem dar consulta enquanto


incorporados com seus guias e tem conhecimento avançado dos ritos
e fundamentos da Umbanda. Devem ter conduta condizente com a
ética umbandista e com a casa, honrando seus afazeres religiosos e
auxiliando no bom funcionamento do terreiro.

Médium ou cavalo de Umbanda

Por que o médium na Umbanda é chamado cavalo? A primeira


vista poderá parecer ofensivo e humilhante, mas se observarmos
bem esta analogia, veremos que este termo é mais apropriado e
descritivo do tipo de mediunismo de incorporação.
O médium quando chega ao terreiro precisa ser educado em
suas faculdades mediúnicas, em especial a incorporação. O nome
incorporação é o nome que se dá ao tipo específico de mediunidade
que é utilizada no funcionamento da dinâmica da gira. O espírito não
entra propriamente no corpo do médium, mas estabelece ligação tão
acentuada que assume todo o seu corpo físico. Ele anda, fala, dança,
canta, gesticula, come, bebe e fuma como se fosse seu próprio corpo.
É uma relação mediúnica muito mais acentuada e intensa do que a
psicofonia encontrada nos centros espíritas, em que o espírito
assume principalmente a voz do médium.
Na Umbanda, o médium é chamado cavalo numa analogia à
educação mediúnica semelhante à doma de um cavalo. O cavalo,

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
animal, tem vontade própria e muita força, é indócil, chucro, e precisa
ser domesticado, ensinado a como se comportar segundo a vontade
do cavaleiro. Este trabalho de educação, de doma, é o processo que
os guias vão realizando com o médium, ensinando-o a ser dócil à sua
vontade, dirigindo-o em seus passos e gestos.
No início da educação mediúnica é comum vermos médiuns
andando a esmo pelo salão, abaixando-se, ajoelhando-se,
gesticulando, exatamente como se faz na doma de um cavalo. Com
o tempo, o guia começa a ensaiar o uso da voz, que, no começo,
consegue pronunciar apenas algumas frases curtas.
Os guias que educam o médium, ou seja, promovem a doma
do cavalo de Umbanda, nem sempre serão os guias que trabalham
nas giras. Quando o médium está bem dócil às vontades do espírito,
entregando-se tranquilamente ao transe mediúnico e ao controle dos
espíritos, os guias de trabalho assumem a coroa do médium e trazem
seu nome e fundamentos, orientando as vestimentas e a sua maneira
peculiar de trabalhar.

Paradigma Umbandista
Paradigma: exemplo ou padrão a ser seguido; modelo.

O paradigma umbandista nos fornece a maneira como a


Umbanda pensa a religião, explica a existência e a vida de forma
geral. Ajuda a nortear a nossa compreensão de como e porque as
coisas são do jeito que são.
Como a Umbanda é relativamente jovem, tem pouco mais de
100 anos, é natural que tenhamos confusão com seus fundamentos

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
e doutrina, misturando sua visão de mundo com a de outras religiões.
Vamos comparar a maneira como a Umbanda enxerga e interpreta
em relação à visão de outras religiões. Isso facilita a compreensão
de que temos visão própria das coisas, uma interpretação
autenticamente umbandista. A Umbanda deve ser pensada e
interpretada por umbandistas.
Primeiramente, a Umbanda é monoteísta, ou seja, há um único
Deus, infinito, onisciente, onipresente e incompreensível para nós.
Contudo, Deus se manifesta no universo através de muitas formas,
muitos caminhos, que nós chamamos de Tronos Divinos. Na
Umbanda, reconhecemos Sete Tronos Divinos, as Sete Linhas da
Umbanda. Isso nos diferencia do budismo, por exemplo, em que não
há uma clara distinção ou culto a Deus ou divindade maior. Ou ao
xamanismo, em que o centro da religião está na experiência
transpessoal do transe.
Somos reencarnacionistas, ou seja, nascemos, vivemos e
morremos muitas vezes no plano material, com o objetivo de
evoluirmos, desenvolvendo nosso potencial interno que já está
conosco desde nossa criação por Deus. Assim, diferimos do
cristianismo, que propõe que esta é nossa única vida, e cujo
propósito maior é a salvação da alma após a morte.
Progredimos na escala espiritual segundo nossas ações na
vida, na medida em que nossas decisões e atitudes frente às
diferentes situações da vida determinam o grau de nossa evolução e
a nossa frequência básica. O destino que nos aguarda após a morte
está diretamente relacionado à maneira que vivenciamos e nos
comportamos perante os desafios da existência. Ou seja, somos

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
responsáveis por nossa felicidade ou sofrimento, por uma condição
melhor ou pior na vida encarnada e no pós morte.
No cristianismo, a fé ou a graça divina é o que nos fará ir para
o paraíso. Na Umbanda, não temos um paraíso ou inferno
propriamente dito. Acreditamos em locais diferenciados no plano
espiritual, mais adequados e em sintonia com nossa própria vibração
pessoal. Iremos para onde nos afinizamos. Vamos para planos mais
etéreos, mais sutis e elevados se estivermos em condição vibratória
de ir. Caso contrário, ficaremos em locais mais densos e
materializados até que a reencarnação nos chame para os reajustes
e novos aprendizados.
Na Umbanda, à medida que progredimos, que nos
desenvolvemos em nossos potenciais internos, atingimos estados de
maior felicidade e paz íntima. Nós somos os responsáveis por nós
mesmos, ou seja, auto responsáveis por nossa própria felicidade ou
infelicidade. Desta forma, acreditamos na lei de causa e efeito e na
lei de retorno (explicadas depois).
Não acreditamos, como no cristianismo, em um salvador, o
Cristo (ainda que o Orixá Oxalá seja sincretizado com Jesus). A
teologia judaico-cristã está assentada num mito: o do pecado original.
A presença de Jesus de Nazaré no cenário cristão está
radicada numa base mitológica: o mito do salvador atribuído a Jesus.
A paixão e a morte do nazareno teriam sido o preço que lhe foi
imposto – e ele aceitou resgatá-lo, para redimir a humanidade da
culpa de seus primeiros pais, transmitida a toda a sua descendência
por uma maldição divina.
Contudo, adotando a visão reencarnacionista da Umbanda,
haveremos de nos perguntar: nos salvar de quê? De nós mesmos?

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Se somos os responsáveis por nossas vidas, se plantamos e
colhemos com nossas ações e atitudes, quem nos condena ou nos
salva somos nós mesmos. Não há pecado em nossa criação, em
nossa origem. Assim, a Umbanda não é salvacionista.
Os guias na Umbanda são os nossos orientadores na
caminhada da vida. São, em geral, espíritos mais velhos, mais
sábios, que nos auxiliam em nossa existência terrena, ajudando-nos
a fazermos melhores e mais sadias escolhas. Eles vêm, através da
mediunidade de incorporação, para fraternalmente nos orientar sobre
como poderemos viver melhor, com mais equilíbrio, plantando hoje
as sementes de uma existência menos dolorosa no futuro. No
cristianismo, não temos esse benefício, pois o contato com os
espíritos é visto como errado e pecaminoso.
No espiritismo, temos também o contato com guias espirituais,
que nos orientam em nossas vidas. Porém, esses orientadores do
espiritismo não são guias de Umbanda (salvo algumas exceções).
Em geral, são espíritos com maior ou menor evolução espiritual, que
se dispõe a orientar e trabalhar em nosso auxílio. Não existe no
espiritismo trabalhos de magia ou o uso de instrumentos ritualísticos,
como velas ou ervas. Também não há culto aos Orixás.
Na Umbanda, os guias espirituais trabalham em Linhas de
Trabalho, com características de incorporação e trabalho
semelhantes dentro da mesma linha. Usam nomes simbólicos e
estão mais capacitados a lidar com magias. Organizam-se em
hierarquias espirituais e trabalham sob a regência e irradiação dos
Orixás.
Além do contato com espíritos guias, temos também templo,
altar, roupas cerimoniais, defumação, magia, cantos, atendimentos

