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Educação Básica
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Bem vindo(a)!
Caro(a) aluno(a),
O objetivo geral desta disciplina é contribuir para sua formação acadêmica, por
meio do debate e conhecimento das políticas públicas de educação existentes e em
vigor no país.
É de suma importância que você seja capaz de tirar as vendas que cobrem seus
olhos quando o assunto é política. Ela é tão fundamental para nossa sociedade que
até parece uma brincadeira (de muito mal gosto) que as pessoas acreditem que não
seja necessário compreendê-la.
Diante dessa primeira exposição, espero que você possa compreender que estudar
política é uma necessidade e que compreendê-la faz parte da formação não só de
um(a) professor(a) crítico(a) e engajado(a), mas de um(a) cidadão(ã) que conhece e
defende a “coisa pública”.
Sumário
Essa disciplina é composta por 4 unidades, antes de prosseguir é necessário que
você leia a apresentação e assista ao vídeo de boas vindas. Ao termino da quarta da
unidade, assista ao vídeo de considerações nais.
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Introdução
Você já deve ter ouvido e até mesmo falado nas rodas de amigos ou familiares que:
“Política é algo que não se discute”. Será que essa a rmativa é mesmo verdadeira?
Nessa unidade vamos re etir sobre a importância de entender o que é política, sua
relação com o Estado, poder e dominação. A partir do olhar advindo da área
responsável por seus inúmeros estudos, chamada de Ciências Políticas.
O importante nessa nossa caminhada por essa temática é estarmos abertos para
novas descobertas, transformação de pensamento e, principalmente, a inquietação
para questionar.
Tudo isso é imprescindível para que você possa compreender a política baseada em
análises críticas, teóricas e cientí cas e não se manter apenas no achismo.
Por isso a política deve ser debatida SIM! Não baseada apenas no gosto de cada um
por partido ou candidato, mas baseado em todo o processo político, propostas e
ações que possam modi car a realidade.
Convido você a entender política por uma outra ótica. Pelo olhar do cidadão, que,
consciente do seu lugar, pode sugerir e opinar em sua própria sociedade.
Bons estudos!
A nal, o que é Política?
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Você já parou para pensar na importância de se compreender o que é política? Já se
perguntou por que ela é tão necessária para a nossa sociedade? Já quis ser um
político? Ou, mediante a realidade, tem um certo desânimo em falar qualquer coisa
que se relacione à política?
São questões que muitas vezes estão no nosso dia a dia, porém não somos capazes
de aprofundar nossas inquietações e passamos a viver em uma realidade que não
entendemos, mas também não sabemos como modi car.
Estudar Política é necessário, pois nos ajuda a entender que somos parte de uma
sociedade, re etidos e re exos da vivência social que possuímos, começando em um
primeiro processo de socialização que ocorre, inicialmente, na família e depois nos
encaminha para o segundo processo que será efetivado nas instituições sociais,
como: Estado, Igreja e Escola.
Todos esses espaços sociais tendem a nos revelar características particulares, repleto
de regras e de ações que serão direcionadas como direitos e deveres. Por essa razão,
é que a política é fundamental para a dinâmica social.
Até as discussões realizadas por Michael Foucault (2014) sobre a ideia de microfísicas
do poder, considerava-se que ao falarmos de poder estávamos nos referindo apenas
à questão política, porém veremos mais adiante, que o poder é exercido de maneira
variada pelos indivíduos sobre o outro.
@Vladdeep em Envato
Por exemplo, te convido a pensar em quais pessoas você votou nas últimas eleições.
Quais delas podem satisfazer seus interesses? Quando você foi à urna, você pensou
que estava votando em alguém que poderia entender suas necessidades? Se a sua
resposta foi negativa para essas questões, talvez, e infelizmente, você não consiga
entender como alinhar seus interesses com o do seu candidato pode ser, de fato, o
que leva à uma mudança social.
Para quem faz parte da educação, outro exemplo: é necessário estar atento(a) aos
planos de educação ou projeto que os candidatos apresentam, só assim é possível
modi car algo. Quando votamos apenas por “gostamos” do candidato, muitas vezes
esquecemos o que ele poderá fazer por nós.
Por isso muitas vezes nos sentimos enganados. A partir do momento em que temos
consciência da realidade e do que necessitamos, é que nos tornamos seres
pensantes socialmente e podemos atuar como cidadãos conscientes. Assim, o ato
político de votar transforma-se numa ação determinante para manter ou modi car
a sociedade.
Além disso, Ribeiro (2010) acredita que política está muito relacionado a quem
manda, por que manda e como manda, pois mandar não é nada mais, nada menos
do que decidir e isso requer apoio, anuência e, muitas vezes, submissão do outro. O
que não é um processo nada fácil ou simples de ser feito.
A Política, então, pode ser vista como a arte da razão, ou a arte da negociação, ou
apenas a arte de governar. Assim, quem a pratica deve ter um “dom” especial para
governar, uma espécie de vocação para compreender o outro e alinhar todos os
interesses daquele que a rege com aqueles que possibilitam a tomada de poder.
Nesse sentido, veremos mais adiante que ela é uma ciência, pois quando decidimos
entender os processos que a desenvolvem e a constroem, vamos entendê-la de
maneira sistematizada, losó ca e social.
Mas, antes disso, devemos a rmar que política também é uma forma de pro ssão.
Os cargos políticos hoje são almejados por conta de sua rentabilidade. Em nosso
país, podemos dizer que eles se tornaram “cabides de empregos”, o que nos revela
que deixaram de ter um valor de fato, para transformar a realidade em nome de um
bem comum a todos. Passaram a ser apenas uma pro ssão que se dedica a
in uenciar a coletividade em razão de seus interesses próprios e não da
comunidade.
É importante frisar que mesmo repetindo sempre que detesta política, a todo
momento a fazemos de alguma forma. Em constantes tomadas de decisões do dia a
dia estamos fazendo política, porque tudo se resume a conquistar os nossos
interesses em detrimento da aceitação e submissão do outro.
@drobotdean em Freepik
O fazer político nos permite viver em sociedade, determinando as regras e como as
ações devem ser direcionadas. O ser político deve ser aquele que compreende a
ideia de coletivo, sociedade, da vivência nas cidades ou pólis – como eram chamadas
na Grécia Antiga –, podendo viver em comunidade sem extrapolar o espaço do
outro.
Porém, é claro que diante de sociedades desiguais, essas ações parecem utópicas e
só acentuam ainda mais a diferença entre aqueles que mandam e os que
obedecem. Por isso o fazer político não pode se distanciar da realidade, pois,
querendo ou não, ele entra em todas as nossas relações, determinando a forma
como agimos no mundo.
O processo político deve estar atento a todas as formas de variáveis sociais, senão
corremos o risco de realizar apenas o interesse de algumas pessoas. Por exemplo,
quando pensamos em educação, alguns sujeitos sociais acreditam que ela pode ser
entendida por meio do mérito, nada mais, nada menos. Quando pensamos nas
aprovações em exames de vestibulares, podemos observar quão discrepante é a
realidade do aluno que teve melhores condições de estudos em relação àquele
vindo de uma periferia. Há quem diga que não existem diferenças cognitivas, e
realmente muitas vezes não há mesmo, porém a realidade em que vivem faz toda a
diferença. Te explico o porquê: não é apenas a vontade de estudar que conta para o
sucesso de alguém, mas também entender a sua realidade, como as oportunidades
de estudos podem ser ofertadas e, principalmente, qual a sua condição nanceira.
Por isso, após a divulgação de resultados de processos seletivos, vemos que o lho
da empregada, do pedreiro, da dona de casa festeja a sua aprovação como se algo
impossível de acontecer. É porque ele conseguiu alcançar uma meta que, muitas
vezes, era descartada por conta da sua questão social. Esse esforço todo não pode
ser visto como mérito, mas como uma exceção, que, infelizmente, não é para todos.
Mas como isso tudo tem a ver com o processo político? Ora, se o governo não é
capaz de dar condições educacionais que não diferenciem as pessoas, ele é culpado
pelo fato de que a universidade pública é ocupada por alunos oriundos de escolas
particulares, enquanto as faculdades privadas, estão repletas de pessoas vindas das
classes mais baixas.
