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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: PSICOLOGIA JURÍDICA
DISCENTES: ELIVELTON ARANTE DE OLIVEIRA; IGOR STRAVINSK
SANTOS DE SOUZA; JARED DANIEL MARIA DE ARAUJO; MARXSON DA
VINCE SILVA DE OLIVEIRA; PEDRO LUCAS FERNANDES.

ENREDO

La Guerre du feu (A Guerra do Fogo) é um longa-metragem de 1981 que retrata


a descoberta do fogo e seu impacto no desenvolvimento do homem pré-histórico. A
princípio, o filme nos apresenta uma tribo de seres primitivos que não dispõe dos
conhecimentos para a criação do fogo e, então, busca conquistá-lo e mantê-lo sob
seu domínio de maneira incessante, sem se importar de adentrar em intensos conflitos
físicos para a realização de tais feitos, afinal, o elemento era essencial para a
sobrevivência, já que protegia dos animais e das baixas temperaturas do período.
Ademais, conseguimos observar os diferentes estágios de evolução entre os tipos de
hominídeos por meio do contato entre os primatas e a habitante de uma tribo com
estrutura e habilidades complexas, como o conhecimento de fazer fogo, moradias e
armas planejadas e linguagem mais oral do que física que, consequentemente,
possibilitou mais confiança e um grupo social coeso. A integração dos seres primitivos
a essa comunidade gerou o início do desenvolvimento da cognição social dos
primatas, já que através das trocas sociais existentes entre os grupos eles
conseguiram aprendizados que os ajudaram a dominar o meio existente e ter uma
evolução da inteligência social, assim, ampliando os processos de atenção, memória
e percepção, possibilitando compreender e explicar o contexto em que estavam
inseridos.
ASPECTOS QUE INTERFEREM NO DESENVOLVIMENTO DA COGNIÇÃO
SOCIAL: DESCREVA E ANALISE UMA CENA A PARTIR DA ABORDAGEM DA
ATENÇÃO, PERCEPÇÃO E MEMÓRIA.

Para analisar a abordagem da atenção no filme “A Guerra do Fogo”, podemos


utilizar a cena (entre 1h:12m00s e 1h:20m:00s) em que o protagonista volta sua
atenção para observar outro personagem fazer fogo e, por meio dessa experiência de
aprendizagem, consegue entender que o elemento buscado por ele e sua tribo,
poderia ser criado, facilitando a vida de todo seu agrupamento. Com isso, retomamos
também a parte final do filme (entre 1h:28m:00s e 1h:36:00s), na qual é possível
perceber que o aprendizado adquirido é colocado em prática e, embora o líder do
grupo não consiga fazer o fogo, a personagem feminina utiliza do mesmo método para
realizar tal ato, mostrando a comunidade que o elemento pode ser feito. Esses trechos
podem ser considerados como uma abordagem da atenção por um dos princípios
desse assunto ser a seletividade, que diz que nossa atenção é seletiva, em razão de
não conseguirmos atender ao excesso de estímulos existentes em um ambiente e,
então, agimos de acordo com a saliência do estímulo, que seria a tarefa ou ação que
nosso cérebro percebe como a mais notável no momento, sendo assim, no filme,
como o foco do primata é a dominação o fogo, sua seletividade é voltada para
entender esse processo, dessa forma, tornando os outros estímulos ao seu redor em
algo com relevância secundária, sendo descartado pelo cérebro.
Em relação a abordagem da percepção no longa-metragem, o momento que
mais se adequa é a cena (entre 25m:30s e 26m:50s) na qual os personagens são
perseguidos pelos tigres e sobem em uma árvore para salvarem suas vidas, tendo em
vista que, tal ação só foi tomada devido a experiências anteriores, nas quais eles
observaram a forma desses animais atacarem outras pessoas, desse modo, a decisão
de fugir foi tomada de acordo com experiências passadas e visando a sobrevivência.
Nesse contexto, podemos perceber os conceitos de percepção, que são resultado de
alguns fatores, sendo os principais deles a captura visual, experiências anteriores com
estímulos iguais ou semelhantes e a situação que a percepção acontece, integrados
nas ações dos personagens da cena descrita.
Na análise da abordagem da memória temos dois exemplos de cenas que se
relacionam. Na parte inicial do filme (entre 2m:28s e 23m00s) o grupo principal é
atacado por rivais e durante o conflito arremessa pedras nos adversários como forma
de defesa, o que não se mostra muito eficaz. Posteriormente, após a captura e
integração dos membros do grupo em outra tribo, eles são apresentados a algumas
técnicas de combate e, entre elas, o uso de uma ferramenta destinada a disparar
dardos. Podemos perceber que a memória é retratada no filme através da cena (entre
1h:27m:06s e 1h:29m:10s) em que há um novo embate com um grupo rival e dessa
vez, os protagonistas percebem que a arma que eles conheceram na outra tribo é
mais letal e a utilizam para vencer o conflito. Isso tudo nos leva a deduzir que a forma
de usar o armamento ficou armazenada na memória dos personagens.

