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A R R O JA R - SE À CAS A S ECRETA
MO RT E,
A NT E S Q U E A MO RT E VENH A NO S
BU S CAR?
WILLIAM SHAKESPEARE
ANTIGUIDADE
• Grécia - o suicídio seguia preceitos racionais - O cidadão que desejasse tirar a própria vida deveria
defender os seus motivos no Senado e obter uma permissão oficial para abandoná-la.
• Do ponto de visto filosófico, não existia uma unanimidade sobre o suicídio; a posição variava de acordo
com a escola. De um modo geral, sua prática parece ter sido bem tolerada. Suicídio de Sócrates.
• Platão – condenava, mas abria algumas exceções (condenação, morte dolorosa e ladrões de templos);
• Sociedade Romana – postura tolerante em relação ao suicídio para homens livres. Escravos e soldados
não podiam tirar a própria vida;
• A transformação dessa concepção mais flexível em relação à morte voluntária também começou em
decorrência do fato de que crimes cometidos no Império Romano eram passíveis de pena capital e
confisco de bens pelo Estado e, para evitar essa pena, alguns romanos se matavam antes da sentença,
embasados no princípio jurídico de que com a morte o crime se extingue.
IDADE MÉDIA
• Característico por questionar a relação exclusivamente utilitarista do homem da época com a Natureza, a
ganância por acúmulo de riqueza e, por isso, privilegiar a vivência intensa dos afetos
• Exaltação do suicídio;
• Os jovens são seduzidos pelos impulsos românticos, em que o suicídio surge por desespero amoroso e vazio
da alma.
• O primeiro romance de Goethe, Os sofrimentos do jovem Werther, (1774/2001) - expressão de um clima ao qual
ele dá forma
• “O mecanismo da ficção é idêntico ao das fantasias histéricas. Para criar seu Werther, Goethe combinou algo
que havia experimentado - o amor por Lotte Kastner - com algo que ouvira: o destino do jovem Jerusalém, que
morreu cometendo suicídio. É provável que estivesse brincando com a ideia de se matar, e encontrou um ponto
de contato nisso, identificando-se com Jerusalém, a quem emprestou uma motivação retirada de sua própria
história de amor. Por meio dessa fantasia, protegeu-se das consequências de sua experiência” (Freud,
1867/1996, p. 252).
EFEITO WERTHER
• A maior parte dos suicídios já não gera nenhum processo, mas falar sobre o tema era altamente
represado.
• O sentimento em relação à morte voluntária é mais de compaixão do que de condenação.
• Surgimento da estatística;
• Surgimento dos bilhetes – concepção mais racional da morte voluntária;
• Jamison (2002/1999) nos revela que, de acordo com pesquisas realizadas, a maior parte dos bilhetes
suicidas expressam sentimentos positivos para aqueles que foram deixados e, em geral, possuem
características concretas e estereotípicas (p.61). Pois isso, podemos supor que os bilhetes não são
passíveis de expressar e transmitir todas as causalidades do ato;
SEC. XIX
• “Quando abole a si mesmo, torna-se mais signo do que nunca. A razão disso é
simples: é precisamente a partir do momento em que o sujeito morre que ele
se torna, para os outros, um signo eterno, e os suicidas mais que os outros. É
por isso mesmo que o suicídio tem uma beleza horrenda, que o faz tão
terrivelmente condenado pelos homens, e também uma beleza contagiosa, que
dá margem àquelas epidemias de suicídio que são o que há de mais real na
experiência (Lacan, 1957-1958/1999, p. 254)”.
SÉC. XX – OUTROS CAMPOS DO
SABER
• Camus (1942/2019): “Só existe um problema filosófico realmente sério: o suicídio. Julgar se a vida vale ou
não vale a pena ser vivida é responder à pergunta fundamental da filosofia” (p. 19).
• A partir de 1948, a Organização Mundial de Saúde passou a colher sistematicamente dados sobre
suicídio;
• Relaciona-se, cada vez mais, suicídio com transtornos psiquiátricos;
• Jamison (1999/2002) destaca que desde a década de cinquenta observamos um aumento de suicídio
entre jovens e adolescentes, se revelando como uma importante forma de morrer entre eles.
• Ainda reside o julgamento moral face a morte voluntária.
CONTEMPORANEIDADE
• Comportamento suicida “[...] todo ato pelo qual um indivíduo causa lesão a si mesmo, independente do
grau de intenção letal e do verdadeiro motivo desse ato” (Botega, 2015, p.24).