Você pode estar pensando, mas no nal todo mundo está na sala de aula... E eu
posso te a rmar, mediante a um processo injusto e inexistente de decisões
coerentes para uma educação para todos, a forma como esses alunos adentram a
universidade é completamente diferente. Volto a repetir, não é uma questão de
cognição, mas de como o próprio Estado, por meio de seus processos políticos, tem
prometido uma educação laica, gratuita e de qualidade para todos.
Será que esse exemplo cou confuso? Talvez você esteja se perguntando o que a
política pode fazer pelas pessoas, se ela é marcada por tanta corrupção e ações
desonestas. Pois bem, quando entendemos que somos nós que fazemos política,
ca mais claro pensar que, ao escolher um candidato, estou escolhendo também a
forma como ele pode interferir na maneira em que vejo, compreendo e entendo o
mundo e isso pode ser manipulado, conforme ele perceba o meu processo de
conscientização da realidade.
Dessa maneira, odiar política e não querer compreendê-la pode ser um ato que não
tende a prejudicar o outro, mas a você mesmo e o fato de viver em coletividade. A
Política precisa ser debatida e re etida a todo momento para que as tomadas de
decisões possam ser realizadas de maneira coerente e consciente.
Ciências Políticas
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Segundo Bonavides (2000, p. 42): “A Ciência Política, em sentido lato, tem por objeto
o estudo dos acontecimentos, das instituições e das idéias políticas, tanto em
sentido teórico (doutrina) como em sentido prático (arte), referido ao passado, ao
presente e às possibilidades futuras”. É uma ciência que tem como propósito pensar
os processos políticos e de como podem afetar a sociedade.
A Ciências Políticas tem como objetivo conhecer e re etir sobre as instituições, dos
fatos e de tudo que tem a ver com as práticas políticas que competem questões
losó cas, jurídicas e sociais.
Podemos citar alguns exemplos de quando a ação violenta policial se tornou uma
violência legitimada pelo Estado.
Exemplo 2: cidade do Rio de Janeiro, 2019, em uma ação desastrosa a polícia militar
atira 82 vezes em um carro branco que conduzia uma família para uma festa, em
um domingo à tarde. Até o momento ninguém foi preso ou acusado da morte do
motorista e morador da região que não tinha nenhum problema com a polícia.
É dessa maneira que a violência do Estado é tida como legítima. Em todos os casos
esses policiais estavam a serviço dele e, em seu dever, pode valer tudo, mesmo vidas
inocentes.
Cada tempo, época, período e contexto tende a demandar uma atenção singular
sobre as questões relacionadas aos processos políticos. Nesses estudos revela-se a
ideia de um estado cada vez mais dividido por classes sociais e que acentuam as
injustiças, segregações sociais e espaciais. Além disso, a análise sobre os partidos
políticos e seus interesses vão evidenciar a importância de cada voto almejado nas
eleições.
Os estudos ainda irão chamar atenção para os movimentos sociais e sua e cácia
dentro do Estado. Movimentos que vão promover mudanças ou conservar a visão do
Estado para inúmeras questões sociais.
Chegamos aos estudos ligados às mudanças sociais, que apontam à busca de uma
sociedade mais igualitária e utópica. Perpassam pela própria história da constituição
do Estado, que pode ser absolutista, liberal, nacional, neoliberal, de bem-estar social,
democrático, totalitário ou ditatorial.
@twenty20photos em Envato
Assim, a Ciências Política existe por meio da descrição, interpretação, crítica aos
fenômenos que correspondem às práticas do Estado. Tudo muito especí co.
Estudar política por essa perspectiva é entendê-la como um campo único.
Um cientista político será muito diferente de um cientista natural, ele tem por
“missão” a crítica e re exão de um objeto mutável o tempo todo. Suas
interpretações sobre as questões do Estado são pontuais ao momento observado.
Assim, não é uma ciência capaz de determinar o futuro, mas pode sim pensá-lo. Por
essa razão, em diferentes períodos históricos foi questionada sua necessidade e/ou
autoridade.
Mediante esses tópicos, podemos entender que tudo que envolve o processo de
formação, expansão e consolidação do Estado faz parte do entendimento da política
e de sua ação mediante as decisões tomadas com o propósito do benefício do
coletivo.
Poder e estado
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
No que compete aos estudos da Ciências Políticas, sem dúvida que o conceito de
Poder é um dos mais pesquisados e de maior interesse, tanto para cientistas
políticos como sociólogos. Em sua de nição mais corrente, ele pode ser de nido
como um fator externo, que pode ser exercido por uma pessoa ou um grupo de
pessoas, ainda de caráter institucional, pessoal e também simbólico.
Você deve estar pensando: “então existe poder em todos os lugares e relações?”.
Basicamente, sim. Tudo que fazemos está permeado por alguma relação de poder, a
ideia de quem manda e quem obedece permanece forte, mesmo que “invisível”.
Em relação aos estudos da Ciências Políticas, o poder é visto como aquele que
constitui todo tipo de governo e que necessita ser controlado para que não possa se
tornar autoritário. Um bom governo precisa estar ciente de sua relação entre
diferentes grupos de interesses e preservar a autonomia de cada um deles, que
impeça que alguns indivíduos sejam prejudicados. Assim, busca-se promover o bem
comum, em que o poder seria baseado em uma justiça equilibrada.
O fato é que quando nos atrevemos a falar sobre poder, não podemos deixar de citar
o pai da Filoso a Política moderna, Nicolau Maquiavel, que escreveu uma obra
clássica, chamada O Príncipe, que pode ser entendido como uma espécie de
manual que busca instruir o príncipe não apenas a conquistar o poder, mas
também de promover sua manutenção, compreendendo os meios necessários para
se atingir aquilo que é necessário para si.
Além de ser uma obra que pode ser entendida como um manual para o governante,
o livro também serve para ser interpretado pelo povo contra os possíveis abusos de
poder daqueles que os governam.
A abordagem proposta por Maquiavel estava baseada na noção de VIRTÚ, não numa
virtude de origem moral, mas sim de poderes e funções que envolviam o domínio
políticos. Poderia ser entendido também como o sucesso de um Estado que deveria
ser admirado e imitado pelos demais governantes. Nesse sentido, tudo que fosse
necessário para a manutenção desse bem-estar deveria ser realizado em nome do
Estado, os meios utilizados deveriam justi car as ações desse monarca.
Em uma das partes mais signi cativas de O Príncipe, Maquiavel “aconselha” que
esse precisa ter uma relação de equilíbrio com o seu povo. Precisa ser tanto amado
quanto temido, e se não conseguir autocontrole, é preferível que seu povo tenha
medo de suas ações, pois, segundo Maquiavel, ser temido é muito mais garantido
do que amado, pois o amor pode ser traiçoeiro. Por isso, quando necessário, a
violência deveria ser aplicada para demonstrar o poderio do governante.
Thomas Hobbes - (1588-1679): para esse autor, os homens são guiados pelo
sentimento egoísta que se revela em seu estado de natureza, assim a rma
que: “O homem é o lobo do próprio homem”. Para solucionar uma possível
constância de estado de guerra, ele sugere que para viverem em harmonia, os
homens deveriam renunciar ao seu estado de natureza, para sua
autopreservação. Deveriam preservar o estado de paz, mantido por um Estado
poderoso, acima de tudo e de todos.
John Locke - (1632-1704): conhecido como o “pai” do liberalismo político,
acredita que o Estado deve ser pensado preservando o conjunto de
individualidade de cada um, assim como a propriedade privada. Por isso,
defende um governo com limites, visto como um agente mediador e
regulador.
Jean-Jacques Rousseau - (1712-1778): sua teoria se baseia na ideia de um
contrato social, em que a rma que o ser humano seria um “bom selvagem”,
entretanto, a sociedade política seria responsável por corrompê-lo. Por isso,
deveria ser construída uma sociedade por meio de contrato, ou seja, o
consenso entre as partes envolvidas, uma associação justa.
Charles-Louis Montesquieu - (1689-1755): pensando em uma sociedade civil
organizada, era necessário re etir sobre a distribuição dos poderes. Se já não
existe mais um monarca que toma conta de tudo, se fez fundamental o
surgimento, proposto, por esse pensador de uma teoria dos três poderes. Essa
separação fez surgir o Estado moderno liberal, pensado por meio dos poderes
básicos: o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Existentes até hoje, cada um
deve ser preservado em sua particularidade e autonomia. Porém, como
percebemos essa divisão, infelizmente, não tem garantido que seja exercido
com bom funcionamento e sem corrupção.
