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Copyright©2021 Lady Dark n Evil

Titulo original: Vendida | Triologia Homens Implacáveis


Capa: Lady Dark n Evil
Revisão: Guiomar Lopes
Diagramação: Lady Dark n Evil

1ª Edição
Edição Digital | EUA
Sasha Solotov é uma jovem linda e delicada, viveu toda a sua vida presa
entre os muros da mafia russa, ate que um dia num trágico acidente perdeu o
pai e também a visão. Graças a esse acidente que a deixou cega ela vive
muitos preconceitos e humilhações dentro da própria família. Ate que um dia
seu irmão, seu próprio sangue, a informa que se casará com um homem
desconhecido devido as dividas que ele acumulou, seu próprio irmão a
entregou como uma mera moeda de troca. E quando ela ouvi a voz daquele
homem sombrio soube que sua vida mudaria por completo.
Christopher Parker sombrio e silencioso é um homem que carrega muitas
feridas, sua nica forma de se livrar dos fantasmas do passado é causando dor
aos outros, dominando e subjugando suas submissas ele encontrou a forma
mais prazerosa de satisfazer seus desejos sádicos. Ate que um dia seus olhos
comtemplam um lindo anjo tocando piano, ele não pensou duas vezes e
decretou que ela seria dele de todas as formas possíveis. O que ele não sabia
e que ela seria bem mais do que um de seus jogos sádicos.
E assim duas almas entravam em batalha de sentimentos intensos e
sombrios.
Atenção: obra independente, não precisa ler os outros para entender a
história. Mas para melhor entender a série completa recomendo a leitura.
Querido leitor, esse e um romance sombrio (dark), onde serão trazidos
temas e assuntos polémicos que fazem parte do género literário em alusão,
onde podemos citar nomeadamente: violência verbal, psicológica, física e
psicológica, cenas de sexo explícito e de dominação e submissão, sexo com
consentimento duvidoso, exaltação do nazismo, assassinato entre outros.
Se for sensível a aos assuntos acima citados ou não aprecia este tipo de
género por favor não prossiga com a leitura. Essa e uma história fictícia,
todas as ações, comportamentos e criação de personagens são mera
criatividade da autora.
Apesar de ler e escrever o género dark não significa que compactuo com
o comportamento violento ou psicológico de alguns personagens específicos.
ATENCAO: leia e avalie mas não desrespeite o autor. Seja respeitosa
durante a sua colocação de opinião sobre o livro. Obrigada.

Com carinho
Lady Dark n Evil
A você leitor, por aceitar a embarcar em mais uma aventura literária
com essa autora amadora.
Mesmo sem poder enxergar nada é possível sentir a quantidade de emoção
e sentimentos que passam por ele nesse momento, meu corpo está suado e
minhas coxas friccionam uma na outra em busca de um alívio que não
chega. Desde que cometi aquela loucura eu sabia que ele me puniria, é
sempre assim quando faço algo errado, ele me mostra que é capaz de me
machucar sem nem sequer me tocar. Daqui é possível ouvir seus passos em
contato com o piso de madeira, entrar no quarto de jogos é quase que como
um ritual para ele, aqui ele é meu senhor.
Estou completamente nua, meus braços estão pendurados e algemas de
couro prendem meus pulsos deixando meu corpo suspenso, estou
completamente exposta para ele, exatamente do jeito que ele gosta, meu
corpo vibra ao ouvir o estalar do chicote no ar e a seguir na minha bunda, me
sinto uma vagabunda blasfema por ansiar tanto que esse chicote atinja de
forma erótica uma parte específica do meu corpo.
Sinto sua respiração bem atrás da minha orelha, enquanto seus dedos
passeiam pelas laterais do meu corpo e também nos meus seios que já se
encontram enrijecidos, a cada centímetro que seus dedos descem em direção
a minha virilha mais gemidos saem da minha boca, penso em implorar mas
ele odeia que eu o faça quando está me castigando aqui ele manda e só me
dará. Após tanta espectativa finalmente posso sentir seus dedos gelados na
minha intimidade, passeando por ela, gemo enlouquecidamente até que seus
dedos me abandonam e ele diz que estou fazendo muito barulho e por isso
vai me castigar. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa senti meu seio
esquerdo entrar em contato com o couro do chicote.
― Está pronta para mim anjo? ― Sua voz rouca sussurra no meu ouvido,
emitindo uma energia eletrizante que imediatamente arrepia todo meu corpo.
― Oh... Sim senhor.
― Qual a palavra de segurança?
― VENDIDA.

Cinco anos antes


São Petersburgo, Rússia

Nem acredito que depois de tanto tempo e de tantos ensaios eu finalmente


vou poder tocar num musical, ele será realizado no Palácio do Inverno, num
evento que será realizado em homenagem ao antigo governador da cidade. E
o melhor de tudo papai estará presente, ele me prometeu que estará presente
pelo menos desta vez que vou me apresentar num lugar tão importante e em
frente das pessoas mais bem conceituadas de São Petersburgo, a
apresentação será realizado amanhã a noite, e estou ensaiando como uma
louca, seguro na mochila e caminho em direção a saída do conservatório de
São Petersburgo, minha escola de música.
Desde pequena sempre gostei de música, gosto de todos os estilos desde
os mais agitados até às melodias mais calmas, mas papai me deixou apenas
estudar piano, no princípio eu relutei mas com o passar do tempo eu percebi
que é isso que eu quero para minha vida, a música me acalma, me faz viajar
nos diferentes universos através das notas, um dia se Deus quiser vou poder
compor minhas próprias músicas e me tornar uma grande pianista.
Sempre que vou embora da escola eu fico triste porque aqui eu sou feliz
de verdade, lá em casa o clima é outro, papai e Dimitri estão sempre
trabalhando e nunca tem tempo para mim, Natasha minha madrasta e sua
filha Avani não se fala, estão sempre viajando ou fazendo compras e nunca
me incluem nesses programas que elas fazem, elas sempre dizem que sou
nova demais para sair com elas, eu sei que isso é só porque elas não gostam
de mim, porque Avani tem dezassete anos e eu farei quinze amanhã, lembrar
isso me faz sorrir porque sempre nos meus aniversários Dimitri me enche de
presentes.
Antes de chegar a saída do conservatório meu segurança me ajuda a
colocar o casaco, o que indica que a temperatura lá fora mudou, o que era de
se esperar da cidade mais fria da Rússia, as vezes me pergunto quando irei
visitar uma cidade ou pais de clima tropical, pra saber como é ir a praia e
realmente aproveitar a água do mar.
Já do lado de fora do edifício o motorista abre a porta do carro quando ia
entrar uma voz conhecida chama minha atenção.
― Sasha ― Yeva praticamente grita no meio da rua, assim que me
alcança ela segura na cintura e começa a respirar de forma ofegante e os
indícios do inverno rigoroso saem por sua boca em forma de nevoa ― você
vai mesmo embora sem antes me falar como e onde vamos comemorar seu
aniversário?

― Ahh Yeva, você sabe que não tenho quase ninguém para chamar a essa
festa de aniversário, não tenho amigas para além de você e também amanhã
tem o concerto. ― Ela finge uma cara de ofendida. Eu conheço ela desde
criança, nossos pais são amigos e frequentam os mesmos meios, como por
exemplo a máfia, papai tenta esconder mas eu sei o motivo de vivermos
rodeados de seguranças. Assim como eu Yeva aprecia uma boa música, aqui
no conservatório ela estuda e pratica violino, e de forma clandestina ela toca
guitarra sem que os pais saibam.
― Nada disso, amanhã nós vamos festejar. Não se preocupe eu peço para
o meu pai falar com o seu. Já que eu odeio a bruxa das montanhas da sua
madrasta. ― Gargalhamos. É sempre assim com Yeva, ela odeia a Natasha
por ser tão chata e nariz em pé.
Minha amiga e eu nos despedimos, ela foi até o carro onde a mãe a
esperava com um sorriso e eu entrei no carro onde os seguranças iam me
levar.
Quando os carros dão partida a pontada de inveja que eu não queria sentir
da Yeva por ter sua mãe com ela se apodera do meu coração. Eu não sei o
que aconteceu com minha mãe, na verdade ninguém sabe, na mesma noite
em que nasci, ela me deixou sozinha no quarto do hospital e nunca mais foi
vista. Papai a procurou por anos, ele também sofreu bastante até que ele se
casou de novo e esse assunto foi esquecido. O nome dela é um assunto
proibido na nossa casa, meu pai é um homem bom, apesar disso ele
raramente me encara e eu sei que isso acontece por causa dos meus olhos
que são igualzinhos aos da minha mãe, nunca vou poder entender os motivos
que a levaram a nos abandonar, talvez se ela estivesse aqui Dmitri teria se
tornado uma pessoa melhor do que é hoje em dia. Limpo a lágrima solitária
encarando as ruas da cidade ficando para trás, nós moramos fora da cidade, a
mansão fica a algures do mar báltico, do meu quarto é possível ouvir o
barulho das ondas em contato com as rochas isso se as margens não
estiverem congeladas pela neve.
Quando chego em casa o silêncio é minha única companhia como de
costume, vou ao meu quarto, tiro o goro e o casaco pesado. Fico apenas com
o uniforme do colégio, de imaginar que Natasha quase convenceu meu pai a
me trancafiar num colégio interno na Ucrânia, se não fosse o Dimitri com
certeza eu estaria lá nos dias de hoje. Saio de meus pensamentos com a voz
de uma das empregadas me chamando para almoçar. Me acomodo na imensa
mesa fazia.

― A Avani não vai almoçar hoje? ― Pergunto enquanto corto uma carne.
Ela costuma voltar mais tarde do colégio.
― Não senhorita, ela não se encontra em casa. A senhora Natasha
informou que almoçariam fora ― assinto e continuo com minha refeição, a
copeira continua parada no canto da sala a espera de uma ordem minha que
não vai surgir. Essa é outra das loucuras da Natasha, ela acha que os
funcionários da casa ou da onde quer que seja são escravos que só servem
para trabalhar.
Apesar de fazermos parte da tal elite da sociedade russa nunca gostei de
menosprezar quem tem menos do que eu, primeiro porque não acho certo e
segundo porque não gostaria que fizessem o mesmo comigo. Após terminar
minha refeição resolvo dar uma volta pela casa, sair para o jardim é algo
impossível com a neve que cai incessantemente lá fora. O melhor a fazer
nesse momento é para biblioteca, me distrair com os livros.

****

― Acorda preguiçosa ― escuto a voz de Dimitri bem perto do meu


ouvido e sua mão sacudindo minhas costas. Estou com tanto sono que não
dou atenção nenhuma a ele, ontem virei a noite lendo e agora estou vivendo
as consequências dos meus atos.

― Me deixa Dimitri, eu não quero.

― Sério mesmo que não quer seu presente de aniversário? — uma


felicidade muito grande se apodera de mim me fazendo pular da cama. Meu
irmão gargalha enquanto me segura nos seus braços. ― Feliz aniversário
baixinha. ― Ele começa a cantar feliz aniversário para mim enquanto me
leva para fora do quarto, descemos as escadas enquanto ele continuo
cantando pessimamente com sua voz horrível.

Quando chegamos ao corredor que leva a biblioteca ele caminha na


direção contrária, até a porta de uma sala de visitas. Ele me põe no chão e
diz: ― seja bem-vinda ao seu paraíso baixinha.

Meus olhos se arregalam com a beleza do ambiente, está tudo do jeitinho


que eu sempre sonhei, desde que comecei a frequentar a escola de música eu
pedia várias vezes ao meu pai que queria um cantinho meu onde eu pudesse
me libertar no piano. A passos vacilantes eu finalmente avanço para o
interior do estúdio, o lugar é amplo com uma parede totalmente de vidro que
dá a linda visão do jardim coberto de neve, o piso é todo brando tão branco
que até brilha, nas paredes vigoram cores de tons claros como o branco e
rosa bebê. As longas cortinas brancas de cetim leve esvoaçam ao sopro do
vento e no teto um lindo lustre cheio de cristãs reluz.
Tudo é muito lindo, mas nada tira minha atenção e suspiros como o piano
de cauda de cor branca no meio do comodo, nesse momento é inevitável
segurar o choro, sonhei tanto com isso, achei que isso nunca pudesse
acontecer. Com as mãos trémulas toco a madeira muito bem polida e o ébano
brilhante, absolutamente este é o piano mais lindo que alguma vez vi na
minha vida e também o mais caro, o marfim revestido nos teclados diz tudo.
Fico ainda mais pasma quando vejo a assinatura do dono dessa obra de arte
ninguém menos ninguém mais que Boris Butusov, o último descente dos
maiores designers de piano da história.

― Dimitri isso deve ter custado uma fortuna você já viu a assinatura? Por
acaso você roubou? ― Falo de costas para ele apreciando a obra de arte, dá
até medo de tocar.

― Tudo pela minha princesa. ― O sorriso que estava no meu rosto se


alarga ainda mais depois de ouvir essa voz.

― Pai ― corro até ele e imediatamente estou flutuando com seus braços
me segurando pela cintura ― muito obrigada, eu adorei o presente. Fico
feliz que tenha lembrado.

― Você é a luz dos meus olhos princesa. Desculpa por ser tão ausente na
sua vida. ― Me aninho em seus braços.

Esse é o melhor aniversário na história dos aniversários. Passamos o dia


todo juntos, conversando e fazendo coisas divertidas que nunca fizemos
antes. Quando a noite cai nos preparamos para sair, o vestido que me deram
também é lindo Dimitri me garantiu que foi ele mesmo quem o escolheu, o
colar em meu pescoço, apesar de simples tem um valor inestimável, também
presente de papai hoje mais cedo e ele me fez prometer que nunca ia tirá-lo
Com muita emoção eu e meus colegas recebemos os grandes aplausos de
todos os presentes no salão de concertos dentro do palácio do inverno, posso
sentir o chão vibrando pela força que as palmas estão sendo dadas, de longe
vejo meu pai num dos camarotes parado me aplaudindo com grande sorriso
no rosto e um brilho nos olhos.

― Você foi maravilhosa querida, estou muito orgulhoso de você, te amo


― sorrio e deito minha cabeça no ombro do meu pai enquanto o carro sai do
trânsito da cidade em direção a nossa casa.

― Muito obrigada papai. Também te amo ― Dmitri não pôde vir e nem
muito menos minha madrasta e a filha. Elas preferiram ficar em casa. Elas
mal lembraram do meu aniversário, não me afetou tanto afinal de contas as
pessoas mais importantes da minha vida lembraram e é isso que conta. Yeva
também me felicitou e disse que iria me dar meu presente em casa ainda
hoje, segundo ela lá me espera uma grande surpresa.

Quando ia agradecer mais uma vez pelo presente o carro em que estamos
é atingido e a seguir tiros soam para todo o lado, meu pai me abraça
enquanto desconhecidos continuam disparando, tudo acontece muito rápido,
num momento estou dentro do carro e no outro sou cuspida para longe
enquanto o carro capota no meio da estrada, com a visão turva é possível ver
o momento em que o carro para de rolar, mal consigo me pôr de pé, devo
estar muito machucada pois todo meu corpo arde.

― PAPAI ― grito me arrastando pelo chão ― ele não responde mas de


onde estou vejo o momento em que ele tira sua mão fazendo sinal para que
eu não aproximasse, dos seus lábios foi possível ler o momento que ele disse
que me ama silenciosamente e então o carro explode, a explosão é tão forte
que mais uma vez meu corpo é jogado longe ― papai ― o chamo com a voz
fraca enquanto as chamas consomem o carro, uma sombra para bem a minha
frente me analisa e depois vai embora ― pai.
Seattle, Washington

A passos largos e precisos percorro o caminho no saguão do Internacional


Financial Bank, por mais que fazer esse percurso desde a entrada do edifício
até o elevador privativo me deixe inervado e praticamente com o pior humor
nas primeiras horas da manhã, não tenho outra escolha, foi isso que escolhi a
quatro anos quando meu pai morreu, apesar de nunca termos sido o melhor
exemplo de afeto entre pai e filho, sendo filho único, na verdade o único que
restou da família alguém tinha que tomar conta dos negócios da família,
apesar de tudo tenho alguns parentes distantes que não tenho vontade ou
desejo nenhum de encontrar, pessoas são complicadas por isso faço de tudo
para manter distância delas, de dia tenho que fazer o papel que uma
sociedade padronizada como essa espera, mas a noite, a noite a fera se
liberta.

Todos a volta deixam de fazer seus as afazeres para prestar atenção a


minha entrada, o que não era de se esperar depois de eu ter anunciado que
farei algumas mudanças no banco.
Ajeito a gravata de cor preta igual ao termo enquanto o elevador sobe
rumo ao vigésimo nono andar, o apitar da caixa de metal indica que já estou
no andar da presidência, as portas se abrem e a primeira coisa que vejo
quando coloco meus olhos no ambiente é minha assistente me esperando
como sempre com o tablet nas mãos, apesar de tudo Abigail é muito
competente, ela trabalha para mim desde que assumi o banco.

Como não estou com humor para ouvir a voz de ninguém a dispenso e
caminho até minha sala. Sento na minha cadeira giratória de couro preto e
me viro para contemplar o mau tempo que assola Seattle nesse momento,
está caindo uma chuva torrencial lá fora. O céu nublado e sombrio expressa
exatamente como meu humor está nesse momento.

Estou administrando esse banco a quatro anos e até agora o capital do


banco cresceu para noventa por cento, não sei o que meu pai estava fazendo
com o dinheiro do banco mas não é nada bom, sei que ele estava envolvido
em coisas ilegais, nunca me dei tempo para pesquisar. Nunca fomos
próximos então isso não me interessa em nada.

Quem me conhece sabe que minha natureza não me deixa ser afetuoso e
muito menos gentil com as pessoas, situações pelas quais passei no meu
passado não me deixam ter algumas emoções ou até mesmo sentir alguns
sentimentos, e por causa disso as pessoas tendem a se comunicar comigo de
forma cautelosa, é como se de alguma forma elas soubessem que eu possa
reagir de forma não muito saudosa.

Me viro de volta a minha mesa para começar meu trabalho, sobre minha
mesa estão contratos que precisam ser lidos e assinados, pedidos de
empréstimos milionários e outros assuntos envolvendo a banca. Uma das
vantagens de eu ser quem eu sou é que ninguém me subestima e nem se
atreve a me passar a perna no que eu faço, e se tem algo eu não gosto, são as
dívidas, elas podem ser cobradas de duas formas: a forma mais convencional
possível que é através do aumento de juros e a adiçam de outro contrato ou
então a forma de cobrança nada diplomática que é a que mas gosto de
aplicar. Para quem me vê como um dos mais conceituados executivos do
mundo corporativo não imagina a fera que se esconde dentro de mim, foram
anos tentando controlar o que está dentro de mim mas as vezes é necessário
libertar ela para que respire, essa coisa gosta de ver o caus, a violência e
principalmente de subjugar ele se sente satisfeito causando dor e sofrimento.
Do jeito que estou falando é como se isso fosse algo que não tenha
procurado mas na verdade o que mora dentro de mim faz parte de mim, e as
vezes é incontrolável porque ele quer tomar o controle e quando isso
acontece nada de bom acontece e tenho vários exemplos disso. E por causa
disso tive que adotar práticas que me deixassem no controle e que também
satisfaçam a ferra, na verdade essas práticas satisfazem aos dois, por mais
sombrio e perverso que isso possa ser, eu também gosto de infligir dor, sentir
o cheiro do medo gosto quando ultrapasso o limite de dor que minhas
submissas ou qualquer outro ser humano podem aguentar.

O sexo com elas ( submissas ) é o mais violento que possa ser, foder com
a mais primitiva das forças se tornou minha essência. E com meu histórico
no mundo do sadismo e dominação as candidatas a satisfazer meus
"fetiches" estão cada vez mais escassas.

Se eu fosse um dominador comum, em busca de uma submissa cuja


compartilhe os mesmos fetiches que eu isso seria fácil, mas o que eu sinto e
faço vai mas além do que uma simples dominação. Eu não espero que minha
submissa aceite ou não os meus termos, se for masoquista é melhor ainda
assim não preciso perder meu tempo. No mundo do BDSM existem limites a
serem aplicados e esses devem ser acordados por ambas partes - dom e
submissa, - através de um contrato. O que eu faço está muito além de
contratos, porque eu não imponho limites e não gosto que eles seja impostos
para mim também, a única coisa aceitável para mim é o contrato de
confidencialidade, isso basta.

A última submissa que tive me chamou de monstro e disse que eu não


entendia nada sobre esse mundo cuja sociedade repudia, e eu respondi para
ela que sim eu realmente não entendia, nem me interessa entender, porque
até esse mundo está sendo padronizado. Porque lá cada um tem seus
objetivos: satisfaz os fetiches de ser um dom ou submissa e vice versa, até
mesmo ir em busca de uma parceira para vida, ou até mesmo querer seguir
com as vontades do corpo e da mente, e por fim esse mundo é o lugar para
onde as pessoas fogem quando não querem lhe dar com a realidade que é
fazer parte desta humanidade fodida.
Um dia fazer parte desta humanidade fodida me tirou algo importante,
algo que de certa forma me mudou ou então trouxe para fora o que de mais
sombrio e profano crescia dentro de mim, não foi de um dia para outro que
me transformei no que sou. Mas desde a infância eu sabia que algo em mim
não estava bem, mas quando encontrei a alavanca e o bálsamo que de certa
forma purificou meus pensamentos ela foi tirada de mim, pois é, a vida
sendo fodida como sempre.

Quando o relógio marca seis da noite arrumo minhas coisas para sair, lá
fora a lua anuncia a chegada da noite, o brilho da maior estrela do universo
ilumina o ponto mais alto de Seattle o Space Needle, Uma das maiores
atrações da cidade. Saio do escritório e encontro minha secretária também se
arrumando para ir embora, passo por ela e sigo até o elevador, já mandei
uma mensagem avisando para meus seguranças que estou saindo. Nunca
gostei de ser vigiado por isso pedi que eles fossem o mais discretos possível,
não gosto de andar sabendo que tem alguém respirando atrás da minha
orelha. No máximo eu suporto ter um motorista, conduzir me deixa
estressado e também não me trás boas lembranças, passam quase sete anos
desde a última vez que segurei num volante.

Pela janela do Mercedes, aprecio a calmaria do lago Washington enquanto


o veículo faz o percurso oeste-leste. Minha propriedade é a mais afastadas da
cidade. Eu vivia indo e vindo para essa cidade até eu obrigatoriamente me
assentar aqui, Seattle continua sendo a mesma cidade que eu conheço desde
que me conheço como gente. O motorista anuncia que chegamos e mesmo
de longe é possível ver a imponência da mansão, ela ficou muito tempo
desocupada até eu decidir a morar aqui, apesar do exterior mostrar que a
construção é muito antiga seu interior diz completamente o contrário, apesar
da decoração clássica. A estrutura da casa lembra às grandes fortalezas e
palácios do século quinze, combina muito bem com época que de certa
forma foi considerada Idade das trevas. É isso que a casa imite, paredes
escuras feitas com os mais antigos tijolos, a casa tem três alas e três andares,
quatro para ser mais exato mais essa última é proibida para qualquer um.

Assim que chego ao interior da casa tomo um banho gelado coloco uma
roupa e me tranco no escritório, outro negócio precisa da minha atenção
nesse momento. Como nunca gostei de agitação e de interação com outros
seres humanos faço a gerência e controlo de lucros dos meus casinos e casas
de jogos a partir de casa, em cada cidade ou país cujo um estabelecimento
dessa natureza exista escolho um representante para cuidar de tudo e mandar
os relatórios, claro que existe outro pessoal controlando tudo o que meus
representantes andam fazendo, e por isso estou vendo aqui pelos gráficos o
casino localizado em Paris está com sérios problemas, de novo. E quem tem
me trazido esses prejuízos não só monetários como matérias é o maldito do
Dmitri Solotov, membro da máfia russa. Eu não sei se é porque ele é mafioso
que acha que pode fazer e desfazer nos meus negócios e ficar por isso
mesmo, mas logo eu vou mostrar pra ele que não sinto medo de mafiosos.

Leio mais alguns relatórios durante horas, até que um barulho vindo da
janela do escritório chama minha atenção.

— Para um dos maiores ex fuzileiros que o exército americano já teve


essa entrada não foi nada sutil. — Falo quanto noto quem é que acabou de
invadir minha casa.

— E para um bilionário dono do maior banco dos Estados Unidos essa


casa está muito longe da civilização. — Me viro para o dono dessa voz,
sentado numa das poltronas do cómodo está Dominic Swegger, meu amigo,
se é assim que posso defini-lo. — Eu sei que casas desse estilo são a sua cara
e dizem muito sobre sua mente fodida mas cara, não estamos mas na idade
média.

— Está longe de casa Dominic! A que devo a honra da sua surpreendente


visita? — Ele sabe que não sou de muitas palavras então prefiro acabar de
uma vez com sei lá o quê que ele tenha a tratar comigo.

— Preciso de um emprego — meus lábios de forma espontânea soltam um


sorriso desgostoso enquanto meus olhos olham para ele de forma debochada,
isso realmente é uma grande piada para mim.

— Você nunca gostou de receber ordens e muito menos de cumpri-las


meu caro, não é agora que isso vai acontecer. Ademais você não precisa
trabalhar — o vejo se levantar e servir dois copos com whisky puros no mini
bar, me entrega um copo e outro ele leva para boca enquanto volta a sentar a
minha frente.
— Pode parecer estranho, mas eu realmente preciso de um trabalho sei
que você conhece a pessoa certa capaz de me contratar por causa das minha
habilidades ― ele realmente está chamando minha atenção agora — o nome
Nicholas Shane te diz alguma coisa?

— O quê Você está aprontando tenente?

— Nada. Eu apenas investiguei e sei que ele é dono de uma das maiores
indústrias de construção de armamento militar e não militar em todo mundo.
E sei que você vai se associar a ele. — Isso sim era confidencial.

— Sim tudo isso é verdade, mas irei apenas te ajudar se você me contar a
razão para Tudo isso. — O conheço muito bem para saber que coisa boa não
virá depois disso.

— Está na hora da minha vingança Christopher, Está na hora de honrar


minha família. Com esse trabalho e tendo a fama de maior sniper que a
humanidade já viu vou ganhar muito dinheiro. ― Apesar dos pensamentos
presunçosos ele está certo.

— Quero que saiba que nesse trabalho você vai matar pessoas influentes,
presidentes e até mafiosos — tomo mais um gole da minha bebida.

— Já matei pessoas piores no meu antigo trabalho, e olha que eu achava


que estava servindo o governo — conversamos mais um pouco sobre o
trabalho que ele irá exercer ao se aliar as empresas do Nicholas. Eu entendo
Dominic, ele perdeu tanto quanto eu, e está mais do que na hora de procurar
justiça ou até mesmo vingança, eu o ajudaria com os meios financeiros mas
sei que ele não irá aceitar. Faço uma ligação rápida para Nicholas e ele
concorda em contratar Dominic. Afinal de contas estamos falando do maior
atirador de elite que o mundo alguma vez teve.

— Estou muito feliz que esteja livre!

— Eu também meu amigo. Espero que assim como eu você também


encontre algo que irá mover seu espírito de justiça — ele se levanta e vai
embora me deixando sozinho olhando para o encriptar das chamas na lareira
e perdido em meus pensamentos.
— Não existe nada e nem ninguém capaz de despertar alguma emoção ou
sentimento em mim. — mesmo sabendo que já estou sozinho essas palavras
saem da minha boca.
Seco meu rosto com o dorso da mão mais uma vez, não sei quantas vezes
esse processo se repetiu no dia de ontem e durante a noite também, e hoje
acordei ainda mais sensível e melancólica que nunca. É sempre assim toda
vez que os acontecimentos de cinco anos atrás se apoderam da minha mente,
é como se eu pudesse reviver aquela tragédia a cada lembrança que tenho, e
de certa forma a minha deficiência trás imagens nítidas de tudo o que se
passou naquela noite, até mesmo o homem mascarado não sai dos meus
pensamentos.

Nunca imaginei que perderia meu pai tão cedo, naquele dia nós fizemos
tantos planos. Quando soube que não o veria nunca mais foi como se minha
vida tivesse perdido todo o sentido. Eu fiquei alguns dias em coma e quando
acordei meu pai já tinha sido enterrado, e também recebi uma notícia que
mudaria para sempre a minha vida, os médicos me garantiram que minha
situação era algo reversível, passei por duas cirurgias para reverter minha
deficiência mas nenhuma delas resultou, e no final acabei aceitando que
ficaria assim para sempre, já me conformei, não há muito que se possa fazer,
essa é minha nova realidade agora.
— Ahh Sasha quando você vai parar de chorar hein? ― Saio do meu
devaneio ao ouvir a voz da Avani me advertindo — você está parecendo uma
velha amargurada trancada nesse quarto chorando. Por isso ninguém quer
sair com você, não reclame se um dia Dimitri arranjar um marido barrigudo
e velho pra você. — Suas palavras têm certa satisfação.

— Você sabe muito bem porquê ninguém sai comigo Avani, e Dimitri
nunca arranjaria um marido pra mim sem antes me consultar. — Ela
gargalha de forma bem audível enquanto suas mãos apertam minhas
bochechas.

— Não seja ingénua, nosso querido irmão não é mas o mesmo irmãzinha,
melhor você se cuidar — ela me solta, e anda em direção a saída, graças a
minha nova situação minha audição ficou muito aguçada por isso é possível
ouvir os saltos dela em contato com o piso — e para de chorar porque
ninguém morreu — e então ela finalmente bate a porta.

Tento me acalmar e parar de chorar, não saio pra tomar café porque não
quero ouvir minha madrasta cantar mais uma vez dizendo que estamos
falidos e que eu não faço nada pra ajudar e que nunca vou conseguir arranjar
um marido rico para ajudar a família.

Eu não sei o que aconteceu com o património da nossa família mas desde
que papai se foi as coisas mudaram aqui em casa, de uma hora para outra o
número de funcionários diminuiu, minhas aulas na escola de música também
foram canceladas, certo que eu já não frequentava mais as aulas. Por causa
do acidente meu ano letivo ficou atrasado e como eu estava em período de
negação por causa da minha condição naquele ano não voltei mais para
escola, só no ano seguinte contrataram uma professora particular que me
dava aulas em casa, e foi assim que terminei o ensino médio, o sonho de ir
pra faculdade estudar música se foi no dia do acidente.

Quando finalmente aceitei minha deficiência eu aprendi a ler e escrever


em braille, apesar de difícil no início com o passar do tempo aprendi tudo de
novo como uma criança quando aprende a ler as primeiras palavras. Hoje em
dia eu já posso ler um romance completo sem a ajuda de ninguém e
principalmente posso ler as notas musicais apesar de não toca-las, desde
aquela noite eu nunca mais senti os teclados de um piano em contato com
meus dedos, é muito difícil para mim, toda vez que me sento em frente a ele
as memórias me assolam e não consigo me concentrar. Em tudo isso a minha
única felicidade é saber que minha amiga Yeva concretizou seu sonho de
estudar nos Estados Unidos.

Saio do meu devaneio quando ouço uma porta bater bem forte, e sei muito
bem quem é, com a mão tateio a cama em busca do meu companheiro mais
fiel, minha bengala. Ao alcança-la desdobro-a e então me levanto da cama e
começo a andar em direção a porta do meu quarto, com o tempo meus outros
sentidos me ajudaram a decorar onde fica cada cómodo da casa ou como
estão dispostos os móveis, no princípio os médicos aconselharam minha
madrasta a diminuir os móveis da casa para que isso pudesse me ajudar a me
locomover, mas ela não aceitou isso muito bem, por isso foi difícil decorar
tudo, para chegar até o dia de hoje foi preciso derrubar muitos vasos até
chegar a perfeição.

Bem de vagar caminho pelo corredor dos quartos até chegar a porta que
desejava, respiro profundamente e a cada lufada de ar que busco é uma
forma de acalmar a agitação que se encontra dentro de mim. De forma suave
bato a porta uma três vezes, espero uma autorização e nada, bato de novo,
mas não adiantou nada. Seguro na maçaneta fria e a giro até que a porta
finalmente se abre.

Solto um grito de susto após ouvir a voz de uma mulher também gritando.

— Dimit...

— Porra Sasha! — Esse é Dimitri mais uma vez zangado e eu não entendo
o motivo. — Custava bater antes de entrar? — Escuto o farfalhar de roupas e
a mulher resmungar alguma coisa para meu irmão que a seguir responde de
uma forma que parte meu coração: ― não se preocupa ela é cega.

Engulo em seco para tentar reprimir o choro que insiste em querer sair
enquanto meus olhos ardem, sinal de que as lágrimas estam quase saindo.

— Garota sai da minha frente — imediatamente me afasto da porta para


que a mulher pudesse passar, que vergonha! Se eu soubesse que ele estava
acompanhado eu não teria entrado assim.
— Desculpa Dimitri! Eu não queria interromper eu te juro, é que eu bati e
como você não respondia eu resolvi entrar. Mas não se preocupa já estou
saindo você deve querer descansar — ele ficou fora de casa durante uma
semana, deve estar cansado. Dou meia volta para me retirar até que ele me
chama.

— Me fala, o que você queria?

— Só queria perguntar se podia me levar até o cemitério onde nosso pai


está enterrado, ontem foi o aniversário de cinco anos da morte dele e eu
gostaria de ir colocar umas flores, a Avani e a Natasha se negaram a me
acompanhar ontem, e como você não estava, eu não queria ir sozinha —
ontem não só foi o aniversário da morte do nosso pai mas também foi o dia
em que eu completava vinte anos, e a única que me felicitou foi a Yeva,
Dimitri provavelmente se esqueceu.

— Eu estou muito cansado Sasha, como você mesma percebeu eu acabo


de chegar, o que preciso nesse momento é de um longo descanso. — Ouço o
momento em que ele se atira sobre a cama.

— Eu só achei que faríamos alguma coisa juntos hoje, mas tudo bem. —
Antes de sair continuo: — só acho que nossos pais não ficariam felizes de te
ver assim e também não ficariam satisfeitos de perceber o quanto estamos
distantes — ouço seus passos quando ele avança na minha direção.

— Que pais Sasha hum? Nós não temos pais, eles nos abandonaram mete
isso de uma vez na sua maldita cabeça — ele praticamente está gritando na
minha cara enquanto meu corpo se encolhe — e para de querer visitar os
mortos, quem disse que eles gostam de receber flores? Você precisa parar de
viver nesse seu mundo cor-de-rosa, nem tudo nesse mundo são borboletas e
unicórnios garota. — Ele bufa e se afasta de mim.

— Desculpa! Não vou mais te incomodar — sentido a tristeza mais


profunda saio do quarto do meu irmão após ouvir as palavras dilacerantes
proferidas por ele. Ele mudou tanto nesse tempo que passou, agora nós mal
falamos ele nunca está em casa, as datas comemorativas foram totalmente
ignoradas ou cada um vai festeja-las onde achar conveniente nessa casa.
Ele me deixou completamente sem chão com aquelas palavras cruéis, e
falou que eu vivo num mundo cor-de-rosa, quem dera que fosse assim, o
mundo onde eu vivo agora é totalmente escuro e sombrio.

Caminho até a cozinha pra comer alguma coisa, ontem não comi nada e
hoje de manhã não tomei o café da manhã. De repente um vento gélido
passou por mim arrepiando minha espinha e trazendo um forte aperto no
meu coração, tão forte que por um momento esqueço como é respirar. Deus
tomara que seja apenas um prelúdio.
Com meu corpo apoiado na parede do quarto de jogos, aprecio nosso novo
brinquedo, submissa para ser mais delicado. A amarei de costas para mim na
pilastra de madeira em formato de cruz, seus pulsos estão muito bem presos
em um nó muito bem feito com cordas grossas de lã, seu corpo nu está
banhado de suor deixando seu corpo bronzeado ainda mais apetitoso, sua
respiração é pesada e acompanha cada movimento que eu faço pelo quarto
de jogos, suas lindas pernas não param de friccionar uma na outra expondo
sua buceta super molhada, a fera dentro de mim parece gostar da visão, e eu
também. É inevitável não apreciar a visão a minha frente.

Me desencosto da parede enquanto meus dedos passeiam pelas dezenas de


chicotes que se encontram pendurados pelas paredes do quarto, desde que
mergulhei nesse mundo o chicote se tornou meu fiel companheiro, na minha
mão ele pode fazer duas coias, me descontrolar ou me acalmar. Opto por um
chicote com ponta única de cor preta, seguro nele pela parte revestida por
madeira maciça, chicoteio o ar, como o vento lá fora o chicote transmite um
som deliciosamente maravilhoso, de devagar ando até ela que não para de
gemer e chamar por mim.

— O que você quer? ― Sussurro no ouvido dela e imediatamente os bicos


dos seios delas enrijecem, todos os pelos do seu corpo se arrepiam e dá sua
boca sai o gemido mais convidativo que alguma vez ouvi.

— Eu quero o meu senhor dentro de mim! — Ela implora tentando buscar


alívio para apaziguar a excitação mais que evidente que ela está sentido. —
Por favor.

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa aproveitei que sua buceta estava
bem visível para mim e dei a primeira chibatada nela, não posso negar o
barulho de buceta molhada em contato com o chicote fez meu pau se
contorcer dentro da calça. Dei uma segunda surra na buceta dela e ela gemeu
ainda mais alto.

— Quer gozar? — Pergunto enquanto meus dedos alisam sua bunda, ela
assente quase chorando ― mas não vai gozar. Meninas que gemem sem o
consentimento do seu senhor não merecem isso. Ou merecem? — Ela faz
que não com a cabeça. Sem muita pressa faço com que o nó que fiz desça
mais para baixo para deixar ela ainda mas exposta. Seu corpo treme,
lágrimas e suor se misturam deixando o cabelo dela todo molhado e
espalhado pelo rosto e pelos ombros, e com a mesma calma faço uma única
trança para trás em seus cabelos morenos, nada pode nos atrapalhar.

Volto a minha posição anterior e seguro no chicote, e com uma força


controlado dou o primeiro golpe nas costas dela que automaticamente geme
ao sentir o contato desse objeto opressor em sua pele desnuda. Estou
tentando me controlar para que tudo isso não me consuma e me faça
esquecer quem eu sou. Com primazia desfiro consecutivos golpes nas suas
costas até que ela começa a se contorcer e nem por isso eu paro.

— Para — não dou ouvidos e continuo alimentando a ferra, porque é isso


que essa coisa que morra dentro de mim quer, ele quer que ela sofra que ela
sinta dor até às entranhas. Coloco uma mordaça nela e continuo fazendo
aquilo que minha carne e mente desejam no momento, porque isso é
libertador e trás uma satisfação muito grande para minha alma podre.
Quando vejo os primeiros fios de sangue escorrendo pelas costas do nosso
brinquedo eu paro, consegui manter o controle.

Solto o chicote no chão e com uma das minhas mãos estímulo o clitóris
inchado até que ela fica tão molhada quanto antes e geme descontrolada.
Apenas desço o zíper da calça jeans e automaticamente meu pau salta duro
como uma pedra, desço a calça até os joelhos, tiro uma camisinha no meu
bolso coloco nele e sem piedade nenhuma meto nela que se contorce ao me
receber. Antes de começar me agacho sobre seu corpo e sussurro no seu
ouvido.

—Você não pode gozar. Você está aqui apenas para nos servir.
Mesmo sentido a agitação dentro de mim tento manter o controle para me
concentrar no trabalho, cada vez mais está difícil me controlar, meus dedos
doloridos me lembram isso a cada cinco minutos que os tenciono, ter esses
ataques que as pessoas julgariam ser de raiva é normal para mim, e ontem
foi um desses dias onde eu literalmente explodi, e se não tiver ninguém por
perto para poder machucar, meu corpo é que sofre, os intermináveis socos
que dei na parede ainda estão bem frescos na minha memória e no meu
corpo. Não lembro exatamente qual foi o motivo que me levou a ter aquela
explosão, na verdade eu raramente tenho motivo para isso. Se eu fosse um
ser humano considerado como normal era só visitar um psicólogo ou alguém
especializado nessa área, mas a educação fodida que recebi não me permite
me abrir e muito menos conversar com ninguém, aquela que foi minha
confidente, se foi e me deixou aqui com essa carcaça dominada por uma
besta. Mas a cinco anos faço uma visita para alguém especializado no ramo.

Após um longo dia trancado no meu escritório do banco decido ir embora,


a noite já perdura lá fora, e com certeza apenas eu e os seguranças é que
estamos aqui até essa hora, quase meia-noite. Para um homem condenado
como eu dormir é um privilégio pelo qual não posso mais usufruir, meus
fantasmas não permitem, se eu quiser tentar dormir eu tenho duas saídas me
dopar que seria a saída mais fácil ou enfrentar os pesadelos que não me
deixam.

Assim que entro no carro ordeno ao motorista que pare em um bar mais
calmo possível, pouco frequentado pelas personalidades de Seattle, se tem
algo que não quero nesse momento é um bando de puxa saco me bajulando.
Essa não é uma saída de lazer, vou para uma reunião de negócios, na
verdade saber sobre as dívidas de Dimitri Solotov, esse imbecil continua
pensando que é milionário, o modo de vida que leva não transparece que sua
família está praticamente falida, e ele está abusando da sorte, fazendo
empréstimos descabíeis, fazendo uso fruto de todos os benefícios que meus
casinos podem oferecer, e pelo que eu soube ele não só fez uma dívida
enorme no casino de Paris mas em Roma também, mas isso não vai ficar
assim.

Passam cinco minutos desde que cheguei no bar, meu representante de


negócios na Europa acaba de entrar pela porta, o lugar está praticamente
vazio apenas um casal se encontra num dos cantos do estabelecimento.

— Boa noite senhor Parker — respondo apenas com uma confirmação


silenciosa enquanto trocamos um aperto de mão. Assim como eu, pede um
whisky e senta na cadeira a minha frente.

— E então o que tem para mim?

— Como o senhor já sabe nosso maior devedor no momento é Dimitri


Solotov, membro da máfia russa, nossas fontes confirmam que sua família se
encontra praticamente falida no momento, e boa parte disso se deve ao tipo
de vida que ele vem levando de um uns tempos para cá. Apesar de tudo a
família continua mantendo o mesmo estilo de vida.

— Em todos esse tempo que ele vem jogando e usufruindo dos meus
serviços o que ele deixou como garantia? — Eu sei muito bem que clientes
como ele optam pelos jogos ilegais que mantenho nos meus cassinos, lá
mesmo não tendo um tostão se você perder a casa se responsabiliza em
pagar aos outros jogadores caso dê como garantia algo equivalente ao valor
que irá emprestar, digamos que funciona como um banco.
— A mansão da família. É uma majestosa propriedade, uma construção
que data desde o século dezanove, a casa está em condições ótimas se
localiza a leste de São Petersburgo numa região isolada, é rodeada por uma
linda vista da flora e do mar báltico. — Parece interessante, preciso conhecer
essa propriedade de perto para poder saber se vale ou não apena.

— De quanto é a dívida dele nos dois casinos ?

— Perto de trinta milhões de euros. Com a falência não declarada, a casa


pode não valer quase nada hoje em dia apesar dos hectares que compõem a
propriedade. Mas garanto que seria um ótimo negócio ficar com a casa, o
senhor só precisaria adicionar alguns milhões de euros para que a
propriedade seja sua. — É um negócio bem sugestivo, pelo que vejo no
mapa a propriedade está afastada da cidade e é bem grande. Só preciso ver
tudo de perto. A noite se estende até um pouco depois das uma e meia da
madrugada. Antes de ir embora informei ao meu piloto que amanhã a tarde
precisamos estar em solo russo.

Abro o portefólio que contém todas as informações que preciso saber


sobre Dimitri, seus negócios, amizades, família, entre outros assuntos. Ele é
um fracassado, tudo começou com a morte do pai a cinco anos, atualmente a
família Solotov é constituída por ele a irmã mais nova, a madrasta e a filha
da madrasta. Aposto que são todas interesseiras, não tinha como ser
diferente fazendo parte de uma máfia e continuando levando o estilo de vida
que levam sendo que estão falidos. Quando se trata de negócios não sou nem
pouco simpático, eu vou acabar com ele e com tudo o que eu encontrar pela
frente, ele vai se arrepender por ter se metido nos meus negócios.

Respiro fundo e fecho os olhos, não posso ter uma ataque de raiva agora,
não é conveniente para mim e muito menos para o motorista. Mas está cada
vez difícil controlar isso quando penso em coisas que me desagradam.

— Chegamos senhor — abro os olhos e logo a frente me deparo com um


portão metálico enorme de cor preta e no meio ele apresenta o brasão da
família Solotov, realmente é uma das famílias mais antigas da Rússia.

Assim que nossa entrada é autorizada o carro volta a entrar em


movimento. É realmente um lugar interessante, parece que vai ser um ótimo
negócio, apesar do exterior não estar sendo muito bem cuidado ainda é
possível ver os traços de luxo e classe que a família esbanja. Assim que o
carro para em frente a casa meu segurança abre a porta, saio do carro e a
primeira coisa que vejo são duas mulheres paradas me olhando.

— Senhor Parker certo? — Apenas assinto — em que podemos ajudar?

— Chame Dimitri Solotov. E fale para ele que tem um minuto para vir
falar comigo. — Quando lanço meu pior olhar a elas me olham espantadas e
com medo imediatamente saem da minha frente. Comunicação e paciência
são outras coisas que definitivamente não fazem parte de mim, não entendo
a necessidade de trocar palavras desnecessárias com pessoas que mal
conheço e que pelo olhar deu para notar que são duas mulheres na guerra a
procura de um homem rico para sustentá-las. Uma das funcionárias me leva
até uma sala .

— Senhor Parker — não preciso me virar para saber que o dono dessa voz
cheia de si pertence a Dimitri Solotov. — Não esperava por sua visita. —
Finalmente me viro para encara-lo sua mão está estendida para mim, o
ignoro completamente, é um homem com pouco mais de m metro e setenta e
cinco de altura bem abaixo da minha altura, sua cara acabada não condiz
nada com os vinte e sete anos que tem. O álcool e as drogas estão acabando
com ele. Depois de algum tempo o analisando resolvo me pronunciar.

— Já deve imaginar que minha visita aqui não é nada cordial. — Seus
dedos agitados e a expressão facial denunciam que ele sabe muito bem o
motivo da minha visita, aprendi muito bem a interpretar as expressões faciais
das pessoas mesmo não sendo muito comunicativo — olha eu não sou
mafioso como você, e não me interessa em nada fazer parte de uma máfia,
mas apesar de tudo eu gosto de recorrer às mesmas formas de cobrança de
dívidas. Você está me devendo milhões senhor Solotov.

Fiquei o tempo todo com as mãos nos bolsos da minha calça nem me dei o
trabalho de sentar, meu segurança entra com os papéis e entrega nas mãos
dele que imediatamente se senta e começa a ler os documentos. Se o diploma
dele for realmente autêntico ele vai entender tudo o que está nesses papéis
sem precisar que alguém o explique nada. Enquanto ele continua lendo eu
me viro para janela que dá acesso ao lado de fora da casa, e um cómodo
chama minha atenção, ele tem uma parede totalmente de vidro, e pelo que
vejo o interior é totalmente branco e com alguns toques femininos, tento ver
se tem alguém dentro mas não tem ninguém, faz muito tempo que não fico
tão intrigado com algo como agora.

— Mais isso é impossível! — Minha atenção se volta para o homem


sentado atrás de mim — isso é um absurdo, é impossível que eu tenha
acumulado tantas dívidas. — Tiro minha mão do bolso aliso minha barba
enquanto me viro para encarar ele.

— Dimitri eu trabalho com os maiores contadores e economistas do ramo


financeiro, e se tem uma coisa que acredito é na credibilidade deles e no
trabalho que fazem. — Seu olhar é derrotado pois acabou de perceber que
não existe saída.

— Eu não posso perder a casa da minha família. Ela pertence a nós a


gerações — ele esfrega o cabelo freneticamente. Definitivamente não nasci
para suportar lamentações de quem quer que seja.

— Você procurou isso. Claro que você e sua família não vão sair daqui
sem nada, eu vou dar mais alguns milhões para que possam se estabelecer
em outro lugar — ele parece chocado. A realidade parece o pesar demais e
seus olhos transparecem algo que não consigo decifrar.

— Tem que haver outra saída. Não posso entregar a casa da família assim.
É a única coisa que nos resta — ele se levanta e começa a andar de um lado
para o outro.

— Não vim aqui saber o que a casa significa ou não para você, negócios
são negócios, deveria ter pensado nisso antes de se transformar num viciado
em jogos. Ademais você colocou essa propriedade como garantia e... — de
repente a melodia mais calma e triste que alguma vez ouvi na vida soa pela
sala tirando toda minha atenção, até o desgraçado a minha frente está
ouvindo e está de boca aberta — de onde vem isso? — Ele me olha
espantado e com medo, mas algo em mim insiste em querer continuar
escutando, e pela primeira vez eu não me entendo até a ferra dentro de mim
parece estar confusa. — Perguntei de onde vem isso porra! — O seguro pelo
colarinho e o aperto sobre a parede. Seu medo aumenta quando meu olhar se
concentra naquele cómodo de antes, mas agora a porta na parede de vidro
está aberta e por isso o som está tão audível.

— Interessante — falo trocando meu olhar entre aquele cómodo e Dimitri


que me olha com lágrimas nos olhos enquanto sua cabeça balança de um
lado para o outro. O solto e caminho a passos largos ao lado externo da casa.
A cada passo a melodia fica cada vez mais audível, assim que alcanço o
pátio da propriedade o vento do inverno russo me recebe e pouco me
importo em colocar o sobretudo. Só preciso saber quem é essa pessoa que
está conseguindo acalmar essa ferra dentro de mim.

Quando finalmente estou em frente a quele lugar que pelo que vejo é um
estúdio de música, meus olhos se arregalam e uma energia eletrizante
percorre todo meu corpo principalmente uma parte específica dele. Aqueles
olhos, nunca vi nada igual, são tão perfeitos, olhos que me instigam a querer
saber seus pensamentos enquanto toca o piano. Mesmo estático aprecio
aquela coisinha pequena tocando aquela melodia com aqueles dedos finos,
ela domina tanto o piano que toca com perfeição.

Ela parece um anjo ali sentada vestida com um vestido branco que realça
suas poucas curvas, mas ela não parece um anjo porque ela é um anjo, o meu
anjinho. Me aproximo mais para sentir o cheiro do seu perfume doce, sua
pele é tão branca como a neve e seus cabelos negros são a perfeição, ela está
absorta no próprio mundo que não parece fazer parte desse mundo destruído.
Ela será minha. A observo por mais algum tempo até que sinto a presença
do irmão atrás de mim, ela também parece notar minha presença por isso
para de tocar o piano.

— Quem está aí? — Como não percebi isso antes? Seus olhos estão
sempre fixos num único lugar porque ela é cega, mas isso não muda os meus
planos.

— Sou eu Sasha. — Sasha! Esse é o nome do meu anjinho — Estou com


um amigo mas já estamos de saída. Certo senhor Parker? — A olho mais
uma vez e depois apenas assinto e juntos caminhamos até o lado de fora. Até
nos afastamos dela não falo nada, ninguém irá me impedir de ficar com ela,
nem ela mesma.
— Eu quero ela! — Decreto

— O quê? Você não vai ficar com minha irmã, sei muito bem que você
tem um jeito peculiar de tratar as mulheres. Minha irmã não será mais uma
vítima sua. — Fecho os olhos e respiro fundo para não fazer nenhuma
loucura.

— Não estou perguntando nem pedindo permissão. Estou avisando que


vou levar ela.
O jeito repugnante que Dimitri me olha não me incomoda em nada,
porque todo meu corpo e mente ainda estão em êxtase depois de ter visto
aquele anjinho, tão serena, meiga e encantadora. E apesar de tudo isso sei
que a partir do momento que a tiver comigo vou travar uma grande batalha
comigo mesmo, entre cuidar dela ou deixar a fera se libertar e fazer com ela
o que quiser. Eu sei que posso quebra-la no meio desse processo, mas eu sou
egoísta demais para deixar ela ter uma vida normal e principalmente longe
de mim.

— Você não pode fazer isso. Não pode levar minha irmã, ela é deficiente
visual e precisa de cuidados que só a família dela pode dar — eu posso
imaginar muito bem que tipo de cuidados eles dão a ela, aquele olhar triste e
desolado diz tudo sobre como são as coisas nessa casa. De certa forma ela
não viverá os melhores momentos comigo, mas o instinto de posse me
dominou no momento que a vi. E em pouco tempo aquele serzinho acendeu
uma pequena faísca em mim, e por mais que eu seja um fodido isso é mais
forte que eu.

— Me diz uma coisa Dimitri. Você quer entregar essa propriedade a mim?
— Indago enquanto a surpresa surge no seu rosto. Apesar de tudo o
desgraçado estima a irmã senão ele não seria tão protetor assim com ela. —
Estou esperando.

— Olha me dê um tempo, eu vou arranjar todo seu dinheiro eu prometo.


