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TÉCNICA LABORATORIAL
OPERAÇÕES UNITÁRIAS
TRANSPORTE PNEUMÁTICO
1. Interesse
O transporte de sólidos é uma operação de grande importância na economia de muitos processos industriais,
podendo chegar a atingir 80% do custo operacional total.
Nos processos contínuos que incluem correntes com sólidos granulares, um dos equipamentos mais utilizados
e o transportador pneumático. O princípio básico utilizado é o da fluidização das partículas sólidas com ar ou
gás inerte, seguida do respetivo escoamento em fase diluída juntamente com o gás. De entre as suas principais
vantagens, contam-se a total contenção de produto no tubo transportador, a grande flexibilidade de
implantação, os baixos custos de manutenção e a facilidade de automatização. Dado, porém, que a potência
requerida por este sistema de transporte é comparativamente superior ao de outros sistemas alternativos, o
respetivo projeto é também relativamente mais exigente.
2. Objectivos
Um dos parâmetros fundamentais requeridos pelo cálculo das condutas de transporte pneumático é a
velocidade mínima de transporte, ou seja, a velocidade que a corrente de ar deve possuir para arrastar as
partículas sólidas, quer nos troços verticais, quer nos horizontais. Essa velocidade depende do tamanho, da
densidade e da forma das partículas, sendo 10-15 m/s no caso de cereal em grão ou sementes e cerca de 7 m/s
no caso dos pellets de PEAD. Um dos objetivos do trabalho é a determinação experimental desse parâmetro.
A velocidade mínima de transporte experimental obtida pode ser comparada com a velocidade mínima de
transporte teórica, calculada pela expressão da lei de Newton para a queda livre de partículas esféricas em
regime turbulento (103 < Re < 2x105), constituindo esta comparação o segundo objetivo.
Para permitir todos estes cálculos teóricos e determinações experimentais é necessário um terceiro objetivo:
a determinação das propriedades dos sólidos em estudo, nomeadamente as densidades (reais e aparentes) e
os diâmetros equivalentes.
3. Introdução
Num leito fixo de partículas atravessado por uma corrente de ar no sentido ascendente, o primeiro efeito da
força de atrito que é exercida pelo ar é a reorientação das partículas no sentido da diminuição da sua
resistência à passagem do ar. Com o aumento do caudal, o leito vai-se expandindo progressivamente e a perda
de pressão no fluido aumenta.
Atinge-se assim uma porosidade limite para a qual as partículas estão já separadas umas das outras. Neste
estado, a força de atrito exercida sobre as partículas iguala o seu peso aparente, passando estas a mover-se
em leito fluidizado suportadas pelo fluido. A perda de pressão p deixa de variar significativamente com o
caudal de ar (ver Fig. 1) porque passa a ter um valor que praticamente equilibra o peso aparente do Ieito por
unidade de área, isto é:
p =L (1 – ) (S – ) g (1)
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em que L é a altura do leito fluidizado, a sua porosidade, S e as densidades do sólido e do ar e g a
aceleração da gravidade.
Continuando a aumentar o caudal de ar, a turbulência do leito aumenta, assim como a sua altura e porosidade.
Quando a velocidade intersticial do ar atingir o valor correspondente à velocidade terminal de queda livre das
partículas, a velocidade relativa ar-sólido anula-se e dá-se o arrastamento do sólido pelo fluido. Neste ponto,
pode considerar-se em primeira aproximação que a porosidade atinge o valor limite 1 e entra-se no regime
de transporte pneumático. A velocidade mínima de transporte vmt pode, portanto, ser estimada pela lei de
Newton para a queda livre de partículas esféricas em regime turbulento (103 < Re < 2x105), entrando com o
diâmetro equivalente DS (Perry, cap. 5):
𝐷𝑆 ( 𝜌𝑆 − 𝜌 )𝑔
vmt ≈ 1,74. √ 𝜌
(2)
2 𝛥𝑝
0
𝑣 = 𝐶 √𝜌 ( 𝛽′ 4 −1 )
(4)
Assim, no transporte pneumático vertical, a relação entre queda de pressão na tubagem e velocidade do ar é
em parte semelhante à que se verifica para o gás simples, conforme se vê na Fig. 2 que representa o chamado
diagrama de fase.
