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1a ficha de leitura QOII

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1. Alguns compostos com aplicação prática

Corantes
 Visão histórica, corantes naturais e sintéticos, importância prática, constituição da cor,
substâncias coloridas, correlação entre radiação e matéria, absorção da luz, estrutura dos
corantes, cromóforos e auxócromos
Tipos de corantes apropriados para têxteis, Classificação dos corantes quanto ao processo de
tingimento
-Corantes vat; Corantes diretos ou substantivos; Ftalocianinas; Corantes azo; Corantes
trifenilmetilênicos e Corantes dispersos.

 Fixação do Corante ( tipo de interacção )


 Classificação dos corantes quanto ao modo de fixação

-Corantes Reactivos; Corantes Directos; Corantes Azóicos; Corantes Ácidos; Corantes


básicos, Corantes à Cuba; Corantes de Enxofre; Corantes Dispersivos; Corantes Pré-
Metalizados; Corantes Branqueadores
 Quanto à constituição
– Corantes de tipo azo, tipo trifenilmetano9/16/35/20

 Processo de tingimento;
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Introdução

A cor tem um papel consideravelmente dominante em nossa vida diária, mas que passa
despercebido na maior parte do tempo. A maior parte da raça humana tem a habilidade de
perceber as cores, e desde a criação da civilização o homem tenta reproduzir as cores da
natureza, tanto por questões estéticas como puramente funcionais.

Corantes são materiais normalmente aplicados em solução e se fixam de alguma maneira a


um substrato, que pode ser um tecido, papel, cabelo, couro ou outros materiais. Idealmente, os
corantes devem ser estáveis à luz e aos processos de lavagem. Também deve apresentar
fixação uniforme com as fibras em todo o substrato.

Do ponto de vista comercial, considerável interesse vem sendo demonstrado na avaliação


teórica e empírica das relações entre cor e estrutura molecular. Este interesse tem sido
acentuado por áreas em expansão onde as cores e os corantes agora adentram, e as relações
cor-estrutura são valiosas mesmo para cientistas trabalhando em áreas aparentemente não
relacionadas. Sistemas de mostradores de cristal líquido, sensores de radiação de alta energia
e impressões coloridas a laser são exemplos recentes dos variados usos da aplicação de
corantes sintéticos.

1.1. Visão Histórica


Deste antiguidade os corantes eram conhecidos, mas desde o período anterior à metade do
século XIX, os corantes eram quase sempre isolados de fontes naturais, de origem
principalmente animal ou vegetal. Naturalmente, as propriedades de muitas destas substâncias
estavam longe do ideal e este fato, juntamente com a indisponibilidade comercial das fontes
de suprimento, encorajaram a busca por corantes sintéticos com propriedades superiores. O
curioso, entretanto, é que o primeiro corante sintético a ser produzido comercialmente foi
descoberto por acaso.
Em 1856, William Henry Perkin tentava preparar o alcalóide quinina em seu laboratório, mas
seu experimento resultou no isolamento de um corante hidrossolúvel, que forneceu à seda.

Descobertas viáveis surgiram rapidamente, e os corantes naturais foram quase que


completamente trocados pelos sintéticos no início do século XX. Hoje, virtualmente todos os
corantes e pigmentos comerciais disponíveis são substâncias sintéticas, com excepção de
alguns pigmentos inorgânicos importantes. Todos os anos centenas de novos compostos
coloridos são descritos nos livros, internet e outras literaturas, para uma gama de aplicações.

1.2. CorantesNaturais eArtificiais


Um coranteé toda substância que, se adicionada a outra substância, altera a cor desta. Pode
ser uma tintura, pigmento, tinta ou um composto químico.

1.2.1. CorantesNaturais– sãoaquelesobtidos a partir de vegetaisou eventualmente de


animais.
Ex: urucum, carmin de cochonilha, etc.
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Exemplo de algunscompostos que dãocoraosvegetais:
 Clorofila – Vegetais verde (couve, alface, etc.)
 Carotenóide – Cenoura(beta-caroteno), tomate (clorofila, beta-caroteno e licopeno);
 Antocianina – Uva
 Flavonoide – Cereja, beringela

1.2.2. CorantesArtificiaisou Sintéticos – sãoaquelesobtidos por processo de síntese,


comcomposição química definida.

Ex: Amarelo crespúsculo, azul patente v, azul brilhante, azul indigona, tartazina,
eritozina, ,etc

Existemcorantes sintéticos idénticos aosnaturais que sãoaqueles cujas estruturas químicas


sãosemelhantesàs dos corantesnaturais, porémsão sintetizados nos laboratórios

Ex: beta caroteno (sintético idéntico ao natural)

1.3. Importância prática


Os corantes tem uma importância sobejamente conhecida como a de garantir e proporcionar a
estética das coisas e ou do universo.

1.4. Aplicações dos corantes


1.4.1. Na indústria alimentar ( alimentos )
Nos alimentos, os corantes são adictivos alimentares, e são identificados por um código
uniforme chamado de número E. Nem todos os materiais identificados pelo número E são
corantes, mas somente os que variam de E100 a E199.