Mas não posso entregar essa casa, é a única coisa que posso deixar para
minha irmã caso aconteça alguma coisa comigo. Essa casa é muito especial
para ela — interessante! Depois de um longo tempo encostado na parede e
com as mãos cruzadas finalmente me movimento. Ao notar isso ele
imediatamente fica em alerta, não o culpo, com essa altura e esses músculos
não tinha como agir de modo contrário.

Se não posso tirá-la daqui do meu jeito então vou apelar por outro
caminho nada honrado, se bem que de ambas partes não existe nenhum
resquício de honra.

— Tenho uma proposta! — lanço de repente.

— Qual proposta?

— Eu vou perdoar a sua dívida. Vou pagar qualquer outra dívida que
tiverem com um banco ou uma pessoa singular, vocês receberão uma
mesada suficiente para pagar as despesas da casa e os salários dos
empregados. — Depois de ouvir minhas palavras seus olhos brilham ao
constatar que posso resolver todos seus problemas, mas do mesmo jeito que
a euforia transpareceu em menos de dois segundos seu rosto mudou para
preocupação, apreensão e medo. Não culpo ele, deve imaginar muito bem o
que eu vou querer em troca.

— Sei muito bem o que você vai querer em troca.

— Sim você sabe. É ela que eu quero, não ouse negar porque estou te
fazendo um favor ao propor tudo isso. Mesmo que você me negue eu vou
levá-la a força. — É impressionante que em menos de uma hora eu tenha
ficado tão obcecado por ela.

— Não posso fazer isso. Tudo bem que não tenho sido o melhor dos
irmãos. Mas você está me propondo que eu venda a minha irmã. Isso vai
muito além de tudo o que eu me transformei. Minha irmã é inocente e
deficiente visual, eu posso ser um filho da puta mas nunca a entregaria para
um cara como você. — Solto um suspiro alto suficiente para reverbar na sala
inteira.

— Você não está em posição de negar nada. Fique sabendo que se não for
você a me dar ela outra pessoa fará.

— Como assim?

— Numa organização como a vossa sempre precisão de um aliado como


eu, dono de um banco, sem escrúpulos e ...

— Tudo bem já entendi. Cara minha irmã não tem noção do que é viver
com caras fodidos como você. Se quiser ficar com minha irmã eu exijo uma
condição — como já imaginava.

— O que você quer?

— Quero que se case com ela. Você não vai usar minha irmã e depois
descartar ela — como se eu realmente fosse fazer isso, ela é minha desde
que a vi até eu parar de respirar. — Ou você casa com ela ou não tem
negócio.

Já me casei uma vez, e pensar nesta possibilidade neste momento não


muda em nada minha vida, isso deixará meu anjinho bem mais perto de
mim, assim a terei para sempre comigo. Provavelmente ela me odeie por
isso, mas não ligo, contanto que ela seja minha o resto não importa mais. Eu
e o imbecil do Demitri combinamos como as coisas irão acontecer daqui
para frente. Meu objetivo era sair da Rússia com ela ao meu lado mas parece
que que meu plano irá atrasar um pouco. Mas não importa sei que em pouco
tempo vou sentir qual o gosto de devorar um anjo de cabelos negros.

Sentado na poltrona do meu jato analiso o relatório completo sobre a vida


da minha futura esposa desde seu nascimento até os dias de hoje. O relatório
não mente sobre ela. Desde que pus meus olhos nela eu sabia que ela era
uma alma pura e inocente. E não me enganei, apesar de viver dentro dos
muros da máfia seu comportamento não se moldou por causa da
organização, o que achei interessante foi o súbito desaparecimento da mãe
no hospital e o acidente de carro o tanto quanto estranho que ela teve a cinco
anos com o pai.
As palavras que leio a seguir me deixam tão fora de mim que quase
amasso os documentos nas minhas mãos, foi no maldito acidente que
aqueles olhos lindos perderam o brilho e começaram a contemplar a
escuridão. Mais do que nunca alguma coisa acende dentro de mim, eu vou
encontrar os filhos da puta que provocaram aquele acidente, e quando isso
acontecer coisas boas não vão acontecer.

Ninguém machuca meu anjo e fica por isso mesmo, sei que a vou
machucar mas enquanto puder a proteger e a defender de mim mesmo
também farei. Porra o que essa menina tem que me faz agir assim?
Algumas horas antes

Pela enésima vez termino de ler mais um dos escritos de Alexandre


Pushkin, eu gosto de todo o acervo que ele deixou como grande romancista,
mas eu já li demais esses livros, e estou cansada de repetir as mesmas
leituras todas as manhãs. E não tenho como pedir para Dimitri procurar
outros livros escritos em braille porque sei que devem custar uma fortuna e
nesse momento da nossa vida não podemos nos dar o luxo de adquirir coisas
que não sejam de grande necessidade, e também não quero aborrecê-lo e
muito menos receber uma bronca por causa disso.

Meu irmão mudou tanto desde a morte do nosso pai, não nego que bem
antes disso ele já era meio distante mas o ocorrido de a cinco anos atrás o
deixou completamente mudado, e por mais que ele negue sei que a morte do
nosso pai também o afetou fortemente, nosso pai era um homem que deixava
marcas por onde passava era um grande empresário e apesar do pouco tempo
ele fazia de tudo por nós.

Com cuidado procuro por meu celular encima da cama, preciso saber que
horas são, por causa da minha rotina eu levanto muito cedo, bem antes que
todos os outros. Me custa admitir isso mas eu já estou ficando entediada com
essa minha rotina. Deixo o livro por cima do criado mudo enquanto meu
celular programado para pessoas como eu me indica as horas, são oito horas
da manhã.
Com a ajuda da bengala chego até o banheiro, tiro meu pijama e entro de
baixo do chuveiro que joga sobre mim jatos de água quente, com tudo
calculado milimetricamente lavo meu cabelo e esfrego meu corpo, que até
hoje para mim é muito estranho não poder saber de que jeito ele está agora,
sei que sou magra, mas não tanto, meus cabelos são negros desde pequena
nunca cheguei de pintar eles. De banho feito passei uma loção com essência
de morangos, desde pequena sempre gostei de pequena e até hoje isso nunca
mudou.

No meu closet busco por roupas íntimas e um vestido para vestir. Graças a
umas das poucas funcionárias que restou na casa minhas roupas estão
organizadas de modo que seja fácil achar tudo que eu precisar, visto minha
roupa íntima e depois o vestido ligeiramente rodado com altura até o joelho.
Em meio a tudo isso a única coisa que me deixa feliz é saber que posso
cuidar de mim mesma sem precisar da ajuda de ninguém, foi um ganho
quando eu finalmente parei de depender de alguém para fazer as coisas
básicas, como por exemplo cuidar da minha própria higiene.

Por causa da minha lentidão me arrumando tive que tomar meu café da
manhã sozinha, o que já é um costume para mim, hoje sendo sábado todos
devem ter saído para se distrair e provavelmente Dimitri nem irá voltar hoje,
desde o dia que entrei no quarto dele daquele jeito a dias atrás, nós ainda não
falamos, ele nunca está em casa e quando está ele fica trancado no quarto e
fico com medo de atrapalhar ele por isso agora eu evito ir para lá.

Ouvindo meu próprio silêncio meu coração se aperta e meus olhos


marejam ao me aperceber que estou mais sozinha do que nunca nessa vida,
não tenho ninguém para conversar nem para desabafar e isso está me
pesando tanto, para mim é normal ficar mais de vinte e quatro horas sem
trocar palavras com alguém da minha família, se pronuncio uma e outra
palavra é só com os empregados que apenas falam o que é necessário.

Com cuidado me retiro da mesa e resolvo caminhar pelo interior da casa, é


minha melhor opção no momento uma vez que não coloquei um agasalho
para enfrentar a temperatura gélida que perdura lá fora. Quando dei por mim
já estava em frente a aquela porta, a qual jurei nunca mais atravessar, aquele
cómodo que sempre me trás lembranças que por mais que por um momento
sejam boas e felizes depois se transformam em dolorosas o suficiente para
me fazer chorar.

Meu consciente, meu corpo e minha alma sentem falta daquele


instrumento que por mais que eu queira desprezar eu não consigo, porque no
fim eu sei que é daquilo que eu preciso é aquilo que amo fazer - tocar com a
alma e o coração - tal como dizia meu professor no conservatório de São
Petersburgo.
Após tomar imensas lufadas de ar como nunca tinha feito antes, meus
dedos trémulos tocam na maçaneta fria, de forma firme meus dedos apertam
e giram o objetivo que compõe a porta. Um pequeno rangido indica que a
porta se encontra ligeiramente aberta, sou recebida pelo cheiro familiar do
lugar enquanto memórias daquele primeiro e último dia que estive aqui feliz
me assolam.

A passos trémulos caminho até o interior, e de certa forma meu cérebro


ainda conhece a disposição dos móveis e por causa disso não tropeço em
nada, lembro daquela parede de vidro que dava uma linda vista do pátio da
casa, caminho até ela e abro a porta também de vidro e o vento fraco que
sopra lá fora me recebe e causa uma energia tão boa, que sem pensar muito
caminho até o piano, me sento no banco de frente para ele e abro a tampa.
De forma automática meus dedos percorrem o instrumento delicadamente
como se estivesse fazendo uma espécie de reconhecimento, sim eu senti falta
disso.

Como se estivesse roubando meu dedo indicador já estava sobre o teclado


que representa a nota de Dó maior, uma emoção se apodera de mim ao
perceber que apesar do tempo o piano continua afinado.
Quando dei por mim meus dedos já transmitiam sobre o piano uma das
mais famosas composições de Chopin, a fantasie-improptu. E como eu
sempre fazia desde que aprendi a dominar esse instrumento eu mergulhei
completamente na melodia que ele produzia, nesse momento éramos apenas
eu e ele, era apenas eu no meu próprio mundo, era eu tentando esquecer da
tristeza e da saudade que sentia das pessoas que amo, era eu tentando me
libertar após tanto tempo reclusa no meu próprio corpo.
A vida mais uma vez me trás de volta a realidade crua e nada agradável, e
consigo sentir o cheiro de um perfume que nunca antes senti por aqui, bem
forte e com traços masculinos, e é impossível não sentir a presença de
alguém aqui e agora me observando, posso sentir minha pele queimar
enquanto seus olhos saqueiam cada pedaço de mim. Essa presença é tão
forte, sombria e tem mais alguma coisa que não consigo sentir ainda, quem
será?

Fiquei tão absorta tentando decifrar essa pessoa que se quer pronunciou
uma palavra e nem percebi que não estava mais tocando, eu finalmente tomo
coragem e pergunto: ― quem está aí?

Dimitri responde e diz que está com um amigo e que já estavam de saída,
ele nem me deu tempo de perguntar de quem se tratava. Eles foram embora e
eu fiquei aqui sentada ainda sentido essa sensação estranha, e saber que
nunca descobrirei quem era o homem que me observava me fez voltar a
firmar os pés na terra, não posso sonhar tão alto.

Nenhum homem ficaria comigo nessas condições. Mete isso na sua


cabeça Sasha.
Saio da sala do piano feliz por saber que finalmente estou deixando meu
medo para trás. Apesar do piano me trazer memórias dolorosas ele também é
meu refúgio é onde posso expressar através da melodia meus sentimentos e
minhas emoções. E tocar nele como a pouco foi revigorante, como se de
alguma forma ele tivesse devolvido um pouco de cor a minha vida, e nesse
momento da vida que me sinto só sem dúvidas ele é meu melhor
companheiro. Lembro do meu grande sonho, ser a melhor pianista da Europa
era isso que eu queria, tocar nas maiores orquestras e óperas da história, ser
orientada pelos melhores maestros que o mundo conhece e principalmente
enaltecer todo o legado deixado pelos maiores compositores que o mundo da
música clássica conheceu.

Esse era o plano, ou pelo menos alguns deles, pena que nem tudo o que
desejamos está a nosso alcance, principalmente quando a vida resolve trazer
mudanças drásticas. Fico imaginando como seria minha vida hoje em dia se
meus pais estivessem aqui comigo e com Dimitri, sem dúvidas seríamos uma
família feliz e unida, talvez até seríamos como qualquer outra família,
seríamos normais.

— Senhorita! — Pulo de susto após ouvir a voz de alguém — desculpa


não queria assusta-la. Só vim avisar que o almoço está servido.
— Tudo bem. Obrigada — praguejo internamente por ter me esquecido da
bengala no quarto, certo que já domino todo caminho até a sala de jantar,
mas nunca se sabe quando vou esbarrar num balde ou em alguém. A
funcionária se oferece a me ajudar, resolvo aceitar. Ela segura na minha mão
e juntas caminhamos a passos vagarosos até a sala de jantar.

Me admiro quando ouço alguns risos da Natasha e da Avani na sala de


refeições, o que acho muito estranho para pessoas que praticamente passam
todos os finais de semana fora de casa. Realmente esse sábado não foi nada
monótono, sinto que elas percebem a minha presença e logo se calam. A
empregada me ajuda a me acomodar no meu lugar.

— Obrigada!

— De nada senhorita — nos próximos minutos a mesa voltou a mesma


animação de antes. Já tentei várias vezes acompanhar as conversas delas,
mas para quem não sai muito de casa e pior ainda não tem alguma rede
social fica impossível, elas estão falando de pessoas que não conheço,
continuo comendo em silêncio.

— Mãe a senhora viu como aquele homem é bonito? —Avani fala


animadamente.

— Que assunto ele vinha tratar com Dimitri afinal? Eles ficaram horas
trancados, na sala de visitas e depois no escritório. — Será que serão falando
do homem estranho que me observava enquanto tocava piano? Nunca vou
esquecer aquela presença sombria.

— Não sei e nem me importa. Procurei o nome dele na internet. Descobri


que é americano, bilionário dono de banco e também tem casinos e casas de
jogos por todo o mundo. Ele seria perfeito para acabar com a miséria que
vivemos nessa casa — ela fala essa última parte praticamente berrando e
tenho certeza absoluta que falou isso olhando para mim. Mas nós não
vivemos na miséria, acho que estamos vivendo bem para uma família
declarada falida.

— É verdade minha filha. Na situação em que estamos daqui a nada terei


que despedir os poucos empregados que restaram. Você já viu como está o
jardim? Sinto até vergonha de receber minhas amigas aqui. Pior que todo
São Petersburgo já está comentando sobre a nossa situação ― Natasha
sempre foi uma mulher rigorosa e nunca quis criar nenhum tipo de elo ou
intimidade comigo, eu não sei praticamente nada sobre elas.

— Bem que a Sasha podia vender aquele piano, que com certeza deve
custar uma fortuna — o quê?

— Não posso fazer isso, eu sinto muito. Aquele foi um presente do papai
e para mim ele está muito além de valores monetários.

— Mas você nem toca ele garota. A gente aqui nos privando de algumas
coisas básicas sendo que você tem uma relíquia de mais de um milhão de
euros guardada naquele seu estúdio ― eu sabia que esse piano devia custar
muito caro mas, não sabia que era tanto.

— Está decidido nós vamos vender o piano. E não vamos discutir mais
esse assunto.

— Não por favor não façam isso — falo já com lágrimas nos olhos e uma
grande tristeza — a gente arranja outro jeito, mas o piano não, eu imploro —
Natasha grita comigo e me manda sair da mesa e ficar no meu quarto.
Realmente será inútil discutir, minha única esperança é que Dimitri interceda
por mim.
Cansada de implorar me levanto para me retirar, assim que abro a porta do
quarto me jogo na cama e os soluços que segurei na mesa saem bem
audíveis, tão audíveis que qualquer um me ouviria, mas não mudaria nada
porque ninguém viria me consolar. Assim como das várias vezes que chorei
eu própria me consolo e me conformo com a vida e o tratamento que recebo,
pelo menos eles ainda não me mandaram embora e muito menos me casaram
com aqueles homens nojentos da máfia.

De repente sinto um arrependimento tão grande, por ter ficado todo esse
tempo sem tocar e agora que eu estava decidida a tocar de novo, o último
presente que meu pai me deu com tanto amor, uma das únicas coisas que me
fez lembrar do aniversário mais feliz e triste da minha será retirado de mim.
— Desculpa papai, por não conseguir manter a promessa de tocar para
sempre — choro convulsionamente enquanto me encolho na cama e aperto o
colar que ele também me deu no aniversário. Quando acho que minha vida
finalmente podia ter um significado de novo tudo não passa de ilusões,
apenas ilusões que uma garota cega pode ter, só isso. Passei o dia todo na
cama chorando sem parar, chorei até minha cabeça começar a doer e
finalmente meu corpo se entregar ao cansaço.

Não sei quanto tempo dormi, quando acordei o relógio indicou que já
eram seis da tarde. Por causa do péssimo dia que tive decido não sair para
jantar, tomo um banho e visto um pijama confortável. Sentada em frente a
janela - que é o meu limite, pois a porta que dá acesso a sacada está trancada
por precaução - aprecio o som maravilhoso das ondas do mar, lá fora os
grilos já anunciam a chegada da noite.

A maçaneta da porta sendo girada chama minha atenção mas mesmo


assim continuo na mesma posição, de cotas para a porta do quarto.

— Custa você deixar pelo menos um abajur ligado? Não sei como
consegue ficar nessa escuridão e você aí sentada está parecendo uma morta
viva — eu não sei se das vezes que a Avani faz comentários do tipo é porque
ela esquece que sou cega ou simplesmente é por maldade que ela fala essas
coisas para me deixar ainda mais para baixo.

— Não preciso deixar nada ligado Avani, eu sou cega. O que você quer?
— Me admiro comigo mesma por falar desse jeito com ela.

— Então é assim? Sua querida irmã vem saber se você está bem e é assim
que me recebe?

— Desculpa! — Também não sei o que me deu para falar daquele jeito
com ela.

— Esquece. Só vim aqui te parabenizar pelo noivado. Eu sabia que essa


sua cara de sonsa e inocente ia servir para alguma coisa algum dia. — Mas
do que ela está falando?

— Do que você está faltando? Eu não estou entendendo. — Me levanto e


caminho até a cama para me sentar.
— Estou falando do seu casamento com o banqueiro bilionário irmãzinha
— o quê? — sabia que ficaria espantada. Parabéns você vai se casar com um
dos homens mais ricos do mundo e assim vai poder ajudar sua família.
Acredita que ele se propôs a pagar todas as nossas despesas a partir de
agora? Veja o lado bom seu piano não será mais vendido, além disso quando
se casar terá todos os instrumentos musicais que quiser e terá uma vida de
rainha — eu não sei se ela não percebeu que praticamente está falando
sozinha porque minha mente ainda está processando tudo o que ela está
dizendo. Minha respiração fica acelerada e meus lábios tremem, mas eu não
vou chorar já foi o suficiente no dia de hoje. Sei que meu irmão é capaz de
tudo mas tenho certeza que ele nunca faria uma coisa dessas comigo, ou
faria? Não.

— É mentira ele nunca faria isso comigo. Você só está falando isso para
me atormentar. Não acredito em nenhuma palavra sua, por favor sai do meu
quarto — me arrasto até a cabeleireira da cama me encosto nela.

— Problema seu se acredita ou não. Para mim a única coisa que importa é
saber que não ficaremos na pobreza. Nem entendo o que esse cara viu em
você, mal sabe o que é um pau — não dou atenção a suas palavras continuo
sentada na mesma posição, travando uma batalha entre acreditar na Avani ou
na honra distorcida que meu irmão demonstrou sobre mim.

Saio do meu quarto em direção ao do meu irmão, não vou conseguir


dormir sentido essa dúvida prevalecer dentro de mim, eu rogo a Deus para
que tudo o que Avani tenha dito sejam meras mentiras, caso contrário mais
de uma vida serão necessárias para perdoar meu irmão. Assim que chego a
porta do quarto dele eu bato com força.

— Dimitri!

Quando eu ia bater de novo a porta é aberta de forma violenta.

— Sasha! Você não estava dormindo? — Se tem algo que aprendi todos
tempo que não pude ver as expressões faciais da pessoas foi saber interpretar
a voz delas, o timbre, a dicção e até a própria formação das frases, se
gaguejam quando falam. Isso me ajuda a saber mais ou menos se estão
mentido para mim ou não. E pelo jeito que a pergunta do meu irmão soou eu
logo senti que tem algo de errado nem mesmo quando abriu a porta ele me
recebeu daquele jeito raivoso de sempre.

— Dimitri por favor, pela memória do nosso pai me jura que tudo o que
Avani disse são apenas calúnias contra você. Me fala que tudo aquilo são só
mentiras por favor — passo a mão em frente da outra, é sempre assim
quando fico nervosa ou ansiosa, e nesse momento os dois me dominam.

— PORRA! — não não não. As lágrimas que eu não iria que viessem
nesse momento transbordam por meus olhos, pois essa demonstração de
raiva extrema que ele está tendo significa que tudo aquilo que eu mas temia
é verdade sim — eu vou matar a Avani. Sasha me deixa explicar...

— Não me toca. O que eu te fiz para fazer uma coisa dessas comigo?
Dimitri por favor não faça isso comigo, não destrua minha vida. Eu não
quero me casar com um estranho te imploro.

— Sinto muito irmãzinha. Eu também não queria que fosse assim, mas
aquele desgraçado me encurralou e jurou se eu não permitisse que se você
não fosse por bem com ele, te levaria a força. Eu me endividei até o pescoço,
e ele usou isso contra mim. Eu dei nossa casa como garantia, mas quando ele
viu você ele não quis mais a casa e sim você — sinto meu mundo cair sobre
meus pés e um bolo se formar na minha garganta, isso está mesmo
acontecendo?

— O que acontece se eu não aceitar? — Pergunto mesmo sabendo que


provavelmente a resposta não me alegrará em nada.

— Primeiro nós perderemos a casa e segundo ele te levará a força, não


importa o que você faça.

— E você me vendeu como seu fosse uma mercadoria, como se de um


objeto se tratasse Dimitri. — Fico imaginando tudo o que terei de passar ao
lado de um homem que desconheço. Me encosto numa das pares do quarto
dele e de forma automática meu corpo desliza até o chão até que eu fique
sentada com os joelhos dobrados, não é possível que em apenas um dia
minha vida tenha mudado tanto meu Deus. — Dimitri você acha que eu
mereço tudo isso? Você acha minha vida tão insignificante até o ponto de
tomar decisões sobre ela sem falar comigo?

— Porra Sasha? Nunca passou pela minha cabeça te entregar desse jeito...

O corto imediatamente: — você não me entregou você me vendeu. Sabe


porquê? Porque você é egoísta e só pensa em você e em ter uma vida com
mordomias.

— NÓS NÃO TEMOS SAÍDA! — Ele praticamente grita descontrolado


— entenda isso, quanto mais cedo aceitar isso será melhor para todos nós,
não podia arriscar perder a casa da nossa família. Você deveria agradecer
afinal de contas nenhum homem se casaria com...

Ele parece se controlar para não proferir a palavra que eu sei que ficou
instalada no garganta.

— Pode terminar, ninguém se casaria com uma cega não é isso? — Me


apoio na parede e com impulso me levanto e volto a ficar parada —
Obrigada irmão, muito obrigada por arranjar um casamento tão bom para
mim.

Sem falar mais nada saí do quarto dele aos prantos, me perguntando o que
eu tinha feito de errado para merecer tudo isso.
Lembrar daquele homem faz meu corpo estremecer, não quero imaginar o
que fará comigo quando nos casarmos. Eu nunca beijei antes nunca tive um
namorado, eu não sei nada sobre relacionamentos e muito menos faço ideia
de como é dividir confidências ou intimidades com o sexo oposto. Entro no
meu quarto e me jogo na cama enquanto as lágrimas grossas jorram por
meus olhos.

— Meu Deus! Eles me venderam e nem se preocuparam com meus


sentimentos Por favor me ajuda, mande um sinal uma luz, eu não vou
suportar tudo isso. Eu sinto que esse homem vai me quebrar.
E mais uma vez abro os olhos e me sento na cama num solavanco, minha
respiração soa ofegante mesmo no escuro do quarto, da camisa do pijama
também extremamente molhada é possível ver meu peito subir e descer
sobre a luz transmitida pela lua lá fora, todo meu corpo está suado e o
travesseiro está todo ensopado pelo meu próprio suor, e por incrível que
pareça a previsão do tempo para cidade de Seattle durante a madrugada de
hoje não passa dos trinta graus Celsius de máxima, a roupa que estou
vestindo é fresca e eu não estava coberto e o quarto está bem arejado. Para
dizer que não são os fatores externos que provocaram o calor incessante e o
meu despertar súbito. Foram meus fantasmas, aqueles que não me deixam
dormir e que já me conformei que irão me acompanhar pelo resto da minha
vida fodida.

Suspiro e passo minhas mãos também suadas no meu cabelo, eu sabia que
aquele tempo de um sono tranquilo ia me custar isso, mas uma madrugada
acordado até o sol espreitar no horizonte. Me levanto da cama e tiro a camisa
a largando de qualquer jeito na mesma, caminho até a porta que dá acesso a
sacada e saio para me esgueirar na espreguiçadeira, olho para o exterior da
mansão e apenas vejo escuridão, e não tinha como ser o contrário pois o
relógio marca um quarto para as quatro da manhã.
Já me acostumei com isso o pouco tempo que consigo dormir se meu
passado me perturbando é suficiente para descansar o cérebro para no dia
seguinte eu estar mais ou menos vivo para o trabalho.

Já passam mais de seis anos e o pesadelo ainda é o mesmo, as vezes


minha própria mente é criativa e aprimora cada vez mais o pesadelo, o
sangue, o fogo os gritos e as vezes as gargalhadas estridentes daquele filho
da puta do meu progenitor, porque para mim ele nunca foi um pai, foi só
alguém que disponibilizou seu esperma para me gerar, se sinto a falta dele?
Nem um pouco a morte para ele foi pouco depois de tudo o que ele fez, uma
pena ele não ter morrido pelas minhas próprias mãos, quando você é
quebrado da pior forma possível há coisas que você não hesita mais em
fazer, quando não existe nenhum motivo para continuar respirando. Se
pudesse acordava aquele desgraçado e o matava da pior forma possível
deixaria o corpo dele em frangalhos.
Tento conter essa coisa que está crescendo dentro de mim, para não
destruir nada no quarto saio em direção a minha academia, pelo menos lá eu
posso descontar esse ódio em alguma coisa que aguente.

Sem nenhuma pausa desfiro sucessivos socos no saco de pancada


pendurado na minha academia, mesmo sentido meus dedos e punhos
ardendo e possivelmente sangrando eu não paro, não quando a vontade de
destruir o mundo ainda se apodera de mim, meu corpo que a pouco se
recuperava da enorme quantidade de suor que meu estava expelindo agora
está três vezes mais banhado pelas gotículas. Quando percebo o cómodo é
iluminado pela luz meio alaranjada eu paro e me viro para a parede
panorâmica que nesse momento mostra o sol nascendo entre as montanhas
do vale de Washington. A respiração sai de forma descompassada enquanto
contemplo a vista parado no tapete de ginásio, sem mais delongas saio da
academia e volto para o quarto indo para o banheiro a seguir me livro da
roupa e me coloco de baixo do chuveiro cujo solta dezenas de linhas de água
gelada bem fortes, apoio minhas mãos na parede ficando de costas para o
vidro protetor fecho os olhos e lindos olhos azuis intensos se apoderam da
minha imaginação, a pele branca onde desejo mais que tudo deixar minha
marca, os lábios finos cujos não paro de imaginar envolta do meu membro
ereto e sedento, aquele corpo pequeno e magro mais com as curvas certas
acorrentado implorando para ser chicoteado e fodido ao mesmo tempo a
buceta que deve ser... Oh porra.
Quando dei por mim minha mão esquerda já estava fazendo movimentos
de vai e vem frenéticos e minha mente perversa e profana já projetava mil
maneiras de a foder sem limites. Nesse momento nem ligo se estou sendo
um fodido pervertido e nem ligou o quanto isso seja doentio apenas
mergulho na minha própria imaginação enquanto meu corpo me alerta que a
libertação está próxima, mas me nego que isso acabe, a sensação é tão boa, e
mais dois movimentos em torno do pau eu gozo forte.

— Anjinho — grito por ela de forma trémula enquanto meu esperma se


espalha pelo chão e pelas paredes do box deixando meu corpo trémulo e
flutuando por mais alguns segundos. Isso nunca aconteceu antes, mas não é
nenhuma surpresa, porque assim que a vi eu e a ferra que mora em mim
sabíamos que ela era nossa, que ela nos pertencia em todos os sentidos
possíveis. Eu vou adorar devorar ela, sei que isso é mais do que simples
tesão, está muito mais além disso eu sinto que te certa forma ela é o que
preciso para aplacar isso que se esconde em mim, esse monstro que sou.

Saí do banho me vesti com um de meus ternos pretos, camisa e gravata da


mesma cor, ao longo do tempo sem perceber eu simplesmente decretei luto
eterno, minhas roupas são todas de cores escuras, quando se perde muito na
vida até mesmo nossas vestes passam a exprimir encantamento o que somos,
e eu não escondo para ninguém o quanto posso ser sombrio.

Já se passaram duas semanas desde que saí da Rússia, em menos de uma


semana meu estado civil irá mudar para casado, algo que nunca imaginei que
aconteceria outra vez. Existe uma barreira de gelo em mim que me impede
de criar qualquer relação afetuosa com qualquer pessoa que seja e essa regra
não foge das mulheres também. Não existe mais espaço para esse tipo de
coisa dentro de mim, mas quando vi aquele anjinho tocando piano duas
grandes batalhas começaram dentro de mim a primeira entre a machucar e
protegê-la do mundo e de mim mesmo e a segundo está entre continuar com
meu modo de vida ou buscar pela redenção, será possível um anjo daqueles
se apaixonar por um fodido como eu? Não, isso seria o extremo do absurdo
anjinhos como ela esperam pelo seu príncipe encantado num cavalo mas
serei seu príncipe das trevas.

Os últimos acertos do casamento já foram feitos, contratei pessoas


especializadas para cuidar de tudo até mesmo o vestido e acessórios que ela
irá usar já foram providenciados. Isso pode parecer frio demais mas eu não
me importo se me caso ou não com ela desde que esteja do meu lado o resto
está ótimo. Limitei o número de convidados para cem, não sou uma pessoa
que gosta de sentir a presença de várias outras a volta, boa parte dos
membros da máfia russa estarão presentes, sei que isso provavelmente trará
problemas com Enrico mas não me importo, eu não faço parte dessa guerra
que existe entre eles.

Após uma manhã cheia de reuniões e teleconferências caminho pelos


corredores do andar da presidência indo em direção a minha sala, poucas
vezes me sinto saturado mas hoje definitivamente estou começando a sentir
as consequências de noites não dormidas, tarda mas o corpo sempre clama
por descanso, minha desconcentração nas reuniões foi a prova disso.
Atiro o terno num dos sofás veludo marrom escuro e me deito no outro
maior de cor preta que se encontra de frente para a paisagem da cidade.

Mas algo em cima da mesa de centro chama minha atenção, meus


músculos tencionam assim que meus olhos vislumbram aquele maldito
símbolo de formato cilíndrico com algumas escritas em romano antigo de
cor dourada, e tenho a certeza que ele é feito de ouro refinado, o cartão de
cor preta reluz sobre a luz do dia e o brilho do símbolo é ainda maior que
ofusca minha visão me fazendo lembrar de coisas que definitivamente eu
não quero lembrar, por mais que eu não queira admitir por mais que seja
banhando de tatuagens para encobertar a marca que carrego, ela sempre fica
me penicando me fazendo lembrar que ela existe e que é irremovível, que
vou levar ela pelo resto da minha vida.

Sem escolha estico minha mão até alcança-lo, frio exatamente como todos
os que estão por trás dele, atrás do cartão estão escritas apenas coordenadas
geográficas e sei que isso significa que preciso me locomover até o local
descrito do em forma de código. Porra, faz anos que não me meto nessa
merda desde a morte do meu pai, o desgraçado é que me meteu em seus
jogos sujos, desde então me afastei da GENISIS, uma organização secreta
cujo principal objetivo é manipular, controlar e dirigir os eventos históricos
mundiais do mundo inteiro que acham conveniente para a população
elitizada da humanidade.
Faz muito tempo que perdi o medo deles, eu era um maldito covarde
masoquista que aceitava os maltratos, torturas psicológicas e físicas do
próprio pai, segundo ele queria me tornar um homem distinto, para ele eu era
um fraco e ele precisava me preparar para assumir dar o império da família e
foi assim que ele meteu naquele mundo. Sei que se procurar saber como esse
cartão veio parar aqui ninguém vai me responder, afinal de contas eles agem
de forma meticulosa como uns malditos fantasmas, nunca vou me cansar de
procurar meios de destruí-los antes que tornem esse mundo ainda mais podre
do que já é.

Mesmo sem ter mais nenhuma concentração permaneço no escritório até a


hora que devo me dirigir ao porto de Seattle, as coordenadas geográficas
indicam que o encontro será feito lá, quando o relógio marca um quarto para
as oito da noite tiro a gravata e coloco o terno. No estacionamento do
edifício meu motorista e seguranças já me esperavam.

— Para o porto — o motorista acena fechando a porta pela qual entrei no


carro. Se tem algo que aprecio nos meus funcionários é a descrição.
O carro entra em movimento e desliza pelas ruas da cidade, a essa hora o
trânsito já se encontra calmo. O percurso irá durar cerca de dez minutos,
aproveito esse tempo e tiro meu tablet da pasta, quero ver meu anjinho. A
mansão dos Solotov voltou ao que era antes, mas agora infiltrei alguns
seguranças da minha confiança para que me mandem relatórios diários sobre
tudo o que acontece lá. Para minha futura esposa contratei uma dama de
companhia para a ajudar com tudo que ela precisa, não gosto de saber que a
deixam por conta própria sendo deficiente visual. Procuro por ela em toda a
casa e finalmente a encontro sentada num dos bancos do jardim que agora
ganhou vida com a ajuda dos profissionais contratados.

Seus cabelos negros acompanham o movimento do vento, como todas as


vezes seus olhos estão concentrados num único ponto, ela está falando com
alguém no celular, alguma coisa dentro de mim grita quando a vejo soltar
um sorriso tímido para pessoa do outro lado da linha. Ainda com a câmara
de segurança focada nela procuro no tablet o aplicativo que uso para
monitorar o celular dela e pelo que vejo ela está falando com uma de amiga,
por isso desligo o tablet e arrumo ele.
Assim que o carro estaciona em frente a um dos navios atracados no lugar
meu motorista abre a porta me dando espaço para sair, vejo alguns carros da
marca Mercedes e deduzo que eles chegaram. Um dos homens que estava a
minha espera me guiou até o interior de um dos navios, a porta metálica da
cave range assim que é aberta, no interior dois homens elegantemente
trajados estão me observando. A GENISIS é composta por pessoas de
diferentes esferas da sociedade, políticos, capitalistas, líderes religiosos,
homens que se acham ricos demais e seus filhos e por aí se estende a lista.

— Espero que tenham uma razão muito convincente para me convocar a


aparecer aqui. — Um deles se aproxima ficando assim mais visível seu
rosto.

— Seu pai tinha algo que nos pertencia e agora queremos de volta. Na
verdade ele armou nos trair e pretendia fazer isso revelando nossa identidade
e o que fazemos — Seu sotaque britânico reverba no ambiente.

— Não sei o que é e nem me interessa saber. Podem procurar na casa dele,
mas se estão me procurando deve ser porque não acharam.

— Acreditamos que tenha deixado com você ou num dos cofres do seu
banco. ― Malditos filhos da puta.

— Façam o que quiserem não irei gastar meu tempo com isso — me
aproximo deles — nunca mais entrem em contato comigo e muito menos se
metam no meio do meu caminho. Assim como vocês, eu também tenho
minhas armas. — Dou as costas a eles caminhando em direção á saída.

— Não pode se livrar da sua natureza. Você nasceu para grandeza — não
dou atenção nenhuma para suas palavras, depois de anos nunca pensei que
voltaria a enfrentar esse caras de novo. Enquanto caminho em direção ao
carro trio meu celular e logo para pessoa capaz de me ajudar com isso.
Depois de dois toques ele atende.

— Eles voltaram!
Sempre achei que nada nunca ia superar a dor que senti quando perdi meu
pai ou quando descobri com apenas dez anos que minha mãe me abandou
ainda recém nascida, até esse momento, até o dia que meu irmão achou que
era meu proprietário e resolveu me vender. Desde aquele dia minha mente
não para de processar sobre o ocorrido, eu ainda não estou conformada, e
juro que se houvesse uma forma de fugir de tudo isso eu fugiria para bem
longe de todos. Meu coração foi despedaçado pela grande decepção que meu
irmão me fez sentir quando com a voz mais fria disse que eu ia me casar
para salvar a fortuna da família. Se ele realmente não quisesse me entregar
sem dúvidas ele teria contactado a máfia. Mas como até a organização é
repleta de machistas e oportunistas tenho certeza que me entregariam para
meu futuro marido de qualquer jeito.

Tento engolir o choro que está por vir, mas é impossível quando na sua
cabeça passam as diferentes formas de ser infeliz ao lado de um homem que
não se ama. Um nó se forma na minha garganta e se estende até a boca do
estômago, seguro naquela região com a intenção de aplacar os tremores que
se espalham por meu corpo, mas é impossível, em segundos meu corpo todo
está tremendo e de meus olhos transbordam lágrimas de dor, medo e
incerteza do que virá e será minha vida a partir de hoje.
Eu mal tive tempo para digerir a notícia de que fiquei noiva quando como
uma facada brutal Dimitri me informou que eu me casaria em três semanas,
foi aí que minha paz acabou de vez, porque minha cabeça por mais que eu
tentasse não parava de remoer meu destino na minha cara. Três semanas se
passaram, e nesse tempo minha vida se resumia em pensar na chegada desse
maldito dia. Por causa da dor eu amaldiçoei meu próprio pai por ter morrido
e me deixado nesse mundo sozinha, porque se ele estivesse aqui sem dúvidas
nada disso estaria acontecendo, estaríamos juntos e felizes tal como ele me
prometeu naquele fatídico dia.

— Querida não chore! — não sei quem é essa mulher só sei que ela faz
parte da equipe que vai me arrumar para o abate ― venha vamos tomar um
banho relaxante na banheira, já preparei tudo para você — sem parar de
derramar uma lágrima se quer segurei na mão dela e juntas caminhamos,
provavelmente estaria me levando até o banheiro.
Assim que entramos no cómodo eu não sabia o que fazer, aqui não é a
minha casa onde eu já sei onde fica cada cómodo e cada objeto, saio do meu
devaneio quando sinto as mãos de alguém no nó do robe feito de seda fina
que estou usando. Imediatamente me afasto.

— Desculpe não queria assusta-la, apenas queria ajudar com o robe. — E


nesse momento meu rosto esquenta drasticamente por saber que alguém me
veria nua. O choque é ainda maior quando lembro que a partir de hoje um
homem desconhecido irá me tocar e usar do jeito que vai entender, afinal de
contas ele me comprou, de repente sinto a única peça que meu corpo traja
cair sobre meus pés, revelando assim a nudez do meu corpo magro ― venha
querida, está tudo pronto, apenas tente relaxar, hoje você vai ter um dia de
princesa.

Mesmo isso dilacerando minha alma, eu entro na banheira que


aparentemente é bem espaçosa. A água está bem morna e a mistura do aroma
das pétalas e dos sais de banho domina minhas narinas e um suspiro que não
esperava sair da minha boca preenche o ambiente.
Não sei quanto tempo permaneci dentro daquela banheira, mas foi tempo
suficiente para saber que eu não conseguiria relaxar em nenhum momento
por mais que eu tentasse e que meu corpo implorasse por isso.
Após o banho a sequência de acontecimentos passou tão rápido tal como
as três semanas que roguei a Deus que durassem um ano. Ali não era mas eu,
meu corpo pertencia a aquelas pessoas a minha volta que ficavam falando o
quanto sou linda e que me deixariam ainda mais linda com todas aquelas
coisas que fariam em mim, nomeadamente, arrumar meu cabelo, fazer minha
maquiagem e toda aquela lista que se deve seguir para deixar uma noiva
bonita, em alguns momentos eu ficava curiosa pois eu queria saber como
seria o resultado final, queria saber como eu fico vestida de noiva e
principalmente se a langerie para noite de núpcias era realmente linda como
todos os profissionais contratados para me preparar afirmavam.

Finalmente eu estava pronta, uma tristeza profunda se apoderou de mim


ao constatar que não podia me ver no espelho como uma noiva normal faria
nesse momento. Respiro fundo e de forma trémula minhas mãos passeiam
pelo vestido de noiva que estou vestindo, eu posso sentir o bordado
detalhado em torno das mangas, a parte de cima é justa até a cintura e em
baixo composto por uma saia bem cheia que a cada movimento que eu fazia
ela acompanhava, nem o vestido eu pude escolher.

Meus pensamentos são cortados quando ouço alguém bater a porta, faz
tempos que estou aqui sozinha. Todos saíram depois de me elogiar e desejar
felicidades.

— Sasha! — Depois de tanto tempo no final ele veio. Desde a nossa


discussão eu e Dimitri nos afastamos ainda mais, a pouca convivência que
mantinham simplesmente desapareceu. Ouço seus passos atrás de mim, ele
segura as laterais dos meus braços e vira meu corpo em sua direção, um
beijo casto é repousado na minha testa, franzo a testa após sentir o cheiro
forte de álcool. — Eu vim te buscar para te levar ao altar, seu futuro marido
a espera.

O medo e nervosismo que sentia antes pioraram, porque estou cada vez
mais perto da minha prisão, o choque da realidade me faz derramar algumas
lágrimas.

— Por favor Dimitri, fala para esse homem que eu não quero me casar.
Fala para ele que pode ficar com tudo o que quiser, e que nem que leve a
vida toda nós pagaremos a dívida caso a nossa casa não seja suficiente para
pagá-lo, por favor, eu te imploro. Não me abandone irmão — sinto seus
dedos frios limparem minhas lágrimas com delicadeza.

— Se recomponha, vou te esperar lá fora — ainda atónita com o jeito frio


e insensível do meu irmão desabo num sofá que por sorte estava atrás de
mim caso contrário estaria esparramada no chão de tão trémulos que meus
pés estão. Após intermináveis minutos, eu levantei e me recompus, alguém
veio me ajudar porque sozinha não faria nada, Natasha e Avani vieram me
desejar felicidades da maneira mais falsa possível e foram embora
tagarelando sem parar sobre o quanto o jardim estava repleto de homens
lindos e bilionários.
Caminho a passos vagarosos com Dimitri ao meu lado segurando meu
braço, já estamos do lado de fora da casa, e pelo que ouvi não é aqui que
vamos morar, a casa do meu marido fica em Seattle, uma das cidades do
Estado de Washington.

Meus pés, que calçam uma sandália rasa sem salto entram em contato com
a grama fofa do jardim, as sandálias foram a única coisa que eu pedi, porque
não haveria de conseguir andar naqueles sapatos de salto alto, nunca tive o
costume de usar salto, a minha deficiência também não ajuda muito.

Quando as primeiras notas do prelúdio 24 de Frederich Chopin chegaram


aos meus ouvidos, meu coração deu um tropeço que eu quase recuei, mas
Dimitri me segurou firmemente como a soubesse da minha intenção de dar
meia volta e sair correndo. Minha pele que mal sabia o que era a luz do sol
festejou quando sentiu os primeiros raios sobre ela, meu coração batia de
forma descompassada, enquanto sentimentos de ódio e medo se misturavam
no meu interior, sei que a distância para meu futuro incerto está apenas a
alguns passos. Quando dei por mim eu já estava parada, e de repente uma
energia que nunca senti antes percorreu meu corpo quando senti uma mão
grande que não era do meu irmão segurar de forma firme em minhas costas.

O medo se apodera de mim e os batimentos do meu coração aumentam a


velocidade de forma brusca que sinto que a qualquer momento eu vou cair
desfalecida no chão. Sinto Dimitri se afastar e eu quase chamo por ele para
me levar embora, quando a presença fria e sombria do meu futuro marido
domina meu pequeno corpo. A essência do seu perfume masculino está cada
vez mais forte, sinal de que estamos quase cara a cara, sem esperar sinto sua
respiração no meu ouvido, imediatamente prendo o ar e congelo.

— Quero que se acalme. Afinal de contas de nada me serve uma noiva


demasiada. Não quero mais prolongar esse teatro — aquela voz máscula e
grossa como um trovão dita aquelas palavras de forma calma
automaticamente meu corpo relaxa obedecendo sua ordem. Minha
respiração volta ao normal e aos poucos meu coração volta aos seus
batimentos regulares. Como ele fez isso?

A sequência de acontecimentos externos segue enquanto eu me tranco no


meu próprio mundo, a troca de votos, a troca de alianças, a afirmação de que
é nosso desejo estar um com o outro pelo resto de nossas vidas, em todos
esses momentos para não desabar eu resolvi me desligar, algo que
ultimamente estava resultando.

O salão de festas não estava muito movimentado como geralmente


acontecia nos casamentos de pessoas influentes, era possível sentir isso, e
pelo que eu soube meu marido é dono de um banco e provavelmente era
muito conhecido no mundo dos negócios e finanças. As pessoas nos
felicitaram e algumas mulheres conversaram comigo, e como era esperado
não consegui me inturmar.

Após uma hora, fui comunicada que já estávamos de partida. Eu não sei se
teríamos lua de mel, mas para um homem como ele essas coisas devem não
lhe interessar em nada. Sua mão grande e fria segurou a minha e juntos
caminhamos até o carro. Vinte minutos depois estávamos dentro de um
avião.
Sentada na poltrona lembrei que minha amiga Yeva não pôde comparecer
ao meu casamento pois nesse momento não se encontra nos Estados Unidos
- país onde ela está estudando - mas prometeu que assim que regressasse
viria me visitar.

A viagem está demorando tanto, faz uma hora que decolámos, era suposto
essa viagem levar menos de uma hora, e como meu marido parece não ser
adepto do diálogo eu fico com receio de perguntar para onde estamos indo.
Estou muito cansada e meu corpo está começando a reclamar através do
sono, tentei me manter acordada porque não confio nesse homem para saber
se não faria alguma coisa comigo, mas final ele estaria em completo direito
de uso.

Está tão quente que posso sentir as chamas começando a consumir meu
corpo, o fogo deve estar bem forte porque posso ouvir o encriptar das
chamas. A dor e a agonia são dilacerantes.

— Me ajudem por favor! — Falo já sem forças, a respiração já está


falhando. — Papai me ajuda. — O silêncio é a única resposta que obtenho
após essa súplica. A cada lufada de ar que tento puxar mais eu sufoco. Eu
finalmente mergulho na escuridão.

Após o interminável sufoco eu acordo num solavanco, e sinto que estou


respirando normalmente e que não estou em chamas, seguro meu peito que
sobe e desce acompanhando minha respiração acelerada. Tateio toda a região
do busto e não sinto aquele tecido do vestido, e muito menos o peso da saia,
toco todo meu corpo até chegar a conclusão de que estou vestindo um robe
bem curto, o penteado foi desfeito e meu cabelo nesse momento está preso
numa trança.

— Que bom que acordou! — Meu Deus, foi ele que tirou minha roupa?

— Foi você que que... — as palavras não saem de tanta vergonha.

— Sim fui eu quem tirou seu vestido. Agora somos marido e mulher e
tenho todo o direito de fazê-lo. — Sua voz está distante o que indica que está
em algum canto me observando, pois sinto todo meu corpo esquentar.

— Onde estamos? — Finalmente pergunto depois de tanto tempo que essa


pergunta ficou instalada na minha garganta.

— Em Paris! — Ele foi categórico com sua resposta, sem abrir espaço
para troca de mais algumas palavras ou perguntas, ouço seus passos pelo
local que acho que deve ser o quarto até sentir a cama em que estou afundar
— está na hora de consumar o casamento anjo!
Paris, França
Após ouvir aquela frase dita por ele de forma nada romântica, meu corpo
todo começou a tremer e minha mente estava processando mil formas de
fugir de tudo isso ou então acordar desse pesadelo que minha vida se
encontra, quando a essência do seu perfume domina todo ambiente e
principalmente indicando que se aproxima de mim minha respiração se torna
descompassada, irregular e a cada busca pelo oxigénio minha boca se abre
libertando o ar, eu sei que não vou escapar disso, eu sei que ele está me
observando como o predador que é, e está só esperando o momento certo
para atacar e me devorar como um coelho assustado.

A cada vez que a cama afunda e seu perfume se torna parte do ar que
respiro eu me afasto, já é impossível respirar apenas pelo nariz a tensão é
tanta que agora a boca é que está incumbida de exercer essa função, é como
se eu tivesse corrido uma maratona, meu peito aquece e começo a sentir
meus poros expelindo o suor na testa. Minha respiração ruidosa é o único
som que ouve no ambiente, essa é a parte do casamento que menos pensei
nas últimas três semanas mas agora sendo a presa dele estou vendo que
deveria ter tomado isso como prioridade nos meus pensamentos.
Quando minhas costas batem na cabeceira da cama como um soco forte, a
realidade me mostra que não tenho mais saída, não há escapatória para isso,
eu fui vendida e meu dono tem todo direito de fazer o que bem entende
comigo.
Sinto seus dedos quentes acariciando minhas bochechas lentamente
enquanto sobem até meus lábios entreabertos, um dos dedos circunda o
formato dos meu lábios e depois se afasta. Desde que nos casamos eu
percebi que diálogo é algo ele evita esporadicamente, não preciso vê-lo para
saber que é um homem silencioso, sombrio e também posso dizer sofrido, eu
sinto que tem alguma coisa nele que não está bem.

— Não precisa ter medo anjo! — Sua voz assombrosa me tira do meu
devaneio — eu vou te foder tanto menina, você não imagina o tamanho da
tesão que sinto por você, meu anjinho — ele toca meu cabelo enquanto inala
meu perfume no pescoço, estou meio deitada então isso facilitou — nós
estamos loucos para sentir você e seu sabor feminino. — Nós?

Entro em desespero total após ouvir isso, será que para além dele terei de
me envolver sexualmente com mais alguém? Como se percebesse meu
espanto ele volta a falar.

— Não se preocupe, apenas eu posso tocar você. Meu amigo inseparável


também irá aproveitar do momento.
— Por-por favor — minha voz sai mais trémula do que eu queria — não
me machuca. Eu... não estou pronta para isso. — Sinto as primeiras lágrimas
tornando meu rosto molhado. Ele não fala nada, apenas se aproxima ainda
mais de mim, suas mãos grandes estão acariciando minhas coxas de forma
erótica e carinhosa e algo desconhecido está acontecendo com meu corpo.
Suas mãos vão se aproximando da minha cintura onde ele me segura com
certa brutalidade mas sem perder o erotismo.

Beijos lascivos e estalados são espalhados pelo meu pescoço, Deus o que
é isso que estou sentindo?
Eu não devia sentir essas coisas, me sinto tão suja. Minhas mãos largam o
lençol no qual estão fechadas em punhos.

— Seu perfume é tão doce anjo — sinto as carícias feitas pelo seu nariz na
curva do meu pescoço e pequenos gemidos involuntários saem da minha
boca, e isso o deixa satisfeito pois ouço seu sorriso. — Sei que você é
virgem, por isso hoje faremos tudo a moda antiga, sexo baunilha, mas depois
disso eu te ensinarei muitas coisas, depois de tudo você vai mergulhar no
meu mundo com total entrega e submissão, por bem ou por mal.

Não entendo o que essas palavras significam, por isso continuo calada.
Quando menos espero a alça da camisola desliza pelo ombro e sei muito
bem o que segue, seus lábios seguem para essa região desnuda do meu corpo
enquanto sua barba que deve ser enorme também espalha sensações no meu
corpo, seus lábios esmagam meu ombro desnudo enquanto uma de suas
mãos continua apertando minha cintura, o percurso que os lábios fazem até
minha boca é tão rápido que não tive tempo para respirar, o que começou
num beijo casto e calmo se transforma em algo extremamente selvagem,
minha mão segura em seu peitoral com intuito de o afastar porque está se
tornando difícil respirar, quando minha mão entra em contato com a pele do
peitoral uma energia vibrante se espalha por todo o meu corpo. Em poucos
minutos estou experimentando diferentes sensações que nunca antes tinha
sentido. Ele parece ser bem musculoso e bem a grande, oh meu Deus!

Imediatamente me afasto de seu toque mas isso não durou muito porque
me segurou com mais possessividade e me colocou sentada na cama.

— Para! Eu não quero! — Esperneio enquanto seu peso me esmaga.

— Agora é tarde anjinho. — Após várias tentativas de me soltar eu


finalmente desisti, foi tolice minha pensar que podia escapar de um homem
duas vezes maior que eu.

Quando ele finalmente largou meus lábios mal tive tempo de falar alguma
coisa e minha camisola foi totalmente retirada do meu corpo, meu corpo se
arrepia todo quando o vento fresco da cidade parisiense entra em contato
com minha pele. Meus seios enrijecidos são esmagados pelos lábios do meu
marido, deixando eles com uma dureza ainda maior, já se tornou impossível
segurar os gemidos, minhas pernas são abertas com brusquidão, antes que eu
pudesse protestar ele já estava no meio delas segurando minhas coxas
firmemente, sinto seu membro encostar na minha virilha e isso me deixando
ainda mais em brasa pois por conta própria meu corpo procurava um alívio
que nem eu mesma conhecia.
Meu quadril remexe se esfregando cada vez mais rápido naquele membro
que eu devia repudiar.