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
caritativos, e a presença marcante de Linhas de Trabalho com
características próprias como os caboclos, pretos-velhos, crianças,
exus, pombagiras, baianos, boiadeiros, ciganos, cangaceiros.
É possível praticar a Umbanda sem nenhum conhecimento,
sem nenhum estudo, sem ter ideia de onde veio e para onde vai. No
entanto, isso demonstra falta de interesse e de aprofundamento
naquilo que se cultua. Esse perfil revela ignorância cultural e um
comportamento oportunista de quem quer se beneficiar do que a
Umbanda pode lhe oferecer de bom, mas não quer se comprometer.
A Umbanda é uma nova religião, mas que traz em si a
sabedoria ancestral e milenar, resgatando valores ancestrais de culto
e amor à natureza. Os espíritos que se manifestam na Umbanda
trazem a experiência de terem participado de muitas culturas,
religiões e tradições diferentes. A Umbanda é jovem e isso lhe dá
oportunidade de viver de acordo com seu tempo, de falar linguagem
atual, de se expressar de forma simples e direta.
Identificar-se com a Umbanda é tornar-se parte de algo que
existe no contexto social contemporâneo e não apenas uma
experiência espiritual isolada. Embora muitas vezes o umbandista se
sinta só, ele faz parte de uma egrégora e trabalha com espíritos que
estão ligados uns aos outros dentro de hierarquias compostas por
incontáveis espíritos, e estão trabalhando todos juntos na Umbanda.
Os guias de Umbanda nunca trabalham sozinhos.
Não podemos dizer que a Umbanda é a melhor religião em
comparação com as outras. Mas é a melhor religião do mundo para
os umbandistas. Cada religião tem o seu perfil e atrai para si uma
comunidade de pessoas afins com seus preceitos, doutrinas e
paradigmas.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
“- Santidade, qual a melhor religião do mundo?
 A melhor religião do mundo é aquela que faz de você uma
pessoa melhor.” Dalai Lama, líder espiritual do budismo
tibetano.

Linhas de Trabalho

Os espíritos tem muitas vias evolutivas a sua disposição e


seguem aquela que se mostra mais afim com sua natureza íntima. A
Umbanda é uma dessas vias evolutivas, e a quantidade de espíritos
que afluem para ela é tão grande que foi preciso criar linhas ou
correntes espirituais para acomodar tanta gente. Essas linhas
cresceram e formaram hierarquias chefiadas por espíritos mentores
de Umbanda.
Elas têm nomes simbólicos, sempre associados aos elementos
da natureza, aos vegetais, aos animais, às cores, etc. Chamamos
essas falanges, esses grupos de espíritos, de Linhas de Trabalho.
Elas obedecem a irradiações divinas e são regidas pelos orixás
intermediários, que estão mais próximos de nós.
As Linhas de Trabalho são atratoras dos espíritos que buscam
uma oportunidade de evolução dentro da religião umbandista. Um
guia espiritual é um manifestador de um mistério religioso.
Quando um guia se apresenta como um Caboclo de Ogum, por
exemplo, é porque ele foi incorporado às hierarquias do Orixá Ogum

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
e, desenvolveu em si uma das qualidades desse orixá e atua regido
por este orixá. Encontramos nos nomes simbólicos dos Guias de Lei
sua qualidade e seu campo de atuação. Assim, temos Caboclos de
Oxalá, de Iemanjá, etc. E o mesmo se repete com as outras linhas
de trabalho.
Por exemplo, temos Exu Tranca Rua, que atua sob a irradiação
de Ogum; Exu Lúcifer, de Oxalá; Exu Marabô, de Oxóssi; Exu Tiriri,
de Ogum; Exu Ferrabrás, de Xangô.
Outros nomes podem ser utilizados como qualificativos mais
precisos. Exu Tranca Rua das Almas, é Exu de Ogum, que atua sob
a irradiação de Obaluaê e Omulu.
A Pombagira Maria Mulambo, é regida por Oxum e atua na
irradiação de Omulu. As Marias são regidas por Oxum, e Mulambos
(mal vestida, maltrapilha, miserável), por Omulu.
Porém, há Linhas de Trabalho cujos os nomes simbólicos dos
guias ainda são velados, ou seja, não temos acesso às suas
regências de forma clara. Por exemplo, em algumas linhas de Preto-
Velhos, os nomes dos guias não nos indicam claramente quais são
seus orixás regentes, como Sinhá ou Preto. Mas, certamente, há um
orixá regente dos trabalhos destes guias de Umbanda.
Na Umbanda, tradicionalmente diferenciamos em Linhas da
Direita, composta por Caboclos, Pretos-Velhos e Crianças, e Linhas
da Esquerda, com as Linhas dos Exus, das Pombagiras e Exu e
Pombagira Mirins. As outras linhas são chamadas Linhas
Intermediárias, como os boiadeiros, cangaceiros, baianos,
marinheiros e ciganos.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Em geral, nos terreiros de Umbanda, as Linhas da Esquerda
são subalternas às Linhas da Direita, ou seja, os guias da Esquerda
servem aos guias da Direita.
Há terreiros em que as Linhas de Esquerda não são admitidas,
ou seja, não podem trabalhar incorporados em médiuns. Noutros,
podem incorporar em giras próprias e específicas, muitas vezes
fechadas ao público, para executarem determinados trabalhos de
desmanche e descarrego.
No Jardim dos Orixás, como parte da doutrina da casa, as
Linhas da Esquerda são consideradas complementares às Linhas da
Direita, ou seja, não há uma tácita subalternidade entre os guias da
Esquerda aos guias da Direita. Entendemos que cada Linha de
Trabalho tem seu campo de atuação, suas características e
hierarquia interna própria.
Temos Preto como o preto-velho responsável pelo terreiro, pela
doutrina e preceitos da casa, pela orientação básica dos rumos
adotados pelo terreiro como um todo. Ele é o ”teto” quando pensamos
em grau evolutivo geral dos guias que normalmente trabalham no
Jardim dos Orixás.
Já o Sr. Exu Tranca Rua das Sete Encruzilhadas é o
responsável pelas giras, pelos trabalhos espirituais práticos do
terreiro, pelo “dia a dia”. É ele quem assume a frente na maioria das
giras, enquanto noutras, Preto está à frente.
Certamente, há umbandistas que entendem que um Exu não
pode assumir a frente das giras, pois são muito atrasados ou pouco
evoluídos. Ou mesmo, que essa dinâmica em particular é coisa da
Quimbanda.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Contudo, no Jardim dos Orixás, é sim um Exu que assume a
coordenação das giras, e fazemos Umbanda. E nas nossas giras,
todas as Linhas de Trabalho são convidadas a trabalhar, muitas
vezes com a presença de guias de diferentes linhas ao mesmo
tempo, cada um cumprindo seu papel em harmonia uns com os
outros.
Preto nos ensina que todas as linhas estão presentes no
terreiro, trabalhando em “giras dentro de giras'', como se fossem
círculos dentro de círculos. Assim, quando necessário, guias de
Linhas de Trabalho diferentes podem incorporar ao mesmo tempo,
compartilhando a mesma gira. O convívio harmonioso e pacífico
entre linhas diferentes é perfeitamente possível na prática, sendo as
proibições ou impedimentos produto de doutrinas e preceitos
específicos, ou simples preconceito.
No Jardim dos Orixás trabalhamos muito bem com Exu à frente
das giras, e com guias de diferentes linhas incorporados ao mesmo
tempo, compartilhando a mesma gira. Quem se afiniza com esta
forma de trabalho, pode vivenciar a beleza de ver o respeito mútuo
entre os guias, a divisão de tarefas, a força da gira com diferentes
vibrações e frequências de energia.
Agora, dizer que isso é impossível sem ter vivenciado nenhuma
vez, ou que não tem incorporação nenhuma e todos estão só
“irradiados”, ou outras críticas descabidas e sem fundamento, é falar
com má fé, ignorância e falta de respeito para com os irmão
umbandistas.
A seguir, estudaremos brevemente as Linhas de Trabalho que
incorporam no Jardim dos Orixás.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Linhas da Direita

