Você está na página 1de 36

MYRIAN VERAS BAPTISTA

PLANEJAMENTO
SOCIAL
Intencionalidade e Instrumentação

PROFESSOR:DR:
JEFFESON WILLIAM PEREIRA
PARTE I
A RACIONALIDADE DO PLANEJAMENTO
Planejamento refere-se ao “processo permanente e metódico de abordagem racional e
científica de questões que se colocam no mundo social”.

Enquanto processo permanente, supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de


situações em um determinado momento histórico.

Como processo metódico de abordagem racional e científica, supõe uma sequência de


atos decisórios, ordenados em momentos definidos e baseados em conhecimentos
teóricos, científicos e técnicos.
Segundo a autora, o planejamento refere-se, ao mesmo tempo, à seleção das atividades
necessárias para atender questões determinadas e à otimização de seu inter-relacionamento,
levando em conta os recursos, prazos e outros. Diz respeito, também, à decisão sobre os
caminhos a serem percorridos, às providências necessárias, ao acompanhamento da
execução, ao controle, à avaliação e à redefinição da ação.

A dimensão de racionalidade está ligada a uma lógica que norteia naturalmente as ações das
pessoas, levando-as a planejar, mesmo sem perceber que o estão fazendo.

O planejamento é a ferramenta para pensar e agir dentro de uma sistemática analítica


própria, estudando as situações, prevendo seus limites e suas possibilidades, propondo-se
objetivos, definindo-se estratégias.
ENQUANTO PROCESSO RACIONAL, O PLANEJAMENTO SE ORGANIZA POR OPERAÇÕES
COMPLEXAS E INTERLIGADAS, QUE, CONFORME FERREIRA (1975) SÃO AS SEGUINTES:

A) de reflexão: diz respeito ao conhecimento de dados, à análise e estudo de alternativas, à


superação e reconstrução de conceitos e técnicas de diversas disciplinas relacionadas com a
explicação e quantificação dos fatos sociais, e outros;

B) de decisão: se refere à escolha de alternativas, à determinação de meios, à definição de prazos,


etc;

C) de ação: relacionada à execução das decisões, é o foco central do planejamento, orienta-se por
momentos que a antecedem e é subsidiada pelas escolhas efetivadas na operação anterior, quanto
aos necessários processos de organização;

D) de retomada da reflexão: operação de crítica dos processos e dos efeitos da ação planejada,
com vistas ao embasamento do planejamento de ações posteriores.
ESTAS OPERAÇÕES SE INTER-RELACIONAM EM UM PROCESSO DINÂMICO E CONTÍNUO:

DECISÃO

REFLEXÃO AÇÃO

RETOMADA DA REFLEXÃO
O movimento de reflexão – decisão – ação – retomada da reflexão caracteriza o processo
de planejar.

A análise desse processo nos permite identificar, nessa dimensão de racionalidade, a


dimensão político-decisória que dá suporte ético-político à sua ação técnico-
administrativa.
O PLANEJAMENTO COMO PROCESSO POLÍTICO

A dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo


de tomadas de decisões, inscritas nas relações de poder.

Segundo Baptista (2013), hoje, tem-se a clareza de que, para o planejamento se efetivar
na direção desejada, é fundamental que, além do conteúdo tradicional de leitura da
realidade para o planejamento da ação, sejam aliados à apreensão das condições
objetivas o conhecimento e a captura das condições subjetivas do ambiente em que ela
ocorre:
I. o jogo de vontades políticas dos diferentes grupos envolvidos;
II. A correlação de vontades de forças;
III. A articulação desses grupos;
IV. As alianças ou as incompatibilidades existentes entre os diversos segmentos.
Faleiros (1997: 43-65)
Esse conhecimento irá possibilitar, além de propostas com índices mais altos de
viabilidade, a percepção e o manejo das dificuldades e das potencialidades para
estabelecimento de parcerias, acordos, compromissos e responsabilidades
compartilhadas.

Desta forma, o domínio e a orientação do fluxo dos acontecimentos se pautam por um


novo sentido de competência: além da competência teórico-prática e técnico-operativa,
deve ser desenvolvida uma competência ético-política.