Quando ele se afastou, dos meus lábios saiu um protesto mais que audível,
não sei o que ele está fazendo mas ele parece estar procurando algo.
Quando finalmente voltou para cama segurou meus pulsos e sem minha
autorização os amarrou no alto da minha cabeça com algo que parecia uma
corda. Sinto uma pontada de medo e com isso tento me soltar, mas é
impossível, porque os nós foram muito bem feitos.

— O-o que vai fazer comigo? — Mesmo com medo essa maldita
excitação não se acalma.

— Eu te darei prazer anjo. Nós vamos sucumbir no nosso próprio prazer.


— ele acaricia meus seios que imediatamente voltam a ficar duros, junto
com essa sensação voltam os gemidos tímidos que eu soltava.— Agora abre
essas pernas para mim anjo, quero ver essa sua buceta pequena e rosada bem
exposta.

Mordo os lábios para tentar abafar os gemidos e aperto minas pernas pois
estou com vergonha demais para fazer o que ele manda, sinto um tapa
estalado na lateral da minha coxa, não doeu mas me assustou. Sua voz
estrondosa como um trovão mandou: ― abre elas! Agora.

Isso não foi um pedido e sim uma ordem, tentei não fazer o que ele
mandou mas meu corpo traiçoeiro o obedeceu. Ouço seu rosnado após abrir
ligeiramente as pernas. E imediatamente sinto meu corpo ser puxado ainda
na mesma posição.

— Tão maravilhosamente suculenta e linda. Está pronta para mim —


gemo alto quando sinto algo molhado e gelado acariciando minha
intimidade, gemo ainda mais alto quando atinge uma parte específica, uma
parte muito sensível.

— Ah oh meus Deus — faço o possível para me soltar e apertar em


alguma coisa mas é impossível. Quando sinto suas mãos grandes nas laterais
das minhas coxas eu chego a conclusão de que o que está me
proporcionando esse prazer não é um objeto e sim sua língua. Mesmo
morrendo de vergonha eu imploro para que ele continue, minha pulsação se
torna ainda mais acelerada e sinto que algo grande está por vir. A prova
disso acontece quando num súbito tremores fortes e incontroláveis dominam
meu corpo de forma avassaladora, ergo meu quadril gritando seu nome bem
alto enquanto uma sensação de prazer absoluto que começa na região da
bexiga desce até os músculos nervosos da minha intimidade enquanto
mergulho num frenesi incontrolável e então sinto lágrimas transbordando
por meus olhos e escorrerem pelas têmporas.

Após uns trinta segundos minha mente volta a si, e minha respiração
também volta ao normal. Eu fiquei tão entorpecida que só agora percebi que
meu pulsos foram soltos, o relaxamento é tanto que eu mal me mexo. Meus
Deus o que eu fiz? Agora esse homem vai ter mais motivos para achar que
eu compactuei com tudo o que envolve esse casamento errado.
Sem ligar para minha nudez me viro de lado e começo a chorar.
Sentado na poltrona ao lado da cama saboreio o whisky com gelo
misturado com o sabor delicioso do meu anjo. Ela continua deitada na cama
provavelmente ainda se recuperando do intenso orgasmo que acabou de
sentir. Seu corpo é tão sensível e sei que em pouco tempo ele irá reconhecer
meu toque como o dono dela.

Não deixo de imaginar como seria a ter submissa, amarada e totalmente


molhada como agora a pouco. Sua natureza já me mostrou que ela será uma
mulher com muito fogo na cama, com os treinos certos ela ficará perfeita, do
jeito que gosto.
Saio do meu devaneio quando ouço seu choro tímido, ela deve estar se
culpando por ter sentido prazer, o que ela não sabe é que ainda não viu nada.

Me levanto e caminho até a cama, retiro a única peça de roupa que estou
vestindo, uma calça moletom, largo ela de qualquer jeito no quarto enquanto
o desejo cresce dentro de mim. Meu membro está feito uma rocha apontado
para seu pequeno corpo trémulo, estou tão duro que não duvido que sou
capaz de a foder até o dia amanhacer, uma vibração se espalha no meu corpo
ao imagina-la amarada num dos meus postes de açoite com seu corpo cheio
de marcas feitas por um dos chicotes da minha extensa coleção.
Sem precisar da sua autorização e pouco me importando com seu choro,
toco os seios pequenos e roliços que se tornaram a minha parte favorita no
seu corpo. Ela solta um suspiro baixo e não fala nada, ela não precisa falar,
seu corpo já diz tudo, ela sabe que já sou seu dono em todos os sentidos.

— Agora é a minha vez de gozar intensamente dentro de você anjo!—


Meus lábios famintos devoram os seios dela enquanto meu pau pulsante
implora para mergulhar na carne dela. Mesmo lutando consigo mesma ela
começa a gemer de um jeito tímido quando meus dedos acariciam seu
clitóris inchado. Ela está tão molhada que meu pau vai deslizar sem muito
esforço.

Quando suas mãozinhas quentes tocam meus ombros eu quase perco o


controlo, preciso dela, ela é tudo que eu quero cuidar e machucar agora.
Já posicionado entre suas pernas seguro meu pau duro e o encaminho em
direção a sua buceta virgem que está toda ensopada também implorando por
mim. Com cuidado impuro meu pau no seu canal e como esperado ela pede
que eu pare, mas não obedeço, é tarde demais para isso.
Devoro seus lábios enquanto a entro bem devagar.

— Oh porra! — Rosno ainda me deliciando de seus lábios finos quando


meu membro finalmente se acomoda dentro dela, quente e apertada. — Anjo
você é tão gostosa — quando ela contrai os músculos vaginais, eu quase
gozo dentro dela, sei que ela fez isso involuntariamente, provavelmente um
reflexo por causa da dor que sentiu quando a barreira da sua inocência foi
quebrada, um gemido rouco sai de mim.

Seguro seus pulsos e os posiciono acima da sua cabeça e então começo as


investidas, a estoco firme e forte.
Nunca senti tamanho prazer, eu definitivamente quero me perder nesse
corpo. A fodo comtemplando esses olhos que conquistaram a mim e a fera, a
fodo como se o amanhã não fosse chegar, e a cada movimento sinto que a
libertação está bem próxima.

— Você é minha anjo, minha! — Ela não tem mais escolha, ou ela me dá
tudo de si ou então a arrastarei comigo.
Minha consciência desperta fazendo meu corpo vibrar ao sentir aquele
corpo pequeno enroscado nos meus braços enquanto sua cabeça descansa no
meu peito. Depois de tantos anos é difícil acreditar que finalmente tive a
oportunidade de desfrutar de uma noite tranquila de sono sem súbitas
surpresas. Durante muito tempo eu não soube o que era isso, esse privilégio
me foi tirado a seis anos atrás, numa inesquecível noite. Olho as horas no
celular e ele marca nove horas da manhã, muito mais tarde do que
imaginava. No meu estado normal a essas horas eu já teria esquecido que
tinha dormido.

Meu corpo se encontra com as forças revigoradas e uma outra sensação


que no momento é impossível decifrar, mas acordar sem ter um pesadelo se
quer me faz achar que talvez haja esperança para mim, no final talvez ainda
exista vida para alguém como eu.

Apesar das horas o quarto de hotel está num breu devido as cortinas de um
verde escuro que ainda permanecem fechadas. Um suspiro baixinho do meu
anjinho chama minha atenção, ainda com sua cabeça encostada no meu
braço contemplo seu rosto, que mostra o quanto ela dorme serenamente, seus
cabelos espalhados e os lábios finos entreabertos. Ela deve estar mesmo
muito cansada, mas com toda razão.
Primeiro por causada da longa viagem de Washington para cá, e foi um
voo direto sem nenhuma escala. Quando chegamos em Paris o relógio
marcava meia noite, obviamente que não esperei a porra da festa terminar,
saímos muito mais cedo, o casamento se realizou numa das enumeras
propriedades da família, e foi do jeito que solicitei sem muita gente e sem
muitas cerimónias.
Quando chegamos ela já dormia então não foi difícil a tirar da aeronave e
trazê-la para o quarto, ela não pesa quase nada e o sono dela é muito
profundo.

O segundo motivo do seu cansaço, sem dúvidas se deve a madrugada


prazerosa que tivemos, certo que nada ia de encontro com minha natureza e
muito menos como eu queria, mas não posso negar que apesar de
inexperiente ela me proporcionou um prazer que nenhuma mulher nunca me
fez sentir.

Ela também não fica atrás, por ser cega seus outros sentidos ficaram mais
apurados, principalmente o tato ela é muito mais sensível em alguns pontos
do corpo, o que mais me deixa duro é ver sua carinha e seus olhos lindos
revirarem enquanto goza chamando por mim. Quando meu nome sai da sua
boca eu fico tão duro, minha mão esquerda acaricia sua cintura e aperto a
região pois a ereção matinal está maior que nunca, sei que ela já está
acordada só não mostra isso pois está com vergonha.

Aprecio seu delicado corpo, um corpo que revelou vários segredos com
apenas alguns toques. Seus seios são redondos e menores, apesar de magra
ela tem as curvas certas para deixar qualquer um louco de desejo, mas eu
serei o único privilegiado a toca-la.

Daqui a algum tempo eu a irei ensinar a perder essa vergonha. Irei a


moldar exatamente do jeito que eu gosto, mas por enquanto farei uma
introdução ligeira do que será nossa vida sexual daqui a algum tempo, por
mais que ela não aceite, não terá como fugir disso. E uma parte de mim
também me condena por a submeter a tais coisas, mas isso é mais forte que
eu, o mínimo que posso fazer nessa merda de casamento é não quebra-la, já
basta um fodido na relação.
Saio do meu devaneio quando ouço meu celular tocando. Tiro minha mão
da cintura da minha esposa e estico o braço até o criado mudo onde o celular
está guardado. No visor vejo o nome de Dominic, e já deduzo qual é o
assunto que ele quer tratar.
Antes de atender saio da cama, e cubro o corpo nuo do meu anjo que
imediatamente se encolhe. Coloco a calça moletom que se encontrava no
chão do quarto.

Caminho até a sacada do quarto e quando o celular começa a tocar pela


segunda vez eu finalmente atendo, olhando avista da cidade.

— Espero que você tenha boas notícias. — É possível ouvir a agitação do


outro lado da linha.

— Tenho boas e más notícias, mas isso depende de como você define boas
e más notícias. — Merda.
— Estou ouvindo!

— É muita sujeira cara, muito mais do que imaginamos a quatro anos


atrás. Vou apenas te falar o básico mas o resto das informações vou mandar
no seu email, nesses documentos está tudo detalhadamente explícito sobre o
que a GENISIS anda aprontando nos últimos dias. — O que já era de se
esperar, esses malditos estão metidos em tudo, até mesmo nos exércitos
mundiais. Dominic é a prova disso, usaram o esquadrão dele para começar
uma guerra mas como não deu certo mataram a família dele da forma mais
brutal possível. Desde então eu e ele nos empenhamos em destruir os
desgraçados. Após a morte do meu pai conseguimos neutralizar eles através
do congelamento de contas bancárias que continham o dinheiro sujo deles,
com os melhores hackers nós distribuímos o dinheiro sem deixar rastros,
levou mais de dois anos para que se reerguessem.

— Droga Dominic! — Suspiro passando a mão no cabelo ― o que mais


tem para mim?

— A notícia boa é que já estou perto de descobrir quem é o líder


fundador dessa organização e a má notícia é que a família da mãe da sua
esposa está metida até o pescoço nessa organização. Eu investiguei e
descobri que eles carbonizaram toda a família Semyonava e restou apenas a
Kátia, mãe da sua esposa. Cara esses desgraçados são doentes.

— Não mais que eu. Agora mais do que nunca eu quero destruir eles,
transformar essa organização que eles tanto exaltam, em pó. Eles foram
longe demais ao me procurar depois de tantos anos. Descobriu o que eles
tanto procuram? — Apesar de não querer nada que envolva a GENISIS eu
preciso saber o que ela tanto queriam comigo.

— Dentro da CIA eu não descobri nada, mas tenho um conhecido lá que


vai continuar investigando mais afundo. — Ele faz uma pausa e continua: —
Minha última saída foram os Serviços Secretos, um ex companheiro de
batalhas no irão estava me devendo um favor, e foi lá que copiei os
documentos que mandarei para você. Preciso viajar para Itália em alguns
dias então quando eu voltar continuamos com nossa investigação.

Após trocarmos mais algumas confidências nos despedimos, bloqueio o


celular e imediatamente minha cabeça lateja, mais problemas para eu gerir, e
agora tem mais alguém na minha vida, merda! Isso não pode acontecer de
novo.

A seis anos eu jurei naquele túmulo que esses desgraçados iam pagar, e
quando finalmente se silenciaram por tanto tempo. Eu sou um fodido morto
vivo pois por dentro eu estou morto e se meu corpo ainda vaga por aí é só
porque não sou covarde o bastante para ceivar meu suspiro. E a volta deles
significa mais destruição e morte, é só isso que o mundo pode obter deles.

Meu corpo já apresenta algumas gotículas de suor provocados pela


temperatura alta que a cidade apresenta no momento, o calor apesar de
moderado é perceptível.
Fiquei tanto tempo aqui que só agora estou me lembrando que deixei
alguém que depende de mim no quarto. Ela vai precisar da minha ajuda para
tudo, a casa já está adaptada para as condições dela, mas também andei
investigando sobre o caso dela e descobri que é reversível, por não ser
congénito.

Segundo o especialista que a acompanhou durante todos esses anos, ela


teve uma lesão nos centros nervosos do olho causada pelo trauma ocular.
Mas dá para resolver isso através cirurgia, Dimitri é tão filho da puta que
nem se preocupou de levar a irmã para fazer essa cirurgia, e como a família
estava perdendo tudo aí ele definitivamente não ligou mais para o problema
da irmã.

Quando voltarmos para Seattle o melhor cirurgião na área da oftalmologia


a espera para realizar a o procedimento, já está tudo organizado. Saio do meu
devaneio quando escuto algo quebrando no quarto.

As pressas entro pela porta pela qual saí e me deparo com Sasha parada de
olhos arregalados enquanto os restos de um vaso estão espalhados pelo chão,
a passos largos caminho até ela e ordeno que não se mexa para que não se
machucasse, sem muita dificuldade ergo seu corpo que se encontra enrolado
no lençol. Em silêncio caminho até o banheiro, coloco ela no chão.

― Fique a vontade para fazer suas necessidades, eu vou pedir nosso café e
volto para te ajudar com o banho ― quando volto para o quarto peço nosso
café e que organizem o quarto e as minhas roupas, a mulher que contratei
que será responsável por cuidar de tudo que diz respeito a minha esposa irá
arrumar as roupas dela, porque eu não entendo nada disso.

Quando entro no banheiro a encontro parada praticamente tremendo


enquanto seus olhos mantém aquele olhar perdido, de vagar para não
assusta-la tiro suas mãos do lençol e seu rosto cora como sempre acontece
quando o lençol alcança o piso do banheiro, sua pele branca se realça tão
bem no meu tom bronzeado como se fossem fogo e gelo, sinto uma vontade
abismal de a beijar por isso me agacho até alcançar seus lábios, ela geme
assim que minhas mãos apertam seu bumbum delicioso, e meu pau fica mais
que acordado ele está pronto para se perder na carne dela.

Sem desgrudar dela enlaço minha mão direita na sua pequena cintura e a
carrego até o box, apenas me afasto dela para ligar o chuveiro no modo
morno, e então começo a me deliciar dela, ela corresponde no início mas
depois fica tensa e tenta se soltar de mim, a aperto com mais força e ela
começa aquele choro que já conheço muito bem. A ferra dentro de mim
vibra ao vê-la desse jeito por isso eu continuo mesmo ela resmungando que
não quer.
— Por favor eu não quero, me solta. — Sua voz de anjo suplicando é
música para os meus ouvidos. ― Me larga seu monstro.

— Ahh anjinho você não vai querer ir por esse caminho não é mesmo?
Desperto sentindo uma de suas mãos grandes envolta ao meu corpo e a
outra sobre minha cintura pressionado aquele local de forma intensa e
brusca, não me atrevo a abrir os olhos, não quero que ele saiba que já estou
acordada. Minha vontade é de gritar com ele e mandá-lo tirar suas mãos
sujas do meu corpo. Não entendo como eu pude corresponder às investidas
dele ontem quando mantínhamos relações.

Ele me fez sentir coisas inexplicáveis, ele fez meu corpo queimar em
brasa e meu subconsciente mergulhar no mais profundo prazer, cheguei até
achar que ia desmaiar com todas aquelas sensações.
Me sinto tão suja e vulgar por ter o correspondido sendo que nosso
casamento não passa de um negócio para ele, sinto que estou traindo a
memória do meu pai, porque isso está completamente contra os princípios
que me foram transmitidos.

Saio do meu devaneio ao sentir o membro de Christopher cutucando


minhas costas, e nesse momento um formigamento se forma na região da
minha virilha e uma vontade insana de tocá-la se apossa de mim.
O toque de um celular me trás de volta a realidade como um balde de água
fria, não posso me deixar envolver, ele está longe de tudo o que eu sonhei
para minha vida. Sempre sonhei em casar com um homem que me amasse
que fosse carinhoso, amoroso e a acima de tudo meu amigo.

Muito diferente do homem com quem estou casada. Ele tem um jeito tão
silencioso, sombrio e as vezes aterrorizante.
Após ele finalmente sair da cama para atender a ligação eu me derramo
em lágrimas silenciosos, não só pela dor que estou sentindo emocionalmente
mas também por me deixar dominar em suas garras. Ele já sabe que me tem
nas suas mãos por mais que minha mente e coração o odeiem e repudiem seu
toque meu corpo as vezes diz completamente o contrário.

Não sei quanto tempo fiquei imóvel na cama apenas pensando que rumo
minha vida ia seguir a partir de agora, resolvo me levantar para pelo menos
vestir uma roupa. Sento na cama e com a mão tateio toda cama em busca das
minhas roupas mas não as acho.

Sei que não devia fazer isso mas eu saio da cama e fico parada com as
mãos apoiadas na borda da mesma. Deus estou parada feito um bicho
assustado, não sei o que fazer ou onde ir, onde tocar e onde não.

Não sei quanto tempo fiquei parada com medo de avançar algum passo e
me machucar, até que finalmente ganho força e dou alguns passos a frente,
estava indo tão bem até que esbarrei em algum objeto de porcelana que
imediatamente caiu e se espatifou, o barulho foi tão alto que com certeza
quem estivesse a cem metros ou mais ouviria, o susto foi tão grande que
fiquei estática com as mãos na boca após soltar um grito. As vezes me sinto
tão inútil.

Passos firmes e rápidos soam no ambiente quando as palmas dos seus pés
entram em contato com o piso, ele está descalço.
De repente meu corpo é erguido num rompante, estou tão atónita que não
abro a boca para falar nada, ele caminha comigo em seus braços e quando
abre uma porta me coloca no chão e me diz que é o banheiro, ele me indica
onde está o vaso sanitário e a pia e vai em bora dizendo que virá me ajudar
com o banho. Mesmo com o tempo fresco senti minhas bochechas
esquentarem no mesmo instante.
Quando ouvi a porta bater as pressas fui até o vaso e fiz minhas
necessidades, quando ia caminhar até a pia escuto a porta abrir, travo no
mesmo instante. Ele chega perto de mim e sob meus protesto desce o lençol
que cobria minha nudez, um nó se firma na minha garganta, tento
acompanhar seus movimentos durante o beijo mas imediatamente acordo
quando sinto um se seus braços me segurar pela cintura e me erguer sem
muito esforço, quando chegamos ao que deduzi ser o box, ele continua com
os beijos no meu pescoço e na boca, quando ele percebe que não está mais
sendo correspondido me aperta ainda mais para perto dele. O choro
estridente que estava preso na minha garganta sai se misturando com o som
da água abatendo o chão do box.

Tento pedir que ele pare, mas ele age como se não estivesse ouvindo
minhas súplicas, quando dei por mim já estava sendo esmagada na parede
fria do boxe, ele vai me machucar.

— Por favor eu não quero, me solta. — Peço antes que seja tarde demais,
ele parece estar possuído. — Me larga seu monstro.

— Ah anjinho você não vai querer ir por esse caminho não é mesmo? —
Meus dentes abatem uns nos outros enquanto meu corpo todo estremece ao
ouvir suas palavras. — Está na hora de mostrar com quem se casou anjo.

— Por-por favor não me machuca — o soluço do meu choro é o único


som que se ouve agora que a água potente não cai mais sobre nós, sinto que
uma tonelada está sobre mim nesse momento e que meu coração irá me
abandonar a qualquer momento.

— Não vou te machucar esposa! — Respiro mais aliviada pela resposta,


sinto sua respiração calma e demasiadamente controlada atrás da minha
orelha — mas você não irá escapar do seu castigo.

Minha espinha gela e a tremedeira que mal havia cessado recomeçou


acompanhada do choro estrangulado. Ele segura minha mão me puxando
para começar a andar, mas definitivamente não ouso sair desse banheiro.

— Vamos! — De forma frenética nego com a cabeça e implorando


silenciosamente. — Não vou pedir de novo anjo.
E como um robô meu corpo seguiu seu comando, e nesse momento a
maior humilhação é caminhar ao seu lado nua sem saber o que acontece a
minha volta. Ele me coloca sentada na cama e depois se afasta, a cada
pequeno barulho ou movimento meu corpo dá uma estremecida longa. O que
ele vai fazer comigo? Com a ajuda das minhas mãos tento tapar os seios
descobertos e lembro que minha intimidade também está exposta.

Nunca na minha curta vida pensei que passaria por algo do gênero. Algo
tão sujo e completamente distante do que sempre sonhei para minha vida.
Não sei se estar casada com um mafioso da máfia russa se compara a estar
casada com Christopher Parker.

Seus passos vagarosos porém, firmes, soam no ambiente, meu coração


palpita de forma desenfreada a cada estalo que um objeto desconhecido solta
no ar.

Meus cabelos que estavam soltos de repente sinto eles sendo amarrados
ou trançados, eu não sei. Meus pés trémulos foram obrigados a se manter de
pé enquanto suas mãos passeiam pelo resto do meu corpo, minhas mãos são
tiradas de forma bruta dos seios que estava tentando cobrir, e o bico do meu
seio é sugado me fazendo suspirar e praguejar por minha intimidade estar
correspondendo-o.

— Tão linda, tão minha. — Sinto alguma coisa percorrer o caminho reto
da minha barriga até minha intimidade de forma vagarosa, até o estalo de
alguma coisa batendo nas minhas dobras me fazer acordar da névoa
hipnotizante — por mais que você resista, essa buceta linda já me conhece e
me obedece. — Imediatamente fecho as pernas pois o formigamento
permanece na região.

— Para! — Imploro ao sentir o segundo estalo travar no meu bumbum,


lágrimas banham meu rosto porque agora doeu — Por-por favor para.

— Shhh primeiro o castigo e depois eu te faço gozar. — Meu corpo é


jogado na cama de barriga para baixo e antes que pudesse raciocinar meus
pulsos são amarrados no que deve ser a cabeceira da cama, sob meus
protestos meu quadril é levantado. — Quietinha, não chore. Você não pode
ser fraca, seu inimigo pode usar isso contra você. Eu sei que dói mas um dia
você vai me agradecer.

A cada pequeno movimento a cada ínfimo farfalhar meu corpo fica em


alerta.

— Está pronta para receber seu castigo anjo? — Silêncio! É como se ele
estivesse aguardando a resposta — me responde, ou esse chicote irá fazer
estragos ainda maiores.

— Si-im eu estou.

E antes que eu pudesse soltar a segunda lufada de ar, uma dor ardente
toma conta de mim quando o primeiro golpe corta o ar e acerta o lado
esquerdo do meu bumbum. Ele não deu tempo para meu corpo se acostumar
e o segundo golpe é acertado no outro lado tirando de mim o grito mais
estridente que alguma vez na minha vida soltei.

Não existem mais palavras para implorar, minhas forças se esvaíram ao


longo de cada golpe que recebi, foram dez. Eu contei porque queria saber o
quanto o castigo iria durar, porque eu sei e sinto que haverão outras vezes,
meus braços trémulos são desatados do nó que os mantinham presos, meu
corpo fraco e sem forças é alojado em seus braços, a dormência é tanta que
não o impeço. Soluços e estremecidas é tudo que meu corpo consegue
transmitir.

— Shh acabou, com o tempo e meus treinos você vai aprender como as
coisas são e seu corpo irá se adaptar — minha cabeça descansa em seu peito
enquanto ele me carrega dizendo que estamos indo para o banheiro terminar
o banho que foi interrompido por minha desobediência.

Após o banho e ele me vestiu num roupão felpudo, nos alimentamos em


silêncio enquanto ele me ajudava a comer, esse homem é doente.

— Agora pode receber sua recompensa, vou fazer você gozar!

Com o maior cuidado ele me carrega e me coloca na cama, um beijo


intenso e voraz é iniciado me sufocando e fazendo com que minhas vias
respiratórias se esforcem ainda mais para puxar o ar. O nó do roupão é
desfeito e minha nudez revelada, apesar do medo de fazer alguma coisa que
não o agrade eu tento correios der da melhor forma possível, só quero que
isso acabar e que ele me deixe em paz.

Minhas pernas são abertas e meu corpo é obrigado a repousar sobre a


cama e relaxar, quando de repente movimentos vagarosos são feitos no meu
clitóris arrancando de mim gemidos que para mim são totalmente
descabidos. O que eu estou fazendo? Ele me bateu e agora eu estou aqui
sentindo prazer com apenas um toque seu.

— Não resista! Quando estiver comigo quero que se entrega a mim, na


dor e no prazer. Apenas sinta. — E foi isso que eu fiz apenas senti cada
sensação que seu toque conseguiu despertar no meu corpo, cada reação, cada
respostas corporal que nunca imaginei poder sentir.

Quando ele finalmente me deixou em paz, não sabia que horas eram, se
era dia ou noite, só sei que passamos boa parte do tempo da cama com ele
explorando meu corpo do jeito que pôde e sentiu vontade.
Quando os tremores do último orgasmo cessaram ele disse que eu podia
descansar, então fechei os olhos e minha consciência se apagou.
Atenas, Grécia

Nunca na minha vida achei que pudesse viver momentos bons outra vez,
bons no sentido lato, pois algumas vezes esses momentos são misturados
com apreensão e medo.
Medo do que pode acontecer a cada palavra ou movimento que eu fizer,
apreensão porque eu praticamente estou vivendo sobre areias movediças,
qualquer passo em falso eu serei consumida pelo meu dono. Tento conter o
nervosismo que me domina para poder sair do banheiro, pois acabo de ouvir
a voz dele do outro lado da porta, e essa é uma das únicas vezes em quase
duas semanas de casamento em que ele me deu alguma privacidade para
tomar banho sozinha sem o toque dele em meu corpo. Ou seja desde Paris,
ele não me toca e muito menos fala comigo.

Chegamos a três dias em Atenas, depois da má experiência que tive em


Paris agora tento ao máximo não o deixar nervoso, já vi que isso não é bom
para mim. Dá primeira vez a dor ardente do chicote em minha pele foi minha
companhia por três dias, durante três dias aquelas dores me lembravam que
nunca devia contestar nada o que ele dissesse, e o que me fez o temer ainda
mais foi a astúcia que teve para depois de me infligir tanta dor tentar sarar
minhas feridas, algo que não adiantou. E a segunda e última vez que me
arrependi de ser tão sensível e ingénua foi quando o quarto do hotel ficou
destruído pelo que eu pude ouvir. Ouvir Ele gritando e móveis sendo jogados
de um lado para o outro e coisas quebrando me deu a certeza de que aquele
quarto ficou irreconhecível.

Desde então ele se afastou de mim, minha única companhia tem sido a
Morgan, uma moça contratada para me fazer companhia e me ajuda com
algumas coisas, como a locomoção, vestuário e outras coisas mais. Ela é
simpática mais muito contraída e polida. Aposto que foi inquerida a apenas
falar o autorizado e não criar muita intimidade comigo, apesar de tudo eu
gostei dela, ela me leva para passear pela cidade e também para aproveitar o
sol e a praia lá fora, algo que eu nunca fiz, a temperatura negativa de São
Petersburgo não permitia certo privilégio.

Mas aqui tudo isso é possível, sentir o sol abraçando meu corpo, a água do
mar em meus pés e o melhor de tudo é ouvir o som das ondas e as vozes
felizes das pessoas, isso é contagiante.

Pulo de susto quando um toque rude e bruto quase derrubando a porta do


banheiro chega aos meus ouvidos, não adianta eu fingir que estou no banho é
bem possível que entre aqui e me arraste mesmo nua, por isso resolvo atar
muito bem o nó do roupão para me preparar para sair.

— Anjo? — Nunca de sua boca o ouvi proferir meu nome, toda vez que
me chama assim é como se estivesse saboreando o mais saboroso dos
néctares, fico me perguntando como seria o som do meu nome saindo da sua
boca. Desde que nos casamos eu me transformei no anjinho dele, na sua
escrava da dor e do prazer. — Anda saia daí!

Mesmo temerosa abro a porta de vagar, sentido os pequenos fios de água


escorrem por meu rosto, evidenciando o banho recém tomado. Eu sei disso
assim que ele puser os olhos em mim, não poderei mais aproveitar o clima
tropical da cidade.

— Eu estava no banho — falo cruzando os dedos como forma de reduzir o


nervosismo que se instalou em mim. Um arrepio assustador se espalhou pelo
meu corpo no momento em que senti seus dedos ásperos na minha bochecha,
seu hálito de menta misturado com alguma bebida alcoólica me deixa
inebriada na medida em que sinto ele se aproximando de mim, por mais que
saiba que isso irá me custar um bumbum dolorido eu esquivo do seu toque
continuo virando o rosto e proferindo a frase — eu preciso me vestir. A
Morgan está me esperando para fazermos o passeio pela cidade.

Sua boca tapa meus lábios com um beijo feroz e sem delicadeza, ele está
sendo tão implacável nesse beijo que eu já tomei consciência de que está
fazendo isso para me punir, eu mal consigo buscar o fôlego. Quando vi
minha cintura já estava refém de um de seus braços fortes e meu bumbum
estava sendo esmagado pela mão grande que já explorou todo meu corpo
como se de um território desconhecido se tratasse.

Tento buscar de forma urgente pelo ar mas sua boca gulosa não deixa
espaço para tal, e antes que eu pudesse pedir por ar, sua boca abandona a
minha e minhas costas batem com brusquidão na parede me fazendo soltar
um grito de dor e susto, doeu tanto que meus olhos marejam e aquela névoa
de paixão que já pairava no ar desapareceu, pelo menos para mim, porque
para ele aquilo não mudou nada é só mais um dos seus jogos de dor e prazer,
e rezo a Deus para que a dor não supere tanto assim o prazer.

Ele me fez enlaçar minhas pernas em torno do seu corpo que sem dúvidas
é bem torneado e banhado de músculos, meu roupão é tirado do meu corpo e
mesmo estando pendurada entre ele e a parede não foi difícil sentir a peça
deslizar pelo meu corpo me deixando completamente nua para ele. Sua
respiração ofegante queima minha pele da curva do pescoço enquanto suas
mãos apertão minhas coxas suspensas, seu membro duro e excitado apesar
de ainda estar dentro da calça já se faz sentir cutucando minha entrada que já
se encontra banhada pelo néctar do prazer. Eu juro que eu não queria mas é
mais forte que eu.

Meu quadril ganha vida e por conta própria rebola sem pudor nenhum
sobre seu membro quente, mesmo sem querer gemidos de ansiedade saem de
nossas bocas se misturando com barulho que minhas costas fazem a cada vez
que ele me prensa na parede com mais força, estou tão entorpecida que não
paro de rebolar. Só quero que essa vontade acabe de uma vez.
Quando ele tira seu membro de dentro da calça posso sentir meus
músculos vaginais se contraírem pela perspectiva de recebê-lo dentro de
mim.
Ele passa aquele órgão rochoso no meu clitóris me fazendo rebolar ainda
mais frenética nele, e por Deus, isso é tão bom, ele faz movimentos bem
vagarosos com a ponta do seu membro na minha entrada que sinto que a
qualquer momento vou me derramar nele.

— Aih Chris-topher, por-por favor — ele rosna e antes que eu pudesse


raciocinar sinto uma beliscada dolorosa na região do pescoço, e
imediatamente algo quente começa a escorrer naquele região, minha mão vai
até a região até sentir o líquido característico já conheci muito bem, ele me
mordeu? A dor é tanta que começo a chorar pedindo para ele me largar,
antes que pudesse fazer alguma coisa seu membro potente invade minha
entrada arrancando de mim um gemido de prazer misturado com o grito
estritamente da dor — para.

— Shhh, apenas sinta. Já falei você precisa se entregar a mim na dor e no


prazer. — Seus movimentos são rápidos e frenéticos fazendo com que
minhas costas batam com força na parede, o prazer em estava sentido foi
completamente esquecido por meu corpo e agora é apenas dor — vou
moldar você para que fique perfeita para mim, você precisa ser forte anjo
porque ainda vai enfrentar um longo caminho até finalmente estar perfeita
para mim. Não vejo a hora desses seus olhos hipnotizantes me encarem
enquanto te fodo fortemente. Quero eles vidrados em mim vislumbrando o
tamanho da minha excitação por você.

Essas palavras são ditas por ele de forma estrangulada devido ao prazer
que ele está sentindo. Eu mal consigo respirar com sua mão grande
estrangulando meu pescoço sem piedade. Sim, ele sente prazer me infligindo
dor, eu fui parar nas mãos de um sádico com algum distúrbio de
perfeccionismo e síndrome de Hulk.

Calábria, Itália

Desde que me casei com Christopher Já viajei mais do que em toda minha
vida, estou conhecendo toda Europa apesar da minha condição. A alguns
minutos ele me disse que estávamos aterrissando no aeroporto de Nápoles na
Calábria uma das regiões da Itália. Apesar de cega eu ainda tenho todo o
mapa da Europa na minha mente, cada país cada principal ponto turístico.
Suspiro pela enésima vez sentada no acento do carro, seu cheiro preenche
o veículo me fazendo lembrar a cada segundo que ele não está sentado ao
meu lado. Não sei quanto tempo ficaremos na Itália, mas tomara que seja
tempo suficiente para aproveitar o lugar. Apesar de termos passado apenas
duas duplas de dias em Atenas deu para aproveitar cada lugar que Morgan
me levou. Christopher parece não ter muita paciência e muito menos
disposição para fazer turismo.

As últimas palavras de Christopher naquele dia não param de martelar na


minha cabeça a cada vez que ele me toca me chama e me possuí, mas até
agora eu ainda não pedi nenhum esclarecimento sobre o que ele disse. Não
precisa ser muito inteligente para interpretar aquelas palavras.

'' Não vejo a hora desses seus olhos hipnotizantes me encarem enquanto
te fodo fortemente, Quero eles vidrados em mim vislumbrando o tamanho da
minha excitação por você. ''

Ele quer que eu faça uma cirurgia para recuperar a visão, os médicos
sempre me diziam que o meu caso é reversível mas eu não queria me encher
de esperança e quebrar a cara depois, por eu ter me negado a fazer a cirurgia
no princípio, Dimitri não insistiu mais e com o passar do tempo nossa
família foi perdendo os bens e aí sim ficou cada vez mais difícil alcançar a
ilusão de um dia poder enxergar outra vez.

— Vem anjo — saio do meu devaneio quando minha mão é segurada pela
dele me ajudando a sair do carro. E me admiro por ter ficado tanto tempo
divagando em meus próprios pensamentos. Quando finalmente saio do carro
a luz do sol me recebe fazendo eu suspirar pela sensação gostosa dos raios
solares em contato com minha pele.

Lado a lado caminhamos juntos enquanto minha mão está pendurada em


seu braço, apesar de tudo Christopher respeita minha deficiência.

— Christopher! Onde estamos? — Quando vi a pergunta já tinha saído da


minha boca.

— Na casa de um sócio. ― Ele para e também faço o mesmo — eu tenho


uma reunião com ele e você ficará com a esposa dele. Espero que se
comporte anjinho.

— Eu vou. Eu juro.

Fomos recebidos por uma mulher que não se apresentou apenas informou
que já estavam nos esperando. Após percorrer alguns degraus, finalmente
alcançamos o interior da casa e assim abandonamos a luz forte transmitida
pelo sol. Christopher se afasta e entrega minha mão para outra pessoa que
me informou ser a esposa do sócio dele.

— Oi! — Ela tem uma voz tão doce e calma e parece ser bem jovem.

— Oi. Eu me chamo Sasha. — Juntas caminhamos e então ela me ajudou


a me sentar num sofá confortável. — Qual seu nome?

— Eu me chamo Emanuelle — já apresentadas uma a outra entramos


numa conversa descontraída, sobre a Itália. Nós não tínhamos muito o que
conversar e ainda não nos conhecemos o suficiente para cada uma revelar
suas aflições.

Percebi que Emanuelle é muito comedida com as palavras, ela parece ser
uma mulher triste, algo dentro de mim insiste para que a pergunta o que
tanto a aflige mas antes que pudesse prosseguir nossos maridos apareceram
nos interrompendo. Nos despedimos e eu prometi visitá-la de novo mesmo
sabendo que é bem possível que Christopher não deixe.
Mais um dia e Christopher me deixou ir visitar minha mais recente amiga,
Emanuelle Ferrari. Esposa do capo da máfia calabresa, a Ndrangueta. Eu
nunca fui de me envolver ou procurar saber sobre as máfias, mas quando
você faz parte de uma que é inimiga da máfia que o marido da minha amiga
comanda é inevitável não saber de certas informações, pelo que já ouvi falar
o marido da Emanuelle é um homem tão cruel que nem imagino o que ela
deve estar passando nas mãos dele, aquele homem não tem alma e seu
coração é banhando de sangue inocente, ouvir a voz dele foi suficiente para
saber que o sócio do meu marido é alguém capaz de tudo.

Eu e Emanuelle temos uma história em comum, as duas nascemos dentro


da máfia e nossos casamentos estão longe de ser convencionais. Vivemos
rodeadas de seguranças, de medo e sem nenhuma certeza sobre o que será
das nossas vidas, pois tudo que diz respeito a nós depende dos nossos donos,
eles decidem onde vamos, com quem falamos e o que fazemos.
Na adolescência eu não senti na pele as consequências de fazer parte da
máfia russa eu apenas tive algumas privações e era monitorada o tempo
todo. Agora as coisas não mudaram tanto pois apesar do meu marido não ser
mafioso eu continuo presa para seu próprio deleite.
— Venha Sasha! Vamos sentar no jardim. Apesar do inverno estar apenas
começando o sol lá fora é muito gostoso a essa hora — sorrio para
Emanuelle que me ajuda a me locomover, quando finalmente sinto o cheiro
da grama molhada e de algumas flores características, ela me ajuda a sentar
em um banco e depois ela se senta do meu lado, daqui é possível ouvir a
água jorrando de algum lugar.

— De onde vem esse som de água? — Questiono após alguns


intermináveis minutos de silêncio por parte das duas. Parece que esse é lugar
favorito dela.

— De uma fonte bem a nossa frente, é uma linda estátua de alguma deusa
da antiguidade, arrisco-me dizer que se trata da deusa Diana é tão lindo de
ver — ela imediatamente para sua fala — Desculpa eu não queria...

— Não se preocupe, eu entendo. Quem sabe um dia eu não tenha o prazer


de apreciar essa obra — quando vi as palavras já tinham saído da minha
boca.

— Sério? Então você vai recuperar sua visão? — Nego com a cabeça.

— Isso é coisa do meu esposo. Mas não quero cirurgia nenhuma, eu estou
bem assim. Não quero ser um experimento nas mãos de vários médicos e
depois me decepcionar. Eu já aceitei que serei cega até o dia que Deus me
levar. — Mesmo sem querer lágrimas banham minhas bochechas.

— Eu entendo as suas dúvidas. — Ela suspira e depois continua —


quando eu tinha dezassete anos eu tive um acidente de carro, nesse acidente
minha prima e o bebê que ela esperava não sobreviveram. E até hoje me
culpo por isso, porque se eu não a tivesse chamado para aquele lugar nada
daquilo teria acontecido, se eu não a tivesse chamado ela estaria aqui viva e
com o bebê dela. Depois de sair do hospital eu fui internada numa clínica
psiquiátrica e vivi mais de quatro anos lá trancada sem saber nada sobre o
mundo. — Que história triste e nós duas estamos chorando já.

— Eu-eu sinto muito.

— No princípio eu me conformei que aquela seria minha nova casa. Mas


com o passar do tempo algo dentro de mim crescia querendo a liberdade. Até
que comecei a perguntar sobre quando eu teria minha liberdade ou viveria ali
para sempre. E quando vi minha liberdade tinha sido alcançada. Mas para
mim, hoje em dia preferia estar lá do que viver com aquele homem, ele é um
monstro Sasha. Por isso entendo seu receio em fazer a cirurgia, você tem
medo que a nova realidade pós cirúrgica seja pior do que estar cega.

— Sim! — A respondo num sussurro, e me dói tanto saber que ela esteve
trancada por tanto tempo numa clínica, alguma coisa me diz que tem dedo
do marido nisso. — Qual foi o diagnóstico quando internaram você?

— Alguma coisa sobre transtorno de personalidade e outras coisas mais


que mal lembro os nomes. Só quero esquecer essa fase da minha vida. —
Continuamos conversando durante toda a tarde, almoçamos juntas e até em
certo momento sorrimos juntas. Falamos do nosso passado e dos nossos
passatempos favoritos.

Quando o dia estava se pondo Christopher chegou e disse apenas uma


meia dúzia de palavras antes de irmos embora enquanto ele apertava meu
braço com brutalidade, á passos tropeços finalmente fui arremessada para
dentro do carro sem delicadeza nenhuma, o que eu fiz agora?

Me encolho no meu canto e não falo nada quando o carro entra em


movimento.

Quando finalmente chegamos ao hotel Christopher foi embora e me


deixou acompanhada da Morgan que me ajudou com o banho e com a roupa,
a meu pedido nós jantamos juntas e quando comecei a sentir muito sono ela
me ajudou a colocar uma camisola e a me deitar na cama.

Mas assim que descansei a cabeça no travesseiro o sono foi embora e


apenas restaram pensamentos torturantes. Não paro de pensar no Dimitri,
estou casada a quase um mês e até agora ele não procurou saber de mim e
muito menos ligou. Na verdade não sei nem onde está meu celular desde o
casamento que não toco naquele aparelho.

Meu corpo entra em alerta assim que ouço a maçaneta da porta girar,
batimentos frenéticos dominam meu coração, a coberta está na altura do meu
pescoço, graças a isso posso disfarçar que estou dormindo. Seus passos
duros são a única coisa que se ouve no ambiente, uma área da cama afunda.

— Scott, está tudo certo para amanhã? — Acho que ele está falando no
celular — ótimo, chegarei em Nova Iorque no jato do meu sócio no meio da
tarde e a noite viajarei para Seattle, prepare meu jato.

Depois de alguns minutos o silêncio volta a reinar no quarto, até que o


sinto ocupar o lado que lhe pertence na cama. Não sei quanto tempo fiquei
ali deitada esperando o momento que meu consciente avisasse que eu já
estava com sono.

Seattle, Washington

Depois de mais de um mês de lua de mel viajando em alguns países da


Europa nós finalmente estávamos a caminho da nossa casa. A casa onde
provavelmente será minha nova prisão pelo resto da minha vida ou até
Christopher se cansar de mim.
Antes de pegarmos o avião que nos trouxe para cá nós passamos por Nova
Iorque, onde Emanuelle e seu marido ficaram. Nós mal tivemos a
oportunidade de nos despedir direito e cada uma foi levada para um lado.

Desde o princípio eu desconfiei pelo fato de um homem como o


Christopher querer ter uma lua de mel, mas no final descobri que ele só
viajou porque tinha negócios a tratar em todos os países pelos quais
passamos, isso se confirmou pela sua ausência em quase todas as viagens,
agora eu entendo, não posso criar ilusões de ter um casamento normal com
ele.
Saio do meu devaneio com Morgan chamando meu nome para que eu me
arrume para o jantar.

Essa é uma das poucas vezes que janto com meu marido. Após me
arrumar e me vestir devidamente Morgan me acompanhou até a sala de
jantar, pelo que ela me disse essa casa é enorme e eu vou levar um certo
tempo até saber onde ficada cada cómodo e objeto.
O silêncio durante a refeição é nossa companheira em comum, ele não
fala nada, mas a vontade que tenho agora de o perguntar se realmente ele
me obrigará a fazer a cirurgia, me sufoca, imaginar que um dia eu possa ver
os olhos do meu comprador me deixa em pânico mas ao mesmo tempo uma
curiosidade reina em mim. Não, eu não quero fazer essa cirurgia.

Depois de do jantar Morgan me levou até nosso quarto onde ela me


ajudou a pentear o cabelo e a colocar uma camisola.

— Morgan essa camisola parece curta demais e o tecido é leve demais —


falo ao sentir metade das minhas coxas nuas e o vento atravessar o tecido da
peça.

— Apenas cumpro ordens senhora — antes que eu pudesse falar alguma


coisa ouvi a porta sendo aberta e logo a seguir fechada. Ela me deixou aqui
sozinha sentada numa poltrona. Eu cheguei aqui hoje e mal sei onde fica a
cama. Respiro fundo e me perco nos meus pensamentos, faz tanto tempo que
não sinto os teclados em meus dedos e não escuto a melodia que aquele
instrumento pode transmitir. Não sei se algum dia voltarei a tocar porque o
meu piano ficou na Rússia.

Antes que eu mergulhasse numa tristeza profunda seus passos ecoaram me


acordando do meu momento de torpor. Com as mãos trémulas tento tapar
minhas coxas que devem estar bem expostas agora que estou sentada, de
forma rápida umedeço os lábios que teimam em ficar secos enquanto escuto
ele se aproximar.

Sem falar uma única palavra ele segura minha mão, mesmo sem dizer
nada eu entendo que tenho que ficar em pé, começamos a andar, e a cada
passo eu sinto meu coração se apertar porque não sei o que me espera.
O medo triplica quando o trinco da porta soa no ambiente.

— On-de estamos indo? — Minha voz sai trémula demais, e isso parece o
deixar satisfeito.

— Agora estamos em casa anjo. Preciso te ensinar algumas coisas básicas,


para que fique perfeita para mim. Vem! — Agora eu estou lembrando ele
sempre fala que vai me treinar para que fique perfeita. Agora entendo a que
tipo de treino ele se refere, por reflexo eu vacilei de um passo — não vamos
seguir por esse caminho anjo, não quero machucar você.

Começo a chorar e a gritar por socorro e antes que eu pudesse correr para
qualquer lugar meu corpo foi erguido e colocado de cabeça para baixo em
seu ombro, não sei se choro por saber como terminarei a noite ou por minha
calcinha estar totalmente exposta por causa da posição em que estou sendo
carregada, isso não é justo.

Enquanto ele caminha sem se afetar pelo peso do meu corpo magro eu
esmurro suas costas mesmo sem poder vê-las, grito até minhas garganta
queimar. Um tapa forte e estalado é desferido no meu bumbum e uma dor
descomunal se espalha naquela região.

— Quieta! — Eu fico calada enquanto um choro estrangulado sai de mim,


seus passos cessam e de repente escuto o som de lago eletrônico ser ativado.

— Christopher, onde estamos? — É possível sentir que estamos em outro


cómodo, pois a energia que emana é diferente dos outros cómodos por onde
passei. O cheiro de couro misturado com madeira também denunciam o
quanto esse lugar é sombrio e principalmente, assustador.

Engulo em seco quando meu corpo é colocado em pé sem nenhum apoio


tento segurar no Christopher para que me guie mais ele tira as minhas mãos
do seu braço desnudo e se afasta, não sei onde pisar, para que lado devo
andar. Estou tão desesperada.

— Chris-Chris-topher onde você está... ahh — grito de dor quando


alguma coisa atinge minha pantorrilha me fazendo quase cair — Por-por
favor não faz isso Chris... Aih — outro grito estridente sai da minha garganta
após minha coxa ser atingida. Eu mal consigo respirar de tão forte que está
meu choro.

— Aqui anjo, no meu mundo. Você me chama apenas de senhor, aqui eu


sou seu senhor e seu amo. É aqui onde você me deve totalmente obediência,
entendeu? — Apenas assinto depois de ouvir aquelas palavras ditas por ele
em algum canto desse inferno. — Agora fala que entendeu anjinho.
— Eu-eu entendi — mais um golpe é acertado no me lábio fazendo ele
arder.

— Complete a frase anjinho. E sem gaguejar.

— Eu entendi senhor. — Seguro o lábio que foi acertado e constato que


ele ficou meio inchado.

— Boa menina! Se continuar assim, a faço gozar como nunca. Vou fazer
sua buceta ser minha escrava, eu vou chicotear ela com a minha língua. —
sinto seu dedo passear por cima da calcinha. — Agora vamos continuar com
as lições.
Meu corpo Estremeceu após ouvir aquelas palavras, a dor que se espalhou
na região na pantorrilha e na coxa não se compara a tamanha tremedeira que
dominou meu corpo quando ele disse que irá me ensinar outras lições. Com
o dorso das minhas mãos limpo as lágrimas incessantes que teimam em cair
quentes como brasa no meu rosto, nesse processo é possível sentir meu rosto
extremamente molhada, não só pelas lágrimas mas também pelo suor que
transcorre por minhas têmporas, o cabelo chega a grudar no rosto devido as
inúmeras gotículas que meus poros não param de expelir, o que ele fará
comigo?

Neste momento até minha deficiência me fez perder a noção do tempo, a


temperatura nesse lugar está sempre mudando de quente para amena, não sei
se é por causa das chamas que provavelmente estão ardendo de forma
crepitante em alguma lareira ou é meu corpo que não está confortável com a
situação atual. O som que seus pés descalços fazem soam como trovões de
noites tempestuosas em meus ouvidos, e cada vibração que o piso -
aparentemente de madeira - faz, meu coração pula junto quase me deixando
sem ar suficiente para respirar decentemente.
Em meio minuto ele se encontra atrás de mim, posso sentir sua respiração
pesada e a expiração quente saindo do seu nariz queimar a região atrás da
minha orelha, penso em protestar ao sentir suas mãos sobre meus cabelos,
mas resolvo ponderar, não quero que ele vire numa fera com as minhas
negações. Pelos movimentos que está fazendo eu percebo que meu cabelo
está sendo trançado, e mesmo transbordando a medo eu me admiro com a
sua habilidade, em alguns segundos meu cabelo já havia sido preso.

— Quem sou eu anjo? — A pergunta sai em um tom de desafio, ele deve


querer que eu não fale o quer ouvir para acertar aquela coisa opressora em
mim. Inspiro uma última vez antes de responder.

— Meu senhor — engulo em seco quando seu membro duro dá uma


cutucada nas minhas costas, mordo os lábios para reprimir algo a mais que
está prestes a crescer dentro de mim.

Os dedos ágeis fazem uma massagem lenta e torturante por cima da


calcinha leve que estou usando, ele está sendo tão carinhoso nesses
movimentos de vai e vem por cima da calcinha que posso sentir a
temperatura alta que emana do seu corpo, já é impossível reprimir os
gemidos porque agora ele está usando a calcinha para esfregar meu clitóris
que a cada movimento fica mais escorregadio.

— Aih Chris-topher, eu eu... — se tornou impossível até falar porque da


minha boca não param de sair gemidos obscenos, e eu sei que ele gosta disso
porque no final serei castigada, mas parece que meu corpo definitivamente
esqueceu disso, diante do prazer que virá a seguir no momento não passa de
um futuro próximo. Quando tomei conta dos meus atos já estava com
minhas mãos acariciando meus seios já inchados por cima do tecido leve da
camisola e meu quadril rebolava sem parar sobre os dedos ágeis do meu
senhor.

— Anh Christopher, por favor eu preciso por favor — estou tão excitada
que não me importo de implorar por alívio que está próximo. acomichão
muito bem conhecida já está se formando no meu ventre enquanto os
músculos da minha vagina começam a se contrair, e quando eu ia explodir o
inesperado acontece.
Christopher tira seus dedos da minha intimidade me deixando
completamente atónita, a dor do orgasmo interrompido é tanta que sinto
vontade de chorar, minhas mãos abandonam meus seios sensíveis enquanto
minhas pernas friccionam uma na outra sentido meus fluidos lambuzarem
até minhas coxas.

— Nem pense nisso. Pare de esfregar as pernas. Aqui você gozará apenas
quando eu quiser. Entendeu? — No silêncio agonizante apenas assinto —
resposta errada anjo.

— Entendi senhor, por favor Christopher — Assim que a última palavra


saiu da minha boca minha intimidade arde de forma não dolorosa após
receber o golpe do chicote. Um grito mesclado pelo gemido sai pela minha
boca — entendi senhor.