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Para nalizar a nossa unidade, vamos nos aprofundar um pouquinho mais nessa
ideia de poder, mas com outra forma de olhar e perceber como ele se estabelece em
sociedade.
Vimos, anteriormente, como Max Weber foi importante para pensar a ideia de
Estado e sociedade, já em meados do século XX, nos apresentando uma forma
particular de entender a sociedade. Bom, nesse momento vamos recorrer
novamente ao autor para ver como ele diferenciou os conceitos de poder e
dominação.
A primeira coisa que devemos relembrar dos estudos já realizados sobre Weber, é
que esse autor defendia que o indivíduo era responsável por moldar a sociedade.
Para ele, somos nós, com nossas ações sociais, que determinamos a sociedade. Por
essa razão, seu conceito de Ação Social nos revela que somos movidos por sentidos
e signi cados individuais para nossas atitudes e todas elas podem ser explicadas de
maneira subjetiva.
Para ele, a ação social pode ser pensada a partir de quatro tipos:
Weber ainda nos ajuda a pensar que essas ações, quando compartilhadas por outras
pessoas, podem se tornar relações sociais que nos permitem viver em coletividade.
Classes: não será vista ainda como uma divisão social. Para o autor, a classe
signi ca a aquisição de bens e serviços que são próprios de um mesmo grupo.
Podemos pensar como uma classe de aula, por exemplo, nela as pessoas
estarão “unidas” por um interesse comum, ser aprovado no ano letivo, terão
suas regras particulares. Nesse sentido, classe é fazer parte desse grupo de
pessoas.
Estamentos: pode ser pensado como um status, ou seja, o espaço social que
ocupamos a partir do que possuímos e como essas aquisições nos oferecem
um lugar na sociedade.
Partidos: esses são responsáveis apenas pela busca ou posse do poder
institucional, por meio das eleições e do voto.
Nesse momento, o autor nos convida a entender que poder e dominação são coisas
completamente diferentes, embora sejam muito parecidos em seus propósitos. O
que o autor identi ca como poder, a imposição de sua própria vontade sobre o
outro, a ideia genuína de quem manda e quem deve obedecer, a opressão em
relação ao outro.
Já a dominação é uma imposição de poder que pode ser “disfarçada” pela maneira
como ela se revela ao outro. Dominar é a capacidade de fazer com que uma vontade
pessoal, subjetiva, se transforme e se compartilhe como vontade individual de
outras pessoas. Dessa maneira, a dominação irá exercer um poder que muitas vezes
passa despercebido por quem apenas a re ete como sendo sua própria vontade.
Ficou confuso? Vamos então aos tipos de dominação legítimas, propostas pela
análise de Weber:
SAIBA MAIS
Você sabia que a obra O Príncipe foi escrita em 1513, enquanto
Maquiavel se encontrava exilado? Entretanto, seu livro só foi publicado
em 1532, cinco anos após a sua morte. O livro, que é um manual sobre a
arte de governar, foi inspirado no estilo político de César Bórgia, que foi
um dos mais ambiciosos comandantes italianos, e que Maquiavel
trabalhou junto por cinco meses quando foi embaixador.
Fonte: a autora.
REFLITA
O Analfabeto Político - Bertold Brecht
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem
participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o
preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
Por isso entender política é tão importante, porque ela nos faz perceber de que
maneira as tomadas de decisões são realizadas, baseadas em que tipo de interesse.
A nal, a política é também um processo individual que se desenvolve numa proposta
de coletividade.
Nesse sentido, entender os processos políticos deve ser feito por meio de métodos e
teorias que priorizem uma compreensão fora da ideia de “achismos” ou gostos
pessoais. Hoje estamos vivendo uma polarização política que tem nos impedido de
fazer, de fato, uma re exão crítica sobre os processos e a formação do Estado, isso
porque as pessoas não usam as ferramentas ou realizam as leituras indicadas por
aqueles que transformaram o campo político em uma ciência, chamada de: Ciências
Políticas.
Como ressaltamos, pensar a política brasileira ou mundial não é algo que podemos
fazer apenas “gostando ou não” de um determinado partido político, mas sim sendo
capazes de entender a dimensão dos processos políticos.
Esses processos estão sempre repletos de formas de poder, que não pode ser
de nido como um conceito único e imutável. O Poder existe em todos os lugares e,
para os pensadores da Sociologia, qualquer relação social é mantida por uma relação
de poder. Como a rma Foucault (2014), o poder se multiplica em suas microfísicas, ou
seja, nas relações humanas em que haja a propensão de alguém mandar enquanto o
outro obedece.
Por m, vimos que o poder pode ser entendido em uma outra “roupagem”, através da
dominação, essa não é apenas exercida pela vontade particular, mas sugerida como
uma vontade de todos.
Leitura Complementar
Quando falamos de política, podemos compreendê-la em suas diferentes
representações. Uma das formas mais recentes de entendê-la pode ser através de um
fenômeno político chamado de Ativismo digital.
Livro
Filme
Unidade 2
Políticas Públicas: aspectos
legais da educação básica
no Brasil
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Introdução
Ao continuar as nossas descobertas sobre o “mundo” das Ciências Políticas e da
Política de maneira geral, vamos nos aprofundar cada vez mais nas chamadas
políticas públicas relacionadas à educação brasileira.
Depois vamos re etir sobre as diferenças entre políticas públicas e políticas públicas
de educação, com o objetivo de percebermos que cada esfera social demanda uma
necessidade, um olhar mais aguçado sobre a realidade que a rodeia.
Sabemos que a educação sempre foi um projeto político, mas que muito ainda falta
a ser feito para que ela possa, de fato, ser entendida como uma prioridade de
qualquer governo. Por isso, é muito importante re etir sobre como esse projeto
político tem sido desenvolvido em nosso país.
Para isso, vamos fazer um breve histórico sobre as políticas públicas de educação no
Brasil e seu desenvolvimento até a chegada da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) de 1996.
Bons estudos!
Políticas Públicas: o que
são?
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
O exercício que zemos anteriormente foi pensar sobre a Política. Vimos que ela
pode ser entendida como arte da razão ou a arte de governar. Sendo assim, quando
falamos de Política pública estamos utilizando de uma expressão que tem por
objetivo determinar uma situação especí ca da política.
No que compete à palavra pública, sua origem revela-se latina, e tem como
signi cado “povo” e “do povo”. Dessa maneira, a expressão política pública, do ponto
de vista etimológico das palavras que a compõem, refere-se à participação do povo
nas decisões da cidade e do território.
Um mundo cada vez mais globalizado fez surgir uma sociedade cada vez mais
antenada com as suas necessidades. Diante disso, o conhecimento e re exão sobre
as questões das políticas públicas tem se modi cado a cada nova década, pois
estamos vivendo em governos de caráter democrático que proporcionam, ou pelo
menos deveriam proporcionar, uma maior participação do povo nas questões
governamentais.
A parceria entre o povo e o Estado é o que permite que o governo possa ter
estabilidade para governar, por isso é necessário que as políticas públicas sejam
pensadas e exercidas para o bem de todos.
Assim como outros conceitos de nem as políticas públicas em uma única expressão
é muito complicado, por essa razão optamos por poder reproduzir duas maneiras
que se complementam ao pensarmos sobre elas. Para Souza (2003, p. 13), a de nição
estaria relacionada ao
Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o
governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e,
quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações e
ou entender por que o como as ações tomaram certo rumo em lugar
de outro (variável dependente). Em outras palavras, o processo de
formulação de política pública é aquele através do qual os governos
traduzem seus propósitos em programas e ações, que produzirão
resultados ou as mudanças desejadas no mundo real.
@larm em Unsplash
Mas será que existem apenas um tipo de políticas públicas? Para Azevedo (2003),
elas podem ser entendidas em três categorias: as redistributivas, as distributivas e as
regulatórias. Vejamos as especi cidades de cada uma:
Redistributivas: são aquelas relacionadas que permitem a redistribuição de
renda por meio de nanciamentos de serviços e equipamentos. Elas podem
ser compreendidas por meio dos programas como: FIES, bolsa família, renda
mínima para água e luz, Minha Casa - Minha Vida e tantos outros programas
que contribuem para diminuição das desigualdades sociais. Elas deveriam ser
nanciadas por aqueles que possuem renda maior que a grande parte da
população, entretanto acaba sendo incorporada aos gastos de projetos da
união e, assim, há um maior gasto na conta do Estado. Muitos acabam
achando que esses programas sociais, quando não usufruídos por ele, são
onerosos demais para a sociedade, se colocam contra a essas bolsas como se
elas fossem desnecessárias.