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4. Instalação Experimental
A instalação experimental está representada na Fig. 3. É constituída essencialmente por uma coluna vertical
em perspex, com escala graduada. pela qual passa uma corrente de ar proveniente de três ventiladores
centrífugos em série, situados na base. A corrente de ar, depois de regularizada por passagem através de um
feixe de tubos, atravessa uma rede metálica sobre a qual assenta no início do ensaio um leito fixo de sólidos.
O caudal de ar é regulado por uma válvula de diafragma, na admissão do ventilador intermédio 2, e é medido
em orifícios calibrados instalados na conduta de entrada (orifício 1) e no topo da coluna (orifício 2). Os sinais
dos transmissores de pressão diferencial dos orifícios são enviados para indicadores digitais do painel (FI’s).
A comparação entre as medições dos dois orifícios permite estudar a influência da concentração de sólidos na
medição do caudal.
A medição da perda de carga através do leito de partículas é feita com um medidor de pressão diferencial
(PI) ou com um manómetro de tubo em U com água corada, em paralelo.
O conjunto de peças ligado ao topo da coluna é. amovível, o que permite a introdução de material para a
realização dos ensaios descontínuos (ver Fig. 3). A descarga e recolha do material é feita neste caso através
duma manga flexível, como se mostra na figura a tracejado.
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A instalação dispõe ainda de um sistema de recirculação para ensaios contínuos. Este sistema é constituído
fundamentalmente por um ciclone, uma tremonha com visor de nível e uma válvula rotativa (eclusa) que faz
recircular o granulado para a base da coluna. A eclusa é atuada por um motor de velocidade variável regulada
por um variador da frequência da corrente de alimentação.
O material acumulado na base da coluna após entupimento pode ser descarregado por um pequeno tubo
lateral. A tremonha é realimentada pela tampa, através de um funil.
GRUPO Material
# 02 PEAD
# 04 Grão de bico
# 06 Feijão
# 08 Milho
# 10 PEAD
# 12 Grão de bico
# 14 Feijão
# 16 Milho
# 18 PEAD
NOTA: Todos os grupos farão adicionalmente um ensaio somente com 100 grs de cortiça, sendo
necessário também medir as propriedades da mesma.
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5. Técnica
5.1. Propriedade dos sólidos
Determinar:
A.1 Densidade aparente do sólido ap, por medição do volume a granel ocupado por determinada massa
numa proveta de 250 mL (3 vezes, no mínimo). (grãos: 0,7 – 0,9 x 103 kg/m3; PEAD: 0,55 – 0,7 x 103 kg/m3);
A.2 Densidade real do sólido S, por medição do volume de água ou álcool (consoante densidade relativa >
ou < 1) necessário para perfazer o volume total de 250 mL numa proveta contendo uma massa conhecida
de sólido; para evitar a retenção de ar nos interstícios das partículas, introduzir primeiro uma parte do
líquido na proveta e só depois introduzir o sólido (3 vezes, no mínimo). (grãos: 1,2 – 1,4 x 103 kg/m3;
PEAD: 0,90 – 0,95 x 103 kg/m3);1
A.3 Diâmetro equivalente das partículas DS, por medição do volume médio de cada grão num conjunto de n
grãos (n > 100) ou por análise granulométrica (PEAD);
B.2 Limpar o sólido introduzindo pequenas quantidades na coluna de cada vez (200 – 300 g) e arrastando as
impurezas e detritos pela passagem de ar;
B.3 A descarga do material é feita instalando no topo a peça adequada (curva 180˚ com manga);
B.4 Após a limpeza, introduzir a massa a ensaiar (200, 400, 600, 800 g) e preparar a descarga e recolha;
B.7 Fazer o registo de leituras para a curva de fluidização, percorrendo a gama completa de velocidades do
ar até haver transporte; 2
REGISTO DE LEITURAS
1
Atenção à absorção de água pelo cereal ou sementes: a proveta deve ser despejada logo que possível.
