Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
c.m o
-os:
,.,
o
m
o o ::s
=; =i (/)
o o
~- º
:e Q.) ~-
--·
o
>
e
-o
m
(/) (/) --1
z
,.,
<
:e
cn 3 o
_, -o
rn
o cr
-
(t) (t)
õ !:l
>
e
'"o
e.
o (/)
CJ :e
(/) .....
,.,
.,, ::s o 2
::s
o
e.,
(') <ti'
6 õ ' (/)
::s
CJ
~1 •
,:
:·'
,.
, ,,·
130 O Mil O ARIAN O f ..::,
•..J •• , ·•• •
Em nossos <lias, cm que o homem pede contas à Ciência
7. A Antropologia das Luzes I ·
com uma insistência crescente, estas pesquisas poderiam
ulilmcntc orientar este debate para sua grande dimensão f.. '.; j
histórica : como aconteceu de os recursos tio gênio ocidental, ( :'•'
trnnsformando a imagem do mundo, tcrc111 dc[or111ado a Í:: . .
)
imagem do ho111cm? Foi simplcs111cntc cm virtude da ex1ra-
pol:1ção utópica de uma estratégia inlelcclual de sucessos
(ul111inantcs 11ue os s(1l>ios-(ilóso(os achatnrn111 e mutilaram
esta i111agcm, ou foi na passagc111 de seu co111bate contra as (•
chamadas verdades reveladas, dog111as e superstições cclesi.ís- ('
1icas'/ Ou estes terríveis simplificadores ler-se-ão construído
u111 ho111c111 branco de acordo co111 as abstrações de sua moral, ;:,
de acordo com seu "cu ideal" - um ho111c111 naturalmente
puro e l>om, indefinidamente pcrkctívcl, polem:íalmcnle
011iscíenle - ou acaso houve outras razões obscuras para
-------
esta Jllerr:ipagcm · original das ciências humanas'/ /~
-- ·---
Mas é tc111po de considerar mais ue perto esta nova
:intropologia.
OS ANTROPÓLOGOS MODERADOS (MONOGENISTAS)
Ma.1t Weber ensinou-nos a refletir sobre o entrelaçamen-
to, no século XVII, entre a ética protestante dos anglo-saxões
e o espírito capitalista mililanle. Não se prestou suficiente
:1tc11ção ao prodigioso desenvolvimento da pesquisa científica
na Inglatcrra, logo depois da Revolução puritana. Para
os contcmporf111eos, entretanto, esta prepomlcrância inglesa
era evidente. La Fontainc constatava isto cm A Raposa e as
UrcH.
Os ini;lcses pensam profundamente
Seu espírito, nisto, segue seu lempernmento
Apruf undando nos nssunlos, e muito experimentados,
fa 1cmlc111 por Ioda parle o império das ciências.
Este imperialismo, como o outro, emprestava, na época,
parle de suas forças <lo fervor religioso. Se ciência ingle-
sa e religião combinavam bem, é que, a <lar crédito nos
cspccialislas, "a investigação da· natureza foi elcvadn ao nível
de um ato religioso fundanÍcntal" 1, e que os ·invcstigauorcs
"tinham cm comum a sincera· convicção de que ns obrns do
Senhor eram estudadas com conhecimento de causa por Seu
povo" 2• Mas deixemos a palavra a um deles, o pastor John
. Ray ( 1628-1704 ), com freqüência considerado o fun<lailàf
1. Wn11•A1.1., lllch,r~ S. Sct,n.-, 011,/ rt//1/on ln 1trtn11,n1l1-crnwr1
l.',1KlwuJ.Ncw llavcn, lYll, p,
2 . lhv•N , Charles I!. Na111,o/ rt/11/on anJ chr/Jllan lhtolo,r. Cambrl~ac,
1v~a. v. 1, r . 101.
.·.·.. J rnl cê ~::10_"
1
1
132 O MIIO ARIANO
,.. . :
A ANTROrOLOOIA DAS LUZ:éS
133 /' .'
....
lia ll01!l11ic11 e da Zoologia 111mlcmas, e ,,uc i;uuhc ellprimir
aumiravclmcnlc o entusiasmo religioso <la plêiade <lc sábios loúos os :mimais, JlCtJucnos ou grunúes, e sem excluir os
que culmin_ou cm Newton: mais vis e os mais desprezíveis insetos, são gerados por
animais <la mesmn espécie que eles" 8• Da mesma forma, /::-" ' _·,, _
......
li~ os que dium 11ue o C5l11do tln Cilosofin cxperimenl:il é 11111a J.!l!r.1~1ostrav11-se um grande precu($or quamlo, lralnmlo....dil.~ (.r :•·. '. . :'i
í curin5itlndc lndi5ercln, e 1111e denuncinm n p:1i.11iio ,lo cunhccimcnro.
r :_.-:
.
1
ocupação que serin des:igrndhel no, olho, de Deu,. Como •e pJ.!1~1t•~~. _es1ab~l_c~i-~--'l~~_!1.!!lJ1omcm negro não úiferia de
um homem lirnnco nem· mais nem menos úo que uma vaca ,.:::'--:
r::_,.i
Oeus onipolenlc eslivc5sc invejoso do conhecimenlo ,los homens.
Como AC, crinndo-1101, Ele nílu 1uuhcsso nlé onde pudc1l11111 penclrnr JJJ..El_a difere de uma vnen brnnca;
I 11, lu1.c., i.111 lnlcligQncln 1111111111111, 011, AO 111I livcs,c Ahlu ~cu p1111cr
0 L· ··
não lerin podido manre-lns cm limites mais reslriro,. J\qucln 1111c A diíereuçn 1111 cor llns flores, ou elo gosto cJns (ruins, nüo alio
de5prcznm e ne11nm II eonhccimenlo dcveri:im lcmhror-sc de que é 11111a marcn úc úifcrençn espcdíica cnlre ns plnnlns, como niio o
1
cio 11110 nos lornn superiores no, nnimni5, que é ele 'IUe nos 10111a ,iin :1, vnrini;,ies úe cnbclos, úo pelo ou do gosto pelo cnrnc IIOll .
capnzcs de virtude e de Celicidnúe 3.
-
nnirnnis; de moúo quo se poderio ndmitir com razões iguolmento ;.-
1 1,oa, l(Ue o negro e o europeu, ou que umn voeo preln e uma vacn ·
1 John Rar aplicava, a seu mudo, úurantc suas pesqui~as, hrnncn, pertencem n espécies di(crenlcs, como ndmilir isto parn 1
i
lllf ,\ o método <la (abula rn.m: mas era para rejeitar a classi-
duas planlns 11uc sú diferem coiro si pcln cor <la !lor ..• 9.
ficação <lc Aristóteles e eliminar raúic;llmcnle, segundo seus f>. primeira ordem úos mamíferos esll~.ll por Ray
próprios lermos, "os hieróglifos, os emblemas, as moraliúaúcs, _era ª--UOLÂ 111/rropumorp/iu, ou "nlãcãcos; não lhe pns_sp~'<.
Ili as fábulas, os presságios, e 1-u<lo o que tem relação com a
••
pela mente incluir' aí o homem. ·Seu · colaborodor e_ fpmlo)i:.·
élica, com a gr:unfüicu ou com qualquer outro ensinamento ·,\ ' ~úw: J' ·sor (1650-1703) preencheu indiretamente esla , ·
humano úeslc tipo"~. Em outras palavras, desprez:anúo a :1
lat.:una • e ecen o n nnnlogin cslrulurnl entre o homem
lógica lrauicional tanto tiuanto as iúéias hcn.laúas, procur;wa e o chirnpa111.é; ·merece igúalmenle o título ·de fundador da
ver a reali<lauc corH.:rcla com seus próprios olhos e csposar-llrc Anatomia Comparo<la . . Seu trabalho trazia -o título:
Ili os contornos. Naúa de noções 011 úe filosofia prcconccbiúas, Orw1,:-011ta11g, sivc llomo Sylvestris: or lhe A11atomy o/ tire
íi e Ra)• aplicava-se em rcfular lanto os epicurislas ateus q11anl11
os t.:11rlesia11os, estcs 111cdw11ic: tlrci.rt.r; u li11it.:a nutoridadc
l')'):IIIÍC COlll[Jate,l with '"ª'
o/ a MÕ11key, Q/1 Apc a11d c.& Ma11.
-
1\11:111 <lc uina terminologiu' n ·nossos olhos úesorientndoru
j ""l escriturística que ele reconhecia, a Díblia, servia-lhe apenas
r / er-, ( j,'i tJuc Tyson qunlificnvn o ehiri1panzé de "Pigmeu'' -. ou
úe quadro geral úe referência. Isto significa que este pastor \_lV (
úe "Orangotango homem-dos bosques") lratn-se, diz-nos um
não procurava "falar, sem as comprcenúer, <las maravilhas i·
/ especialista 10, de uma obra-prima de observação meticulosa
que me superam e c1ue não concebo" 5• As novas úcscobcrlas,
e precisa que mesmo cm nossos dias conserva seu valor.
''
como a úos fósseis, contradiziam o relato úo Gênese? Con-
Também Tyson tomava ·suas r-eservas não -sem certo humor,
fessava sua ignorância e expressava a esperança úe que outros com relação aos exageros cartesianos: ·
saberiam um dia "reconciliar estas úificulúaúcs" 6 •
''
..... Os AnliRPS comprnziam-sc cm ver seres humanos nos animais;
Se cu quiser 5cr complcl:1111cntc huneslo, confessava um Jia, rn, nossos cJins, 110 contr6rio, o humor ~st6 cm não ver scniio
ilcvu dizer que neslns matérias ellislcm muilos ponlo, ainda duvi- aninrni, nu, seres humnn-os. Enquanto, na verdade.- o . hoinem · é
dosos; podem ser lcvanladas qucslúcs que confesso niio ser compc- meio-animat, meio-anjo, o !ormn, nn Criação, um vínculo cnlrc
lcnlc para resolvê-las ou destrinçá-las; é assim não porque ela, amuos .
niio po~sam cnconlrar ellplicações n:ilurais, mas porque ignoro cslas
úllimas 7, -
Mas quanto ao essencial, T)11ou. abstinlw-sc U&-filosofar
uu_ dc _Jaicr...j_uí~:i _yç_yª1Qc, e é iolcccssa~efVar- c()_mo; (·
Mas quanto à. queslão da geração espontânea e a trans-
lral.amJ..o_jos negros, dizfa que a Cor de sua epiderme ,icra~ \ :
mutação das espécies, llay mostrava-se percmptúrio, e rnn- ·
clufa: "Minhas observações fazem-me afirmar que a geracãp ~cvid~ _a • nrliculares colocados entre a ele e · ã
e ,idermc e cheios de um licor negro' , acrcscenlando que
1·
equívoca ou esponlânea é algo que não e.,isle, mas c1uc
"o.. clima...podia alterar as glâo --.=!s desta forma urna
l. rreUclo de lhv A ~li S,-nop1/1 .,//,1•/um n,11onnlct>1U,n (1690). ,or. <lifcr;~nle!-'. V_cremos e> prcst!gio ãlcãii~:Ido-põr esla 1ilC1à, '-
4 . l'reUclo de llu a Ornl1l10/u1y do Wllluahh7 (1670).
5. Jtf, XI.li, 3. <JUe M,i91pcrtu'is e lluf(~9 parlJcularmente adolaram.
6, Wu1ru,. Jl. S. Op. ,11., 1'· 37.
7. CI. RAVIN , op. c/1., 1, 1, p. 120, cirando o S,-11op1l1 CJuodrtrtdum R. Concluslo do 11'/Jdom o/ Gorl (1693) llo RAY.
(1693) de KAY,
9. A /J/.rcourJr on 11r, Sptd/lc D11/trtnctJ o/ l'lan11 (1674); cr. Tu. niacu,
l//110,y o/ lht RoJ·•I Socl,11 o/ Lonlion, Lond1t1, 1736, t. Ili, pp. 162-lll.