Distribuitivas: são as ações cotidianas de qualquer governo, representadas
pela oferta de equipamentos e serviços públicos, de forma pontual ou setorial,
e que são determinadas pela necessidade social ou a pressão dos grupos de
interesse. Nesse sentido, obras em escolas ou creches, manutenção da limpeza
da cidade com podas de árvores, rios e córregos, o desenvolvimento de
programas de conscientização ambiental são alguns dos exemplos das
políticas públicas distributivas.
Regulatórias: Essas são responsáveis pela elaboração das leis que irão autorizar
os governos a fazerem ou não determinada política pública redistributiva ou
distributiva. Assim, se elas necessitam da ação do poder executivo para serem
realizadas, a política pública regulatória é fundamental na ação do poder
legislativo. Por isso, é importante que estejamos atentos a esse tipo de política
pública, pois ela revela o quanto o governo vê “necessidade” ou não em sua
execução. Nada mais é que aquelas possíveis leis, que lutamos e achamos
fundamentais para o andamento da sociedade e que permanecem anos sem
nenhuma resolução. Ao entendermos a necessidade da ação política,
começamos a perceber o quanto ainda os interesses governamentais ou de
grupos majoritários podem prejudicar a execução de uma determinada
política pública.
Podemos concluir então, que as políticas públicas devem ser entendidas pela
relação direta entre sociedade e governo. Este, sendo capaz de ouvir as
necessidades de seu povo, tende a promover maneiras para que as desigualdades
sociais e a justiça social possam ser encaradas como um ato prioritário para a
manutenção de sua governabilidade.
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Espero que você tenha compreendido a importância das políticas públicas, em
especial, que tenha cado bem claro que elas são tudo aquilo que o governo pode
ou não fazer em prol das necessidades de sua população. Novamente gostaria de
ressaltar a importância que existe na relação entre governo e sociedade. Porque é
ouvindo a sociedade/seu povo que o governante consegue se manter no poder ou
dar continuidade a sua governabilidade.
Por essa razão, mesmo que não seja o foco desse material, é necessário dizer o quão
fundamentais são os Movimentos Sociais. Esses, de caráter dinâmico, mutável,
diverso, têm protagonizados o início de inúmeros diálogos entre governo e povo.
@anniespratt em Unsplash
Assim, se você deseja entender uma lei posta em sociedade ou a sua modi cação,
ca a dica de procurar antes por sua história, conhecer os grupos sociais envolvidos
e compreender de que maneira a luta empreendida levou a um novo
direcionamento de ações para a transformação social.
As políticas públicas podem mudar seu bairro, sua cidade, seu país e servirem de
exemplos para o mundo, como uma espécie de modelo para o que seja preciso para
que haja uma modi cação geral/global da sociedade.
Para qualquer esfera social existe um tipo de política pública, de caráter econômico,
para a segurança pública, de saúde etc. Nos interessa, nesse momento, aprender
um pouco mais sobre as chamadas políticas públicas de educação. Mas, a nal, o
que seriam elas?
@mclee em Unsplash
Diante disso é que o “fazer educacional” deve ser visto como essencial para
sociedade. Escolas, universidades e faculdades devem ser pensadas em toda sua
complexidade, que perpassam as questões de ensino-aprendizagem a professores,
família, comunidade e ações do estado. Essas poderão ser realizadas por meio das
obras estruturais, contratação de pro ssionais, valorização da formação de
professores, o desenvolvimento das matrizes curriculares, re exões sobre a gestão
escolar, além de muitas discussões sobre a avaliação e da qualidade do ensino.
Tudo isso deve estar presente nas discussões de políticas públicas de educação, pois
a formação escolar não incide apenas no fazer em sala de aula, mas em todos os
fatores e aspectos que permitem que o ato desse fazer, que deve ser pensado em
suas inúmeras particularidades.
A crítica que o autor faz está muito relacionada ao fato de que as políticas públicas
educacionais revelam o quanto os governos desejam ou não o seu desenvolvimento.
Historicamente falando, o desenvolvimento das sociedades modernas, a partir do
século XX, baseadas cada vez mais na crescente expansão da globalização e de
novas formas de governos adeptos pelo Neoliberalismo, tem revelado o quanto essa
“ loso a política” tende a fazer da educação, assim como de outras esferas sociais,
meios de privatizações estatais, ou seja, retirar do Estado sua maior
responsabilidade.
Assim, se não cabe ao Estado, a exclusividade das decisões sobre saúde, segurança
ou educação, como tudo será feito? Essa questão é muito importante a ser pensada,
pois como alguns blocos mundiais se destacam, mais in uências eles conseguem
exercer em países economicamente menores e que vão aderir a programas de
educação, por exemplo, em que nada bene ciariam a nossa realidade, pois esses
são projetados para sociedades diferentes. Falaremos disso mais adiante quando
iremos pensar sobre avaliações e qualidade de ensino, porém é preciso já
começarmos a re etir de que maneira, os nossos problemas educacionais são
diferentes, de uma suposta homogeneização mundial sobre educação.
Políticas Públicas de
educação no Brasil (I)
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Como vimos até agora, a ideia de política pública está baseada na máxima de que o
Estado deve estar em ação. No caso, da educação, essas políticas seriam reveladas a
partir da ideia de um Estado em ação em relação às questões educacionais. Elas
estão relacionadas com tudo aquilo que incide sobre educação, ou seja, em âmbito
escolar, desde a sua estrutura até a formação dos professores, planos de carreiras
etc.
Quando recorremos ao nosso passado histórico, devemos nos lembrar que somos
um país que durante 388 anos foi palco apenas para colônia portuguesa, um
governo de exportação e exploração, marcado pela dizimação dos indígenas e a
escravidão maciça de escravos advindos da África.
Durante todo esse período, falar sobre educação no Brasil é compreendê-la por
meio das obras Jesuíticas, comandadas pela igreja católica, com o objetivo de
catequizar e educar a todos por meio do evangelho. Em nada essa primeira
educação no Brasil tem a ver com algum tipo de política pública de Estado, era
apenas a demonstração do poder baseado na colonização portuguesa.
Depois disso, alguns outros formatos de educação vão surgir, mas serão destinadas
apenas àqueles que podem “pagar”, ou seja, a educação era um privilégio para a
classe mais rica brasileira, que, além de não se importar com o desenvolvimento de
educação para toda população, possuía recursos para enviar seus lhos para estudar
fora do país.
Dentro dessa nova lógica é que os estudos, pesquisas sobre a questão das políticas
públicas no Brasil, datando do nal do século XIX e início do século XX, mostram
uma preocupação com a área da educação ou com políticas voltadas para uma
educação que deveria ser almejada e alcançada por qualquer cidadão brasileiro.
É possível a rmar que foi a partir de 1930 que as políticas públicas de educação
brasileira passaram a ser encaradas como um projeto de governo, implementada
pela Reforma Francisco Campo várias decisões foram tomadas pelo governo.
Destacam-se alguns decretos, segundo Santos (2011):
No período que compete à década de 1940 até 1961, as discussões sobre a educação
no Brasil ganharam força na oposição entre aqueles que viam na educação um
lugar de conservação da tradição e dos “bons costumes” do país versus os
movimentos sociais que se dedicavam a uma educação libertadora e emancipadora,
baseados na educação popular e outros projetos que emergiram da necessidade
pujante de uma educação para todos no país.
Porém, como o regime começou a dar sinais de sua falência, ainda no nal da
década de 1970, é possível constatar que as mudanças não proporcionaram um
maior investimento na educação. A política baseada no chamado “milagre
econômico” não foi capaz também de promover uma educação melhor para o país.
Essa constatação virou uma das maiores bandeiras dos Movimentos Sociais da
década de 1980.
Algumas entidades cientí cas foram abertas e elas levantaram a bandeira de luta
priorizando alguns pontos decisivos para uma mudança educacional: melhoria da
qualidade na educação, valorização e quali cação dos pro ssionais da educação,
democratização da gestão, nanciamento, ampliação da escolaridade obrigatória
(SANTOS, 2011).
Novamente, vários campos sociais se uniram e, assim como ocorrido em 1932, com o
Manifesto dos Pioneiros, após a retirada do poder dos militares em 1985, a sociedade
civil percebeu sua importância para lutar pela educação. De novo, os caminhos
históricos do Brasil vão nos ajudar a pensar sobre essas políticas, a partir da
Constituição Federal de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de
1996.