Sinto que a qualquer momento meu corpo irá incendiar em chamas


violentas devido a mistura de emoções e sensações que perduram nele,
minha audição aguçada escuta o momento em que um objeto titilante soa no
ambiente, antes de qualquer reação meu corpo muda de postura quando
sinto a presença de Christopher bem na minha frente, a respiração se torna
mais acelerada pois não sei se sua intenção agora é me dar prazer ou causar
dor, meu coração bombardeia meu peito com batidas fortes que é possível
sentir a camisola acompanhar o movimento do meu peito.

— Me estenda os pulsos — sem pensar e muito menos ponderar faço o


que me foi ordenado, de repente a temperatura gélida do objeto que está
sendo colocado envolta dos meus pulsos provoca um arrepio forte em meu
corpo que chegou até a me fazer estremecer. Meus pulsos são muito bem
prendidos por uma espécie de algemas, acho eu, e devem ser de couro pelo
que posso sentir, ela deve ter algumas partes revestidas de ferro pois eu
posso ouvir o tintilar do metal, um beijo ardente e possessivo é tudo o que
recebo após esse processo — porra anjinho, não vejo hora de marcar você.

— Chri... — meu subconsciente me alerta fazendo eu parar


imediatamente — senhor por favor.

— Há várias coisas que eu vou te ensinar anjo, uma delas é que nunca
implore por nada — os pulsos são levantados e presos em algum suporte no
teto eu quase fico parada na ponta dos pés pois meus braços estão esticados
demais. Um choro silencioso me domina e apenas mergulho na minha
própria escuridão para me esquecer de tudo o que acontece a minha volta.

— Eu nunca estabeleci limites com as submissas que passaram por


minhas mãos, mas com você anjo eu vou abrir uma exceção. Você terá
direito a uma palavra de segurança e você deve apenas usá-la caso eu esteja
ultrapassando o limite suportável para você. Mas assim que você estiver
pronta não haverá mais limites e muito menos palavras de segurança —
Deus me ajuda por favor. — Fale para seu Dom que você entendeu.

— Sim meu amo, eu entendi — faço um esforço descomunal para que as


palavras não saiam entrecortadas por causa da minha voz embargada.
Respiro fundo, porque meus braços já estão doendo por causa do esforço que
estou fazendo.

— Agora quero que pense numa palavra que irá usar a cada vez que
viermos para o quarto de jogos, e tem um porém. Você terá direito a usar
apenas dez vezes a palavra de segurança nas primeiras dez secções que
fizermos. Sobre a palavra, escolha algo do seu agrado, algo que se
identifique com você, você tem um minuto — por longos trinta segundos
torturantes eu pensei mas o desespero parece ter bloqueado a minha
capacidade de raciocinar e formular palavras.

— Vinte segundos anjo, caso se demore não terá mais direito a palavra de
segurança

— Eu eu — é como se um peso estivesse se acomodado na minha língua.

— Dez segundos anjo, vamos tornar o nosso jogo mais interessante, se


você perder o tempo te darei dez chibatadas nessa sua bunda deliciosa que
em breve terei o prazer de foder e então você ganhará mais trinta segundos
para me dizer qual palavra de segurança irá escolher — penso em tudo o que
passei até chegar aqui, nas condições do nosso casamento, e finalmente
chego a uma conclusão — acabou o tempo.

Ele saboreia essa frase camuflada na sua perversão.


— Não, por favor. Eu já escolhi — antes que pudesse continuar
implorando minha camisola é rasgada, deixando meus seios a mostra e a
única peça restante é a calcinha molhada por meus próprios fluídos.

Quando senti um fio de suor descer no vão dos meus seios o primeiro
golpe foi desferido me fazendo contorcer todo o corpo e tentar me soltar
mesmo sabendo que era impossível.

— Vamos conte para mim anjo — o segundo golpe acerta o outro lado do
bumbum mesmo doendo eu comprimo os lábios para sufocar o grito.

— Dois ... — e mais um golpe e eu contei tal como exigiu, se não


contasse ele ia recomeçar. A cada golpe que ele desfere machucando minha
carne mais eufórico ele fica, é como se estivesse possuído, meu bumbum
latejava como se tivesse ganhado vida e pudesse se mexer por conta própria,
se realmente é possível esgotar as lágrimas então isso aconteceu comigo, me
remexo quando seu membro ereto encosta na pele sensível do meu bumbum.
— Dói, não me machuca mais, por favor. Juro que vou obedece-lo meu
senhor.

— Me fala anjo. Qual é palavra de segurança?

— Vendida — a palavra sai mais firme no timbre do que eu imaginei que


pudesse sair ao pronunciar — Minha palavra de segurança é vendida senhor.
— Atrás dessas palavras um indício de raiva as acompanha, porque a forma
grotesca pela qual me fez estar aqui inunda minhas memórias.

É possível ouvir seu rosnado e seu afastamento do meu corpo, algo dentro
de mim diz que ele não gostou muito de ouvir essa palavra, mas ele sabe que
não pode me negar esse direito, apesar de eu não saber nada sobre os jogos
doentios dele sei que é um direito que ele mesmo me atribuiu. Após tirar
minha liberdade, minha dignidade e meu sossego, essa palavra é minha
única segurança e vou tentar usar ela com destreza.

Fico atenta a cada movimento seu, não sei o que segue a seguir, mas sinto
seu olhar queimar minha pele e me deixar ainda mais ofegante seu olhar é
tão profundo que eu sinto que posso vê-lo com os olhos da alma.
Em um par de minutos os dois ficamos em silêncio, eu perdida em meus
pensamentos e ele sem dúvidas apreciando a obra de arte.

Quando dei por mim minha calcinha estava percorrendo o caminho das
coxas com destino traçado até o chão, por já estar praticamente na ponta dos
pés foi fácil ele se livrar da peça.
O barulho de alguma coisa vibrando chama minha atenção, ansiedade e
apreensão tomam conta de mim, no momento que ia pedir para ele me soltar
alguma coisa estava passeando pelos bicos dos meus seios, uma vibração
gostosa se espalha naquela região fazendo minha intimidade voltar a
lubrificar depois de tantos minutos.

O objeto percorre o caminho do tórax até minha virilha, espalhando por


todo o corpo a vibração escaldante do objeto, um gemido sôfrego sai da
minha boca quando o objeto vibrante chega aos lábios da minha intimidade.

— Geme para mim, quero você gritando de prazer — a cada vibração eu


ficava mais encharcada e escorregadia que podia sentir linhas finas do meu
fluído descendo pelo interior das minhas coxas, eu tento mexer o quadril
para sentir mais prazer mas meu bumbum machucado não permite por isso
me limito a ficar parada apenas sentindo a sensação avassaladora. — Agora
goze.

Como um robô meu corpo treme ao mesmo tempo que meu ventre se
contrai e meu clitóris vibra me fazendo quase desfalecer pendurada.
Eu mal me recuperei do orgasmo intenso e minhas pernas foram
levemente afastadas e antes que pudesse respirar direito um golpe ligeiro
acerta meus lábios vaginais provocando um barulho características de
quando algo molhado é golpeado .

Minhas pernas são erguidas e colocadas ao redor do seu corpo e de


imediato seu membro me penetra profundamente.

— Ohh porra anjinho. Você é tão apertada, tão gostosa e essa buceta
quente é só minha — suas mãos na minha cintura é que me seguraram
enquanto suas investidas duras e brutas chocam nossos sexos — isso, aperta
meu pau anjo, Ohh merda de buceta
— Ohh Deus — praguejo internamente por chamar Deus num momento
como esse, de repente uma vontade de fazer xixi toma conta de mim — Eu-
eu quero fazer xixi. — Por um segundo posso ouvi-lo sorrindo

— Deixe vir anjo — assim que ouço essas palavras meu corpo treme
intensamente que se não estivesse sendo segurada estaria no chão agora,
tremo tanto que minha consciência está quase me abandonado, nunca senti
algo assim essas reações me fazem gritar e chorar, ao mesmo tempo que
minha intimidade liberta o xixi sem meu consentimento e mesmo quase
desmaiando Christopher dá mais algumas estocadas e se derrama dentro de
mim sem se importar de apertar meu bumbum dolorido, apenas solto um
resmungo porque estou fraca demais para tentar protestar ou fazer qualquer
outro movimento brusco.

Meus braços sendo soltos é a última coisa que sinto antes da minha
consciência se apagar.
Gozo feito um selvagem na buceta quente e apertada do meu anjinho
enquanto ela também se desfaz em milhares de partículas de prazer. O
orgasmo foi tão intenso que ela ejaculou pendurada e sendo segurada pela
cintura por minhas mãos, após todo meu sémen se despejar dentro dela
levanto a calça com uma mão enquanto a outra segura ela, a bichinha não
aguentou com a magnitude do prazer e desmaiou.

Com cuidado desafivelo as algemas de couro marron que prendiam seus


pulsos num dos suportes metálicos colocados no teto. Assim que todo o peso
do corpo leve dela está em meus braços a carrego com cuidado pois ela está
tendo alguns espasmos ainda, caminho com ela em meus braços e me dirijo
ao banheiro do quarto de jogos onde já tem uma banheira com água morna e
mais alguns sais para o banho dela.
Entro na banheira de modelo vitoriano com ela sem me importar em
molhar a calça jeans que estou usando, me sento numa das extremidades e a
coloco entre minha pernas de costas para mim, assim que o corpo dela sente
a água e a bunda gostosa dela sente a porcelana da banheira ela resmunga e
protesta um pouco
— Se acalme anjinho, quero que durma — ela para de se mexer e
finalmente descansa a cabeça no meu peito, já está quase amanhecendo e ela
precisa descansar e recuperar as forças para saciar a mim e a fera que mora
dentro de mim mais tarde. Desfaço a trança em seu cabelo e seus fios
descem como uma cortina de seda sobre seus ombros, seus seios pequenos
de mamilos rosados reluzem na mesma sintonia com a luz vermelha que
preenche o ambiente, para não fazer mais obscenidades com ela resolvo sair
da banheira de uma vez.

Saio do quarto de jogos com seu corpo enrolado numa toalha, o silêncio
preenche a ala proibida da minha mansão, mas também não tem como aqui
haver um resquício de som por ser a ala proibida, a única autorizada a vir
para esse lado da casa é a governanta. Após percorrer o caminho até o nosso
quarto coloco ela na cama e a cubro com um cobertor.

Me dirijo ao banheiro e me desfaço da calça encharcada, como já estava


sem camisa e sem cueca apenas entrei no box até os jatos de água baterem
em meus ombros o percorrem meu corpo até o chão. As cenas de horas atrás
não saem da minha cabeça, e ao mesmo tempo uma luta começa dentro de
mim, quando olhei nos olhos da Sasha a primeira coisa que pensei é que ela
seria perfeita para suprimir essas minhas necessidades sombrias mas ao
mesmo tem um lado meu dizia que ela era alguém que precisava ser
fortalecida. Porra, ela é bem mais do que eu julguei naquele momento, e não
quero pensar nas consequências disso.

Durante a nossa viagem pela Europa em alguns momentos eu tive que me


afastar dela, merda.

Isso não pode se repetir, jurei que a história não ia se repetir e que eu me
moldaria e seria imune a fazer com que alguém ocupasse um lugar proibido
na porra da minha vida fodida. Após o banho coloquei uma calça moletom e
quando olhei o relógio ele marcava cinco e meia da manhã, para alguém
como eu que já está a acostumado a não dormir não me admira.

Aprecio minha esposa que dorme serenamente como o anjo que ela é, seus
cabelos negros espalhados pela cama enquanto sua respiração sobe e desce
mostrando a curva dos seios gostosos que ela tem.
Sirvo o whisky, e enquanto o tomo, mais uma vez leio os arquivos que ele
conseguiu sobre a GENIS na base de dados dos Serviços Secretos do
governo. É tanta coisa podre que envolve a guerra pelo poder que agora
entendo o motivo de o governo fazer com que essa organização não passe de
algo utópico e que apenas os jornalistas enxeridos falam.

No dia que destruí o quarto de hotel em Paris foi exatamente por causa
desses documentos, li vários podres do meu pai e eu não consegui segurar a
raiva fulminante que cresceu dentro de mim, eu praguejo a todo instante que
ele esteja se fodendo seja lá onde ele estiver, mas ele é tão filho da puta que
não me admiraria saber que conquistou o maldito diabo.

Leio mais algumas linha e finalmente me convenço que a família materna


da minha esposa estava realmente envolvida até o pescoço com esses
desgraçados, e Sasha escapou por um triz por ter o sobrenome do pai caso
contrário também teria sido contaminada com os discursos elitistas dessa
maldita organização, e pelo que me parece nos últimos dois anos estão se
reerguendo, abrangendo novos membros na hora da seleção, senadores,
secretários de estado, capitalistas, fazendeiros bilionários, generais navais,
mas nessa equação falta apenas um elemento para completar a escória, um
banqueiro.

Respiro fundo e largo os documentos na mesa ao lado da poltrona, preciso


chegar ao topo dessa cadeia, só assim posso acabar com esses desgraçados.
Saio do meu devaneio quando ouço meu celular tocando, seguro nele e na
tela aparece o nome de Dimitri.

— Que porra você quer Dimitri? — Falo sem paciência nenhuma para
saudações matinais.

— Quero saber da minha irmã cara. O que você fez com ela? A Sasha me
prometeu que me ligaria uma vez por semana e isso nunca aconteceu e o
maldito celular dela só anda desligado — todo esse tempo tenho monitorado
ele e como era de se esperar continua se metendo com pessoas erradas, a
maldita da madrasta e a irmã postiça também continuam as mesmas fúteis de
sempre.
— Ela só irá falar com você quando ela me pedir autorização e eu
permitir, e não se preocupe sua irmã está viva, mas não intacta.

— Seu desg... — Encerro a chamada assim que julgo ter falado o


suficiente, ele na do que ninguém sabe que não troco palavras desnecessárias
com ninguém.

Passei o resto da manhã e o início da tarde treinando na academia, como


não existe nada que exija a minha presença no escritório hoje, então resolvi
não comparecer. Fios de suor percorrem todo meu corpo e minha respiração
sai pesada assim que termino de socar o saco de pancada pendurado.

— Senhor Parker — não preciso me virar para saber que se trata da


acompanhante da minha esposa — desculpe, não queria atrapalhar. Só queria
informar que a senhora Parker já despertou.

— Ajude-a com a higiene e a mostre a disposição das coisas no closet e


no banheiro — antes que ela se distancia lembro de algo — quero que ela
coloque um vestido branco.

Após passar mais alguns minutos na academia finalmente voltei para o


quarto, quando abri a porta me deparei com meu anjo sentada tomando um
copo de suco, ela está perfeita naquele vestido branco que percorre todos
seu corpo até os calcanhares, mesmo sentada a peça realça perfeitamente
suas curvas ligeiras, seu cabelo está preso em um coque. E eu odeio ver seu
cabelo preso quando estamos aqui fora, apenas lá dentro onde eu posso ser
quem sou é que me enche de prazer ver seu cabelo preso.

Caminhei até ela e vi o momento que ela prendeu a respiração ao sentir


meus dedos soltarem os cabelos, sua língua lambe o lábio inferior tirando o
excesso de suco e suas mãos descansam em seu colo.

— Como se sente? — Questiono tirando um pedaço de bolo e colocá-lo


em sua boca. Ema mastiga e engole tudo até finalmente me responder.

— Bem! — Seus olhos denunciam que ela estava chorando e sua voz
meio embargada também me diz isso.
— Porquê estava chorando? — Ela fica quieta — vamos anjo me
responda.

— Eu-eu tenho medo. Você vai me machucar de novo?

— Você quer que eu te machuque? — Ela nega com a cabeça. — Anjo já


falei que se você não aceitar esse meu lado, teremos grandes problemas no
futuro. Vem!

Seguro sua mão quente, a faço levantar mas antes disso ela protesta mas
finalmente me obedece, juntos caminhamos pelo corredor onde fica nosso
quarto até um cómodo que mandei decorar especialmente para ela, em meio
a tantas cores sombrias, o lugar aonde a estou levando é totalmente o
contrário, tem muita luz transmitida pela cor branca das paredes e dos
móveis e também grandes janelas de vidro por onde entra a luz solar nas
manhãs em que Seattle não está envolvida em nuvens nubladas.

A guio até o banco de frente para o piano dela, mandei trazer ele a dias
atrás da Rússia, o instrumento é tão branco que o vestido dela se camufla
nele, guio seus dedos ágeis sobre o teclado e ela fica visivelmente
emocionada ao sentir o marfim em seus dedos, depois de alguns instantes
me agacho para falar no seu ouvido.

— Quero que toque para mim anjo.

Ela suspira, se acostumando com a presença do seu piano. Caminho até


um dos cantos da sala e me encosto numa das paredes para a observar
melhor, e em menos de trinta segundos seus dedos já estão deslizando sobre
os teclados trazendo uma das sinfonias de Beethoven.

E assim como aconteceu da primeira vez que meus olhos pousaram nela,
meu corpo é dominado por uma energia diferente. Daqui é possível ver as
lágrimas cristalinas deslizando por suas bochechas que no momento se
encontram coradas, é sempre assim quando estou por perto.

Não sei quanto tempo fiquei ali a comtemplando, mas foi tempo suficiente
para saber que não importa o meio pelo qual nós nos unimos, de uma coisa
eu tenho a certeza, ela será minha para sempre, até o fodido do mundo
acabar.
Não busco nenhuma cura, consolação ou redenção. Estou quebrado
demais para querer essas coisas, mas ela, ela eu quero até mesmo no meu
mundo sombrio.
Ela rouba toda minha atenção sentada naquele piano, para qualquer um a
ver sentada e tocando pode parecer algo normal ou habitual, mas a coisa
muda quando, uma deficiente visual toca com perfeição sem falhar nenhuma
nota em todas as composições dos músicos mais clássicos a história da
música já conheceu. É impossível não manter os olhos vidrados nela,
desencosto da parede e caminho em direção a ela pois a sinfonia de
Beethoven está nas suas últimas notas e agora eu preciso de outra coisa nela.

Assim que a última melodia soa no ambiente e seus dedos descansam sob
seu colo, eu seguro seus ombros de maneira suave, seu perfume doce, com
essência de primavera encanta minhas narinas e o calor que seu corpo emana
desperta sensações indescritíveis em meu corpo, por causa da pele nua na
região dos ombros seus pelos se arrepiam devido ao contado gelado dos
meus dedos.

Minhas mãos percorrem seus braços magros, enquanto gemidos da noite


passada ecoam na minha mente, e como na velocidade da luz meus dedos
abrem o fecho do vestido que se encontra atrás do seu pescoço, a peça
deslizou imediatamente mas não o suficiente para deixá-la nua na região do
busto, para cumprir meu objetivo, deslizei também o zíper traseiro que
compõe o vestido.

A peça deslizou completamente até sua cintura, deixando assim seus


peitos pequenos e redondos a mostra. Os bicos rosados e pontudos se
destacam em tanto branco que envolve o cómodo em que nos encontramos.
Como dois camaleões meus dedos percorrem bem devagar o caminho até
seus seios, e massageio eles bem devagar sentindo a carne da região me
deixar ainda mais duro, daqui posso sentir sua respiração ofegante a cada
lambida demorada que dou no seu pescoço exposto.

Eu lambo, beijo e toco seus seios e me perco nisso por inúmeros minutos
sem me cansar, de canto do olho vejo suas pernas se moverem, com certeza
uma roçando a outra.
A faço levantar do banco e a coloco parada a minha frente, seus olhos
azuis intensos não escondem o quanto ela deseja isso tanto como eu, mas sei
que por dentro ela trava uma batalha com ela mesma, e ela sabe que a razão
não pode contra o desejo, seguro suas lindas mãos e as coloco no meu peito,
e posso ver admiração em seu rosto devido as batidas rápidas e frenéticas
que está sentindo vindo do meu coração.

— O que faço com você anjo, hum? — Questiono acariciando a ponta da


sua orelha com meu queixo, ela prende os gemidos, suas mãos abandonam
meu peito e imediatamente tapam seus seios, como se ela tivesse acordado
de algum transe — não tem nada aí que eu ainda não tenha visto anjo.

— Você-você disse que não ia me machucar! — Ela tentou controlar a voz


ao falar isso, mas seu medo não deixou.

— Eu nunca disse isso anjo, apenas disse que faria de tudo para que você
me aceitasse e se entregasse a mim sem qualquer barreira, por bem ou por
mal. Lembra? — Minha boca esbanja um sorriso forçado ao perceber que
meu anjinho não sabe onde se meteu ao dizer sim na frente daquele altar, na
verdade ela não teve opção, mas mesmo assim ela ainda não sabe que está
fodidamente casada com um filho da puta.

Seguro no tecido leve dos vestido e o rasgo de cima para baixo em dois,
ela solta um gritinho pelo susto e isso me dá uma fodida satisfação. Agora o
vestido não passa de dois trapos espalhados no chão, aperto sua cintura fina
e ela ofega os sentir meu contato, seus lábios convidativos me chamam para
a arrasar em um beijo cheio de paixão, e enquanto a beijo como um
selvagem primitivo meu pau quase pula da calça moletom de tão duro que
está.

Com apenas uma mão segurei sua cintura por trás e a suspendi do chão
sem separar nossas bocas, a coloquei sobre a cauda do piano e intensifiquei
ainda mais o beijo e minhas mãos não param de percorrer por suas coxas e
também de as apertar, largo seus lábios e percorro o caminho do pescoço até
sua virilha espalhando beijos, lambidas e chupões. Sem sua autorização abri
suas pernas sem nenhuma delicadeza expondo sua buceta extremamente
molhada e rosada para mim, ela está tão excitada que posso ver o clitóris
pulsando ansiando por mim.

Dei uma soprada nela, isso foi suficiente para minha esposa estremecer e
soltar um gemido nada tímido, após vislumbrar o quanto ela também me
quer, passo minha língua no meio das suas dobras escorregadias, e ela solta
gemidos ainda mais altos e as lágrimas que quase iam transbordar por seus
olhos não existem mais, sugo sua buceta como se fosse o mais delicioso dos
néctares, o que não foge da verdade, porque ela é doce e exala a fragrância
mais exótica de todas.

Quando finalmente sinto que ela está prestes a gozar minha boca
abandona seu centro do prazer volto a carregar seu corpo, mas antes disso
ouço seu protesto e isso me agrada. A levo em meus braços até uma das
extremidades da sala e a prenso na parede sem delicadeza nenhuma, abro
suas pernas e me acomodo nelas buscando meu pau pulsante, e como se
estivesse necessitando de uma droga tiro ele de dentro da calça, já
lambuzado de pré sémen.

Solto um gemido longo quando meu pau rochoso passa por seu canal
quente e apertado.

— Porra anjinho. — Estoco forte segurando sua bunda ainda dolorida e


cheia de marcas do meu chicote, a cada estocada forte seu corpo acompanha
meus movimentos batendo forte na parede.
— Eu-eu Christopher — Meu nome sai tão trémulo por sua boca enquanto
sua buceta se contrai e aperta meu pau até ela se desmanchar por completo
em meus braços, trémula, exausta e como sempre corada e envergonhada.

Ah eu vou sentir muita satisfação em tirar esse jeitinho dela. Daqui a


algum tempo ela não vai nem lembrar como é ser frágil e delicada, porque
querendo ou não, não tem como sair desse meu mundo sem estar
corrompido.
Com a ajuda de Morgan eu caminho pelos jardins da casa, por um milagre
hoje Seattle não foi dominada pela chuva constante, faz uma semana que
estou morando aqui na minha nova casa e nunca tinha tido a oportunidade de
sair de dentro dela. Respiro fundo sentido o cheiro da grama molhada e mais
algumas plantas que sem dúvidas devem ser muitas.

— Venha senhora, vamos nos sentar naquele banco, já deve estar cansada
— assinto com um sorriso no rosto, o braço dela está entrelaçado com o meu
e juntas caminhos em direção ao dito banco.

— Por favor Morgan não me chame de senhora, eu já te pedi. Eu gostaria


que me visse como uma amiga e não como alguém que paga seu salário. —
Ela permanece em silêncio, parece pensar nas palavras certas para me dizer.

— Eu gosto muito da senhora, nas isso é uma questão de respeito. Acho


que... — ela pondera, e então volta a falar — o senhor Parker não acharia
apropriado.

— Por favor, eu só queria ter alguém com quem possa conversar, e você é
a única pessoa para além do meu marido que mantenho contato e — também
ponderei, não podia falar para ela que eu não falo com minha família e muito
menos com minha única amiga desde o dia do meu casamento. O
Christopher está me isolando do mundo, mas do que eu já era na Rússia.

O seu silêncio me diz que o assunto deve ser encerado e assim o faço,
porque não quero aborrecê-la com meus assuntos. Mas a falta que sinto de
Yeva é tanta que meu coração até dói, ela deve estar muito preocupada
comigo, e Dimitri? Eu prometi dias antes do casamento que ligaria para dar
notícias, o único jeito vai ser falar com Christopher, porque se eu pedir a
Morgan ela não vai aceitar sem a prévia autorização do patrão dela.

Sem muita opção fiquei ali sentada em silêncio, ficar sentada o dia todo
no piano já estava me deixando meio cansada, e sem ninguém para me
ajudar não posso trabalhar em novas composições. Meus livros todos em
braille ficaram na Rússia, logo, aqui não tem mais nada para fazer.

Depois de tantos dias preso na casa comigo hoje Christopher finalmente


foi trabalhar, quando acordei ele não estava na cama, como já é de costume,
parece que ele não dorme, foram poucas as vezes que percebi sua presença
na cama depois de acordar, e por mais que pareça masoquista eu gosto de
saber que ele está em casa, apesar da sua presença me causar um pouco de
medo ainda.

Se conversamos são apenas algumas trocas de palavras. O único lugar


onde ele solta mais de duas dezenas de palavras é no quarto de jogos, lá ele
fala até mais que o necessário para me deixar atormentada.
Uma parte de mim anseia para saber na verdade como é o quarto de jogos,
se ele é realmente como imagino, e uma parte mais profunda do meu coração
quer conhecer o rosto do homem que tem despertado tantas coisas diferentes
em mim.

Para Sasha, eu devia me preocupar em como será minha vida quando o


número de palavras de segurança acabar, Deus ele vai me matar. Mas eu não
tenho saída, me restaram apenas seis palavras de segurança, em uma semana
tivemos várias secções, onde em cada uma ele me ensinava algo diferente,
algumas lições eram prazerosas e outras nem tanto, por isso em algumas
vezes tive que recorrer as palavra de segurança.
As vezes ele nem me inflige dor mas a sensação de não saber o que me
aguarda ou do que fará comigo, me deixa com medo suficiente para recorrer
á palavra de segurança.

Passei o resto da tarde sentada no jardim mergulhada no meu próprio


silêncio, Morgan me levou para almoçar e depois me acompanhou até a sala
onde se encontra meu piano a pedido meu.
Ter meu piano aqui me faz bem, porque ele é um pedaço do meu país é
uma lembrança viva do amor que meu pai sentia por mim, e pensar nele
ainda me parte o coração e me deixa sem chão. É tão difícil acreditar que ele
não está mais aqui.

Saio do meu devaneio ao escutar os passos característicos de Christopher,


tudo denuncia ser ele, o perfume, a presença sombria e a energia pesada.
Sei que ele me observa para em algum lugar e ele sabe que sinto sua
presença. Então resolvo fazer o pedido

— Chri... — eu penso melhor se ele vai deixar ou não, então resolvo


tentar — Christopher! Eu posso ligar para minha amiga? A Yeva? — Ele
suspira e faz alguns movimentos até que se dirige a mim.

— Aqui está seu celular novo. Ele já está programado para tudo que você
precisa. Funciona através do comando de voz, algo que com certeza você já
sabe usar e também sabe as funcionalidades do aparelho. Os contatos da sua
amiga, o meu e do seu irmão já estão gravados. São as únicas pessoas para
quais está autorizada a ligar. — Sinto seus dedos alisando minhas bochechas
— mas você não irá depender durante muito tempo disso, afinal de contas
fará a cirurgia.

— Não! Por favor, eu não quero fazer a cirurgia Christopher — ele nem
me deu ouvidos e saiu andando me deixando falar sozinha — Christopher!
Christopher!

Me engasgo no meu próprio choro, pensado se realmente ele me obrigará


a fazer a cirurgia sem ao menos se preocupar com a minha opinião. Mas isso
é algo que devia ser decidido a dois, não é assim que acontece em
casamentos normais? Claro, nosso casamento não é como os outros.
— Senhora! — Limpo as lágrimas sem esconde-las, Morgan está
acostumada com elas tanto quanto eu.

— Sim Morgan.

— O senhor Parker a aguarda para o jantar. — Tomara que hoje ele não
me leve para o quarto de jogos, porque estou emocionalmente exausta para
aguentar aquela tortura.

Ele nem me deu tempo para falar com minha amiga, eu fiquei inerte
pensando que nem percebi que tanto tempo tinha passado.

— Por favor me dê um minuto. — Com o comando de voz mando o


celular ligar para o contato da Yeva, e em três toques ela finalmente atende.
A cada vez que levanto o garfo para degustar a refeição com muito
esforço parece que ela vai perdendo o sabor, minha garganta está seca, por
isso a cada engolida eu sinto que os alimentos estão machucando minha
garganta, mas se eu me negar a comer será pior, Christopher tem um jeito
bem peculiar de me punir, e eu não quero sair machucada nisso tudo.

A única coisa que me alegra no momento é o fato de ter conseguido falar


com minha amiga depois de tanto tempo, antes de nós entrarmos
numaconversa choramos silenciosamente enquanto cada uma ouvia a
respiração da outra. Eram choros de saudades misturados com alívio e
felicidade. Depois disso ela me fez inúmeras perguntas sobre como eu
estava, se meu marido me tratava bem ou não e eu respondi que sim que ele
me trata bem, sendo que cinquenta por cento do que eu disse para ela, era
mentira. Se ela realmente descobrisse tudo o que antecedeu o meu
casamento, sem dúvidas condenaria todas as gerações da família Parker.

Perguntei pra Yeva como ela soube que eu estava casada, e então ela me
contou que viu nas manchetes dos maiores jornais e revistas dos Estados
Unidos, segundo ela não tinha como um homem como Christopher se casar e
o mundo não saber, sendo um dos homens mais ricos do país, e sendo que na
cerimônia estiveram presentes diferentes personalidades do mundo todo. Ela
disse que ligou para os pais para confirmar a informação, e foi isso que eles
fizeram, lembro que a mãe dela foi um grande consolo para mim no dia da
cerimônia.

Conversamos por quase dez minutos, eu só queria ouvir a voz dela, ela
prometeu que viria me visitar um dia desses para me contar as inúmeras
novidades que tinha sobre sua vida aqui nos Estados Unidos, e é óbvio que
eu não neguei receber sua visita, não o faria senão ela desconfiaria. Yeva
sempre foi muito inteligente e esperta e com certeza ela sabe que tem algo de
errado comigo, como não podia mais prolongar nossa conversa me despedi
dela e Morgan me trouxe para sala de jantar.

E como sempre Christopher está quieto assim como eu aproveitando seu


jantar. Depois de muito esforço para engolir a comida eu finalmente desisti,
eu definitivamente estava sem apetite algum e a única coisa que quero nesse
momento é iro para o quarto e dormir.

— Christopher hoje vamos para o quarto de jogos? — Quando vi a


pergunta já tinha saído, praguejo internamente por fazer tal pergunta. Mas eu
estava coberta de razã,o nesses últimos dias depois do jantar o nosso destino
seguinte era o quarto de jogos.

Das vezes que fomos para aquele cómodo ele obrigou meu corpo a fazer
cada coisa, que as vezes duvido se em alguma dessas vezes sairei viva de lá.
E o pior de tudo é saber que enquanto ele me inflige dor ele apenas retira de
si de forma moderada seu espírito sádico, eu sinto que ele pode ser ainda
mais sádico e cruel do que já é, ele apenas está se controlando, na verdade
sinto que ele usa o quarto de jogos para controlar algo ainda maior que mora
dentro dele, algo que duvido muito que eu possa suportar ou aguentar, ele
guarda um monstro que sei que se for liberto irá me esmagar da pior forma
possível.

— E você quer ir? — Volto a realidade com essa pergunta pairando no ar


— ah anjo você é uma caixinha cheia de surpresas. Eu não estava pensando
em ir hoje, mas com esse convite tentador eu não posso recusar — não, o
que eu fiz? — Vá se preparar, já sabe como a quero.
Ele se refere a estar nua e ajoelhada num dos cantos daquele quarto
abominável, não vou negar que ele me dá muito prazer no momento certo,
mas a que custo? Depois de derramar lágrimas e implorar por sua clemência.
As vezes acho que esse discurso de não querer me quebrar e apenas querer
me tornar uma pessoa forte é mentira, pois as estratégias que ele está usando
me tornarão uma pessoa masoquista, e sinto que chegarei num extremo onde
não sobreviverei sem sentir dor, ser machucada será algo tão vital quanto
respirar para mim.

Eu sei que se eu tentar pedir para ele repensar a resposta continuará sendo
a mesma, por isso mesmo isso machucando meu coração de forma
dilacerante eu seguro na minha bengala que está na cadeira ao lado e a
desdobro, pelo menos o caminho da sala até nosso quarto eu conheço muito
bem.

Assim que alcanço o último lance de escadas meu coração começa a dar
fortes batidas, a agonia que sempre me acompanha quando chega esse
momento também se apodera de mim, seguro na maçaneta gelada da porta
do nosso quarto e finalmente a giro até que a porta abre. Já tendo o percurso
em mente por isso vou direto para o closet, descanso a bengala num canto de
fácil acesso. Com calma retiro toda a roupa que estou vestindo, até mesmo a
roupa íntima.

Num dos compartimentos do closet estão organizados todos os meus robes


de seda, segundo Morgan estão organizados de tons mais claros até os mais
escuros, e sei que Christopher gosta de tons escuros por isso pego um dos
últimos robes pendurados.
Assim que o visto sinto o tecido quente da peça esquentar meu corpo, bem
antes de puder fazer algum movimento sua presença me faz travar.

Seus dedos gelados se entrelaçam com os meus, e já sei que chegou a


hora, caminhamos os dois em silêncio, tal como nos outros dias, a diferença
é que hoje pareço mais apreensiva do que o comum. Após abandonarmos a
outra ala da mansão ouvi o barulho eletrônico da porta, parece que ela abre
através de uma senha. Ele me guia para o interior e depois disso a porta é
fechada, e nesse momento não somos mais marido e mulher, agora somos
dom e submissa.
— Já sabe o que fazer anjo — ele solta minha mão e então os passos feitos
por seus pés descalços indicam que ele está se afastando. Seguro na ponta
do nó que fiz no robe e o puxo, o nó se desfaz imediatamente e com apenas
um movimento delicado me desfiz da peça. Agora eu estava completamente
nua, caminho até o lugar que ele sempre ordena que eu fique - com a prática
e muita dor eu acabei gravando muito bem esse lugar - dobro meus joelhos e
me ajoelho, minhas mãos descansam por cima das coxas.

Meu cabelo é preso em uma trança cuja já é muito bem conhecida por
mim. Meu dom solta um beijo na minha boca e se afasta de novo.

— Está pronta para mim anjo?

— Sim senhor! — Não penso duas vezes, respondo imediatamente sua


pergunta, por mais que não esteja pronta prefiro responder que estou.

— Pronta para sentir dor e prazer da forma mais profunda? — Engulo em


seco, os poros começam a formar as primeiras gotas de suor que a qualquer
momento irão me deixar encharcada.

— Pronta para receber dor e prazer senhor — assim que essa frase sai da
boca a primeira chibatada é acertada no meu bumbum. Por causa do susto eu
quase saio da posição, o momento que tive para me acostumar com a
ardência no bumbum foi suficiente para que outro golpe fosse acertada no
outro lado, uma eletricidade estranha se espalhou por meu corpo e milhares
de sensações avassaladoras tomam conta de mim, uma comichão estranha
começa nos bicos dos meus seios e como se adivinhasse minhas sensações
ele atingiu meu mamilo esquerdo com o chicote e meu corpo todo se
arrepiou. — Venha!

Ele segura minha mão, mas diferente das outras vezes onde ele costuma
me algemar e me deixar pendurada, apenas me encaminha até um canto, dou
um tremelique quando minhas costas entram em contato com alguma
superfície gelada, meus pulsos são erguidos e presos em uma espécie de
algemas separada pois meus braços tomam uma distância um dos outro
entre meu corpo, sopro o ar quando minhas pernas são abertas de forma
bruta e presas pelos calcanhares também por algemas de couro.
Neste momento minhas pernas e meus braços estão abertos, tento acalmar
minha respiração mas não sei o que me aguarda então é impossível controlar
isso. Posso sentir o suor escorrer por minhas têmporas enquanto passos
firmes e precisos do meu dom se aproximam de mim.
Posso sentir sua respiração quente junto a minha boca, sua língua hábil
lambe meus lábios e um gemido contido sai por minha boca me fazendo
praguejar por o odiar e também desejar o que ele pode me dar de bom nesse
lugar.

Sinto que algo quente, com aroma amadeirado e suave está sendo
despejado em meus peitos, o líquido desliza até minha barriga, as mãos
grandes de Christopher começam a espalhar o tal líquido - que parece um
óleo - por toda parte frontal do meu corpo me tornando escorregadia e me
deixando ainda mais excitada, esse óleo parece afrodisíaco pois não paro de
desejar seu membro rígido dentro de mim, eu mal posso esfregar minhas
pernas em busca de alívio pois elas estão tão afastadas uma da outra que até
posso sentir meus fluídos escorrendo por minhas coxas.

— Ahh — gemo feito uma depravada ao sentir a boca quente dele


chupando meu mamilo esquerdo enquanto sua mão acaricia meu outro seio
enrijecido. A cada sugada minha intimidade se contrai pela espectativa de tê-
lo dentro de mim, estou a beira do colapso e prestes a implorar por mais,
mas ele odeia quando eu faço isso. Ele gosta de me ver agonizar e
implorando com os olhos ele sente satisfação em ver o desespero estampado
no meu rosto e na minha intimidade extremamente molhada e melada.
Quando eu estava quase pedindo por mais ele se afasta.
Respiro profundamente soltando o ar ruidosamente, me debato pra tentar
me soltar e tocar uma região que precisa da minha atenção.

Antes que pudesse continuar com isso ouvi aquele objeto que já me
proporcionou orgasmos impossíveis de descrever fazendo aquele som
característico, um vibrador, foi isso que ele me falou. Assim que o objeto
desliza sobre minhas dobras e toca meu centro de prazer eu perco a noção de
tempo e espaço, meu quadril não para de mexer querendo cada vez mais
sentir aquela fricção. Gemo e choramingo porque sei que não posso chegar
ao ápice do prazer sem antes ele autorizar.
— Por-por favor senhor me deixe... — eu mal terminei a frase e meu
corpo começa a convulsionar enquanto minha intimidade se contrai e minha
mente flutua, meus espasmos não param e minha respiração acelerada
também não cessa. Passam alguns segundos quando finalmente consigo me
recompor. Engulo em seco ao perceber que os meus atos impensados irão
trazer consequências dolorosas pra mim e muito prazerosas para ele. —
Chri... senhor, eu sinto muito muito, Eu-eu tentei eu juro mais foi impossível
segurar — lágrimas quentes como brasa queimam meu rosto.

Christopher se afasta tirando o vibrador da minha vagina, mil maneiras de


ser castigada passam por minha cabeça e em nenhuma delas eu saio intacta,
fiquei tão envolvida nessa névoa coberta por pensamentos que gritei de susto
e dor quando acertou o chicote nas minhas dobras já entre abertas pelo
vibrador, mais um golpe e meus fluidos do orgasmo fazem um som
característico quando o chicote me acerta de novo naquela região.

— Anjo, você adora me dar prazer não é? Falei para você gozar? —
apenas nego com a cabeça e já é impossível segurar no choro, ele vai me
punir — Então vamos a sua punição.
Respiro fundo para controlar o que está crescendo dentro de mim, ela
tenta se desculpar trazendo justificativas aceitáveis pelo fato de ter feito algo
sem minha prévia autorização. A quem eu quero enganar, no fundo eu faço o
que faço com ela para que saia da linha e me desobedeça e dessa forma eu
possa a punir. Neste jogo eu prezo completamente pelo contrário, não quero
que ela me venere como seu Dom, apenas quero tirar o pior dela, quero que
ela me desafie a cada vez que ordenar algo, quero que ela me odeie a cada
vez que eu demonstrar algum tipo de afetuosidade quero que grite de dor
toda vez que quebrar a porra das regras para que eu a puna, porque para mim
isso é uma necessidade. Preciso a fazer sentir dor para que a ferra dentro de
mim se acalme, a minha sobrevivência também depende disso, mas necessito
lhe dar prazer também, porque a desejo como nunca desejei outra.

Não posso negar, apesar de frágil e delicada Sasha é uma verdadeira


selvagem na hora do sexo, e quando goza é impossível não ficar ainda duro
com seus olhos revirando. Ela nunca esteve em posição que demonstrasse
tal coisa. Mas pelo simples fato dela gemer e gritar obscenidades e seus
olhos demonstrarem fogo a cada vez que meto fundo nela, eu sei que criarei
uma pequena ninfomaníaca.
O encriptar das chamas que ardem forte na lareira do quarto me trazem de
volta, adoro sentir essa temperatura alta aqui dentro, já que lá fora a coisa é
completamente diferente, baixas temperaturas, o humor nada agradável e o
principal, as pessoas e a porra da sociedade padronizada, não que me
importe com o que pensam ou não de mim, a porra da vida fodida é minha e
com ela faço o que eu quiser.

Meus olhos percorrerem o corpo suado e cansado dela, o efeito do


orgasmo passou tão rápido pois ela sabe que receberá um castigo. Caminho
até a parede onde se encontram enumeras gavetas, nas quais se encontram
um número incontável de prendedores de mamilos, plugs anais, vibradores
das diferenciadas formas e tamanhos e efeitos, mordaças, bolas
estimuladoras, vendas, entre outros acessórios.

Escolho algo diferente, afinal de contas ela será castigada, e não


compensada. Escolho uns prendedores de mamilos feitos sob encomenda,
esses eu nunca usei mais sei muito bem qual o efeito deles, nada prazeroso
para ser exato. Com Sasha apenas usei uma vez os prendedores
convencionais, não posso negar, gostei do efeito nela, não os puxei dos seus
bicos rosados e ela gozou até não se aguentar mais nada.

Seguro nas duas peças de prata, mesmo sob efeito das luz led, elas
reluzem como duas joias devido aos diamantes cravados neles. As pontas
por onde os mamilos são apertados são revestidas de uma material capaz de
esmagar os bicos dela, se assim eu quiser, mas não é isso quero, pois ainda
desejo imensamente chupar eles inteiros e pontudos como sempre foram.

Após fechar a gaveta por onde tirei os prendedores, dei mais uma olhada
no meu anjo, o bichinho está quase tendo um colapso de tão assustada, a
grelha onde a mantenho presa deixa seu corpo completamente exposto, ela
está completamente aberta para mim. Seu corpo demonstra o quanto está
exausta, por ficar nesta posição, o que ela não sabe é que ainda existem
dezenas de posições para imobilizar seu corpo do jeito que desejar, deitada,
sentada, ajoelhada, parada, de pernas abertas ou fechadas, encima ou em
baixo. E ela irá passar por todas elas.

Caminho devagar em sua direção, as gotas de suor se mistura com minhas


tatuagens ficando ainda mais visível, meu jeans surrado esmaga meus pau
duro como uma rocha. Ficar excitado com o sofrimento alheio nunca
pareceu tão doentio quanto agora.
Sua respiração fica ainda mais ofegante quando sente minha proximidade,
suas lágrimas deslizam por suas bochechas coradas, o grito silencioso de
socorro não passa despercebido por mim, ela está aterrorizada, e uma parte
monstruosa de mim festeja por isso.

Me aproximo ainda mais como um leão pronto para degustar de sua presa,
não resisto e dou uma cheirada em seu pescoço cujo está impregnado pelo
perfume doce e delicado, seu cheiro de inocência misturado com medo me
deixam eufórico. Quando uma lágrima desliza de forma uniforme desde a
base do seu olho até seu queixo eu não resisto e lambo ela de baixo para
cima. Seu corpo estremece e seus lábios fazem movimentos como se
quisesse falar alguma coisa, mas as palavras ficam presas em sua garganta.

— Tão doce e saborosa — as palavras são ditas por mim de forma roca,
excitante e bem baixa em seu ouvido. O ar quente que sua boca aberta pela
respiração expele entra em contato com minha pele nua e isso deixa não só
a mim fodidamente eufórico mas ao meu pau também.
Seguro nos prendedores em cada mão, as peças parecem simples pinças,
encacho cada um em cada bico dos seios pequenos e redondos isso me dá
uma fodida água na boca que me controlo para não engolir cada peitinho em
minha boca.

Assim que sua pele entra em contado com a temperatura gélida dos
objetos ela suspira baixinho, largo os objetos para assistir seu peito fazendo
movimentos rápidos de sobe e desce, evidenciando que os objetos já estão
fazendo o trabalho para o qual foram desenhados e construídos.
A princípio ela irá sentir uma vibração, como se fosse uma espécie de
choque elétrico, essa sensação dura cerca de um minuto, e pelo gemidos
deduzo que é exatamente o que ela está sentindo nesse momento, ele geme
baixinho, a pressão que os objetos estão fazendo em seus bicos aliado ao
pequeno choque querendo ela ou não estimulam seus os músculos nervosos
da sua buceta.

Me aproximo dela para curtir o momento, suas coxas brilham devido aos
resquícios de seu gozo de minutos atrás, com meu dedo indicador estímulo
seu centro macio e pontudo, praguejo por ela ser tão apetitosa e por ter uma
buceta que meu pau adora estar envolvido. Ela está tão quente, tão desejosa
e praticamente jorrando a líbido. A acaricio de forma lenta até a sentir
escorregadia e inchada.

— Por favor está doendo, tira — imediatamente tirei meu dedo pra prestar
atenção no real trabalho que aqueles prendedores fazem, a região ao redor
dos mamilos está ficando cada vez mais avermelhada devido a pressão que
está sendo feita nos mamilos — está doendo.

Aperto sua cintura enquanto ela se contorce de dor e chora de forma


estridente, ela mal consegue respirar de tão forte que seu choro sai, as
lágrimas se misturam com o suor do seu rosto, os lábios estão trémulos e ela
mordeu os lábios para reprimir o grito.
Sem dúvidas essa é uma cena para nunca esquecer. Em meio segundo
sangue brotava por seus mamilos, dá sensação que a qualquer momento eles
irão estourar. Aquele sangue escorrendo traz a tona memórias de anos atrás,
e isso me confundi por um segundo, e me nego a reviver aquele dia nesse
lugar. Não irei contaminar meu santuário com memórias tão abomináveis
quanto.

— Vendida! Vendida — essas palavras saem entrecortadas mais firmes


por sua boca, é perceptível o quanto está exaurida, ela nem chora mais
apenas funga enquanto seu corpo treme, nem sei como arranjou forças para
lembras da safe word. Com cuidado para não a machucar retiro os
prendedores e os devolvo no lugar. Destranco as algemas de coro e seu corpo
quase caí mole no chão se não fosse pela minha rapidez. A peguei no colo e
caminhei até o banheiro.

— Você foi fantástica anjinho. Agora restam apenas quatro chances para
usar a sua palavra de segurança — mesmo quase desmaiado eu sei que ela
me ouve e que percebe cada palavra que procuro. Sem me demorar dei um
banho nela e a vesti com de minhas camisetas três vezes maior que ela. A
ajeitei de novo em meus braços e saí do quarto de jogos indo em direção ao
nosso quarto.
Dirijo a uma velocidade moderada na estrada principal que leva a
Weston, a Land Rover desliza sobre o asfalto molhado pela chuva intensa
que caiu durante a tarde de hoje, apesar da tarde chuvosa a cidade voltou a
calmaria, algumas gotas teimosas ainda brotam sobre o vidro do carro,
moderadas o suficiente para eu ver a estrada sem dificuldades. Viro meu
rosto para o banco onde estão guardados o buquê de rosas e a torta de
limão, a favorita dela nas últimas semanas.

Um sorriso surge no meu rosto quando lembro da tatuagem que fiz hoje,
provavelmente ela vá me matar por fazer isso. Mas já está feito e não tem
como voltar atrás, nunca tive a curiosidade de fazer uma tatuagem mas com
a notícia maravilhosa que recebi não tinha como ser o contrário eu
precisava fazer algo que marcasse toda minha vida, algo que durasse toda
minha vida, precisava fazer algo que por mais que minha mente esquecesse
meu corpo lembraria, nada melhor do que uma tatuagem para isso.

Seguro firme no volante, porque a felicidade é tanta que só capaz de


largar ele só para gritar o quanto sou o fodido do homem mais sortudo do
mundo, ela não te merece cara, eu sei que não, mas tudo isso parece o certo
a se fazer.
Mais uma vez olho o relógio e ele marca um quarto para às onze da noite,
não preciso me preocupar de não encontrá-la acordada ou não, ela não
dorme sem antes comer a torta de limão.

No fim da rua avisto nossa casa, o jardim muito bem cuidado, o


condomínio está calmo o que era se se esperar a essa hora num condomínio
familiar. Assim que estaciono o carro em frente da garagem recolho meus
pertences e também o passaporte para entrar em casa. Tranco o carro e
caminho até a entrada principal que ostenta uma porta de quase dez metros,
meus passo são o único som que se ouve, olho na sala e não vejo ninguém a
procuro na cozinha e é a mesma coisa.

— Stacy já estou em casa e trouxe uma surpresa para você — falo


enquanto tiro o casaco me sentado no sofá onde alguns livros dela estão
espalhados, ela provavelmente estava estudando. Espero cerca de dois
minutos ansioso para ouvir seu grito de alegria ou então ouvir suas
reclamações devido a alta quantidade de hormônios. — Stacy! Baby você
está aí?

De novo o silêncio. Será que ela está dormindo? Pra tirar minhas dúvidas
levanto do sofá e vou em direção às escadas que dão acesso ao andar de
cima. Caminho pelo corredor até que vejo a porta do nosso quarto aberta
mas a escuridão toma conta dele. Provavelmente hoje ela cansou de me
esperar, empurro a porta e vou até o interruptor para ligar as luzes, assim
que o faço quando me viro para nossa cama o que vejo nela me choca de tal
forma que cambaleio devido a tonteira e me seguro na parede.

Quando recobro a minha sanidade corro até a cama e seguro seu corpo
pequeno gelado, os lábios estão arroxeados e sua respiração está tão lenta
que parece que a qualquer momento ela irá parar de respirar de vez.

Não, não, não.

— Stacy amor! Fala comigo baby — sacudi seus ombros até que vejo seus
olhos castanhos abrirem de vagar, seus cachos cheios estão espalhados pelo
travesseiro, seu rosto cor de chocolate está cheio de hematomas, ela tenta
falar alguma coisa mas a obrigo a ficar calma, seguro no celular para ligar
para o 911, mas seu rosto de medo olhando para o próprio ventre também
me fazem vidrar essa região. Não.
Sangue.

— Christopher! Acorda por favor — ouço uma voz conhecida chamando


por mim, enquanto mãos quentes seguram meu ombro. — Por Deus, você
está tendo um pesadelo.

Quando dei por mim já estava despertando ofegante e suado como de


costume, porra. Não posso esquecer que já é um privilégio de ter noites
normais de sono. Vestindo apenas o moletom saio da cama e caminho em
direção a porta, já sei o que preciso fazer para extravasar.

— Christopher Você está bem? — Ignoro sua pergunta. Saio do quarto e


caminho em direção ao único lugar que pode me acalmar no momento.
Meus ouvidos estão zumbindo tão forte que minha cabeça dói como se
fosse explodir a qualquer momento, o cheiro de alcatrão queima minhas
narinas, o cheiro é insuportável mas eu mal consigo me mexer para mudar
de posição. O ranger de metal e o estilhaçar de vidro chamam minha
atenção do outro lado da estrada, o nosso carro está completamente
destruído, virado de baixo para cima, levanto mais a cabeça e uma poça
enorme formada por meu próprio sangue está formada no asfalto, meu
ombro esquerdo dói de forma dilacerante.

— Pai? — O chamo, mas não obtenho nenhuma resposta. Passam alguns


segundos até que finalmente vejo o cabelo grisalho do meu pai aparecer
pela janela quebrada do carro, seu rosto está completamente banhado de
sangue, seu rosto demonstra a tamanha dor que está sentindo, não só por
estar machucado mas sim por me ver desse jeito. Com muito esforço tento
arrastar meu corpo sobre o asfalto que rala algumas partes do meu corpo
que estão expostas, se não fosse pelo casaco pesado sem dúvidas eu teria
machucado ainda mais meus membros superiores, mesmo assim as meias
finas não resistiram as pedrinhas espalhadas pela estrada e pelo vidro,
posso sentir essas partículas cravadas nas minhas pernas e algumas no meu
rosto.
Faço mais força e apoio todo meu peso num único braço mas antes de
fazer qualquer movimento papai levanta a mão e apenas nega com a
cabeça, ele está dizendo para eu ficar onde estou, minhas lágrimas fazem
meus olhos arderem ainda mais.