! ' J_J_;~(Jó
.. .J t G€f'\..-, A½ r- n-(Â__, ?./0--
'
'( -~cu-.,,_ l e; c-?-~!i4~
vlo_ ;
\ ,
'. .J1 -~ - .ylL-J:.:J~,.-. ú., . ___o : --)~
.
_l1'--'·(;C l v--•,) __
_,:..._ :ó..;r.W .. o.t_h-~, .,w.I
,:...t.J, h
0
,..._ 134 O MITO ARIANO '\
() 1
A ANTROrOLOOIA DAS -.{·
Zl!S ( )
Como úiz Ashlc)" Monlagu, seu biógrafo, "a principal º·º
'- ) ,lr
U:·
yr~uJ- contribuição úe ,Ty~on .ao pensamento ociúenlal foi a úc
ce1 · 'zar a atenção para a relação entre o homem e os
/-:'\ Outra posição, mais freqücntc, lenúia a vi.r macaco
e no negro homens úeses ernúamenlc alrasa<lo . 1Ga lngla-
lcrra, S a pos1çao oi uc emliúi1 prmc1palmenlc por um
ºL-.::
r:,_.:,
~vlev 4-_ _ 1111io . . • Seria úifícil superestiiíiar a 1111porlf111c1a · e as
v:1s ils··· conseqüências úa revolução úe nossas kléias sol>re
cirurgião úe Manchester, Charles _WJ · (1728-1809), com ~-·:
um fervor que nada mais tin m e puritano: · · [·. ,.-.
a úescenúência úo homem que ele úesle moúo desencadeou. r.:· ;,
Certo é que o papel úe Tyson nesta revolução lhe J;'1 lílulos ltcmonlnndo pcln grnJnção, chci::11110s enfim oo europeu bronco. f:º
e111inenlcs a figurur entre os criadores ue nossa prcsc111e 1111c, ,c111ln o ninis n[nslnJo iln crin~iio 11nimnl, pode por isso mesmo r ...
ser co11, idcrntl11 o proilulo 111111s belo i.111 rnçn humnnn. Nh11111~m 1 ·.--
...
cultura". porá cm dúviiln n superiorlilnt.le do sun potencio ln1elccluol. Onde
Esle elogio parece tanto mais fundado quanlo Tyson'' cnconlrnremo~. senfio no europeu, estn bela forma lia cnbcçn, cslc . :·.;
se al>stinha rigorosamente Je eslahelecer, a parlir Je scu 1 cérebro l:io nmplo7 OnJc, esta cstnturn ereln e eslc porlc nobre?
l:111 que oulrn regiiio tio globo enconlrnremos o tlelicoilo rubor que
"Pigmeu", hierarquias entre os homens. Mas seu conlc111po- ,e dcrrnmn nos ,loces traços tias bcln, mulhere~ curopfins, cslc
rfineo, o poela-méuico _Richaru plack_11.10rC: que vulgarizou rn1hlc11m t.lc 111otléstia e scnlimcnlos t.lclicnilos7 Onde, esta Cocul-
1 i111cúial:1111enle o11 "Orangotango" úe ·Tyson sob o título úc i tl;11lc ,le exprimir paixões nm:iveis e tloccs, e estn cte1.1ância uns
forma, e tln complcição7 Ontle, exceto sobre o seio tln mulher
Thc Lay Mo11k , aí aproJtimava os símios dos "indivíduos
cu1opéia, cslcs t.luis he111isférius tle um níveo brnnco, rccubcrlos
mais L>aiJtos ue nossa espécie. . . se os símios eram úulaúos
I , da faculuaúe ue falar, talvez po<lesscm rcivin<licar a cale-
tlc 11111a ponla de vcrmclhíiu7 14
.), goria e a <ligni<la<le da raça humana com o mesmo <lircilo Des<le os tempos de Conrad von Gcssncr (1516-1565)
do selvagem holenlole ou do cs11ípi<lo imJígcna da Nova alé nossos <lias, a Suíça protestante deu à luz a um número
Zâml>ia".
1101.ívcl <lc bons nalurulistas. Uns, que gozavam úe auto- í·
Com efcilo, _a parlir úo lral>alho pioneiro da Tyson, ri<laJç cm seu tempo, estão complclamentc esquecidos - ~-
<L!ias posiqiçs crnm possívci,, e amuas c11co11lra111 · na Grâ- wmo Johann Scheuchzcr, que se celebrizou pela descoberta r_·.
_fllrcl:111ha iluslres reprcsenlanlcs. · Uma 1.:011sislia cm v.:r 111> da ossalura <lc um homem "testemunha úo Dilúvio" (llot11Q
h_illtlCIU_~t[I! >CU UIII símio 011 UIII ncgrn 1 ~l~--~9_11§e1_;_1111 di/111•ii tcsli.r) - anedota, cujo interesse é o <le nos lembrar
,2 aner c1çoar-se: cs a 01, por exc111p o, a I o rousseau, )
• cscoccs" LoTTle Monl>o<lúo ( 1714-1799), para quem o símio a que puniu, até o fim úo século XVllI, · os sábios de
1 as lcnúências continuavam prisioneiros, seja por convicção
, , : era um "irm,io" <lo home1ii: "pois é ccr11,>, ,C.l/!!lo o senhor
religiosa ou por hábito de pensamento, da "curta" cronologia '
\j :' ol>serva, escrevia a um amigo, que o babuíno srnle úcseju
<la Uíblia. Isto explica· a orientação seguida por outro :·:
/ ,: J por nossa fêmea, e ( . .. ) que copulam junlos". Oe rcslo,
' Loruc Monbo<luo atribuía ao homem a glória "Jc ler chegauo,
teóricos que figuram entre os funuadores da biologia moder-
na: é o caso dc_Albrechl von 1--IcJlcr..de Dcraa (1708-1777),
I
\ parlinuo <lo csla<lo selvagem nu qual vive o orangotango, e
gr:1~·as :1 su:1 sabcuoria e à sua i11uús1ria, ao cslauo cm que
e Charles UonneÇue.. ______ _
- _: ·Gcncbra11720-1793).
nós o cnco11lramos agora" 12 . Um cmparcnlan1e11lo l,io Filósofos e sábios universais ambos, seus nomes per-
cslrcilo <lo homem com o símio não era uo gosto de touo manecem ligauos sobretudo ª'L,&f~l}~C debate -~~l _!2rnº__ilo
o munuo - a ponto ue 1-lcrdcr, cncarrcr,auo <le prefaciar a moúo_ !,lj_t__procriação úos seres v 1 v õ ~ ~ õ n c c p • •
tra<lução alemã <la granue obra <lc Mo11bouJo, inserir nela à-P çü~s úisvuíãv:im, na época, o lcrrenõ!' a da disscnunãçâo ou~,:
\ a seguinte cJtorlação: "Homem, rcspcila-lc a li mesmo! \>'- , \ ::;:i 'lcpig~ncsi;'J, cara aos partidários das metamorfoses e úe , .
'):) Nem o pongo nem o gib,io. são teus irmãos. Teu irmão é o~ •J- erº u1na -••í!,Ç_ão espontânea", e a da reformação ou prccxis- ' _
americano, o negro; a c·s1e é que não <leves oprimir, matar, 1 (~-ri" _ij.-,' Ji·11çia,..1quc postulava um único ato ongma o _nailõr: -
rou ar, pois é um ser humano como tu - mas lu não teus yV- "Touas as árvores apresentam-se cm pequena dimensão no ·
w·l
~-- h
·- r;;u 1 germe
r~ algum com os símios" D . /
10 . 0 nntror6Jo,:o A~JU.f.Y MOHTAGV (d. F:dN'nr,( Tnun, /li . IJ., F. /(, s.,
l'llndtllla, 190. de onde •e utuluin •• cit•~üc:• ohoiao) .
1J. r:m Tia, Lay Alouo.itnJ". Cmu/Jtln1 o/ l~JJIT)'I, UIJCm,, ., , .,. ti< . (d.
' O- C).
_ r-f·
V'
137
: .
\; , •
.
:-.
j Sistema 1101·0 ,la 11a111rcza, lambém iiivocarn · os s(1bios do 111ila por omissão! . · . ' ·. . j r
:-éculo n111crior: . O homem q~e <lomina_ ns ciências,,<l:rn:it~~ no &éculo · : ,. :/ )
j, X V 1ll Cnrlo:t-._ meu mrtllhova o rtoúox10 prÔ\estnntc de . { · •.-..
j Eu crn obrigado a reconhecer que se fo1. ncce\~:ir,u 1111e ~ - , llon {ct Hellcr t e,cr. Como eles, ensnva que cada espécie : ;. ..·-: :
••
:u furmns conslilulivns uas suhslâncias lenh:im ~ido c1iau:15 com ~vcg lal ou animal desccnúia úc um único genilor (vegetal) ! \ : ::•;
o 1111111110 e <fuc subsislem lemrre ( ... ) e é n1111i 1111e n~ 1ran\-
1111 e um cnsal ,(animal), úivinau te criaúo há cinco . > • .
for111nçõe11 do~ Senhores Swnmmerunm, Mnlpighi e 1.ccuwenhock.
,r11ilên1 · me· . Q úit,1!.10 . '~D,cu:u:r.iou · awúcou',.;... t ·:
•1110 alio 111 mnis ellcelenles obscrvnuoru do no5~u lempo, viernm
cm meu nullílio, e fizcrnm com que nJmilisse cum mais í:iciliJ:iJe
que o nnimal e toda oulra s11bst!111cia não começa Jc muuo nlgum ,
t{ 1alvc1. tenhn sua origem · na prodigiosa su(iciência deste t( : •'.
célcl>rc sueco: não escrevia ele de si mesmo - e na terceira :-,·.•::,, ·
ÍJ •1uandu nós o cremos e que ~ua geração nparcnle nãu passa Jc , pessoa: "Deus permitiu-lhe dar uma olhadela cm seu i,:.)/
um ucsenvolvimenlo e uma espécie ue oumenlo 16,
•'
gal>inclc de conselho secreto. ( ... ) O Senhor esteve com : :· ,;.-
Ou, lle forma rcsumilla e clara: "O munúo inteiro es1.í \ ele por onúe quer que lenha passado. Exterminou seus :·: ::\
CC111tillo e prcformallo no munúo atual". llonnet se cntusias- J inimigos e Icz úc seu nome um granúe nome, igual aos ! \'.:
gran<les da terra" 21 • Talvez. tenha sido esta megalomania ' . ~,_..,~
,''
mou com estas opiniões de "nosso Platão moúerno", que
úe Lineu que lhe permitiu dar um passo decisivo, ao intç2rnr, '· ·.
