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Psicotogia do

desenvotvimento
e da apren dizagem

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Drr Elenâ Codoy
l) r. Nelson LuísDias Ariadne Nunes WenS€r

l)Í. Neridos Santos

I ), LJIÍ(;Íegor Bamnow Bâphãel BeÍnâdelli

ADÁsrÁç^o DE PRoJ Ero crÁnco


Charl$ L. da Silva

Maianê Gabriele de Ahujo

DadG ,nt€moonar de Cardqrçâo ú Pubu@çao (CtD


(Câma Br6iloúa do Liuo, SP, EÍaeil)

M.i., Chülle NGrlturÉ


d*nvolviÍÉnlo e da ápÉn<lizâBenv
I'ei@logia do
Chtilde MúUstti M.1.. Culidbâ: InE Sat€m,2017,
(Série Peda8oSia Conleôporân6).

Bibüil8ÊÉâ.
tsBN 978,85-5972,562,9

t. Fraase r§l.r 2 I'si@loBia dâ apMdizásem


3 l'si@lo6ia do dsvolvimlo 4. PsióloEiã êdudcional

cDD-370.1523

ÍndiG pda .atáo8o sistêÍúiol


1. Psióloeá do d.$nvôlüMto . da .pr€ndizaem

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Ieoria behaviorista:
a perspectiva de Skinner
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Portanto, o comportamento operante é aquele realizado diaria-
(2. r) ldeias iniciais mente de Íorma desejada, tais como ler um livro, escrever uma carta,

Burrhus Frederic Skinner nasceu em 19o4, no Estado da Pensilvânia, tocar um instrumento ou inscrever-se em aulas de canto,

Estados Unidos, e faleceu em r98o. Graduou-se em ÉIarvard, em Se o compoÍtamento operante representa a resposta esponlânea
l)sicologia e é considerado um teórico da aprendizagem. aos estímulog segundo Skinner, o condicionamento operante deve

Sua visão de suieito aproxima-se dâ visão empidsta de John Locke ser compreendido como "planeiar um mundo no qual uma pessoa

(1997): uma tábula rasa que gradualmente seria preenchida com inÍor- faz coisas que afetam esse mundo, quq por sua veã afeta a pessoa"