1.4.2. Indústria têxtil


Atualmente os corantes têm sido muito utilizados nas confecções de produtos, principalmente
da área têxtil, assim como no tingimento de fibras, como as naturais linho, o algodão e a seda,
assim como fibras sintéticas.

1.4.3. Ciências biológicas


Na bioquímica, na citologia, na histologia, nas análises clínicas, na citopatologia, os corantes
são substâncias químicas que, ao entrarem em contacto com as estruturas celulares, realçam
determinados compostos das células como os vacúolos ou os nucléolos. Com a sua utilização
é possível evidenciar alguns compostos das células que teriam passado despercebidas sem o
corante, como por exemplo os núcleos, as membranas celulares e alguns
organeloscitoplasmáticos.

Umas das categorias dos corantes são os corantes vitais, que não matam as células,
independentemente da quantidade usada e do tempo de exposição. Podem também ser letais,
usados por vezes na pesca submarina e na indústria pecuária. Podem ser catiónicos
(basofílicos), aniónicos (acidofílicos), ou covalentes.

Nb: os corantes sintéticos são os mais preferidos devido a sua alta reactividade, capacidade
de fixação e diversidade, etc.

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1.5. Constituição da cor, correlação entre radiação e matéria, absorção da luz


Para comparação da cor observada com o espectro obtido, utiliza-se a correlação entre a cor
absorvida. A cor observada é a complementar da absorvida, conforme tabela abaixo:

Tabela 1 -Absorbâncias e cores complementares


Intervalo de Comprimento Cor Complementar
Cor Absorvida
de Onda (nm) (ou observada)
650 - 780 Vermelho Azul esverdeado
595 - 650 Laranja Verde azulado
560 - 595 Amarelo-verde Roxo
500 - 560 Verde Roxo-vermelho
490 - 500 Verde azulado Vermelho
480 - 490 Azul esverdeado Laranja
435 - 480 Azul Amarelo
380 - 435 Violeta Amarelo-verde

O espectro eletrônico tem a propriedade de revelar a energia exata necessária para promover
um elétron do HOMO (orbital molecular ocupado de maior energia) para o LUMO (orbital
molecular ocupado de menor energia) de uma molécula. Enquanto este elétron está no LUMO
diz-se que o composto está excitado, enquanto que quando este elétron retorna para o seu
estado fundamental libera exatamente a mesma energia que foi absorvida. Esta energia,
quando na região visível do espectro eletromagnético, fornece a cor.

Algumas substâncias absorvem energia em faixas mais baixas de comprimentos de onda, de


200 a 400nm (ultravioleta), mas outras absorvem em comprimentos de ondas mais altos, de
400 a 800nm (visível). Os corantes são substâncias que absorvem energia de comprimentos de
onda na faixa do visível. As transições que ocorrem na região do visível são de mais baixa
energia que aquelas que ocorrem na região do ultravioleta. Assim, substâncias que possuem
um grande número de conjugações e que permitem a deslocalização de elétrons por toda sua
estrutura, em geral, possuem cor.

As transições na faixa do visível são de menor energia porque o HOMO e o LUMO estão
mais próximos um do outro. São justamente as conjugações que provocam esta diminuição na
distância entre o HOMO e o LUMO, pois a deslocalização e carga diminui a energia do
sistema. Portanto, apesar da absorção da radiação uv-visível resultar em uma transição
eletrônica, a absorção de comprimentos de onda característicos por uma molécula é
determinada por seus grupos funcionais - doadores ou retiradores de elétrons - e da

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capacidade de deslocalização de carga.

1.6. Substâncias coloridas


São substâncias que contém cor, sejam duráveis ou não mas diferentemente dos corantes estas
não podem de nenhuma forma colorir as outras.
1.7. Cromóforos
Umcromóforo é a parte ou conjunto de átomos duma molécularesponsàvel pela suacor. Pode-
se também definir como umasubstância portadora de muitoselectrõescapazes de
absorverenergiaou luz visível, e excitar-se para assim emitir diversas cores.
Os grupos cromóforos são os grupos funcionais da molécula responsáveis pela absorção.
Principalmente incluem: ligações duplas e triplas carbono-carbono, sistemas aromáticos,
grupo carbonila, imino (C = N), diazo (N = N), nitro e ligações CY (Y é um átomo com pares
de elétrons).

Dependendo do comprimento de onda da energia emitida pela troca de nivel energético dos
electrões, de estado excitado à estado fundamental.

Em moléculas biológicas úteis para capturar ou detectar energía luminosa, o cromóforo é a


semi-molécula que causa uma troca naconformacão do conjunto a receber luz.

1.7.1. Tipos de cromóforos


Os cromóforos apresentam-se quasesemprenuma das formas: em sistemas conjugados piou
em complexos metálicos.

Os níveis de energia que alcançam os electrõessãoorbitais pi formados a partir de série de


ligações simples e duplas alternadas, como acontece em sistemas aromáticos.

Entre os exemplosmaiscomuns, temos os corantes retinianos, (usados nos olhos para detectar
a luz), vàrioscorantes de alimentos, corantesazóicos para tela, licopeno, β-caroteno, e
antocianinas.