Caboclos

Caboclo é um grau manifestador de um mistério, o Mistério


Caboclo. É uma das linhas de trabalho de Umbanda. São espíritos
incorporados às hierarquias regidas pelos orixás intermediários,
vindos de todas as religiões e diversas formações teológicas e
culturais.
Cada uma dessas religiões recebeu uma ou mais linhas de
trabalhos espirituais dentro da Umbanda. Os Caboclos são seres que
lidam com os aspectos positivos dos Orixás.
O mistério Caboclo é formado por espíritos com elevado grau
espiritual, em que o senso moral, a espiritualização, a fraternidade e
o desapego aos bens materiais está bastante desenvolvido. Tem
elevado senso de nobreza e coragem, são aguerridos e valentes em
seus trabalhos.
Utilizam em seus trabalhos instrumentos indígenas como arcos
e flechas, cocares, tabaco e outros itens em sua indumentária. São
profundos conhecedores das ervas medicinais, promovem trabalhos
de limpeza e proteção, bem como curas espirituais. Alguns são
calados e bastante diretos em suas falas, enquanto outros têm perfil
mais orientador.
Muitas vezes, em suas incorporações, dão grandes
brados (grito; voz que propagada de modo intenso e forte),
manifestando a sua força e vigor.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Muitos espíritos de outros povos também trabalham nas
correntes espirituais umbandistas como caboclos.

Pretos-Velhos

Assim como o Caboclo, Preto Velho, no ritual de Umbanda, é


um grau manifestador de um Mistério Divino. Mas nem todo preto
velho é preto ou velho. São espíritos elevadíssimos que se
manifestam sobre aparência de negros escravos trazendo-nos o
exemplo da humildade e simplicidade da alma.
Seu campo de atuação é vastíssimo e os encontramos
atuando nas Sete Linhas de Umbanda, trabalhando a evolução nos
sete sentidos da vida dos seres.
Sua manifestação desperta a paz, a tranquilidade, a esperança
e a perseverança, remetendo-nos à reflexão de nossa própria
natureza íntima. Com sua sabedoria e paciência, traz sempre uma
palavra de fé e de consolo.
São muitas as correntes espirituais conhecidas pelos nomes
dos seus criadores, que foram geralmente espíritos que viveram sob
o rigor do cativeiro. Quando encarnados na terra, pertenceram a
diversas etnias ou povos africanos que foram trazidos para o Brasil à
força.
O período escravagista forjou e modelou espíritos fortes,
perseverantes, resistentes e exemplares, pois, mesmo não tendo o
direito de escolha, ainda assim não se entregaram ao ódio puro. Foi
essa nobreza, essa capacidade de perdoar seus algozes que
distinguiu esses espíritos de ex-escravos e proporcionou-lhes um
lugar de destaque na religião umbandista.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
A figura dos velhos feiticeiros negros conhecedores de rezas e
de encantamentos poderosos, capazes de realizar milagres, foi o
arquétipo ideal para atrair para religião umbandista milhares desses
espíritos. Eles despertam em nós o amor e o respeito, e unem nos
terreiros negros, brancos e mestiços.
Trabalham sempre sorrindo, são muito gentis em suas falas,
calmos e serenos. Dão passes, benzimentos, prescrevem banhos
com ervas, orientam e aconselham sobre condutas mais adequadas
em situações da vida. Em geral, trabalham sentados, fumam
cachimbo e bebem café, usam guias, terços e ramos de folhas para
benzimentos. São bastante pacientes ao ouvir as pessoas, e utilizam-
se de linguagem simples e cheias de metáforas, com imagens da
natureza ou do dia a dia, para explicar conceitos e ideias complexas
de maneira que fiquem mais compreensíveis.

Crianças, Ibejis ou Erês


(Usamos as três palavras como sinônimos no Jardim dos
Orixás)

A linha das crianças é uma das mais misteriosas da Umbanda.


Esses espíritos infantis nos surpreendem pela ternura, inocência,
carinho e amor que vibram quando incorporam em seus médiuns.
Esse arquétipo não foi fornecido pelo lado material da vida, pois
uma criança de 5 a 7 anos de idade não está apta, por mais
inteligente que seja, orientar adultos atormentados por profundos
desequilíbrios espirituais ou materiais. Quem forneceu o arquétipo
foram os seres que chamamos Encantados.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Não foi fundamentada em espíritos de crianças que
desencarnaram, mas sim nas crianças encantadas portadoras
naturais de mistérios regidos pelos sagrados Orixás.
O arquétipo fundamentou-se nos espíritos encantados ainda
infantis regidos pelas mães Orixás, que os acolhem em seus vastos
reinos, e os amparam até que cresçam e alcancem um novo estágio
evolutivo, já como espíritos naturais. O mistério Encantado será
melhor estudado em outro momento.
Os espíritos que se manifestam na linha das crianças atendem
pessoas, dão passes, benzimentos, fazem magias, comem doces,
bolos, bebem guaraná ou outras bebidas doces. Tudo isso é feito
com muita alegria e simplicidade enquanto brincam com carrinhos,
apitos, bonecas e outros brinquedos.
Essa linha é tão forte que muitos adultos sisudos se
transfiguram e se tornam irreconhecíveis quando incorporam,
pulando, correndo e brincando pelo salão.

Assim, fica claro que os guias que se manifestam e trabalham


na Umbanda usam nomes simbólicos e são regidos por orixás, que
lhes dão as forças e características essenciais de sua apresentação
e modos de trabalhos.
Nem sempre um Preto-Velho, por exemplo, foi negro e escravo
em sua última encarnação. Às vezes, o espírito que está utilizando o
arquétipo (todo e qualquer tipo de padrão ou modelo; paradigma;
aquilo que está no âmbito do inconsciente coletivo e tende a ser
compartilhado por toda a humanidade) de preto-velho teve outras
vidas longe do Brasil, mas se afiniza com as energias dos pretos-

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
velhos, com sua maneira de trabalhar, e se utilizam da roupagem
fluídica deste arquétipo para se apresentar nos terreiros.
É claro que este espírito terá de ter nível evolutivo adequado
para ser aceito nesta Linha de Trabalho, bem como deverá passar
por estágios e treinamento adequado para adquirir os conhecimentos
necessários para trabalhar na Umbanda. Mas também trará em seu
cabedal de conhecimentos e em sua maneira de falar e trabalhar,
seus próprios conhecimentos e vivência que amealhou durante sua
muitas vidas, tornando sua manifestação única, ainda que parecida
com os outros integrantes da mesma linha.
Certa vez, em conversa com um Exu, este me disse que
demorou em torno de 40 anos terrenos para estar pronto para
trabalhar como Exu de Umbanda.