— Papai não por favor — ele faz um sinal com a mão como se quisesse
me mostrar algo em seu pescoço, mas não me detenho nisso porque a única
coisa que quero é que ele saia dali e me leve para casa para festejar o resto
do meu aniversário como combinamos mais cedo. Seus olhos marejados me
olham com admiração e com amor, antes que eu pudesse ver mais alguma
coisa ele diz que me ama de forma silenciosa e isso me faz chorar
copiosamente porque sinto como se fosse uma despedida. Em segundos uma
luz forte veio do carro e um vento forte atirou meu corpo para ainda mais
longe, quando consegui recobrar um pouco a consciência, apesar da minha
visão estar desfocado eu podia ver as chamas consumirem o carro no meio
da estrada.

— Papai — estou tão fraca que mal consigo chorar, tudo está doendo e
minha visão está cada vez mudando a cor, e meu corpo não para de tremer
devido a extrema baixa temperatura de São Petersburgo durante as noites.
De repente uma sombra apareceu bem ao meu lado, não podia ver seu
rosto mas percebi que a pessoa está me olhando — pai!.

Limpo as lágrimas que não param de sair por meus olhos, é assim toda
vez que essas memórias se apoderam de mim. Cada acontecimento daquele
momento depois do concerto nunca saiu da minha cabeça, cada som, cada
gesto e cada imagem. Tudo isso continua vivo dentro de mim, mesmo depois
de quase cinco anos terem se passado. E o pior de tudo também veio quando
acordei no hospital e me disseram que meu pai tinha morrido e que eu tinha
ficado cega. Naquele momento eu não queria acreditar eu achei que não
sobreviveria em minha situação, porque eu estava devastada naquela época,
num minuto você presencia uma explosão e no outro você acorda e não
enxerga nada, nem mesmo a escuridão, você vive num mundo oco e sem cor.

Tento esquecer um pouco isso, porque lembrar por tudo que passei não me
faz bem no final do dia. Mas às vezes é inevitável não querer reviver aqueles
acontecimentos, a curiosidade também me instiga a querer entender o último
final que meu pai fez, naquele momento eu não levei muito a sério, mas
agora realmente entendo que aquilo foi alguma pista ou uma mensagem, eu
não sei só sei que alguma coisa me diz que meu pai não fez aquele sinal a
toa.
E também tem aquela sombra estranha que vi antes de ficar inconsciente,
pelo tamanho eu sinto que era um homem e me observava intensamente
através da mascara. Quem era ele? Provavelmente fazia parte do grupo que
nos atacou.

E pelo jeito dentro de alguns dias provavelmente minha visão irá voltar,
mas e se não der certo? Será que estou pronta para encarar o mundo de
novo? Com certeza não, não estou pronta para encarar o rosto do homem que
me tem para seu próprio deleite, fico imaginando qual será a cor dos seu
olhos, já sei que ele é alto e forte. Mas e os olhos? Os olhos são o espelho da
alma, e acho que olhando e vendo seus olhos posso saber o que está por trás
de Christopher Parker.

Passam dois dias desde a última vez que falamos, na verdade desde o dia
que fui torturada, nunca pensei que sentirei tanta dor na minha vida como
senti naquele dia. Achei que fosse morrer amarada naquele quarto de jogos,
o que mais me chocou foi a sua calma para lhe dar comigo naquele estado,
como se ele não saísse afetado de tudo aquilo. O quão ele foi machucado ou
quebrado ao ponto de não se importar se está ou não machucando alguém?

E quando ele finalmente me livrou daquele lugar eu finalmente estava


inconsciente, despertei quando escutei seus rosnados e seus gritos chamando
por alguém cujo nome não lembro no momento, mas eu fiquei tão assustada
que tentei o acordar e quando toquei seu corpo ele estava tão banhado de
suor que seu lado da cama estava encharcado como se tivesse despejado
algum líquido ali.
Quando ele finalmente acordou por poucos segundos achei que ele fosse
me dar uma surra de tão nervoso que se encontrava, perguntei se ele estava
bem e ele simplesmente me ignorou e saiu do quarto batendo a porta me
deixando sozinha.

Inspiro o cheiro de madeira molhada que entra através das janelas que abri
quando entrei na sala do piano, não sei porquê mas esses últimos dias tenho
acordado tão desanimada, mais do o normal na verdade. Até tocar piano
nunca pareceu entediante como agora. Meus dedos apenas pechem os
teclados de forma desajeitada da primeira nota de Dó até a oitava nota de
Dó.

— Senhora Parker! — Como se ela tivesse esquecido que a pedi para não
me chame de senhora, mas uma vez ela o faz, e já estou me acostumando
com isso.

— Pode falar Morgan— falo me levantado do banco que fica em frente ao


piano.

— Seu marido pediu que a ajudasse a arrumar uma mala para viagem,
porque partem em uma hora para nova Iorque. — O quê?

— Como assim? O que vamos fazer em Nova Iorque? — Eu ainda me


sinto perdida, primeiro por causa da viagem repentina e segundo porque de
repente Christopher lembrou que eu existo.

— Provavelmente vão a algum evento importante pois o senhor Parker


encomendou um vestido numa das melhores estilistas do país e também
mandou trazerem joias. E já está tudo pronto em Nova Iorque, eu irei a
ajudar com isso também quando chegarmos lá — sem ter mais o que
reclamar aceitei a mão que Morgan me oferece para que juntas
caminhássemos até o meu quarto. Enquanto caminhamos uma pergunta
surge assim de repente, eu sei que não devia a deixar desconfortável com
minhas perguntas, mas eu me sinto mal de vê-la aqui todos os dias cuidando
de mim.

— Morgan! Porquê você nunca sai para se divertir ou visitar sua família?
Você parece muito jovem e não vejo motivo para ficar aqui trancada comigo
e deixar sua vida passar assim.

— Não quero falar da minha vida particular senhora, apenas faço o


trabalho para o qual fui contratada. — Ela pontua de forma implacável sem
me dar oportunidade para reformular argumentos para a fazer mudar de
ideia. — Sinto muito por ser tão rude com a senhora.

— Não se preocupe. Eu que peço desculpas por colocá-la nessa situação.


Prometo não te importunar mais com isso — na verdade o que eu queria era
alguém para conversar, mas já vi que não vai acontecer. Depois de
percorrermos as escadas e atravessar o corredor já estávamos dentro do
quarto e enquanto Morgan arrumava minha mala eu fui tomar banho. Depois
de me banhar coloquei um vestido confortável e um casaco por cima, o
tempo aqui em Seattle não anda muito bom. Depois de colocar o casaco
Morgan me ajudou a sair do quarto e minha mala foi levada para o carro, eu
e ela iremos juntas até o aeroporto porque Christopher já está na cidade
então nos encontraremos lá mesmo.

A viagem até o hangar foi rápida, quando o carro trava numa velocidade
moderada a porta do meu lado é aberta, o vento fraco que sopra lá fora trás
até mim o cheiro do perfume do meu marido e antes que pudesse pensar em
algo uma mão grande segura minha mão e a outra minha cintura, e uma
eletricidade estranha percorre todo meu corpo.

— Chris-Chris-topher — sua mão gelada alisa minha bochecha e seus


dentes selvagens mordiscam meu lábio inferior.

— Vem! — Meu braço é segurado com força e assim sou guiada para um
lugar que desconheço. Quando sinto os primeiros degraus uma paz interior
se volta a mim quando percebo que estamos entrando no avião, sou
acomodada em uma das poltronas e meu sinto é colocado e assim ele dá
ordem para que a aeronave dê voo.

Ouço o farfalhar de papéis e deduzo que ele está trabalhando, mesmo


estando sentado a distância de mim sinto que está bem perto quase no meu
pescoço.

— Vem anjo! — Saio do meu devaneio quase pulando de tão distraída que
sua voz me pegou. Ele retira meu sinto e segura no meu braço me fazendo
levantar, o aperto da sua mão naquela região é firme e nada delicado, nunca
o vi tão raivoso para não dizer agressivo quanto hoje. Após alguns passos
ouvi uma porta abrir, nós demos alguns passos e depois disso aporta fechou.

Ele não me deu tempo para nada e minha boca foi esmagada em um beijo
urgente e agressivo, eu mal consigo respirar direito porque ele está roubando
todo o meu fôlego. Meu casaco é rasgado com urgência, e isso está me deixa
assustada. Suas mãos apertam meus seios me causando dor, uma vez que
meus mamilos não estão cem por cento recuperados.
— Espera Christopher ainda está doendo — ele não me deu ouvidos e
começou abrir o zíper do meu vestido, tento me afastar mas ele me aperta
ainda mais contra seu corpo, — por favor para.

Me solto dele e tento correr mas falho miseravelmente pois tropecei em


alguma coisa e cai no chão, meu corpo é tirado do cão e então ele me coloca
de costas para ele, posso sentir seu membro cutucar meu bumbum enquanto
uma das mãos levanta meu vestido sem nenhuma dificuldade até cintura,
minha calcinha é rasgada e meu clitóris é estimulado de forma vagarosa, eu
luto com tudo para não ceder mas é impossível quando se luta com alguém
que já conhece muito bem meu corpo, ele conhece meu corpo mais do que
eu que sou a dona. Após sentir que eu estava suficientemente molhada para
ele o ouvi abrir o cinto da calça.

Eu o odeio

O odeio tanto por fazer todas essas coisas comigo, primeiro me trata bem
depois me causa dor da pior forma possível, e agora me humilha desse jeito.

Não luto mais, porque sei que não vai adiantar nada, eu estou em
desvantagem agora. A única coisa que desejo no momento é que essa
aeronave caia direto no oceano para que eu possa esquecer da minha
existência.

— Porquê está fazendo isso comigo? — Eu só quero que isso acabe, só


quero dormir e esquecer de tudo. Esquecer do quanto a vida pode ser
dolorosa e cruel para pessoas como eu.

Só quero ser livre.


Em algum lugar no continente Europeu.

Ali estava aquela mulher sentada no mesmo lugar de sempre apreciando a


natureza perdida em seus próprios pensamentos para não sucumbir a tristeza
e a algum tipo de demência devido ao estado depressivo e a extrema pressão
pela qual ela costuma passar nas mãos do seu raptor.

Seus cabelos negros e longos misturados com apenas alguns fios


castanhos esvoaçam acompanhando a direção do vento fresco daquela
manhã. Na sua mente ela repete seu próprio nome, para nunca se esquecer
quem ela é, porque de vez em quando há momentos que exigem que ela
esqueça quem é, de onde veio e qual motivo a mantém viva.

Sobre o tempo ela não faz ideia do quanto se passou, mas o suficiente para
que sua aparência mudasse, não tão drasticamente como ela esperava pois
todas as mulheres da sua família dificilmente tem a sua aparência
modificada depois de passarem alguns anos. Mesmo em idade avançada
todas permaneciam com um aperto jovial.

Seus olhos azuis de um tom intenso igual a duas safiras vidram o violino
que está encostado numa das poltronas do seu quarto, para não dizer sua
prisão. Aquele violino era seu único amigo, o único que ainda a matinha
acordada, o único que roubava seus sorrisos e até mesmo suas palavras que
com o tempo ela acabou as guardando apenas para si.
Por conta própria ela aprendeu a tocar famosas melodias mas também
compôs algumas.

As vezes ela se perguntava em que país estava, porque várias vezes


quando era dopada ou abusada até desmaiar acordava em outro lugar, com o
tempo ela parou de controlar porque não adiantaria nada, aqui ela não tem
acesso a telefone, televisão ou internet. Qualquer meio de comunicação é
restrito a ela, aqui ela é uma prisoneira, é apenas um corpo composto por
uma pequena alma que sente ainda um pouco de esperança para um amanhã
melhor. Mas também existem motivos maiores que a fazem ficar de pé e
continuando respirando mesmo passando por tantas adversidades.

De vez em quando ela pode sair para passear pelo jardim mas sob
supervisão dos guardas e se o dono de seus pesadelos permitir. O homem
que ela mais odeia e deseja mais que tudo matar a faz refém a anos, tempo
suficiente para ter lhe quebrado e o pior, e tudo o que mais odeia nele é fato
de a torturar com coisas que acontecem fora dos muros, ela odeia quando ele
abre aquela boca asquerosa para falar do sofrimento das pessoas mais
preciosas da sua vida.

Os seus tesouros.

É assim que ela se refere a eles. Jurou para si mesma quando foi ali
trancafiada que um dia ainda contemplaria os olhos dos seus tesouros, nem
que fosse a última coisa que faria antes de ser aniquilada. Diferente das
outras manhãs lembrar que ainda existe vida lá fora a faz reviver um dos
dias mais importantes da sua vida.

Muitos anos atrás

Lá estava ela vestida em um lindo vestido de noiva branco todo de renda


costurado a mão, o vestido era o espelho da alma bondosa e serena da pessoa
que o vestia, trazendo em suas mãos apenas uma rosa branca ela caminha em
direção ao homem que escolheu para passar o resto da sua vida. Ela está
tendo o casamento dos seus sonhos, tudo como sempre imaginou.
O amor que sentiam um pelo outro era visível aos olhos de todos, um
amor genuíno e puro, duas almas que resolveram se unir pela vida toda, era
esse o sentimento que todos sentiam naquele momento.

Quando a noiva finalmente chegou ao altar foi difícil conter o choro de


emoção, pois depois de tanto tempo e depois de tantos problemas e
discussões eles finalmente estavam juntos, mesmo não sendo do agrado de
alguns eles finalmente estavam conseguindo se unir. Para além do casamento
algo mais já os matinha ligados e quando ela confessou ao noivo no meio do
casamento que a noite que eles fizeram amor de forma clandestina trouxe um
resultado maravilhoso, ele mesmo sendo um homem duro se emocionou na
frente de todos.

Esse dia um jurou para o outro que não importa as consequências


viveriam um pelo outro e pelo amor que sentiam intensamente e
principalmente protegeriam seus tesouros como duas ferras.

A única voz que ela ouve a anos chama sua atenção a tirando da pouca
felicidade que sentia recordando de suas memórias felizes o sorriso que
estava estampado no seu rosto some imediatamente ao ver seu raptor
postado a observando.

— Hallo haustier (bichinho) — seu corpo estremece só de ouvi-lo a


chamando desse jeito, e ela sabe que só a chama a assim quando fará alguma
coisa com ela, ela permanece sentada olhando para ele, e o homem também
faz o mesmo.

Sua aparência assustadora é o que chama mais atenção por causa da


cicatriz que ele ostenta no lado direito do rosto, um homem alto, cheio de
músculos. Vestindo apenas uma calça moletom, ele adentra completamente
no quarto trancando a porta atrás de si.

— Sentiu saudades do seu dono? Hum? — A questionou puxando seu


cabelo extremamente comprido, ela deu um grito e recebeu um tapa bem
forte que a fez sentir sua bochecha se cortar por dentro — tanto tempo aqui
e você ainda não se acostumou com meu tratamento? Sinto saudades dessa
sua voz pedindo socorro, como você não fala então a farei gritar enquanto
meu pau acaba com essa sua buceta.
O corpo da mulher é jogado de qualquer jeito sobre a cama e
imediatamente ela se encolhe no canto enquanto aquele que se determinou
seu dono dá gargalhadas acendendo um charuto e o traga a seguir soltando a
fumaça, deixando o quarto todo em meio a névoa sufocante.

Internamente a pobre mulher não para de orar pedindo silenciosamente


por ajuda, uma ajuda que ela sabe que não irá chegar.
Com apenas um olhar do monstro brutal que estava a sua frente ela fez o
que sabe que tem que ser feito se levanta da cama e se dirige até onde ele se
encontra para agradá-lo do jeito que ela já conhece muito bem.
Capítulo 20

Merda! Mas que porra eu estou fazendo?


Por um milésimo de segundo eu ia quebrar uma alma, e eu estava disposto
a fazê-lo algo maior que eu me incentivava a tal barbaridade. Nunca senti
tanto ódio por alguém quanto eu sinto por mim mesmo nesse momento, não
posso ser igual aquele lixo, posso ter uma cabeça fodida mas sou melhor que
ele e não farei nada para estragar isso, não vou culpar a raiva e a sede de
vingança que nunca será saciada porque o autor dos meus tormentos está nas
profundezas do inferno igual o próprio diabo.

Continue!

Aquela voz, aquela outra parte de mim que chamo de ferra grita dentro da
minha cabeça, me deixando ainda mais estragado do que já estou, posso
sentir a podridão vindo de dentro de mim, eu sou mesmo um doente filho da
puta que não merece uma coisa preciosa como essa, mesmo não a
merecendo eu a quero. Se é isso que as pessoas chamam de ser egoísta, então
não me importo de sê-lo. Sou um maldito egoísta filho da puta.
O corpo dela não para de tremer em meus braços, minha ereção baixou
momentaneamente assim que recobrei a consciência e voltei ao controle,
baixo seu vestido marrom enquanto isso ela continua se encolhendo em
meus braços, merda.
Meus lábios tocam de forma delicada sua testa enrugada, ela
provavelmente está confusa com minha mudança repentina, não a culpo eu
sou inconstante demais que às vezes também não me entendo.

Algumas lágrimas secas se evidenciam em seu rosto extremamente pardo,


suas maçãs estão coradas quase na mesma tonalidade que os lábios finos que
sua boca ostenta. Com ela em meus braços caminho até a cama de casal no
quarto do jato em que estamos, sem largar a coloquei deitada e também me
deitei ao seu lado apertando seu corpo pequeno e quente contra o meu, ela
estremece e se debate um pouco mas no fim ela entende que não a farei mal
e que por mais que eu queira não a deixarei, nunca.

— Ainda faltam cerca de duas horas de viagem até nosso destino,


descanse um pouco — saboreio seus lábios doces em um beijo casto, e sei
que apesar do pouco tempo juntos Sasha sabe que não a pedirei perdão. Para
mim não vele de nada uma palavra dita sem efeito nenhum, os feitos são
mais importantes que palavras, do meu jeito e com o passar do tempo ela
entenderá meu pedido de desculpa. Porque palavras podem ser esquecidas,
mas ações, nunca.

Presto atenção no seu rosto e aos poucos seus olhos pestanejam


demonstrando o quanto aquele acontecimento a afetou, dando apenas um
suspiro ela fecha os olhos e sua respiração acompanha seu sono.

Nos últimos dois dias eu evitei minha esposa, não queria ficar em sua
presença enquanto a lembrança da outra me assombrava, não quero que
essas duas partes da minha vida se misturem e muito menos se confundam,
meu passado fez o que sou hoje, ele dita as minhas ações hoje em dia e por
mais que eu não queira Sasha ficou com o pior de mim, enquanto a outra
teve de tudo de bom que eu podia sentir, ser e dar.

Por isso esse afastamento foi necessário, a memória de Stacy estava muito
viva nos últimos dias, eu posso ser um filho da puta mas não até o ponto de
pensar em outra enquanto minha esposa dorme ao meu lado, pensar na Stacy
não me afeta mais como homem, mas sim como um ser humano que sente
culpa e que é corroído pela derrota e pelo fracasso, sim eu fracassei, e perdi
algo irrecuperável, o amor.

Minha falecida esposa dizia que todo ser humano é feito de amor, e todos
podemos dar e receber amor, basta querer, leigo engano ela teve. Porque ela
era o amor em pessoa e mesmo assim ela não escapou da crueldade do ser
humano, agora me pergunto se valeria mesmo apenas nutrir tal sentimento?
Não preciso responder tal pergunta, pois os fatos são contundentes.

Mesmo não querendo admitir também me sinto exausto, não apenas


mentalmente mas fisicamente também, meu organismo está cobrando por
cada noite que fiquei acordado sem dormir. Estico o braço para pegar o
celular que está no criado mudo, Sasha se mexe um pouco e volta a dormir
colocando sua mão em meu peito, aciono o despertador para me acordar
dentro de uma hora e meia, coloco o aparelho de volta no lugar e fecho os
olhos para sentir um pouco o privilégio de dormir.

Abro os olhos vagarosamente ao escutar o meu aparelho celular soando, o


pego e desativo o despertador, e me admiro por ter dormido por duas horas
consecutivas e não despertar e principalmente não ter tido nenhum pesadelo.
Me sinto até melhor agora minha esposa ainda dorme serenamente mas
preciso acorda-la porque pelos meus cálculos o jato deve pousar em alguns
minutos e assim que chegarmos no hotel precisaremos nos arrumar para ir
até o evento no Palace Hotel, um dos hotéis de Nicholas, me socio, e se não
fosse por causa da assinatura dos contratos eu nem iria.

Após acordar minha esposa e nos dirigimos de volta aos nossos acentos o
piloto anunciou a nossa aterrissagem e finalmente estávamos em solo nova-
iorquino.
Durante o voo dormi tanto que só despertei quando Christopher me
chamou me avisando que iríamos pousar em instantes. Era possível ouvir a
agitação da cidade ainda percorrendo os degraus da aeronave.
Dentro do carro apesar de não poder ver nada eu podia sentir a energia
agitada da grande cidade, sempre tive curiosidade de conhecer Nova Iorque
e nesse momento me sinto deslumbrada por estar aqui.

É tão bom ouvir várias vozes, pode parecer estranho mas para uma
pessoas que já viveu boa parte da vida isolada e ainda vive em isolamento,
conhecer Nova Iorque se equipara a um acontecimento épico. Mesmo depois
de ter passado por aquela situação humilhante no avião não consigo
esconder o tamanho da minha felicidade, sei que Christopher está com os
olhos em mim agora, mas não dou nenhuma atenção, permaneço calada e
centrada em ouvir cada ínfimo barulho que a cidade pode proporcionar.

Sobre o que aconteceu mais cedo, meu coração ainda não está cem por
cento recuperado daquele susto, por um segundo achei que ele teria a
coregem de... de fazer aquilo comigo, me obrigando. Agora estou animada
mas um pouco insegura em ficar com ele, Christopher é um homem muito
inconstante, num segundo ele está calmo e silencioso e no outro ele é pura
raiva e a explosão em peso, e não sei se tenho capacidade para suportar toda
essa carga dele.

O medo que há pouco sentia por ele triplicou, se surgisse uma


oportunidade de ir embora eu juro que faria de tudo para conseguir.

Após estarmos estabelecidos no hotel, meu esposo me deixou sozinha


com Morgan que imediatamente começou a me ajudar para que eu ficasse
linda para o tal evento. Faz muito tempo que não vou a um desses eventos
importantes, eu tenho medo de fazer algo de errado e o Christopher me
deixar sozinha e eu me perder.

— Morgan você também vai? — A questiono enquanto ela me ajuda a


desfazer minhas malas.

— Não senhora. Seu esposo avisou que não irão precisar de mim hoje a
noite.

— É uma pena, porque apesar de você não gostar de conversar eu gosto


da sua companhia, e nesse evento eu vou me sentir muito solitária. — O
assunto morre assim que abro meus sentimentos para ela, tomei um banho
demorado pois precisava relaxar meus músculos, Morgan chamou o
cabeleireiro e o maquiador. Todos muito simpáticos me fizeram rir o tempo
todo, não me lembrava da última vez que soltei tantas gargalhadas ao mesmo
tempo, apesar da minha condição eles me trataram muito bem.

No final elogiaram e me disseram que estava ainda mais bonita, assim


como a maioria das pessoas eles ficaram admirados com a cor dos meus
olhos e eles até cogitaram que eu podia ser modelo e obviamente que achei
essa ideia hilariante, não tenho jeito muito menos estilo para ser modelo de
que tipo for.

Após conversamos por mais algum tempo sobre moda e sobre todos os
atores de filmes de Hollywood que eles admiram finalmente se despediram e
foram embora prometendo me arrumar em qualquer ocasião que eu quiser.
Morgan me ajudou a colocar o vestido, o qual deixa um dos ombros nus e
outro lado ostenta uma manga comprida, pela textura do tecido percebo que
ele é todo de veludo e justo no meu corpo, será que estou tão bonita assim?
Despois de colocar as sandálias Morgan me deixou sozinha informando
que meu marido viria me buscar, após esperara cerca de vinte minutos senti
vontade de ir ao banheiro, então assim o faço com a ajuda da bengala.
Depois de fazer meu xixi arrumei o vestido e lavei as mãos, estava prestes a
sair quando percebi que a porta estava entreaberta e dá para escutar a voz de
Christopher falando com alguém no quarto. Então me aproximo para ouvir
melhor.

— Certo! Amanhã mesmo estarei de volta a Seattle e virei diretamente


para sua clínica — há um momento de silêncio — vou mandar meu assessor
te enviar os relatórios sobre o caso dela, o antigo médico dela na Rússia foi
quem me deu a documentação e me garantiu que o caso dela reversível —
não, meu Deus. Então amanhã eu vou fazer a cirurgia?

Pulo de susto quando a porta é aberta e forma brusca, tento disfarçar que
escutei tudo, mas ele sabe que escutei. Ele me segura pela cintura me
incentivando a caminhar.

— Está linda anjo! — Minhas bochechas esquentam violentamente após


escutar seu elogio. Ele raramente me elogia.

— Obrigada! — O caminho até o tal evento não durou muito, visto que
está decorrendo no centro da cidade.
Já dentro do carro é possível ouvir o tumulto de pessoas lá fora, devem ser
os jornalistas. Assim que a porta é aberta seguro a mão de Christopher com
força, tenho medo que ele me largue e eu me perca no meio dessa multidão
que estou ouvindo chamando meu marido pelo sobrenome.

Não sei como aconteceu, mas, num minuto ouvia o barulho ensurdecedor
daquelas vozes no outro, estava num lugar silencioso apenas ouvindo o
barulho dos nossos passos.
Não tardou até chegarmos ao salão, tento acompanhar o ritmo andante de
Christopher mas em alguns minutos é muito difícil. Depois de nos
acomodarmos em nossos lugares ele permaneceu em silêncio e eu também,
depois de uns dez minutos a mão de alguém toca o meu braço.

— Sasha! Sou eu a Emanuelle. — E uma felicidade muito grande


ressurgiu de dentro de mim.
— Emanuelle! — Nos abraçamos e percebo que ela não está bem, ela
tenta esconder mas sei que tem algo de errado com ela. Entramos em uma
conversa descontraída até uma terceira pessoa aparecer. Ela se chama Rosa
Angélica e é esposa de um dos sócios de Christopher, gostei de conhecê-la.
Conversamos sobre diversas coisas nos três juntas.

Fazia tempo que não conversava tanto com as pessoas que às vezes não
sabia se estava exagerando em algumas vezes. Depois do jantar nossos
maridos disseram que iam sair pra alguma reunião de negócios eles não
explicaram nada. Depois de alguns minutos de conversa sozinhas, Rosa
Angélica confessou que irá fugir do marido, ela contou um pouco do que é
sua vida de casada e eu fiquei literalmente chocada com tudo, será que estou
passando pelo mesmo e ainda não percebi?

Reflito sozinha dentro de mim enquanto Emanuelle chora por não ter
coragem de fazer o mesmo com Rosa Angélica, não a condeno, ela está casa
com um dos maiores mafiosos que o mundo já conheceu. Mas e eu? Onde eu
me encaixo em tudo isso?

Sempre desejei ter minha própria vida longe da máfia, longe do inferno
que era viver com minha família e longe do comportamento estranho de
Christopher. E isso e faz eu me lembrar que em poucas secções perco o
direito de uso da palavras de segurança, meu corpo se arrepia ao imaginar
que ele poderá me usar do jeito que quiser sem se importar com o
esgotamento do meu corpo. Eu estou perdida e não sei o que fazer. No final
opto por mostrar o certo por Emanuelle, por mais que eu não seja feliz nessa
empreitada pelo menos minhas amigas serão.

— Sasha nós vamos fugir.


Mas o que estou fazendo? Será que isso realmente vai dar certo para nós
três?

Essas perguntas perduram na minha mente desde o momento que


abandonamos o hotel, as três estamos vagando pelas ruas silenciosas demais
onde apenas o eco dos nossos passos são ouvidos, e nesse momento não sei
se caminhar por tais ruas é mais seguro do que sermos encontradas.
Nenhuma de nós conhece Nova Iorque estamos nos arriscando em tentar a
sorte e não paro de implorar a Deus para que isso dê certo ou então se
formos encontradas aqueles três homens implacáveis não terão nenhuma
piedade por nós, e não quero imaginar o que cada uma irá receber como
castigo por tal afronta.

Pelo caminho Rosa Angélica falou com uma amiga que disse que tinha
um primo que podia nos ajudar a sair de Nova Iorque. Nos desfizemos de
alguns dos nossos pertences, como celulares e as joias para que não
fossemos rastreadas, apenas ficamos com o dinheiro e as roupas. Mesmo
transparecendo uma certeza inexistente uma luta incontrolável se formava
dentro de mim, para as meninas eu era a mais centrada a menos medrosa
aquela que carregava coragem.
Mas no fundo eu me conheço, e eu não passo de uma covarde medrosa.
Um bicho assustado que sabe que a qualquer momento será levada de volta á
gaiola de dorada, sei que tarde ou cedo eu voltarei para meu algoz e mesmo
sem querer admitir uma parte de mim irá gostar disso, por que sim, eu tenho
um lado que gosta daquela perversão toda que ele faz comigo no quarto de
jogos, uma parte de mim já estava viciada daquele jogo doentio de dor e
prazer, uma parte da mim já estava começando a implorar para sentir o couro
dos chicotes dele no meu corpo nu e pendurado.

Mas não vou deixar esse lado vencer, porque eu ainda existo e vou lutar
com todas as forças para que meu corpo esqueça que já gostou de sentir dor.
Eu vou me resgatar, vou resgatar o meu eu que estava sendo contaminado
por um sádico doente, que num momento me tratava como a mais delicada
flor e no outro momento me via como seu objeto de prazer. Porque ele sentia
o mais absoluto prazer em me ver exaurida após intermináveis minutos de
chibatadas e gritos de dor e prazer, ele entrava em êxtase quando me via
tremer de prazer ao mesmo tempo que fios de sangue escoriam por alguma
parte do meu corpo.

Não sei quando Christopher e a fera irão me achar, mas farei de tudo para
aproveitar a pouca liberdade que consegui alcançar, eu preciso disso, porque
ficar com ele já estava me deixando confusa, estava mexendo com minha
cabeça e meu coração, e que Deus me perdoe mas homens como ele já tem
um lugar reservado no inferno. Homens como ele não amam apenas tomam
como posse, homens como ele não demostram carinho apenas cuidam e
protegem. Demorei muito tempo para entender que ele era um quebrado que
não está em busca de alguma salvação e para meu azar eu cruzei o caminho
dele.

Após intermináveis minutos caminhando pelas ruas secundárias de Nova


Iorque nós finalmente estávamos entrando na Estação Central, seguimos as
indicações de Mary a Amiga de Rosa Angélica. Em menos de cinco minutos
é possível passos ecoando no subterrâneo. Eu mal sabia o que estava
acontecendo só sei que os homens mandaram a gente mudar as roupas
depois tiraram algumas fotos nossas para fazer os documentos novos,
quando vi já estávamos as três dentro do metro que iria nos levar até o
Bronx.
— Meninas eu estou com medo! Quando ele me achar ele vai me matar —
de nós três a Emanuelle é a que mais teme o marido e não tiro a razão dela,
para o azar da minha amiga ela foi se casar com o pior dos mafiosos. Como
estamos sentadas uma do lado da outra estico meu braço para abraçá-la pelo
ombro, seu choro também me angustia porque de certa forma eu é que a
incentivei a aceitar essa fuga e espero que tudo isso vala a pena senão eu
nunca irei me perdoar se alguma coisa acontecer com ela.

— Amiga fica calma. Não vai acontecer nada, agora nós temos uma a
outra para proteger não chora por favor.

— É Emanuelle se acalma. Faça isso pelo bebezinho que está aí dentro —


aos poucos ela vai se acalmando. E então cada uma mergulha em seus
próprios pensamentos para esquecer a tensão que paira no ar.

Não sei se algum dia voltarei pra Rússia, mas espero que isso aconteça.
Porque toda minha história está lá e a dos meus pais também. Meu irmão
está lá, e sei que apesar de ser um inconsequente ele irá sentir minha falta e
eu também, ele é minha única família. Lembrar dele me aperta o coração,
mesmo depois de tudo o que ele me fez o chamado do sangue é mais forte
que qualquer desavença que tenhamos tido.

Depois de longos minutos de viagem pelo subsolo de Nova Iorque


finalmente chegamos no Bronx. Fomos levadas até a rodoviária onde
pagaremos o ônibus que irá nos levar até Pensilvânia e de lá embarcaremos
num voo que nos levará a um destino ainda desconhecido.

Ninguém quer saber para onde iremos, eles tem toda razão caso sejam
descobertos serão os primeiros a sofrer as consequências da nossa suposta
insolência aos olhos deles.

Depois do carro nos deixar na rodoviária fomos imediatamente comprar


bilhetes que nos levariam até a outra cidade. Já acomodadas dentro do
transporte público é possível sentir o alívio de cada uma, pois foi um grande
ganho pelo menos chegar até aqui.

— Meninas já decidiram para onde iremos?— Rosa Angélica questiona


quebrando o silêncio.
— Eu não faço ideia. Não conheço país nenhum para além da Itália —
Emanuelle pontua.

— Eu sempre quis morar em um país onde o clima é tropical, bom vocês


sabem como é a Rússia e em Seattle só chove.

— Então iremos para América latina. O clima lá é muito bom, já li vários


livros sobre aquela região. — e então entramos numa conversa sobre as
diferenças climáticas entre a América latina e a Europa, e por uns míseros
segundos nós esquecemos que éramos fugitivas se três homens Implacáveis.

Nunca tive paciência para manter diálogos por muito tempo, sendo nos
negócios ou na vida pessoal. Por isso não abri minha boca desde que me
tranquei num dos escritórios do hotel com esses dois homens a minha frente.
Um com a mente mais fodida e doente que a do outro e o que os dois têm em
comum? São obcecados por suas esposas, chega a ser doentio a forma como
eles às cercam e o jeito nada convencional que as mulheres foram envolvidas
nos seus casamentos, essa realidade não foge do meu. No final também só
um fodido igual a eles, ou até pior.
Não quero imaginar o que pode acontecer se eu ficar obcecado por minha
esposa. Provavelmente a manterei acorrentada na cama do quarto de jogos
até a morte, espero não chegar nesse nível de perversidade ou então viverei
com seu ódio também até a morte.

Mas do que nunca me sinto muito inquieto, como se sentisse que algo está
por vir, e uma ansiedade descomunal de voltar para aquele salão se apodera
de mim. Já não consigo ficar tanto tempo sem olhar aqueles olhos
transparentes. Com o tempo aprendi a ler cada gesto, cada movimento, cada
desvio que suas pupilas fazem, cada traço no seu rosto. Ela não esconde
mais nada de mim, posso não me expressar muito por palavras mas sou um
grande observador e tenho capacidade de memorizar muito acima do normal.

— Uma vez que está tudo dito sobre o contrato, acho que podemos
retornar ao salão de festas — os dois homens me olham sem entender como
eu si e a conversa está te minada se eu mal prestei atenção ao que falavam e
não escondi para ninguém que não estava com a mínima vontade de intervir
em alguma coisa, minha assinatura é suficiente. O quero nesse momento é
levar minha esposa e ir embora de uma vez e sair dessa maldita cidade.
Depois de mais algumas minutos finalmente estávamos assinando os
contratos. Enrico irá se associar a nossa empresa virada á construção e
produção de armamento militar que por acaso a GENIS tentou comprar.
Porra, tinha me esquecido desses malditos e sinto que então armando alguma
nesse momento e essa desistência ema relação a mim sei que é só fachada.

No momento em que os três íamos sair da sala Bruce chefe de segurança


do Nicholas adentra com uma cara nada boa e anuncia que a esposa do
Nicholas sumiu, isso não me afetou em nada. Mas no momento em que ele
disse categoricamente que Sasha e a esposa do Enrico também
desapareceram eu fiquei em alerta.

Deu-se início as buscas pelo hotel e pelas redondezas e nada foi


encontrado, a princípio achamos que elas tivesse sido sequestradas mas
alguma coisa me dizia que aquele trio ainda usa nos surpreender.
Intermináveis horas analisando as câmaras de segurança do hotel. O
resultado disso depois Enrico possesso que até matou volta de três homens
sob nossos olhos e Nicholas jurava matar a esposa assim que a encontrasse.
Elas tinham fugido.
San Tiago del Cuba, Cuba

Intermináveis horas de viagem, milhas de distância e meus pensamentos


continuam fervilhando e me alertando sobre a loucura que já foi cometida. Já
está feito e não tem mais volta.

Quando Rosa Angélica me ajuda a sair do avião assim que dou o


primeiro passo em direção ao exterior uma sensação maravilhosa dominada
meu corpo ao sentir a luz dos sol beijando meu rosto, um sorriso se forma
em meus lábios e uma emoção imensurável me dominada, não consigo
acreditar.
Finalmente eu estou livre. Agora eu posso recomeçar com as pessoas que
realmente querem meu bem e que sei que irão me apoiar e acompanhar nesse
novo percurso.

E espero que essa felicidade dure o tempo necessário para eu me


recuperar e encontrar de volta meu verdadeiro eu, não tenho mas nada nesse
mundo, a não ser me apegar a esperança de que um dia eu possa viver um
algum resquício de uma felicidade genuína.
Sentado no banco traseiro da Mercedes meus olhos se concentram no sol
que nasce em meio aos aranha céus que transformam nova Iorque num
império de concreto e homens de terno, meus olhos estão lá fora mas minha
mente está arquitetando mil maneiras de castigar um anjo fujão.
Ela sabe o quanto a necessito, ela sabe que tem uma parte de mim que
estava começando a depender dela e do corpo dela.

Depois de horas a espera dos resultados das buscas resolvi voltar para o
hotel. Nós as subestimamos demais e esse é o resultado, mas quem esperaria
que um grupo de mulheres constituído por uma cega, uma esposa submissa e
uma medrosa teria coragem de fazer tal coisa, elas são bem mais inteligentes
do que pensamos e se isso for realmente parte da identidade delas nós
estamos fodidos.

Sei que onde quer que ela esteja não para de pensar em mim, seu corpo irá
sentir falta de mim e da libertação que posso a proporcionar, cada maldito
por dela irá implorar por mim assim que sua mente devolver cada momento
de puro prazer que tivemos e principalmente ela sabe que a qualquer
momento eu a trarei de volta nem que seja arrastada pelos cabelos, ela sabe
que essa fuga não é para sempre.
E quando eu a encontrar o lugar dela estará aqui a esperando, e ela sabe
que irá se arrepender porque um anjo não provoca uma ferra e fica por isso
mesmo.
Nova Iorque

Soco mais uma vez com toda força possível o saco de pancada enquanto
lembranças e fantasmas do passado fervem como nunca em minha cabeça.
Mesmo banhando de suor e quase cansado nada me distrai nada tira essa
lembranças da minha cabeça, e sei mais do que nunca o motivo disso estar
acontecendo, é sempre assim quando uma certa data se aproxima, é como se
minha mente tomasse o controle de meus pensamentos automaticamente
assim que meu corpo começa a sentir os primeiros resquícios do outono,
definitivamente outono não é a minha estação predileta em todos os sentidos
possíveis.

Para além de marcar uma data nada agradável do passado também marca
algo mais recente, a fuga de um anjo que precisa ser cortado as asas. No
final Sasha realmente me surpreendeu, parece até uma piada pensar que ela
fugiu de mim, ou pelo menos deixar ela pensar que fugiu de mim. Mas a
cada hora e minuto que passam os gritos de prazer dela ecoam na minha
cabeça a cada vez que penso mil maneiras de castiga-la quando a encontrar.

Nunca foi tão delicioso dar dor e prazer a alguém o quanto foi com ela,
preciso admitir que por detrás daquele rosto bonito e aqueles olhos inocentes
se esconde uma pequena devassa, as infinitas noites, madrugadas e até dias
de paixão que tivemos são a prova viva disso, não, não foi a droga de um
maldito sonho. Eu realmente tinha uma coisa maravilhosa nas mãos, e não
há nada no mundo que irá me fazer desistir dela. Quando coloquei os olhos
nela algo dentro de mim se acendeu e senti o quanto ela era perfeita para as
minhas perversidades, não vou desistir tão fácil dela, ela é uma raridade, e
apesar de saber que uma parte dela repudia e abomina meus jogos sádicos eu
a quero ainda mais, porque existe um lado dela que precisa ser explorado,
existe uma parte dela que gosta daquilo e sei que é essa parte que a irá
fortalecer.

E mesmo sabendo das consequências de a deixar forte e resistente eu não


vou parar. Durante anos me dediquei nesse jogo exatamente para satisfazer
meus próprios desejos sádicos, mas com ela é diferente, agora eu faço esse
jogo por nós dois. Primeiro porque existe uma parte de mim que precisa
disso e segundo porque ela precisa ser forte para viver nesse maldito mundo,
caso contrário ela será engolida.

Fraco!

Aquela maldita voz grita dentro da minha cabeça me deixando com mais
fúria e com isso desfiro socos intermináveis no saco, merda, por umas horas
tinha esquecido da existência dessa voz na minha cabeça, e pela data que se
aproxima sei que esse lado meu estará mais inquieto que nunca.

Nós vamos mata-la, tal como aconteceu com a outra. Eu vou adorar isso.

— Porra! — definitivamente essa é a época perfeita para ter uma conversa


com a única pessoa que tem me escutado a cada vez que tenho esses surtos,
merda, a Sasha tinha que fugir justo agora? Por outro lado isso foi até bom,
porque não sei o que faria com ela no quarto de jogos nesse estado se ela
estivesse aqui, sem duvidas ia destruir ela. Quando estou assim eu perco o
controle muito fácil e assim coisas boas não advém dos meus atos.

Mas antes de viajar de volta para Seattle tenho um compromisso marcado


aqui em Nova Iorque. Por isso antes de deixar meus punhos em carne viva
saio da academia que fica no meu apartamento. Resolvi sair do hotel e vir
ficar aqui, odeio aquela agitação de pessoas entrando e saindo do meu
quarto. Ademais precisava ficar sozinho com meus pensamentos, enquanto
as buscas pelas fujonas está em processo, Nicholas e Enrico estão cuidando
disso. E em breve também tomarei as devidas providências quanto a isso.

Caminho pelos silenciosos corredores do imóvel ouvindo apenas meus


próprios passos provocados por meus pés descalços. O interior do meu corpo
está ardendo em chamas e o suor percorrendo escorre como se eu tivesse me
molhado na chuva, não me sinto satisfeito porque a irá dentro de min ainda
se faz presente. Flexiono meus pulsos e fito as marcas avermelhadas que se
encontram nas juntas dos dedos, eu estava quase rasgando minha pele.

Entro no banheiro e a primeira coisa que faço é me livrar da única peça de


roupa que trajo. Entro no box e coloco a água na temperatura mais baixa
que posso, as enxurradas da água extremamente fria deslizam sobre meu
corpo baixando assim a temperatura alta que emanava de dentro de mim, os
movimentos de sobe e desce provenientes do meu peito denunciam o quanto
estou ofegante.

De repente um corpo pequeno de curvas delgadas e pele branca aparece


em minha mente, amarado e com marcas evidentes deixadas por mim. O
gemidos, as súplicas tudo isso volta como enxurrada, e como eu sabia que
aconteceria meu pau ficou duro mas que nunca. Maldita seja.

Preciso admitir meu corpo já estava se acostumando a ter o corpo dela a


todos o momento que eu sentisse vontade. E eu sinto que um dia ela irá usar
essa arma contra mim.
Aliso minha ereção enquanto meus olhos estão fechados contemplado
uma das nossas sessões no quarto de jogos, ela toda arreganhada para mim
enquanto todos seu corpo está amarado de forma firme no suporte suspenso,
suor e sua líbido se misturando com meu pré sémen, nossos gemidos ficando
cada vez mais altos e praticamente chorando de excitação enquanto sua
buceta apertada esmaga meu pau nem dando espaço para ele ir mais fundo.

Meto nela com toda força enquanto minhas mãos apertam suas coxas
deixando marcas de dedos e minha boca sedenta não para de chupar os
mamilos rosados e durinhos. Ela grita meu nome enquanto sua buceta me
aperta ainda mais internamente a sensação de tê-la é tanta que fico extasiado
que passar meu pau naquele entrada maravilhosa dá a vontade de nunca
querer gozar, mas fica impossível quando seus músculos vaginais
praticamente espremem meu pau de tal forma que gozo urrando feito um
homem das cavernas.

O efeito do gozo é tão forte que preciso me segurar na parede enquanto


meu pau repele as últimas gotas do esperma. Abro os olhos já de volta á
minha realidade, minha respiração está mais ofegante do que no momento
que entrei nesse banheiro, e mesmo estando de baixo da água fria eu sinto a
combustão dentro de mim, definitivamente a minha dependência por aquele
corpo está cada vez mais evidente.

Praguejo internamente por não ter levado a tal da empregada. Assim ela
não teria fugido se aquela mulher estivesse o tempo todos ao lado dela.

— Anjo, anjo parece que você terá que voltar para casa o mais rápido
possível. Não quero imaginar o que a fera fará se fosse não voltar.

Já mandei prepararem o jato e provavelmente chegarei a Washington


apenas ao amanhecer uma vez que o relógio marca nesse momento nove na
noite.
Me concentrar no trabalho me fez sair um pouco da realidade e escapar
das empreitadas a que minha mente me submete. Se alguma vez fiz algum
tratamento para isso? Obviamente, o que não resultou em nada, as vezes
acho bom que as lembranças do passos me atormente, porque isso faz eu me
sentir vivo é como se eu necessitasse disso para saber que existem pessoas
que não merecem viver nesse mundo. E mais uma vez ter de enfrenta-los.

Saio do meu devaneio quando o som da campainha ecoa pelo apartamento


de forma estridente. Como meus seguranças estão do lado de fora e eu estou
sozinho levanto da poltrona e caminho até a porta a abrindo de seguida. E a
minha frente está uma das poucas pessoas que me conhece o suficiente para
saber que não estou no meu melhor momento.

— Dominic! — Nos cumprimentamos com um aperto de mão.

— Você está péssimo — são suas únicas palavra antes de entrar. Ele olha
para todo ambiente, mesmo afastado do exército ele continua com a postura
militar, mas também não o culpo. — Porquê me fez vir até aqui? Sabe que
odeio cidades.

— Preciso da sua ajuda! — Sirvo dois copos de whisky e o entro um deles


— achei mais viável te chamar para nova Iorque que fica perto do Texas do
que você viajar para Washington.

— Vivemos numa era cibernética. Era só ter ligado — definitivamente ele


odeia a cidade. Não é toa que vive no extremo norte do Texas.

— Esse assunto não pode ser discutido por celular ou teleconferência.

— Então pode falar — ele se senta num dos sofás após tomar em apenas
um gole a dose de whisky que tinha o servido.

— Nossos planos terão que mudar um pouco.

— A que você se refere?— Ele questiona ainda confuso.

— Preciso que pause as investigações sobre a GENESIS e sobre a família


Semyonava, preciso que seu foco mude nesse momento. Preciso que
encontre alguém. — Ele cerra os olhos e sei que irá se negar porque ele
odeia fazer esse trabalho.
— Não sou a porra de um detetive e sei muito bem que você tem como
contratar os melhores nesse ramo para achar seu mais novo brinquedinho.

— Se tem algo que você faz melhor para além de atirar a quilómetros de
distância é achar pessoas que não querem ser encontradas — ele me analisa
de forma minuciosa.

— Vocês três são doentes! — Ele se levanta e serve mais uma dose de
whisky. Chego a conclusão de que já saiba o que aconteceu — agora virei
detetive que procura o brinquedo sexual de um banqueiro.

— Posso contar com você? — Ele apenas assente — quando a achar nós
retomamos nossas investigações. — Me sento no sofá a sua frente e
pergunto: — como está sendo trabalhar com o mafioso?

— Até agora não me arrependo de ter matado nenhum dos que fui
designado a matar. Ele é outro obcecado pela esposa. Te dou um conselho
não se vicie nela, você sabe que no final vai se foder feio. Você e os outros
dois. — Até hoje a norte da sua família o afetou de forma drástica, as vezes
que ele se importa menos com a vida do que eu.

Nos próximos minutos continuamos conversando sobre como iremos


proceder com as investigações sobre a GENESIS e quais serão nossos
próximos passos.
Seattle, Washington

A aeronave desliza sobre a pista de pouso depois de mais de cinco horas


de viagem. Assim como eu Nicholas e Enrico também regressaram para suas
cidades.
Meu relógio de pulso marca seis e meia da manhã e apesar de ser cedo sei
que a pessoa a quem visito a seis anos nessa época do ano está me
esperando.

O piloto anuncia que o pouso foi feito com sucesso, meus seguranças
retiram minha mala e a da minha esposa e vejo o carro que irá me levar para
casa em frente ao jato, em alguns passos já estou no interior de veículo.

— Para onde senhor? — meu motorista pergunta assim que me acomoda


no banco traseiro.

— Para clínica Saint George.

Depois de trinta minutos de viagem o veículo estaciona no meio fio em


frente a um grande edifício no centro de Seattle. Apesar do tempo que
passou o lugar não mudou em nada.
Meus passos ecoam pelo saguão enquanto caminho até o elevador que iara
me levar até o vigésimo quinto andar.

Quando a caixa metálica apita informando que já estou no meu destino


saio da mesma e caminho até a porta de cor branca que fica no corredor a
esquerda do elevador, ainda a uma distância de três metros da porta a mesma
é a aberta. E isso não me surpreende em nada visto que a pessoa sem dúvidas
sabia que eu viria.

— Que bom que veio!


O que é isso que estou sentindo? Ansiedade? Culpa? Remorso? Será que
ainda sou humano suficiente para sentir tais coisas? Porque as vezes
duvido que eu seja.

É a porra de um turbilhão de emoções e sentimentos que mal sei decifrar


qual deles me deixa assim, me sentindo incapacitado de controlar minhas
próprias emoções. Já passam trinta minutos desde que me sentei no que
deveria ser a mais confortável das poltronas para pacientes que procuram
esse tipo de serviço, cujo não me interessa em nada. O que é contraditório
porque nesse momento me encontro sentando em frente a um dos maiores
especialistas na área a que estou tentando a anos esquecer ou pelo menos
controlar, trauma, é assim que chamam.

Já me foi dito que o que tenho não tem nada a ver com trauma, e sim auto
sabotagem, ou seja, segundo as avaliações médicas eu tenho tendência a me
auto deflagrar por um incidente que de certa forma não tinha como evitar.
Mas eu sei que isso não consta a verdade, eu sei e conheço minha culpa no
que aconteceu aquela noite. Assumo a minha culpa, e meus pensamentos não
são tendenciosos a auto sabotagem, simplesmente não posso viver enquanto
aqueles que conspiraram e ajudaram o homem que me concebeu a destruir a
chance que eu tinha de voltar a viver, não quando após anos vivendo sob as
ordens daquele doente eu finalmente tinha encontrado um motivo para viver,
não quando as vidas dos centros da minha naquela época foram ceifadas
sem piedade ou humanidade alguma.

— Como você se sente sobre a data de hoje? — A pergunta é solta de


forma momentânea na sala silenciosa onde apenas se escuta o silêncio e
minha respiração quase que controlada. Não acredito que estou aqui. Todo
ano é a porra da mesma pergunta, como eu me sinto esse ano sobre essa
data? E para falar a verdade esse ano as coisas mudaram, esse ano a raiva e
a ira vieram misturadas com outros sentimentos, mesmo que camuflados eles
estão lá. Prefiro não discutir o quanto essas perguntas são repetitivas, apenas
recosto no encosto da poltrona e cruzo as pernas.

— Me sinto exatamente igual, ao ano passado e aos outros anteriores —


seus olhos não abandonam os meus, pois busca em mim alguma coisa fora
do comum — mas, esse ano alguns acontecimentos fizeram com que esse
dia saísse uma pouco da monotonia.

— Como por exemplo seu casamento? — Tinha me esquecido que sou


famoso suficiente para até a camada médica saber do meu casamento.

— Sim pode ser! — Respondo sua questão de forma cautelosa, porque


minha relação com minha esposa ainda é algo a ser entendido por mim, ou
seja, algo que nem eu mesmo entendo. Apenas sigo meus instintos e até
agora nada me deixou insatisfeito.

— Como se sente sobre seu casamento? Acha que de alguma forma ele
mudou alguma coisa em você em relação a esse dia ou em relação a algum
aspeto da sua vida? — Se esse casamento mudou minha vida? Obviamente
que sim. Antes de me casar o trabalho era meu maior passa tempo em oitenta
por cento do meu tempo e disponibilidade e agora, pelo menos até antes da
minha esposa fugir, meu tempo era dividido em cinquenta por cento
trabalhando e a outra metade o tempo era gasto estando dentro da minha
esposa.

Após alguns minutos raciocinando sobre esse assunto, finalmente resolvo


responder sua questão: — Claramente que o casamento mudou alguns
aspetos da minha vida, agora tenho alguém que depende de mim, não só em
termos económicos mas também no que respeita a sua segurança.

— Não senhor Parker, não é isso que quero saber. Quero que me diga se
de alguma forma o casamento mexeu com seu interior, seu coração e sua
mente por exemplo — com as minhas mãos juntas e com meus cotovelos
apoiados nas laterais da poltrona apenas penso em uma resposta que não irá
delongar mais esse assunto sobre minha vida conjugal.