"apresentava as mais altas iúéias úa sabeúoria e úa bunúadc
,, ..· cm seu Sirtc1,~,a <l'1 ~lílWcc~a. homêhfllifrcinoª animal. ~as !:: . \ ·
llo grnnlle Ser que havia regulaúo úesúe toúa a etcrniúaúc 11 o 1/01110 sapw,s nao entrava eompletamcnle nu ncsle remo: :· ·
os lleslinos lle tollos os seres" 17• Hallcr, úcpois llcle, úeúuziu Lincu vestia-o rilliculamente com os trapos de que o haviam
llisto que, no momento lia Criação, Deus colocou nos corpos llotaúo gerações lle viajantes e de sábios brancos. A ordem
llos "primeiros pais" os germes úc toúas as planlas, 1o<los dos A111hropomorpha, que se tornou mais tarde a dos
os animais e tollos os homens por vir. Eslc "cm:aillc origi- l'ri11w1as, e que continha os macacos como cm Ra}' se enri-
nal", homúnculo 110 ho111(111culo, implicava uma fralcrni<la<lc 1111ccia com as seguintes quatro varieúades multicorcs:
humana vcrllalleiramentc exlraorllinária, jú ljUe "os germes
de lluzcntos milhões lle homens outrora foram dcposíla<lo~ I C11ropar11s alb11s; • • • engenhoso, inventivo... brllnco, san- ·. ·, ·.
i:urnco .. . (~ governnuo por leis.
pelo Cri:illor nu ventre de nossa primeira 111:ic l~va, 1111111;1
cslallo tão fino e transparente que é impossível rewnhc-
! A mericmms r11bescc11s: contente coo\ IUll ,orle, llmanle un
~··
lihcrJnue. . . moreno, irllSClvcl. . • 8 ·governado pelos coslumes.
t:ê-los" 18 • No entanto, os picúosos crist.ios l lallcr e Uonnc1
não merecem as observações um tanto irónicas que lhe X\ Asiatic11.r luritlus: ••• orgulhbso, llvaro... an1nrclouo, melan-
lúlico . . . li govemlldo petll opioiiio.
dirigiram alguns biólogos llo século XX 19 ; 110 sécul o XVlll, , /1 A/u ni,:u: . . . nslulo, preguiçoso, negligenle... negro, (leu-
a infinita llivisibilillallc lia matéria se llcixava úcfcn<lcr com \· 111;',1ico . . . .8 governnuo pelo vontade arbitr4ria uc seus senhores 22.
razões tão boas quanto a hipótese inversa. Certo {: que a
evocação llo proúigioso lombo do anlcpassa<lo A<lãu con- Numa obra mais tarllia, Lincu aprofundava ainúa mais
11 fosso . entre os bran1;os JcgisladorM e os. ..negros escravos: :
úuzi:i, por vezes, a estranhos esquecimentos. "Aú;io carregou
; ' ju~gar J_l~I~ contraste entre o c_uropcu e o hotcntolc, ~creviag·: .
l?llos os homens_ cm_ seu fl,1nco, aíirm~va ?. popular lcib1~i-r r
z1ano G. F. Mc1er, rnclus,vc o espcrmatozo1úe úc que saiu W ',J \ .e na - ll1€1Ql--alsuçn~a<l1r-sc-dc···que-· elcs samun..J.la , :.
111~11a 9rigç11_i::_2J. .
Abraiio. Ê neste .. cspcrmalozóillc toúos os juúeus estavam
t:onliúos enquanto cspermatozóldcs. E quando Abra;io gerou Vê-se os problemas que o confronto llo macaco, do :
Jsaac, Isa;1c saiu dó ventre dc __seu . pai carregando, encerrada ,icgroctlQ branco, levantava nos cientistas do século XVlll. :.
Tem-se a n .í tida impressão de que o narcisismo europeu ··
nele, Ioda sua postcridade. 20. " Levado por seu impulso, este
rcdanrnva_uma...íronlcira-dara_cntrc "oulrcm" e "ele". Uma ·-
16. CI. J. Roc;ra, /.,., ,r/t11ct1 dt la •lt dan1 lo ptn1ü /ronro/Jt d11 XVIII•
.,uc1,.
tlc11i:1rcação /Sc impunha psicologicamcnlc, mas diversos lra-
rarh, 196J, rJ1. J67•J61. ·ados _3-m1 possíveis.. E_ constata-se (co~o no caso das
17. /bld., p, 712.
l~tcses sobre a procnaçao) uma corrclaçao entre a orlo- '
Ili. cr. n.GUYiNoT, op. cll., ,,, 299, o lleucar WtNOT, A la rtchtrcht
,l'Ad11n1, l'arls, 19ll, p, 90.
1 19. ror uernplo, <JuYfNor. or. rlt., p. 296, o JIAN llosrANo, E,q11l1Jt 21. CI. KNur IIAOICAO, Carl Unnl, ....... rr., Parla, 1944, p. 12.
; ,,·,,,,, lr/110/r, d, ,,, b/0/01/t, rn,ls, 19(,1 (Col. "lll6c1"), rr, 27•J2 • 22. Sy1llnt1 d1 111 natur, llo CILAaW LIIIN .. cd. Dru.clu, 1193, p. 32.
1
20. li. Wl!NDT, op. cll., p. 90. 2J. CI. FUNClt TINU.ND, op. dt~ p. 117, cllaado LINIU, .tnioêiiU•tll Aca-
dr-rn/cat, l!rlan1en, 1719, 1. VI, p, 63.
1
p-1
1t1-.-\.,•-1\ .' . '· !
-1-
t.- 1 • ' ' ' •
t-• ·. '-
' .
.• - -· '''.A
'
v-1...,- ' ,. '\' ' .--.
1 - ~- - - '' ' /1 ' / .• •' 1. •' . vi, _,.__~ - -,
, ._e 1. \' ~L. il~~
- .... ,' • • ' ' ' 1 .-\ ·' •J/ •,' . _., . · - ·:
l
1
.... \....,. . '~ ' , \
lq,;J,.~r
' .
\.')i ... . . -.~~,
..
._J
•
•• •
.
f.>•-"t
1 , ·' · ['
l• ,_. 1
138 1 O MITO ARIANO , ,.- íl r /(t)J y / ., , •, · · .,_., '-•"• , . t · '.-
" -~. ,._ ~ - cj
,~v•:(\·
1 , •
e;-0-1'\-....~J\ t-C"-·.;.,_~~'v..- 0..d \• í l ~~C::.:J. .JJ..r\ ,_ r,\ .. •·· ,,,,_.. ·.f'AN Tl!</POLOGIA LSLUp!S . ' ')
'0-•.u ·•--.~1.:, .. · 1 '1'39 ,, f··'./
1·-~ -~-'" •• ,,1, . d. i ,· ·.•
<loxia cristã e a escolha <lo lr u J..A.~-~ 11 . ·, 1 ' , ~•·-; · \ '!_ &"- '- .!..: J- 1 .{r.; v\ \. .. . ,: ·· 'i ) /·' ·,, 0-: . •f, :· · ·: I., ·· ,f,.~--_.
• . • aça o, como teslcn u 1ha a • . _ . . ••• • .c\.<t..,,.i-(" ,.,,\ ,,, • ·
advcrlcncia de Hcrdcr pastor de seu eslauo ao livr d L d l'Jt--\Q.,~, c.,,,..JJ. · .u.. Contuuo, este excelente cnslao !o1 o pnmeiro a c[elunr 1 : :
~onbod<lo. As polêmicas do ilustre an'atomisl~ h~la~~/ L ,.,._~),. .,.,i,1,.,-,J~ ...~.um_-~rabalh~ ~e observação do qual o_ulr~s _iriam tirar eon- t ..:,
Pierre Cainn"r (_l~ '722-1789) - l -"" . ,..,-1 r<•>-· clusocs1 temvç1s ,.- 1 •.-,:,.Çom arando entre - -s1 cramos de um cuco- " t ,··. ..'-:
• • !O" - -- - - 11us ram com uma c1arcza ainda
n~aior_csla relação enlrc- as- convicçõcs·.rcligiosas e as opções ®
c1cnlfücas. ' 1
~-1iy: :
) ~ : , ,_ ,
r , ..: u ( e um ca muc
.: -
um nc ro e de -. - .
e ~ccr_ a~su~ um "!'ln 1
.
" de grandeza t,Y.(:
u._k
1~-\;
.· . .. . _, . ·- ·( ., !', .\ _; !v._,r'.av~I, que ia dmunum~~ na or cm prcc1tad~: cm outras '.:\~
b.<m A p11mc1ra polcn11C,l opôs ,Cat~?.Cr ao c1rurglilo alcmiio / ,) (, 1 • .·, • p,il,\Vr,is, O 9!!Q~~_l?.çocfic1~'!'..~ -~o_nngulo_ma1or. _Çnmper
i:!!!!1. rucckpl,J. um dos mcm6ros da panelinha aléia que J ·0• , .
u~augurava pralíca_mcn~o assim ns ex-ciências da 14 crnniolo-.. .)·
,· r·.
i·::~:
s~ conil& u1ra cm torno de Frederico II da Prússia. Tcnuo •··\) \1:.,, ,. · .(_l:.!1ª~' ~lçcíalomclr1a", que floresceram alé a primeira metade,,; ,r..·~ ~
dissecado ncg~os cm 1757, ~ckcl pretendia que O cérebro /V_,..)'-;-'.- . do scculo XX, ~e~ando uns a "medir" a inteligência pela '-•f :_:, _
deles era mais cs~~~o que dos europeus, e que O sangue , '. I , 1 • ·· t cu~a.~cm_ do~ cra~1os, e ou~~s, a _alardear! sup_c.~}9r~&~dc j:-.:';::
deles er~ negro, lao negro, que cm v~i d~ avermelhar a \/ . t' · }J · dos -~~ltcoilla~b~...:...~~~illl.~c~[-ª!Q~'.!. AcfüS"cCfircrnÕs l<·
roupa branca, como o faz o s;mgue ordmanamcntc a cnc-\ \ ,1 · ·. (1uc C.1111pcr punha de anlcmao os "[1loso[os" cm guarda r
greci~"; concluía daí que os negros formavam "qua~e outra · conlra tais prú~icas, sem e~idcnlc1~cnle suspeitar dos delírios \
es 1éc1e de homens, lor referência à estrulurn interior". A foi- 1 r , a 11uc eli1s po1.ham conduzir o Oc1dcnle 26, 1
la .1 1 1 . •·
1.~ 1l o ue ver n~~ros, o Jclava Campcr, provavelmente ) 1 ."'
lhe msp1rou uma cspcc1c de repugnt111cia por sua cor ( ... ) '{' A morte do velho rei devoto que Coi Luís XIV abre
Resolvi, cnlfio tratar desta ma léria inlcressantc para lançar, , a era ua prcpondc~!'lncia inlclcelual e literária da França.
,, se poss1vcl, alguma luz sobre esta verdade <la religião cristã, ~ão h;',, ou h{1 poucas iJéiãs modernas das quais não podc- !
na1_11os encontrar, no século francês das Luzes, um precursor 'r\..
segundo a qual, no começo do mundo, Deus criou u111 único
homem, que foi Auão, a quem uevc111os nossa origem, , l ,' 1 111:us ou 111enos audacioso; lemos às vezes a impressão de
'' \ que nus salões parisienses da época luuo foi dilo, ludo foi
l ,' i
{ "
sejam (1uais forem os traços da face e a cor da pele que
nos distingam ... " Em abono ue sua tese, Ca111pcr invocava r)J entrevisto. Se fosse mister atribuir a alguém a palma ucstas
aUll:1cias e antecipações intelectuais, seria Maupcrluis pro-
:.
o caso dos juucus; há morenos (os "portugueses") e claros
vavelmente quem a mereceria cm primeiro lugar.
