Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A cozinha baiana, de origem africana, chegou até nossos dias depois de sofrer
uma série de influências e alterações que se sucedem dia a dia, à proporção
que ganha as mesas mais ou menos grãfinas. No Rio já comi, em várias casas,
um vatapá de salão que do vatapá original só conserva o pirão branco de arroz.
Pirão que é servido com um refogado de camarão. Só.
“Mas grandes quituteiras a Bahia sempre teve. Aquelas que Sodré Vianna
chamou de fadas do dendê, referindo-se às do seu tempo: Eva, Joaninha, etc.
O baiano diz que é preciso ter o dedo para fazer um bom efó ou um caruru na
medida. O dedo é o talento que permite às cozinheiras saber colocar a
quantidade exata do condimento, o tempo certo do cozimento ou a hora precisa
de misturar os ingredientes do vatapá. A cozinheira ocupa lugar de destaque no
conjunto hierárquico das sacerdotizas do candomblé. É uma das filhas-de-
santo, particularmente escolhida para êsse ofício, que se chama iya-bassê.
Mas o seu trabalho ela o faz sempre sob o contrôle da Mãe, segundo informa
Roger Bastide. Conheci pais-de-santo excelentes cozinheiros. Pai Ciríaco, que
tinha um terreiro na Vila América, em Salvador e que mais tarde se mudou para
Vilar dos Teles, no Estado do Rio, cozinhava admiravelmente. Mas este mister
é exercido oficialmente pelas mulheres. E mulheres de idade. Alá um preceito
no candomblé segundo o qual a mulher menstruada não pode cozinhar. Não
pode nem mesmo permanecer na cozinha. Sábio tabu que obriga o exercício
da cozinha às mulheres na menopausa, exatamente as mais velhas, de maior
experiência, melhores cozinheiras, portanto. Entretanto não só nas comidas de
sal as negras foram e são grandes cozinheiras. Desde 1802 que se tem notícia
das famosas baianas mercando pelas ruas seus doces em tabuleiros
enfeitados. Gilberto Freyre diz que que tudo era doce de negra: “... o legítimo
doce ou quitute de tabuleiro foi o das negras. O das negras doceiras. Doce feito
ou preparado por elas. Por elas próprias enfeitado com flor de papel azul ou
encarnado. E recortado em forma de corações, de cavalinhos, de cultos fálicos
ou totêmicos. Arrumado por cima de folhinhas frescas de banana. E dentro de
tabuleiros enormes, quase litúrgicos, forrados de toalhas alvas como pano de
missa”” (p.37-38)
“Na cozinha africana, dita baiana, a presença do português aparece aqui e ali.
Aparece no sarapatel que os colonizadores trouxeram da Índia, aparece nas
frigideiras, no cozido, no bacalhau, nos untos e nos condimentos. Na verdade
foi o português, dominador, que levou o negro, cozinheiro, a adaptar ao gosto
dos patrões a comida dos deuses africanos. 'No início de colonização, era o
português que cozinhava sua própria comida, no estilo da terra natal. Depois a
negra cozinheira foi introduzida na casa, passando a servir ao senhor no fogão
e também na cama. Com a negra, os ingredientes africanos,' E o resultado foi
uma comida misto de portuguêsa africana, mais africana, porque era a negra
quem a fazia. O dendê dividiu as honras com o azeite de Oliva, o quiabo
misturou-se aos nabos, ao grão-de-bico, aos pepinos, às berinjelas. O maxixe
nativo mais tarde se juntou ao bloco. O tomate americano demorou mais. A
cozinheira africana não teve problema para trabalhar com o bacalhau (Luís
Edmundo informa que o peixe salgado importado de Portugal nem sempre era
o bacalhau, às vêzes a pescada), porque os negros já conheciam o peixe sêco,
pôsto a secar ao sol com pouco sal. A galinha portuguêsa se assemelhava bem
à galinha de Angola. O resto foi fácil” (p.67)
“Da África, juntamente com o negro, carga e mercadoria como êle, vieram
alguns dos principais ingredientes da cozinha baiana: a pimenta, o quiabo, o
côco, o inhame, o amendoim [...] O negro trouxe a sua cozinha, a maneira e
preparar seus quitutes, mas só alguns séculos após sua chegada, pôde usá-la.