COGNIÇÃO SOCIAL: COMPREENDENDO OS OUTROS: IDENTIFIQUE NO


FILME CENAS EM QUE PODEM SER OBSERVADAS A ESTRUTURAÇÃO DA
“MENTE MODULAR” E A IMPORTÂNCIA DO “MÓDULO MENTAL” NO
PROCESSO DE ADAPTAÇÃO DOS GRUPOS PRIMITIVOS. CONCEITUE E
FUNDAMENTE.

Como representação da estruturação da “mente modular” podemos destacar


dois trechos notáveis. O primeiro, ocorre na cena (entre 55m:30s e 56m:10s) em que
uma pedra cai na cabeça de um dos primatas e, consequentemente, faz a habitante
da outra tribo começar a rir de forma constante, o que causa certa estranheza nos
homens primitivos. Na segunda cena (entre 1h:19m:30s e 1h:20m:00s) podemos
perceber que a mesma situação se repete, só que dessa vez, todos riem do
acontecido. Dessa forma, podemos relacionar essas passagens da história com a
estruturação da “mente modular” em razão desse termo ser caracterizado por módulos
mentais adaptativos, que surgiram para solucionar entraves de adaptação, permitindo
a sobrevivência e o desenvolvimento de nossa espécie. Nas cenas descritas, a
estranheza causada pelo ato da mulher demonstra uma necessidade de adaptação
em relação a sociabilidade e, então, percebemos que há um processo adaptativo dos
primatas, já que após o contato com o outra tribo, se tornaram seres mais sociáveis,
o que se mostra de extrema importância para a criação de grupos sociais coesos e
para o fortalecimento da inteligência social.
COGNIÇÃO SOCIAL: COMPREENDENDO OS OUTROS: DESTAQUE
CENAS QUE POSSAM SER DEMONSTRATIVAS DA IMPORTÂNCIA DA
FORMAÇÃO DE GRUPOS, SOB A ÓTICA DA COGNIÇÃO SOCIAL. COMENTE E
FUNDAMENTE.

