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1
Teoria funcionalista: aborda globalmente os meios de comunicação. Aborda a problemática dos mass media no
ponto de vista do funcionamento da sociedade e sua contribuição para esses funcionamentos.
2
David Easton: estudioso das ciências políticas, conhecido por aplicar a teoria de sistemas às ciências sociais.
3
Homens interdependentes e complementares: coerentes entre si.
natureza e pelas condições sociais, mas que são iguais perante a lei e ao governo,
sem mencionar que a lei foi feita pelos dominantes e o governo é um instrumento
deles.
As RP promovem o bem-estar social e a igualdade nas relações sociais numa
sociedade marcada por profundas diferenças de classe, elas contribuem para camuflar os
conflitos de classe e educar a sociedade na direção ideológica burguesa, preservando a
dominação do capital sobre o trabalho.
Por fim, as RP é uma necessidade do modo de produção capitalista, para entendê-
las a fundo é necessário entender o modo de produção capitalista.
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Superestrutura: estrutura jurídica e a ideologia, segundo Karl Marx.
5
Estrutura: conjunto de forças sociais e do mundo da produção.
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A. Gramsci foi um político, cientista político, comunista e antifascista italiano.
7
PERUZZO, Cicília Maria Khroling. Relações Públicas no modo de produção caspitalista. P 97.
propriedade é inviolável, também em relação à mercadoria, garantindo a posse dos meios
de produção por alguns.
As leis que são criadas junto com o desenvolvimento da sociedade burguesa não são
a expressão do Estado e sim da sociedade e do mercado, que exigem certos
fundamentos para se manter.
Na sociedade civil é preciso que tudo se articule para a realização da produção e
distribuição. Este processo se dá através de lutas, uma vez que a sociedade é fundada
em antagonismos, na dominação do capital sobre o trabalho.
O Estado, segundo Hegel, é um produto da sociedade, é a característica fundamental
de que a sociedade está envolvida numa contradição e num antagonismo irremediável. O
Estado é um poder aparentemente colocado acima da sociedade, para mantê-la dentro
dos limites da ‘ordem’. “O Estado é o produto e a manifestação do antagonismo
irreconciliável das classes”, segundo V.I. Lenin. Portanto quando há Estado, não há
reconciliação entre as classes.
A burguesia apodera-se do Estado e mostra-o como a realização do interesse comum
da sociedade e não para realizar o interesse comum de uma classe. Mesmo criado para
atender os interesses de uma classe dominante, o Estado é coagido a atender os
interesses da sociedade em geral, sempre dentro dos limites da ‘ordem’.
A sociedade burguesa é uma sociedade com interesses antagônicos. Ela serve-se da
sociedade civil e do Estado para chegar a um consenso. É aqui que as Relações Públicas
participam, através do processo educativo de todas as camadas em torno dos ideais
burgueses.
Nessa sociedade as contradições estruturais são ocultadas e a sociedade é
apresentada pela ideologia burguesa como harmoniosa e o Estado como o realizador dos
interesses de toda a sociedade.
A classe burguesa tem o poder material e o poder espiritual, ou seja, seus
pensamentos também são pensamentos dominantes.
A superestrutura pode ser, metódicamente, dividida em dois grandes planos:
1. Sociedade civil: conjunto de organismos chamados comumente de
‘privados’.
2. Sociedade política ou Estado: função de hegemonia que o grupo
dominante exerce em toda a sociedade, e que se expressa no Estado e
no governo ‘jurídico’.
“A classe dominante exerce sua ditadura, não somente por meio da coação, através
do aparelho policial, judiciário, mas também por meio de sua hegemonia, pela qual ela
neutraliza todo um conjunto de forças revolucionárias” 8.
2. Relações Públicas no âmbito da sociedade civil e do Estado: caso brasileiro.
O profissional de Relações Públicas é o resultado da colaboração das escolas em
formarem profissionais vinculados organicamente à burguesia, formando um especialista
em servir aos interesses do capital, mas, é válido lembrar que vendendo sua força de
trabalho o Relações Públicas também se submete ao capital, ou seja, “mesmo sendo um
explorado se transforma em agente de exploração”. 9
O Relações Públicas passa a fazer parte das ações de instituições e do Estado de
forma discreta, estabelecendo a harmonia social. Seu discurso é persuasivo, sempre
destacando as “qualidades” de quem está à serviço utilizando os meios de comunicação
de massa, que por sua vez, também podem usar os serviços de RP.
A relação com a imprensa é considerada muito importante pelo fato de que é
através dela que o profissional de RP viabiliza as informações necessárias de seu cliente
(a empresa/instituição para a qual ele trabalha), aumentando seu prestígio e simpatia
junto aos seus públicos, além de que, ao se manter uma relação favorável com a
imprensa, evita-se críticas.
A autora cita um exemplo bem interessante no livro, o do concurso “operário-
padrão”, realizado pelo jornal O Globo e pelo SESI. Este concurso é uma forma de
“respeitar os interesses dos dominados”, mesmo sendo elaborado e julgado pela classe
dominada. Ele carrega o espírito das RP por tentar fazer convergir os interesses dos
dominantes e dominados. Após eleito o “operário-padrão nacional”, ele é convidado a dar
palestras, tem sua foto publicada em propagandas, enfim, se torna intimamente ligado à
burguesia.