Os Cromóforos dos complexos metálicossurgem da divisão de orbitais "d" ( metais de


transição ) com ligantes. Algunsexemplosdestes cromóforos encontram-se naclorofila, usada
pelos vegetais para realizar a fotossíntese, a hemoglobina, a hemocianina, e em compostos
coloridos como malaquita e amatista.

1.7.2. Cromóforos e a pele


A luz em contacto com os corpos que a recebem,podem comportar-se de 3 maneiras:
Ela pode ser reflectida, transmitidaouabsorvida.
Só a luz absorvida cederá sua energía e terá, por tanto, algumefeito fotobiológico. Um
cromóforo é uma molécula capaz de absorver a luz. Muitos dos componentes normais da pele
são cromóforos e a luz temunsefeitos fotobiológicos sobre estes.

Cada cromóforo absorve selectivamente uma banda de determinados comprimentos de onda


que é específica e a que chamamos de seu espectro de absorção. A luz absorvida cede
suaenergia, alterando ou modificando o cromóforo de forma transitóriaou permanente.

1.8. Auxócromo
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Em química são considerados auxócromos, grupos ouradicais positivos de átomos, que


intensificam a acção de um grupo de átomos não saturados que, estando presentes
numamolécula duma substância química, fazemcom que esta seja colorida.

Grupos Auxócromo são os substituintes do cromóforo e alteram λmax y/o ϵmax. Ex: Metilo,
halogénio, hidroxi, alcoxi, amino.

Ou podemos dizer que são grupos que intensificamumasubstânciaoucromóforonassínteses dos


corantes.

Por definiçãoumauxócromo é um grupo funcional que nãoabsorve por si a luz naregião de


UV-Visívelsomentenaregião de ultravioleta mas que têmefeitos de dispersar picos dos
cromóforos fazendocom que o comprimento de onda aumente a suaintensidade.

Muitosdestes grupos ouradicaissão ácidos e bases que originamcorantes ácidos e bases. Um


dos exemplos podemos encontrar em iãodiazónio que é um cromóforo forte formado por uma

base, cuja fórmula é donde R representa qualquer grupo funcional e N+ é o


auxócromo de iãodiazónio.
Algunsexemplos de auxócromossão:
Ácidos: -COOH, -OH, -SO3H.
Básicos: -NHR, -NR2, -NH2.
1.9. Classificação dos corantes quanto ao processo de tingimento
Os corantes dividem-se nas seguintes categorias principais, de acordo com os processos de
tingimento aplicados:
  Corantes vat;
 Corantes diretos;
 Corantes dispersos;
 Corantes azo;
 Corantes trifenilmetilênicos;
 Ftalocianinas.

1.9.1. Corantesvat são exemplificados pelo índigo (figura 1), um composto azul altamente
insolúvel vastamente conhecido desde a antiguidade. Possuía um preço tão elevado, que
apenas a realeza podia compra-lo!

Figura 1 - Índigo
O precursor do índigo, o indoxil, ou 3-hidroxindol, está presente em uma planta de origem
indiana, a Indigoferatinctoria, ou na similar européia, Isatistinctoria. O indoxil é oxidado pelo
oxigênio atmosférico ao índigo, provavelmente por dimerização de um intermediário
radicalar, oindol:

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Figura 2: Reação de oxidação do indol formando o índigo

O índigo é obtido somente na forma trans,pois ocorrem interações do tipo ponte de Van der
Walls entre os hidrogênios das aminas e os oxigênios das carbonilas que conferem maior
estabilidade à molécula (figura 3). A forma cis desta mesma molécula nunca é obtida porque
as interações entre os oxigênios das carbonilas e os hidrogênios das aminas causam repulsão,
gerando um sistema de maior energia e, portanto, não preferencial e que se converte na forma
trans.

Figura 3 - Estabilização do índigo por interações de Van der Walls

O índigo foi utilizado no Egito antes do ano 2000 a.C. Na época, era reduzido por
fermentação ao composto leuco, incolor e solúvel. O material a ser tingido era imerso nesta
solução e então exposto ao ar para oxidar a base leuco. Atualmente, o índigo é produzido
sinteticamente e reduzido à forma leuco com ditionita de sódio (figura 4). Pode ser oxidado
pela exposição ao ar ou mais rapidamente pelo uso de agentes oxidantes como perborato de
sódio. O pigmento azul insolúvel produzido é preso entre as fibras. Esta forma de tingimento
era conhecida como vatting, e deu origem à classificação deste tipo de corante.

Figura 4 - Conversão do índigo para a formaleuco com ditionita de sódio

1.9.2. Corantes diretos, como o próprio nome sugere, podem ser aplicados, em solução
aquosa, diretamente sobre as fibras. Este processo é especialmente aplicável à lã e à seda.
Estas fibras são constituídas por proteínas, que possuem tanto grupos ácidos como básicos
que combinam com corantes básicos e ácidos, respectivamente. Um exemplo é a malva

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(figura 5), o corante que iniciou a síntese industrial de corantes - então conhecido como
malveína, mas que atualmente não é mais utilizado.

Figura 5 - Malva - inicialmente conhecido como malveína.

Figura 6 – exemplo de corante directo ( I- corante Vermelho Congo ) contendo grupos diazo como
grupos cromóforos.