Linhas Intermediárias

Cangaceiros

Os cangaceiros é uma linha de trabalho pouco comum nos


terreiros de forma geral. Mas têm presença marcante em nossas
giras.
São bastante festivos e ativos, rodopiam e dançam bastante
quando incorporam. São valentes, destemidos, diretos em suas
orientações e bastante expansivos.
Valorizam a coragem e gostam de trabalhar em demandas
diretas com as trevas. Fazem trabalhos de proteção individual e das

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
giras, quebra de magia, desobsessão, busca e resgate de espíritos
escravizados nas regiões umbralinas.
Bebem cachaça, fumam cigarro de palha, utilizam instrumentos
e vestimentas características dos cangaceiros como facas, chapéu
de couro, cinturões de couro. Utilizam nomes simbólicos
relacionados ao período histórico do cangaço, como Seu Severino,
Zé do Cangaço, Caixa de Fósforo, Corisco, etc.

Malandros

São formados por espíritos que se apresentam com bastante


desenvoltura, extrovertidos, falantes, gentis, galanteadores e
festivos. Dançam e cantam durante as giras, dão passes e
orientações, e prescrevem trabalhos. Com seu jeito peculiar de ser
e falar, conseguem resolver ou contornar problemas de difícil
solução. Para alguns, é considerado o espírito patrono dos bares,
locais de jogo e sarjetas. Também chamado de “advogado dos
pobres”.
Tem como maior e mais famoso expoente o sr. Zé Pilintra, que,
segundo relatos, teria sido o sr. José Pereira dos Anjos em sua última
vida em Pernambuco, mestre do catimbó e juremeiro. Mas muitos
espíritos diferentes podem trabalhar na linha dos malandros usando
o arquétipo de Zé Pilintra, desde que tenha condições, capacidades
e conhecimento para isso.
Apresentam-se vestidos de branco, com chapéu branco e fita
vermelha, e terno branco. Outras vezes, podem se vestir de listras,
ou vermelho, mas, em regra, usando chapéu panamá. Outros nomes

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
de guias desta linha são o sr. Zé Pretinho, Malandro do Morro,
Malandra Maria Quitéria, etc.
Podem se manifestar em giras de Exus, mas não são Exus.
Também, incorporam-se em giras de outras Linhas de Trabalho,
como boiadeiros ou dos pretos-velhos.
Fumam cigarro ou cigarrilha e bebem cerveja, utilizam-se de
moedas e baralhos em seus trabalhos.

Marinheiros

Os marinheiros são espíritos que, em geral, viveram do mar,


para o mar e pelo mar. Por ''marinheiro na Umbanda” entendemos os
oficiais marinheiros, navegadores, pescadores, corsários e povos
ribeirinhos ligados à pesca, todos ligados à linha das águas.
A maioria desses guias é regida por Iemanjá. Mas outros são
regidos por Oxum, Nanã e Iansã.
Quando incorporam em seus médiuns, esses guias se
movimentam e dançam como se estivessem se equilibrando em um
tombadilho de navio ou barco, com um gingado todo característico.
Para os médiuns, entrar em uma gira de marinheiro traz a sensação
de que tudo está balançando, que o chão está móvel, como se
estivessem no mar.
Podem pedir vestimentas específicas ou usar o padrão branco
em seus médiuns. São alegres e festivos. Bebem rum ou outras
bebidas destiladas, como cachaça. O álcool lhes dá estabilidade em
suas incorporações, desde que seja ingerido em pequenas
quantidades.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
São ótimos para casos de doenças, cortar demandas e para
descarregar locais de trabalhos espirituais.

Baianos

Ao que tudo indica, esta Linha de Trabalho arregimentou


espíritos que, em suas últimas vidas, foram sacerdotes de cultos de
matriz africana, ou seja, babalorixás e ialorixás. Muitos deles,
apresentam-se com vestimenta baiana típica, tem linguajar com forte
sotaque baiano, são alegres e brincalhões.
Lidam com maestria com as magias de quimbanda, trabalham
em quebra de demandas e de magia negativa, desmanches de
trabalhos, e fazem orientações diversas. Fazem rezas e benzimentos
com ervas variadas, e indicam banhos e trabalhos com as energias
dos Orixás.
A gira dos Baianos é sempre dotada de muita leveza e alegria.
Esses guias são grandes orientadores e sempre nos aconselham.
Atuam nas Sete Linhas de Umbanda, trabalhando em todas as
irradiações dos Orixás. Assim, há baianos de Oxóssi, de Xangô,
Iansã, etc. Esses espíritos já tinham intimidade com os Orixás, com
suas magias, rezas, quizilas, feitiços, e dão, assim, continuidade ao
que já faziam quando viveram na Terra.
Fumam cigarro de palha, bebem água de coco, cachaça e
batidas de coco.

Ciganos

É uma linha muito antiga dentro da Umbanda, mas pouco


estudada e divulgada. Tem seus rituais e fundamentos adaptados à

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Umbanda, já que esses espíritos remontam a um passado milenar e
estão ligados ao próprio povo cigano, cuja origem parece ser do
antigo Egito, da Europa Oriental ou da Índia.
Seus trabalhos estão voltados às necessidades materiais e
terrenas dos consulentes, bem como questões amorosas.
Há guias que trabalham nas Linhas da Direita, como Cigano
Pablo e Cigana Esmeralda, e outros que trabalham na Esquerda,
como Exu Cigano e Pombagira Cigana.
Trabalham na irradiação dos orixás, mas louvam Santa Sara
Kali, padroeira desse povo. Frequentemente, associamos às linhas
espirituais dos orixás Oxalá, Logunã e Iansã.
Utilizam-se em seus trabalhos taças com água ou vinho, frutas,
ervas para banho, incenso e cristais.

Linhas da Esquerda

Exu
Ao comentarmos sobre Exu, primeiramente devemos salientar
que há o Exu espírito, o guia propriamente dito que incorpora no
médium, e o Orixá Exu.
O guia Exu é um espírito humano que foi “exunizado” em algum
momento de sua evolução, ou seja, foi acolhido, aceito, ensinado,
treinado e imantado com as energias do Orixá Exu.
O Orixá Exu é um Mistério Divino manifestado na Umbanda,
que tem campo de atuação do lado negativo dos 14 Orixás Maiores.
É agente cármico e executor da Lei Divina, assumindo, na Umbanda,
o papel de cobrador, retificador e punidor dos desvios.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Está ligado à sexualidade masculina, e irradia fortemente o
fator vitalizador.
Há muitos terreiros de Umbanda que não aceitam Exu como
Orixá, mas apenas como espírito. E, muitas vezes, esses espíritos
são vistos como pouco evoluídos e a serviço das Linhas da Direita.
No Jardim dos Orixás temos assentamento para o Orixá Exu e
trabalhamos com diversas linhas de Exu, ou seja, com diversas
linhagens e apresentações diferentes de espíritos guia.
Bem ao contrário do senso comum, os Exus que se manifestam
no Jardim dos Orixás são rígidos, disciplinadores, exigentes com
seus médiuns, corrigindo posturas, atitudes, e cuidando bem de perto
dos seus médiuns.
Tem maneira bem direta de conversar. Alguns são taciturnos,
calados, quase ríspidos, enquanto outros conversam bastante, são
galhofeiros, sarcásticos, irônicos e dão grandes gargalhadas.
Executam seus trabalhos com maestria e firmeza.
Não gostam de mentiras e enganações, mas não podem
revelar tudo.
Quanto ao que podem revelar, pergunte-lhes sobre o médium
e seu comportamento, e verá que Exu é o primeiro a apontar os
defeitos de seu “cavalo”. Isso está dentro da qualidade de Espelho
de Exu, ou seja, muitas vezes Exu funciona como espelho, refletindo
em seu comportamento os defeitos e qualidades de seu médium.
Quando vemos, no início da vida mediúnica, a manifestação de
Exu com maneiras indiscretas, rudes ou até agressivas, temos de
nos atentar para a necessidade de orientar o médium, capacitando-
o e ensinando-o, pois Exu está colocando para fora o que há no