Este concurso explicita a questão da mais-valia, da cooperação tal como vimos
anteriormente, valoriza-se a luta para sobreviver desse operário bem como suas
atividades na comunidade e em ações que reafirmem suas relações sociais garantidas
pelo Estado.
Este concurso então, nos mostra fazer parte de uma estrutura ideológica e política
que ajuda a preservar as condições necessárias à acumulação do capital. É uma clara
demonstração da classe dominante promovendo articulações entre desiguais e entre
empresas e outros organismos da sociedade civil, ambos articulados com o Estado.
A sociedade civil e política estão organicamente ligadas e a classe dominante se
aproveita disso, utilizando hora uma, hora outra, para manter sua dominação. Para tal a
classe dominante se utiliza das RPs para promover a harmonia social através de suas
8
MACCIOCHI, Maria Antonieta. A favor de Gramsci. P129.
9
Peruzzo, Cicília M. Krohling. Relações Públicas no modo de produção capitalista. P. 105.
ações permanente e preventivas.
Nos momentos de crise as RPs também são utilizadas, mas durante esses
períodos o caráter unilateral das RPs vêem à tona, mostrando que ela está à favor da
classe dominada.
Os objetivos de RP no âmbito governamental são:
Demonstrar uma mentalidade governamental humana e democrática;
Estabelecer, manter e desenvolver um melhor entendimento entre governantes e
governados;
Estabelecer meios apropriados para o cidadão expor seus pontos de vista e
opiniões.
Conseguir boa receptividade do povo e do legislativo;
Ajudar os cidadãos na interpretação das leis, sempre ressaltando os benefícios.
Cristalizar o sentimento de opinião pública.
Esses objetivos ocultam que o Estado é um meio utilizado pela classe burguesa
para preservar o sistema, mostram que as RPs foram desenvolvidas pela burguesia a fim
de esconder as contradições sociais.
Desde 1940, com a criação do DIP o Brasil veem montando estruturas de
comunicação para obter legitimidade social para suas ações e políticas, veremos alguns
exemplos à seguir:
1. DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda): o primeiro órgão criado
com essa finalidade, cuidava para obtenção da legitimidade do governo e da
harmonia social. É valido citar que na bibliografia atual não se cita este
órgão, bem como o período, como parte da história das RP no Brasil. O DIP
funcionou no período da ditadura de Vargas e alguns programas criados
continuam até hoje, como o “A Voz do Brasil”.
2. AERP (Assessoria Especial de Relações Públicas): quando Costa e Silva foi
escolhido para substituir Castelo Branco na presidência, ele criou um grupo
de trabalho para firmar sua imagem e a imagem do governo que viria, após
a posse, ele transformou este grupo de trabalho na AERP, com os mesmo
princípios. Foi nessa época que o sistema de comunicação social do
governo foi estabelecida e ela permanece dessa forma até os dias de hoje.
3. ARP (Assessoria de Relações Públicas): no governo do general Geisel, a
ARP acreditava no desenvolvimento em três níveis:
1. A educação informal, que objetivava melhorar as condições de vida e a
força de trabalho.
2. O fortalecimento do caráter nacional, do amor ao trabalho, do
patriotismo, “o Brasil é feito por todos nós”.
3. A esperança, “este é um país que vai para a frente”.
4. SECOM (Secretaria de Comunicação Social): no governo do general
Figueiredo uma parte da classe dominante acreditava que a “abertura” do
regime era necessária para manter o modo de produção. Criou-se a SECOM
e está permanece até hoje.
A função mais característica desses órgãos é informar aos governados fatos que
não prejudiquem os interesses nacionais. O interesse nacional é o interesse da nação por
que o Estado assim decidiu e ele serve para negar os interesses das classes.
A expressão “interesse nacional” ou “objetivo nacional” é oriunda da “Doutrina da
Segurança Nacional”10, no Brasil os objetivos nacionais são:
Integridade territorial
Integridade nacional
Democracia
Progresso
Paz social
Soberania
Os objetivos nacionais são iguais em diferentes países, acredita-se que a
segurança nacional é o Estado se fazer presente em todos os lugares onde há suspeita
de comunismo.
Hoje em dia, ao invés de usarem canhões, as técnicas de Relações Públicas são usadas
pelo Estado para estabelecer o compromisso das classes dominadas com os interesses
da classe dominante.
Portanto, a sociedade civil e Estado se completam buscando o consenso para
estabelecer a hegemonia da classe dominante, para que esta possa dominar sem que a
dominação seja sentida. Classe hegemônica é a classe que compreende o conjunto de
interesse de todas as classes, é a classe que tem um compromisso com a sociedade.
A constituição do Estado burguês foi feita através da classe dominante
(burgueses), por meio de alianças ou coagindo a classe dominada, que por sua vez é
alienada pela classe dominante.