mações provenientes do meio. Assim, para Skinner, o sujeito seria


(Skinner, citado por Fadiman; Frager, 1986, p. 194). Ainda de acordo

produto exclusivo das forças do meio no qual vive. com o teórico,


já quânto à personalidade, Fadiman e Frager (198ó) destâcam que O condícíonamento operanle é o prccasso de modelar e nwnter por s as
Skinner a define como uma coleção de pADRõEs DE coMpoRTAMENTo. conscquências unt (deterninado) conryortafircnto partícular, Por con-
Assim, situaçôes distintas evocariam diferentes padrões de respostas. seglLinte, leaa em coflta não somente o que se apresenta antes que haja
Para ele, o que se observa no sujeito é o comportamento, e não o self, una resposta como lal bént o que acontece após a ntsma. [...] quando
a personalidade. um dado cornportantento é xgttido por uma dada consequência, apre-
Nesse sentidq SkinneÍ (1920, p. 68) considera que 'b que o homem stnla'maior probobilidade de repetir-se. Denoruinamos reforço à conse-
Íaz é o resultado de condições que podem ser especificadas e que, quência que produz tal ey'iÍo. (Skinner, citado por Fadimân; FÍager,
uma vez determinadag poderemos antecipaÍ e até certo ponto deter- a9ta6, P. a95)
minar as ações".
Desse modo, podemos entender ret'orço como qualquer estímulo
Quanto à aprendizagem, Skinner entende que ela ocorre por meio
que possibilite o aumento da probabilidade de determinada resposta.
da influência dos estírnulos do meio. Todo comportamento do homem
Para Skinner, os reforços podem ser positivos ou negativos.
seria condicionado e classificado como respondente ou operante.
O REroRço posITIVo resume-se a um estímulo que promove
Ao coMpoRTAMENTo RESpoNDENTE, ou reflexo, estão relaciona-
o comportamento desejado: a RÊcoMpENSA (Moreira, 7»9, p. 52\-
dns interações estímulo-resposta (ambiente-sureito) incondicionadas,
lile representa prazer, ganho, busca por Íecompensa ou notoriedade
1ru scja, comportamentos ou reações provocadas por estímulos ante-
(por exemplo, funcionário do mêq aluno destaque, viagem no fim do
cctlcntcs do ambiente (auepio de frio, lágrimas provocadas ao corta!
ano como prêmio pela aprovação na escola).
rnrn cebola, entre outros),
O REFoRço NEGATTVo visa reduzit extinguiÍ ou eliminar deter-
N() ('oMpoRTAMENTo opERANTE o que propicia a aprendizagem
minada resposta. Para Skinner (citado por Fadiman; Frager, 1986,
ó n ação do organismo sobre o meio e seu efeito (Bock, zoor). Desse
p. r95), 'bs reforços negativos denominam-se adversos no sentido
modo, o compoÍtamento operante "inclui todos os movimentos de
cm que constituem aquilo de que os organismos fogem". Tal reforço
rr nt org.rnismo dos quais se possa dizer que, em algum momento,
Irittt t'lt'ito sobre ou fazem algo ao mundo ao redor O comportamento l)retende fortalecer, assim, a resposta que o remove, o enfraquece,
r.'omo nçr caso do tapetinho ou da cadeirinha do pensar em casa ou na
opor,url('opL'ra sobre o mundq por assim dizer, quer direta ou indi-
('r.i.(,1a.
Existem ainda os castigos (por exemplo, não viajar no caso de
retumcntc" (Keller, citado por Bock, zoor, p. 48).
r(!provação na escola), que também representam reforços negativos.
() t({irico distingue os reforçadores entre pdmários e secundários. etária não consegue refletir sobre os próprios errot pois ainda seria
l(t'cornprensas fisicas diretas caracterizam os reÍorços primáriot ou cgocêntric4 ou seia, voltada para o 'tu". Porém, para Skinner, trata-s€
scia, satisfazem a uma necessidade primária, tais como fome e sede. de períodos cruciais para a modelagem de novos comportamentos.
No reÍorço secundário, estímulos neutros se associam a reforços Assim, na perspectiva skinneriana, o ensino na escola se pro-
primários, atuando como recompensa, como o dinheiro, que, asso- cessaria por meio da relação estímulo-resposta, e o professor seria
ciado a reforços primários, é um dos mais utilizados atualmente. o responsável por estabelecer reforços positivos e negativos a fim de
O bônus financeiro no fim do mês é um exemplo, bem como o aumento definir os comportamentos deseiados.
da mesada devido à realização de alguma atividade, isto 4 a uma Diante da questão didático-metodológic4 Moreira (1999) destaca

resposta satisfatória. n TNSTRUçÃo pRocRAMADA como exemplo de aplicação da aborda-