Política de educação no
Brasil (II)
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Seguimos nosso resgate histórico e chegamos a 1988, na efervescência após a
derrocada da ditadura militar. Vivemos o momento necessário para uma nova
constituição, estamos inseridos num processo de redemocratização que promete
devolver ao povo seu lugar de direito, em uma sociedade democrática. Sendo assim,
a Constituição de 1988, chamada de Constituição Cidadã, emergirá como o
documento indispensável para a reconstrução da história do país, em todos os seus
aspectos e esferas sociais.
Depois de muitas disputas, a LDB, aprovada em 1996, foi a defendida pelo então
Senador, Darcy Ribeiro (PDT/RJ), que não atendeu inúmeras reivindicações
propostas pelos grupos sociais na década de 1980:
Temos que ressaltar que a proposta do governo FHC seguia as orientações dessas
agências, que projetavam a necessidade de um governo que priorizasse a
diminuição dos gastos públicos, a privatização das empresas estatais e os serviços
prestados pelo Estado e que fosse capaz de encontrar novas fontes de renda. Talvez
agora você compreenda o que Santos (2011) nos propõe re etir na citação, de que as
ideias iniciais sobre a educação tomaram uma nova dimensão, isso ocorre
justamente por a política nacional está baseada nesses organismos/agências de
fomentos internacionais, cuja orientação era deixar de lado a proposta de uma
Estado de bem-estar social, em que o governo seria responsável pelas questões
básicas sociais para um governo caracterizado pelo Estado Mínimo.
Isso signi cava dar uma autonomia cada vez maior aos Estados e Municípios a
gerência de seus recursos:
É com este foco que a LDB de 1996, Lei nº 9.394/96, sinalizou claramente
para mudanças nas responsabilidades dos entes federados quanto à
manutenção e ao desenvolvimento do ensino em seus diferentes níveis.
O teor da citada lei induz fortemente à descentralização da educação,
direcionando os seus gastos por intermédio da criação do Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e da
Valorização do Magistério – FUNDEF (Oliveira, 2008). A atenção do
FUNDEF voltada, exclusivamente, para o Ensino Fundamental, somada
à de nição de Parâmetros Curriculares Nacionais e à instituição do
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) parecem
mostrar quais os direcionamentos do governo em relação à política
educacional na época. Ou seja, direcionam-se os gastos para o Ensino
Fundamental como estratégia de preparação de mão-de-obra para o
mercado de trabalho; ao mesmo tempo, instituíram-se os Parâmetros
Curriculares e o Sistema Nacional de avaliação, de maneira que um
certo tipo de controle fosse mantido pelo governo (SANTOS, 2011, p.10).
Com a chegada, em 2003, do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, novamente haverá
modi cação na educação nacional. Em um primeiro momento essas modi cações
não puderam ocorrer, pois muitas ações ainda estavam atreladas aos acordos
realizados entre o governo FHC e as agências nacionais.
Ao longo desse governo, muitas coisas foram se modi cando, no caso da educação,
foram propostas ações de médio e longo prazo, encabeçadas, a princípio, pelo
Ministro da Educação Tarso Genro e, posteriormente, Fernando Haddad. Para Santos
(2011) destacam-se nesse governo as seguintes propostas:
SAIBA MAIS
Você sabia que na avaliação educacional realizada pelo PISA com 79
países, em 2018, os números do desempenho brasileiro são
preocupantes?
A nota geral do Brasil está entre as mais baixas do mundo nas três áreas
avaliadas – leitura, matemática e ciências. Quase metade dos
estudantes não chega nem ao nível básico em nenhuma delas,
destoando do desempenho dos alunos de escolas particulares do Brasil.
Fonte: © Amâncio.
Quanto mais vamos nos aventurando a entender a realidade que nos cerca, mas
ações políticas percebemos que são necessárias. Se política é a arte da razão e de
governar, faz-se necessário compreendermos como são tomadas as decisões e os
interesses que a cercam. Isso só é possível se somos capazes de olhar para ela e não
mais desviarmos os nossos olhos.
Nesse sentido é que toda a unidade foi pensada, com o propósito de nos adentrarmos
cada vez mais fundo na compreensão em relação ao conceito de políticas públicas e
como ele se rami ca, até se tomar uma política pública de educação.
Como vimos, as políticas públicas podem ser pensadas como a ação do Estado, de
responsabilidade dele e que possibilita as transformações necessárias à sociedade.
Sua atuação passa a ser baseada no ouvir a sociedade civil e regulamentar o que
precisa ser modi cado. Ela pode ter o caráter redistributivo, distributivo e regulatório,
possibilitando a diminuição das desigualdades e injustiças sociais.
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Livro
Filme
Unidade 3
Financiamento da
educação brasileira
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Introdução
Todas as vezes que conversamos sobre educação, é imprescindível pensarmos sobre
como custeá-la e também de onde virão esses recursos.
Por essa razão, essa unidade tem como prioridade a compreensão do que é
nanciamento para educação brasileira, qual sua importância e como ele tem sido
pensado na atualidade.
O fato é que os repasses para educação são tão importantes que muitos casos de
corrupção, nos últimos anos, são resultados justamente da má administração desses
recursos e quem tem a sofrer ainda mais é a população brasileira, que vê da janela
de casa obras paradas, crianças nas ruas e, sem consciência, acreditam que não
podem fazer nada.
Bons estudos!
Financiamento da
educação brasileira: o que
é?
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Quando debatemos sobre a educação brasileira, devemos pensar em todos os
aspectos que podem conduzi-la para sua melhor e cácia. O sistema educacional
brasileiro é complexo e isso se re ete na capacidade de compreensão de todas as
necessidades dele.
Assim, como toda a história da educação no Brasil está atrelada à própria história do
desenvolvimento da sociedade brasileira, quando pensamos em nanciamento
também devemos pensar nas mudanças sócio-históricas como instrumentos de
transformação na educação nacional.
Os avanços datados dos últimos 30 anos nos auxiliam a perceber que sem um
nanciamento ancorado na distribuição de rendas da União, Estado, Municípios e o
Distrito Federal, a educação no país ainda precisa de recursos adequados para seu
funcionamento.
São tão importantes esses recursos que, nos últimos anos, infelizmente, tivemos que
acompanhar inúmeros casos de corrupção em relação aos desvios de verbas,
justamente, da e para educação. Desvios esses que revelavam e ainda revelam
grandes esquemas de lavagem de dinheiro, que prejudicam o andamento das
instituições de ensino.
Essa realidade tão perversa ainda existe em nosso país, pois os recursos destinados,
muitas vezes, nem chegam até esses lugares. Como sabemos, a corrupção que
move o Brasil se dá através dos recursos públicos. Mas por que isso continua
acontecendo?
Infelizmente, a falta de uma educação política revela o quanto, na maioria das vezes,
esses cidadãos prejudicados, não conseguem ter a capacidade de entender que
precisam lutar por seus direitos. Continuaremos a rmando que o entendimento
político permite que as ações prometidas sejam cumpridas. Por isso que, ao
entendermos o que cabe às instâncias governamentais, compreendemos também o
quanto de direito e deveres compete a nós, mas em especial, nesse caso, ao Estado.
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Segundo Macedo e Dias (2011), é recente a história de nanciamento das instituições
de educação básica no Brasil. Mesmo que pensar a educação, como um todo, no
país seja algo de caráter histórico, novamente, é inegável a a rmação que, há pouco
mais de 30 anos, isso vem se modi cando e sendo efetivado no país.
Tudo vai culminar na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394/96)
que determinou à educação infantil um novo reconhecimento, assim ela passou a
ser vista como a primeira etapa da educação básica.
Não sei se você sabe, mas as creches, por exemplo, é uma realidade muito recente.
Por isso, ainda hoje, temos problemas com a quantidade de vagas e tudo mais.
Muitas mulheres foram às ruas, na década de 1990, exigir do Estado a construção de
espaços para educação infantil, pois isso daria a possibilidade de sua inserção no
mercado de trabalho.
Talvez, você deva estar se perguntando, mas a nal o que, de fato, a Constituição e a
LDB zeram pelo nanciamento da educação?
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Assim, o FUNDEF surge como uma proposta de nanciamento que vem para
revolucionar o que tínhamos até então, mas sua concretização vai esbarrar em
necessidades muito particulares da realidade de Estado e Municípios e é nisso que
as políticas públicas de educação precisam estar atentas.