1.9.3. Corantes dispersossão aplicados na forma de dispersões aquosas ou suspensões


coloidais que formam soluções sólidas com as fibras. Estas fibras não possuem grupos ácidos
ou básicos para fixar corantes diretos e são sensíveis à hidrólise nas condições fortemente
alcalinas do tingimento vat. Os corantes dispersos apresentam limitações importantes -
frequentemente não apresentam resistênciaà lavagem (fastness), tendem a sublimar e estão
sujeitos a desaparecer com NO2 ou ozônio atmosférico, uma condição conhecida como
branqueamento gasoso.

1.9.4. Corantes azo indubitavelmente constituem a classe mais importante de substâncias que
promovem cor. A versatilidade desta classe deve-se grandemente à facilidade com que os
compostos azo podem ser sintetizados, e de fato quase todas as aminas aromáticas
diazotizadas podem ser acopladas com qualquer sistema nucleofílico insaturado para fornecer
o produto azo colorido. Se o composto resultante contiver uma amina primária,esta, também
pode ser diazotizada e acoplada, fornecendo um sistema de maior conjugação. Estendendo a
conjugação, ou adicionando sistemas cíclicos maiores ou diferentes grupos doadores de
elétrons, uma larga faixa espectral de cores pode ser obtida, com quase qualquer propriedade
física ou química desejável.    

Compostos monoazo insaturados possuem fórmula geral A-N=N-B, onde A e B são sistemas
insaturados cíclicos ou acíclicos conjugados ao grupo azo. Na ausência de grupos doadores de
eletrões, estes compostos são apenas fracamente coloridos, e a banda de absorção no visível é
atribuída à transição de baixa intensidade ip* do grupo azo. Se um grupo doador de electrões
é introduzido no ramal A ou B, uma banda de absorção de alta intensidade é produzida,
normalmente na região do visível, que é normalmente associada à transferência de densidade
eletrônica do grupo doador através de todo o cromóforo. Entretanto, para produzir a máxima
intensidade de transição, normalmente alocam-se todos os grupos doadores de elétrons no
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resíduo A, e todos os grupos aceptores de electrões, se houverem, no resíduo B. Entretanto,


esta não é uma regra geral, e excepções ocorrem. 

Corantes azo contendo dois grupos azo são chamados de compostos disazo, e aqueles
contendo três grupos azo são conhecidos comotrisazo.

Existem milhares de corantes azo, que podem possuir um ou mais grupamentos azo. Um
exemplo clássico de corantes azo, largamente utilizado em química como indicador de pH, é o
alaranjado de metila:

Figura 7 - Alaranjado de metila.O ácido sulfônico também pode apresentar-se na forma salina.  

A síntese de corantes azo requer a diazotização de uma amina aromática para ser acoplada a
uma amina ou fenol. Para a síntese do alaranjado de metila, parte-se do ácido sulfanílico e da
dimetilanilina.

Figura 8: Reação de formação do ácido sulfanílicodiazotizado.

O ácido nitroso é formado in situ pela reação de um sal de nitritro inorgânico com ácido
clorídrico:

Figura 9 - Preparação do ácido nitroso, que se converte ao íon nitrosônio em meio ácido.

Para que o ácido sulfanílico seja diazotizado faz-se necessária adição de uma base fraca. Para
que a reacção de diazotização ocorra a amina devepossuir um par de electrões livre. Em
solução aquosa, o ácido antranílico tende aformar um sal interno, e a adição de base recupera
a amina, enquanto forma-se umsal sódico do grupo sulfônico, aumentando a solubilidade do
composto.

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Figura 10 - Disponibilização da amina para reação de diazotização

Para completar a síntese do alaranjado de metila realiza-se então a reacção de acoplamento.


Primeiramente é necessário ativar a dimetilbenzamina que será acoplada ao ácido
sulfanílicodiazotizado. Para tanto adiciona-se ao meio reacional uma pequena quantidade de
ácido acético glacial para que a solução se mantenha levemente ácida. 

Nas reacções de acoplamento o controle de pH do meio é fundamental. O reagente eletrofílico


é o íon diazônio, ArN2+. Quando o íon hidróxido está presente, o íon diazônio encontra-se em
equilíbrio com um composto não ionizado, o diazo-hidróxido ou ácido diazóico, Ar-N=N-OH
e, com sais, diazoatos (Ar-N=N-O-Na+) dele derivados:

Figura 11 - Formação de ácido diazóico e do respectivo diazoato sódico, que não fazem reação de
acoplamento.

Assim, conclui-se que, pelo que toca ao agente eletrofílico, a reacção de acoplamento é
favorecida por um meio com baixa concentração de íon hidróxido, ou seja, sob pH
ligeiramente ácido.

Entretanto, no que tange ao nucleófilo, duas situações podem ocorrer. Quando o agente de
acoplamento é um fenol, soluções ácidas retardam a reacção, pois deslocam o equilíbrio ácido
para a direita (figura 12). O íon fenóxido reage muito mais rapidamente que o fenol. Em meio
ácido, a amina transforma-se no íon respectivo que, devido à carga positiva sobre o
nitrogênio, é relativamente pouco reactivo para substituição aromática eletrofílica (figura 13).
Assim, quanto maior for a concentração de íons hidrogênio, maior será a proporção de amina
que se encontra protonada e menor será a velocidade da reacção de acoplamento.