É função específica do técnico o equacionamento e a operacionalização das opções


assumidas pelo centro decisório, embora caiba a ele também assumir decisões e
implementar ações
A REPRESENTAÇÃO E SEQUÊNCIA DESSAS ATIVIDADES É ESQUEMATIZADA
A SEGUIR:

DECISÃO

EQUACIONAMENTO OPERACIONALIZAÇÃO

AÇÃO
EQUACIONAMENTO
Corresponde ao conjunto de informações significativas para a tomada de decisões,
encaminhadas pelos técnicos de planejamento aos centros decisórios.

A função essencial do planejamento é aumentar a capacidade e melhorar a qualidade do


processo de tomada de decisões, oferecendo dados básicos da situação, elementos de
juízos para apreciar as situações e dados para a aferição das tendências e projeções
futuras.

No entanto, esta função não é exercida pelo planejador de maneira distanciada de suas
escolhas no contexto das relações sociais, uma vez que, diante de um mesmo problema e
de uma mesma demanda, as pessoas têm diferentes formas de agir.

Isto está relacionado à visão de mundo de cada pessoa e à fonte onde busca seus
fundamentos no contexto de grandes correntes filosóficas.
DECISÃO

Corresponde às diferentes escolhas necessárias no decorrer do processo.

O nível de envolvimento do planejador varia de acordo com o seu posicionamento frente


às questões que trabalha, suas opções ideo-políticas e as particularidades de cada caso.

O privilegiamento da dimensão político-decisória é a base das novas reflexões que se


fazem sobre o planejamento.

Os grupos organizados e os movimentos populares são elementos importantes no jogo do


poder, sujeito político, no processo decisório.
OPERACIONALIZAÇÃO AÇÃO

1. Relaciona-se ao detalhamento das 1.Refere-se às providências que


atividades necessárias à efetivação das transformarão em realidade o que foi
decisões tomadas; planejado;

2. Cabendo aos técnicos sua concordância em 2.Cabendo ao técnico o acompanhamento da


implantação, o controle e a avaliação que
planos, programas, projetos;
realimentarão o ciclo de planejamento, de
acordo com as perspectivas da política
3. Sistematização das medidas para sua
definida.
implementação
3. A ação é a objetivação consciente daquilo
que será a satisfação das finalidades.
PARTE II
O PLANEJAMENTO COMO PROCESSO TÉCNICO POLÍTICO
O planejamento se realiza a partir de um processo de aproximações que consubstanciam o
método e ocorre em todos os tipos e níveis de planejamento.
O processo particular de planejamento se faz a partir do reconhecimento da necessidade
de uma ação sistemática diante de pressões ou estímulos determinados por situações,
que demandam por respostas mais complexas que aquelas construídas no imediato da
prática.
Estas questões estão aliadas a circunstâncias do aqui/agora que surgem em função de:
-Necessidade de usar recursos escassos para atender grandes problemas;
-Necessidade de aplicar recursos excedentes ou utilizar equipamentos ocioso;
-Disponibilidade de recursos de agências de financiamento;
-Disponibilidade de recursos de agências financeiras;
-Transferência do poder decisório para novas lideranças;
-Necessidade de fundamentar novos programas.
ASSUMIDA A DECISÃO DE PLANEJAR O MOVIMENTO DE REFLEXÃO-DECISÃO-AÇÃO-REFLEXÃO QUE
O CARACTERIZA VAI REALIZANDO AO MESMO TEMPO AS SEGUINTES APROXIMAÇÕES:

Construção/reconstrução do objeto;
Estudo de situação;
Definição de objetivos para a ação;
Formulação e escolhas de alternativas;
Montagem de planos, programas e/ou projetos;
Implementação;
Implantação;
Controle da execução;
Avaliação do processo e da ação executada;
Retomada do processo em um novo patamar.
NA PRÁTICA ESSE PROCESSO NEM SEMPRE SE MOSTRA NITIDAMENTE ORDENADO. MUITAS VEZES,
METODOLOGICAMENTE, O PLANEJADOR DESENVOLVE ATIVIDADES, SIMULTANEAMENTE, EM DIFERENTES
APROXIMAÇÕES, UMA VEZ QUE ELAS INTERAGEM DE MANEIRA DINÂMICA.