— Definitivamente o casamento não mexeu com meu interior, mas a


pessoa com me casei com certeza provocou um abalo dentro de mim — essa
palavras são suficientes para responder suas perguntas, que tire suas próprias
conclusões. Por um momento vi um lampejo de espanto naqueles olhos, seis
anos vindo aqui e até hoje nunca me interessei em nada no que os olhos
castanhos que me encaram podem me dizer, não quando olhos azuis quase
reluzentes assombram minha mente em alguns momentos.

— O que tem a me dizer sobre os pesadelos? — Se sorrir fosse algo que


me acompanha com certeza eu estaria gargalhando de forma estridente
agora mesmo.

— Os pesadelos me acompanham na porra de todas as noites e dias da


minha vida quando fecho os olhos. Digamos que é parte da minha essência
parte de quem eu sou. — Seu olhar continua o mesmo, me conhece o
suficiente para não se assustar com minhas palavras — mas algo estranho
acontece quando durmo com minha esposa, como se a parte que reativa os
pesadelos se mantivesse adormecida quando meu corpo encosta no da minha
esposa, quando estou com ela na cama meu organismo por conta própria
relaxa e quando dou por mim já estou respirando na curva do pescoço dela.
Mesmo eu sendo um fodido que não a merece não a deixarei ir.

— Então você considera ela como sendo sua âncora? — Ela não é minha
âncora, com certeza não. Ela é aquela que desperta a perversão total
existente em mim.

— Por enquanto ela é só minha esposa. Existe uma linha tênue entre nossa
relação conjugal e ao fato dela ser um tipo de âncora para mim. — Mas uma
vez aquele silêncio reconfortante que tanta aprecio volta a se instalar na sala.
— Se fosse definir o acontecimento de anos atrás no dia hoje em uma
única palavra, qual seria? — Para além das perguntas sobre meu casamento
isso também é novo.

Morte

Aquela voz no meu subconsciente grita quase explodindo minha cabeça,


pois as gargalhadas também são estridentes.

— Morte — falo por fim após meu breve monólogo interior.

— Porquê morte?

— Essa pergunta tem uma resposta óbvia.

— E qual seria? — Sua voz profissional vem misturada com desafio e


curiosidade em saber minha resposta. Cinco minutos se passaram eu
continuo mudo sem responder, nem reponderei, por isso com apenas um
olhar decreto que prossiga com a próxima questão.

— Qual seu pensamento hoje sobre a morte da Stacy e do seu filho?


San Tiago del Cuba, Cuba

Após infinitas tentativas hoje eu finalmente consegui arrumar as compras


sem a ajuda das meninas. Foi preciso muita prática e treinamento para
conseguir tal coisa. Estando as duas grávidas não quero que se esforcem e
muito menos façam movimentos que irão prejudicar a elas e aos bebés. Por
isso preferi aprender de tudo para ajudar no que for, Rosa Angélica me
ajudou nesse processo, não só a mim mas a Emanuelle também. Porque de
nós três Rosa Angélica é a que teve mais contanto com a vida real do que
nós.

Ela domina os afazeres domésticos e a cozinha melhor que nós que não
sabíamos nem fritar um ovo. Diferente de nós ela veio de uma família
humilde e teve uma mãe amorosa que a ensinou todas essas coisas. Apesar
de tudo estou aprendendo aos poucos, e para fazer algumas coisas eu ainda
necessito de ajuda delas por causa da minha deficiência que em limita.

Fecho todas as portas dos armários e me preparo para tomar um banho, o


dia está tão quente hoje. Mas no final não me arrependo nem um pouco de
estar num país cujo o clima é tropical, Cuba é maravilhoso, e não falo apenas
do clima, mas a energia boa e a alegria que as pessoas emanam é
contagiante e cada dia que passa me apaixono mais por esse país e
principalmente pela cidade onde moramos, San Tiago del Cuba.

Após me despir entro e no box, sinto a água fresca cair sobre mim e solto
até um gemido de satisfação devido ao calor intenso que estava sentido, bem
diferente da Rússia.
Eu e Emanuelle é que fomos fazer as compras, as duas trabalhamos em
uma escola no período da manhã até mais ou menos o meio-dia, Rosa
Angélica trabalho em tempo integral numa biblioteca por isso ela só voltará
mais tarde, á nossa saída da escola eu e a Emanuelle fomos ao super
mercado fazer algumas compras, por ela estar numa fase crítica da gravidez
eu carreguei as compras todas pesadas sozinhas.

Sinto tanto pela minha amiga, ela está sempre cansada e com dores e o
pior o tempo todo pensando nas consequências da nossa fuga. E eu a
entendo.

Faz exatamente um mês desde que fugimos dos nossos carrascos, se é que
posso chamá-los assim.

Se penso no que acontecerá caso sejamos encontradas? Claro que sim, a


cada lufada de ar que puxo apenas ouço a voz de Christopher falando
barbaridades. Agora entendo quando ele me falou que nunca me deixaria ir,
que eu pertencia a ele. É porque mesmo estando a milhas de distância
continuo aprisionada a ele, não fisicamente, mas mentalmente e pela alma,
ele drena toda minha energia a toda vez que me lembro dele.

Sinto que ele sabe que a todo momento estou pensando nele, ele sabe que
me angustia essa incerteza sobre o amanhã. Mas eu tento ser forte por
minhas amigas pois quero que elas tenham um pouco de paz e sossego em
sua vidas como gestantes. Tem dias que é difícil segurar as lágrimas e
gemidos de desespero. Por muitas noites enquanto as meninas dormem eu
me entrego a dor e a tristeza nas lágrimas, eu sou humana e sentir é o que me
torna um ser racional.

Respiro fundo para repelir a melancolia que tenciona se apoderar de mim.


A água gelada deixa meus seios endurecidos e meus pelos arrepiando
assim como acontecia quando Christopher me levava a acompanhá-lo em
seus banhos, o que não terminava em banho e sim em meu corpo sendo
esmagado por seu corpo grande contra a parede gelada do box.

Para me desligar dessas lembranças, desligo a água e me enrolo numa


toalha e saio do banheiro indo para o quarto que compartilho com
Emanuelle.

Enquanto deslizo minhas roupas pelo corpo lembro do meu irmão e no


tamanho da sua preocupação em não saber sobre mim, e duvido muito que
Christopher diga a ele que fugi. Meus esposo pode ser muito cruel quando
lhe é conveniente ou para mostrar que não tem medo de nada ou de
ninguém. Saber de que material ele é feito ia me ajudar muito a entende-lo
melhor. Mas às vezes acho que também não entende-lo será melhor para
minha saúde mental

Após me vestir, acordo minha amiga que não parava de protestar pois seu
sono estava muito bom e ela não queria acordar por nada, mas ela precisa
almoçar.

— Tive um sonho tão bom Sasha — ela diz animadamente enquanto nos
acomodamos na mesa.

— E o que você sonhou? — Fico feliz que ela tenha sonhando com algo
diferente para além do marido aterrorizante.

— Sonhei com meus pais, no quanto éramos felizes juntos. Minha mãe era
uma pintora assim como eu e era a mulher mais alegre e feliz que eu
conheço e meu pai apesar de sério também era o homem mais amoroso do
mundo — sua voz soa entrecortada, provavelmente falar deles a emociona.

— Sim pelo que você falou eram realmente felizes. — falo sentindo um
nó na garganta.

— E você? Nunca me falou da sua mãe. O que ela faz? Onde ela está?
— Qual seu pensamento hoje sobre a morte da Stacy e do seu filho?

Sem desviar nem por um segundo o meu olhar encaro a terapeuta


extremamente ruiva, tão ruiva quanto um indivíduo de nacionalidade
irlandesa. E em dado momento minha mente fica oca como se tivesse ficado
impossível pensar, porque é isso que acontece quando uma pergunta tão
invasiva como essa é feita.

Quando solicitei os serviços da doutora Alisson meu intuito não era e


continua não sendo buscar uma solução para que o acham ser o meu
problema, eu simplesmente precisava ter a avaliação impessoal de alguém
que fosse capaz de me ouvir sem ser invasivo. E pela sua confidencialidade
eu pago mais de cem mil dólares a cada ano que venho aqui.

E uma batalha começa dentro da minha cabeça, entre responder sua


perguntar e dizer o que ela quer ouvir ou simplesmente ligar o foda-se e
contar o que realmente penso sobre a porra desse dia. O dia que minha
família morreu e o antigo Christopher também foi morto, nascendo assim
uma versão ainda mais quebrada de mim, essa é uma verdade que costumo
aceitar com muita facilidade, às vezes acho que naquele dia não foi uma
versão minha que nasceu e sim uma parte que já estava em mim que decidiu
se aflorar, no final somos todos peças defeituosas, viemos para esse mundo
falhados e com algo que já vem enraizado em nós.

— Vai responder a minha pergunta senhor Parker? — Mas uma vez a voz
da mulher a minha frente preenche meus ouvidos. A cada ano ela vem se
mostrando mais sensual e despojada diferente de anos atrás quando a
conheci, ela era do tipo tímida, perguntava apenas aquilo que achava que eu
responderia e principalmente, ela tinha pavor de mim. Mas com o tempo
todas essas evidências foram desaparecendo na mesma velocidade que o
tempo.

— O que posso dizer Alisson? — A questiono me levantando da poltrona


pois a uma hora que eu sempre março já excedeu — eles estão mortos, o que
você pode fazer quando a pessoa morre? — Seu silêncio é a resposta que eu
precisava — exatamente, nada!

Ela também se levanta da sua cadeira com a intenção de me acompanhar


até a porta, apenas levanto a mão a impedindo — não se incomode. A
transferência de sempre foi feita para sua conta bancária.

Não me preocupo em me despedir ou falar que nos veremos no próximo


ano, porque em trezentos e sessenta e cinco dias muita coisa pode acontecer,
e quanto mais o tempo passa menos sinto a necessidade de vir aqui, eu faço
mais isso porque seu trabalho é ouvir quem paga. Porque em nada essas
conversas afetam os fantasmas que rondam minha cabeça e a fera sádica que
habita dentro do mim.

— Até o próximo ano senhor Parker. Espero conhecer sua esposa em


breve — eu estava prestes a segurar a maçaneta da porta antes de ouvir essa
frase. Paro o que estava prestes a fazer e me viro para encara-la, e sua face
empalidece quando vislumbra meus traços faciais contraídos de forma hostil.

Avanço até onde ela se encontra, com a voz mais controlada possível
pronuncio: — não a quero perto da minha esposa nem perto de mim fora
desta sala, sempre que você me ver por aí simplesmente me ignore, não
cruze meu caminho, não me dirija a palavra e muito menos ouse olhar para
minha esposa. Está avisada.
— Não se esqueça doutora, você tem muito mais a perder. Um telefonema
e você se reduz a nada em todos os âmbitos da sua vida. — Não esperei para
ouvir seus pedidos de desculpa, era só o que me faltava ter que lhe dar com
uma psicóloga me perseguindo, por mais e nosso contato esteja mito mais
alem do que nessas paredes.

Após sair do edifício, mando meu motorista me levar até a mansão. Foram
horas de viagem, preciso de um banho gelado e mudar de roupa para ir até o
escritório.
Pelo caminho minha mente me leva a reviver um acontecimento de
quando meu progenitor estava vivo. Meu corpo até vibra ao lembrar do meu
punho indo de encontro ao seu rosto ganancioso, eu praticamente o
desfigurei quando descobri o que fez naquela noite antes de eu chegar em
casa, o deixei em carne viva e completamente ensanguentado, me arrependo
de não tê-lo matado. E outras fizeram esse favor ao mundo.

Passaram dois anos até eu descobrir que o que aconteceu naquele dia foi
culpa dele, ele foi o responsável por matar a pouca humanidade que alguma
vez existiu em mim. Sei que não tenho mais solução, já me conformei que
irei viver com a mente fodida pelo resto da porra da minha vida.

Mas meu corpo viverá feliz desfrutando daquele corpinho de pele


extremamente branca e mamilos deliciosos de beliscar, já posso sentir a
textura do interior daquela buceta gostosa em volta do meu pau duro como
uma rocha.

Merda, até encontrá-la sou condenado a apenas imagina-la sendo tocada


por minhas mãos.
Sei que Emanuelle não fez essa pergunta com intenção de me machucar, é
só uma pergunta inocente. Mas é inevitável não sentir meu coração rasgar
quando suas palavras ecoam na minha cabeça, me fazendo lembrar de forma
forçada que cresci sem uma figura materna comigo, vivi toda minha vida até
hoje sem nunca ter sido acalentada por palavras ou carinhos de uma mulher
que pudesse chamar de mãe, a Natasha não conta, ela exercia de forma
implacável o papel de madrasta.

— Sasha! Você está bem? — não, porque eu não tenho uma mãe como
você teve Emanuelle. Respondo grosseiramente dentro de mim, e é lá onde
essas palavras permaneceram, porque eu nunca diria isso para minha amiga.

— Eu estou bem. É só que a sua pergunta me surpreendeu — isso foi mais


um sussurro, porque mal abri a pouca para proferir tais palavras.

— Desculpa não queria te deixar desconfortável com minhas perguntas.


Sinto muito por ser tão invasiva — não a culpo por ser tão espontânea.
Emanuelle viveu tanto tempo reclusa que ela se anima com o mínimo de
interação que consegue manter com as pessoas.
— Não se preocupe por favor. Não me incomodo com a sua pergunta. É
que às vezes eu me sinto mal ao falar sobre a minha mãe — respiro fundo,
soltando uma lágrima — a verdade é que eu nunca vi minha mãe. No dia em
que nasci ela simplesmente desapareceu sem ninguém se aperceber, Ela me
deixou quando ainda era um bebê de algumas horas. Desde criança
perguntava para meu pai o porquê que eu não tinha uma mãe como todas as
outras meninas, ele sempre me contava histórias até que um dia quando ele
viu que eu tinha a idade certa ele me contou que minha me abandou no
quarto de hospital em que estávamos internadas no dia que nasci.

— Amiga, eu lamento tanto — as duas estamos chorando, para mim por


algo que ainda dói falar e ela por causas dos hormônios da gravidez.

— Não vou negar me parte o coração não ter crescido com minha mãe ao
meu lado. Meu pai sempre evitou falar sobre a minha mãe, ele sofreu
bastante com o desaparecimento repentino dela, e por causa disso ele se
transformou num homem distante meio frio. Mas ele se esforçava para ser
um bom pai. Quando ele se casou com a minha madrasta eu devia ter apenas
uns quatro ou cinco anos de idade, e fiquei tão feliz, porque finalmente achei
que teria uma mãe e de bônus eu tinha ganhando uma irmã. Com o passar do
tempo minha madrasta deixou bem claro que não era minha mãe e que nunca
seria. Lembro que esse dia eu chorei tanto, eu tinha apenas seis anos quando
ela finalmente destruiu meus sonhos de ter uma família perfeita, porque
para mim ela era minha mãe e perguntei ao Dimitri porquê que nossa mãe
não gostava de mim e apesar de novo naquela época Dimitri já era crescido
se comparado a mim, e foi então que ele me disse que aquela não era nossa
mãe, ainda lembro muito bem das suas palavras duras" aquela mulher não é
nossa mãe, nossa verdadeira mãe é uma vadia que nos abandonou" foi o que
ele disse.

— Depois disso eu finalmente me conformei. Mas sabe as vezes eu sinto


que nossa mãe não nos abanou eu sinto que por algum motivo de força maior
ela teve que ir embora. As vezes sonho com ela enquanto escuto ela pedindo
por ajuda.

— E você conhece o rosto dela?


— Sim. Uma vez eu estava no quarto do papai procurando por ele e por
acaso encontrei uma foto, sabe daquelas bem antigas? Nela tinha uma
mulher sentada num balanço que fica no jardim da nossa casa, ela estava
sorrindo enquanto suas mãos faziam carinho na barriga saliente e um menino
loiro também sorrindo segurava por cima das mãos da mulher. O que mais
me chamou atenção naquela foto foram os olhos da mulher, azuis tanto
quanto os meus. Naquele momento eu tive a certeza que ela era minha mãe,
senti uma vontade muito grande de roubar aquela foto mas pensei melhor e
resolvi deixar porque por algum motivo ela ainda estava guardada no quarto
do meu pai. O nome da minha mãe era um assunto proibido em casa, não
existam fotos dela espalhadas pela casa por isso resolvi não comentar com
ninguém sobre a foto.

— Você acha que um dia irá encontrar sua mãe? — nos já estamos mais
calma e mantemos nossa conversa sobre nosso passado e nossas famílias.

— Eu não sei. Mas eu sinto alguma coisa me dizendo que minha mãe está
por aí precisando de ajuda. Por muitas vezes pensei em procurá-la, mas
sempre soube que meu pai nem meu irmão permitiriam isso. E quando fiquei
cega a possibilidade de procurá-la diminuiu ainda mais.

— E seu irmão? Acha que hoje em dia procuraria por vossa mãe? — Da
última vez que falei sobre nossos pais Dimitri fechou a porta do quarto dele
na minha cara.

— Não. Dimitri não tem bons sentimentos sobre nossos pais. Apesar do
seu jeito distorcido de demonstrar seus sentimentos, sei que Dimitri me ama
e que sempre irá me proteger.

— Eu também queria dizer a mesma coisa sobre a minha gêmea. A


Antonelli me odeia tanto, eu nunca vou entender o motivo disso. Ela
simplesmente me abomina.

— Essa sua irmã não sabe o que está perdendo ao ter você como irmã. Eu
ia adorar ter uma irmã como você. — e não estou mentindo, daria qualquer
coisa para ter uma irmã tão meiga e carinhosa quanto Emanuelle, — falando
em irmã, já pensou no nome para o bebê?
— Ainda não, na verdade estou esperando para saber o sexo, não vou
mentir eu queria muito uma menina. Mas o que vier eu estarei feliz da
mesma forma.

Passamos o resto da tarde conversando sobre bebés. E por um momento


me imaginei estando grávida e mesmo por um milésimo imaginei
Christopher sendo pai. Será que ele tem planos de um dia ter filhos ou se
juntar a alguém de novo?

Não mais maltratar minha cabeça com esses pensamentos, porque isso não
é da minha conta.

Mas porquê imagina-lo com outra, está sendo tão doloroso para mim? Se
o que mais quero é ficar o mais longe possível dele, porquê minha mente me
leva a pensar nele a todo o instante?

A menos que ele tenha conseguido um de seus objetivos.


Mesmo ardendo como Brasa por dentro, continuo me equilibrando nas
argolas olímpicas suspensas, apesar do saco de pancada ser meu acessório
predileto quando se trata de treinamento às vezes é necessário variar. Mesmo
concentrado no meu treino é possível ouvir os passos de alguém se
aproximando, e essa pessoa faz isso como se já não soubesse que falei que
não queria ser interrompido por ninguém.
Largo as argolas olímpicas e fixo meus pés no chão da academia, pelo
vidro a minha frente é possível ver o sol se pondo, anunciando que ficarei
mais uma noite sem sentir e ver minha esposa perto de mim.

Nunca pensei que depois de tantos anos mais alguém despertaria esse meu
lado possessivo, e aquela anjinha conseguiu sem nenhum esforço me deixar
obcecado por ela, e principalmente, o seu corpo que me entende muito bem,
a cada vez que jatos de água escorrem por meu corpo no chuveiro meus
pensamentos são assombrados por seus olhos revirando enquanto ela goza
sob meu comando.

— Senhor Parker — a acompanhante da minha esposa me tira do


princípio do que seria uma seção de lembranças eróticas, e praguejo
internamente por tamanha ousadia, merda, isso me torna um filho da puta
pervertido, e sinceramente não me importo, desde que toquei aquele corpo,
ele se transformou na minha única fonte de pensamentos eróticos capazes de
me deixar duro. Me viro para olhar a empregada parada na porta de vidro
que nos separa, muitas vezes a vejo me espiando por aí de forma furtiva.

Mal entendo porquê ainda a mantenho aqui, porque quando Sasha voltar
não precisaremos de seus serviços porque ela irá imediatamente para a
clínica fazer a maldita cirurgia, por bem ou por mal. A foder apertando
aquele seios apetitosos e enquanto aqueles olhos azuis me encaram é uma de
minhas fantasias doentias.

— Senhor Parker — ela torna a chamar meu nome, como se na primeira


vez eu não tivesse ouvido. Prestando mais atenção em seu rosto consigo ver
que ela me lembra alguém cujo não lembro quem no momento, mas com
certeza um rosto familiar.

Morgan é muito jovem e diria atraente segundo os padrões de preferência


de alguns homens para se prender a um trabalho de acompanhar de uma
deficiente. É uma mulher negra de mais ou menos um metro e setenta de
altura, não é magra nem corpulenta, é dona de belas curvas me atrevo a
dizer. Mas ela não me atrai em nada porque atualmente apenas um corpo me
deixa em estado hipnótico quando penso no que posso fazer em
determinadas partes dele.

— O que deseja? — pergunto terminando minha análise em seu rosto.

— O senhor tem uma visita, aliás, a visita é para senhora Parker, mas
como ela não se encontra eu vim chamar o senhor — porra, quem será? A
Sasha nunca recebeu visitas aqui. A interesseira da madrasta e a filha nunca
se atreveram nem a chegar perto dos portões da mansão assim como as
adverti, jurei que se ousassem pisar em solo americano teriam as cabeças
decepadas.

— Quem é?

— Uma senhorita, ela diz se chamar Yeva Petrova, diz ser Amiga da
senhora Parker — deve ser a filha de um dos membros da máfia russa,
quando mandei investigarem o Dimitri, li no relatório sobre a irmã alguma
coisa sobre essa amiga dela, parece que as duas praticamente cresceram
juntas. Não me importa em nada a presença dela qui, mas estou curioso em
saber o motivo da visita.

— Mande-a esperar. Dentro de quinze minutos vou recebê-la — sem me


preocupar em vestir a camisa saio da academia indo diretamente para meu
quarto, tomo um banho rápido para limpar os vestígios de suor que a pouco
banhavam meu corpo. Ainda essa noite tenho um compromisso social,
depois do banho visto um dos ternos pretos mas não coloco a grava, apesar
de ser algo formal não vejo a necessidade de colocar uma, e também eu
odeio ver gravatas em tornos do meu pescoço, elas ficam bem melhor
prendendo pulsos de um corpo nuo.

Desço às escadas olhando as horas quando a governanta me diz que a tal


visita se encontra em uma das salas de estar, caminho até o cómodo e ainda
a distância vejo uma mulher loira sentada em um dos sofás.

— Boa noite! — minha intenção não era assusta-la, mas ela estava tão
distraída de tal forma que praticamente pulou do sofá quando ouviu minha
voz. Aos poucos ela se vira para me encarar ainda sentada, assim que olha
para minha cara seus olhos se arregalam como se ficasse surpresa ao me ver,
não a culpo, meu rosto com essa barba não me deixa com nenhum ar de
amigável. Em silêncio ela me analisa como se buscasse alguma falha, que
são várias, provavelmente ela deve estar lamentado por sua amiga que está
nas mãos de um homem como eu, consigo ler a mensagem nos seus traços
faciais, ela deve imaginar tudo o que faço com a amiga.

Tenho cem por cento de certeza que ela me investigou e descobriu sobre
as minhas preferências. Não me importo que meio mundo saiba disso, várias
submissas passaram por minhas mãos e é inevitável dizer que alguma violou
as regras revelando sobre mim.

— Senhorita Petrova? — Chamo sua atenção por ver que ela não sai do
transe. — Boa noite!

— Bo-a no-ite eu... ham

— Você é amiga da minha esposa. Disso eu já sei. — Também me


acomodo no sofá em frente ao dela, ela ajusta sua postura e engole em seco.
— A funcionária me disse que a Sasha não está, eu vinha visitar ela.

— É isso mesmo. Ela não está em casa no momento, ela viajou para
espairecer com algumas amigas — uso a mesma desculpa que Nicholas usou
para despistar a imprensa. Vejo espanto em seu olhar, ela definitivamente
não esperava ouvir que sua melhor amiga tinha viajado com outras amigas, e
imagino que na cabecinha dela devem estar passando milhares de ideias
sobre onde a amiga realmente está.

— E o senhor sabe quando ela volta? — Apenas nego com a cabeça.


Assim que levanto ela também faz o mesmo, já tirei dela o que queria.
Apenas confirmar se ela realmente não sabia do paradeiro da minha esposa e
das outras duas fujonas. Pelos vistos terei que aguardar pelo serviço do
Dominic.

— Bom, então eu vou indo — sedo espaço para ela passar e antes que ela
alcance a porta de saída chamo sua atenção.

— Senhorita Petrova! — Mesmo tremendo Ela se vira para me encarar —


não se preocupe, eu não matei a minha esposa. Quando ela voltar irá receber
notícias dela.

Assentindo ela se despede e vai embora, não foi difícil deduzir que ela
achava que matei minha esposa, vivendo na máfia acho que as mulheres
esperam de tudo lá dentro, só queria assegurar a ela que a amiga estava
viva, mas não sei se na sua volta ela estará inteira quando eu puder minhas
mãos nelas.
Coloco minha mão no interior da banheira para sentir a temperatura da
água, que por sinal está gostosa de sentir. Lá fora chove como nunca tinha
visto aqui em Cuba. Brinco um pouco com a espuma que se encontra sobre a
água enquanto o cheiro aromático dos sais de banho domina todo o espaço
do nosso banheiro.

Apesar de pequeno, nosso banheiro tem uma banheira espaçosa, suficiente


para tomar um banho relaxante depois de um dia cheio de agitação e muito
trabalho. Me sinto mais livre agora, mais capaz de fazer minhas próprias
coisas.
Nunca achei que viver assim poderia ser tão bom, sem pressão, sem medo
de fazer algo errado, sem a presença dominadora me assombrando, sem
culpa e principalmente sem ninguém para me lembrar o quanto minha
deficiência me impõe limites.

Aqui em Cuba eu estou aprendendo que posso tudo, é apenas uma


questão de ter força de vontade.

Desfaço o nó do robe que estou vestindo e logo de seguida a peça desliza


por meu corpo me deixando completamente nua, coloco o robe num dos
suportes da parede e com cuidado entro na banheira e deslizo sobre ela até
meu corpo ficar coberto pela espuma até a região acima do busto, e
automaticamente minha cabeça descansa sobre a base da banheira me
deixando ainda mais a vontade.

Definitivamente estava precisando disso, fazia muito tempo que não


tomava um banho tão relaxante.

Sempre imaginei ter momentos românticos com o amor da minha vida,


como por exemplo compartilhar a banheira para relaxar juntos ou até
mesmo conversar e trocar confidências, esses eram meus sonhos quando
adolescente.
Até que descobri que nem todos os homens são adeptos do romantismo, e
com Christopher eu aprendi isso no verdadeiro sentido da palavra.

Ele não é nenhum homem das cavernas, mas ele não tem nada de sensível.
Eu não sei nem a metade sobre a vida dele antes de nos casarmos ou até
mesmo coisas sobre seu dia a dia, apenas sei o básico, que ele é dono de
banco, é americano, rico, influente, sádico, doente da cabeça. Apenas sei
coisas que quase todo mundo sabe dele, mas ele nunca me deixou saber mais
além disso.

Tivemos zero momentos românticos, e nossas sessões no quarto de jogos


não contam como algo em casal, porque dentro daquele quarto nós
assumíamos outros papéis, nossas personalidades mudavam lá dentro,
quando estávamos os dois dentro do quarto de jogos somos apenas dom e
submissa, senhor e escrava, sádico e expirante a masoquista.

Ele estava quase conseguindo me perverter, eu sinto que faltava pouco até
eu me viciar na dor, meu corpo estava começando a gostar de sentir golpes
fortes desferidos por seus chicotes. Eu ia chegar numa fase que começaria a
pedir para ele bater mais forte e sem piedade, essa fuga foi a melhor coisa
que me aconteceu, se não eu teria me perdido completamente.

Eu me perderia porque o tamanho da dor era proporcional ao prazer que


ele me dava, orgasmos tão fortes que minha pele chega a arrepiar só de
lembrar. Fecho os olhos e deixo minha mente e meu corpo sedento por
prazer me levarem a reviver memórias que eu deveria repudiar.
Minhas mãos se encontram amarradas para trás em cordas formadas por
nós fortes, meus braços também se encontram envoltos em cordas me
deixando ainda mais sem ter como mover os membros superiores.

Como a boneca que sou, ele me guia até a cama e me coloca de bruços
sobre os lençóis de seda macios, seus dedos ágeis passeiam por meu corpo
me fazendo libertar pequenos gemidos, meu corpo o pertence e isso é
indiscutível.

Sem esperar meu quadril é erguido e dessa forma apenas minha cabeça e
meus joelhos estão sobre a cama, me sinto completamente exposta apesar de
estar vestindo peças íntimas finíssimas, posso até sentir o ar passando por
minha vagina coberta pela calcinha minúscula. Respiro de forma ofegante
quando sinto alguma coisa passando por minhas costas, minha posição me
impossibilita de esfregar minhas coxas para aliviar a tensão na minha
intimidade.

Os bicos duros dos meus seios são acariciados tão delicadamente que
posso sentir meu orgasmo se formando na região do meu ventre.

— Mandei você gemer anjo? — não consigo responder devido a


imensidão de sensações que passam por meu corpo quando ele dá um tapa
forte no meu bumbum. — responda!

Ele esbraveja.

— Não sen-hor. — gozar é tudo o que mais quero agora para acabar de
uma vez com essa tortura. — ahh meu Deus.

Estremeço toda quando ele acaricia minhas dobras por cima da calcinha
extremamente molhada. A tortura segue e sei que a qualquer momento vou
explodir. Rebolo sedenta em seus dedos e mal consigo controlar os
movimentos do meu corpo.

— Senhor por favor — mais um tapa e minha excitação triplica, meu


corpo treme pois o orgasmo está na ponta das minhas extremidades nervosas
pronto pra sair, mas estou prendendo ele — deixa eu... por favor.
Já posso sentir as lágrimas molhando o travesseiro enquanto meus soluços
se misturam com os gemidos, porque mesmo abalada meus corpo não deixa
de responder a seus estímulos hediondos.

— Você quer gozar anjinho?

— Sim, sim senhor eu quero, eu quero.

E assim aconteceu, apenas um tapa estalado nos meus lábios molhados foi
suficiente para me fazer tremer toda e me contorcer sobre a cama enquanto
meus músculos se contraiam me deixando entorpecida beirando entre a
realidade e o efeito alucinogénio do orgasmo.

— Christopher ! — grito seu nome enquanto um orgasmo alucinante


sacode todo meu corpo me fazendo estremecer no interior da banheira.
Depois do efeito do orgasmo cessar eu finalmente acordo para realidade —
meu Deus! O que eu estou fazendo?
Três meses depois

Lembranças do passado

Tento manter minha concentração no volante mas o corpo ensanguentando


e desacordado da minha esposa não me deixa me concentrar totalmente na
estrada. Eu liguei para emergência, mas não consegui esperar por eles vendo
ela sangrando e sofrendo com dores.

Os machucados em seu rosto estão começando a inchar a deixando ainda


mais irreconhecível, seus traços delicados e lindos não estão mais lá, ela esta
fria e seus lábios não param de tremer, olho para seu ventre, e uma raiva
descomunal me consome me fazendo apertar bem forte o volante carro.

— Chris! — A voz fraca, o esforço que ela fez apenas para chamar meu
nome faz eu me sentir completamente estraçalhado por dentro. Pela primeira
vez algo estava dando certo na minha fodida vida, e mais uma vez eu teria
que aprender a perder.

— Amor, não se esforce, fica tranquila estamos quase chegando no


hospital — precisamos chegar, ou eu nunca vou me perdoar.
— Não vai dar tempo. Nós já perdemos ele, não é? — um nó se forma na
minha garganta quando finalmente me dou conta de que provavelmente meu
filho não esteja mais aqui, que talvez ele tenha perecido sem ao menos ver o
mundo aqui fora. — Eu te amo!

Merda de vida fodida

Um segundo contemplando seu rosto agonizando foi o suficiente para que


meu carro fosse atingido, e depois disso, tudo acontece em câmara lenta,
nossos corpos reviram no interior do veículo a medida que o carro também
vai capotando pela estrada molhada, seguro no corpo da minha esposa mas
alguma coisa me diz que é tarde demais, pois o resquício de respiração que
eu via subir e descer por seu peito não existe mais, nós dois somos um
conjunto de sangue e machucados horríveis.

Quando achei que perderia os sentidos em qualquer momento de tanto que


o carro ficava rebolando, ele finalmente estabiliza e apenas ouço o barulho
da chuva lá fora e a lataria do carro chiando como se fosse ceder a qualquer
momento.

O corpo pequeno da minha esposa não treme mais, ela está esfriando cada
vez mais, não sinto sua respiração quente no meu pescoço, apenas o sangue
saído do seu nariz. Seus dedos pequenos não estão mais apertando minha
camisa.

Sim ela não está mais aqui.

Os dois não estão mais aqui.

Meu corpo busca forças não sei de onde, para finalmente conseguir
quebrar um dos vidros blindados do carro, e carregar o corpo sem vida da
minha esposa. Sinto que meus pés carregam toneladas devido ao esforço que
estou fazendo para me arrastar pelo asfalto, o cheiro de queimado está em
toda parte, e até agora me admiro por ter saído vivo daquele carro.

Respirando de forma ofegante, o sangue seco em meus olhos me impede


de enxergar com precisão, por isso me agacho junto com o corpo
desfalecido, e me sinto um filho da puta estragado por não conseguir
derramar uma lágrima se quer por eles, eu sou contaminado, e já me
acostumei a conviver com a morte.

Se eu já era quebrado, a partir de hoje serei apenas uma casca que vaga
pelo mundo se alimentando apenas com a dor dos outros.

Presente

Mais de seis anos se passaram e apenas a dois meses eu descobri que


aquele maldito acidente não aconteceu por distração ou imprudência da
minha parte. Aquilo foi só um bônus do meu progenitor, depois dele ter
abusado e espancando minha primeira esposa, para ele aquilo não foi
suficiente, ele precisava eliminar o mal pela raiz, é assim que ele falava.

Sua cabeça preconceituosa e racista não o deixava aceitar meu casamento,


para ele mulheres como a Cindy apenas servem como prostitutas e não para
serem assumidas perante a sociedade, e para meu azar eu tive essa audácia
de desafia-lo ao me casar com ela, naquela época eu jurei que ele não
controlava mais minha vida mas me enganei completamente e a notícia da
gravidez o deixou ainda mais doente, e foi por causa disso que naquele dia
eu perdi a minha chance de ser normal, posso assim dizer. Me admiro que
ele tenha conseguido abusa-la sabendo que carregava o próprio neto, mas
para ele, meu filho era só uma coisa, sem direitos.

Ele deve estar se contorcendo no túmulo nesse momento por eu ter me


casado com uma cega, e dessa forma me colocando longe da perfeição. Mas
o que ele não sabia é que a partir do momento que minha esposa parou de
respirar ele acordou outra coisa dentro de mim, uma coisa que seria capaz de
estraçalha-lo se ele ainda estivesse respirando.

Ele já caiu, agora resta apenas aquela organização narcisista, nós os


neutralizamos uma vez, mas agora eu preciso acabar com eles de uma vez
por todas, porque no último encontro eles deixaram bem claro de agora eles
podiam me acertar num alvo que aos poucos se transforma num ponto fraco
para mim.
Na noite do encontro com a GENIS

Depois da assinatura da renovação de contratos de alguns acionistas do


banco peço uma dose de whisky. O restaurante está ligeiramente vazio,
apenas nossa mesa composta por cinco homens contando comigo, e nas
outras mesas apenas vejo duas a três pessoas.

Depois de cinco minutos o garçom finalmente me traz meu copo com o


whisky, levanto o copo sobre a mesa para levá-lo a boca quando algo chama
minha atenção, o guardanapo que veio junto com o copo tem algo escondido,
e não preciso pensar muito para saber o que é. Em apenas um gole tomo o
whisky e me levanto sem me despedir dos outros, por minha saída ter sido
repentina sei que meus seguranças estão logo atrás de mim.

Vou em direção a área da cozinha do restaurante, a atravesso e logo a


seguir já estou na saída de emergência do estabelecimento.

— Senhor Parker!

— O que vocês querem agora? Já falei que não voltarei pra porra da vossa
organização. — Hoje eles estão em número de dois, mantemos uma
distância de cerca de três metros.

— Existem coisas que podem induzi-lo a aceitar o que propomos. O


senhor é um ponto chave nessa organização e sabe muito bem o motivo —
eles querem ter o monopólio de bancos, e o meu banco é um dos mais
importantes e conhecidos no mundo. Eles quererem controlar a porra da
economia mundial.

— Como por exemplo o quê? — questiono mesmo sabendo qual ponto de


minha vida eles irão tocar.

— Sua esposa por exemplo — merda, Dominic precisa ser mais rápido —
o senhor não ia querer ficar viúvo pela segunda vez sendo tão jovem, a
diferença é que agora a morte da falecida não seria culpa do seu pai. Lembra
do acidente que a matou?

— Do que você está falando?


— Acidentes podem ser provocados senhor Parker. — Essa é a primeira
vez que eles conseguem prender minha atenção por tanto tempo. — Mas
deixemos o passado de lado, o importante é o futuro nesse momento, e tudo
depende do seu desempenho.

Um deles se aproxima de mim e me passa um cartão.

— O aguardamos na Alemanha senhor Parker. Sua presença é de extrema


importância para o nosso líder — então eles querem que eu conheço o filho
da puta por trás dessa merda toda? E algo me diz que apesar de toda essa
amenidade toda eles estão aprontando algo sujo. — Ah, já ia me esquecendo,
o senhor por acaso ainda não encontrou o pendrive? Ele pode estar guardado
em algum cofre do seu banco.

Pelos vistos ainda existe algo que posso usar como arma contra eles,
preciso achar esse pendrive, sem dúvidas é algo que pode acabar com eles,
senão não estariam tão preocupados em encontrá-lo.

— Não se preocupem, — falo enquanto analiso o cartão preto com


detalhes dourados em minhas mãos — assim que achar esse tal objeto,
entrarei em contato. Quanto a minha ida para Alemanha a qualquer momento
me farei presente lá.

— Contamos com a sua presença senhor Parker — eles se viram e


caminham no meio da névoa noturna que envolve todo o beco pouco
iluminado.

Não sei se ficar cara a cara com o líder desses lunáticos é algo que irá me
agradar, mas é um mal necessário.

De volta ao presente

Merda

Já se passam quatro meses desde o desaparecimento de Sasha, e se


passaram dois desde que incumbi a Dominic a missão de achá-la esteja onde
estiver. Mas ao invés de procurar minha esposa foi matar o presidente
italiano. A morte foi anunciada a algumas semanas pelos meios de
comunicação.

Já era para ele me trazer o relatório sobre o paradeiro dela, eu não posso
sair daqui para Alemanha sem saber o paradeiro dela, e isso não é por causa
da segurança dela, mas também pelos meus instintos carnais que já estão
falando alto pela necessidade de tê-la acorrentada a mim outra vez.

Posso ser tudo o que as pessoas quiserem mas não sou infiel, quando faço
um juramento é para cumpri-lo, eu cumpro a risca com os meus
compromissos.

Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho de passos rápidos e


rígidos se aproximando, e já sei muito bem de quem se trata. Me levanto
para encara-lo se aproximando de mim, logo atrás a governanta vem
correndo, com certeza para dizer que a minha visita entrou na propriedade
sem ser anunciado.

Com apenas um aceno dispenso ela antes que se aproxime demais.

— Vejo que estava me esperando Christopher — sem ser convidado ele


ocupa a poltrona ao lado da que eu estava sentado antes dele entrar.

— Merda Dominic! Não podia matar o presidente italiano depois de me


dizer onde a minha esposa está? — o questiono também me sentando, e
como sempre ele está no modo ex fuzileiro, ele está com a cabeça tão fodida
que acho que vive na posição de contra ataque a todo instante, como se a
qualquer momento alguém fosse ataca-lo.

— Para aquele trabalho eu fui pago. Já você me pediu um favor. Não vi a


necessidade de colocar o seu assunto na frente dos outros.

— Você não cansa de ser a máquina de matar do Enrico? — Ele solta uma
gargalhada forte enquanto coloca um cigarro na boca e logo de seguida passa
o isqueiro nele para começar com tragadas fortes.

— Ele está mais impaciente que nunca, um deslize e ele está matando. E
tudo isso por causa de um mulher — desde a morte da esposa Dominic
nunca mais foi o mesmo, se transformou num homem frio, em alguém que
não se preocupa mais com a vida de quem se encontra em sua mira, agora
ele não mata para defender o país e sim para sobreviver.

— Achou ela? — é a única coisa que preciso saber agora.

— Sim achei seu brinquedinho — ele fala sem emoção nenhuma, e eu me


pergunto se alguma vez ele voltará a sentir algum afeto por alguém. — E ela
está ótima isso eu posso te garantir.

— Onde elas estão?

— Veja por conta própria — ele retira um envolve da mochila e me


entrega, sem esperar o abro e imediatamente retiro o conteúdo. Vejo algumas
fotos das três fujonas, em algumas elas tão conversando na praia, em outras
caminhando pelas ruas de alguma cidade cheia de cor e pessoas e posso
garantir que estão em algum país da América latina.

Me concentro mais nas fotos da minha esposa, onde em algumas ela está
sorrindo e em outras está brincando com algumas crianças. Leio também o
relatório que Dominic trouxe, nele está tudo detalhado sobre como elas tem
vivido, pelos vistos elas se adaptaram muito bem, nem quero imaginar como
tem sido para duas gestantes e uma cega viver numa cidade daquelas.

— Como pode ver elas estão ótimas, vivendo uma boa vida longe dos três
maridos possessivos. Eu já fiz minha parte o resto é com você. Como pôde
ver elas estão em San Tiago del Cuba, uma pequena cidade localizada na
região sul de Cuba. É um lugar calmo, sem grande nível de criminalidade e a
atuação do cartel no lugar é quase impercetível.

— Preciso que providencie proteção para elas, mas que sejam discretos
para que elas não percebam — é mais seguro para ela ficar lá enquanto eu
resolvo outros assuntos, nesse momento ela fica melhor longe do que ao meu
lado.

— Não vai contar aos outros?

— Não! Ela está mais segura lá do que ao meu lado no momento.

Dominic me conhece o suficiente para saber que tem merda acontecendo.


— A GENISIS?

Apenas assinto, e mostro o último cartão que recebi deles.

— Merda! Pelos vistos as nossas buscas por algo que irá destruí-los
continuam.

— Nós vamos para Alemanha.


Com muito esforço e apesar da dor dilacerante em meu coração, encaro a
única foto que tenho do meu amado. O homem da minha vida, o homem a
quem pertenço por mais que seja subjugada e mantida refém por uma alma
cheia de maldade e sem coração.
Por muito tempo eu tentei resistir, não só por mim, mas por minha família.
Mas no final eu acabei me entregando a dor e ao sofrimento, meu corpo não
me pertence mais, minha alma foi acorrentada pelas vontades de um homem
tão cruel quanto um narcisista possa ser. A única coisa que posso chamar de
minha, é a minha mente. Apesar dela não estar intacta pelo menos me
proporciona certa privacidade para poder ter meus próprios pensamentos, lá
eu tenho espaço para reviver minhas lembranças mesmo que de forma
furtiva.

Sentada na penteadeira do meu quarto observo meu estado. E me admiro


que apesar do tempo e do que eu tenho vivido minha pele não apresente os
traços de uma mulher com mais de quarenta anos. Quarenta e três para ser
mais precisa, por causa das leis da máfia eu me casei muito cedo, assim que
completei despeito anos meu pai me entregou ao meu amado, um homem
que aprendi a amar com o passar do tempo e com o casamento nosso amor
se fortaleceu ainda mais.
Meu coração se parte em dois toda vez que lembro que compartilhamos
tão pouco tempo juntos, e que por mais que algum dia eu escape desses
muros eu nunca poderei o ver outra vez e muito menos poderei gritar o
quanto o amo, porque por desobediência minha o mataram, e agradeço a
Deus que minha filha tenha saído ilesa daquele acidente trágico, lembro até
hoje do dia que aquele monstro chegou com uma foto do meu marido dentro
de um caixão de madeira maciça. E mesmo sem vida eu pude ver ali os
traços do homem que sempre amei, naquele dia uma parte de mim morreu,
aquele dia eu perdi totalmente as esperanças, o único homem capaz de me
salvar não estava mais aqui.

Meu dono tem toda razão quando afirma que eu viveria sob seu jugo até o
dia que um dos dois parar de respirar, e ele adora me torturar com isso, e
minha única resposta para suas provocações é o meu silêncio. A única coisa
que me dá certeza de que continuo respirando são as lágrimas que derramo
todos os dias a cada vez que lembro dos meus tesouros, e me corrói saber
que agora eles estão sozinhos, sem mim e sem o pai.

Uma lágrima quente percorre meu rosto assim que lembro da carinha da
minha menina pequena. Ela nasceu tão pequena e branquinha, seus olhos
azuis eram o verdadeiro espelho dos meus, essa é a única marca e tenho
certeza que ela carrega de mim e não quero imaginar o que foi para o pai
dela olhar em seus olhos e saber que aqueles olhos não eram os meus e sim
da nossos filha.

Meu dono me contou que ela se casou, quando recebi essa notícia fiquei
tão contente porque de alguma forma minha filha teria uma família de
verdade, mas ele não demorou a estragar minhas imaginações ao me lançar
que o marido da minha filha era tão sádico quanto ele, que ela também está
sofrendo o mesmo que eu, porque foi vendido pelo próprio irmão a esse
homem que hoje em dia é o marido dela.

Chorei por noites imaginando o quanto ela tem sofrido, ela é só uma
menina. E não fazer nada por ela está me matando, fico imaginando todas
vezes que ela chamou por mim enquanto chorava mas eu não estava lá. As
vezes desperto durante a noite ouvindo seus choros de menina, e não sei se
isso é realmente uma premunição ou é apenas a minha mente brincando
cruelmente comigo.
Me levanto e caminho até a janela do quarto, e por ela aprecio o jardim de
decoração sombria, igual ao proprietário. Os murros monstruosos que estão
em volta da propriedade são o verdadeiro sinônimo de soberba e poder, fico
pensando se alguém imagina que por trás desses murros ele mantém uma
prisoneira, uma escrava, ou um bicho, como ele me chama.

Bichinho.

Mesmo depois de vinte e um anos ele não cansa de se aproveitar do meu


corpo, ele se excita quando me vê chorando ou implorando para ele parar de
me bater, ele é um doente que se satisfaz me subjugando de todas as formas
possíveis. Seus toques apenas me deixam com asco, e apesar de eu tentar ser
forte eu não consigo lutar contra ele. Um homem forte e musculoso, ele é
duas vezes maior que eu, não sou nada perto dele, eu praticamente fico
invisível.

Meu corpo reage assim que sinto sua presença atrás de mim, seu perfume
inconfundível é o único aroma que perdura no ar. Não me incomodo em me
virar para ter a certeza de que é ele. Apenas espero por ele, reagir é a pior
coisa que posso fazer agora.

Suas mãos grandes apertam meus abraços, e como sempre ele inala meu
perfume na curva do pescoço enquanto uma de suas mãos aperta meu seio,
seu membro excitado é a prova evidente da sua visita ao meu quarto logo
cedo da manhã.

— Meu bichinho — com apenas um movimento ele desfaz o nó do meu


robe, e logo de seguida minha camisola está no chão feito um trapo inútil —
os anos estão fazendo muito bem a você. Continua linda e gostosa, vamos
logo com isso que mais tarde tenho uma surpresa para você.

Ele me vira de frente para ele e dou te cara com seu peito nu, e assim
começa mais uma de minhas torturas. Ele usa meu corpo de forma que bem
entende e que satisfaça seus instintos predatórios, e eu, aceitei tudo em
silêncio. Em algumas vezes ele me obriga a correspondê-lo e noutros
momentos ele não liga que esteja penetrando uma morta viva.

E isso segue até ele se sentir satisfeito.


Me encolho na cama como um bicho acuado quando ele finalmente se dá
por satisfeito, nua e humilhada eu apenas puxo alguma coisa para poder
esconder minha nudez. Quando acho que ele vai sair, o improvável acontece.

Depois de vestir a calça moletom que ele vestia apouco, se aproxima de


mim e acaricia minha cabeça como se estive fazendo carrinho num
cachorrinho.

— Quero que fique linda, do jeito que você sabe que eu gosto. A nossa
visita deve estar prestes a chegar.

Visita?

Todo esse tempo que ele me mantém presa aqui nunca deixou ninguém
me ver, várias vezes parada naquela janela eu vi muitas pessoas chegarem
aqui, algumas levando muito tempo e outras nem tanto. E hoje ele me diz
que teremos uma visita? Essa ideia me arrepia porque sinto que isso não irá
me deixar feliz.

Me levanto da cama e vou em direção ao banheiro para me arrumar, não


quero me atrasar nem desobedece-lo, da última vez que fiz isso fiquei duas
semanas sem comer e tive meu corpo cheio de machucados, e isso aconteceu
a quatro anos, antes da morte do meu amado.

Se já não estivesse acostumada a sentir as dores que costume sentir no pós


abuso, eu estaria coxeando e reclamando agora, as marcas dos seus dedos
estão por toda a parte e minha pele bastante parda não ajuda muito ma hora
de esconder tudo isso.

Depois do banho coloco um dos infinitos vestidos brancos no meu closet.


Penteio meus cabelos negros de fios longos e lisos e os mantenho soltos. É
assim que ele me quer quando me manda ficar linda, ele é obcecado por
uma versão angelical minha. Meu café já foi servido, e mesmo sem muito
apetite me sento para colocar alguma coisa no estômago, quase todas as
refeições eu faço aqui no meu quarto, em casos extremos sou obrigada a
compartilhar a mesa com o meu dono.

Depois de se passarem alguns minutos enquanto eu reviro a comida a


minha frente, a porta é aberta, a minha frente está o motivo dos maiores
pesadelos da minha vida. Elegante, vestido num terno preto de cabeça aos
pés, o anjo negro que aprendi a conhecer está me olhando intensamente que
até sinto a marca dele situada no meu pescoço vibrando. Uma marca que irei
carregar a vida toda, nela as iniciais AZ chamam atenção banhadas em ouro.

— Linda e do jeito que eu gosto. Depois que a visita for embora nós
vamos nos divertir bastante. — Ele me oferece a mão para que eu possa me
levantar e de forma automática meu corpo responde a seus comandos.

Juntos caminhas pelos corredores da fortaleza sombria, sua mão não sai
nem por um segundo das minhas costas, quando finalmente chegamos a uma
das salas e me surpreendo por estar a tanto tempo aqui e nunca ter visto o
cómodo antes, ele odeia que eu fique circulando pela casa e me cruze com
seus homens, o último que mostrou alguma curiosidade sobre mim teve a
cabeça decepada por uma das suas espadas bem na minha frente, e desde
então os seguranças mantém distância de mim.

Faz muito tempo que não tanto medo, mas agora sem saber o que vem a
seguir eu tremo em antecipação.

— Sente-se — me indica uma poltrona aveludada de cor preta com


alguns detalhes dourados. Sem resistir me sento nela, e assim tenho a visão
da entrada da sala de estar. Parado atrás de mim ele não para de alisar meus
cabelos. — Espero que em breve você acabe com essa mudez, afinal de
contas tenho assuntos a discutir com você, mesmo seu silêncio me agradar
tanto.

Observo seus movimentos enquanto suas mãos firmes e cobertas por


tatuagens servem um whisky. Sempre achei estranho um homem alemão
como ele tão defensor dos princípios alemães ser tão adepto de tatuagens.

— Senhor! — Um homem que entendo ser o mordomo chama nossa


atenção — anuncio a chegada do senhor Parker.

Meu coração congela ao ouvir esse nome, mesmo não o conhecendo.

E depois disso vejo passar pela porta um homem alto, forte e barbudo. E
ele é tatuado, posso jurar que o corpo dele é coberto por elas. Sua presença é
familiar, sombrio tal quanto meu opressor. Assim como eu, ele não esconde
que me observa de forma intensa, ele é um homem ligeiramente jovem. Tão
frio que mal consigo manter meus olhos nos seus, a implacabilidade está
evidente nele.

Imediatamente baixo meu olhar, não quero ser castigada por encarar outro
rosto que não seja do meu dono.

Mas me surpreendo quando ele segura me queixo de forma firme me


fazendo levantar o rosto para encarar o homem na minha frente, e eu não
entendo a sua atitude, um choro fica preso na minha garganta e meus olhos
ardem.

— Ela é linda não é? — a satisfação é palpável em sua voz ao falar isso,


ele está me expondo como uma obra de arte rara de se encontrar, porque é
isso que eu sou, uma arte, alguém sem vida — ela é mais que linda. É uma
perfeição. Uma das minhas perfeitas propriedades.

Não me abalo ao ouvir algo do gênero, já virou costume ouvir ele me


chamando nomes.

— Diga Olá ao seu genro bichinho!

Genro?

Esse homem parado a minha frente é o marido da minha filha, isso já


entendi. E saber que é com ele que meu tesouro partilha sua vida me corta a
alma de forma dilacerante.