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
interior do médium. Exu de Umbanda não precisa ser doutrinado,
quem tem de ser é o médium.
Não devemos subestimar Exu achando que é entidade sem luz,
desprovida de evolução, observando apenas o aspecto externo e
superficial de sua manifestação. No desenvolvimento mediúnico, ele
é um elemento de muita importância, pois dá força e potencializa as
faculdades mediúnicas.
Em uma casa de luz, em um terreiro de Umbanda de fato, Exu
não aceitará trabalhos de ordem negativa a favor de futilidades ou
egoísmo. Estarão trabalhando em sintonia com as entidades da
Direita, complementando as ações e lições dos Caboclos e Pretos-
Velhos, descarregando, limpando e orientando. Exu não é cúmplice
de quem quer praticar o mal.
Dentre os guias que se manifestam na Umbanda, cabe a Exu e
Pombagira a tarefa de ajudar no nosso progresso revelando as
nossas falhas, desvios, vícios, paixões, em suma, nossa Sombra.
São eles que nos evisceram, expondo para nós mesmos o que
reprimimos, o que colocamos para debaixo do tapete, o que fingimos
que não temos, mas que apontamos e julgamos no outro,
escancarando a nossa própria hipocrisia.
Exu não é o diabo, mas trabalha nas Trevas. O sr. Tranca Rua
sempre fala: “Ninguém vai ficar batendo palmas pra mim, mas
alguém tem de fazer o trabalho sujo. E esse alguém é Exu.”
Como parte dos preceitos do Jardim dos Orixás, não
trabalhamos com carne ou sacrifício de animais. Assim, nos
trabalhos com Exu, utilizamos, tabaco, ervas em geral, cachaça ou
outras bebidas alcoólicas, pólvora (raramente, devido riscos de
acidente), padês, moedas, velas, etc, mas nunca coisas de animais.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Há terreiros que aceitam trabalhos de Exu com o uso de carnes
ou até mesmo sacrifícios. Cada um trabalha segundo os ditames de
sua casa.

Pombagira

O Mistério Pombagira é bastante complexo e ainda permeado


de confusões e preconceitos. Assim como acontece com Exu, temos
um Orixá Pombagira, que temos assentado no Jardim dos Orixás, e
as guias chamadas Pombagiras.
Há informações em livros umbandistas de que havia
incorporações de Pombagiras nas “macumbas” do Rio de Janeiro
antes da fundação da Umbanda. Contudo, eram esporádicas e sem
grande fundamentação teológica.
As Pombagiras começaram a aparecer de forma intensa nos
terreiros de Umbanda a partir da década de 60 e 70, juntamente com
os movimentos sociais de valorização da mulher que eclodiram por
todo o mundo. Elas simbolizam tudo que era negado à mulher pela
sociedade machista, opressora e patriarcal do século XX no Brasil,
em que estava reservado o papel de mãe, irmã, esposa e filha
comportada.
São guias de presença marcante e, de certa forma, incômoda
para aqueles mais puritanos e moralistas radicais. Apresentam-se
altivas, seguras, senhoras de si, expressando a liberdade da mulher
do jugo machista.
Muitos a consideram uma espécie de Exu feminino ou mulher
de Exu, mas não é o posicionamento doutrinário do Jardim dos
Orixás. As guias Pombagiras têm suas próprias formas de se
apresentarem, se fundamentarem e trabalharem, e são regidas pelo

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Orixá Pombagira. Este Orixá tem suas próprias características
fundamentais, distintas do Orixá Exu.
As Pombagiras não são espíritos de prostitutas! Essa ideia é
um grande equívoco. Certamente, há aquelas que tiveram vidas em
podem ter se prostituído, mas não é esta vivência pretérita que as
torna hoje Pombagiras nos terreiros de Umbanda.
O Orixá que rege as falanges e linhas das Pombagiras têm
como forte característica o fator estimulador, bem como o fator
excitador, o desejador, sensualizador e o interiorizador. Está ligado
diretamente à sexualidade feminina.
Desta forma, há muitas falanges ou linhas de Pombagira, como
Pombagira Maria Mulambo, Maria Padilha, Cigana, Menina, Rosa
Caveira, Rosa Vermelha, Maria Farrapo, etc, mas todas com
marcante sensualidade e feminilidade.
Os espíritos que trabalham nessas linhas foram assimilados,
acolhidos, aceitos, ensinados, treinados e imantados com as
energias do Orixá Pombagira. Assim, cada guia irradia as energias
deste Orixá, com determinadas características mais evidentes, de
acordo com a falange a que pertence.
Em seus trabalhos durante as giras, apresentam-se muito
faceiras e sensuais, cantam e dançam bastante. Usam vestidos
coloridos, em geral com tonalidades de vermelho e preto. Também
usam brincos, batom, perfume, pulseiras, lenços, fumam cigarrilha e
bebem champanhe.
São risonhas, alegres e festivas, prescrevem trabalhos,
banhos, orientam em questões afetivas e amorosas, sexuais e
matrimoniais.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Introdução à Ética Umbandista

Ética: fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de


viver; a busca do melhor estilo de vida. Pretende o universalismo,
abarcando toda a humanidade.
Moral: conjunto de normas, costumes ou mandamentos
culturais, hierárquicos ou religiosos daquele povo, naquele tempo.
Tem como objetivo maior a regulamentação do comportamento
prático para um bem maior. É circunscrita a um grupo de pessoas e
a um determinado momento histórico.

Estudar a ética da Umbanda é propor o conjunto de conceitos


que norteiam o pensamento e as atitudes dos umbandistas de forma
geral, independente da vertente adotada ou do momento histórico.
Serve, portanto, a toda a Umbanda.
A moral umbandista comporta os usos e costumes exercidos e
adotados por determinado grupo de umbandistas, em algum
momento no tempo. Assim, para uma vertente da Umbanda, tais
ações serão aceitas, enquanto que para outra vertente, as mesmas
ações são proibidas e indesejadas.
Por exemplo, enquanto que para alguns terreiros é aceitável o
sacrifício de animais em determinados trabalhos espirituais, para
muitos outros isso é inaceitável.
O conjunto de valores morais de um terreiro pode permitir esse
tipo de trabalho, tornando-se assim, preceito daquela casa. Esses
preceitos são fundamentados e estão corretos para aquela doutrina

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
específica. E também são moralmente aceitos pelos Pais de Santo e
umbandistas que cultuam naquele terreiro.
Contudo, para muitos terreiros e umbandistas, esta forma de
trabalho, em que há sacrifício de animais, é imoral, inaceitável e
banida de suas práticas espirituais de forma absoluta.