Como exemplo da importância da formação de grupos, podemos relacionar


dois atos do filme em que se evidencia a necessidade de alianças e coalizões
(relações de confiança entre grupos para buscar um fim comum) para a continuidade
das espécies. O primeiro, acontece na cena de abertura (entre 2m:28s e 23m00s),
pois há um conflito direto pelo fogo entre a principal tribo do filme e outros seres
primitivos, no qual o agrupamento de primatas principal perde o fogo e,
consequentemente, é atacado por animais e passa por situações difíceis devido ao
clima frio e à fome. Nesse contexto, observamos que viver em uma coletividade
ajudava na proteção da integridade física dos membros da comunidade e na proteção
dos elementos indispensáveis à vida. Isso é evidenciado no momento do longa-
metragem em que três membros do grupo, dotados de força superior, partem em uma
extensa jornada em busca do fogo, para que, assim, consigam preservar a vida de
todos os participantes da tribo, que se encontrava em um estado de extrema fraqueza
coletiva.
No segundo ato, somos apresentados a várias adversidades que os primatas
enfrentam durante sua trajetória em busca do fogo. Em uma dessas passagens da
história (entre o 1h:04m:00s e 1h:18m:30s), há a integração deles em uma tribo com
estrutura, linguagem e rituais mais evoluídos, assim, possibilitando a ocorrência de
trocas sociais, nas quais eles, a partir da observação dos hábitos, constroem a
inteligência básica para a dominação do meio em que habitam. Sob essa ótica,
podemos analisar que após o contato e a aprendizagem obtida com o outro grupo, há
a cena (entre o 1h:29m:00s e 1h:35m:00s) em que eles retornam a sua tribo de
origem, dessa vez, sabendo como criar o fogo, portando armas sofisticadas e com
uma linguagem mais elaborada, com expressões mais orais do que físicas, contudo,
observa-se que isso causou uma estranheza nos outros membros do grupo, já que
eles não participaram do processo de início de inteligência social decorrente do
encontro com a outra comunidade. Porém, nas cenas que se seguem após essa
situação percebemos que isso é superado e todos se adequam a essa nova estrutura.
Portanto, podemos concluir que os grupos são importantes por serem criadores de
culturas e trocas que auxiliam no processo de evolução, no caso do filme, é notório
que após a experiência de contato com a sociedade mais desenvolvida houve uma
modificação na tribo primitiva, pois a partir da obtenção de novas técnicas, eles
passaram a ter condições mais propícias para a sobrevivência.

FORMAÇÃO DE SCHEMAS NOS INDIVÍDUOS PERTENCENTES AOS


GRUPOS HUMANOS PRIMITIVOS: APRESENTE CENAS REFERENTES À
FORMAÇÃO DE SCHEMAS E DESENVOLVA SUA ARGUMENTAÇÃO
FUNDAMENTADAMENTE.

Em relação a cenas envolvendo a formação de schemas, como ponto inicial


podemos utilizar a cena (entre 41m00ss e 42m:20s), já que durante o trecho, é
perceptível a observação da tomada de decisão do grupo principal, rapidamente
buscando um local seguro, devido aos fatos que antecederam essa ação, a qual
envolve um conflito com uma tribo rival pela posse do fogo, sucedida de uma fuga em
campo aberto até encontraram este local. O descanso é rapidamente interrompido por
barulhos estranhos, os quais o grupo principal identificou como uma humana
desconhecida. Realizando uma análise da obra ‘’Psicologia Social’’, dos autores
Cláudio Braz Torres e Elaine Rabelo Neiva, no capítulo ‘’Cognição Social’’, é
plenamente possível estabelecer um paralelo entre o medo do desconhecido com a
formação precoce de um schema acerca da mulher, já que schemas são estruturas
cognitivas compostas de conhecimentos sobre conceitos, objetos ou eventos, que por
sua vez, são responsáveis pelo desenvolvimento de pré-concepções sobre outros
indivíduos, ou até mesmo, sobre nós mesmos. Nesse contexto, devido ao estado de
‘’stress’’ do grupo, eles interpretaram a tentativa de comunicação como uma possível
nova ameaça, gerando uma série de preconceitos (schemas) negativos que
impossibilitaram qualquer contato imediato e, na tentativa de afastar o possível perigo,
eles realizaram ações hostis.
No trecho (entre 1h:05m:50s e 1h:06m:28s), por sua vez, partimos de um
contexto totalmente diferente do exemplo anterior. O protagonista, em busca de
encontrar a humana a qual ele estreitou laços, acaba caindo em uma armadilha natural
do local, o qual pertencia a uma tribo antagônica ao do grupo principal que,
coincidentemente, era a comunidade a qual a garota pertencia. Após perceber que
corria risco de vida, o protagonista decide gritar por ajuda, e, acaba por ser
inicialmente ridicularizado pela tribo local. Isto aconteceu devido a geração de um
schema comum a todo o grupo, que, partindo do estudo da cognição social, podemos
observar que gerou uma noção preconceituosa na tribo, que julgou a situação em que
o líder dos primatas se encontrava de forma cômica, se tornando uma espécie de
divertimento aos membros da comunidade. Esse schema, por exemplo, fez com que,
o personagem, ao invés de ser tratado como um perigo iminente à tribo, se tornasse
um ser inofensivo na pré-concepção dos habitantes locais.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DA COGNIÇÃO SOCIAL: SELECIONE


CENAS, E AS ANALISE UTILIZANDO OS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM OS
ESTUDOS DA COGNIÇÃO SOCIAL.