Figura 12 - Equilíbrio iônico dos fenóis.

Figura 13 - Equilíbrio iônico das aminas.

Assim, reacções que envolvem acoplamento de aminas devem constituir um meio-termo. A


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solução não deve ser demasiadamente alcalina de modo que a concentração do íon diazônio
seja baixa, nem tão ácida de tal forma que a concentração de amina livre seja demasiadamente
pequena. Verifica-se, na prática, que a reacção de acoplamento se produz com maior
eficiência em soluções moderadamente ácidas, no caso de aminas, e em soluções
moderadamente alcalinas, no caso dos fenóis. 

Assim, adicionou-se um ácido fraco, o ácido acético, ao meio para manter o pH da solução em
torno de 4 e deslocar o equilíbrio da primeira etapa elementar na figura 19 para a esquerda.
Após, o sal de diazônio é adicionado e imediatamente nota-se a formação do precipitado
vermelho de heliantina.

Figura 14: Reacção de acoplamento até a formação do vermelho de heliantina.

Somente quando a heliantina é formada observa-se a coloração vermelha. Enquanto não


ocorre a prototropia a deslocalização de elétrons pela molécula é limitada a ponto de não ser
suficiente para que a luz promova um salto quântico do orbital HOMO para o LUMO mas,
após a formação da heliantina, o efeito de hiper conjugação na molécula permite que tais
saltos ocorram, o que confere cor a molécula. A hiper conjugação também é responsável pela
estabilização da molécula e, por este motivo, o equilíbrio é deslocado para a formação da
heliantina. Após a formação da heliantina, adiciona-se hidróxido de sódio até que o alaranjado
de metila se forme:

Figura 15: Formação do alaranjado de metila.

1.9.5.Corantes trifenilmetilênicos: são derivados do cátion trifenilmetílico. São corantes


básicos para lã, seda ou algodão, quando são utilizados mordentes adequados.

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Figura 16 - Verde de malaquita, um corante trifenilmetilênico.

Mordentes são metais de transição que possuem capacidade de se complexar com grupos
característicos presentes nas estruturas das fibras, facilitando ou possibilitando a fixação dos
corantes. Exemplos de mordentes são os sulfatos de cobre, ferro, alumínio e estanho.

As ftalocianinas são utilizadas como pigmentos ao invés de corantes propriamente ditos. Um


membro importante desta classe é a ftalocianina de cobre, um pigmento azul brilhante que
pode ser preparado pelo aquecimento de ftalonitrila com íons cobre.

1.10. Fixação do Corante (tipo de interação)


A forma de fixação da molécula do corante a essas fibras geralmente é feita em solução
aquosa e pode envolver basicamente 4 tipos de interações: ligações iônicas, de hidrogênio,
de Van der Waals e covalentes.

1.10.1. Interações Iônicas - São tingimentos baseados em interações mútuas entre o centro
positivo dos grupos amino e carboxilatos presentes na fibra e a carga iônica da molécula do
corante ou vice-versa (ver 17). Exemplos característicos deste tipo de interação são
encontrados na tintura da lã, seda e poliamida.

 
  Figura 17. Exemplo da interação iônica entre o corante ( D ) e os grupos amino da fibra da lã

1.10.2. Interações de Van der Waals - São tingimentos baseados na interação proveniente da
aproximação máxima entre orbitais  do corante e da molécula da fibra, de tal modo que as
moléculas do corante são "ancoradas" firmemente sobre a fibra por um processo de afinidade,
sem formar uma ligação propriamente dita. Esta atração é especialmente efetiva quando a
molécula do corante é linear/longa e/ou achatada e pode assim se aproximar o máximo
possível da molécula da fibra. Exemplos característicos deste tipo de interação são
encontrados na tintura de lã e poliéster com corantes com alta afinidade por celulose.

1.10.3. Interações de Hidrogênio - São tinturas provenientes da ligação entre átomos de


hidrogênio covalentemente ligados no corante e pares de elétrons livres de átomos doadores
em centros presentes na fibra. Exemplos característicos deste tipo de interação são

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encontradas na tintura de lã, seda e fibras sintéticas como acetato de celulose.

Figura 18. Exemplo da interação ou pontes de Hidrogênio, entre o corante sulfonado e os grupos
carboxilas da fibra de lã.

1.10.4. Interações Covalentes - São provenientes da formação de uma ligação covalente


entre a molécula do corante contendo grupo reativo (grupo eletrofílico) e resíduos
nucleofílicos da fibra. Exemplos característicos deste tipo de interação são tinturas de fibra de
algodão.

 
Figura 19. Exemplo da interação covalente entre um corante contendo grupos reactivos (triazina) e
grupos hidroxila presentes na celulose da fibra de algodão.

1.11. Classificação dos corantes quanto ao modo de fixação


Os corantes podem ser classificados de acordo com sua estrutura química (antraquinona, azo
triarilmetano, azina, xanteno, ketonimina, nitro, nitroso, etc.) ou de acordo com o método pelo
qual ele é fixado à fibra têxtil. Os principais grupos de corantes classificados pelo modo de
fixação são mostrados a seguir.