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Segundo o portal do MEC (BRASIL, 2017, on-line), é possível entender o Fundeb da
seguinte maneira:
Além disso, o Fundeb possibilita uma complementação com recursos federais aos
Estados que não alcançarem, por aluno, o valor mínimo instituído nacionalmente.
Vale ressaltar ainda que, independentemente da origem, todo recurso deve ser
redistribuído sempre para educação básica.
Com uma participação maior de recursos vindo da União, esperava-se que houvesse
uma maior redução das desigualdades regionais. Assim, se antes a União estava
comprometida com apenas 2% de repasse de recursos, após a instalação do Fundeb
essa margem foi elevada para 10%, o que permitiu gerar as condições necessárias
para a instalação, por exemplo, do piso salarial nacional para os professores e todos
aqueles envolvidos na educação.
O fato é que o Fundeb, ao substituir o Fundef, deu uma nova face aos recursos
destinados à educação e como eles seriam pensados de maneira mais especí ca, as
particularidades regionais de um país tão imenso quanto o nosso.
Você já deve ter entendido que ao se fazer uma política pública, seja ela de que
caráter for, é muito importante que haja o conhecimento real das necessidades, se
isso não ocorre, as distorções são realizadas da maneira mais cruel possível, tirando
daqueles que precisam o auxílio necessário para o seu desenvolvimento.
Nesse sentido, será que você já parou para pensar o impacto de se atrelar, por
exemplo, o bolsa família à educação? A reparação histórica por meio das cotas
raciais para as universidades? Os programas governamentais como SISU, PROUNI,
FIES? Pois bem, te convido a investigar mais de perto essas políticas públicas,
programas e ações para perceber que em suas particularidades, elas são
extremamente importantes para o desenvolvimento do país.
Lima (2015), ressalta que, embora uma novidade e ação expressiva, a maneira como
o Fundeb foi criado não agradou a todos, principalmente porque, mesmo que ele
tivesse o propósito a uma maneira sistêmica de pensar a educação, o que competia
à educação infantil de 0 a 3 anos, as creches e todo o auxílio necessário para essa
faixa etária cou de fora desse documento.
Entende-se que essa faixa etária cabe aos municípios a responsabilidade, porém,
dentro da demanda crescente dos últimos anos, é perceptível que muitas cidades
não deram conta de absorver o contingente existente. Talvez você more ou até
mesmo conheça lugares em que há las gigantescas de espera para a matrícula em
creche ou Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), não é mesmo? Pois bem, se
faz necessário repensar, nesse momento, a abrangência, mais uma vez, do Fundeb.
Fundeb - Fundo de
manutenção e
desenvolvimento da
educação básica e
valorização dos
pro ssionais da educação -
atualidade
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Quando pensamos no Fundeb, mesmo que de maneira sucinta, a re exão vai se
estendendo por vários campos. Podemos pensar em arrecadação, repasse,
responsabilidades governamentais, valorização dos pro ssionais da educação,
mudanças do cenário nacional da educação.
Esse tipo de política pública permite pensar não somente o nanciamento, mas
todos os caminhos que levam até ele e como está sendo pensado e percorrido.
Parece imperdoável ver a mudança do Fundef para o Fundeb e mesmo assim não
termos recursos necessários, por exemplo, para incluir a educação de crianças de 0 a
3 anos.
Bom, mas isso está com os dias contados para mudar. Devemos ressaltar que o
Fundeb, dessa maneira como vemos, precisou ser repensado, substituído ou
melhorado até dezembro de 2020. Esse é o prazo vigente desde seu início em 2007.
Desde 2015 está em tramitação no Congresso Nacional a PEC 015/15, que tem por
objetivo tornar o Fundeb permanente, os que defendem sua continuidade de
maneira xa, acreditam que a continuidade e o aprimoramento dessa política de
educação venham a colaborar para o fortalecimento e uma maior equidade
educacional.
Nesse sentido, destacamos o movimento Todos pela Educação, descrito como uma
“organização da sociedade civil, sem ns lucrativos, plural e suprapartidária”. Tem
como objetivo, através da educação básica de qualidade e equidade, transformar o
país. Por isso, acredita que o diálogo para o avanço das políticas públicas
educacionais exige urgência.
Para o Todos pela Educação, o debate e a aprovação da PEC 015/15 são muito
importantes e devem ter como base quatro pontos:
Ao re etir sobre a PEC 015/15, as principais modi cações propostas estão ancoradas
nas noções de “proibição de retrocesso” na política pública e de “planejamento
social” na Constituição, propõe ainda a inclusão de outras fontes de recursos, como
também o aumento do repasse da União para os estados.
Caso essa PEC seja aprovada, as mudanças que ocorreram aproximaram ainda mais
a sociedade civil de todo o processo de seu planejamento, cabendo também a ela,
re etir, discutir, scalizar e avaliar as ações do Fundeb à luz da realidade e dos
resultados obtidos.
Podemos perceber que o processo de diálogo em 2020 deve ser acelerado, a nal
para muitos especialistas, pesquisadores e participantes da sociedade civil seria um
retrocesso não concretizar a permanência do Fundeb, depois de mais de uma
década de seu surgimento.
Talvez você esteja se perguntando, mas, a nal, o que de fato o Fundeb nancia?
Bom, segundo o jornal Nexo (VICK, 2019), o recurso advindo do Fundeb, deve ser
utilizado para o nanciamento de todos os níveis da educação básica, de diferentes
etapas e modalidades. Além disso, pelo menos 60% de toda a arrecadação deve ser
aplicada a salários de professores ativos da rede pública.
Vale lembrar que, por estar vinculado à arrecadação tributária, cada ano o valor do
Fundeb pode variar, assim quando a nossa economia não “vai bem”, os recursos são
menores, caso aumente, os recursos também serão maiores.
Por isso é que a cada ano o governo estabelece ou repensa o valor de cada aluno de
escola pública, tudo está baseado não apenas na educação em si, mas atrelado
também a questões econômicas do país.
Dessa forma, a nossa missão, como futuros e pro ssionais da educação, é estarmos
atentos a todas as propostas e mudanças que vão se desenrolar em 2020 e que
poderão atingir positiva e negativamente o trabalho docente e todas as suas
implicações no que compete à escola no Brasil. A nal, já dizia Gilberto Gil e Caetano
Veloso, na canção Divino Maravilhoso: “É preciso estar atento e forte”. Somos
cidadãos e tudo deve perpassar por nossas percepções, interesses e perspectivas no
que compete às ações dos Estados, Municípios e da União.
SAIBA MAIS
Em 2020 pode ser o último ano do Fundeb, para que isso não ocorra, a
sociedade civil tem se mobilizado, um desses movimentos sociais é
marcado pelo “Todos Pela Educação”. Em seu portal on-line, você
poderá acessar e conhecer como pensam e quem são esses cidadãos
preocupados com o futuro da educação nacional. Qual seria a proposta
deles em relação ao nanciamento da educação?
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REFLITA
O valor mínimo nacional por aluno/ano dos anos iniciais do ensino
fundamental urbano foi estimado para 2019 em R$ 3.238,52,
correspondendo a um aumento de 6,2% em relação ao estimado para
2018, que foi de R$ 3.048,73. Por que ainda possuímos falta de escolas e
de uma educação de qualidade para todos?
Fonte: a autora.
Conclusão - Unidade 3
O que foi proposto para essa unidade era nos atentarmos para o nanciamento da
educação brasileira, como ele ocorre e está sendo pensado. Já estamos cientes que
todo tipo de resolução que compete à educação vem acompanhado dos tramites
legais, como também as questões históricas e governamentais. Assim, não podemos
ser ingênuos em acreditar que todas as decisões não possam ser baseadas nos
interesses de cada época, que podem ser marcados, por exemplo, pela inserção dos
órgãos e das agências internacionais, in uenciando, dessa maneira, em como as
ações serão conduzidas.
Vimos também como a mudança do Fundef para o Fundeb teve um impacto muito
grande em nossa educação nos últimos anos. Mesmo sendo passivo de críticas, o
Fundeb é defendido por especialistas e pela sociedade civil como uma política
pública importante para o funcionamento da educação nacional com o objetivo de
torná-la ainda mais de qualidade, sendo capaz de promover uma equidade social.