Como objeto de análise sobre os princípios que norteiam os estudos da


cognição social, podemos abordar a cena que ocorre entre 42m:21s à 42m:35s. Ao
assistir, é perceptível a dificuldade que um dos personagens da tribo Ulam tem de
fazer uma tarefa simples como coletar alguns alimentos, já que o personagem, com a
missão de carregar o mantimento, deixa uma das frutas cair no processo e, mesmo
sendo evidente que pelo excesso de frutas que ele continha não poderia transportar
todas de uma única vez, o personagem ignora esse fato lógico e se recusa a aceitar
que não há espaço para mais um fruto e como consequência ele entra numa espécie
de “looping”, no qual no intervalo de tempo em que ele recupera uma fruta caída, outra
fruta cai e assim se mantém um círculo vicioso. A cena em questão enquadra um dos
princípios da cognição social, a “avareza cognitiva”, essa característica demonstra que
as pessoas procuram fazer o mínimo de esforço mental possível, pois é o mais
cômodo no momento. E isso ocorre explicitamente com o nosso personagem
analisado, afinal, ele não foi capaz de observar a situação e entender que seria
necessário abandonar algumas frutas no caminho ou percebeu, mas preferiu
permanecer insistente no erro, característica também de um indivíduo avarento
cognitivo.
Para nossa próxima análise temos a cena entre 40m:55s e 41m:40s, na qual
vemos os personagens da tribo Ulam fugindo da personagem de outra tribo, temendo-
a como alguma ameaça à posse de seu fogo recém conquistado. Apesar da rejeição,
a mulher permanece a segui-los em busca de um contato mais próximo. O trecho em
questão demonstra o princípio da “centralidade do eu”, pois a personagem não vê os
três primatas como ameaça, isso implica pensar que por ser inocente ela não enxerga
maldade nas pessoas e talvez por isso ela tenha sido capturada por tribos inimigas.
Esse contexto se relaciona com o princípio da “centralidade do eu”, presente na obra
‘’Psicologia Social’’, dos autores Cláudio Braz Torres e Elaine Rabelo Neiva, no
capítulo ‘’Cognição Social’’, que se caracteriza pela visão que ao percebermos e
efetuarmos julgamentos sobre os outros estamos olhando também um pouco para nós
mesmos.

UTILIZE A FIGURA 4.1 (P.85) TEORIA DA ATRIBUIÇÃO INTRAPESSOAL,


PARA DESCREVER CENAS DO FILME EM QUE POSSAM SER IDENTIFICADOS
OS ASPECTOS RELACIONADOS À CONSTRUÇÃO DAS ATRIBUIÇÕES
INTRAPESSOAIS NO HOMEM PRIMITIVO.

Para analisar aspectos relacionados à construção das atribuições intrapessoais


utilizaremos a cena (entre 34m:00s e 40m:00s) em que mostra os personagens, à
noite, aos arredores de um acampamento de uma tribo de canibais, a qual possuem
o fogo. Nessa situação, os três amigos criam um plano de ataque para conquistar o
elemento do outro grupo, utilizando de carniça para disfarce do próprio cheiro, para
que, assim, cheguem o mais perto possível do acampamento inimigo sem serem
percebidos, após isso, na manhã seguinte, dois deles atraem a maior parte da tribo
para que o líder consiga obter o fogo com mais facilidade, tendo que lutar apenas com
dois outros canibais, ele passa por um combate corporal, obtendo êxito no confronto
e na missão principal.
REFERÊNCIAS

1 FIORELLI, O, J. MANGINI, R, C, R. Psicologia jurídica. 10ª ed. São Paulo:


Atlas, 2020.
2 TORRES, V, C. NEIVA, R, E. Psicologia social. 1ª ed. São Paulo: Artmed,
2011.

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