Quadro 1: sintese da dinâmica do processo de planejamento


CONSTRUÇÃO / RECONSTRUÇÃO DO OBJETO: SOBRE O QUE PLANEJAR

O objeto do planejamento da intervenção profissional é o aspecto determinado de uma


realidade total sobre o qual irá formular um conjunto de reflexões e de proposições para
intervenção.

Sua construção e reconstrução permanente ocorrem a partir da localização da questão central


a ser trabalhada e das ideias básicas que nortearão o processo.

No processo de construção, o planejador vai apreendendo suas diferentes dimensões e


detectando espaços de intervenção que irão permitir uma ação mais efetiva sobre a
problemática e, partir disso, sobre as questões que o determinam.

Na prática, a (re)construção do objeto da ação profissional é um processo que envolve


operacionalização das demandas institucionais, das pressões dos usuários e das decisões
profissionais
O processo reconstrutivo do objeto se assenta sobre a percepção de que as questões tratadas
na prática se colocam em níveis diferentes de apreensão e de intervenção e que a ampliação
de seu âmbito interventivo significa a superação da questão colocada pela instituição.

A demanda institucional imediata refere-se ao nível mais baixo das necessidades e do


planejamento da ação sobre as mesmas. Corresponde a necessidades que precisam ser
atendidas e que devem ser tomadas como referências para a abordagem dos demais níveis.

O espaço de alcance da ação profissional no cotidiano da instituição configura um nível


privilegiado em que o profissional pode e deve exercer influência e produzir mudanças. O
trabalho exige o conhecimento da visão de mundo e dos estereótipos das pessoas que ocupam
posição no sistema de relações sociais ligado à área de interesse.
No espaço que se situa no nível da rede institucional e da rede de apoio informal, a ação pode
adquirir uma agilidade tal que permita ao profissional ter diferentes interlocutores, seja nos
grupos populares, seja nos meios acadêmicos, seja no âmbito político-governamental e/ou das
instituições que estão implementando programas na área de interesse.

No nível das relações estruturais da sociedade, evidentemente, nem sempre o assistente


social pode ultrapassar os limites colocados pelo âmbito de sua intervenção, mas pode
desocultá-los.

Em síntese, a reconstrução do objeto profissional efetua um tríplice movimento: de crítica, de


construção de algo “novo” e de nova síntese no plano do conhecimento e da ação em um
movimento que vai do particular para o universal e retorna ao particular em outro patamar,
desenhando um movimento que traduz a relação ação/conhecimento.
ESTUDO DE SITUAÇÃO
Consiste na caracterização, na compreensão e na explicação de uma determinada situação tomada
como problema para o planejamento e na determinação da natureza e da magnitude de suas
limitações e possibilidades.

Como processo de planejamento, é caracterizado pela investigação e pela reflexão;

No cotidiano da vida profissional, o estudo da situação configura um conjunto de informações, as


quais se constituem em subsídios permanentes não apenas para decisões referentes às situações
enfrentadas, mas também para ampliar a capacidade argumentativa da equipe em sua interlocução
com as diferentes instâncias de poder abrangidas por sua ação.

A consideração de que o estudo de situação na área social pode assumir abrangência quase
ilimitada leva o planejador a delimitar os aspectos a serem analisados, considerando
prioritariamente aqueles tidos como básicos para a compreensão da problemática e para a sua
ação.