(os "lcdcscos"); ora, louo mundo sabe que eles pruccdrn1
Na história das ciências, o nome de ficrrc-Louis de
da n}.Çsma cepa. Uma vez cstabclcci<las suas co11cl11sücs,
exortava os europeus, ao termo <lc sua Jemonstração, a l l\~l•~l_l~t11il J.1-6.2.~__-l15.9_)___cslá ligado sobrelÜdÕ a seus tra-
balhos de Gcomel(ia e de Astronomia; mas não há domínio
"c~lcnJcr a mão fra1ern;1 aos negros, e a reconhecê-los camo /
algum do conhecimento ao qual nãÕ Lenha dado sua conlri-
_u_esccndcnlcs d rn ·ro homem, que nós loJos co115iuerau:os
nosso . paCcoi Ú.111'!:24 , - - - --
bui1,:;10, e certamente merece o título de "um dos cria.d_orçs '
da Genética", que Jean Rosland reivindica para ele 27• - Não
Ji, que negros c am plenamente homens, tratava-se{, siíiiíiiív'7clc - com "levar mais longe as experiências, alé as
de diferenciar cvidar nlc estes descendentes ue Ca111 dos espécies que a natureza menos une'/ Ver-se-iam talvez nascer ..
grnndcs símios. lal propósito, Camper aderia à lese se- daí muitos monslros, animais novos, talvez alé mesmo cspé- .·
gundo a qual o esqueleto humano era dcsproviuo <lo osso cies inteiras que a Nalurcí'.a ainda não produziu" 21 • Mas 1: ·
inlcrmaxilar superior, <uc. se observa na espécie simicsca. as experiências i11 vivo_so.br_ç_aJ!Spécic..humana atraíam-no
Por volla de 1780 _ elho que· na época eslava apaixonauo ainúa mais: "Talvez pudessem ser feitas muitas dccobcrlas
pela Analomfu,=c°hcg a conclusões mais exalas, e submeteu sobre esta maravilhosa união da alma e do corpo, se se
a eslc respeito uma disserlaçiio a Campcr. Este, informa-nos ousasse procurar os vínculos no cérebro de um homem
Goethe, ~-'..lomi.@ a execução [do trabalho] com muita amabi- vivo" - <lc um criminoso, de preferência: "Um homem
lidade, mas nfio dcixoú de__~!'~Cnlar como antes que o n~o é nada comparn<lo com a espécie humana; um criminoso
homem não linha o osso intérmaxilàr>", e diferia pois analo- é ainda menos que um homem 29• Assim, quase todas as
micamcnle, sob este aspcclo, do -macaco 25 • Era como se, 2<, . CI. JOIIK (iRer.11r., rn, Dtath o/ Ad41111, op. d/., pp. 193-194, cilando
lll.urrtnl/011 .mr ln ,·arlltls 11at11rt/lu q1d caracth/Jrnt /a pl,yslono,nlt du
nesta questão, o s;rislfio, cm Campcr, prevalecesse sobre lwmm,s ,1, ,11.-tr.,
r/111101., ri du dl/llrtnll tlcu .. , ( 1181) do r1uan CAMPU.
o sábio. 27. cr. o 11rcUclo ,ta Jr.AN ROSTAIID I n. CALLOT, Ataupcrtu/J. Lt sa,·anl
ti lt "''""·" '""'· l'nrl~. l'll, 1-9.
2K. l.rurr .111r lt pro«rls du 1C'lt11rt1, por M. do Ma11pcrlub, s. 1., 1752,
24, Cí, L. l'OLIAltOV, /1/Jlo/r, dt 1'a11//sl111/I/J111t, Uf'. clt., 1, 111, 1'· l5J. l'I', Ili~ e "· t"Ex111!1lc11ru xur lcs nnl111nu!l").
25, Cí. J:AAN Clt TINUND, Of', clt., l'P• 29 . 11,1,1., 1'· BJ ("Ullllth du 111111•llce du elimineis").
!.
.. I
·/\Jr, , J ../j i') ,. ./.,./. .-' . ~
( ',
"
:. ...:,,.,,. •
l•
!•,,
'
·f'
140 O MITO ARIAN O
A ANT.KOl'OLOOIA DAS 1.UZl!S \, •1 141
'•
:i''
..
experiências pareciam-lhes juslificáveis: na rubrica Jfrc/1cr- Uesles nascimcnlos súbitos de crianças brancos no meio de
c/1cs cl i11tcrdirc só mencionava a pedra filosofal a quadra- povos negros, poder-se-ia lalvez concluir que o branco' 6 a cor
primiliva dos homens; e que o negro não é senão uma variedade .
lura e.lo círculo e o movimento perp6tuo. Na da~ Expéric11- ~'
.• ·
ccs métapl,ysiqucs, este apóstolo do método cientííicu que se lornou hereditária desde há muitos séculos, mas que não ,..
/'
1.'11ci:1111 n npagnr inleirnmenlc a cor branca, quo tende sempre a f'
propunha lomar crianças como objeto de experimentação: reaparecer. Pois niio se va de modo algum nconlccer o !cnOmeno Ir
'/Duas ou três crianças, desde a mais tenra idade, criadas conlr;írio: niio vemos obsolulamenle nascer crianças prelos do an1e- ~/Í ·:·.
juntas sem nenhum com6rcio com oi outros homens, segu- 11as~adus brnncos ( .•• ) Islo lnlvez fosse ,uficicnle para fazer ,i
ra!uente formariam umu Uugua para si mesmas. . . seria pcns:,r ,111e o bronco é a cor dos primeiros homens, o~qucJILpor i
.:,li;um acidente é que o negro se tornou uma cor hereditária das (
r.uslcr formar muitas sociedades semelhantes, constituídas i:ramles fnmllias <111e povoam o zona t6rridn; entre estes, contudo, i
de crianças de diferentes nações. . . seria necessário evitar a cor primitiva não (oi liio per!eilamentc apagada o ponlo de nã1
sobretudo que estas crianças aprendessem alguma outra rcap;irccer, às vezes.
Ungua 30 ••• "
Que nova língua sairia daí'/ "Experiências para ver", l'orlnnlo, csla di(iculJaJc liio debatida sobre o origem dos
negros, e que algumas pessoas gosto.riam de vnlori1.11r cm focc da
·1
lcmerúrios e ingênuos sonhos de sábios! _En~upcrtuis,, história do Gêncsc, pcln qual lodos os povos do terra salrnm de , 1 .
.a sede de conhecer e de criar às vezes assuiiíia as cores de um _,,_nico pni o _de U!J1n- s6 · mlíc; esta dificuldade é superada se : i
uma cer~Íuxufi~C"_"Por -qü~ ~s_ta -~1·te-:sc ·li1Í1Úa· ;os-animais'! aJ11~11rrmos um _s1s1 _ín q_uo é no men_os liio pro.v bel como tudo j
:u1111lo que se l111l~mng1nndo olé nqut para \ explicar o geração 33, ·
Por que estes sultõesciiCraquecidos nos haréns que só contêm \ X
mulheres de todas as espécies conhecidas, não procuram
1
. • Esta teoria do '@l,c,r-:-.E~ccssur.O:. da,.cor_ncgra,_p_ojj mais
fazer espécies novas'/ [Se estivesse no lugar deles] iria $ ~_r_
runea. ,,uc • , alifêciDãc r~ amc11l~ •L genifüca
recorrer logo a estas variedades." Nosso filósofo pensava 111~11ilêl~~na e a te_ pof lluffon,
que constituindo seus regimentos <le grana<leiros gigantes, l:StaviiõcsTITtaüa, graç ma singular fortuna, sob o
. o "Rei-sargento" Frederico-Guilherme <la Prússia entrava nu111c de "lc.u ü~gcncrfo.~Õcs~•.
· --.:, no bom caminho: "Um rei <lo Norte chegou a elevar e a
embelezar sua nação.. . Vê-se hoje um exemplo singular Cienlista e filósofo universal também ele, DuCfon merece
do poder dos Reis. Esta nação <lislinguc-sc pelas cstaturas 11u~sa alcn~·ão cm sua qualidade de primeiro grande explora-
mais avantajadas e pelas figuras mais rcgular_cs 31 .. . " ElciL_o dor da uimcnsão do 1cm1>0, já que ousou u~trapassar publica-
presid~ntc_<la 4ça.dc_1!_1la .d_ç_Giê~11:~as de l3_cr111n, Maupertu1s mente us seis milênios bíblicos (segundo seus cálculos, a'tcrra
esperava poder fazer coisa bem mc(hor, _mas seu augus!u devia ler 7400(} anos). Ele a mcrocc 'ainda mài.s como
protetor e umigo Frederico li, por mais c~11co que fuss_e, nao alp16m que se Í'guala a Darwin, se levarmos cm considcr_ação
ousou púr cm execução o projeto ue "culllvar _uma van~Jnd_c a_ influêndu exercida durante cerca de \llll . século pôr süas
id6ias- acerca do homem __ e_doi animais:"··· · ---------- ·· ·· ·-·---·
de homens de natureza nobre" 32• Somente dOJS séculos mais - -~-···-~ --·,,•- ·-·--
tarde o progràma <lcp csquisas com o q~al son~1ava foi sub- /\ bem uizcr, no caso de Duffon, nã~__2odcr!~ <l~~?-
metido na Alemanha a verificações cxpemnenta1s, nas conu1- ~i.,r estes dois domínios, __pois, olhando mais de perto, só
çúes conhecidas/ 1 - , , . lhe interessava realmente o homem: daí, esta dupla tendência
O gênio de Maupcrluis ~e cxcr~cu tam~cm no, do1111~110 da famosa llisloire.11aturcllc,_que consistia seJâem-fiomiiifzãr
<las tsJ.lrias caciJl..is.,~ Em sua D,ssert~tion phys1que à_ l occa~io1'. o animal, SCJa cm fãlar"<lo-lwmem, a lodo instante e despro-
du Negre bla11c (um negro albino), chegava a segu11tll; pusiladamcnlc. Tomemos, por exemplo, o caso do asno, que
conclusão: é um animal vil, visto que "parece não passar de um cavalo
degenerado. . . poder-se-iam atribuir as ligeiras diferenças que
30 . /1,/d ., J>I', 122-123 .e p. 117. se cnconlram cnlrc estes dois animais . . . à sucessão fortuita
31. Dlurrtatlon phrJlqu, d l'occaslon du Nirrt blan~, 1. I., 1777, C.:11•
Ili ("l'roductlon des nouvcllc1 c1~cc1"). de muitos cavalos '.selvagens meio degenerados que, aos
32. Nlo encontramos nos ucrllos publicados de Mnupertuls o delnlho ,lc poucos, teriam degenerado ainda mais (e) leriam então
aeu pwJclo, que 16 co11hcccmo1 pela 01Cnçlo lclla por Emanuel Knnl cm 178) :1
"A pror,oslçlo do Sr, de Mauj'lcrtula de culll•ar numa 11rn•lncla quoh111cr uma) 1
descido ao máximo de degradação _possível 34 ••• ". Bu[íon
variedade do homcna do natureza nobre, no1 quais a ln1ell1~ncl1, n cncrila e a perguntava-se, então, se é legílimo folar de "famílias" natu-
boae1lldade fossem hcrcdll,rlu, rcpouaa na ronlblllJade do crlftl cnllrn 11ml:
lal nrlcdado permanente, araçH • uma aelcçlo cuidadosa, permitindo eliminar,
ot 11ascln1cnlo• dcKCncrado1. Til 1elcçlo que, 1c111ndo meu parecer, &cria de, ll. U/ucrtal/on .. •, op, cll., Cap. Vl ("1)1Ulcult6 aur l'orlalno des o~a.rcs
,eJ'HI em si, rarece•mo lrreall.únl, doYldo l sabedoria a,1pc1lnr da naturcu . .. ", I lcv6o").
eic. (Von Jtn rtrJChl,J,n,n /loun J,r M1n1ch1n; e(. 00111 /lb1ott1 de 34, ll/Jtolr, nol11rtlt11 rinlralt ti partlc1111irt .. . ("L'6ne" ),
r.n1últr1lt/1n1t, 1. Ili, p. U6, nota J).
' . , ...
.Jx\J { '· (_/, ,. ,r,Ui,--) , > ,A.Á,_
1
A.•~ \ _\_. r) .•'1 r 1
' •
1
li , . / ,,,...,,J ,.1 '/' . ' 1
,h /--1,i-t) '
·, ( 1 ) \, ,1
,' ' !·.' ;.
)~\-(,l .,b·\'- •
142 O MITO ARIANO
)+)4 )), (' 1. · •
.' 1
.!
, \.
i,
' ~' .) · A,V.../.J.J . (
/ •1
1, , , • , . ·" ANJrº•jºLººl"J ~AS LUZ.llS
,1.1
vJ·_ , , )
) 143 ·r~· . ,
;~•.,.J. [·. .. .
.·..,.. ..