Por isso, o Fundeb deve ser pensado por meio das especi cidades regionais, onde
houver mais necessidades de recursos cabe à União fazer um repasse maior de
verbas, proporcionando, assim que haja, uma equiparação de valores necessários para
cada caso.
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Livro
Filme
Unidade 4
Pro ssionais da educação
básica
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Introdução
Para nalizar as nossas discussões, vamos conversar sobre a importância da
formação e da valorização dos pro ssionais da educação. Por meio da análise de
importantes documentos de políticas públicas educacionais que remetem a essa
questão, ainda tão debatida atualmente.
Será que todos os professores deveriam ter um teto salarial? Ter rendimentos que
pudessem permitir que eles trabalhassem apenas em uma instituição? Como
deveria ser pensado o plano de carreira para essa categoria?
Pois bem, a culpa não pode ser atribuída apenas ao professor, mas ela precisa ser
debatida em prol de que todos os envolvidos possam se responsabilizar pela
formação tanto de alunos, como também de professores.
Por essa razão, vamos debater um pouco sobre qual a importância da formação
contínua e continuada do professor e também de sua valorização como um
pro ssional necessário para todo o desenvolvimento da educação.
Não é de hoje que ouvimos e vemos relatos na televisão, redes sociais e em outros
veículos de comunicação que chamam a atenção para a precarização do trabalho
do professor. Muitas vezes esse pro ssional exerce sua função sem uma formação
adequada e recebendo honorários que não permitem que possa investir em seu
saber. Algumas situações nos mostram como o professor utiliza até mesmo de sua
renda pessoal para manter os alunos em sala de aula, seja comprando materiais
escolares, alimentos e água potável.
Bons Estudos!!
Professor ou professora:
quem é você?
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Ser professor é um ato de coragem? Por que será que muitas vezes quando
dissemos que somos ou estamos nos formando para sermos professores, alguém
sempre diz que é uma pro ssão que exige coragem?
Todas as vezes que ouço isso, quase me imagino como uma super-heroína dos
desenhos em quadrinhos ou uma bombeira em meio a situações de risco, de vida
ou morte.
Penso que chamar a gente de herói é uma forma que a sociedade encontrou de nos
dizer que é uma pro ssão que aquele ou aquela que a escolheu precisa estar
disponível a qualquer tipo de situação. Mas será que é isso mesmo?
Não podemos admitir que a nossa situação é só essa e pronto. Uma pro ssional
muitas vezes mal remunerada e valorizada. “É uma pro ssão ‘bonita’, mas eu jamais
seria professor”, não é isso que ouvimos muitas vezes em roda de conversas de
amigos ou almoços familiares?
É, nossa pro ssão passa por uma desvalorização que esbarra em questões
nanceiras, assim como em fatores sociais e culturais, ainda muito enraizados.
Bom, para esse exemplar educador, o ato de ensinar deveria ser a abertura de um
mundo no qual os alunos pudessem criar e produzir seu próprio conhecimento,
tendo o auxílio necessário para o desenvolvimento de sua criatividade e também
criticidade.
Paulo Freire nos inspira a pensar em que tipo de educador ou educadora decidimos
ser ao adentrarmos em sala de aula. Como devemos pensar a nossa atuação e ação
e até mesmo como sermos críticos em relação às práticas pedagógicas que
desenvolvemos em sala de aula.
São tantas obras importantes que esse educador nos deixou que ca difícil pensar
somente em uma. Assim, nossas discussões neste tópico estão pautadas tanto na
obra já citada, Pedagogia da Autonomia (2017), quanto no livro Pedagogia do
Oprimido (2018).
A Educação Bancária era realizada apenas entre aquele que sabia e o que não sabia,
que era o pensador e o que o pensado, o que conhecia tudo e o que não conhecia
nada. Assim, o professor era o “ser supremo”.
Para romper com esse tipo de educação tida, até então, como tradicional, Paulo
Freire propôs uma Educação Libertadora, baseada na Pedagogia do Oprimido.
[...] aquela que tem de ser forjada com ele e não para ele, enquanto
homens ou povos, na luta incessante de recuperação da humanidade.
Pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto de re exão
dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta
por uma libertação, em que essa pedagogia se fará e refará (FREIRE,
2018, p. 43).
Esse tipo de educação nos apresenta uma nova maneira de estabelecer relação
entre o professor e os alunos, ela se baseia na participação tanto do educador como
do educando em todo o processo de formação. Responsabilizando, assim, a todos
para o desenvolvimento de um tipo de ensino-aprendizagem que tem como meio a
interação com a realidade de cada indivíduo, a valorização de múltiplos saberes, a
indagação e a curiosidade como ferramentas do conhecimento.
Sendo proposta dessa maneira, é muito importante a gente pensar que tipo de
professor Paulo Freire acredita ser necessário para o exercício de uma educação que
liberte a mente e incentive a nossa capacidade criativa, questionadora e crítica.
O que o educador defende é uma educação que possa ter sentido e signi cado, ao
ponto que mostre ao aluno como ele faz parte de todo o processo educacional e,
mais do que isso, que tudo aquilo que ele já sabe também passa a ser valorizado
como um conhecimento necessário para sua formação.
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Além disso, o professor deve conhecer a sua sala de aula, para ensinar precisa ouvir,
silenciar e saber falar quando necessário. Freire (2017) nos ensina que todo professor
deixa marcas em seus alunos, algumas podem ser positivas e outras negativas. Com
certeza você se lembra de algum professor, não é mesmo? Pois bem, ao nos
tornarmos professores precisamos saber que tipo de marcas queremos deixar.
Outra coisa muito importante para esse educador é que a sala de aula deve ser um
lugar de liberdade e também de autoridade. Liberdade, para ele, não signi ca
indisciplina e autoridade, muito menos autoritarismo, por isso é necessário um
equilíbrio nas relações, a verdade e a conscientização dos indivíduos.
Por m, ao pensar na relação entre professor e aluno, Paulo Freire nos ensina que é
necessário querermos bem ao próximo, saber ouvir, estarmos dispostos ao diálogo,
entender as situações, debater, gerar con ito, repensar atitudes e ações.
Diante de tudo isso, o professor também precisa ter consciência que faz parte de
uma categoria pro ssional que está em permanente luta, seus alunos precisam
saber por que ele luta para que sejam capazes de compreender a complexidade de
ser um professor, em um país que nos valoriza, tanto nanceiramente como
simbolicamente, tão pouco. O herói ou a heroína nacional necessita de condições
dignas de trabalho para viver em sociedade.
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Segundo o documento o cial do MEC (BRASIL, 2019), atualizado em 18 de setembro
de 2019, sobre as políticas públicas de formação e valorização do professor, é possível
a rmar que nos últimos 30 anos muitas resoluções, decretos e normativas foram
realizadas em prol dessa temática.
Sendo el ao documento, o que você irá ler a partir desse momento está descrito, na
íntegra, no Relatório entregue pelo MEC e disponível em sua página, na internet,
para consulta pública. Por se tratar de dados históricos, considero pertinente que ele
possa ser reproduzido aqui em sua totalidade. Assim, torna-se possível re etir como
o próprio MEC entende e reconhece a importância da trajetória histórica dessas
políticas. Vamos conhecê-la, então?
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Pensar uma política pública de valorização e formação docente é compreender que
a partir do momento em que os pro ssionais da educação – pedagogos, educadores
e professores – tiverem acesso às ferramentas para quali cação e formação contínua
e continuada, poderão promover uma educação emancipadora. Compreendendo a
educação básica e a escola pública como cenário ideal para atuação desses
pro ssionais de maneira mais crítica e e caz, baseado na presença da União, Estado
e Municípios, por meio de subsídios necessários para a ascensão teórica e nanceira
desses pro ssionais. Nesse sentido,
Atualmente, muitas medidas propostas pelo PNE estão paralisadas, assim como
inúmeras demandas do MEC, que, em 2019, passou por mudanças de Ministros e
corpo administrativo duas vezes. É inegável que existe um cenário muito
preocupante para a educação brasileira. Os olhos do Estado voltaram-se para as
discussões em nível do Ensino Superior, o programa Future-se foi o contemplado do
ano de 2019, enquanto as questões da educação básica e da escola pública caram à
margem.
Mesmo assim, é muito importante ressaltar, que o PNE está em vigor até o ano de
2024. Mais uma vez, devemos a rmar que ele não é uma política que deve ser vista
apenas como de governo, mas sim de Estado, por isso, deve ser continuada e
realizada, independente do partido que está no poder.