Os escravos não consumiam o dendê, condimento caro demais para ser dado
a negro cativo [...] Só alguns séculos após sua chegada foi que o negro pôde
aos poucos, introduzir na Casa Grande sua culinária, fazendo-a ao melhor
gosto do patrúo. O negro não cozinhava para si, cozinhava para o senhor. Era
ao senhor que a comida devia agradar” (p.71-72)
BOLINHOS DE TAPIOCA
BOLO DE CARIMÃ
5 ovos completos.
2 gemas.
Leite de um coco.
BOLO DE CARIMÃ
Água-de-flor de laranjeira.
Faz-se uma calda com o açúcar e a água-de-flor de laranjeira. Quando esfriar,
bate-se junto com os ovos e a manteiga até rebentarem olhos. Dissolve-se
dentro a carimã. Fôrma untada, forno quente” (p.111)
COCADA-PUXA (58)
CUSCUZ DE TAPIOCA
“Um quilo de tapioca grossa e alva: dois côcos; açúcar e sal ao gosto. Rale os
dois cocos, retire o leite puro e reserve-o. Despeje no resíduo um e meio copo
de água quente, espremendo novamente. Ao leite puro junte duas colheres de
sopa, bem cheias, do bagaço. Peneire a tapioca em peneira grossa, não
usando a parte fina que passar. Acrescente então metade do bagaço do coco e
tempere ao gosto, com sal. Coloque a mistura num quadrado de morim fino e
leve à cuscuzeira, que já deve estar com água fervendo e, se gostar,
aromatizada com erva-doce. Dobre as pontas do pano, cubra com a tampa.
Deixe cozinhar sóbre fogo que mantenha a fervura da água. durante 15 a 20
minutos. Retire e conserve na própria cuscuzeira com a tampa, por alguns
minutos. Depois vire o cuscuz num prato pouco fundo e deixe esfriar. Vá
umedecendo com o leite, temperado com bastante açúcar e sal. Faça o mesmo
com o leite puro, reservando algum para botar em cima das talhadas ao servir”
(p.116-117)
“1 côco; 250 gramas de tapixa; açúcar e sal ao gôsto. Rale o côco e tire o leite
puro. Junte um copo e meio de água quente o baraço. Numa tigela ou num
Pirex fundo, misture a tapioca ao côco com água. temperando com sal e
açúcar. Depois de mexer bem aperte, cubra com um prato e deixe assim
durante algumas horas” (p.117)
DOCE DE TAMARINDO
MINGAU DE CARIMÃ
“Lava-se a carimã com água. lançando em seguida num pano para espremer o
líquido. Assim sêca, passa-se numa peneira. Junta-se à massa leite de coco
ralo e põe-se para cozinhar, como qualquer mingau. Quando já estiver quase
cozido, ponha leite puro de côco, cravo e canela. Açúcar ao gosto” (p.120)
MINGAU DE TAPIOCA
“Ponha a tapioca de môlho em água fria. Tire o leite puro de junte água ao
bagaço tire o leite ralo. Misture o leite ralo com a tapioca, tempere com sal e
açúcar. Junte canela em pau e cravos. Cozinhe o mingau. Quando estiver
engrossando, acrescente o leite de caco puro. Cozinhe mais um pouco. Sirva
em xícaras ou tigelas polvilhadas com canela. Se quiser, junte gemas, no
momento em que acrescentar o leite de côco puro” (p.121)
MUNGUZÁ DE COLHER
“Meio quilo de milho branco, que deve ser deixado de môlho de véspera. Tire,
na medida do possível, a casca e o olho do milho. Coloque o milho para
cozinhar num caldeirão, com água e sal. Rale dois côcos, esprema e tire o leite
grosso. Guarde. Junte água ao bagaço e tire o leite ralo. Adicione êste ao milho
que está cozinhando. Quando estiver cozido tempere com sal e açúcar ao
gôsto. Ponha um pouco de farinha de arroz, ou milho branco, socado, para
engrossar o caldo. Junte o leite de côco puro e deixe cozinhar mais um pouco.
Ao temperar com açúcar, adicione 'três dentes de cravo, um pau de canela,
uma colherinha de água-de-flor de laranjeira. Sirva em pratos fundos como
sopa” (p. 121)
PAMONHA DE CARIMÃ
PAMONHA DE MILHO
QUINDINS
QUINDINS