Corantes Reativos; Corantes Diretos; Corantes Azóicos; Corantes Ácidos; Corantes


básicos,Corantes à Cuba; Corantes de Enxofre; Corantes Dispersivos; Corantes Pré-
Metalizados; Corantes Branqueadores

1.11.1. Corantes Reativos - são corantes contendo um grupo eletrofílico (reativo) capaz de
formar ligação covalente com grupos hidroxila das fibras celulósicas, com grupos amino,
hidroxila e tióis das fibras protéicas e também com grupos amino das poliamidas. Existem
numerosos tipos de corantes reativos, porém os principais contêm a função azo e antraquinona
como grupos cromóforos e os grupos clorotriazinila e sulfatoetilsulfonila como grupos
reativos. Neste tipo de corante, a reacção química se processa diretamente através da
substituição do grupo nucleofílico pelo grupo hidroxila da celulose. Um exemplo é aquele do
tingimento usando compostos contendo sulfatoetilsulfona, cuja adição do corante à fibra
requer apenas a prévia eliminação do grupo sulfato em meio alcalino gerando o composto
vinilsulfona, conforme pode ser visto abaixo:

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Figura 20. Exemplo do processo de tintura de algodão com corante contendo grupo
sulfatoetilsufona como centro reactivo da molécula.
 Este grupo de corantes apresenta como característica uma alta solubilidade em água e o
estabelecimento de uma ligação covalente entre o corante e a fibra, cuja ligação confere
maior estabilidade na cor do tecido tingido quando comparado a outros tipos de corante em
que o processo de coloração se opera através de ligações de maior intensidade.
1.11.2. Corantes Diretos ou substantivos - Este grupo de corantes caracteriza-se como
compostos solúveis em água capazes de tingir fibras de celulose (algodão, viscose, etc.)
através de interações de Van der Waals. A afinidade do corante é aumentada pelo uso de
eletrólitos, pela planaridade na configuração da molécula do corante ou a dupla-ligação
conjugada que aumenta a adsorção do corante sobre a fibra. Esta classe de corantes é
constituída principalmente por corantes contendo mais de um grupo azo (diazo, triazo e etc.)
ou pré-transformados em complexos metálicos.

 
 Figura 21. Exemplo de corante directo ( I – corante Vermelho Congo )contendo grupos diazo como
grupos cromóforos

Nas últimas décadas as atividades de pesquisa dos fabricantes de corantes diretos têm sido
relativamente pequenas quando comparadas à grande comercialização dessa classe de
corantes. A grande vantagem desta classe de corantes é o alto grau de exaustão durante a
aplicação e consequente diminuição do conteúdo do corante nas águas de rejeito.

1.11.3. Corantes Azóicos - são compostos coloridos, insolúveis em água, que são realmente
sintetizados sobre a fibra durante o processo de tingimento. Nesse processo a fibra é
impregnada com um composto solúvel em água, conhecido como agente de acoplamento (ex:
naftol) que apresenta alta afinidade por celulose. A adição de um sal de diazônio (RN 2+)
provoca uma reacção com o agente de acoplamento já fixado na fibra e produz um corante
insolúvel em água.

O facto de usar um sistema de produção do corante diretamente sobre a fibra, através da


combinação de um corante precursor sem grupos sulfônicos e a formação de um composto
solúvel, permite um método de tingimento de fibras celulósicas (especificamente alongadas)
com alto padrão de fixação e alta resistência contra luz e humidade.

1.11.4. Corantes Ácidos - O termo corante ácido corresponde a um grande grupo de corantes
aniônicos portadores de um a três grupos sulfônicos. Estes grupos substituintes ionizáveis
tornam o corante solúvel em água, e têm vital importância no método de aplicação do corante
em fibras protéicas (lã, seda) e em fibras de poliamida sintética. No processo de tintura, o
corante previamente neutralizado (solução contendo cloreto, acetato, hidrogenossulfato, etc.)
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se liga à fibra através de uma troca iônica envolvendo o par de elétrons livres dos grupos
amino e carboxilato das fibras protéicas, na forma não-protonada. Estes corantes
caracterizam-se por substâncias com estrutura química baseada em compostos azo,
antraquinona, triarilmetano, azina, xanteno, ketonimina, nitro e nitroso, que fornecem uma
ampla faixa de coloração e grau de fixação.  

Figura 22. Estrutura Molecular do corante ácido Violeta.

1.11.5. Corantes básicos


Corantes básicos são corantes hidrossolúveis catiônicos que são principalmente aplicados a
fibras acrílicas, mas encontram algum uso para lã e seda. Normalmente ácido acético é
adicionado ao banho de tingimento para ajudar a fixação do corante sobre a fibra. Corantes
básicos são também usados na coloração de papel

1.11.6. Corantes à Cuba- É uma grande e importante classe de corantes baseada nos índigos,
tioindigóides e antraquinóides. Eles são aplicados praticamente insolúveis em água, porém
durante o processo de tintura eles são reduzidos com ditionito, em solução alcalina,
transformando-se em um composto solúvel (forma leuco). Posteriormente, a subsequente
oxidação pelo ar, peróxido de hidrogênio, etc., regenera a forma original do corante sobre a
fibra.