O PNE tem como pressuposto que os avanços no campo educacional
devem redundar no fortalecimento das instituições (escolas,
universidades, institutos de ensino pro ssionalizante, secretarias de
educação, entre outras) e de instâncias de participação e controle
social. Isso se materializa em suas estratégias, que demandam ações
provenientes de estados, municípios e da União, atuando de forma
conjunta para a consolidação do Sistema Nacional de Educação
(BRASIL, 2015, p. 16).
Novamente, optamos por transcrever o que o PNE traz em sua íntegra para que
nada seja entendido senão pela forma como o documento foi redigido e se
encontrou em vigência.
Essa meta nos ajuda a re etir sobre a necessidade de que possam atuar em
sala de aula, aqueles professores que possuam uma formação adequada para o
exercício de sua função. No documento do PNE, estão detalhadas as áreas que
hoje necessitam cada vez mais de pro ssionais, as regiões do país que mais
possuem ou não pro ssionais quali cados. Nesse sentido, somos um país que
ainda possui, em sala de aula e escolas, pro ssionais com pouca formação
superior e esse é dos elementos que precisam ser modi cados.
META 17: Valorizar os (as) pro ssionais do magistério das redes públicas de
educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos (as)
demais pro ssionais com escolaridade equivalente, até o nal do sexto ano de
vigência deste PNE.
A valorização dos pro ssionais do magistério sempre esteve em pauta nas mais
diferentes propostas de políticas públicas de educação, isso porque é de
entendimento de todos os baixos salários recebidos por professores em
diferentes Estados e Municípios brasileiros. Assim como é necessária a criação
de um plano de carreira que possibilite uma renda mais justa para aqueles que
tiveram uma formação maior. No caso, se as metas 15 e 16 forem cumpridas, o
salário poderá ser equiparado para todos. Do contrário, ainda existem
pro ssionais mais quali cados que outros. O piso salarial, instituído pela Lei no
11.738, de 16 de julho de 2008, deve entrar em vigor em 2020, o que você tem
acompanhado sobre esse assunto?
Nesse sentido, e para nalizar esse tópico, espero que você tenha conseguido
perceber que uma meta não pode funcionar sem o cumprimento da outra e isso é
muito signi cativo, já que se faz necessário que as resoluções sobre a valorização de
professores sejam combinadas e realizadas de maneira conjunta, União, Distrito
Federal, Estados e Municípios precisam pensar juntos a questão de como nanciar
essa valorização e como subsidiar as ações necessárias para uma formação cada vez
mais quali cada de pedagogos, educadores e professores da rede básica de ensino
do país.
BNCC e a formação de
professores
AUTORIA
Renata Oliveira dos Santos
Chegamos ao nal de nossa disciplina e também de discussões pertinentes sobre as
políticas públicas de educação e sua trajetória histórica, social e cultural no Brasil.
Para encerrarmos nossos estudos vamos conhecer um pouco mais sobre a Base
Nacional Comum Curricular, conhecida como BNCC. Aliás, você já ouviu falar da
BNCC?
Há quem acredite que a BNCC é uma criação recente, mais especi camente, do
governo Michel Temer, porém quando nos debruçamos sobre os documentos de
educação, constatamos que ela está presente há muito tempo no horizonte das
mudanças educacionais no país. Ela já estava prevista tanto na Constituição, de 1988,
quanto na LDB, de 1996. Mas, a nal, o que é a BNCC?
Para o MEC, ao delimitar com clareza o que os alunos têm o direito de aprender, a
BNCC poderá auxiliar na melhoria da qualidade do ensino em todo o Brasil. Pois,
servirá de referência comum para todos os sistemas de ensino, contribuindo para a
promoção da equidade educacional.
Entretanto, embora a BNCC tenha instaurado uma forma geral para a construção
dos conteúdos em todo país, ela também propõe que o direito ao aprendizado fosse
contextualizado. Por isso é importante aliar os conhecimentos propostos com a
realidade e especi cidade vivenciada em cada região do país.
Segundo o MEC,
Essa deverá ser baseada nas competências que deverão ser necessárias para o
professor: conhecimento pessoal, prática pro ssional, engajamento pro ssional. A
BNCC deixa bem claro como essas questões deverão ser apreendidas dando o
direcionamento para como deverão ser estabelecidos os planos para a formação de
professores da educação básica.
Além dessas diretrizes, a BNCC ainda discute a formação docente para educação
básica também na chamada Segunda licenciatura, uma outra maneira de o
professor adquirir, em um curto prazo, o aprendizado e a certi cação para estar apto
a lecionar outras disciplinas, diferentes de sua primeira graduação. Formação
também para gestão escolar e uma formação continuada por meio de cursos
oferecidos pelo Estado.
O fato é que ser professor é estar em constante formação, por isso é muito
importante estarmos atentos aos passos e às resoluções governamentais, pois elas
implicam diretamente em nosso cotidiano.
SAIBA MAIS
Você já parou para pensar na Saúde do Professor?
REFLITA
A frase a seguir revela um pensamento de um importante educador
contemporâneo brasileiro: Mário Sérgio Cortella.
Fonte: a autora.
Conclusão - Unidade 4
Espero que você tenha compreendido que falar sobre formação e valorização do
professor não é uma discussão nada fácil. Por isso, alguns governos têm tentado
produzir documentos que rea rmem resoluções que já deveriam ter sido
contempladas a muito tempo em nosso cotidiano pro ssional.
É muito importante que você se interesse pelas “coisas públicas”, ou seja, pelas
políticas que as cercam para entender o que está sendo realizado. Será que você
sabia que a ideia de uma Base Nacional Comum Curricular já estava prevista tanto na
Constituição como na LDB? Será que você já tinha re etido sobre algumas Metas do
Plano Nacional de Educação? E se já tivesse feito tudo isso, parou para pensar por que
ainda não estamos caminhando para uma educação de qualidade?
Pois bem, são questionamentos e indagações que precisam fazer parte do nosso
cotidiano, senão corremos o risco de sempre imaginarmos que a “culpa” pelo mal
desempenho de nossos alunos está baseada apenas em nós, professores. Porém, será
que o Estado também não tem a sua parcela de culpa ao não realizar as demandas
necessárias para a formação docente para a educação básica?
Gostaria muito que, ao nal de toda nossa disciplina, você pudesse chegar à
conclusão de que política não é algo “chato” ou “desinteressante”, que as políticas
públicas de educação precisam ser entendidas de perto, para que o seu futuro possa
ser permeado pela qualidade e por oportunidades educacionais que impulsionem
uma educação brasileira e caz, coerente e conscientizadora.
Ao nalizar nossos estudos, anseio que sua curiosidade tenha sido aguçada e desejo
que tenha cado muito claro que ser professor demanda curiosidade, rigorosidade
metódica, competência pro ssional e engajamento, para que as lutas necessárias
sejam apreendidas da maneira que devem ser, visando sempre o melhor para o bem
comum.
Leitura Complementar
Você já deve ter percebido que é uma tarefa árdua e decisiva a formação incessante
do professor, não é mesmo? Pois bem, te convido a aprofundar ainda mais seu
conhecimento, precisamos de elementos que nos ajudem a promover a formação e a
valorização do pro ssional da educação por diferentes meios.
Leia: ANDRÉ, Marli. Práticas inovadoras para a formação de professores. São Paulo:
Editora Papirus, 2016.
Livro
Filme
Considerações Finais
Devemos pensar sobre política dessa maneira, aquilo que está em nosso dia a dia,
que precisa ser re etido constantemente, pois nos afeta tanto indireta, quanto
diretamente.
Já pensou quantos interesses podem envolver uma ação política, aliás depois de
todo conhecimento adquirido, você já consegue pensar quais são os seus próprios
interesses em relação à política? Será mesmo que ela não deve ser discutida? É
possível viver em uma sociedade sem pensar como deverá ser melhor o seu
desenvolvimento?
Por m, nos detemos a pensar sobre a formação e valorização dos pro ssionais da
educação. Sabemos que estamos muito distantes de salários e oportunidades de
estudos que sejam compatíveis às nossas necessidades. Por essa razão, acredito que
se você entendeu a importância da política, se tornou, então, um(a) cidadão(ã) mais
consciente e engajado(a) para transformar a nossa realidade e sociedade.
Muito obrigada pela companhia e nos vemos em uma nova viagem pelo
conhecimento!