1 f·.• ->~
e.levemos .-eeonhccer como os espécies lníimns e.la naturez.n, calla t'. ·•.;~:;
!,,. .,-.
rnis: "Uma vez admitido que há famílias nas plantas e nos
qunl é ncompnnhac.la uo tantos espécies vizinhas que l: imposslvcl
animais, que o asno é da família do cavalo e que sú difere co115ic.Jcr{1-las umn n umn, senuo necess&rio fazê-lo cm bloco, Isto l:,
, ,_ . ;
dele porque degenerou, poder-se•á igualmente dizer que o pelo gêncro, quanuo so quer ucnomioi-los... classiCicnr o homem !:>'.' ...';;
macaco é da fnmma do homem, <1uo é um homem degene- com o macaco, o leiío com o galo, diz.cr quo o leiío 6 mn gato . ,-'•
rado, que o homem e o mncnco tllm uma origem comum ... " de /11/111 e ,fo cauda comprida JS, 6 dcgrnc.lar, dcs(igurnr a N atureza, ~··;:.:}
r..·.i1
!{
Tralnr-se-ia talvez do cuidado imposto pela prudência <le cm lugar de c.lcscrevê-111 ou de dcnomini-la 36,
traçar uma fronteira nítida entre o homem e os animais'/
Mais adiante, lluHon volta de novo nos homens, para medir
., ;, Este <1uatlro de honra zoológico não lembra um bestiário
a distância que os separa entre si: "Os homens uifcrem
do branco ao negro pela cor, do duplo ao simples pelo
(IJ, v_
. ,.
, ,... ·
!
\ • •~·· kuual'/ O leão, rei dos animais, surge aí próximo do homem,
: e'. , ,. . , ) rei da criação, os grandes mamíferos, cavalos ou cães, fazem
as vezes da nobreza, enquanto os pequenos, coelhos ou doni-
i•'. ::.
f. :,
tamanho, pelo volume, pela leveza, pela força, ele., e de !:•·..
,,, [., . _..:.-. · nhas, "nos quais 1~ão se pode mais reconhecer a cepa comum i· ·'
ludo ao nada pelo espírito •.. " Se não existisse o fato de
,.que o negro e o branco podem "produzir juntamente ...
. . . .1-. J- nem o tronco el1reto", parecem representar uma ruptura .( .·
· ,'
r também desprovida de genealogia ou de linhagem ancestral.
.' haveria duas espécies distintas; o negro estaria para o homem , J. 1
l" ( I· . ), . I ,
I 1
1
As "espécies ínfimas" dos insetos nüo representariam os povos I' , :(
como o asno para o cavalo, ou antes, se o branco fosse homem, 1 ].. , •
1 ,' <le cor'/ Uu[(on recusa, com efeito, loela qualidad,anlropo- ,
\ o negro não seria mais um homem, seria um animal ;1 parte ,,.
1
,•
( . U\úrfica aos insetos; assim é que escreve a respeito da~~.:
como 0 ___1_!!!1c_a_~Q.,_.._•~ . ··-· .... .. . ___ )
; . ~J lhús: "Esta sociedade, portanto, não passa de uma reunião ;
.,{Vv AI
zoologia anlropomór.(ica ele Iluf(o n revela os senli-
lA- - ·mcntos~ é~nscicnlcs ou'"'"' os-preconceitos sobre os quais se
/- · 11s1ca ortlcnada pela natureza, e independente ele loela concep-:
ç;-10 , de touo conhecimento, de lodo raciocínio 37 ••• " Mas ªI ' :.
'1 ,_... baseia (scnlimenlos e preconceitos sem <lúviúa parlilhaúos úcscriçfio dos-hotentotes..J1ão é mais lisonjeira, pois Iluffon os •. \
por seus leitores), quanúo trata do animal mais nobre entre compara aos macacos~ com a difcrcnça de que "o criaelor, ao '; ti, .
~ - mesmo tempo cm que conferiu [ao hotentote] esta forma \ l· ·
todos, que é evidentemente o leão. Este texto capital 111erccc
alguma atenção. Depois de ter enaltecido a cólera do k;io 111.itcrial semelhante à do macaco, peneirou este corpo animal
(ela é "nobre"), sua coragem (ela é "m:ig11fu1ima") , sua úc seu supro divino 38 ".
generosidade e beleza, Iluffon continua: i.
O__2er<l;~c~ro--~~rp~~auo, isto é, o c~rpo do home
A loc.lns eslas nuhrcs qualidac.lcs indi,·iduai s, o lc:í u ~c 1c,,c11 1a
<J lnmbém n nobreza e.ln espécie; enlemlo po r espécies nu hrc, 11 a
Nnturc:r.11 nqucln~ que siiu cunRlanlcs, invuriúvcis, e que 11iiu (HHlrn11>~ <Cl/;.;.UC,
\ branco, é coisa inteiramente diferente_para -~_!l[[õn.'""VÍsivcl-
111c11tc tomada de Arititótclcs, sua clássica Dcscriptio11 d
/'l,0111111c: insiste nos sinais exteriores de sua aristocracia:
1 , )
imnl(in:ir se lcnhum Jci:rudnJu: csll1, csp~cic~ si111 01 di11:11 i11 111c 111c v
1 • ( ··1 . \
vV v ,• "Tudo 110 homem maniíesta, mesmo exteriormente, sua
isol:uln~ e IÍ11icn, cm seu gênero ; c.lislinguem-se por caracl cres 1,1n supcr inridaue sobre touos os seres vivos;.cle se mantém erc19
inci5ivus que nem podemos desconhecê-las, nem cun(unJi -las cum
quaisquer u111rns. Começando pdo homem, 11uc é o ser mai s 110\Jre
e.ln criação, sun ', ~pfric ,, a'ioiCA.1 já que os homens Je Iod as as
raçns, c.Je lodos os ·· climas, _úc.--loc.las ns cores, podem anislur ar-se e
,,11m.w.1Li.t._ÇJ1.L !;9.ni u11l 9, e que au mesmo lempo nflo se ueve dizer ·,
que nenhum nnimnt se liga propriamente no homem de perto nem 1
'i ( j .
, \ \ J ,;
1, _•.;.
1
,,
;'.i-L- •.:t· ...~•,
,f
-·(1 ; _. ~~..._,lj ..
. ;\J.t -...0-).-· ·
,
( A\ ..... <,)
;02-
,.6
)- L .
f
\% - .-/') .
.
!.!, __, ,'--\ ,, (.•_\ ' (:
-0/J ;i·\·(·
I· '
',
' r,,.,,,.Tº. .
1. •
IJ.í.,>' --~ -./, .•• ,, ... \ • / -.. V\..-
144 MITO "1UANO ( 1
\ A ANTltOl'OLOOIA DAS LUl.l:S 145 . ~:.· :•::.:
"•
·.:
/\\ r...,
~lapão,. a quem lluífon não concede mais do que um lraço '- "-. Era necessário cilar longamcnle ur o porque sua H-.:}
uasc durnnlc_wn...s ulo -a- rincipal- V\:
1
\ 'h~mnno: o de reconhecer sua própria ignomínia, de saber ,1uc
"
1/istoirc 11at11rcllc -~
. "- o. _ . _ iní~nna ão da ~ur9pa culta _sQpre-os homc -c ..os ((:
"
t f
~ruado,-,1~.0-u--lcoria- Jas . !'Jcgcncr;1çQcs", provavcl-1 . ,/
mente lomacJa de Mauperluis, permitia a llu(!on salvar o ..J · · ,
do J;lla WLUlli.!J.a_d.!:_d_Q._gê_!!~~o h_un1_ano _(se foi ccnsurauo pcl;t ';-
j \ an111~ais __cx61tcos~ e porque.a popu ar! o ~. e um autor rcfic~e
o cluna cullural <le um ubhco 42. Por isso (alaremos rnn1s
,1revcmcntc- e seus- grandes contempornncos íranccscs. N ão
i/\;i
k,::
F'i'.::
i, ~J'âffui por causa de sua Geologia, e não de sua Anlropo- ., ~ é uifícil cnconlrar o complclllento ou o reílcxo das conccpçõcs f:::\
logió). Deixemos que use <la paluvrn pela última vez, ahrc- , de llu((on cm ,iulorcs tão i<lllicos ou tlio i<lcolizndos - como ( )·
!i, . viando na mcJida do possível cslc aulor prolixo: ,, U ~_ Sai..o.t~.!!i.crr_e, que invocava, a _r~p.ci10-dos ·
(1.
••
negros, a maldição ue Calll 43 , ou como o anticscravista Pe . .
1/'-) Desde que o homem começou a mudar de céu, e 11ue se ,l(;iyíuil~ n-ql!_~ll!~'~o- s·ái1gÜe negro lalve~ sfifü_slur~_aJoitõ{ l
espalhou de clima em clima, sun natureza sofreu nllernçües ( ... )
ns mudnnçns tornnrnm-5e tiio grondes e Ião 5cnsívci5 que 5c_poocri;i
o~fcrlllcn1o·s que alteram, corrompem e_ destroem nossa j
_ populuç~o" 44 . - O verbele-"1 -
f)?
"• qcr que o nes~~ap.iiu,_,,c,...,q_Jmi_11_ç,2_íurm.J1!!!. ~~p_écies, .Jiícrentes,
11
da célebre E11cyclopldie !..-·. ' .•.
~o Je um Jnilõ niio houvesse certcz.a de que houve ~uJ11c111c _um uc Diúcrol e li' A embcrt u;ise ue não mam csta·ma1s.:.. cnc- '. ,~ ;-, .'., :
UaÍ1 o·- ao próprio Jlidl@L aconlcCla- e a
i" i••: ,
homem criado, e de outro Indo que este \Jroncó~lapão · e--e.\le yolcnci:145.- 1 .. ~ '
•••
'negro,·" tllo · dcssemelhante, entre si, pu<lernm to.Javin uni Me e supcrioridauc branca pela boca <le seu "gom sclva&cm" i·.•·, ..
e ..
propngnr-se ( .•. ) é certo que todos niío são senão o me5mo homem
( .•. ) se o homem ÍUs5e o\Jrigndo n nban<lonar n.\ regiões que 1aitiano 46, e filosofar como segue sobre a raça in[eriõr dos
lapúcs: "Quem sabe se este bípede informe, que não tem t, ... ·
r·~->
oulroxa-i11.vndi11 - pnrn:- vollar . n seu país natal, rcass11mi1ia com "{ " :•,. ·
lemp_Q...SC.IJ..,U_ rJlÇOS originais, sua eslalurn primitiva e sua cor natural senão quatro pés úc allura, e que se chama ainda nas vizi- ,:.,
~·- : ,•:,
( ••• ) nm1 talv~sc-nccéss:irio~ um _gramle númcru .Jc ~i:culos 11ha11ças uo pólo um homem e que não lardará a perder este ,. .,. (, ••·
P-ª!.-'!.._Jl.i.OdJl7.Í!.__esl~- ~~ito 1, . ,
í, nome, Jcformanuo-se um pouco mais não 6 a imagem de :f.··< .· •·.
••
11111:i cspéc.:ie que passa? 47 " Outros nulorc.,, particulnrmcntc
Tan~l>ém Buífon sonha co111 uma granue e bela expcri~n- !,
Vollairc, uos quais tralaremos um pouco mais odiante, falavam 1
' . . ci~~u, que permitisse verificar sua hipótese: uc "homens cxólicos" num tom ainda mais desdenhoso.
