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“O pecado original da República”, livro de José Murilo de Carvalho faz críticas à maneira
como a primeira República foi instalada em território brasileiro. Ressaltando principalmente
como a exclusão do povo marcou a vida política do país até os dias atuais, como aponta na
parte do texto em que diz “Até 1930, pode-se dividir o povo da República em três partes.
Imaginemos um grande circulo contendo em si círculos menores. O grande círculo
representa o total da população do país, os círculos menores, as parcelas dessa população
dividida de acordo com sua participação política. Movimentando-nos do centro para a
periferia, chamemos o círculo menor de povo eleitoral, isto é, aquela parcela da população
que votava; o círculo seguinte, um pouco maior representa o povo político, isto é, a parcela
da população que tinha o direito de voto de acordo com a Constituição de 1891; o círculo
seguinte é o do povo excluído formalmente da participação via direito do voto” onde revela
que nem todos os cidadãos contabilizados pelo censo possuíam pleno direito de exercer a
cidadania uma vez que suas necessidades e opiniões não eram validadas por meio do acesso
ao voto. E também em uma parte do texto afirma que o pecado original da república, a
ausência do povo, afeta a política do país até os dias de hoje, quando escreveu: “Quando,
em meio à crise de nossos dias, assistimos ao aumento da descrença nos partidos, no
Congresso, nos políticos, de que se trata se não da incapacidade que demonstra, até hoje, a
República de produzir um governo representativo de seus cidadãos?“
Trazendo para o contexto atual, a cidadania no Brasil segue sendo negligenciada em sua
função de garantir à população direitos civis, sociais e políticos, mesmo tendo se passado
mais de um século desde a primeira República. Uma vez que mesmo que todos os cidadãos
brasileiros possuam direito a participação na política por meio do voto, permanecem sendo
desprezados os direitos civis e sociais da população menos favorecida, como o direito a
proteção contra discriminação por raça, sexo, origem nacional, cor, orientação sexual, etnia,
religião ou deficiência; e os direitos a saúde, alimentação, moradia, trabalho, transporte,
lazer (...) visto que uma porcentagem considerável da população não possui todos estes
critérios atendidos, leva-se como exemplo o fato do país ter retornado ao mapa da fome.