O estudo de situação consiste na reflexão, compreensão, na explicação e na expressão de juízos


ante os dados de realidade apreendidos em relação ao seu conjunto e a determinados aspectos
especiais.
O ESTUDO DE SITUAÇÃO SE CONFIGURA TENDO POR BASE AS SEGUINTES
APROXIMAÇÕES:
Levantamento de hipóteses preliminares: norteiam a coleta de informações e o seu
processamento. Essas hipóteses são frequentemente levantadas a partir de um referencial já
existente, relacionado à situação abordada;

Construção de referenciais teóricos-práticos: compostos por conhecimentos de natureza


diversas - éticos, morais, filosóficos, teóricos, científicos, técnicos -, tendo como pontos de
partida a análise e a explicação dos valores e padrões normativos assumidos pela equipe
planejadora, pela instituição e pela população envolvida no processo;

Coleta de dados: deve-se ser coletados dados em quantidade e em qualidade compatíveis com
o nível de aprofundamento esperado de estudo com estratégia prevista para execução da
ação;

Organização e análise: se realizam em um movimento no qual o planejador visa a novas formas


de aproximação do objeto, construindo momentos de síntese. Nesse processo, a reflexão vai
caminhando, articulada com elementos que emergem do real, em um movimento que articula a
descrição, a interpretação, a compreensão e a explicação de dados de realidade
DESCRIÇÃO: INTERPRETAÇÃO:
É a exposição circunstanciada Refere-se à busca dos
da base factual relacionada ao significados das
problema imediato. situações encontradas.

COMPREENSÃO/EXPLICAÇÃO DOS DADOS DE REALIDADE:


É preciso ir além da apreensão imediata dos dados e desvelar a
estrutura imanente do objeto em estudo, seus significados, suas
tendências e situá-la na conjuntura sócio-histórica que a gestou
IDENTIFICAÇÃO DE PRIORIDADE DE INTERVENÇÃO

O planejador que pretende criar condições para uma intervenção que conduza a mudanças
significativas deve necessariamente procurar superar os limites do enfoque situacional para
identificar prioridades de intervenção, adotando uma visão que não reduza a ação à
imediaticidade.

Para que a identificação das prioridades de intervenção se faça de maneira racional e


objetiva, podem ser utilizados dois critérios básicos: de relevância e de viabilidade.

CRITÉRIOS DE RELEVÂNCIA: procura detectar a importância estratégica de cada variável em


relação ao problema, localizando causas determinantes, interação mútua de fatores, suas
consequências e os processos emergentes.

CRITÉRIOS DE VIABILIDADE: a primeira consideração se volta para aquelas prioridades que se


encontram no espaço de alcance da ação profissional no cotidiano da instituição. Nesse espaço,
movimentam-se os usuários, suas famílias e colaterais, os demais agentes institucionais, etc. O
uso desse espaço tem limites, pessoais, conjunturais, institucionais, determinando as mudanças
que o profissional tem condições de realizar
DEFINIÇÃO DE OBJETIVOS E ESTABELECIMENTOS DE METAS
Os objetivos expressam a intencionalidade da ação planejada, direcionada para algo ainda não
alcançado.

Ao propor objetivos, o planejador nega a realidade posta e afirma a possibilidade de alcance


de outra, desejável e possível, dadas as condições objetivas da situação analisada.

A explicitação dos objetivos deverá indicar precisamente o que o planejamento pretende


alcançar.

Os objetivos podem ser subdivididos em gerais, específicos e operacionais

OBJETIVOS OPERACIONAIS:
OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS:
DETERMINAM AS AÇÕES PELAS QUAIS OS
REFERE-SE AOS FINS A SEREM
OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS SERÃO
ALCANÇADOS.
ALCANÇADOS.
ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE INTERVENÇÃO
A formulação e escolha de alternativas são realizadas a partir de um processo complexo que
leva em conta a dinâmica histórica em que o objeto está imbricado, equacionando os recursos,
as facilidades e as dificuldades, a expectativa da população-alvo, os hábitos culturais das
pessoas, as características psicológicas, sociais e políticas dos grupos.

Nesse processo, cabe ao planejador analisar cada uma das propostas, ponderando suas
respectivas vantagens e desvantagens.

O estudo das alternativas realiza-se basicamente a partir de quatro critérios correlacionados


de análise:

A) DAS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS DA AÇÃO;


B) DA ECONOMIA DA AÇÃO;
C) DAS OPERAÇÕES;
D) DO RENDIMENTO POLÍTICO;
PLANIFICAÇÃO

É realizada no momento em que, após a tomada de um conjunto de decisões, inicia-se o


trabalho de sistematização das atividades e dos procedimentos necessários para o alcance
dos resultados previstos.