Princípios Éticos Umbandistas

A ética da Umbanda abarca premissas e conceitos que nos


indicam o modo de pensar e a perspectiva que o umbandista tem da
vida. Estudaremos mais detidamente um determinado princípio ético
neste curso, mas temos consciência que este assunto é amplo e
permite diversas perspectivas complementares.
Para este início de discussão ética, analisaremos o princípio da
gratuidade dos trabalhos espirituais.
Para a Umbanda, a cobrança por trabalhos espirituais fere a
ética umbandista, pois estes devem ser caritativos. Isto é consenso
geral, e ajuda a definir uma conduta básica dentro da religião, a
saber: guia de Umbanda não cobra por seus trabalhos e seu auxílio.
Ele atua de livre vontade e em benefício de alguém.
Os guias de Umbanda não exigem qualquer forma de
pagamento material por seus trabalhos espirituais, mas sempre nos
convidam a mudanças de atitude e comportamento. Podem,
entretanto, recomendar determinados trabalhos ritualísticos, que
objetivam promover o bem pretendido, mas nunca como forma de
cobrança pelo trabalho.
Estes rituais prescritos pelos guias são meios, maneiras,
caminhos para se chegar ao bem que se pede, e não o pagamento

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
do guia. Ao pedir determinados objetos de uso ritualístico para a
execução do trabalho, não estabelecem isso como prêmio ou salário
pelos seus serviços, mas como instrumentos de trabalho necessários
para a execução da ação magística e religiosa.
Se houver qualquer forma de cobrança material, esta é
realizada pelo médium, por sua própria vontade e responsabilidade.
Isto serve de modelo e reflexão para o comportamento do
umbandista em geral, de maneira que devemos exercer a caridade
em nossas vidas.
Os guias de Umbanda exercitam a caridade desinteressada em
todos os seus trabalhos, ou seja, não pretendem ressarcimento pelo
auxílio prestado. Além disso, são discretos quanto às suas ações,
não fazendo auto propaganda ou ostentação de suas virtudes e bens
prestados.
A caridade é a disposição para ajudar o próximo, é a tendência
natural para auxiliar alguém que está numa situação desfavorável. É
um estado íntimo que nos orienta para ações em benefício à alguém
em dificuldade. Exige, portanto, fraternidade e empatia para com
outros que estão sofrendo.
O umbandista é caridoso na medida em que adota atitude
fraternal para com todas as pessoas, implementando atos que
tenham o objetivo de diminuir, aliviar ou extinguir o sofrimento de
alguém. Isto é feito dentro das giras, quando voluntariamente o
médium aceita a incorporação de um guia que trabalhará em
benefício de alguém, ou em sua vida cotidiana, através de donativos
os mais variados.
Engana-se quem acha que donativos são apenas materiais,
como dinheiro ou alimentos. Uma simples conversa cordial e atenta

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
pode trazer o alívio necessário naquele momento. A palavra de
consolo em momentos de grande aflição pode ser balsâmica, assim
como a orientação adequada para as dúvidas em situações
importantes da vida.
O umbandista deverá estar sempre atento às oportunidades de
ser útil e de trazer alívio, em atitude de oferecimento livre para o
trabalho no bem e para o benefício do outro que sofre. Nunca deverá
cobrar pelo bem prestado, nem alardear, anunciar e exibir suas
ações virtuosas e beneméritas.
Fere a ética em seu princípio caritativo sempre que o
umbandista age de má fé e em prejuízo de outra pessoa ou situação,
de forma deliberada e intencional. A intenção de prejudicar, de
produzir sofrimento, é o maior indicativo de que algo é antiético.
Desta forma, a calúnia, a intriga, a fofoca, por exemplo, são
antiéticas, pois tem como objetivo o mal alheio. Pioram o sofrimento
de alguém ou de uma situação, aumentam os conflitos e produzem
mal estar entre as pessoas, pois a fofoca nunca tem a intenção de
melhorar coisa alguma.
Além disso, também podemos examinar esta questão sob outro
ponto de vista: o da relação comercial estabelecida no momento da
cobrança.
Toda vez que se estabelece algum valor por um determinado
trabalho, fica-se sujeito aos princípios e códigos que norteiam as
relações comerciais. Quem paga por um serviço, quer a execução do
serviço, e pode reivindicar presteza, ligeireza e conclusão completa
do trabalho contratado.
Porém, na Umbanda, os guias devem respeitar a Lei Maior em
seus aspectos de Lei de Causa e Efeito e Lei de Retorno. Assim, o

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
auxílio será prestado na medida do merecimento da pessoa. A
resolução completa e ligeira da situação sofrida depende da condição
merecedora daquele que sofre.
Sempre haverá auxílio por parte do guia, que pode ser um
passe espiritual, um benzimento, uma orientação adequada, um
banho de limpeza, etc. Mas nem sempre a solução da questão que
traz sofrimento pode ser resolvida naquele momento, naquele
contexto e por aquele guia.
Muitas vezes, questões cármicas, de vidas passadas, estão em
ação, exigindo retificações e aprendizados que o guia não tem
autorização para, ou não convém, mexer. Ele pode trazer algum
alívio, estimular com palavras de conforto, orientar naquilo que a
pessoa deve fazer para se melhorar, se corrigir, mas, às vezes, não
pode resolver.
Contudo, se há uma relação comercial estabelecida, ou seja,
se um trabalho foi contratado por determinado valor, o contratante
poderá exigir um benefício que, de fato, não merece frente às Leis
Maiores. Os guias, nesse caso, teriam de desrespeitar as leis
espirituais que servem, que se submetem, para agir e trabalhar para
outra pessoa, assumindo para si a responsabilidade por todas as
consequências boas e ruins dessa ação.
O Guia de Umbanda serve à Lei Maior, e não anda “enfiando a
mão em cumbuca” por dinheiro (que não serve de nada para ele, pois
não pode levar para o mundo espiritual!) ou por outra forma qualquer
de pagamento.
Desta maneira, a gratuidade dos trabalhos espirituais protege
os guias e médiuns da obrigatoriedade da resolução de uma situação
qualquer, pois estabelece que somente Deus, em seu aspecto de

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Justiça Divina, tem o discernimento para decidir se algo deve ou não
ser resolvido. Se há merecimento por parte da pessoa, então os guias
farão o que for necessário para solucionar a questão, utilizando-se
dos recursos adequados e próprios das Linhas de Umbanda, sem
extravagâncias e exageros desnecessários.
Neste breve estudo introdutório, mostramos que a Umbanda é
uma religião rica em conceitos, fundamentos, rituais, e têm
paradigma próprio. O estudo e a imersão nesta religião nos permite
vislumbrar a profundidade de seus ensinamentos e a riqueza de sua
estrutura teológica.
À primeira vista, numa rápida e apressada observação,
podemos até achar que ela se resume ao transe mediúnico, visto nas
giras, e ao trabalho de benzimento dos espíritos que se manifestam.
Mas isso é um grande engano!
A Umbanda é religião e tem fundamento. Tem ética e
paradigmas próprios. É diversificada em suas apresentações e
ritualísticas. Isso é riqueza, é fortaleza na diversidade.
Umbanda é para umbandistas, e deve ser pensada e vivida por
umbandistas.

Orientações práticas sobre atitude e


comportamento para os umbandistas do Jardim dos
Orixás

No Jardim dos Orixás, utilizamos como baliza, como referência,


para o estudo e determinação dos preceitos morais, as

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
características das Sete Linhas de Umbanda ou Tronos Divinos,
firmadas e assentadas no terreiro.
As Sete Linhas de Umbanda cultuadas são:
 Linha da Fé, regida pelos Orixás Oxalá e Logunã
 Linha da Lei, regida pelos Orixás Ogum e Iansã
 Linha da Justiça, regida pelos Orixás Xangô e Oroiná
 Linha do Amor, regida pelos Orixás Oxum e Oxumaré
 Linha do Conhecimento, regida pelos Orixás Oxóssi e Obá
 Linha da Geração, regida pelos Orixás Iemanjá e Omulu
 Linha da Evolução, regida pelos Orixás Obaluaê e Nanã

Cada uma destas linhas está assentada em um lado da Coluna


dos Orixás, de maneira que, em cada lado, existem as irradiações de
dois Orixás, de dois pólos, complementares em suas ações.
Cada lado da coluna tem uma cor do arco-íris, representando
um Trono Divino. Assim, observando em sentido anti-horário, temos:
 Trono da Fé, lado branco
 Trono da Lei, lado vermelho
 Trono da Justiça, lado alaranjado
 Trono do Amor, lado amarelo
 Trono do Conhecimento, lado verde
 Trono da Geração, lado azul
 Trono da Evolução, lado violeta

Quando estudamos as características de cada Trono Divino e


suas influências sobre nós, conseguimos identificar os preceitos
morais que devemos exercitar e desenvolver em nossas vidas. Cada

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Trono tem sua própria irradiação, e estimulam de maneira peculiar
nossas mentes, nossas emoções e nosso comportamento.
Compreendendo isso, podemos determinar quais são as
atitudes que os umbandistas precisam cultivar em suas vidas,
aumentando a afinidade com os Tronos Divinos e a sintonia com os
Orixás Maiores.