2
Acima de determinada massa de sólidos, dependendo do material, a expansão do leito deixa de ser estável e regular e
o material tende a subir e descer em bloco, tornando o ensaio pouco fiável.
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6. Tratamento de Resultados
1ª parte
1) Calcular ap, S e DS para o material a estudar.
2ª parte
2.1) Calcular a porosidade do leito fluidizado pela expressão:
( 1 − 𝜀0 ) 𝐿0
𝜀 =1−
𝐿
em que 0 = 1 – ( ap / S ) é a porosidade inicial do leito fixo;
2 𝛥𝑝0
𝑣=𝐶√
𝜌 ( 𝛽′ 4 − 1 )
2.3) Representar log = f(log v), fazer a regressão linear só dos pontos alinhados e tirar a velocidade mínima
de transporte vmt por extrapolação para = 1 (ver fig. 1);
2.4) Repetir para as diversas massas utilizadas e representar vmt = f(massa); aplicar o critério da rejeição ao
valor mais desviado da média.
3ª parte
3.1) Calcular a velocidade mínima de transporte recorredndo à Lei de Newton para queda livre de partículas
esféricas em regime turbulento. Comparar o valor médio de vmt com o valor previsto pela equação (2)
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Bibliografia
Chemical Engineers’ Handbook, 4th ed., ed. J. H. Perry, McGraw-Hill Int. Student Ed. (1963).
Coulson, J. M., Richardson, J. F, Tecnologia Química, Vol II, 2ª Ed., caps. 6 e 7, Fund. Gulbenkian, 1968.
Farbar, L., The Venturi as a meter for gas-solids mixtures, Trans. ASME, pp. 943-951 (1953). (Biblioteca do
DEM].
Foust, A. S., Wenzel, L. A., Clump, C.C., Maus, L, Andersen, L. B., Principles:of Unit Operations, 2ª ed., cap. 22,
J. Wiley (1980) (Biblioteca do DEQ).
Gomide, R., Operações Unitárias, Vol 1: Operações com Sistemas de Sólidos Granulares, S. Paulo (1980).
McCabe, W. L., Smith, J. C., Harriot, P., Unit Operations of Chemical Engineering, 4th ed., cap. 7, McGraw-Hill
(1985).
Molerus, O., Principles of flow in disperse systems, caps. 5 e 6. Chapman & Hall (1993).
Techniques de l'Ingénieur, Mises en contact entre phases solides et gaseuses, A5850 e A5852 (Biblioteca
Central).
Zenz, F. A., Particulate solids - The third fluid phase in chemical engineering, Chem. Eng., Nov 28, 1983, 61-67.
Zenz, F. A. e Othmer, D. F., Fluidization and Fluid_particle Systems, caps. 2, 3, 7, 10 e 11. Reinhold Pub. Co., N.
York (1960) (Biblioteca do DEQ).
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Resumo
• que grandezas ou relações foram determinadas
• que métodos foram usados e em que equipamento (dimensões da coluna, etc.)
• em que condições experimentais (massas, caudais, gama de velocidades, etc.)
• com que resultados (valores médios com erro, etc.)
• mostrando o quê (concordância ou desvios relativamente à literatura)
Parte experimental
• conforme técnica
• eventuais alterações
Resultados3 (síntese)
• tabela-resumo das propriedades dos sólidos
• tabelas e gráficos da vmt = f(massa) e valores médios
Discussão e Conclusões
• comparação das propriedades medidas com valores esperados (incluir granulometria PEAD)
• representações Richardson-Zaki (influência da massa na vmt ?)
• comparação das vmt com valores teóricos e esperados (interpretação dos desvios)
• validade dos métodos utilizados para os objetivos pretendidos (simplicidade, precisão, desvios,
problemas, limitações, melhorias? etc.)
Referências
Anexos
• Folhas de Registo
• Gráficos
• Cálculos Auxiliares.
3
Apresentar todos os valores com unidades SI, n° correcto de algarismos significativos, gráficos com escalas
adequadas legendas.