Meu dono me contou tanta coisa sobre ele.

Ele é um deles! É um monstro igual a esse com quem moro. A diferença é


que eu fui sequestrada e minha filha foi comprada como um objeto em
exposição.

— O que quer comigo Antonín Zimmerman?

O tom nada amigável que ele usa para chamar a atenção do meu dono me
diz que nesse momento estou no meio de uma guerra entre dois demônios.
E só quero que eu e minha filha saiamos de tudo isso vivas, porque ilesas
não sairemos.
Através do tablet, sentado no assento traseiro do carro leio o relatório que
os homens designados a vigiar e proteger minha esposa e as outras me
mandaram a alguns minutos. E até agora pelo que estou lendo, nada saiu do
controle. Mas parece que uma delas, a esposa do Enrico nesse caso teve uma
complicação com a gravidez, nada de grave. Já a ladra dos meus
pensamentos nos últimos tempos continua com a mesma rotina, dar aulas de
música, brincar com as crianças da tal escola, passear pela praia são suas
atividades diárias e claro cuidar das mulheres grávidas dos outros. Nunca me
atreverei a contar para eles que achei elas e fiquei calado.

Mas às três sabem o que as aguarda, aposto que a noite quando cada uma
está tentando dormir mas suas mentes não deixem, apenas pensam o que nós
três faremos com cada uma, e Sasha sabe o que a aguarda.

Arrumo o tablet e recosto minha cabeça no encosto do confortável


assento, sinto que as noites que fiquei sem dormir estão me cobrando um
descanso, pois meu corpo reclama de cansaço e minha cabeça não me deixa
raciocinar direito, e nem sei se isso é verdadeiramente pelo cansaço ou por
causa do destino desta viagem. Provavelmente sejam os dois que estão
sugando minhas forças, porque o trabalho já não me suga tanto quanto antes,
porque ele virou minha âncora enquanto a esposa fujona não volta. Por
muito tempo eu neguei isso, mas se tive noites de um sono tranquilo nos
últimos meses foi graças a ela, é como se de certa forma ela ofuscasse todas
as minhas memórias quando dividimos a cama.

Merda

Sim, ela me tem. De todas as forma possíveis ela me tem e conquistou até
a maldita da ferra que não para de me instigar a fazer obscenidades.

— Senhor chegamos — me viro e olho pela janela, e vejo no lado de fora


o meu jato preparado já apostos para decolar rumo a solo alemão. Eu sei que
estou indo para um território inimigo e por isso tive que tomar minha
próprias precauções. Dominic e meu chefe de segurança me ajudaram a
montar uma equipe que irá fazer a minha guarda enquanto estiver na
Alemanha, alguns já estão lá e outros irão viajar comigo e com Dominic no
mesmo jato.

Saio do carro e logo de seguida me ponho caminhando em direção ao jato.


O piloto me avisa que está tudo pronto então apenas ordeno que o jato
levante voo. Me acomodo em uma das poltronas e antes que pudesse me
distrair com alguma coisa Dominic aparece e se senta a minha frente.

E por causa do seu histórico violento com a GENIS ele teve que entrar no
avião disfarçado de assistente de bordo. Não podíamos arriscar dele ser visto
entrando no mesmo jato que eu, sabemos que estão me vigiando.

— Aqui! — ele joga uns papéis em meu colo enquanto se ajeita na


poltrona — mais algumas coisas podres que descobri e principalmente já
tenho o nome do anfitrião desta reunião. Foi uma cortesia daquele meu
amigo que trabalha no Pentágono.

Abro a pasta que contém os documentos. Vejo algumas fotos do homem,


ele apresenta boa forma apesar da idade. Alto e forte, cabelos grisalhos mais
que não deixam nada transparecer os seus mais de quarenta e cinco anos de
idade.

Antonín Zimmerman
Seu nome está escrito como título da extensa biografia dele. Aqui diz
apenas que ele é um investidor em diferentes áreas do mercado que sejam
rentáveis para ele e para os associados, filho de um general do exército
militar alemão, um homem muito conceituado e que fez muito trabalho para
o sistema nazista que vigorou por anos na Alemanha.

Dominic percebe o meus espanto e ele me manda ler as páginas que se


seguem, e assim o faço. E acabo descobrindo que essa organização é mais do
que eu pensava. O seu surgimento e sua ligação com o sistema ditatorial se
encontram em vários pontos.

Esse homem quer começar a porra da terceira guerra Mundial?

— Eu também fiz essa cara quando liguei os pontos. Nunca vi homem tão
doente quanto esse, a podridão que exala do dinheiro dele é repugnante. Em
tempos como esses ele escraviza velhos e crianças em prol do próprio bem
estar. Ele é um maldito nazista que pretende começar uma guerra para
mostrar que a Alemanha continua sendo a maior potência mundial, tal como
ele armou para mim e o meu esquadrão naquela missão de captura ao Nazif,
ele pretendia começar uma guerra entre os Estados Unidos e a Rússia as
nossas custas. Ele mandou matar milhares de pessoas em uma aldeia numa
das florestas da Tailândia, tudo isso porque queria explorar os recursos da
região, os sobreviventes viram que era uma guerra perdida e acabaram
abandonando suas casas e indo embora. E te garanto que ninguém ficou
sabendo disso, ele comprou o governo e a polícia. E mandou fazer um aterro
sanitário para colocar todos os corpos lá. Ele mandou estuprar mulheres,
mandou fazer experimentos científicos ilegais em pessoas forçadamente.
— Mesmo Domínic tendo se transformado num homem insensível posso
sentir o pesar em suas palavras. — Dizem que ele esconde algo na fortaleza,
ele era um homem que vivia mudando de residência durante anos e aonde
quer que ele fosse levava essa pessoa. E o curioso é que ele não é casado,
nunca foi na verdade.

— Provavelmente algum filho ou parente ou alguma puta — Indago


enquanto continuo escolhendo os relatórios.

— Pode ser! A única coisa que tenho certeza é que um dia eu vou acertar
um tiro bem no meio da testa desse desgraçado, e não farei isso escondido
entre prédios ou florestas de roupa camuflada, será cara a cara e olho no olho
a apenas uma distância de um metro. — Eu sei que ele irá cumprir com o
que está dizendo, quando mexeram com a família dele não sabiam o que
estavam acordando.

— Você me falou que a família Semyonava tem alguma ligação com ele
— pontuo após me lembrar de uma de nossas conversas, mas os relatórios
anteriores não diziam muita coisa sobre o assunto.

— Na verdade eu não entendo muito bem. O avô da sua esposa, nesse


caso o pai da mãe dela, se meteu em uns problemas com a máfia alemã,
como contador da máfia Rússia ele também prestava alguns serviços
externos, até que foi chamado pelos alemães para fazer uma auditoria e foi aí
que sumiu um dinheiro. Ele foi acusado de roubo e foi intimado a pagar ou
matariam a ele e sua família, até que Antonín Zimmerman se ofereceu a
pagar se ele oferecesse a filha dele como esposa, o pai da Katia aceitou o
trato. Não sei exatamente o que houve na época mas o acordo não foi
cumprido porque o pai da Kátia conseguiu o dinheiro e pagou a dívida por
conta própria e desse modo livrou a filha do casamento com o nazista
alemão e ela s casou com o pai da sua esposa.

— Como você soube disso tudo? — As vezes me surpreendo com suas


capacidades.

— Tive a ajuda de alguns conhecidos do passado — apenas assinto e


continuo lendo os papéis a minha frente — você deveria ir dormir, até um
viciado em heroína ficaria com melhor aspeto estando ao seu lado.

Arrumo todos os papéis e resolvo seguir o conselho do Dominic, estou


muito cansado e a viagem até a Alemanha será longa.

Assim que entro no quarto, cómodo esse que faz parte do jato, me desfaço
do sobretudo o largando em qualquer canto do lugar. Me acomodo na cama e
imediatamente lembranças do que aconteceu nessa cama e nas paredes desse
quarto a meses durante a minha dita lua de mel me assolam de forma
violenta como uma avalanche.
Fecho os olhos e meu corpo agradece pois está sentido que aos poucos eu
vou cedendo a teimosia de manter os olhos abertos para que os fantasmas do
passado não se apoderassem dos meus sonhos.

Quando despertei nós estávamos prestes a aterrissar, por isso tomei um


banho e me alimentei na companhia do Dominic que me repassava o plano.
Para casa do tal do Antonín apenas levarei alguns seguranças pessoas, mas
Dominic e os outros ficarão atentos, por isso coloquei uma camisa social de
cor preta cujo um dos botões superiores contém uma câmara com áudio
escondida. Nem se eu passar por algum detector eles irão achar o
dispositivo. Criação de um dos funcionários do Nicholas.

— Caso as coisas deem errado eu e os outros invadiremos o local — e


espero que isso não seja necessário.

— Ele não me chamou aqui para me matar. Eles precisam de mim vivo,
porque afinal de contas é o meu banco que querem e sabem que não darei
isso para eles. Se me matam o banco fica com a minha esposa mas se eles a
matarem começam uma guerra com a máfia russa, ontem eu falei com
Aleksei - líder da máfia russa - e o deixei a par de tudo. Os desgraçados
ameaçaram a minha esposa, e sei que irão aprontar alguma.

Eu e Dominic nos separamos, ele foi com os outros e eu estou esperando


no interior do carro os homens que irão nos guiar até a casa do narcisista.
Em cinco minutos eles chegam e assim todo comboio de carros composto
pelos meus seguranças se move indo em direção às estradas de Munique.

A cada quilómetro percorrido mais nos afastamos do movimento da


cidade, e nos aproximamos da vegetação densa que rodeia às estradas, a
estação de outono misturado com as primeiras sensações do inverno deixam
o cenário da estrada gótico e melancólico, como se tudo ao redor morresse
ou apodrecesse a cada vez que nos aproximamos da prosperidade.

Tal como pensei, os murros compridos com certeza construídos bem antes
do século XIX são a primeira coisa que me dizem o quanto o homem que
reside na propriedade é tão sombrio quanto eu, os portões metálicos que
carregaram o que parece ser o brasão da família nos dão as boa vindas.
O carro estaciona em frente às grandes portas de madeira preta, antes que
eu pudesse segurar na maçaneta da porta do carro para abrir e sair, alguém se
antecipa.
Um homem de meia idade, de postura polida é quem me recebe.

— Senhor Parker — apenas dou um aceno e ele me indica o caminho que


devo seguir. Caminhamos juntos até o interior da casa, e não me surpreendo
ao perceber o quanto a decoração excêntrica é o verdadeiro sinônimo de um
homem que quer dominar o mundo e mandar em tudo e em todos.

Estou a uns passos atrás do mordomo, ele informa que chegamos.

—Senhor! — Assim que o mordomo diz isso eu imediatamente atravesso


o batente da porta — anuncio a chegada do senhor Parker.

Assim que entro vejo ele parado atrás de uma poltrona enquanto segura
um copo de whisky. Mas o que realmente chama minha atenção é a mulher
sentada na poltrona, se eu não tivesse a certeza de que a minha esposa está a
milhas da Alemanha é uma cidade de Cuba podia jurar que estou vendo ela
agora vinte anos mais velha.

O cabelo negro e liso, os olhos tão idênticos que por um segundo acho que
estou olhando para minha esposa agora. Os traços extremamente fortes de
uma beleza e sua pele branca. Assim como eu ela me encara em curiosidade,
mas eu não demonstro isso, e muito menos que ver ela me impactou.

Como uma submissa ela desvia os olhos assim que percebe que me
encarou por tempo demais, o medo estampado, o corpo contraído assim que
ele toca seu queixo para me encarar, dizem tudo sobre como as coisas
funcionam entre os dois.

Ele é a ferra e ela a presa. Essa mulher está ao lado desse homem a mais
de vinte anos. Ela é a tal pessoa que ele tanto esconde e que leva para todos
os lados a cada vez que se muda.

— Ela é linda, não é? — Aperto os pulsos e cerro os olhos quando ele


finalmente dirige a palavra a mim — ela é mais que linda. É uma perfeição.
Uma das minhas perfeitas propriedades.
E sei que ela é muito mais que uma propriedade para ele, senão não
estaria com ela por tanto tempo. Seu olhar possessivo e certa obssessividade
sobre ela me dizem que ela ocupa sobre ele muito mais que uma posição de
uma obra de arte sem vida, e ele esconde muito bem isso.

— Diga Olá ao seu genro bichinho.

A mulher sobressalta depois que essas palavras são ditas, e alguma coisa
me diz que eu não sou nenhuma novidade aqui, ele sem dúvida falou sobre
mim para ela, com certeza para a atormenta-la sobre a filha, se é que ela
lembra que tem uma. Ela está morta em vida, eu posso ver isso.

Merda!

Ele não ameaçou diretamente a mina esposa, mas o que acontecer com
uma irá afetar a outra caso elas se encontrem.

Maldito doente filho da puta.

Tendo percebido que entendi seu jogo ele ri de forma presunçosa


enquanto alisa o ombro da mulher que não para de estremecer a cada vez que
sua pele sente o atrito do toque dele.

— O que quer comigo Antonín Zimmerman?


— Gosto de você por isso senhor Parker — ele solta tais palavras no ar
enquanto repousa o copo de whisky no aparador situado atrás dele — é
direto, frívolo e não gosta de rodeios. Essa é uma qualidade muito rara nos
homens de hoje em dia. Mas permita-me dizer, que de vez em quando é
necessário ter a paciência e a perspicácia de uma hiena para conseguir
chegar ao sucesso ou alcançar algum objeto. Veja o meu exemplo, levei mais
de cinco anos planejando a melhor estratégia de tirar essa bela — ele parece
procurar o melhor termo para usar no momento — esse lindo adorno da
Rússia.

A mulher a minha frente parece sentir nojo de cada palavra proferida por
ele, ela sabe que é dela que ele está falando.

Sei que no fundo ele se acha igual a mim, consigo ver o lado sádico nele,
a maldade e frieza brilham nos seus olhos. Podemos até ter colocado duas
mulheres sob nosso jugo de formas nada convencionais, mas a minha relação
com a Sasha envolve muito mais do que puro sadismo, entre nós existe o que
as pessoas chamam de, química, nossos corpos se comunicam e se entendem
quando entramos no meu mundo juntos, eu conheço todas as suas
sensações os pontos sensíveis do corpo dela.
Mas esse homem, não é igual a mim. Não sou narcisista e muito menos
escravizo seres humanos. Eu não procuro pelo poder.

Assim como eu ele está atento a todos os meus movimentos. O asco


camuflado pelo silêncio, dizendo o quanto ela grita por dentro,
provavelmente implorando por alguma ajuda. Fico imaginando a como
minha esposa irá reagir ao receber essa notícia.

— Suponho que irá contar pra sua esposa o que viu aqui.

— O que faço ou não faço com minha esposa não lhe diz respeito. Vamos
logo ao que interessa, não pretendo ficar muito tempo na Alemanha. — Sua
gargalhada parece ter saído de algum filme de terror de tão rouca que é.

— Por favor sente-se — ele me indica uma poltrona que se encontra de


frente a que a mãe da minha esposa se encontra. Ele continua parado atrás
dela como se a estivesse vigiando, não, ele a está venerando.

E agora as palavras do Domínic surgem de forma gritante na minha mente


quando me lembro delas.

" Vocês ainda vão se foder por se apegar tanto as vossas mulheres"

Ele tem toda razão, Antonín tem Katia Semyonava como sua mina de
ouro, aquela que ele pode usar para me chantagear em relação a minha
esposa. Mas também a tem como sua ruína, porque do mesmo jeito que ele a
vê como um ser fraco e indefeso ela também pode ser aquela que pode
destruí-lo de alguma forma se ela for uma mulher inteligente e perceber que
o tem nas mãos. Que al invés dela ser o bicho de estimação dele ela pode se
transformar naquela que detém o poder.

— Como bem disse. Não gosto de rodeios, então vamos logo ao ponto
deste encontro — cruzo as pernas e repouso meus cotovelos nos apoios da
poltrona enquanto busco internamente pelo resto da paciência que me resta.

— Claro vamos a isso. Levanta bichinho — em um movimento


automático a mulher se levanta o cedendo o espaço, ele se acomoda na
poltrona recém desocupada com um sorriso no rosto. Ele deixa as pernas
ligeiramente abertas e em um movimento lento ele bate uma das coxas
olhando para mulher ao seu lado que imediatamente entendo a ordem, e
como um robô ela se senta sobre suas coxas com as pernas de para o lado —
linda, e perfeita.

Depositando um beijo no ombro da mulher que de jeito nenhum recusa


seus toques ele começa a alisar as costas da mulher sem desviar seus olhos
de mim. E imagino o que está acontecendo, o desgraçado está duro.
Meu corpo todo estremece de medo quando seu membro duro feito uma
rocha se remexe debaixo de mim. Faço uma oração a Deus para que ele
tenha um pouco de pudor e não tencione em ter relações comigo agora e aqui
em frente desse homem, que pelo olhar já percebeu o que está se passando,
abaixo o rosto de vergonha.

Mas não devia sentir, é para isso que estou aqui Antonín já me disse isso.
Mas saber que tem alguém nos olhando enquanto ele não se compadece com
minha humilhação. Suas mãos grandes apertam de forma ousada minha coxa
esquerda, mordo meu lábio inferior para conter o choro.

Ele se aproxima do meu ouvido e sussurra: — não vejo a hora de rasgar


esse vestido e te foder da forma mais brutal e primitiva que existe enquanto
olho para seus olhos banhados de lágrimas.

Por um milésimo de segundo tenho a estúpida ideia de levantar e ir para


meu quarto, mas penso melhor e permaneço no mesmo lugar onde fui
designada a estar. Porque ao invés de passar o resto do dia sendo abusada
estreia sendo espancada.
— Bom, senhor Parker. Já é do seu conhecimento que nós precisamos do
seu banco para que nossa missão tenha sucesso desta vez. Aposto que meus
intermediários o tenham informaram sobre isso — não me atrevo a levantar
o rosto mas sei que o tal senhor Parker permanece com os olhos em nós.

— Sejamos sinceros senhor Zimmerman, eu sei muito bem quais são as


suas intenções com meu banco na sua organização. Os outros membros de
nacionalidade americana sabem sobre suas pretensões com tudo isso? — Me
sinto um mero gravador de informações, porque não entendo nada do que
estão falando.

— Digamos que eles sabem que tudo isso é para um bem maior — ele diz
isso apertando minha cintura de forma sexual. — Por isso precisamos do seu
banco, preciso confessar, o banco prosperou mais sob sua gestão. Você
conseguiu fazer mais dinheiro do que seu pai fez em vinte anos como
presidente do banco. Não nego que temos outros bancos á nosso serviço,
mas o seu ultimamente tem se destacado bastante, atraindo as diferentes
esferas da sociedade, não só nos Estados Unidos, mas no mundo todo. É por
isso que queremos que se junte a nós e a nossa causa.

— Controlando a porra dos exércitos dos país não desenvolvidos e em via


desenvolvimento e seus respetivos governos? Controlar a economia, os
meios de comunicação, os capitalistas, os fundos financeiros mundiais? É
para isso que me querem? Não, não pretendo monopolizar o mundo com
vocês e muito menos começar a porra da terceira guerra mundial.

Meu Deus!

O horror toma conta de mim, e me atrevo a olhar para Antonín com meus
olhos arregalados.

— Não fale dessa forma. Você a está assustando — não é só ele que me
assusta. Praticamente grito essas palavras no meu subconsciente, porque
nunca teria coragem de as tirar da minha boca, senão receberia uma surra
que me deixaria em coma, se cometesse tal insolência, ele sabe quais são
meus pensamentos, apenas me castigaria por falar sem sua autorização.
Também duvido muito que conseguiria falar alguma coisa, não sei o que é
pronunciar uma palavra a muitos anos.
As mãos frias como seu coração, que duvido muito que exista, fazem
carinho no meu rosto que mostra o quanto fiquei admirada com o que o
marido da minha filha disse.

— Ademais, caso o senhor se negue haverão consequências. E nesse caso


temo que não seja a minha enteada a ficar viúva e sim você — não. Olho
para seu rosto buscando alguma piedade por mim, mas a única coisa que
vejo é um abismo. É por isso que ele me quer aqui, ele quer que eu implore
pela vida minha filha — imagina o quanto ela ficaria feliz de ver a
mamãezinha dela, viva e linda.

— Já falei que a Sasha não tem nada haver com seus jogos estúpidos —
Sasha? Então o nome do meu tesouro é Sasha, então meu amado colocou
nela o nome que nós sempre desejamos.

— Tudo depende de você. É muito fácil, é só aceitar e pronto. Você sabe


que tem um lugar garantido dentro da GENIS. — Engulo em seco ao ouvir o
nome da tal organização — preciso admitir que, o que você e aquele seu
amigo fizeram a anos nos desestabilizou. Mas agora nós voltamos e desejo
cumprir com os planos que graças ao seu amigo nós tivemos de adiar.
Preciso admitir ele realmente é bom no que faz. Perdi muitos soldados
graças a ele.
— Ele teve toda razão, você se meteu com a família do homem errado.

— Tal como fiz quando me meti com a sua família? — O homem aperta
os próprios punhos como se buscasse o autocontrole — não foi meu desejo
fazer aquilo. Foi tudo obra do seu pai, ele solicitou meus homens e não podia
negar. Seu pai era um membro muito assíduo na nossa organização, é uma
pena que tenhamos o matado por tentar usurpar meu lugar, e o pior ele
deixou informações muito sigilosas largadas por aí.

Eu só quero dormir, e esquecer tudo o que estou ouvindo. Tapo meus


ouvidos não querendo ouvir mais suas barbaridades, mas ele imediatamente
segura nelas as repousando em meu colo.

— Sim, seus intermediários me falaram sobre algum pendrive em algumas


ocasiões. Mas eu não sei e não me interessa saber sobre isso. Não sei se devo
agradecê-lo pela cortesia de ter matado meu pai? — A frieza desse homem
me assusta. — E não me ameace, apesar de tudo, você também sai perdendo
enquanto não achar esse pendrive.

— E muito menos você sai ganhando enquanto não achar a sua esposa
fujona — Antonín gargalha enquanto se remexe para colocar seu membro
excitado numa posição que me fará senti-lo melhor me cutucando. E me
pergunto como ele consegue ficar excitado numa situação como essa. — Eu
sei que sua esposa fugiu, junto com a esposa do mafioso e do desgraçado do
Nicholas Shane. Ele é outro que se nega a fazer parte da organização.

Não sei se fico aliviada por saber que minha filha não está mais nas mãos
do marido ou com medo por ela, uma vez que está exposta demais por aí.
Quando ao massacre feito aos seus homens, Antonín se refere a matança
que Dominic fez quando descobriu quem eram os responsáveis pela morte
da sua família. E foi assim que nos conhecemos, éramos dois homens
impulsivos que acabavam de perder suas famílias, nós só queríamos sangue,
e foi isso que conseguimos

Merda

Pelos vistos essa negociação será mais complexa do que eu pensava. De


jeito nenhum eu vou me aliar a esse desgraçado. Uma parte de mim pouco se
importa com o que ele faz ou deixa de fazer com a mãe da minha esposa,
mas o outro lado, aquele lado que irá foder com a minha vida, me diz que se
eu deixar alguma coisa acontecer com essa mulher, minha esposa nunca irá
me perdoar.

— Porquê não fazemos assim senhor Parker — pouco se importando com


as lágrimas da mulher que está sobre seu colo, ele procede — você apenas
deixa seu banco a disposição da organização, e não precisa se aliar a nós.
Dessa forma todos saímos ganhando, sua esposa feliz ao seu lado e está linda
arte ao meu lado. E se ela se comportar direito e você me disponibilizar seu
banco talvez eu possa deixá-la ver a filha.

Filho da puta

A mulher está com os olhos arregalados, e deles brotam lágrimas de


esperança. Esse desgraçado sabe como brincar com a cabeça dela.

— Mas se e somente se o seu genro me disponibilizar o banco é que você


verá sua filha, benzinho — uma gargalhada estridente domina o ambiente
— vamos, implore para ele, só assim verá sua filha. Peça para ele que lhe dê
esse prazer de comtemplar o rosto dos seus filhos. Tudo depende dele,
vamos bichinho.

Mesmo sem poder pronunciar uma palavra eu consigo ver os olhos dela
implorando, lágrimas agressivas não param de transbordar por seus olhos, é
como se ela não soubesse como falar. Os lábios trémulos denunciam o
quanto ela está desesperada para tentar falar alguma coisa.

Sem falar mais nada ele se levanta ao mesmo tempo que pega o corpo da
mulher em seus braços: — tic toc Senhor Parker. Lhe darei um tempo para
que pense melhor, enquanto isso vou desfrutar dessa linda mulher.

Ele se vira caminhando em direção a um corredor, e ainda parado chega


um momento que a mulher vira a cabeça mesmo sendo carregada por ele, e
de seus lábios eu leio a frase

"Por favor, me deixe ver meus filhos"

E então eles desaparecem pelos corredores da casa, e já imagino muito


bem o que o desgraçado fará a seguir.

O mesmo caminho que segui para chegar ao interior da casa, é o mesmo


que percorro na hora da saída. Olho mais uma vez para a enorme mansão e
assim entro no carro. O motorista segue até uma propriedade familiar que
tenho aqui em Munique.
É lá que me encontrarei com o Domínic.
— Retiro o que disse mais cedo sobre acertar um tiro bem no meio da
testa daquele narcisista filho da puta, eu vou tirar o couro daquele
desgraçado ainda em vida e dar para os crocodilos — Dominic esbravejo
depois da minha chegada na propriedade.

Assim como eu, ele ouviu com precisão o desenvolvimento da conversa


através da câmara que eu levava.

— Preciso trazer minha esposa de volta. — Pontuo enquanto tiro o


sobretudo.

— Não meu caro. Nós precisamos acabar com eles primeiro. Caso
contrário ela não terá mais um marido daqui a algum tempo.
Meus pensamentos nos últimos dias tem me levado a pensar que preciso
fazer de tudo para que a história não se repita, desta vez eu não vou deixar,
não depois de tudo o que perdi. Me ajeito no banco traseiro do carro
enquanto o mesmo percorre o caminho de volta a minha mansão. Enquanto
isso os acontecimentos dos últimos dias não param de assombrar minha
cabeça, e pela primeira vez na vida eu preciso assumir que o Dominic está
certo.

Enquanto Antonín Zimmerman respirar eu não seguirei com minha vida,


se, se tratasse apenas de mim, eu não me importaria de dividir o mundo com
ele, mas agora que tenho alguém que depende mim, esse mundo ficou
pequeno para nós dois, e espero que encontremos logo essa merda de
pendrive, ou então teremos que agir de acordo com os métodos do Domínic,
ou seja, armas, violência e sangue por toda parte. Assim como fizemos a seis
anos atrás, e sei que talvez esse lado sanguinário do Domínic é o único jeito
que temos para acabar com essa maldita organização. E combinamos que a
em dois meses não acharmos o tal do pendrive com as informações, teremos
que fazer um plano de ação com o intuito de invadir a fortaleza do alemão, e
para isso iremos precisar de ajuda, muita ajuda na verdade. Porque mesmo
sentindo meu corpo vibrar só de imagina-lo coberto de sangue até o cérebro,
eu sei que mata-lo não será tão fácil.

Sangue

Essa palavra não me causa tantos surtos psicóticos quanto antes. E não sei
se é porque já tenho plena certeza do que houve naquele dia na estrada
enquanto eu tentava salvar a vida da minha esposa e a do meu filho levando-
a para o hospital, ou porque uma parte minha já se conformou de que é
necessário seguir em frente. E ultimamente perder o controle é algo não
tenho experimentando em demasia, não sei explicar se é porque assim como
eu a ferra sente falta de um corpo específico ou porque está esperando o
momento certo para me deixar fora de controle.

Assim que o motorista estaciona o carro em frente a porta principal da


casa, meu segurança abre a porta, e assim que saio do veículo sou recebido
pela luz solar forte do meio dia. Um verdadeiro privilégio nesses lados da
cidade.

Antes que eu pudesse me dirigir ao interior da casa a governanta vem ter


comigo, e pela cara dela sei que é algum problema. Era o que me faltava.

— Senhor Parker, um homem que se diz irmão da senhora Parker se


encontra no interior da casa. Tentei impedi-lo de entrar, mas ele estava
disposto a armar um escândalo — realmente, Dimitri veio me incomodar
num mau dia.

— Eu vou recebê-lo, mas o estado em que sairei da presença dele irá ditar
sobre sua futura demissão ou não — o espanto em seu rosto não me
incomoda em nada, não dei a chance dela falar alguma coisa. Saí indo em
direção a casa, e como esperado encontro Dimitri sentado em uma das salas.
Seu rosto cansado, denuncia o quanto as drogas o tem desgastado, ele está
mais magro e seus olhos fundos e com as extremidades avermelhadas,
fariam qualquer um o confundir com a morte ambulante.

Assim que ele se apercebe que está sendo observado ele levanta para me
encarar. E prestando mais atenção nele agora consigo ver alguns traços da
mãe nele. Desde o nariz ligeiramente fino até a boca.
— Onde está a minha irmã? — Se não o conhecesse diria que ele está
preocupado demais para alguém sem escrúpulos.

— E porquê deseja saber? Ela é minha e não devo satisfação do que faço
ou deixo de fazer com ela. A partir do momento que você aceitou meu
acordo, estava abrindo mão dela. — Ele me olha incrédulo e se senta
sacudindo o cabelo curto demais com as mãos.

— Cara eu sei que sou um drogado filho da puta, mas minha irmã é
importante para mim. Eu não estaria aqui agora se ela não fosse. Todo os
dias eu morro de remorso toda vez que lembro que a vendi a um doente feito
você. Não vim aqui levá-la, só quero saber como ela está. Fazem meses que
não sei nada sobre ela Christopher — sim, ele realmente parece preocupado
com a irmã. E nesse momento ele não é o único. Apesar de nossos motivos
serem diferentes.

— Se isso te deixa tranquilo, sua irmã está ótima, ela apenas fez uma
pequena viagem, mas em breve estará de volta. — Ele me analisa de forma
desconfiada, mas não ligo para o que ele pensa de mim, suas opiniões no
momento não interessam em nada e não me ajudam a resolver meus
problemas. Na verdade os problemas os quais meu pai me meteu quando
resolveu se achar um deus e entrar naquela organização.

— Quando vou poder vê-la?

— Depois da cirurgia você pode vir visitá-la. Sem dúvidas ela irá ficar
contente em voltar a ver seu rosto. Apesar do lixo humano que você é.

— O quê? Que cirurgia minha irmã irá fazer? E para de me chamar de


lixo, porque se for assim, eu não sou o único. Não se esqueça que foi você
quem me impôs a ideia de te vender minha irmã — ele está tão viciado que
qualquer alteração de humor ele recorre aos cigarros. E é o que ela faz nesse
momento. Tira um cigarro e o traga depois de acende-lo com um isqueiro.

— Não falarei mais nada para você Dimitri, espere que eu entre em
contato com você quando eu achar necessário. Você conhece o caminho de
volta á saída — dou as costas para ele e caminho em direção às escadas,
fazendo o percurso até meu quarto. Só o que preciso nesse momento é uma
bebida e colocar meus pensamentos em dia.

E claro, me deliciar das lembranças do meu anjinho.


Dois meses depois
Mais uma vez aquele calafrio agonizante arrebata todo meu corpo de
forma brutal me tirando completamente o sono, a concentração e
principalmente a paz. Algo que ultimamente as desconfianças e o medo não
tem me deixado sentir. Eu não me sinto mais segura.

Toda vez que coloco os pés na rua, sinto que sou observada e seguida em
todos os lugares. E isso acaba comigo porque não quero preocupar as
meninas, por isso fico no silêncio. Eu quero acreditar que ainda não fomos
descobertas. Mas sei que seis meses é tempo demais para que três homens
como aqueles não saibam onde estamos. Principalmente se estivermos
falando do Christopher, Posso imaginar o seu estado alterado quando
descobriu que eu tinha fugido.

Com muito cuidado me levanto da cama colocando um robe por cima da


camisola, Emanuelle dorme num sono profundo, posso ouvir sua respiração
calma, e esta é uma das raras vezes em que ela dorme com calmaria. Agora
sou eu que não tenho paz, e nas últimas semanas tenho vivido com o coração
apertado, e sonhado demais com minha mãe.

E até hoje me pergunto como é possível sonhar com alguém, com quem
mal convive e muito menos conheci.
Bem diferente do Christopher, com esse homem eu sonho até acordada.
Toda vez que ele invade meus pensamentos, meus pelos eriçam, e meu poros
transbordam em infinitas gotículas de suor. Mesmo tão distante e mesmo
tendo passado tanto tempo ele ainda me domina, me sinto estragada por ter
permitido que as coisas chegassem a esse nível, mas também não é como se
ele tivesse me dado alguma escolha. Ele não conseguiu só dominar meu
corpo, mas minha mente também.

Depois de percorrer o pequeno corredor que leva até a cozinha. Abro a


geladeira, e me sirvo com um copo de leite. Isso me ajuda a me acalmar um
pouco quando não consigo dormir.

— Papai, eu sinto tanto sua falta. — Como todas as vezes aperto o colar
que se encontra no meu pescoço, foi presente dele no meu último aniversário
que passamos juntos. Toda vez que toco nele eu me sinto perto dele, essa é a
única coisa que pude levar comigo da Rússia que me fizesse lembrar dele,
além disso ele me fez prometer que nunca ia tirar ele, aconteça o que
acontecer.

E desde então eu cumpro essa promessa. Para além do meu casamento,


nada mais me atormenta tanto quanto o dia da morte do meu pai. Naquele
dia eu não prestei atenção, mas com passar dos anos revivendo aquele dia,
eu consegui notar que meu pai estava estranho naquele dia, como se de
alguma forma ele sentisse que aquele seria nosso último dia juntos.

Papai

Eu nunca vou me habituar com sua ausência, e o pior de tudo é não poder
compartilhar as minhas mágoas com meu irmão. Dimitri sabe se recuperar
rápido de cada baque da vida. Ele sabe controlar suas emoções, mas sei que
no fundo sofre tanto quanto eu.

Depois de devagar nos acontecimentos dos últimos anos e dos últimos


meses resolvo ir me deitar. Não vai adiantar nada eu ficar a madrugada
acordada, sendo que amanhã eu vou estar com as crianças da escola.

Volto para o quarto e quando me acomodo na cama, o meu movimento faz


com que Emanuelle desperte.
— Amiga, tudo bem?

— Sim eu estou bem. Volte a dormir. — Ela tenta se manter acordada para
me fazer companhia mas seu corpo e o bebê não deixam, e logo ela volta a
ressonar. A gravidez tem a deixado cansada, por ser um caso delicado, ela
não está mais trabalhando.

Quando minha mente cansa de me relembrar que tem sádico por aí


esperando por mim, eu mergulho num sono pesado.

No dia hoje estou mais distraída que nunca, qualquer voz desconhecida ou
barulho faz com que eu sinta todos os olhos em mim. E o mais frustrante de
tudo é não poder ver quem está me observando ou me seguindo, meu instinto
não falha, e sei que estão me seguindo.

Ele está prestes a me capturar.


Para não parecer paranoica eu sigo meu dia, dando aula de piano e
brincado com as crianças. Na hora de voltar para casa, sigo o caminho com o
coração na mão. Apesar de estar na companhia de um dos guardas da
instituição. A escola se ofereceu a responsabilizar alguém para me levar para
casa, uma vez que a Emanuelle está de licença.

Quando o guarda me deixa exatamente na porta do nosso apartamento, um


alívio enorme faz meu corpo relaxar, porque pelo menos cheguei segura.
Nunca comentei com as meninas, mas desde a nossa chegada aqui nós nunca
fomos investigadas. Foi muito tempo no meio da máfia para saber que isso é
algo estranho uma vez que estamos em dos países que mais trafica drogas, e
as vezes russos e americanos não são bem-vindos em alguns países da
América latina.

Quando entro em casa Emanuelle me informa que ia começar a preparar o


jantar. Me junto a ela, e juntas preparamos nossa refeição enquanto
conversamos sobre os bebés, até agora ela não conseguiu ver o sexo.
Diferente da Rosa Angélica que já sabe que dentro dela cresce um casal.

Quando eu ia começar a arrumar a mesa a porta é aberta num rompante e


Rosa Angélica entra toda desesperada chamando por nós.

— Meninas, eu não quero parecer paranoica. Mas acho que eles nos
acharam.

E todo resto que Rosa Angélica fala a seguir é impossível de captar,


porque meu subconsciente parece ter parado no tempo, exatamente no
momento que ela disse que provavelmente já fomos descobertas. As batidas
do meu coração aumentam numa velocidade incontrolável a medida que o
sinto ficar pequeno, tão pequeno, que puxar o ar se transforma em algo
doloroso.

E no final a única parte que meus ouvidos captam da conversa é que


devemos ir embora o quanto antes. Uma parte de mim quer avisar as
meninas de que não vai adiantar nada fugir agora, tal como eu pressentia,
nós fomos descobertas. E que Deus nos acuda quando cada uma estiver em
sua determinada prisão.
Eu vou voltar para meu comprador, para o meu senhor.
Saio da teleconferência depois de horas ouvindo o plano de ação que o
Dominic está desenhando para invadir a fortaleza do tal Antonín. Teremos
que ser muito cuidadosos, afinal de contas não queremos a máfia alemã nas
nossas costas e muito menos o governo.

Levanto da minha cadeira giratória e fico de frente às grandes janelas que


dão acesso a visão da cidade.

E me dou conta que já passam seis meses desde a última vez que meus
olhos comtemplaram aqueles olhos hipnotizantes revirarem enquanto o
corpo da dona se contorce em meus braços, gozando sob meus comandos.
Até hoje seu cheiro feminino perdura em minhas narinas como o mais doce
aroma, e meu pau ainda lembra com exatidão a maciez da buceta dela.

Porra

Ou eu estou ficando ainda mais fodido da cabeça ou realmente preciso


foder urgentemente, quando ela estiver de volta. Provavelmente me
afundarei nela por dias, e sem descanso nenhum. E claro a castigarei
primeiro.
Porque por mais que eu queira, não consigo separar esse meu lado
estragado, do marido que eu deveria ser. Isso seria impossível, afinal ambas
as partes fazem parte de mim.

A notificação da chegada de alguma mensagem de texto no meu celular


me desconcentra dos meus pensamentos. Seguro no aparelho que se encontra
em cima da minha mesa e o desbloqueio.

Me surpreendo quando vejo o nome do Nicholas na tela.

" Acharam elas. Estão em Cuba. "

Merda.

Isso não deveria ter acontecido agora, não agora que um inimigo maior
que qualquer coisa está a solta ameaçando a vida dela.

Mas uma parte, vibra como nunca por causa dessa notícia. Aquele lado
meu que provavelmente a tenha traumatizado ou estragado.

Nosso anjo está de volta.


— Amiga fica aqui sentada, eu vou procurar saber quanto tempo nosso
ônibus vai demorar para sair — assinto às palavras de Emanuelle. Porque
assim como eu ela está nervosa por causa da demora. O caminho de casa até
a rodoviária foi feito sem sobressaltos. Apesar de o tempo todo eu ter ficado
com o coração na mão.

Tamanha era nossa ansiedade e medo, que mal dormimos, receamos


dormir porque qualquer coisa nos deixava em alerta e consequentemente
perdíamos o sono, e também não queríamos perder a hora. Decidimos pegar
o primeiro ônibus do dia, e nem que seja para viver vagando pelo mundo,
nós faremos, desde que seja bem longe deles.

Como se o ato de apertar a mochila nos meus braços dependesse da minha


vida, eu me concentro em cada movimento e barulho a minha volta,
Emanuelle falou que voltaria logo. E de um momento para o outro meu
corpo fica completamente imóvel e trémulo ao mesmo tempo, meus dentes
batem e é como se a temperatura tivesse tido um queda de dez graus Celsius,
um frio aterrorizante percorre todos meu corpo de forma tão lenta que acho
que a qualquer momento irei perecer sentada no banco do espera.
Os barulhos a minha volta param e é como se todos tivessem parado para
ver algo, e no segundo seguinte alguns gritos misturados aos barulhos
estridentes de disparos, e ordens pronunciadas por algum homens.

Meu Deus, me ajuda.

— Sasha! — Posso ouvir minha amiga gritar meu nome, em meio a esse
tumulto todo. Mas fica impossível localiza-la, me sinto tão perdida e uma
inútil. Tão inútil que mal tenho força para me mover e a ajudar pois ela não
para de gritar para que seja quem for que a esteja segurando, a soltasse.

E antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, uma presença


conhecida invade meu espaço pessoal com sua altivez e presença sombrio. O
cheiro característico, a sensação aterrorizante que sempre sinto quando ele
está por perto me domina, meu lado submisso e obediente ressurge como
uma fénix renascida das cinzas do inferno.

Ele está aqui

Como já era de esperar todo meu corpo é dominado por eletricidade


intensa assim que o toque dos seus dedos entra em contato com minha
bochecha que nesse momento estão ardendo feito Brasa devido ao seu toque.
Ele se delicia do silêncio que grita o quanto estou dominada pelo terror. Não
sei como agir, não sei se grito, se peço clemência ou simplesmente o mando
me deixar viver minha vida em paz.

— Quanto tempo anjo — o sussurro sai como um rosnado em meu


ouvido, o estremecer do meu corpo me dá a certeza que ele não me pertence
mais — levanta, nós vamos para casa agora.

Ele não pede e nem pergunta, ele manda e decreta, se eu concordo ou não
é assunto meu. E não sei de onde mais lá fundo uma parte minha se indispõe
a obedece-lo de imediato, mas prefiro ser mais sensata comigo mesma, se eu
me negar ou aceitar não irá mudar nada, eu serei levada de volta a minha
prisão de qualquer jeito.

— Vamos anjo, me obedeça. Já aturei sua rebeldia por seis meses. Agora
está na hora de voltar ao que éramos antes. Eu mando e você como uma boa
menina obedece, eu como lobo mau e você a coelhinha assustada que é, eu
como seu marido e você minha esposa linda e obediente, eu como como seu
senhor e dom e você como a perfeita submissa que ensinei a ser.

Quando sinto suas mãos grandes em volta da minha cintura me obrigando


a levantar sem minha autorização eu ganho a certeza de que não já há mais
jeito. Eu posso ir embora, mas preciso saber das meninas antes.

— Christopher, as meninas. Preciso me despedir delas por favor. Me


castigue como quiser mas não me prive disso. — E antes que eu pudesse
pronunciar mais uma das minhas súplicas meu corpo é tirado do chão e
erguido por ele sob meus protestos. — Christopher por favor, tenha piedade,
me deixa dizer adeus a elas. Por favor.

E como sempre ele não me dá ouvidos e continua caminhando comigo em


seus braços enquanto eu numa tentativa falha esbofeteio até onde posso em
seu corpo grande e firme.

— Seu monstro. Eu te odeio — o mesmo peito onde eu gastava minhas


forças o esbofeteando é onde eu acabo descansando minha cabeça para
chorar e me lamentar.

O tempo seguinte para mim passou como seu estivesse em órbita,


flutuando sem controle. Só sei que estávamos em movimento, num
momento no carro e eu sentada no colo dele enquanto ele falava no celular, e
no outro momento eu o ouvia falar para alguém decolar o avião
imediatamente. Quando tentei me recobrar já estava sendo colocada no que
parecia ser uma cama, e por estar mentalmente cansada e ainda muito
abalada com o que houve eu imediatamente mergulhei no sono depois de
ouvir a voz dele mesmo que de longe me mandando dormir porque teríamos
uma longa viagem.

Desperto ao sentir a queimação na minha pele, e meu corpo se encontra


mais aceso que nunca, o que eu acho estranho porque esse tempo todos eu
estive dormindo. O vestido simples que eu estava usando aos poucos vai
sendo levantado até minha virilha.

— Senti tantas saudades anjo. Saudades desse corpo e ver minha marcas
nele. Esse seu cheiro que me descontrola mesmo eu sendo o homem mais
cauteloso — a voz rouca e a barba macia em minha pele e os toques infinitos
que não param de arrepiar todo o meu corpo fazem eu me lembrar que estou
de volta.

— Christopher, por favor me diz que minhas amigas estão bem, pelo amor
de Deus — imploro enquanto deixo ele fazer o que quiser com meu corpo,
pois nesse momento minha preocupação é outra. — Faz o que quiser
comigo, só me diz que elas estão bem e seguras. Elas estão grávidas, tenha
um pouco de piedade por favor.

Uma gargalhada contida vem dele, enquanto escuto o farfalhar de roupas.

— E você teve piedade de mim quando foi embora? Hum anjo — grito
assustada quando a parte superior do meu vestido é rasgada, agora meus
seios estão totalmente expostos para ele uma vez que não usei sutiã. — Você
não imagina as merdas que aconteceram na sua ausência, e agora que a tenho
de volta nunca a deixarei escapar de novo. Eu sei que sou um fodido egoísta,
e que talvez eu só pense em mim, mas você é minha. E só te direi o que
quiser saber sobre suas amigas depois de nossos corpo matarem as saudades
que um tem do outro.

Ele começa chupando com avidez os meus seios nus e indefesos enquanto
suas mãos prendem meus braços no topo da minha cabeça. E meu corpo
traiçoeiro começa a fazer o reconhecimento e o desejo latente começa a
crescer dentro de mim, sem meus comandos.

Os dedos ágeis massageiam meu clitóris por cima da calcinha molhada e


seus gemidos altos e desesperados são o único o som que domina o lugar.
Seu membro que meu corpo muito bem conhece esta quase pulando para
fora da calça de tão duro de excitação.

Quando seus lábios tocam os meus, é como se eu voltasse a reviver as


inúmeras vezes que me entreguei a ele, o beijo é tão avassalador que meus
gemidos acompanham os seus. Seus lábios sugam minha língua, e sei que ele
sentiu tanta saudades dos meus seios pois nesse momento toda atenção de
suas mãos está neles.
— Está na hora de sentir esse seu sabor inesquecível — depois de
entender o que ele quis dizer, minha calcinha é rasgada com brusquidão, e
me pergunto se até o final dessa viagem meu corpo sobrará com alguma
peça de roupa. Ele afasta minhas pernas, e passa os dedos no meio da minha
fenda exposta e molhada me fazendo soltar suspiros baixos. — Tão lisa,
brilhante e implorando por uma língua sedenta.

— Christopher! — chamo seu nome enquanto meu corpo se desprende


numa batalha impossível de saber quem irá vencer, a razão ou as vontades da
carne.

Quando sinto a primeira lambida na minha glande inchada eu tenho a


certeza que não resistirei aos desejos obscenos. Ele beija e chupa minha
vagina com maestria e com todo cuidado para não me deixar gozar.

Meu corpo começa a se preparar para explodir no mais intenso prazer, eu


estou pronta para isso. Já Posso sentir a antecipação do meu corpo, ele vibra
e meus músculos se contraem quando minha mente relembra o quanto é bom
sentir um orgasmo.

O barulho de sua língua passando por minha intimidade e meus gemidos


nada comportados são como duas melodias combinadas. E até mesmo esse
som faz com que meu corpo fique inebriado na névoa do prazer que está
prestes a chegar.

A libertação está próxima e com minhas próprias mãos eu prendo a cabeça


dele entre minhas pernas através do cabelo.

— Oh sim Christopher — quando achei que eu finalmente teria o


relaxamento após minutos sendo torturada. A boca dele me abandona. E ao
invés do meu corpo se dividir em milhares de partículas de prazer, ele
simplesmente transmite a vibração de abandono e o choque é tanto que não
sei como reagir.

É claro que ele não me daria prazer depois da afronta que foi a minha
fuga. Imediatamente fecho minhas pernas e me encolho na cama cobrindo o
que posso do meu corpo encoberto por trapos que a pouco podiam se
considerar roupas decentes.
— Você é muito inteligente anjo. E sabe que eu não a deixaria gozar assim
sem pagar nenhum preço. Eu queria que você sentisse como é achar que vi
ter algo e de repente perder. Não nego que nesse momento o que mais quero
é me enterrar dentro de você — a vontade de chorar é tanta mas me seguro.
— lembra quando te falei que queria estar dentro de você enquanto seus
olhos me encaram?

Sei que ele está se aproximando pois um dos lados da cama afundo devido
ao seu peso.

— Você lembra?

Meu Deus, não.

— Por favor Christopher eu não quero. Eu estou bem assim, já me


conformei com a minha condição. Não precisa se incomodar com isso. —
me dá medo ouvi-lo sorrindo, porque raramente ele faz isso.

— Mas não é incomodo nenhum anjo, digamos que é um fetiche que fui
ganhando ao conviver com você. Eu quero saber como é sentir seus olhos
nos meus, te tocar enquanto seus olhos me encaram. — Ele suspira passando
a mão na minha cintura. — E tem outros assuntos que você irá precisar de
ter todos os seus sentidos funcionando para enfrenta-los. Algo muito maior
está por vir, e preciso que você esteja preparada.

Não entendo nada do que ele diz, e por isso paro de implorar porque sei
que não irá adiantar nada, e por isso me isolo no meu próprio mundo, depois
da humilhação de a pouco não sei se vou conseguir me recuperar, ainda é
possível sentir meus fluídos escorrendo pelas coxas e meu coração bater
descompassado.

— Eu te odeio tanto — falo já enfraquecida de tanto chorar.

— E eu prefiro seu ódio a imaginar que alguma vez poderá sentir algo
parecido com o que vocês chamam de amor. — Continuo quieta e ele me
cobre com um lençol e fica quieto ao meu lado.

E então minha vida passa como um filme na minha cabeça, até esse
momento a ficha ainda não caiu. Num momento eu estava rindo e
conversando com minhas amigas e noutro fui capturada e levada de volta a
minha prisão pelo meu raptor. É tão difícil me acostumar que sou uma
mulher casada.

Me encolho ainda mais quando as turbulências levianas e sucessivas


agitam a aeronave. E agora sei que não tenho mais escapatória, depois de
tantos anos eu provavelmente voltarei a enxergar.

Depois de um par de horas, o piloto estava avisando que iríamos aterrissar.


Com a ajuda do próprio Christopher eu chego até a poltrona e sou prendida
no acento, antes disso ele me vestiu com outras roupas depois de se desfazer
dos trapos que eu estava vestindo. Eu pareço não ter mais vida própria, meu
esposo faz tudo por mim.

Até na saída do jato eu tive que ir em seus braços, de tão extrema que é a
minha fraqueza. Eu não sei se estamos em Seattle ou em qualquer outra
cidade do mundo, porque as coisas com o Christopher são assim, silenciosas
e incógnitas.

— Onde estamos? — Questiono após me sentir um pouco apta para voltar


o nosso diálogo.

— Estamos em Seattle, de volta a nossa casa. — Depois disso ele volta ao


silêncio, se ao menos ele tentasse ser um marido melhor, eu me sentiria mais
a vontade perto dele, porque o medo eu deixei de sentir a muito tempo.

— Você vai me deixar ver minhas amigas? — Pergunto enquanto um


pouco de esperança cresce dentro de mim. Eu só preciso me comportar e ele
não irá me privar de tantas coisas.

— Nós dois sabemos que isso tudo depende apenas de você. — Antes que
eu pudesse falar alguma coisa, o veículo para — vamos, já chegamos. Você
preciso fazer uns exames e provavelmente dentro de três semanas fará a
cirurgia.

Ele me segura pela mão me ajudando a sair do carro, e juntos caminhamos


ao meu novo destino incerto que foi importo sobre meus protestos.
A ansiedade me consome, os tremores transmitidos por minhas mãos não
me deixam sossegar. Pareço um bicho acuado.

Três semanas

Isso foi tempo demais para ter passado feito dois dias, parece que foi
ontem que meu marido foi me buscar, e desde então eu sou uma mistura de
preocupação e medo, preocupação pois até agora não tive notícias das
minhas amigas e medo porque não sei como serão as coisas depois da
cirurgia.

Desde a minha volta as únicas pessoas com quem tive contato são o
Christopher, que mal se desgruda de mim desde a minha volta, e também
tem a Morgan que costuma trazer minha roupas e alguns pertences pessoais
e objetos de higiene, que por acaso anda estranha, certo que ela nunca foi
receptiva às minhas conversas, mas agora ela mais distante que nunca e em
suas poucas palavras sinto o tom de sarcasmo.

E ainda não ganhei coragem para a questionar se fiz algo de errado.


Não sei quantos exames eu tive que fazer até chegar o dia de hoje, o
grande dia. Christopher demonstra de uma forma tão fria e distante que está
do meu lado nesse momento que mesmo assim me sinto sozinha, eu não sei
o que aconteceu com ele para que se tronasse num homem incapaz de
desmontar carinho e afeto. Ele pode cuidar da minha segurança e do meu
bem estar, mas não é isso o que eu preciso. E sempre que penso nisso, as
palavras que ele me disse á semanas revigoram na minha mente.

Ele não acredita no amor, e deixou muito claro que não quer que eu o
ame. Meus sentimentos por ele são muito confusos, só sei que é uma mistura
de medo e vício ou dependência.

Respiro fundo e dissipo esses pensamentos da minha mente, esse não é o


momento para travar uma batalha interna sobre meus sentimentos por ele.
Ainda tenho uma vida inteira para pensar nisso ao lado dele.