É importânte destacar que Skinner condena a punição, pois acredita gem skinneriana na escol4 cujos princípios básicos são os descritos
rlue punições estabelecidas aos sujeitos informam somente o que não a seguir:
fazer ao invés de in formar o que fazer. Esse tipo de proced imento seria . PEeuENAs ETApes - A informação, ou o conteúdo, é apresentada
o maior impeditivo para uma real aprendizagem, pois os comporta-
por meio de certo número de etapas pequenas e fáceis: "O uso de
mentos punidos não desaparecem; pelocontrário, retornam associados
pequenas etapas facilita a emissão de respostas a serem reforçadas
a novos comportamentos. Para o âutor, prisãq reprovação, açoite e cas-
ediminui a probabilidade de cometer erros" (MoreiÍ4 1999, p. 59).
tigos físicos desmedidos são exemplos de punição.
Ou seja, os erros são minimizados, e os acertot maximizados.
Um exemplo dessa estratégia é a estruturação dos livros didáti-
cot em sua maioria, bem como o planeiamento do professor que
(z.z)
-Escola:
lugar de estímulos organiza as liçôes da mais fácil para a mais difícil.
c respostas? . REsposrA errv.t - Refere-se à participação ativa do sujeito no
processo de aprendizagem. É realizada por meio de questiona-
Ii)da prática tradicional escolar tem uma premissa comportamenta- mentos do professor ao longo das atividades realizadas. Outro
lista, vale lembrar: estrelinhas no caderno; balas e doces ao término de exemplo são os ditados.
atividades; correção da atividade para rever o erro e buscar o acerto; . VERTFTcAçÃo TMEDTATA - Parte-se do princípio de que o aluno
tarefas de casa validadas com "muito bem", "parabéns", 'tontinue aprende de Íorma mais adequada quando verifica a resposta ime-
assim". Esses são casos de reforço positivo. diatamente. A vedficação é realizada por meio do questionamento
fá o reforço negâtivo pode ser identiÍicado, por exemplo, na do professor logo após as atividades e visa à correção do erro
irusôncia de recreio, na correção das atividades com conceilos como também.
"ruim", "péssimo", "precisa melhorar" g ainda, na famosa cadeiri- . l{rrMo lnópnro - Cada aluno tem o próprio ritmo para apren-
nh,r rxr tapetinho do pensamento, artifício que ainda hoie está pre- der. Skinner considera que o professor deve respeitar o ritmo de
Í'nk' no universo da sala de aula. Neste último caso, o tapetinho e aprendizado do aluno a fim de possibilitar a participação dele no
.t (ir(l('irinhâ representam um espaço no qual a criança permanece- l.,rocesso de aprendizagem. Ele destaca ainda que, caso o profes-
rill po1 11111 períod<l de tempo para pensar em seu comportamento. sor faça o contrário, o aluno visualizará essa estratégia como um
lintr('l,urk), lrara vários teóricos, a criança em determinada faixa rr.i()rço ne8.rlivo ou até como uma puniçào.
. liisr E Do pRocRAMA - Deve ser realizado por meio da atuação prontwe a sobrettiuência das culturas enqtanto obietioo élico
destaca e
do aluno, Salienta-se a importância da clareza das questões apre- fundamental. Por ser inspíradt - nns não justiÍicada - pelo ruodckt tle
sentadas, as quait geralmente, apresentam lacunas para serem scleção por consequências, a sobreoioêtlcia das culluras nõo constituí
preenchidas conforme o gabaritq ou seja, as respostas devem ser rttn t alor naluralmente "aerdadeiro". Esse aalor pode, portanto, sct lcgi-
disponibilizadas ao final da atividade para que o aluno a coÍriia, limamcnte questionado e fubatído, mesnto pelos próprios behauioristas

verificando o que acertou e modificando o que errou. rndicais - ainda Ete hoja bons argunrcntos para defendê-lo. (Dittrich;
Abib, zoo4, p. 43,z)
Como demonstramos até aqui, Skinner foi um dos precursores
das ideias ligadas ao desenvolvimento humano e à aprendizagem. Assim, conforme o ponto de vista de Skinner, seria necessário
A seguir, apresenlaremos outros aspectos de sua teoria. ('stabelecer normag regras sociais que devem ser cumpridas pelos
sujeitos de determinada sociedade. O mesmo se aplica quando se
1'r'nsa na família. Analise o caso a seguir.
(2.3) 9utros olhares
Mariana, no sábado, sempre realim as cotltprus de casa. Certo
Um fator importante para Skinner é a observação do ambiente em dia,leoou sua de 4 anos, Ana, ao mercado. Ao itrgressar
lílha
que o indivíduo está inserido para definir seu comportamento no corredor das guloseinns, Ann jogou-se no chão. Chorou,
eo que é certo ou errado. De acordo com Skinner (r97o, p. 96) esryneou e gritott, dizendo à tnõe que não sairia dali antes
Não temos lazão paru supor que qaalquer prática cultural esteja sempre que lhe comprasse chocolates. Mariana, então,.,

cerla ou errada de aardo com algum princípio ou ualor índependente


dascircunstlncias otr que qualquer unt possa, a qualquer nromento, fazcr Para finalizarmos essa história com uma pÍemissa skinneriana,
wna aualiação absoluta de set oalor de sobreztioêttcia, Conquanto isso llt'vemos pensar que, para o teórico, a chamada nnnha ou birra é
seja reconhecído, estaremos nrcnos inclinados a lonçar 1 io de rcspostas ,rPrr'ndida, ou seja, é um comportamento adquirido. Dessa forma,
fxas para escapar da indecisão, .r mãe de Ana deveria ignorar o quadro apresentado pela filha e,