Assim é que ~uns dos cam ~~~~s.:; ~u_vidpL.~-il._S_!_~
••
. . . para fazer a experiência <la 11111.Jnnça da rnr na c~r.:uc . 0
l111111ann. ~cria neces~{,rio transportar alRIIIIS indivíduos .Jc.q :, r:,p ' ; l.111.cs
J
colocavam Os undamcnlos
. _ _ ___ ___ _ ___ _._ ._ - . '
<lo .racismo c1en1füco do '· f· :
-::-:---.- -
negrn do Scnegul para n Dinnmarrn, unúe o homem, rnm11mc 111c
úe pele \Jranc:1, cabelos loiros e olhos awis, mani[c\la a maim
\·. H . Suhrc •eu, vclhn, lcmpo,, Goclhc: evocava n lnílutnda cM:rclJ• ror
••
<liíercm;n de 6angue e de oposiçiio de cor. Serin 11ci:cs~{11 io cncla11- . lh1!1011 nn J\lcmnnhn: "No ano cm quo vim ao mundo, o Condo de Dullon
surnr cslc~ negro, com 511a, fnmllin, e cum,ervar rnid:11lu,an1cn1c :11 \. I' •;,
' ' pul!llcnvn o primeiro volumo do 1ua J/IJ/olr, 110/ur,ll1, quo 1u1dlou um vho
inlcre.-c cnlrc o, alcmle1, naquele 1cmpo mullo accuhols l ln(kltncla (rancelJI,
5Ua rnçn, 5CIII permitir que se cruzassem : este mciu é u únirn 1 ' '· J
'. : 1 o, volume, "'guiam-se do nno cm ano, e o lntcreuc do uma aoclcdadc cKlar•·
que se pode empregar para saber quanto tempo 5eria necc!>5:1rio cida colnclJi• ""'"' com meu cresdmcnlo, .. " (Crlllqu• dtJ prlnclptJ dt
••
f'hilu,opl,lt toulo1/q11t dt Gto/froy d, Solni-llllalrt, /IJO) , As duas úlllmas
para reintegrar so~ ~p_g1Q_a__11~1ur~?-~ . .!-19_ hpn1_cm, e pela
cuiçil<• da• Sotmn11/lc/1t Wtrkt do Dullon dalam de 1836 o do 1837.
mesma rnziio, quanto 1empó .. foI-prcciso71ái'ai-i1üJá-lo ·do branco
para o negro.
No que ,e rclcrc à França, a not3 que ""ª"º
forncco uma lndlcaçlo: "O
1-
pc.qui,nJor dc,c)o,o do avall•r o bilo de Dullon no ~culo XIX podcri re•
correr no Catd/010 1tral Ja Rlbl/oltca Nac/OMI.. . Desde 01 Morctau:ic rhollu
••
em 10 volume, nl6 IJ11/fon de DCNJAMIN RAlll!a, passando pelo Bu/fon du lcolu, ·
Foi JJuffon um racista antes do lempo'/ De um lauo, ex 1111//nn ,ln fam/UtJ, Duf(on ,ltJ dtmolJtlltJ, o mesmo o Dulfon du p,,mltr .s,~ ...
cnconlrnm-,e mal, Jc 120 tltulo,, lormandn uma 1111111 de n11'11 do 32.5 cdlçõc1 ... "
.ncrâção úos negrns pela "uifÇ_í_C.llÇíl. ue_sangue"; uc r
plica a úcgc'" .) (OturrtJ rJ,llo,opl,/qutJ d, Du/fon, cd. Jean l'lvelcau, Parh, 1954, pp, S27-528) ,
••
Ou1rô;pãréêccõnvlêl0 üe que csla llcgcneração não é irrc- \ ! 43 , CI. P. C11.u11.PJ, Lcs Noln, llb do Cham lo maudit, Nourtll• Rnw
\ , 1Moludq11,, 1928, pp. 721-739.
m ~- QUcsc·ucvê co11cluír'l De falo, é a dUfilÇão, isto é 1 e/ 44 . /1/Jtolrt phlla.,oph/q11t ti poll//qut dt1 ltohll11tmtn/1 ti du commtr-
ã- iúaúe alribuíúa à !erra, úe que ele se ocupou muito, que .-, Jn Eurnpfrn1 donJ 111 l),iu lndtJ (1770), Livro XI, Cap. XXXI.
45. "Niío somente 1un cor o• dl•lln11uc, mu diferem dns outro, homcn• por
parece inúicar a linha divisória. Com cíeilo, uma degene- , ! ) iodo, º'
lraço• do ""u ro,10, dos narizes lar10, e chato,, dos 1rosso1 14blo,
,VÍ' t ·
ração de data r"ccen1e· é ··menos grave do que aquela que, lj j , , o do lií no l111ar de cnl)clos, que parcctm con,lltulr uma nova upklc de
'
, , · .,• homcn•. no, dlslanclamos do l!quador pMa o pólo anl4rllco, o ncaro cl11cl1,
cslenúcndo-se a algumas dezenas de milênios, tem ncccssidauc mn• n lrlura permanece: rncontramo• l11ualmcn10 rsto po•o feio quo habll~
6i
\ .
, a remia meridional da A/rica ( • • • ) So por acaso cncontl'llrmos sente honesta
<le igual tempo para ser repara<la. Para rci111cgrnr a 1wt11rc;.11 , V 1
11 1 J rnlro o, nraro1 da Ouln6 (n maior parto alo acmpro vlcladoa) na maioria
do homem, é necessário aos negros "um granue número c.Je
t
l" l'--1'· . 1 •~o Inclinados l libcrllnaacm, à vlnaança, ao roubo e l menUra. S~a obslln•çlo
. ·· \ ,, 1· 6 1•1 que Jamais seu erro, seja qual (or O cutl&o que dcum softtr;, _
séculos" - ou a eterni<ladc? (. ,(\\, l,o 1nóprlo lr100r da morto nio 01 pcr1urba."
t -40, Cí. noa&a lllltolu J• ronll1lnil11Jn11, t. Ili, p. uo.
(.
• { • 1_
1,
,
Jc ()..
(~.O::::.r.,:.
• l:.,\;(s-_
...,
1, /. . "
,,,
g:'
150 O MITO ARIAN O
. A ANTROrOLOGIA DAS LUZES 151 ~1
' it,
..J
~ãº-._ se q_tr_avienL p.elas.-vcredas dos juízos e inferências de .1· - .1 '" 6• ,1À_ n~,:::::; -- • ,,,j
ma 1u1çao ue seu P._~!...-.:'..,· .l .' a ••"
~ ~ \ !, ,CslabclC;C•ª t:1,1
• 1. A esta tentação, outrora quase irresistível, 13\umcn~ um pr~grama <le estudos nnlropológ1cos, acentuando r,l
bach 01_1us ~!ID'.itvcucs.istêu~i.,,.•e_ us cim.;·u ~~ldc.s ruça~ · po(tâncm <lo mcio,_("quc 6 que distingue por tantos matizes f
descr~vm na? eram, c111-..121·mgp.!Q,__. µcm ,e__~• item { 'm-fil · as ~aças ncgrns na própria Aírica'l o clima, nn ncepçlio f'.,
cm s1. Se mslo cedeu, foi pelo .viés do Juízo estético, ao mais ampla do termo, quando compreendemos com isto a
proceder o elogio da face dos povos brancos, desta "face que maneira ~e viver e de se alimentar 6<i"). . Mas por que 6 !;.i
foz com que seja considermlu em geral como a mais bela que 110 [11n deste capítulo consagrado à ACrica sentiu-so ;:.i
e agradável ( ... ) Dei a esla variedade, prosseguiu ele, o 1 • ' o_brigauo a relomnr por sua conta _n_y_çllli!_ fí1b~l~ da _lu~~-~: (.
'p;
: nome do ....,f\1onte_Cúucaso, porque é na sua proximidad~. que 1 · c_1uade dos negros, que grnuualmcnte o levou a concluir: · ·
se e~lGUl-!Ua1s]:,e~- _r~~l1e homens, o.r,%a_gco~~na, e -- ---·- - -
· que se é poss1vcl muicar1im berço · para o gcncro hu1üano, A inl~ligêncin sublime que! sob os. nnl~res ,de um sol ~e~o- / .
lodas as razões fisiológicas concorrem para situú-lo neste rador, devia ser recusada à crialurn CUJO seio so encerra pa1xocs \1·
ardenles, fui acorrenln<ln por uma consliluiçiío füica que n repclci 1·
lugar. . . Enfim, a pele dos georgianos é branca, e esta cor e que a desconhece. Vislo que num lal clima era impossível que
parece ainda perlencer primilivmnente ao gênero humano, , · o negro recebesse um cunho mais nobre, longe de desprezá-lo,
mas degenera facilmenle numa cor Lrigueira ... "'• 2• ú. f úcil s11ibn1110~ lnmenlá-lo e render graças 110 nulor de louns ns coisas t
reconhecer a "leoria das degenerações" de Maúpertuis e ,\ pcl11s cumpensnções quo dá n estes seus íilhos pelos bens quo lhes f""
recusa. 0---nêgró~a---seus <lias sem cuidados, numa regiiío que }i.,
de Uuffon. De uma forma Lalvez lipicamenle professoral, lhe dfi/ seu alimento com' )iberalidade sempre nova. . • Correr, !.
lllumenbach, depois de ler vulorizado a beleza <los roslos
dos georgiunos, fazia o elogio ue seus crânios, "esta bela
\ úesli~Ílr não passa úe um jàgo 1
para ele 67. • •
t
t"
forma de crânios, da qual as outras parecem ucrivar, até A tese <la inícriorida · rdcr Í ·
chegar aos pontos mais afastados, que são os crânios ·<los .li!!. <lo .. ca íl~I __ C nsn
"O ne o nn a mventou ara o europeu; Jamais
~a à_Eu_ropa _conquistadora:
~-
~I
malaios e <los negros" 63, A categol'ia . "raça caucasiana",
inlrouuziua por Dlumenbach, r-5erviu ·na primeira metaue Jo . · e apc fci oar-se de conqu1s ar a uropa" 68 • Assim, ;'
século XX de critério para a imigração seletiva nos Estados merece am a n1Cnos Jo que ousse ... o do santo 1 l
Unidos, permitindo afastar, de um lauo, as raças ue cor, patrono da Antropologia. Tai'-distinção/se fosse necessário /" ;,
e de outro a llcbrew rac:c; portanto, do ponto uc vista aumi- atribuí-la a grandes precursores, deveria ser outorgada aos :
nistrativo, foi a "raça ariana" Je a_lém-A_llf11ti.i_co,_a11les <lc irmãos Wilhclm e Alcxandcr von Humboldt,1 que, complc- :·. '
tando-sc wum :iO-óuli-o, exploram quase todas as disciplinas ! :
1939-1945. -;,·- - ,
--~com JÕhann-Gollfried von llcruêr (1744-1803). que
\ 1
humanas, sem i;uuais_sc...Jlcixar-conlaminar- pclo_europ_
ç\!::, 1 r
,l!J
1
é mister ouvir alentamente quando~~trata ~as contradiçücs cc111.rismo-ambiente. t."l
15'7· alemãs, e ao qual vollaremos 110 prox11no c~1p1tulo, pcn~tr:_1-sc ,.·X "Manten<lo a unidade da espécie l1umana, escrevia Ale- H
numa atmo!lfcra totalmente Ji(crente. E111 sua principal .
obra as Jcléias sobre a filosofia dá J1i.sl.Úli,uw.J.u111.1w1idc1elc,'
Hcr<lcr sc~ ia por assim diz1:~ ~e . ªillelt\ão çonJr;1 .-.i
:f
~,
xallllcr von 1-luml>oldl cm Kosmos, !ejeilamos, por uma :.