 
  Figura 23. exemplo do processo de redução do corante á cubacom diotiónio de sódio.

Neste tipo de corante, o grupo carbonila pode estar situado no grupo etilênico ou em
subunidades alicíclicas, onde n= 1: índigo, n= 2: antraquinona, n= 4: pirantrona, etc. A maior
aplicação deste tipo de corante tem sido a tintura de algodão, embora devido às suas
excelentes propriedades de fixação, outros materiais também têm sido utilizados. Entretanto,
como a produção química de hidrossulfito de sódio pode causar problemas ecológicos, o custo
desta classe de corantes tem sido bastante alto.

1.11.7. Corantes de Enxofre - É uma classe de corantes que após a aplicação se caracterizam
por compostos macromoleculares com pontes de polissulfetos (- S n-), os quais são altamente
insolúveis em água. Em princípio são aplicados após pré-redução em banho de ditionito de
sódio que lhes confere a forma solúvel, são reoxidados subsequentemente sobre a fibra pelo
contato com ar. Estes compostos têm sido utilizados principalmente na tintura de fibras
celulósicas, conferindo cores preto, verde oliva, azul marinho, marrom, apresentando boa
fixação. Entretanto, estescorantesusualmenteapresentamresíduosaltamentetóxicos.

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Figura 24. Exemplo da reacção de corante contendo grupo tiossufato com ião sulfeto e subsequente
formação dos corantes com pontes de dissulfeto.

1.11.8. Corantes Dispersivos - Constitui uma classe de corantes insolúveis em água


aplicados em fibras de celulose e outras fibras hidrofóbicas através de suspensão (partículas
entre 1 a 4 micra). Durante o processo de tintura, o corante sofre hidrólise e a forma
originalmente insolúvel é lentamente precipitada na forma dispersa (finalmente dividido)
sobre o acetato de celulose. O grau de solubilidade do corante deve ser pequeno mas definido
e influencia diretamente o processo e a qualidade da tintura. Usualmente o processo de tintura
ocorre na presença de agentes dispersantes com longas cadeias que normalmente estabilizam
a suspensão do corante facilitando o contato entre o corante e a fibra hidrofóbica. Esta classe
de corantes tem sido utilizada principalmente para tinturas de fibras sintéticas, tais como:
acetato celulose, nylon, polyester e poliacrilonitrila.

 
Figura 25. Exemplo de corante solubilizado temporariamente através de reacção de hidrólise ( V –
Corante Vermelho de lonamina KA ). 

1.11.9. Corantes Pré- Metalizados - São úteis principalmente para tintura de fibras protéicas
e poliamida. Os corantes são caracterizados pela presença de um grupo hidroxila ou carboxila
na posição ortho em relação ao cromóforo azo, permitindo a formação de complexos com íons
metálicos. Neste tipo de tintura explora-se a capacidade de interação entre o metal e os
agrupamentos funcionais portadores de pares de elétrons livres, como aqueles presentes nas
fibras proteicas. Exemplos mais comuns deste grupo são os complexos estáveis de
cromo:corante (1:1) ou (1:2). A desvantagem ecológica deste tipo de corante está associada ao
alto conteúdo de metal (cromo) nas águas de rejeito.  

Figura 26. Eemplo de tintura de lã com o corante pré-metalizado (VII) cromo/corante 1:1 através
do grupo amino como ligante e centro metálico do corante

1.11.10. Corantes Branqueadores- As fibras têxteis no estado bruto por serem compostas
primariamente de materiais orgânicos, apresentam como característica uma aparência
amarelada por absorver luz particularmente na faixa de baixo comprimento de onda. A
diminuição dessa tonalidade tem sido diminuída na indústria ou na lavanderia pela oxidação
da fibra com alvejantes químicos ou utilizando os corantes brancos também denominados de
branqueadores ópticos ou mesmo branqueadores fluorescentes. Estes corantes apresentam
grupos carboxílicos, azometino (-N=CH-) ou etilênicos (-CH=CH-) aliados a sistemas
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benzênicos, naftalênicos, pirênicos e anéis aromáticos que proporcionam reflexão por


fluorescência na região de 430 a 440 nm quando excitados por luz ultra-violeta.

 
Figura 27. Exemplo de corante branqueador ( VIII ) corante fluerescente 32) contendo o grupo
triazina usado no branqueador de algodão, poiamida, lã e papel.

Nem todos os corantes são apropriados para qualquer tipo de tecido. Um corante deve ter a
propriedade de fastness - deve ligar-se firmemente às fibras do material e ali permanecer após
repetidas lavagens e também não deve clarear quando exposto à luz. Levelness é o termo que
se refere à uniformidade do corante na fibra. Um corante level é, assim, aquele que tinge
uniformemente o tecido mesmo após sua aplicação.

A forma como um corante se liga a um tecido é um assunto extremamente complexo, uma vez
que nem todos os corantes e nem todas as fibras são equivalentes. Um corante bom (fast e
level) para lã e seda pode não tingir o algodão.

