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DIREITO DO TRABALHO
CLÁUDIO FREITAS
Imagem: Pixabay
A teoria dos “diálogos institucionais” surgiu no direito canadense, sendo entendida como
aquela pela qual se busca a interação entre os Poderes da República para legitimar ações
dos mesmos diante do questionamento sobre qual possuiria as melhores condições para
responder casos controvertidos.
Através de tal teoria fica destacado que não caberia ao Judiciário simplesmente a última
palavra acerca da interpretação da Constituição, exigindo-se, em verdade, uma “interação
produtiva entre Poderes”, por meio de argumentos racionais e com o intuito de se permitir
decisões sobre pontos acerca dos quais uma ou outra instituição possua mais
capacidade/legitimidade e/ou se permitir a uma delas o desenvolvimento/evolução de
decisões já tomadas por outra1.
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A tese dos diálogos apresenta, por isso, uma série de razões para repensar a legitimidade
do controle de constitucionalidade e o papel das Cortes na fiscalização legislativa. Isso,
porém, não quer dizer que a Corte está a renunciar sua responsabilidade fiscalizatória
perante os outros Poderes, mas apenas decide que outros Poderes podem primeiro
apresentar remédios para corrigir a violação Constitucional5.
Pela sua leitura, teríamos, então, verdadeira aplicação da teoria dos diálogos institucionais,
eis que o Congresso seguiria os rumos trilhados genericamente pelo STF, aperfeiçoando,
legalmente, o arcabouço no qual se estaria construindo a jurisprudência laboral,
demonstrando, assim, não um embate, mas uma complementação de atuações de acordo
com as capacidades institucionais respectivas.
Podemos apontar, a título exemplificativo, diversos pontos sobre o assunto dentro da nova
legislação de direito material (alterações da CLT promovidas pela Lei 13.467/17):
(ii) artigo 71, §4º da CLT: afronta à Súmula 437, I e III do TST;
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(iv) artigo 477-A da CLT: afronta à jurisprudência consolidada na SDC do TST quanto aos
requisitos para dispensa coletiva7;
(vi) artigo 507-A da CLT: afronta à jurisprudência pacificada da SDI-1 do TST quanto ao
impedimento da arbitragem no Direito Individual do Trabalho8;
Dessa maneira, em que pese a arguição de respeito à Suprema Corte pátria, em verdade o
que se observou, sem margem a dúvidas, foi a total relativização da jurisprudência do TST,
atuação essa de ausência de diálogo, em verdade.
Mas para isso ainda se faz necessária uma densa Reforma Sindical (afinal, retirar a
compulsoriedade da contribuição sindical não é caminho único a se seguir, se mantidas as
bases corporativistas tanto na Constituição quanto na CLT), assim como Reforma
Tributária (até porque, como se sabe, existe excesso de tributos e contribuições sobre as
atividades empresariais e folhas de pagamento) e, mais ainda, Econômica (para verdadeira
retomada de investimentos e reaquecimento da economia especialmente nos ramos mais
necessitados).
Mas se não for o desejo do Legislativo a evolução no sentido de exercício de uma justiça
efetiva para todos, mantidas serão as bases da forma como foram impostas ao operador
do Direito do Trabalho, criando, ao invés de segurança na aplicação dos novos dispositivos,
o caos interpretativo e crítico como pano de fundo para o desmantelamento de um quase
secular ramo do Judiciário. Infelizmente.
RFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROSO, Luís Roberto. O novo direito constitucional brasileiro: contribuições para a
construção teórica e prática da jurisdição constitucional no Brasil. Belo Horizonte: Fórum,
2012.
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HOGG,Peter W.; BUSHELL, Allison A. The Charter Dialogue Between Courts and
Legislatures (Or PerhapsThe Charter of Rights Isn ́t Such A Bad Thing After All). Osgoode
Hall Law Journal, v. 35, 1997.
POST, Robert; SIEGEL, Reva. Roe Rage: Democratic Constiturionalism and Backlash.
Harvard Civil Rights-Civil Liberties Law Review. 2007; Yale Law School, Public Law
Working Paper, nº 131.
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1 HOGG,Peter W.; BUSHELL, Allison A. The Charter Dialogue Between Courts and
Legislatures (Or PerhapsThe Charter of Rights Isn ́t Such A Bad Thing After All). Osgoode
Hall Law Journal, v. 35, 1997. p. 75-124
5 Idem, ibidem.
6 POST, Robert; SIEGEL, Reva. Roe Rage: Democratic Constiturionalism and Backlash.
Harvard Civil Rights-Civil Liberties Law Review. 2007; Yale Law School, Public Law
Working Paper, nº 131.
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