• Ideação – Planejamento – Tentativa (50% de risco de reincidência);
• “Uma tentativa de suicídio sempre deve ser levada a sério, tanto por suas consequências clínicas como
por ser um importante fator de risco para outras tentativas e para um suicídio consumado no futuro
(Bertolote, 2012, p.24)”.
• Multifatorial e Multideterminado;
• Fatores de Risco;
• Fatores de Proteção;
FATORES DE RISCO
• Fatores de risco predisponentes ou distais (distantes do ato suicida): tentativas de suicídio anteriores,
transtornos mentais, dependências químicas, doenças físicas terminais e dolorosas, história familiar de suicídio,
• Fatores de risco precipitantes ou proximais: separação conjugal, luto, conflitos familiares, mudança de
situação empregatícia ou financeira, rejeição, vergonha ou medo de ser considerado culpado em alguma situação.
• Nos últimos anos, bullying, cyberbullying, excesso de uso de redes sociais, fragilidade da rede de apoio e acesso
aos métodos na internet também são considerados fatores de risco, sobretudo para crianças e adolescentes.
FATORES DE PROTEÇÃO
• O suicídio é mais entre comum homens do que entre mulheres e entre idosos do que entre
jovens;
• O suicídio é a principal causa de morte no mundo entre mulheres de quinze a dezenove anos;
• “Minorias sociais”, como gays e indígenas possuem uma taxa de suicídio maior em relação a
outras parcelas da população.
• Entre os anos de 2011 e 2017, houve crescimento de 10% nas taxas de suicídio entre jovens
brasileiros de 15 a 29 anos no país.
POSVENÇÃO
• Termo forjado por Schneidman (1985), que diz respeito aos cuidados específicos que podem ser prestados a uma pessoa
• Especificidade do luto por suicídio, que pode gerar sentimentos tais como tristeza, culpa, raiva, sensação de impotência, aumento
• A posvenção pode ser voltada para familiares, amigos, colegas ou profissionais que perderam alguém e acontecer em espaços
diversos, como hospitais, escolas, universidades e em grupos virtuais (Scavacini, K. et al., 2020).
• No Brasil, o Instituto Vita Alere oferece grupos virtuais e gratuitos para pessoas que perderam pessoas por morte por suicídio. Para
acessar: https://vitaalere.com.br/sobre-o-suicidio/posvencao/grupo-de-sobreviventes/
ATOS X PALAVRA
• “O primeiro homem a desfechar contra seu inimigo um insulto, em vez de uma lança, foi o fundador da civilização.
Portanto, as palavras são substitutas das ações e, em alguns casos as únicas substitutas” (Freud (1893/1974, p. 14).
• O ato parece funcionar como modo de reposta a um estreitamento do Simbólico, em que observamos uma dificuldade
dos sujeitos em produzir narrativas sobre o próprio sofrimento: Cutting e lesões autoprovocadas.
PESQUISA
• The British Journal of Psychiatry (2019): aponta que “as psicoterapias psicanalíticas e psicodinâmicas são indicadas
por serem eficazes na redução do comportamento suicida”.
• O método psicanalítico que promoveu mudanças importantes nos participantes através do “relacionamento
terapêutico”;
• A pesquisa não consegue identificar quais elementos especificamente tornam essas psicoterapias mais efetivas e
em sua conclusão assevera que é necessário continuar os estudos;
• “[...] tratamento psicanalítico de longo prazo está começando a demonstrar eficácia para um número de
condições (de acordo com esta revisão), e, portanto, seu valor não deve ser subestimado”;
• “[...] os prestadores de serviços poderiam considerar o uso da psicoterapia psicanalítica como uma intervenção
que poderia ser oferecida a indivíduos em risco de, ou com uma história de comportamento suicida ou de
automutilação” (Briggs et al., 2019, p. 326, livre tradução).
CONSIDERAÇÕES PARCIAIS
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(Originalmente publicado em 1901).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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• Freud, S. (1974). Recordar, repetir, elaborar. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 12, pp. 145-156). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original
publicado em 1914).
• Freud, S. (1976). A psicogênese de um caso de homossexualismo numa mulher. In J. Strachey (Ed.), Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 18, pp. 183-212). Rio de
Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1920).
• Freud, S. (2010). Considerações atuais sobre a guerra e a morte. In Freud, S., Obras completas volume 12 (pp. 209-246). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1915).
• Freud, S. (2010). Luto e melancolia. In Freud, S., Obras completas volume 12 (pp. 170-194). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1917)
• Freud, S. (2011). O eu e o id. In Freud, S., Obras completas volume 16 (pp. 13-74). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1923).
• Freud, S. (2011). O problema econômico do masoquismo. In Freud, S., Obras completas volume 16 (pp. 184-202). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1924).
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