·v c~eqü~1~cia ncc~ssá~ia, a ~1ç.fu:ulesoladot.r-~e-rnçus-su• ,
J~enórés e raças 111fcnores 69. Por seu lado, fazia remontar ; .
a Anstó-Ú:lcs-uma-luerurquização que com tanta frcqüência ;-
"filosofüt v~wi1:à::~wi: ifümiiTI~@.!Q, e quali(icada JeJgnó-
mrn,;iêêlcT) o próprio lernw ",.i:uçã7íun'iâi;i3' 64 • Procurava, servira para justificar a escravidão 70• •~Todos são feitos 1
pois, Jist;111ciar-se-dos-preconcc1ffis-europc!I~ ~e seu te1~1p~: igualmente para a .Jibcwade", continuava;c;-ciiafüioC·m ~-
a simpatia com a__qllí!l.Jralava....QS. "p\?_Vos. uo Pol?'.\ esquunos seguida seu irmão Wilhelm, queda ~carar a humanidade ;
\ .,
ou lapões,- só era comparável à que ilcdacava-aos _l!º-~~s- ~o
Equador". "O negro, escrevia, não tem menos /hrc1to_dc 65. ldltJ ... , Uvro Vl Cap. IV (lrad. Edaar Quinei, Puls, 1827, pp.
3lH~6),
f,
lr.àla~ scus __s_ely.:i:ge1~s- _opr~~so_!'~ pelos _ n,omcs av•~.tantes de 66. lbl,1., pp. 343•344.
nlbinos e <lc_µe1_11ômos _brancos, <lo que noJi. de lom,1-lo .como 67, lbl,I,, p. 348.
68. "1tc,lüc1 das nações bem lbld,, p, 33'1.
cniblc111a··<lo mal e por ~_escend.c_nle_dc_..Çam, ~~1>.!_l~ado _11-cla C,9 . CoJmoJ, E,sal d'u111 dtscrlpilon du mondt, 11111. Faye, Parb, 18-46,
~ -- -- -- -- -- ~-- --
l'l'• 4)<Mll,
'
(,2. lJt 1'1111111 du «rnr, l111noal11 ti d1 ,u ,·arlltls (d, 1/btolrt ,lt 1'an1I• 70. "A doutrina llo de5oladora, o mais l1rllo lanlll nus rcproduLiJa,
1l111/I/J111t, 1. Ili, 1'· 157), da de,l11uald1de do dlrello l liberdada enlro os homens, e da ncra•ldio como
63. IJtras qllfll'la colltcllonls suat cranorum dh'tuarum 1rnli11111 lllu.,trato llml\ ln5lllulçlo !undada 1obtc a n11urua, cncontra-so ln!clluncnlc d,,cn,ol•~
cum rc:rlcllo rl11or 1blcm,11co cm Aa1n01eus, l'olltka, 1, 3, 3, 6" (Co1mo1 ... ,
(d. 1/1/J.). nola 42, 1'· 37!1, cd. cll,),
<,,t. J,1/ts .• . , 1.lvro VII, Cnp. 1.
(_.\.. ,, _. , ;
'. /•/.- cc_-Ji~·J(.A\.
, \,
·f; ~ ~- 1
"• I , .
/ .\
,_J( ·.; e
(\,._,
,•.,1 t ::
!l''<I
152 O MITO J\IUJ\NO
J\ J\NTI\Ol'OLOGIJ\ DJ\S LUZ.E.S
153
l:
gJLscu....conjunlo,-sem - distinção - de . religião, _de nação, _de 1:unlra o ensinamento que recebera; mas conformava-se com [.,
~-, cu1111L.!!U,li!_ g~~nde famfli;J _ _!1ç__im1ü~c; 1 . ~1110 um corpo a rnncepção comum que colocava_ os negros no último grau' f~
u111cu1 -111an.:h11ndu . parn u.nL ~.!'__ç_ _11_1esmu_Iin1, ·Õ-livrc dcse11- da cscnla: os broncos ernm "superiores u estes negros, como ~(.
volvime11tu - <.lo- suas- Corçns- morais." Os irmãÓs· Humboldl os negros são superiores nos macacos, e como os macacos ~:::.
jan~ais abandonaram esta concepção que os isolava sempre são superiores às ostras", escrevia um pouco adiante 74 • m
mais do n~ovimenlo geral <las iJéias do século XIX; agrudc-
cenJo poll<lamenle a Gobincau pela remessa de seu célebre
Vinte anos mais tarde., Voltaire desenvolvia sua visão antro- l~
!ralado sobre a Desigualdade elas raças /111111aiws, A. von
polúgica cm seu célebre [!~sai sur les mogurs et l'esprit des /
f:
r:
Hu~nboldl escrevia-lhe cm 1856, na idade de 88 anos, que
o l~vro "era oposto por seu ,P!?rrio título a 111~~1J1_as cI_e(!ças,_.
~.'~t1q~~:1s -~'~ t<:_>canle à <listmção <le,li_oJ;u.lo.r.ul.u:,í!Ç.<JU~P-~~- ,
f
_.: . 11atio~,~- Dep_ois de ler estabcleei<lo~ue "só a um ..
pc~11do_~uv1dar_,d~ _quc_ (brancos,-~ -ncgi'<rS,:Os7il6inos ...
sã.Q tlcraças i_nl~iGUJl~nl _.-9.if~r_enles", aplicava especifica- {.-
mente :ios negros o epíl lo "animais"; <l~pois, referindo-se
é
r
,/
11
nores e 111Ccnorcs ·11. /(IW
<--=-~~ .1'v-. .eh>~
. · , aos autores antigos, falava s cs~/inonstruosas (que) (.~::
puderam nascer destes amores abomináveis", entendendo com ..',:·
islo a cópula entre macacos e negras 1s. Mais adiante, a t·•
OS AN TROPÓLOGOS EXTREMISTAS (O~ LlGllN ISMO) \ . ,\ cxislência _<lQ...NQ.Y.o_M.WWP~io.rncc.~~;:1.hc.-outros - argumentos (:
. ! ~ni-favo-rcfo poligenismo,-C-O- poligcnis1no'.,:péir~sua-vez.'.. wr- (.'
A doutrina da unidade <lo gênertl'·-¼tumaiw;-·/onleslada
desde os tempos pré-cristãos por razões cabalísticas ou filo-
f milia-lho ,ro or "usiiíicativas "nalu - ~ "_ r vi<lão 76 • ~-
e 1fíc10 anlropol g1co gc--VoltnirO---é coroado no capitulo ~-
sóficas, foi combatida no século das Luzes cm nome de
. l!Ue traia da ln<lin, à q~Ól atribui umà'nntiguidn<le ou uma ~.
considerações que se apresentavam como científicas: mas
a linha divisúri;-:'?Ãat~ifícil de Ir_açar. Um <los primeiros
prioridade que lhe pcrm te desmisti/icar à vontade o ensina- t
menlo judeu-cristão, joga <.!_o parlicular19ente com as cúmo- ~:-
adeptos <lo "~cnism~~ o __méd_ica_inglês.John_ Aklins logias: não virá Adão de Aâimo,c--A·brão, (cC. Abraham), (
( 1685-J 7 57), rcconhcc1a-"uma....'..'.heler.odoxia." que pode ser de Uramas? 77 • neste pítulo que, seus editores póstumos i.'
considerada religiosa: "Embora isto seja um pouco hetero- ( provavelmente omlorcet sentiram-se obrigados a inserir :. ·
doxo, estou convicto de que as raças branca e negra descen-
dem, ai, origine, de primeiros pais .de coé diferente", es-
crevia 72 • Aktins pensava lambem que a raça negra podia
ser cruzada com a raça simiesca, pàrâ dar origem a híbridos
infecundos, semelhantes neste ponto aos mulos 73 • Pouco
· l. \ .•
rrr~00vC<t>
1) ... , •• ' I ; .1, ,·,
i ..
[ .i
i~ i .,\ _... - . . . . . . .. .. . [· )/
t;J
,1· 1:
I'...· 154 O MITO ARIANO
A ANl'ltOPOLOGIA DAS LUZ.ES 155
I•
r-··
l
:J
Poder-se-ia refletir, a este respeito, sobre o caso de . · ridadc podia 5er devida à sua conúiçüo. Um homem jamais (' :.\j
Da~Hs-Humc, Este filósofo publicava cm J.742 um ensaio .iJ-N amndurccc cm julgamento e cm csplrito, se niio exercer suas fncul• l, ~;J
SÔõre os "caracteres nacionais'', no qual afirmava; de passa- dadcs. Entre eles, os negros têm poucns ocnsiücs úc exerce-las; [:_- ,; .\
~odas as .naçõcs_quc_w..cm_além do...círcul0-polaL alimcntnm-se úe frutas o ralzcs, que crescem sem haver necessidade f. ..''.
de cullivá-lns: precisam de pouca roupn e constroem sua, cnbnnas ,: ' .. '
· :- inferiores ao _resto da espécie" 11 • mn 1.t_rande úiíiculJ~Jc. No eslrnngclr.o, siío miscr6vc!s c~cravos,J f· . : :
' j· .Em 1754, por ocasião da décima pmnc1ra e 1çao, · ume que ninguém cncoraJn a pensar e a 11g1r. Quem po<lcrin dizer nlé t ..'·
; \ acrcsccntnvn umn ~otu_ nu qual tratava cspccificnmcnte dos 11uc ponlo poderinm melhorar se, vivendo como homens livres, ! '•.' ·
j povos negros: ío5scm obrigndo~, como os europeus, a annhar o pilo com o suor
de sua írunle7 84
1; : •·
, · .-
1 .
!fendo n suspeitar de que os negros, e cm geral loJas as
outras espécies do ,ru,mcm (pois dele existem qualro ou cinco Se o bizarro sistema do benevolente Lorde Kames teve : '· ··
diferentes gêncros) (fu,J naLumlmo11tG-iníeriores-.lo1--l>rimco$. Nunca algum êxito junto ao público inglês, já que seu livro foi
·r.:
houve naçiio civilizííünõCoUfrii complclç'iioQ\Té- ilãonl5rnrrca, nem ree<li lado doze vezes entre 177 4 e 1825, não goz.ou o privi-
mesmo individuo eminente nn orJcm de açiio ou Jn cspcculaç:10.
As indÚ5l1'Íns niio 11e llcscnvulvernm entre eles, nem n~ nrtc•. nem
légio <lc reler a atenção d ico, no contrário
ns ciêncins. De oulro lodo, os brancos mnis ruJcs e mai~ bárbnrus, úo mais simples do ___~ie 1734-1813). A
tais como os nntigos germano, ou os tfirlaros ntuais, . nprescnlam JJ istúria_ ,la _J c1111aicg___ U ng serviu e regra por
ainda nlguma coisa de eminente, cm valor, cm forma 1le governo,
ou cm alguma outra parliculnriJadc. Uma diferença l:10 constante
muito· tempo; ainda cm 1857, Armand de Qualrcfages, chefe r· ·.
e uniforme, estendendo-se n tantos países e a tanlos séculos, ni'io da escola antropológica francesa, citava esta fonte, sobre a '
poderia existir, se a natureza não livcsse disposto uma llistinçr,o pretensa infecundidade dos mulatos u. Com efeito, cm seu ,.
original entre estas raças humanas. Sem falar llc nossas colünias,
existem escrovos negros dispersos através Je toda a Europa , e ..