Trono da Fé

Estimula em nós a religiosidade, o cultivo da fé em suas mais


variadas formas e manifestações, a congregação em torno de
objetivo maior, a união, a fraternidade, a paz, o convívio pacífico.
Desta forma, para nos afinizarmos melhor com o Trono da Fé,
devemos cultivar a fé em Deus, e nos tornarmos mais fraternos e
pacíficos em nossas vidas.
Este sentido da Fé é muito importante num terreiro de
Umbanda. Quando cultivamos a religião em um ambiente harmônico
e fraterno, em que todos estão ligados pelo objetivo maior de culto à
Deus, conseguimos muito mais equilíbrio e bem-estar,
desenvolvemos melhor nossos trabalhos espirituais e os frutos
desses trabalhos são muito melhores.
Em nossas vidas, é o sentido da Fé que nos dá tranquilidade e
coragem para enfrentar os desafios da existência com firmeza e
atitude positiva, sem desespero. É a certeza de que somos amados
e amparados pelas forças divinas que nos fazem continuar quando
os reveses da vida nos colocam a prova.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
- o cultivo da fraternidade entre todos
- a união apesar das diferenças

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
- a paz em toda a sua extensão para com outros e para consigo
- a religiosidade, em todas as suas formas de se manifestar, seja
umbandista ou não, seja através de uma religião ou não

Trono da Lei

O Trono da Lei estimula em nós a ordem, o direcionamento, a


hierarquia, a disciplina, o respeito, o senso do dever, da retidão, do
que é correto e deve ser feito.
É este Trono que estabelece o ordenamento adequado na
execução de algum trabalho específico. Todos os trabalhos são
executados em uma sequência específica, que nos conduz a um
resultado esperado. Se esta sequência não for respeitada, não
atingiremos o objetivo almejado.
Assim, todas as nossas ações e comportamentos tem uma
consequência posterior, um resultado final. Por isso, vivemos hoje as
consequências do que plantamos ontem.
O senso do dever, do fazer o que é certo, é estimulado por este
Trono Divino. Podemos errar sabendo que estamos errados, ou por
ignorância. No primeiro caso, ferimos a Lei e receberemos a justa
“punição”; no segundo, a Lei Divina saberá dosar as consequências
de nossas tolices.
O respeito à hierarquia é um valor importante e necessário, pois
sem organização hierárquica, os grupos humanos não conseguem
cooperar internamente, e tornam-se caóticos. O respeito a quem está
exercendo a posição de comando em alguma atividade permite a
TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS
JANEIRO DE 2021
concentração de forças, divisão de tarefas, maior eficiência do grupo,
e resultados muito mais satisfatórios.
A Lei de Causa e Efeito está embasada neste Trono, de
maneira que tudo está encadeado, ordenado em sequência, e que
tem como sentido temporal passado-presente-futuro. Tudo está
unido a tudo. Os efeitos são causas de outros efeitos num devir
infinito.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
 o respeito a hierarquia
 o dever de fazer o certo, mesmo que venhamos a mudar de
opinião sobre o que é o certo no futuro
 a disciplina
 a retidão de caráter

Trono da Justiça

Este Trono Divino estimula o equilíbrio, a razão, a equidade, o


senso de justiça, a imparcialidade.
São essas irradiações que nos ajudam a manter “a cabeça no
lugar”, a nos tornarmos mais racionais e menos emotivos, evitando
as ações irracionais e passionais.
É através da imparcialidade que podemos ser justos na análise
de alguma coisa ou situação. Devemos sempre sermos ponderados
e cuidadosos nas nossas críticas e julgamentos, pois, muitas vezes,
damos preferência mais para um lado do que para o outro por
motivos emocionais ou por simpatia/antipatia.
Podemos incorrer em grande injustiça quando criticamos uma
pessoa sem termos clareza das circunstâncias e motivações dela.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Recomenda-se prudência e moderação nas palavras ao avaliarmos
as ações e atitudes das pessoas, pois comentar sobre a vida alheia
pode soar fofoca e intriga.
A Lei de Retorno é um aspecto da Justiça Divina, traz de volta
tudo que fizemos no passado, e trará de volta, num futuro mais ou
menos longínquo, tudo que fazemos hoje.
Aquilo que a Justiça Divina coloca em nossas vidas é a maior
expressão de justiça possível. Não há injustiça perante a divindade,
não há erros cometidos por Deus. Se uma situação boa ou ruim,
agradável ou desagradável, chegou à nossa vida, podemos ter
certeza: nós merecemos!
Se é desagradável, que seja o estímulo para que mudemos
nossas condutas, nossas atitudes, refletindo sobre as lições que
aquela situação nos convida a aprender. Se é agradável, então ela é
o coroamento por coisas boas que fizemos, pelas virtudes
exercitadas no passado e no presente, e devemos viver com
plenitude esses momentos.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
 ser mais equilibrado e menos passional
 ter respeito para com todos
 ser o mais imparcial possível na avaliação de qualquer pessoa
ou circunstância
 evitar comentários caluniadores e depreciativos a respeito de
qualquer pessoa, situação e circunstância
 ser ponderado e sensato nas palavras, atos e atitudes

Trono do Amor

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
O Trono do Amor estimula em nós o amor, a união amorosa, a
concepção, a docilidade, a riqueza, a fartura.
O amor pode ser experimentado em diversas relações
humanas: num casal, mãe e filho, entre humano e animal, entre
homem e Deus. Cada um desses aspectos do amor é estimulado e
regido por esse Trono Divino.
O amor sempre pressupõe doação, e às vezes reciprocidade.
Quem ama, sempre quer dar o melhor de si para o outro, deseja que
o outro para de sofrer e seja feliz. Mas pode não haver retorno desses
sentimentos e devotamento. Uma mãe pode amar seu filho mesmo
que esse não a ame. Uma mulher pode amar um homem mesmo que
esse não lhe dê valor algum. Deus ama ao homem mesmo que esse
não lhe dirija nenhum pensamento ou devotamento.
A Lei de Atração é um dos aspectos desse Trono. Atraímos
tudo aquilo que amamos, em que concentramos nossos
sentimentos. Se amamos o belo, é isso que teremos em nossas
vidas. Se amamos o feio e degradado, é isso que teremos em nossas
vidas.
A riqueza e a fartura também são estimuladas por essa Linha
de Umbanda. Dizemos que Oxum é a “deusa da riqueza”.
Na Umbanda, entendemos que a fartura é propriedade da vida,
e que a vida abundante está acessível a todos nós.
Observe uma árvore, uma mangueira, por exemplo. Ela não se
limita a ter meia dúzia de folhas e ramos. Ao contrário! Ela é a própria
expressão do vigor e da vida em abundância. Quando ela produz
seus frutos, é em grande quantidade, é toda fartura!