importante destacar que, para o teórico, a cultura na qual uma


É nrarrtendo-se rígida em seus propósitos, retirar-se do corredor, para
rluc a menina fosse atrás dela.
Pcssoa está inserida é importantíssima para o estabelecimento e/ou
modificação de comportamentos, Nessa cultur4 sustentam-se valo- Se Marian4 ao contrário, resolvesse ceder aos apelos da filha e

rt,s morais, éticos, estéticot entre outrog os quais podem, aliág ser r'omprar-lhe os doceg na visão de Skinner, haveria um estímulo para
nrodificados diante das ações dos suieitos presentes: rlrrt', a cada nova visita ao mercado com a menina, a mesma cena volte
,r nc()ntecer,pois os chocolates acabariam se transformando em um
(l sislt: n étíco skinneríano é cofiposto por uma ciência dos talores
rcforço - positivo - para a filha.
r yor unn fibsolin moml. Apoiado no nodelo de seleção por cotseEÉncias, ()r,rtroexemplo de manha éo caso da criança quando chora, mas
t sst sislL,t n apreseflta tanto sentenças desclítíoas, ou tactos - atraaés
,l.l() p()r fome, frio, dor nem pela necessidade de trocar as fraldas.
ins rlmis qtonto os oaríáueís seletiaas Ere contrclam o conporlamento
St'gundo Skinner, os adultos que convivem com essa criança devem
ttlit'tr tlltntto scntenças prescritioas, ou mandos - atraués das qtLais illrorar o choro, evitando pegá-la no colo ou mesmo mudáJa de Iugar,
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pois, se assim o fizerem, ela associará o choÍo (comPortammto oPe-
rante) a colo ou mudança de lugar (reforço) ou seja, a criança sempre
vai chorar para receber colo etc.
lá no caso dos adultos, para modificar o comportamento, é
preciso
transformar os objetivos em questões Públicas, isto á se uma Pessoa
deseja estudar para um concuÍso ou realizaruma reeducação alimen-
târ, deve tornar seus objetivos públicos, pois assim será cobrada por
seus familiareg amigos etc.
Tais objetivos podem ser registrados em um bloco de notas ou em
um blos (diário virtual) destacando-se o empenho diante de uma con-
quista. É preciso pois, criar reforços para atingiÍ os obietivos. Por fim,
parabenizar-se, com uma festa ou com a comPra de roupas novas,
por exemplq é uma forma de investir em novos reforços positivos.
É importante ressaltar, ainda, algumas questões que podem aÍetar
o condicionamento oPeÍante, o comportamento deseiado, segundo
Fadimân e Frager (1986, P. 2oo):

. O condicionamento Pode ocorrer e ocorre sem consciência: o que


o indivíduo percebe dependeria de suas percepções passadas.
. O condicionamento se mantém a despeito da consciência:
"Podemos ser condicionados apesar de sabermos o que está acon-
tecendo e decidirmos conscientemente não permanecer condicio-
nados" (Fadiman; Frager, 1986, P. zor\.
. O condicionamento é rnais eÊcaz quando o sujeito tem consciên-
cia e coopera: "O condicionamento eficaz é uma colaboração"
(Fadiman; Frager, 19Í36, P. n!.
Devemos mencionar, por fim, que, para Skinner, o corpo é aquilo
quc, lic comporta, ou seja, tudo pode ser observado, analisado com
b,rse. na leitura do corpo, inclusive os comPortamenlos social e cul-
Iu ral. As emoçõe' o intelecto, a vontade, o relacionamento social são
uprcndidos e demonstrados por meio do corpo.
prop(isito, nâo Podemos nos esquecer de uma crítica a ser feita
^ de Skinner: como criar, imaginar, viver e desejar em um
à teoria
rrrtpo rmordaçadq aprisionado por condicionamento, Por reforços?

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