. livro, Long mencionava suas observa ões se undo as quais \f; -
- ~- - 'i, ,
jamais foram descobertos neles sintomas de cngcnhosidadc ; ao ;f os mu a os er'lll · erc1s como os mulo~ .. , De acor o, l ·--
passo que pessoas lle bailta elttrnção e sem educação d1cgam a se p;_irti lhava o gc1111s wmo_ cm _três c~pécies; curof1eus_ e apa- \_:: ·
distinguir entre nús cm Iodas as pro(issücs 82,
r<:1\(a<los, J!~gros _u ~ g1Jla11-gg_s.- .CÕntudo~- -do~r ponto de i. ;
Notar-se-á que se o tom era duro, Hume não especi- vista mental, os negros pareciam realmente aproximar-se ' ·
ficava claramente sua concepção quanto iis origens do gênero mais dos or;ingotangos do que dos homens, já que os oran-
humano: monogcnistas declarados como Duííon 111ostrava111- gotangos, segundo ele, "não parecem inteiramente inferiores
se ainda mais veementes do que ele; e poligcnistas havia cm íacul<ladcs intelectuais a numerosos membros da raça
que ;1s vezes davam mostras <le um u11ivcrsalis1110 huma- negra; e po<le-se crer que existe entre eles a mais íntima ,
nista. As interferências <lo cnsinamcnlo bíblico cum o pro- ·, co11sa11giii11i<ludc ( .. , ) os próprios negros dcclnrnm que tais
grcsso <los conhccimcnlos conduziam, cm ccrlos autores, a cúpulas rcalmcnle existem; e é certo . que uns e outros
estranhos jogos de sombras e <le luzes. O caso mais singular maniíestam as mesmas disposições lascivas ... ". Mas, pre-
foi o do Jjj9s_'?½l.-:---~~oc~:,=LQ.t.ª.:__ Ka1!1cs _(!_Q9~:l 7_82). que, vendo a monstruosidade dos seres assim gerados, "o onis-
cm seus Skctc/1cs of thc llistory-üf ·Ma11, propunha o se- cicntc Criador do universo levantou uma barreira intrans-
guinte sistema: de um lado, no velho Continente, as <lifcrcnças ponível , llUe não é outra senão a esterilidade com que são . -
raciais teriam surgido quando <la confusão lingüística <la marca<los os pro<lulos destas uniões". ~m suma, 1,on~,)
Jorre de llabcl; de outro a América leria sido povoada graças supunha a existência de duas espécies de mulatos estéreis 1
1
a uma criação indcpcndenlc e "local" 83 • Mas, se a antro-
podicéia de Lorde Kames era muito complicada, sua moral ·
\ '\·-,;
. .. , .) ;Jôs-z1üúis uns uniam os negros aos brancos, e os outros, aos
orangotangos; quanto a estes úllimos, acrescentava ainda que; /
era simples e sem rodeios. Ingenuamente confessava: 1 .
. 1 \ segundo sua opinião, ~ão hayja_ncnhuma- desonra- para- as 1
Como observei mais acima, a cor Jos negros pcrmi te· prc511111ir
. i\ . 1_1_9;~a~ _e1~: -~~d~f--~ _acometitlas. ai~oros~s d_gJ __ora,ngotangos. ·;:::
que pertençam n oulrn espécie que ni,o n Jos brancos; e outrora
\ \,
A evocaçao <lestes amores tropicais tera conlnbu1do para o ·
pensei que esta conjetura ern confirmada pela iníerioriJnJe Je sua êxilo duradouro do livro de Long? Levemos a seu crédito
intcligêncio. Mas, depois de rcflclir, pareceu-me que sua iníerio• o falo <le, entre outras anedotas, ter proferido estas palavras: . .
"Os negros diz.cm que Deus se mostra parcial, já que trata ··
li. "O( NnllonAI Chnrnclc(I" (cl. Essa)'S, moral, po/itlcal and 1/tc"'rJ',
cd, l,c,ndrc•. 117S, l'I'• 244-lSI).
11 . /IM., 11. 2S2, nola. R4. IM,I., l'I',
Skt1cl,c1 o/ 1/1t IIIJ1ory o/ Ma11 •• •, cll. Ouli.!la, 1796, v. 1, pp. l8 -l9
I} , RS . (JUAlUPAOtJ, Armanll de, lllstnlro nalurclle de l'homme, Rt1·11t dU
e Y.Ili, 11• 106. Vtu .c Mon,lts, 1'· IC,l, março de IU7.
156
u O MITO ARIANO
,: '·
}
f :
r ••
A ANTROPOLOGIA DAS LUZllS
157 r,
os brancos como a seus próprios filhos, enquanto parece ler t-
;.
prnzcr cm afligir os negros com milhares de males" 16. Em Meincrs, u l~an~i_ção do .J,.nuo_ao_l).qmcm_f?zia,sc [;,>
pur etapas succssivns:êmiunçâÕ e.ln- presença ou da quan- f r · :
Fundada cm l.737, pela dinastia anglo-alcmã de Hano- tidade duii "méritos humanos" 92• Suu escaln começava pelos ~- ':' .
(11 .ysr, ,.Ynivcrsidndc de Goellingcn tor~1~-se rapidamente o 111111/os (monas'/), seguidos pelos . orangotangos, "chnmndos r-
_arcópag~ i.la-citiipÇtió~fücã~f~laremos mais udinntc homcnii das florestas ( Wulclmc11sc/1c11) por causa de sua !l
do...LOricnlnlistns.:.:.ML<;hacliL~chlocz~r) que aí ensinaram; semelhança com o homem", e pelos kímpcri.cys (chimpan- '
no que se rcfcre _us ciOncius ilu-vida-e do homem, nos nomes zés), ainda mais antropomorfos, visto que, nsscguravn, são
já citados de yo11 l·Inij_cr)c de l}lumcnbach; é preciso acrcsccn- capazes de fornecer u11111 guarda de honra ao rei do Daomé.
lar o do filó~(o - cliristoph Mcincrs (1745-1810), que se Vinham cm _!<_:g~~I!_~ os lcnd~i~s -- ~ncg!:_os _das . florc.sJns".
ocup_ou-níuilO'tla Aritropologiit-- ·•ocs·c1c7 933;·· seu nome (JVãfifiicgci-), os hotcntiJtcs~ós.bosquímanos e os indígenas
fiou a ser. respcita._do na Alemanha, seja cm sua qualidade das costas australianas, mas estes· tambén{"aprcscntam tan-
''.(unclador d~oria da__raça", que soube antecipar o tas características animais e tão poucos traços humanos, que
onccilo dc___atiano~•_- (Egon von Eickstedt, · 1940 87 ), seja dificilmente podem ser classiCicaclos entre os homens". De
~ a de precursor da Antroyologia Cultural, cujo pensamento etapa cm etapa, através dos homens acobrcados e dos
fo~lado de racismo (Wi111clm-Mühlman11, 1968 88 ). homens amarelos, Mcincrs chegava aos eslavos, que, apesar
Con1efci10, as conccpçõcs de Meincrs opunham-se a . "•,de sua tez clara, apresentavam traços inferiores, a tal ponto Í' .
muitas idéias aceitas cm seu tempo. Assim, contestava a · que "os senhores alcn!_ãcs_ eram obrigados a tratar seus
') , scr_yoJL _\y_cn~~s com muito mais· dureza - dó--quf _qs .. o.útrns,
tese corrente do progresso unilinear da cullura 89 ; assim,
duvidava da possibilidade de diferenciar rigorosamente as servos, pois a- cx'pcriência- cnsinava que somente por meio
rnças, e criticava os esquemas de seus confrades; foi também da vigilnncia niais- severa- e- <lós- -castigos indispcnsáveiii é
o primeiro cientista moderno a colocar hipoteticamente na que podiam ser levados para o bem e desviados do mal ... " 93 •
l· .
,,...Aírica o b~r_ç~U !9 gêncro humano, e :1 i::sistir ?!:! imporlân- Outras idéias de Mcincrs - a da rápida degeneração, ' -~ ':
c hrciii'íun~vcrsali_dadc do_~. ~niLCls ~as origens. Manifestou 11a América, dos povos europeus nobrcs-:Ou a cfo· perigo-de .,.
· iguaf111Cfüruíiii réàClndcpcndência <lc ·espírito com relação mislura.s e cruzamentos· de· raças~ - acabaram por abrir
à Alemanha de seu tempo, ironizando a audiência que "as 'l ~cu caminho, na Alemanha. Deve-se convir que este fil6-
velhas tradições dos judeus" 90 encontravam. Mas sua it.l\;ia-
mcstra, à qual se apegava acima de Luclo, era a da existência
de duas grandes linhagens humanas: a. raça "claru_e_J)cla",
-c·-ã -fã~"ficsc~!.à: C. ..f~i~":. Esta_ divi~ão permitia-lhe ~csvcndar ·1
· ·-u--s~gre-cfo-'u·o·s "llomens supenores , que s6 apan:c1am cnl.n: L,;v . ,.
.' ( . :
-~;:-.:~:·
guinte ra . · alava·, encontram-se ne-
os povos nobres e claros: .'. gros e macacos anlropóidcs; na América do Sul, sob o
. ,,. - • \l i •, 1 \
111cs1110 clima, ambos incxistcm; não decorre daí que os
Somente os povos brancos, sobreluúo os povos_ccll.u.:, po55Uem
a verdaúeira coragem, o nmor úa._Ji.bcrúadc, e outra~ ·· paixões e homens negros são fruto de um cruzamento entre macacos
virtudes das grandes aíma~ Os povos... negrus e feios úi(ercm e homens brancos? Assim, este piedoso luterano podia ga-
c.lclcs por uma c.lcplorãvcl ausência úe virludes e por muilos vícios rantir a seus leitores que a epiderme do pai comum Adão
terríveis. A maior parle das nações negrns e feias unem i\ irrila- fora, sem possível contestação, de uma brancura imaculada 95,
bilic.lnde deviún à sua fraqueza, uma insensibiliúaúe revollanle com
relação ils alegrias e nos sofrimentos de oulrem, mesmo quando se FabJicius merece igualmente menção cm sua qualidade de
lratn c.le seus parentes próximos; uma úureza implacável e uma cntomologista;\ pois que garantiu o crédito à idéia, cujo
falta quase total c.le impulsos e úe sentimentos simpilicos 91 . .. c/ iador parece Ler sido Edward Long, d ~ um
"piolho preto" (pcdiculus 1úgrítarum), di(crcntlr"por sua [õr-
86. CI. W. D. JORDAN, IV/i/11 01·,r Dú,ck, op. cll., pp. 492-49$.
87. 1!1ru1eoT, I!. von. GtJc/alchlt und M tlhodtn dtr An1/iropolo1lr .
ma e sua cor do "piolho humano" (pediculus lmma11us) 96. '
\.
SlullJlrl, 1940. p. 286.
li. MUIILMANN, Wllhelm I!. GtJc/1/ch11,• 'dtr An1hropulo1/r. l'ranklu1Hu• 92. Unt,n11c/m111rn •• . , 1. Ili, Cop. VI.
b~-o-Meno, l 9Ci8. pp. 59-61. 9J. lbld., L Ili, p, 129 o p, 306.
19. Tal como u1lnala W. ll. MUJILMANN, lbld., pp. 61 e 20). 94. 11,/d., 1. Ili, pp. 17 o 11., parUcuJarmcnlo 1111, 74-77; t. 1, pp, 469 os,.
90. MEINUJ. Unttrs11ch11n1t11 Ubtr dlt Vtruh/tdtnhtlttln dtr Mt1uchtt1 · 9l. dtrFAUICIUJ, ª'""'""'"''"
Joh.•Chrltt. 1711. pp. 321-332. llb,r "'' •llrrm,111,n Elnrlch·
s,,,,_
t11n1,n Notur, llamburao,
r11111n .. , TUblnacn, 1111, t. Ili, l'P, 311 e u.; 1. 1, p. IC.6, p. 1, p. 7.
96. Joh.-CllllST. FAlllCIUI, flltll/lltor11n, Draunschwcla, 1805, p,
91. Gr11ndrl11 dtr G11chlcl111 dtr Mtnuh/1111, Lcmao, 179), pp. 12)-tZA. )~O; ti. larnb~m o No11rtG11 dlc,loMG/r, d'h/1/0/r, no/11rtllt, t. XXVIII, Patls,
IRl9, vcrbclc "rou",
,.
\' :
.,~
158 O MITO ARIANO
A ANTROPOLOGIA DAS LUZE.S 159 !(~:_, , '
·~
1.
1
As concepções de Meiners enconlraram um apúslolo
na França revolucionária. No ano IX, o farmacêutico 111ili1ar
J . ® 1 ~ 1 .Virerd11H~.JJl4JJ__ p_y_bligl'la _ c111-.~aris_su:1