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Assim devemos ser também, fartos em nossas vidas, cheios de
vigor, de ações que adocicam a existência, que constroem coisas
boas neste mundo.
O amor está em tudo e em todos na existência, pois o Trono do
Amor irradia infinitamente por todo o universo. Cultivar o amor nos
torna mais fartos em todos os aspectos da vida, tanto material, como
espiritual, pessoal, emocional, mental.
Quem é mesquinho, sovina, não pode ter sucesso e
abundância na vida, pois o fluxo, a sintonia com este Trono Divino,
está fraca, pouco cultivada. O amor é uma das chaves da fartura.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
 amar a Deus sob todas as coisas
 amar ao próximo como a si mesmo
 desejar o bem para o outro, mesmo quando não há
reciprocidade
 ser abundante de boas ações na vida
 amar-se

Trono do Conhecimento

O Trono do Conhecimento irradia a busca pelo conhecimento,


a expansão, o aprendizado, a concentração, o raciocínio, o saber, a
memória.
Aprender é o processo de adquirir conhecimento através da
vivência de uma situação ou através da instrução educacional.
Aprendemos pela experiência prática ou aprendemos pela dedicação
ao estudo de algo.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Essa propriedade de aprender, nos possibilita melhorar nossas
habilidades de solucionar problemas, de encontrar maneiras
mais adequadas para viver, nos torna adaptáveis aos desafios da
existência.
Quem não aprende, não evolui, não se adapta, fica enrijecido
e petrifica-se.
A força deste impulso pelo aprendizado, pela expansão regida
por esse Trono Divino, é tão grande que, quando resistimos e,
teimosamente, recusamos mudanças através da aquisição de novos
conhecimentos, nós sofremos. A vida exige adaptação e melhoria
constante, e quando resistimos a este movimento, ela nos envia a
dor para nos estimular.
Expandir o conhecimento é, portanto, fundamental para que
haja progresso em nossas vidas. Mas é importante que tenhamos
foco em nosso aprendizado, concentrando-nos em algumas áreas do
conhecimento, aprendendo gradualmente uma coisa por vez.
É impossível aprendermos sobre tudo que existe em uma única
vida. Há muita coisa para se ver e experimentar. E o conhecimento
humano está em contínua expansão.
Desta forma, em cada vida, temos a expansão e a aquisição de
conhecimentos referentes a determinada perspectiva da existência,
concentrando-nos em determinadas vivências e experiências. Em
cada vida na Terra, através da reencarnação, adquirimos mais
aprendizado, mais experiências, mais conhecimentos, e
progredimos.
De que adiantaria experimentar situações novas, estudar novos
assuntos, se esquecêssemos de tudo logo em seguida? Seria
infrutífero todo este trabalho.

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
A memória está sob a regência deste Trono Divino, fixando os
novos conhecimentos e acomodando-os junto aos que já existiam em
nós.
Como este Trono vibra principalmente a energia vegetal, temos
seu ponto força nas matas, sendo este o local onde fazemos nossas
oferendas em trabalhos específicos. Mas sempre que realizamos
oferendas e trabalhos nas matas, devemos tomar o cuidado de não
danificar a natureza, não deixar lixo nesses locais, em especial o que
não for biodegradável.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
 estudar continuamente
 aprender com a experiência
 buscar sempre a expansão de nossos talentos
 zelar pela natureza adotando consciência ecológica ativa

Trono da Geração

Este Trono Divino rege e irradia a criatividade, a maternidade,


a vida, a geração.
Toda forma de criatividade está relacionada a este Trono, seja
ela artística ou relacionada à solução de problemas. Sempre que
criamos novos caminhos, novas formas de pensar, novo desenlace
para alguma situação, estamos vibrando com estas energias.
O Trono Divino da Geração rege a maternidade. É através dela
que a “vida vem da vida”, ou seja, somente o que está vivo pode gerar
outro ser vivo.
Esta vibração tem intensa ressonância na água, principalmente
na água salgada, razão pela qual o mar é seu principal ponto de

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
força. Desta forma, as praias são os locais mais propícios para os
trabalhos com essas energias, onde fazemos as oferendas para Mãe
Iemanjá.
A vida é sagrada. Na Umbanda, valorizamos a vida em todas
as suas manifestações como expressão da divindade.
As portas para a nossa entrada na vida estão em nossas mães.
Ninguém aparece nesse mundo vindo do nada. Todos nós temos
mãe, e alguns, mais de uma (mãe adotiva, mãe de criação, mãe de
peito). As mães são sagradas, e devem receber todo nosso respeito
e cuidado.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
 cuidar e respeitar a vida em todas as suas formas
 cuidar e respeitar todas as mães, humanas ou animais
 zelar pelas praias e pelo mar
 criar valores e situações positivas para nossas vidas e para o
mundo
 viver em plenitude os valores positivos e virtuosos

Trono da Evolução

O Trono da Evolução irradia a mudança, o progresso, a


transformação, o melhoramento constante.
Progresso significa evoluir para melhor. Evolução pode
significar apenas o sequenciamento de atos ou ações, em que,
sempre que um evento A acontecer, logo em seguida virá o evento
B. Não há necessariamente uma complexidade maior no evento B. O
evento B não é necessariamente melhor do que o evento A. Evoluir

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
é dizer que há uma sequência, e que depois do evento A vem sempre
o evento B.
Progresso implica, em regra, o aumento da complexidade e um
senso de melhoria. Desta maneira, o evento B sempre virá depois do
evento A, e B é melhor, mais complexo, mais aprimorado que A.
Quando dizemos que este Trono Divino rege as mudanças em
geral, estamos nos referindo mais ao aspecto de evolução como
simples sequenciamento, sem conotação de melhoria. Se
observarmos a existência, veremos que tudo muda de um estado
para o outro, de um local para outro, de um tempo para outro tempo.
Nada fica estático, nunca.
Contudo, quando nos referimos ao aspecto progresso, estamos
dizendo implicitamente que mudou para melhor, tornou-se mais
aprimorado, mais capacitado para algo, e tornou-se mais complexo.
Mudar sempre vamos mudar. Primeiro somos crianças, depois
adultos e, então, envelhecemos. Porém, mudar para melhor é nossa
escolha.
Podemos acelerar nosso melhoramento, nosso progresso, pela
vontade. Dedicando-nos voluntariamente ao auto aprimoramento,
aceleramos e, de certa forma, conduzimos o nosso progresso. O
livre-arbítrio nos permite essa opção.
É princípio moral e faz parte da doutrina do Jardim dos Orixás:
 melhorar-se sempre
 auto aprimoramento voluntário
 reforma íntima (presume-se reformar para melhorar)
 ajudar e contribuir com o progresso da sociedade em que
vivemos

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021
Encerramos aqui o estudo introdutório da Umbanda. Estas são as
perspectivas e opiniões do Pai de Santo e da Mãe de Santo do Jardim
dos Orixás.

Adotamos a Umbanda Sagrada como referência, mas nos


reservamos ao direito de acomodar seus princípios à realidade de
nosso terreiro.

A sequência natural desta introdução é o aprofundamento em


muitos temas que foram abordados de maneira superficial. E isto
será realizado em outros cursos fornecidos pelo terreiro. Mas a
participação neste curso inicial é pré condição para se frequentar os
outros cursos.

A todos que concluíram este curso, nossos parabéns!!!

Que venham os próximos cursos!!!

TERREIRO DE UMBANDA JARDIM DOS ORIXÁS


JANEIRO DE 2021

Você também pode gostar