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Sem livre-arbítrio
Luciane Ramos
Bibliot eca
edgar menezes
REALISMO
COMPORTAMENTO sobre ele, alterando a probabilidade ideal, em que um amplo planejamen- o behaviorismo. Seguiram-se anos
dedicados a experiências com ratos e
de ocorrência futura semelhante.
pombos, paralelamente à produção
O condicionamento operante é um
E DO APRENDIZADO
de livros. O método desenvolvido para
Para o psicólogo
behaviorista norte-
americano, a educação N enhum pensador ou cientista do
século 20 levou tão longe a
com base em uma ciência do compor-
tamento humano, como possibilidade
mecanismo de aprendizagem de no-
vo comportamento – um processo
que Skinner chamou de modelagem.
O instrumento fundamental de mo-
delagem é o reforço – a conseqüência
‘‘ A educação é o
estabelecimento de
comportamentos
observar os animais de laboratório e
suas reações aos estímulos levou-o a
criar pequenos ambientes fechados
que ficaram conhecidos como caixas
de Skinner, depois adotadas para
experimentos pela indústria
“modelagem” do aluno
rismo, corrente que dominou o pensa-
mento e a prática da psicologia, em es-
Condicionamento operante
O conceito-chave do pensamento de
qüência indesejada). Skinner consi-
derava reforço apenas as contingên-
em algum Harvard, onde ficou até o fim da vida.
Morreu em 1990, em ativa militância
colas e consultórios, até os anos 1950. Skinner é o de condicionamento cias de estímulo. “No condiciona- tempo futuro a favor do behaviorismo.
O behaviorismo restringe seu estu-
do ao comportamento ( behavior, em
inglês), tomado como um conjunto de
reações dos organismos aos estímulos
externos. Seu princípio é que só é
operante, que ele acrescentou à no-
ção de reflexo condicionado, formu-
lada pelo cientista russo Ivan Pavlov.
Os dois conceitos estão essencial-
mente ligados à fisiologia do organis-
mento operante, um mecanismo é
fortalecido no sentido de tornar uma
resposta mais provável, ou melhor,
mais freqüente”, escreveu o cientista.
’’
MÁQUINAS PARA FAZER O ALUNO ESTUDAR
A educação foi uma das preocupações centrais de Skinner, à qual ele se dedicou
com seus estudos sobre a aprendizagem e a linguagem. No livro Tecnologia do
possível teorizar e agir sobre o que é mo, seja animal ou humano. O refle- Sem livre-arbítrio Ensino, de 1968, o cientista desenvolveu o que chamou de máquinas de
cientificamente observável. Com isso, xo condicionado é uma reação a um Segundo Skinner, a ciência psicológi- aprendizagem, que nada mais eram do que a organização de material didático de
maneira que o aluno pudesse utilizar sozinho, recebendo estímulos à medida que
ficam descartados conceitos e catego- estímulo casual. O condicionamento ca – e também o senso comum – cos-
avançava no conhecimento. Grande parte dos estímulos se baseava na satisfação
rias centrais para outras correntes teó- operante é um mecanismo que pre- tumava, antes do aparecimento do
de dar respostas corretas aos exercícios propostos. A idéia nunca chegou a ser
ricas, como consciência, vontade, in- mia uma determinada resposta de behaviorismo, apelar para explica- aplicada de modo amplo e sistemático, mas influenciou procedimentos da
teligência, emoção e memória – os es- um indivíduo até ele ficar condicio- ções baseadas nos estados subjetivos educação norte-americana. Skinner considerava o sistema escolar predominante
tados mentais ou subjetivos. nado a associar a necessidade à ação. por causa da dificuldade de verificar um fracasso por se basear na presença obrigatória, sob pena de punição. Ele
Os adeptos do behaviorismo costu- É o caso do rato faminto que, numa as relações de condicionamento ope- defendia que se dessem aos alunos “razões positivas” para estudar, como
prêmios aos que se destacassem. “Para Skinner, o ensino pode e deve ser
mam se interessar pelo processo de experiência, percebe que o acionar rante – ou seja, todas as circunstân-
planejado de forma a levar o aluno a emitir comportamentos progressivamente
aprendizado como um agente de mu- de uma alavanca levará ao recebi- cias que produzem e mantêm a maio-
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próximos do objetivo final esperado, sem que para isso precise cometer erros”, diz
dança do comportamento. “Skinner mento de comida. Ele tenderá a re- ria dos comportamentos dos seres Maria de Lourdes Zanotto. “A máquina de aprendizado não pretende substituir
revela em várias passagens a confian- petir o movimento cada vez que qui- humanos. Isso porque elas formam o professor. A idéia é que ela se ocupe das questões factuais e deixe ao professor
ça no planejamento da educação, ser saciar sua fome. cadeias muito complexas, que desa- a tarefa fundamental de ensinar o aluno a pensar.”
‘‘ Quando houver
psicológica que não se utilizou de behaviorista, por exemplo, usou
referências a estados subjetivos como comumente choques elétricos
instrumento teórico. O fundador do
behaviorismo como escola, porém, foi
e substâncias químicas para
condicionar comportamentos.
domínio sobre
o psicólogo norte-americano John B.
Watson (1878-1958), que formulou as
Algumas das principais metáforas
do terror de estado do período
a ciência do
estritas exigências metodológicas que
deveriam nortear seus seguidores.
fizeram referências a métodos
behavioristas, como os romances
comportamento,
O compromisso de verificação
concreta de hipóteses e a recusa
1984 (de George Orwell)
e A Laranja Mecânica (de Anthony
ela será a única
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da introspecção aproximam o ideário
de Watson do positivismo nas ciências
Burgess, adaptado para o cinema
por Stanley Kubrick).
alternativa para
humanas. Watson foi
o principal inspirador
a sociedade
de Skinner, por sua vez planejada
’’
o maior divulgador
do behaviorismo,
QUER SABER MAIS?
prevendo a utilização
Compreender o Behaviorismo, William M.
de seus princípios
Baum, 294 págs., Ed. ArtMed, tel. 0800-703 3444,
na psicoterapia, 49 reaisFormação de Professores – A Con-
na educação e até tribuição da Análise do Comportamento,
na formulação Maria de Lourdes Bara Zanotto, 184 págs., Ed.
de políticas públicas. Educ/Fapesp/Comped, tel. (11) 3873-3359, 19
reaisPavlov/Skinner – Coleção Os Pen-
Pombo tem seu comportamento sadores, 400 págs., Ed. Abril Cultural (edição
condicionado em laboratório: esgotada)Tecnologia do Ensino, Burrhus Skin-
controle e planejamento ner, 270 págs., Editora Pedagógica e Universitária
Ltda., tel. (11) 3168-6077, 42 reais