Essas decisões são explicitadas, sistematizadas, interpretadas e detalhadas em documentos


que representam graus decrescentes de níveis de decisão: planos, programas e projetos.

Em geral, quando o documento se refere a propostas relacionadas à estrutura organizacional


por inteiro, consubstancia um plano; quando se dedica a um setor, a uma área ou a uma
região, caracteriza-se como um programa; e, quando se detém no detalhamento de
alternativas singulares de intervenção, é propriamente um projeto
PLANO
Delineia as decisões de caráter geral do sistema, suas grandes linhas políticas, suas
estratégias, suas diretrizes e precisa responsabilidades.

Deve ser formulado de forma clara e simples, a fim de nortear os demais níveis da
proposta.

É tomado como um marco de referência para estudos setoriais e/ou regionais, com
vistas à elaboração de programas e projetos específicos.

No plano são sistematizados e compatibilizados objetivos e metas, procurando otimizar


o uso dos recursos da organização planejadora.
PROGRAMA
É o documento que detalha, por setor, a política, diretrizes, metas e medidas instrumentais.
É a setorização do plano”. (Bernardes Pinto, 1969:10)

É basicamente, um desdobramento do plano: os objetivos setoriais do plano irão constituir


os objetivos gerais do programa.

Permite projeções mais detalhadas à base de coeficientes e de informações mais


específicas com relação aos diferentes níveis, modalidades e especificações de alcance
setorial ou regional.
PROJETO

É o documento que sistematiza e estabelece o traçado prévio da operação de um conjunto de


ações. É a unidade elementar do processo sistemático de racionalização de decisões.

Constitui-se da proposição de produção de algum bem ou serviço, com emprego de técnicas


determinadas, com o objetivo de obter resultados definidos em um determinado período de
tempo e de acordo com um determinado limite de recursos.

É o instrumental mais próximo da execução, devendo detalhar as atividades a serem


desenvolvidas, estabelecer prazos, especificar recursos humanos e materiais e estruturar
receitas e custos.
IMPLEMENTAÇÃO
Implementar significa tomar providências concretas para a realização de algo planejado.

A fase de implementação pode ser considerada como a busca, formalização e incorporação de


recursos humanos, físicos, financeiros e institucionais que viabilizem o projeto, bem como a
instrumentalização jurídico-administrativa do planejamento.

Nesta fase, o planejador se preocupa em preparar a instituição, a equipe e a população


interessada para a realização da intervenção planejada.

As áreas de atuação na implementação do planejado são, basicamente, a política, a


administrativa e a de provimento de recursos (financeiros, humanos e materiais)
IMPLANTAÇÃO E EXECUÇÃO
A implantação é a operação, nos espaços e nos prazos determinados, das ações previstas no
planejamento. É nesta fase que se dá a instalação e o início de funcionamento do
empreendimento.

Em muitos casos, a implantação ocorre em instituições onde já estão em funcionamento


serviços cujos padrões não correspondem ao desejável, sob o ponto de vista da nova proposta.
As novas medidas devem ser incorporadas gradualmente, aperfeiçoando e renovando o que já
existe.

A implantação e, posteriormente, a execução irão depender de uma planificação que traduza


propostas concretas e da formulação de projetos de apoio ao plano básico.

Após a implantação, gradualmente a execução vai se estabelecendo, suas rotinas de trabalho


vão se concretizando e os resultados da ação planejada se evidenciando
CONTROLE

É instrumento de apoio e racionalização da execução, no sentido de assegurar a observância


ao programado, prevenindo desvios.

Definido como a fase que se processam o acompanhamento sistemático, a mensuração e o


registro das atividades executadas, dos recursos utilizados, do tempo dispendido em cada
fase, dos resultados alcançados.