Para entender os mecanismos pelos quais um corante fixa-se às fibras, deve-se possuir um
bom conhecimento das estruturas tanto do corante quanto da fibra. Os principais tipos de
fibras são ilustrados na figura abaixo:

Figura 28 - Estruturas de fibras de


tecidos (a) lã ou seda (polipeptídio), (b) algodão (celulose), (c) Nylon (poliamida), (d) poliéster.
Algodão, lã e seda são tecidos naturais, enquanto que o nylon e o poliéster são sintéticos. 

As duas fibras naturais, lã e seda, são muito semelhantes em suas estruturas. Ambos são
constituídos por polipeptídios, isto é, polímeros feitos de unidades de aminoácidos. Estas
estruturas possuem um grupo ácido (o ácido carboxílico) e um básico (a amina), e tendem a
ligar-se bem com a maioria dos corantes, apesar de exceções ocorrerem, principalmente por
efeitos estéricos e/ou geométricos.

Dacron (poliéster), Orlon (acrílico) e algodão (celulose) não contém muitos grupos aniônicos
ou catiônicos em suas estruturas e não são facilmente corados por substâncias ácidas ou
básicas.

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Para interações fibras/corante onde não há possibilidade de ligação do tipo ácido-base, mas
que podem formar complexos com metais de transição, muitas vezes são incorporados às
fibras íons de metais determinados que fixam o corante por complexação. Entretanto, a
escolha deste mordente deve ser realizada com cautela, uma vez que transições metal-ligante
podem interferir na coloração final.

Corantes azo fixam-se às fibras que possuem grupos hidroxila por pontes de hidrogênio.
Quando o composto é um dizazo, a distância entre os grupos azo deve ser igual, ou muito
próxima, a de dois grupos hidroxila na fibra para que o tingimento seja satisfatório. Existe
ainda o tingimento in grain, onde primeiramente o tecido é imerso em um banho contendo o
sal de diazônio em seguida em outro, contendo o composto aromático nucleofílico ativado.
Assim, o corante azo é formado diretamente dentro das fibras dos tecidos.

As origens físicas das cores receberam atenção especial desde o início do estudo sistemático
de corantes em 1856 e cedo reconheceu-se que o espectro de absorção de um corante poderia
fornecer ao menos uma indicação grosseira de sua cor no uso prático. Durante os primeiros
anos do desenvolvimento dos corantes sintéticos, os químicos ficaram intrigados pelas
relações existentes entre os espectros de absorção e a estrutura molecular das substâncias
químicas, mas antes de 1930 o progresso nos estudos foi severamente impedido pela falta de
uma teoria para o processo de absorção de luz. Hoje, graças ao advento da teoria quântica,
tratamentos matemáticos com os mais variados níveis de sofisticação estão disponíveis para a
predição do espectro de absorção. Igualmente importantes são os tratamentos qualitativos da
absorção de luz, estimados pela teoria da ligação de valência e pelas teorias de orbital
molecular, que podem ser utilizadas para predizer qualitativamente os efeitos que as
mudanças estruturais podem causar no espectro de absorção de uma molécula.

Quando um material interage com a radiação eletromagnética, uma série de processos pode
ocorrer, como dispersão, absorção, fluorescência/fosforescência e reacção fotoquímica. Em
geral, quando se utiliza radiação na faixa do uv-visível (180-850nm) mede-se a absorção da
radiação pelas moléculas dos compostos químicos.

Os espectros de uv-visível geralmente apresentam apenas algumas bandas de absorção largas.


Comparadas com técnicas como spectroscopia de infravermelho que produz muitas bandas, a
espectroscopia uv-visível fornece apenas poucas informações qualitativas para identificação e
caracterização de compostos, mas trata-se de técnica extremamente útil no estudo de
substâncias que promovem cor.

10.12. Processo de tingimento


A tecnologia moderna no tingimento consiste de dúzias de etapas que são escolhidas de
acordo com a natureza da fibra têxtil, características estruturais, classificação e
disponibilidade do corante para aplicação, propriedades de fixação compatíveis com o destino
do material a ser tingido, considerações econômicas e muitas outras.
Durante o processo de tingimento três etapas são consideradas importantes: a montagem, a
fixação e o tratamento final. A fixação do corante à fibra é feita através de reações químicas,
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da simples insolubilização do corante ou de derivados gerados e ocorre usualmente em
diferentes etapas durante a fase de montagem e fixação. Entretanto, todo processo de tintura
envolve como operação final uma etapa de lavagem em banhos correntes para retirada do
excesso de corante original ou corante hidrolisado não fixado à fibra nas etapas precedentes

O processo de tingimento é um dos fatores fundamentais no sucesso comercial dos produtos


têxteis. Além da padronagem e beleza da cor, o consumidor normalmente exige algumas
características básicas do produto, ex: elevado grau de fixação em relação à luz, lavagem e
transpiração, tanto inicialmente quanto após uso prolongado. Para garantir essas propriedades,
as substâncias que conferem coloração à fibra devem apresentar alta afinidade, uniformidade
na coloração, resistência aos agentes desencadeadores do desbotamento e ainda apresentar-se
viável economicamente.

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