De uma maneira geral, é controlada a correspondência entre o programado e o realizado em


termos de desempenho técnico (métodos e técnicas utilizados, instrumental, rentabilidade da
ação) e de desempenho administrativo (prazos, rotinas, fluxos, aplicação de recursos, uso de
equipamentos, produtos, etc.).
AVALIAÇÃO
A avaliação busca assegurar uma permanente adequação do planejado e do executado à
intencionalidade do planejamento, considerando a dinâmica das variações e desafios
permanentes postos na situação enfrentada.

É na medida em que permite detectar desvios, erros, bloqueios, os quais se interpõem a uma
resposta significativa, que a avaliação desvela caminhos que se abrem para a superação não
apenas da ação, mas também do seu planejamento.

Desta maneira, subsidia as decisões relacionadas com o prosseguimento, retração, expansão


e/ou reformulação do empreendimento.

Os critérios mais usuais em avaliação são os relacionados com a eficiência, a eficácia e a


efetividade da ação
AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA
A avaliação da eficiência incide diretamente sobre a ação desenvolvida. Tem por objetivo
reestruturar a ação para obter, ao menor custo e ao menor esforço, melhores resultados.

Deve ser necessariamente crítica, estabelecendo juízos de valor sobre o desempenho e os


resultados que o mesmo propicia.

São critérios de eficiência aqueles relacionados com o rendimento técnico e administrativo da


ação: a otimização dos recursos disponibilizados, os padrões de qualidade dos resultados, a
capacidade de atender à demanda, etc.

Além das análises de dados quantitativos, avalia-se a qualidade dos serviços e verifica-se o
efeito dinâmico de cada ação sobre o conjunto de ações do projeto
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA
A eficácia é analisada a partir do estudo da adequação da ação para o alcance dos objetivos e
das metas previstas no planejamento e do grau em que os mesmos foram alcançados.

Incide sobre as propostas e sobre os objetivos (gerais e específicos) por ela expressos,
estabelecendo em que medida os objetivos propostos foram alcançados e quais as razões dos
êxitos e dos fracassos.

Nesta análise são estudados não apenas os efeitos diretos, resultantes da intervenção, mas
também seus efeitos indiretos, sejam eles relacionados à intencionalidade da ação, sejam eles
efeitos perversos, isto é, efeitos que, imediata ou mediatamente, são contraditórios em
relação ao intento da ação.
AVALIAÇÃO DA EFETIVIDADE
A avaliação da efetividade diz respeito ao estudo do impacto do planejado sobre a situação, à
adequação dos objetivos definidos para o atendimento da problemática objeto da intervenção,
ou melhor, ao estudo dos efeitos da ação sobre a questão objeto do planejamento.

A avaliação da efetividade questiona a proposta, os objetivos e a ação desenvolvida, não em


termos de sua capacidade de execução, mas em termos de sua capacidade de dar respostas
adequadas ao desafio posto pela realidade por inteiro, no limite do âmbito da ação planejada.

Nela se dá o confronto da proposta com o contexto total da realidade objeto da intervenção:


uma ação pode ter sido eficiente e eficaz e, ao mesmo tempo, não ser efetiva em termos do
enfrentamento da questão colocada à organização planejadora.
RETOMADA DO PROCESSO
É caracterizada pelo momento em que são delineadas novas políticas, novas estratégias para
a ação e, portanto, reiniciando o processo do planejamento já em um novo patamar.

Esta retomada é feita com base nas evidências percebidas a partir do acompanhamento do
progresso da intervenção, da análise e da avaliação dos resultados obtidos, aliados à
compreensão e reformulação da capacidade real da organização para responder às demandas
e para processar os apoios que recebe.

A retomada do processo é particularmente dinâmica em sistemas de planejamento cuja


organização torne possível localizar desvios na programação e/ou no comportamento técnico,
em face da intencionalidade da ação.

O acionamento da retomada dinâmica do processo é que permite ao planejador garantir a


perspectiva dialética de reflexão e permanente confronto com a realidade, por ocasião de
novas tomadas de decisões.
REFERÊNCIAS

BAPTISTA, MYRIAN VERAS. PLANEJAMENTO SOCIAL: INTENCIONALIDADE E


INSTRUMENTAÇÃO. VERAS, 2013

Você também pode gostar