Ouço cada movimento seu, ele deve estar trabalhando pelo computador,
porque nunca o vi se distanciar de mim desde a minha internação. Trocamos
uma e outra palavra a cada uma hora as vezes entre um grande intervalo de
horas. Quando seus passos ecoam no ambiente indicando que vem na minha
direção eu me preparo para ouvir suas palavras.

— Alô Nicholas! — a um momento de silêncio — sua esposa está por


perto? — meu deus ele vai me deixar falar com a Rosa Angélica? — claro,
sim eu soube. — Após ele conversar alguns minutos com o marido da minha
amiga sobre negócios e sobre alguma coisa que houve no dia do nosso
resgate ele finalmente se aproxima se acomodando na borda da cama
hospitalar. — Tome! Você tem dois minutos para falar com a sua amiga.

— Rosa Angélica — mesmo na dúvida sobre quem está do outro lado da


linha eu falo seu nome.

— Sasha! Meu Deus do céu Sasha é você amiga?

— Sim sou eu — e nós duas somos tomadas pela emoção, alívio e


saudade são as únicas palavras que definem o que estamos sentindo. Rosa
Angélica me conta que está no sítio dos pais lá no Texas. E me conta que os
bebés estão bem, nós duas não falamos muito a vontade devido a presença
de nossos maridos que estão monitorando nossa conversa. Ela procura saber
sobre Emanuelle mas não sei o que responder porque ainda não tive a
oportunidade de falar com ela. Ela questiona como estou.

— Eu vou fazer uma cirurgia que provavelmente irá devolver minha visão
se tudo correr bem. Os médicos estão confiantes. — assim como eu ela
lamenta por não estar ao meu lado nesse momento.

— Está na hora de desligar — uma voz que suponho ser do marido dela
fala do outro lado.

— Nicholas por favor — mesmo com a voz abafada é possível ouvir Rosa
Angélica suplicar — tchau Sasha — mesmo com a voz embargada é possível
ouvir ela se despedindo de mim

— Tchau amiga. — E então o celular é retirado das minhas mãos. Eu


estou tão cansada de chorar que me seguro para não desabar, e o pior é que
sei que ainda não chorei e nem me lamentei o suficiente desde a minha volta.
O verdadeiro pesadelo me espera em casa.

Saio do meu devaneio quando ouço alguém bater a porta: — senhor e


senhora Parker, a sala de cirurgia e os médicos já estão prontos para começar
com a operação.

Engulo em seco após ouvir essas palavras. Está na hora. Sou colocada
numa maca que será usada para me transportar até a sala de cirurgia, estou
com tanto medo que minha única opção é chamar pelo meu marido.

— Christopher — sentir sua mão acariciando a minha de certa forma me


acalma e me traz um pouco de conforto.

— Eu estou aqui anjo, apenas relaxe — ele deixa um beijo na minha testa
sua mão abandona a minha e eu faço o que ele me disse, tento relaxa.

Quando uma das engenharias me informa que já estamos na sala de


cirurgia sinto o exato momento em que meu corpo é movido de um lugar
para o outro, e começo a ouvir máquinas funcionando e algumas coisas
sendo conectadas ao meu corpo.
De repente começo a sentir uma demência em todo meu corpo e um sono
pesado começa a se apoderar de mim.

— Sasha, preciso que conte até dez para mim em voz audível. — Tento
dizer que isso é impossível pois sinto que a qualquer momento eu irei
dormir.

— Um, dois — eu mal consigo abrir a boca. — três.

— Vamos começa ela já está dormindo.

É a última coisa que escuto antes de mergulhar definitivamente no sono


avassalador.
Já passam duas horas desde que minha esposa foi levada para sala de
cirurgia. Aproveito esse tempo para trabalhar o máximo que posso pelo
Notebook, Desde a sua volta eu não tive tempo para pisar na empresa,
principalmente agora que preciso estar mais que atento nela, a segurança já
foi reforçada, e apenas homens completamente confiáveis é que terão
contato direto com minha esposa. Estão todos avisados que qualquer vacilo e
cabeças vão rolar.

O prazo que aquele doente filho da puta nos deu está acabando e até agora
não tivemos êxito na busca pelo tal pendrive. E as provas que temos contra
eles não o atingiriam, elas apenas afetariam os membros do baixo escalão, e
todos eles seriam mortos antes de colocar os pés no tribunal, por isso a
necessidade de cortar a cabeça do líder. Porque os outros integrantes não
passam de meros peões que podem ser movidos do jeito que ele bem
entende. Não é atoa que o antigo capitão do Domínic sabotou uma de suas
missões.

Mesmo sob protestos Sasha finalmente aceitou fazer a cirurgia, ela acha
que faço isso simplesmente por causa dos meus desejos obscenos, mas
também estou fazendo isso porque vejo uma necessidade dela estar apta para
enfrentar o que está por vir, porque se ela não for forte, facilmente irá se
quebrar, e eu não quero isso. Eu preciso que ela esteja forte suficiente para
saber que em qualquer lugar onde estiver saberá se defender ou esperar ser
salva por mim.

Ainda não sei como ela reagirá quando souber sobre a mãe e tudo mais
que envolve a família dela e o alemão. O pior é saber se aquela mulher sairá
viva das garras daquele animal.

Descobri que Antonín é um homem muito convencido e muito


presunçoso, seu ego ainda irá o destruir, porque ele é demasiadamente
autoconfiante, e isso não e nada bom para um homem como ele que acha que
pode exercer poder sobre qualquer um que sentir vontade, o fato dele achar
que pode dominar a todos com suas ideias estapafúrdias irá fazer com que dê
o tiro no próprio pé, isso não irá demorar a acontecer.

Ou ele vai se autodestruir ou os seus associados irão o abandonar quando


se aperceberem que o barco está se afundando.

Após aguardar por mais alguns minutos me levanto e saio do quarto em


busca de notícias, hoje a minha paciência está na escala de zero a zero.
Quando ia cruzar o corredor vejo minha esposa sendo trazida por duas
enfermeiras através da maca. Ela ainda está no oxigénio e seus sinais vitais
ainda estão sendo monitorados.

Após ser colocada na cama posso analisá-la com mais vagar, seus olhos se
encontram vendados por dois curativos. E ela ainda dorme tranquilamente,
pelos vistos o efeito da anestesia ainda não acabou.

— Como foi a cirurgia? — Pergunto ao médio atrás de mim, porque não


consigo desgrudar os olhos dela. Da sua pele e da beleza que tanto encantou
a fera que me me habita.

Merda, como eu estou fodido.

— Foi um sucesso, assim como falei inicialmente. O caso da sua esposa


não era grave como eu disse. Agora só falta acordar para sabermos se tudo
correu cem por cento bem.
— Em quanto tempo veremos o resultado? — estou tão ansioso feito um
adolescente.

— No máximo uma semana podemos tirar os curativos e esperar para ver


se ela responderá bem a nova condição — assinto e logo dispenso o médico.

Me sento na borda da cama e fico apreciando ela como se da mais valiosa


obra de arte se tratasse. Mas na verdade é isso que ela é, uma arte, que
apenas eu posso tocar e sentir, só minha e sem margens para dividi-la com
ninguém.

Não vejo a hora de voltarmos para casa para podermos retomar aos nossos
jogos.

Preciso voltar a domina-la.


Os últimos dias tem sido muito agitados e tumultuosos aqui na fortaleza, o
tempo inteiro vejo homens de terno indo e vindo, e como sempre ninguém
me nota, pois sou só um mero objeto decorativo.

Alguma coisa me diz que algo está para acontecer, porque de uma hora
para outra a segurança que cuida de mim triplicou. E raramente ganho a
autorização de passear pelos jardins, passam dias que não sei o é sentir a
grama em meus pés, Antonín está mais obcecado que nunca. E nem a minha
forma de tentar burla-lo com meus falsos carinhos está funcionando mais.

Até hoje me surpreendo com seu nível de loucura. Mesmo convivendo


com ele a anos, a cada ação dele eu me surpreendo ainda mais.

Fico imaginando se o homem que me foi apresentado como meu genro já


contou para mim filha que eu existo e sou mantida presa aqui. Eu queria
tanto que uma esperança se acendesse, mas sei que não serei salva, aquele
homem tinha o olhar mais frio e vazio que alguma vez já desde que comecei
a conviver com o demónio e ele não tem cara de quem sente piedade vou
clemência pela mãe da esposa.
Mas a ameaça que o Antonín o fez provavelmente o fará repensar em me
deixar ver minha filha, por uma lado eu não quero que ele seda às ameaças
desse maníaco que trata a vida humana como nada, mas por outro lado eu
quero poder ver meus filhos nem que isso significa submeter o mundo á
tirania de um maldito nazista.

Me sinto agoniada e a ansiedade já tomou conta do meu ser, eu não sei se


Antonín irá cumprir com o acordo, ele é um homem tão instável, que nunca
se sabe como agir perto dele. Seu humor muda de zero a dez em menos de
trinta segundos, e azar o meu se isso acontecer enquanto eu estiver por perto.

Estou devidamente arrumada. Hoje nós iremos jantar juntos. Ele decretou
isso, e estou pronta para seguir suas ordens, sejam elas quais forem. Ir contra
suas vontades é a pior coisa que posso fazer, por isso eu nunca resisto,
resistir só irá aumentar a dor e irá querer fazê-lo me punir da pior forma
possível.

Nunca atendi o motivo dele querer compartilhar algumas refeições


comigo, eu não sei se é pelo fato da cabeça doente dele imaginar que somos
um casal normal, que segundo ele, fomos impedidos de ser quando jovens.

Mas eu nunca quis me envolver com ele. Eu não tenho culpa se meu pai
resolveu me entregar para o meu amado e não para ele. Quando ele me
contou que meu pai havia feito um trato com ele, no qual, ele pagaria as
dividas da minha família e dessa forma meu pai me daria para ele como
esposa eu não acreditei. Mas graças a Deus meu pai conseguiu arranjar o
dinheiro que precisava e dessa forma eu não precisaria me casar com
Antonín, que na época não ficou tão feliz. E por causa disso ele esperou o
momento certo para me raptar e matar toda a minha família.

Não faço ideia de quanto luto eu tive que aguentar sozinha presa aqui. A
cada vida que ele tirava sentia prazer de esfregar na minha cara, para me
atormentar e me mostrar no quanto sou insignificante nesse mundo.

A dor e o sofrimento são tantos, que por várias vezes, pensamentos


mórbidos e suicidas se apoderaram de mim. Por várias vezes pensei que
através da morte eu teria minha libertação. E num desses pensamentos eu
corri para prática, me jogando na piscina da casa, mas para o meu azar ele
me salvou, e jurou que nada me tiraria do lado dele, nem mesmo a morte.
Foi nesse dia que percebi o quanto minha situação era grave.

E desde então me conformei e parei de pensar em me matar.

Mas ultimamente tenho pensado no quão insano seria segurar numa faca e
cravá-la no meio do peito do meu algoz.

Mas eu nunca teria coragem de fazer algo o tipo.

Ou teria?
A ansiedade me consome.

Esfrego as mãos suadas no cobertor hospitalar. E nem entendo o motivo


de estar tão ansiosa para ver o resultado da cirurgia, porque não fui eu quem
solicitou por ela. Mas mesmo assim a ideia de poder finalmente ver o rosto
do meu marido me deixa com os nervos a flor da pele.

Sua presença não me atormenta nesse momento, o que está tirando minha
calmaria é saber se tal cirurgia deu certo ou não, e eu não devia me sentir
assim, afinal de contas esse não era um desejo meu.

Esse é um desejo do meu marido, e querendo eu como não tenho que


cumprir.

Seu silêncio me deixa ainda mais inquieta, desde a sua chegada ele mal
abriu a boca para falar alguma coisa, mas também o que ele diria? Nossa
taxa de diálogo é tão inexistente que não me admira que eu tenha ganhado o
hábito de apenas falar quando ele me dirigir a palavra.

Seus surtos de raiva através dos quais ele destrói tudo o que ele vê pela
frente estão raros hoje em dia. O pior dia de todos foi quando ele
praticamente destituiu o quarto de hotel em que estávamos hospedados em
Paris, aquele dia eu achei que também seria arremessada contra a parede.
Deste então eu soube que estava casada com um homem instável, mas de um
tempo para cá ele está mais contido e silencioso, tão silencioso que chega a
assustar.

E mesmo as vezes vendo o medo na minha cara eu sei que ele não me
deixará ir, ele já me afirmou que é egoísta demais para deixá-lo acontecer. E
por mais que ele me dê a liberdade, para onde eu iria? Rosa Angélica e
Emanuelle estão em suas casas com seus respectivos maridos, a casa que era
dos meus pais já foi monopolizada por Natasha e sua filha, Dimitri abomina
minha presença mais do qualquer outra coisa e tem a Yeva, ela está
estudando e tem planos para o futuro e não quero que ela pare sua vida para
atender uma inútil como eu. Já basta eu ser o estorvo que Christopher atura.

Uma agonia se apodera de mim ao constatar que estou começando com


meus complexos de inferioridade. E não entendo porquê isso tinha que
começar justo agora, logo hoje, provavelmente é um sinal de que mais uma
vez a vida não irá sorrir para mim, por mais que eu seja otimista.

Suspiro pesadamente ao lembrar que apenas dois curativos separam meus


olhos do efeito pós cirurgia.

A sua aproximação é denunciada pela presença do aroma do seu perfume


característico e forte. E ele está bem perto pois sinto sua vibração bem perto
de mim. Ele tinha saído mais cedo, e antes de ir embora ele disse que
voltaria e que ia resolver alguns assuntos, os quis não procurei saber e ele
não se sentiu incomodado em não me contar.

— Como se sente? — me espanto com seu interesse repentino em saber


como estou, para alguns pode parecer algo normal mas para mim é algo que
vejo como um grande acontecimento.

Mesmo espantada com sua pergunta eu acalmo minha respiração que está
começando a ficar abalada devido a sua aproximação.

— Bem — e resolvo ganhar coragem para manter um diálogo saudável


com meu esposo — conseguiu resolver suas pendências?
Um arrepio violento se apodera de mim e minha respiração se descontrola
quando sinto seu hálito quente ao pé do meu ouvido, seus dedos que
conhecem muito bem cada canto do meu corpo e o exploraram como um
livro aberto alisam minhas bochechas.

— Posso dizer que sim — ele fala com ironia, engulo em seco quando ele
se aproxima ainda mais de mim — mas o resto eu vou resolver em casa,
enquanto um certo corpo que eu me viciei está acorrentado e gritando por
mim implorando para gozar feito uma deusa do sexo.

Eu praticamente gemo quando ele pronúncia tais palavras enquanto ei me


arrepio até alma ao mesmo tempo que seus dedos alisam meu mamilo por
cima da roupa hospitalar que estou vestindo. Meu centro está começando a
formigar mas meu subconsciente grita na minha cabeça que estamos em um
hospital e que se eu me deixar levar, serei flagrada por algum médico ou
enfermeiro nua e de pernas abertas enquanto meu marido está no meio
delas.

E ele não vai te deixar ter um orgasmo, sem antes ser castigada.

E mais uma vez caio sobre minha atual realidade. Mas mesmo assim meu
corpo insiste em quer corresponder às sua torturas.

Quando ele ia meter sua mão no interior da minha roupa para poder
explorar a vontade o meu corpo uma batida na porta me trouxe de volta a
realidade me tirando da minha nuvem de excitação.

— Pelos vistos não é agora que irei te foder com minha língua enquanto
se contorce nessa cama toda molhada para mim — suas palavras me abalam
de tal forma que esfrego minhas pernas uma na outra. O tom de voz que ele
usou me dá a certeza do quanto ele está excitado como eu.

— Está pronta senhora Parker? — o médico questiona, e internamente eu


respondo que não, não estou pronta para receber mais um golpe da vida. E se
antes os toques de Christopher conseguiram me deixar desnorteada saber que
é agora que o médico verá o resultado da cirurgia meu coração voltou a se
situar.

Covarde.
— Sim — minto descaradamente, e em algum canto desse quarto
Christopher saber que não falo a verdade. Ouço o barulho de algum móvel
sendo arrastado e logo a seguir a presença do médico bem ao lado da cama
hospitalar denunciam que ele está sentado pronto para fazer o seu trabalho.

— Primeiro vou tirar os curativos, não tenha pressa em abrir os olhos. Me


diga, sente dor nos olhos ou em alguma parte específica da cabeça? —
apenas nego com a cabeça pois não estou pronta para falar no momento —
isso é ótimo.

Num momento sentia os dedos do médico ao redor dos meus olhos e


cabeça e no outro me sentia completamente livre dos curativos que
estampavam meus olhos. Um nó se forma na minha garganta, se ansiedade
matasse com certeza eu estaria agonizando agora com destino marcado para
morte.

— Por favor tente abrir os olhos aos poucos, não precisa ter pressa. —
concordo e apertando o tecido macio que está sobre meu corpo eu vou
abrindo meus olhos, e no mesmo momento uma emoção incalculável toma
conta de mim.

Será que realmente ainda existe esperança para mim?

Depois de tantos anos isolada de tudo no meu próprio mundo eu


finalmente posso ver alguns lampejos de iluminação. Está tudo embaçado
mas posso ver que o cómodo em que me encontro é bem iluminado, para
além disso posso também ver alguns vultos, parecem pessoas, ainda não
tenho a certeza. As lágrimas também não estão cooperando nesse processo.

Sim, eu estou enxergando

— Consegue ver alguma coisa? — ainda me sinto perdida, fiquei tanto


tempo apenas usando a minha audição aguçada que nesse momento é difícil
associar a imagem ao som.

— Sim eu consigo ver, mas está desfocado. Eu consigo ver a iluminação


do quarto, e posso arriscar em dizer que as paredes são da cor branca ou
creme, não sei definir.
— Muito bem, isso já é um grande progresso. Agora quero se concentre
em meu rosto — e assim o faço, e pela primeira vez depois de anos consigo
vislumbrar um sorriso de alguém, o médico coloca uma espécie de lanterna
em meus olhos e começa a me examinar — quero que se concentre na
minha mão e me diga quantos dedos você vê.

Olho para sua mão, mas continuo vendo as coisas sem muita nitidez, não
sei de onde mas arranjo forças suficiente para me manter concentrada
exatamente na mão do médico, e quando as coisas vão ficando cada vez mais
nítidas e sólidas me emociono porque finalmente saí do abismo para
vislumbrar tantas cores.

— Eu estou vendo três dedos — falo encarando o rosto do médico que


não deve ter mais do que cinquenta anos de idade, seus traços joviais e os
poucos cabelos alvos me dizem o quanto ostenta boa saúde.

Fiquei minutos mergulhada em admirar meu novo estado que só agora


reparei na terceira pessoa presente no quarto, no conjunto de músculos
ambulante parado a minha frente me olhando da forma mais predatória e
primitiva que existe, o olhar frio e distante ainda me fazem desacreditar que
ele é o homem com quem compartilharei o resto da minha vida.

Ele é um anjo negro, e irá me levar junto com ele até as profundezas do
inferno.

Meus olhos o observam desde os pés até a cabeça e ele não move um
único músculo. Sua altivez e os trajes pretos da cabeça aos pés acompanham
sua presença sombria e aterrorizante. Os músculos muito bem distribuídos,
ele é duas vezes maior que eu e agora entendo o motivo de conseguir me
dominar e carregar meu corpo como um saco de batata. Os olhos
extremamente castanhos que quase se confundem com o preto da escuridão
de uma noite tempestuosa. Fogo e abismo é tudo o que posso ver em seus
olhos.

Meu Deus, eu estou casada com um cão do inferno.


A intensidade com a qual me olha só me faz pensar no quanto estou
perdida quando ele finalmente decidir que irá reivindicar seus direitos de
marido. Engulo em seco sem conseguir desgrudar meus olhos dos músculos
que estão marcando no seu terno.

Como meu corpo suportou um homem desse tamanho ?

— Gosta do que vê? — minhas bochechas esquentam brutalmente com


suas palavras, e minha atenção agora está centrada em sue lábios carnudos e
na barba cheia e bem feita. E os inúmeros pecados cometidos por nós
passam pela minha cabeça como um filme — Mais tarde anjo, mais tarde
você vai ter o que quer.

Quero poder gritar que não quero nada, mas seria inútil, e eu estaria
mentindo se o dissesse por isso permaneço quieta tentando me recuperar da
visão a minha frente. Ele é tão lindo como um anjo das trevas, e me
pergunto o que tanto viu em mim. São tantas perguntas que tenho para ele,
mas sei que não adiantaria nada fazê-las agora.

— O médico disse que hoje mesmo você terá alta, tome um banho se
prepare. Iremos para casa em alguns minutos.

Insensível

Eu poderia inventar alguma desculpa para não receber alta tão já, mas
prefiro acabar logo com isso. Com ajuda da enfermeira tomo um banho e
desta vez eu morro de vergonha porque é constrangedor que alguém que não
seja meu marido me veja nua. Quando Finalmente eu estava vestida num
conjunto de moletom saímos eu e meu marido do quarto hospitalar, a mão
dele não desgruda da minha cintura nem por um segundo.

Ao seu lado eu sou tão minúscula, e tão insignificante. Agora eu sei o que
acontece a volta quando ele está passando, todas mulheres se viram para
observa-lo. E não tinha como ser diferente, ele chama muita atenção, agora
sim eu vejo isso.

E uma parte muito profundo de mim não gosta disso.

Será que ele se envolveu com alguém na minha ausência?


O caminho para casa está sendo feito em silêncio como sempre, mas agora
é diferente, agora eu posso apreciar tudo o que há na estrada. Fecho olhos ao
mesmo tempo que baixo o vidro do carro para sentir a brisa do fim de tarde
no meu rosto. Assim como eu ele não fala nada, talvez seja melhor assim.

Quando finalmente o motorista anuncia s nossa chegada à mansão Parker,


me admiro com a imponência do lugar. As paredes e a vegetação se
entrelaçam de tal forma que o lugar fica espantoso. Nada me preparou para
isso. Após sair do carro meus olhos reclamam pela claridade do dia, mas eu
faço como o médico recomendou, eu os faço acostumar a nova realidade.

A mão do meu marido segura na minha e juntos caminhamos até o interior


da mansão. E é como se eu estivesse aqui pela primeira vez, os móveis os
cómodos as pessoas, tudo parece novo para mim. Até meu próprio corpo.

Eu e Christopher nos separamos, ele foi até o escritório e disse que nos
veríamos na hora do jantar e eu fiquei vagando pela casa, tentando fazer o
reconhecimento, tatear sobre os objetos é muito diferente de poder enxergar.
E vou levar um tempo até voltar a decorrer aonde fica cada cómodo.
— Senhora Parker — me viro após reconhecer essa voz. Vejo uma mulher
mais ou menos dois anos mais velha, pela negra, e muito bonita e deu um
corpo espetacular. — Fico feliz que esteja de volta.

— Muito obrigada Morgan.

— Precisa de ajuda com alguma coisa? — nego com a cabeça e


definitivamente sua voz está mais hostil que nunca ultimamente.

— Eu vou me deitar um pouco até a hora do jantar — ela dá apenas um


aceno e logo se retira, e vejo o exato momento em que ela aperta os punhos.
Provavelmente o dia dela não esteja correndo bem, por isso não a chamo,
faço o caminho até meu quarto. E me surpreendo ao localizá-lo sem me
perder.

Quando abro a porta, sou recebida escuridão. Nem me incomodo em ligar


a luz, apenas me atiro na cama e me perco no meu sono pesado.

O farfalhar de roupas e a presença de alguém no quarto fazem com que eu


acorde. E assim que abro os olhos, dou de cara com um Christopher de
costas para mim vestindo apenas uma calça social. As costas largas estão
repletas de tatuagens, eu mal consigo tirar os olhos dele.

Mas o que realmente chama minha atenção, é peça que se encontra sobre a
cama. Um robe de tecido preto e transparente, suas alças são tão finas que
passam despercebidas, um vestido também da mesma cor repousa na cama.
E nesse momento me sinto um animal sendo levado para o abate.

Eu já sei o que tudo isso significa, ele não perde tempo.

Ele me quer no quarto de jogos.

— Se prepare anjo. Sabe que não gosto de atrasos.


Um sopro, consequência do vento fraco que sopra lá fora trás um frescor
diferente ao meu rosto e corpo. E não tinha como ser diferente tendo em
conta a peça que estou vestindo, isso não se defere de estar nua. Através da
iluminação transmitida pela lua posso ver meus mamilos debaixo da peça
íntima. Ele soube escolher muito bem a peça, sei que com apenas um
movimento das suas mãos brutas ele seria capaz de rasgar a peça, e também
sei que ele irá se deliciar demais com tal coisa, porque ele gosta de ser
selvagem e brutal no sexo.

Me viro em direção a porta do nosso quarto após ouvir a mesma sendo


aberta. Não admiro quando o vejo parado me encarando, agora que ele está
de frente sem camisa é possível ver com mais nitidez todas as suas
tatuagens, ele traja apenas uma calça jeans surrada nos joelhos.

Está na hora.

Não é o momento certo para sentir esse frio na barriga que estou
começando a sentir, mas não posso fazer nada. Nem sempre é possível
controlar as reações do corpo quando nos deparamos com determinadas
situações. E nem parece que foi a uma hora que me sentei na mesa com ele
para jantar. Ele estava mais elegante do que eu podia imaginar o ver, e eu
também estava, trajada dentro daquele vestido, ele não precisou falar nada e
eu sozinha deduzi que estávamos comemorando.

Só não sei se estávamos comemorando a minha volta, a minha


recuperação ou o fato de que finalmente depois de tanto tempo longe ele ia
me levar para o quarto de jogos.

Mas agora, agora não é meu marido que está parado a minha frente. Meu
dom é quem está me encarando nesse momento, e já posso ver a chamas
encriptando por seus olhos, seu caminhar predatório e fatal fazem com que
meu corpo fique imóvel no mesmo ponto, e mesmo sabendo o motivo dele
me olhar com tanta profundidade eu não desvio meu olhar do seu, ele me
devora da cabeça aos pés através do desejo latente que seus traços já não
podem esconder.

Estamos a uma distância considerável, e de repente ele estende a mão para


mim, e entendo que devo segurar nela. Por isso dou o primeiro passo, e
depois o segundo e no final minha mão já está repousada sobre a dele. Ele
está ardente, tão quente que me pergunto se ele ainda é humano.

— Está pronta? — faço que sim com a cabeça, ele solta um sorriso ladino
e me vira de costas para ele — ainda não, falta uma coisa.

Estremeço por causa do arrepio que senti quando ele sussurrou no meu
ouvido. E quando ele começa a fazer a movimentos precisos no meu cabelo
é que me dou conta de que sim, faltava uma coisa.

A trança

Mas um elemento que nunca deve fazer falta em nossas secções. É como
um ritual para ele. Depois de ter meu cabelo preso na trança ele volta a
segurar na minha mão e me encaminhar até porta.

A cada passo que damos no extenso corredor várias portas de cómodos


que ainda desconheço ficam para trás, ainda não tive tempo de explorar a
casa. Abandonamos a ala onde se localiza nosso quarto e caminhamos por
um outro corredor, muito escuro e silencioso demais, os móveis são tão
antigos mas muito bem conservados.
Saio de minhas imaginações quando me dou conta de que estamos em
frente a uma porta de madeira pesada. Ele tira a chave do bolso a coloca na
fechadura da porta, três giros e a porta se destranca. É impossível ver como é
por dentro pois o lugar ainda mergulha na escuridão da noite.

E de repente luzes iluminam o local ao sentir nosso presença, mas a


intensidade das luzes é baixa, tão baixa que parece que a lareira acesa é que
está produzindo a iluminação. Mesmo de costas para ele sei que me estuda
como se eu fosse de alguma espécime diferente.

Mas você é.

Meu subconsciente grita comigo. Mas mesmo assim não tiro a atenção de
cada canto do quarto. De um lado vejo uma interminável coleção de chicotes
e chibatas que pendem na parede, há variadas cores tamanhos e tipos de
couro, e no outro canto vejo uma espécie de armário de madeira preta com
incontáveis gavetas. No centro do quarto sobre a cama enorme se encontra
estendido um lençol de seda de cor vermelha, e por cima da cama se
encontra uma estrutura de metal em formato de uma cruz, acheo que serve
para...

Pendurar a pessoa

Engulo em seco ao mesmo tempo que o encaro informando de forma


silenciosa que de jeito nenhum quero estar pendurada naquela coisa. Volto a
minha atenção ao resto do cómodo, bem ao lado da cama existe uma espécie
de grelha, e é onde eu fui amarada e chicoteada por enumeras vezes até
explodir em orgasmos intensos. Para além da grelha no quarto de jogos
também se faz presente uma espécie de pilastra de madeira que parte do
chão até o teto.

O cheiro de bálsamo e madeira está para todo lado se misturando com o


aroma das chamas feitas pela lenha. E bem em frente a lareira se encontra
uma espécie de mini pódio de madeira, uma pequena estrutura com cerca de
um metro nos quatro lados. E se minha memória não me engana é onde eu
devo ficar para iniciar a noite.
Lanço um olhar a ele que com apenas um aceno confirma que é onde devo
ficar. Caminho até o local, subo na estrutura e me coloco de joelhos, a
cabeça baixa e as mãos sobre minhas coxas com as palmas pra cima.

— Estou pronta senhor.

Meus batimentos cardíacos acompanham cada passo que ele dá. Pelo
canto do olho o vejo caminhando em direção a secção de cordas e algemas.
O barulho tintilantee indica de que ele escolheu uma algema, são as favoritas
dele quando quer me castigar. As cordas ele usa quando quer me deixar
arreganhada e deitada.

Parado a minha frente ele me estende a mão e eu a seguro ainda de cabeça


baixa. Num segundo eu estou parada a sua frente e no outro meu corpo é
espremido contra a pilastra. Minhas mãos conduzidas até o topo da minha
cabeça enquanto beijos exigentes são implantados na curva do meus
pescoço. E o inesperado acontece, ele tapa meus olhos com uma venda de
seda.

Suas mãos grandes amassam meus seios e eu já consigo sentir o desejo


crescendo em mim, a ponta do dedo dele acaricia meus lábios vaginais por
cima do tecido leve do body. Fico quieta apreciando a cada sensação, porque
está bom demais.

A peça que estava vestindo é rasgada de uma única vez, tal como previa.
Sei que ele vai me torturar, e não sei se estou preparada para isso.

Mesmo sem poder enxergar nada é possível sentir a quantidade de emoção


e sentimentos que passam por ele nesse momento, meu corpo está suado e
minhas coxas friccionam uma na outra em busca de um alívio que não
chega. Desde que cometi aquela loucura eu sabia que ele me puniria, é
sempre assim quando faço algo errado, ele me mostra que é capaz de me
machucar sem nem sequer me tocar. Daqui é possível ouvir seus passos em
contato com o piso de madeira, entrar no quarto de jogos é quase que como
um ritual para ele, aqui ele é meu senhor.

Estou completamente nua, meus braços estão pendurados e algemas de


couro prendem meus pulsos deixando meu corpo suspenso, estou
completamente exposta para ele, exatamente do jeito que ele gosta, meu
corpo vibra ao ouvir o estalar do chicote no ar e a seguir na minha bunda, me
sinto uma vagabunda blasfema por ansiar tanto que esse chicote atinja de
forma erótica uma parte específica do meu corpo.

Sinto sua respiração bem atrás da minha orelha, enquanto seus dedos
passeiam pelas laterais do meu corpo e também nos meus seios que já se
encontram enrijecidos, a cada centímetro que seus dedos descem em direção
a minha virilha mais gemidos saem da minha boca, penso em implorar mas
ele odeia que eu o faça quando está me castigando aqui ele manda e só me
dará. Após tanta espectativa finalmente posso sentir seus dedos gelados na
minha intimidade, passeando por ela, gemo enlouquecidamente até que seus
dedos me abandonam e ele diz que estou fazendo muito barulho e por isso
vai me castigar. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa senti meu seio
esquerdo entrar em contato com o couro do chicote.

― Está pronta para mim anjo? ― sua voz rouca, sussurra no meu ouvido,
emitindo uma energia eletrizante que imediatamente arrepia todo meu corpo.

― Oh... Sim senhor.

― Qual a palavra de segurança?

― Vendida

E mais uma vez aquele silêncio angustiante, apenas o encriptar das


chamas é que acompanha a minha respiração acelerada. Estou tão
necessitada por ele que nesse momento não me importo de me rebaixar e ser
tudo o que ele quiser.

Ouço o exato momento em que ele si distancia e depois volta no maior


silêncio, afasta ligeiramente minhas pernas e introduz no meu canal alguma
coisa gelada.

— Fique de costas para mim — e assim o faço. Tento buscar apoio na


pilastra pois meus braços estão começando a doer por causa da posição em
que estou.
Nada me preparou para a vibração acelerada vinda do meu centro, alertar
minhas coxas para aplacar o efeito dessa coisa vibrante. — Não as feche.
— Por-por favor. Eu preciso ahhh — mordo meu braço para calar minha
boca que solta gemidos altos. Não sei mais o que fazer para implorar, me
contorço de dor quando um golpe forte e violente é desferido nas minhas
costas.

Não, ele não fez isso.

Bem antes de completar meu monólogo interno outro golpe acerta minha
pele tirando de mim o grito mais alto que alguma vez tirei na minha vida. A
intensidade da dor superou até a excitação avassaladora que estava sentindo,
e mais um golpe e praticamente pulo tentando fugir dele. Num ato de
desespero e medo eu recorro a única palavra capaz de me deixar segura.

— Vendida — mesmo entre lágrimas e estremecidas eu consigo


pronunciar a palavra. Mas ouvir essa palavra parece tê-lo deixado ainda mais
raivoso e por isso mais um golpe implacável é lançado sobre mim, —
vendida senhor.

Não sei o que está acontecendo, mas ele não me ouve. É como se ele não
pudesse mais controlar suas ações. E agora não sei se sairei desde quarto
viva. E mais golpes sucessivos são fazem minha pele arder e meu sangue
borbulhar por dentro.

— Chris-to-pher pelo amor de Deus você está me machucando. Por favor


para — me sinto enfraquecida mal me aguento em pé. Meu corpo treme de
forma involuntária e eu já não posso sentir mais a dor porque os golpes não
estão mais me machucando. Ele conseguiu o que queria, me deixar imune a
dor física, me deixar forte de tal forma que minha pele se blindasse de
adrenalina, ele está quase conseguindo o que tanto disse que evitaria.

Ele prometeu que não me quebraria.

E antes que eu pudesse me render sua voz em meu ouvido me acorda.

— Eu sinto muito — eu apenas choro, ele me vira de frente para ele e


quando minhas costas batem na pilastra eu gemo de dor — eu sinto muito.
Eu me descontrolei. Isso nunca mais vai acontecer eu prometo. — Existe
desespero em suas palavras.
E como se nada tivesse acontecido ele começa a me beijar, e o pior de
tudo é que eu o correspondo em meio às lágrimas. O beijo vai ficando
intenso, me surpreendo quando meu centro se lubrifica ansiando por ele. A
venda é retirada dos meus olhos sem se distanciar do seu objetivo de
explorar minha boca.

Ele me segura pela cintura e me faz enlaçar minhas pernas em torno do


seu quadril, na velocidade da luz ele desce o zíper da sua calça e retira seu
membro duro apontando para mim. Me esfrego como uma cadela no cio
sobre seu membro que liberta seu pré sémen se misturando com minha
excitação.

E quando mais uma vez ele me prensa contra a pilastra e dessa vez eu não
reclamo, me sinto uma doente por estar compactuando com tudo o que ele
faz comigo. Meus seios são esmagado por suas mãos ágeis, não paro de
mexer meu quadril friccionando minha buceta em seu membro que está
implorando para me penetrar.

Apesar do desejo que Christopher sente por mim agora, ele ainda está
receoso em me possuir depois do que aconteceu a pouco. E eu nesse
momento só quero gozar, depois pensarei no que aconteceu. Sei que ele está
esperando por uma confirmação minha para prosseguir.

Então digo o que ele quer ouvir.

— Por favor senhor. Me foda.

E assim ele o faz quando de maneira lenta me penetra olhando em meus


olhos, soltamos um gemido em uníssono quando ele entra completamente
em mim, e em nenhum segundo enquanto ele se mexe seus olhos abandonam
os meus.

— Oh sim. Mais forte por favor — sou fodida da forma mais selvagem e
forte possível — oh senhor, isso

— Minha. Oh baby que buceta deliciosa. Porra, só vou parar de meter em


você quando o sol estiver nascendo — e um tapa é desferido no meu
bumbum. — Você será minha perdição Sasha.
E pela primeira vez desde o meu casamento, eu sei como meu nome soa
em sua voz. Hoje não fui só eu quem quebrou as regras.

Ele acaba de me provar que não é impenetrável como me fez pensar.

Ele ainda tem um coração.

Não tenho noção nenhuma de tempo e espaço nesse momento, me sinto


entorpecida e sob efeito de alguma droga. Mas sei que meu corpo está sendo
carregado por ele para algum lugar da casa, o cansaço me domina
completamente e eu mal posso me mover. Não faço ideia de quanto tempo
ficamos no quarto de jogos só sei que devem ter se passado horas, foram
inúmeros orgasmos que no momento mal posso contar, ele me possuiu como
um desesperado, como se aquela fosse a nossa última vez.

Até agora sinto em cada canto do meu corpo o ardor das marcas de seus
beijos exigentes, ele me marcou de todas formas possíveis, e mesmo assim,
nada conseguiu fazer eu esquecer que antes de todo aquele prazer ele me fez
sentir a pior dor de todas quando de forma brutal desferiu golpes certeiros
nas minhas costas e em outras partes com o chicote. Ao lembrar disso
automaticamente meus olhos expelem lágrimas quentes mesmo eu estando
de olhos fechados, quando ele mergulha nossos corpos na água quente, uma
dor enorme se espalha por todo meu corpo e isso cria um estremecer
repentino em mim.

Como se soubesse que as consequências do seu descontrole ainda me


afetam ele me dá banho tomando todo cuidado para não me machucar ainda
mais, e eu não faço nada, apenas quero permanecer na minha bolha fechada,
estou cansada, meus sentimentos muito confusos, minha vida está uma
bagunça. O aroma dos sais misturados na água se espalham no ambiente e de
certa forma meu corpo começa a relaxar.

Mesmo o ambiente estando completamente silencioso minha mente


continua gritando comigo e me chamando de doente por ter conseguido me
entregar a ele por livre e espontânea vontade depois do que ele me fez
naquele quarto, eu não consigo entender o que houve comigo. Eu devia
sentir nojo, medo dele, devia repelir sua presença. Mas nesse momento
também preciso dele. Porquê me custa tanto odeia-lo por ter me comprado e
por me manter ao seu lado?

Deus estou tão confusa

Sei que provavelmente eu criei uma certa dependência por ele,


provavelmente alguma síndrome. Porque não é só dentro daquele quarto que
meu corpo queima por ele, é como se de certa forma eu já soubesse como lhe
dar com ele nos dois mundos. Me tornei na submissa que o dominador que
mora dentro dele precisa mas também sou a esposa que ele necessita.

Estou tão cansada de pensar, é nisso que dá tentar entender coisas que
provavelmente nunca terei resposta coerentes. Abro os olhos e o vejo
sentado a minha frente no interior da enorme banheira do nosso quarto, pelos
vistos hoje ele preferiu fazer o banho aqui e não no quarto de jogos.

Seu olhar está sobre as marcas que o chicote deixou, e sei o quanto elas
irão demorar desaparecer visto que minha pele é muito branca. E eu não paro
de observar suas tatuagens, e sei que elas têm algum significado. A
ansiedade de perguntar o porquê das tatuagens me corrói mas mesmo assim
me seguro, apenas quero aproveitar esse momento onde nós dois nos
deliciamos do silêncio.

Não paro de admirar nos traços de sua beleza, os olhos de olhar intenso, e
tal como ele sempre desejou passamos toda noite sucumbindo ao prazer
enquanto nossos olhos travavam uma guerra silenciosa, e foi algo tão surreal
que agora entendo suas razões para querer que eu voltasse a enxergar.

Suas mãos estão acariciando minhas coxas que se encontram uma


separada da outra devido ao seu corpo que se encontra entre elas. Quando
dou por mim minha mão direita está subindo em direção ao seu peito todo
tatuado, só quero sentir a textura, saber como é toca-lo aqui fora, no mundo
real. Assim que finalmente alcanço sua pele coberta pelas marcas de tinta,
por cima da camada posso sentir cada batida do seu coração, queria saber
como é penetrar em seu coração blindado de frieza e dores do passado.

Ele me deixaria entrar?

Meu olhar curioso o faz soltar um riso fraco, como se soubesse no que
estou pensando. E não me admira que ele saiba, pois ele sabe me ler como
ninguém mais consegue. Solto um pequeno gemido quando seu dedo polegar
massageia meu mamilo de forma tão lenta e torturante.

— Chris-to-pher — quero dizer para ele que estou cansada e que que a
resposta do meu corpo é involuntária.

— Fica tranquila, sei que precisa descansar. A noite foi longa e preciso
que recupere suas forças. Mas tenho todo direito de toca-la uma vez que
você também está me tocando anjo — como se acordasse de um choque
imediatamente tiro minha mão do seu peito. — Venha, vamos descansar.
Precisa passar alguma coisa nessas marcas.

Não precisei responder nada porque ele imediatamente me tirou da


banheira e saiu comigo do banheiro mesmo nós dois estarmos pelados. Ele
abre uma porta branca e constato que é o closet dele. Os tons escuros das
roupas dele estão por toda parte e não sei porquê não fico chocada com isso.
Ele me coloca sentada em uma poltrona que existe num dos cantos, veste
uma calça moletom de cor preta e então abre uma das gavetas retirando de lá
alguma coisa. Se aproxima de mim e vejo que está segurando uma espécie
de uma pomada, depois de abrir a embalagem ele despeja o conteúdo nas
próprias mãos e então começa a passar nas minhas costas e em algumas
outras partes do corpo onde o chicote me acertou. Meu rosto arde
violentamente quando ele me manda ficar de pernas abertas para então
passar uma outra pomada na minha região íntima, eu definitivamente nunca
vou me acostumar com essa intimidade que temos.

A ardência que estava sentindo por causa da água cessou, parece que a tal
pomada está começando a fazer o trabalho. Meu marido sai por um instante
e logo depois volta com um copo de água e um frasco, parecem
comprimidos.

— Tome isso, irá ajudá-la a dormir e também amenizar as dores — assim


como ele disse engulo o comprimido e bebo a água, mal passaram dois
minutos e eu estou sentindo o sono querendo me consumir. Ele me manda
levantar e assim o faço, coloca uma de suas camisetas em meu corpo e por
eu ser baixinha fica parecendo um vestido. — Vamos para cama.

É a primeira vez que o vejo tão atencioso comigo, certo que ele sempre
está de olho em mim, mas agora ele está tão... diferente eu diria.

Nos acomodamos na cama e quando olho o relógio digital que se encontra


sobre a mesinha de cabeceira fico espantada ao constatar que está quase
amanhecendo. Um edredom quente e confortável é colocado sobre meu
corpo e então eu fecho os olhos quando meu corpo não se aguentar mais de
sono.

Desperto sentido a mão pesada do Christopher sobre minha cintura e sua


respiração calma e silenciosa bem atrás da minha orelha. Sem fazer nenhum
movimento eu olho o relógio que no momento marca seis horas da manhã.
Dormi apenas por duas horas e agora não estou mais sentindo sono, o que
aconteceu ontem a noite me atormenta e o único jeito de eu me afastar um
pouco dessas lembranças é tocando.
Com muito esforço e cuidado eu consigo me desvencilhar da mão
possessiva do homem ao meu lado e finalmente saio da cama. Saio do quarto
e caminho pelos corredores que levam até a sala do piano, E no meio do
caminho me deparo com um espelho, e por curiosidade olho meu reflexo,
estou meio pálida, mais do que o normal. Baixo um pouco a camisa pelo
ombro e vejo as marcas de ontem ganhando uma outra tonalidade, e fica
impossível não derramar lágrimas com meu atual estado.

Volto a fazer meu caminho a sala do piano com um turbilhão de coisas


passando pela minha cabeça. E tenho a impressão de ter visto um vulto em
uma das portas, mas provavelmente sejam só meus olhos que ainda não se
acostumam por completo com a nova realidade.

Serei capaz de nutrir sentimentos por um homem assim, ou são coisas da


minha cabeça?
Desperto subitamente quando não sinto o corpo que estava sobre meus
braços desde o momento que adormeci. O quarto continua na penumbra uma
vez que as cortinas continuam fechadas e as luzes apagadas.

Me levanto da cama e o lado dela está vazio como era de se esperar, faz
muito tempo que não dormia tanto num sono pesado, me sinto até estranho
com isso. Abro a porta do banheiro e o mesmo se encontra vazio.

Onde ela se meteu?

— Anjo? — ela não me responde, e após abrir as portas dos dois closets
concluo que ela não está no quarto — Sasha!

Sei que nesse momento ela precisa de espaço depois do que aconteceu
ontem. Por algum motivo que desconheço eu me descontrolei, e deixei a
ferra tomar o controle, e naquele momento eu já não via o rosto de quem
estava chicoteando, apenas queria satisfazer meus instintos sem me importar
com a dor que infligia a ela. Faz muito tempo que não me arrependo por
muita coisa na minha vida, mas desta vez algo em mim despertou quando vi
as consequências do meu descontrole no corpo da minha esposa.
O choro dela a tremedeira e tudo isso fez eu me sentir um maldito filho da
puta. E mesmo assim o desejo que sente por mim não cessou mesmo ela
sabendo que estava cada vez se envolvendo no meu jogo sujo. Assim como
eu, ela também precisa de mim.

Merda

Pelo rumo que as coisas estão tomando serei eu o maior depende dela, e se
ela fosse uma mulher ardilosa com certeza aprenderia a usar isso pra
conseguir o que quiser de mim.

Quando saio do quarto a melodia calma e bem formada pelo piano


preenche toda a casa. E sei que não preciso me preocupar que ela esteja
fazendo alguma loucura pois já sei onde ela está. Já reparei que ela toca para
esquecer dos problemas ou simplesmente para se trancar no próprio mundo e
pensar. E espero que depois dessa terapia dela, ela não me afaste.

Chego a conclusão que estou completamente fodido quando uma parte


minha se corrói ao pensar nessa possibilidade dela me rejeitar. Não a culpo
se o fizer, eu a machuquei imensamente ontem, mas não permitirei que ela
coloque alguma barreira entre nós. Nem que seja necessário que eu a
conquiste como a porra de um marido dedicado.

Parado no batente da porta da sala de piano a vejo fazendo movimentos


com os braços, e os olhos dela estão fechados, e mesmo enxergando ela
prefere continuar tocando sem ver. É como se ela preferisse sentir os
teclados do que vê-los.

Pela janela que se encontra em frente ao piano posso ver que Seattle
acordou com o céu nublado hoje, a chuva cai sem pretensão de parar tão já.
E como sempre continuo a observando completamente hipnotizado pela
melodia e seu corpo dentro da minha camisa.

Quando a última nota do elegante piano soa ela finalmente abre os olhos e
se vira para me observar. E sei que ela já tomou uma decisão.

Me aproximo vagarosamente dela e repouso minhas mãos sobre os


ombros dela, e seu corpo vibra com meu toque. E quero tanto toca-la mais
além, a faço levantar e com a maior facilidade seguro ela nos meus braços.
Ela sabe que não precisa falar mais nada, eu já sei a resposta dela e agora eu
demonstrarei para ela que a decisão dela tem valor no nosso casamento.

Atravesso o batente da porta do nosso quarto e fecho a porta logo de


seguida. Repouso seu corpo no centro do quarto e nós dois estamos nos
encarando, sei que vai levar um tempo até ela se abrir e falar abertamente
comigo mas não me importo, quando ela se sentir pronta irá dizer para mim
o que precisa ser dito.

Mas agora, agora eu só quero senti-la de todas as formas possíveis.


Rodeio meu braço em sua cintura fina, e ela arfa com o meu movimento.
Grudo nossas testas enquanto mantemos uma guerra de suspiros e hálitos
quentes. Meu membro está duro e com uma ansiedade gigantesca de penetrar
a buceta excitada e gulosa dela.

Sugo o pescoço cheiroso ao mesmo tempo que meus dedos fazem um


caminho direto rumo a primeira refeição que terei hoje. Como era de se
esperar ela está tão molhada que posso sentir o líquido da sua excitação
começando a escorrer por suas coxas, aliso a pele macia por cima dos lábios
que já estão aberto implorando para serem esmagados por meu pau.

Os gemidos dela são a música que eu precisava ouvir nesse momento, ela
joga a cabeça para trás aproveitando o meu toque e não para de se mexer por
cima dos meu dedos. Sinto que a qualquer momento eu vou gozar aqui
parado nas calçadas de tão gostoso que é sentir seu clitóris inchado piscando,
retiro meus dedos sob seus protestos e os direciono até minha boca.

Seu doce sabor é o melhor que alguma vez tive o prazer de provar.

Volto a enrolar meu braço sobre a sua cintura e a carrego em direção a


nossa cama, deito ela e com apenas um movimento me desfaço da minha
camisete que ela estava vestindo.

Seguro no pé muito bem formado e de unhas pequenas e bem cuidadas e


começo por beijar ele, vou subindo até o joelho, e então alcanço as coxas
deliciosas. E finalmente a buceta escorregadia dela, e como um esfomeado
lambo ela de uma forma tão profunda e intensa que ela grita meu nome
puxando meus cabelos, e isso é como um incentivo para mim, porque não
paro. Sigo chupando ela sem intervalo e ela implora por mais.

— Só vai gozar comigo dentro de você — avanço para os seios que me


enlouquecem e os chupo avidamente.

Eu preciso dela.

Me levanto e tiro minha calça moletom a jogando para longe. Volto a me


aproximar da cama, e me surpreendo quando ela abre as pernas por conta
própria para me receber, e isso foi suficiente para me debruçar por cima dela
e imediatamente a penetrar. E como eu senti saudade da buceta dela me
apertando e me dando tanto prazer.

— Oh anjo, você ainda vai acabar comigo — após estar completamente


dentro dela, espero um pouco para me recuperar e me acalmar um pouco
porque sei que qualquer movimento é possível que eu exploda.

Começo com movimentos lentos e calculados, porque quero aproveitar


cada momento disso, cada milésimo de segundo cada poro do corpo dela. E
desta vez a nossa conexão na cama está tão forte que ela também participa
de tudo.

E imediatamente mudo de posição e a deixo ficar por cima. Quero sentir


como é ela cavalgando em cima de mim e falando obscenidades para mim.

— Me dê prazer anjo.
Desde a minha volta ao meu casamento as coisas tem se mostrado estar
levando um rumo diferente, não sei se é por causa da minha fuga ou por
alguma outra razão que eu desconheço, mas algo me diz que meu casamento
ainda irá me reservar inúmeras surpresas.

O silêncio reconfortante de sempre perdura no ambiente, mas também não


precisamos de palavras, nossos corpos disseram por conta própria tudo o que
precisava ser dito. Quando fui para sala de piano, eu ia pensar, analisar o
rumo das coisas e tomar uma decisão, eu precisava saber se me distanciava
dele ou aguentaria seu jeito até que a morte nos separe. Eu quase desisti
porque tenho medo de me machucar devido aos sentimentos que estou
nutrindo por ele mas repensei melhor e é mais viável aguentar tudo com ele,
do que viver infeliz para sempre ao lado dele, porque sei que nunca me
deixará ir embora.

Me remexo aconchegada em seus braços que estão envolvendo meu


corpo. Não restam dúvidas sobre o que acabou de acontecer.

Nós fizemos amor.


Foi tão devagar, cheio de carinhos, beijos castos, muita paixão e
mensagens corporais que ninguém mais entenderia, a não ser nós dois. Eu
apreciei cada momento entre nós, pela primeira vez desde o nosso casamento
tivemos um sexo tão especial. Desta vez eu não estava arreganhada
encostada numa parede, nem fui amarada, não estava com medo e meu corpo
não foi colocado sobre amaras e muito menos chicoteado ou usado pelos
inúmeros objetos de fins eróticos que existem.

Desta vez éramos apenas eu e ele, como marido e mulher.

Quando ele pediu que lhe desse prazer fiquei tão espantada. Com
paciência e carinho ele me mostrou como e o que devia ser feito, até que nós
dois chegássemos ao ápice do prazer com ele apertando minha cintura por
cima dele, foi tão intenso que até agora posso sentir os resquícios de
lágrimas nos meus cílios.

Deitada sobre seu peito ouvindo as batidas frenéticas do seu coração aliso
toda região contendo as tatuagens, e desta vez eu não consigo segurar a
curiosidade.

— Porquê tantas tatuagens? — Mesmo sabendo que provavelmente minha


pergunta não será respondida eu tento a sorte.

— Não são simples tatuagens, são marcas da vida. São o que eu sou hoje
em dia, elas me definem e carregam mensagens que só eu posso entender —
mas eu também quero entender, porque eu sei que alguma coisa aconteceu
que o deixou desse jeito, certo que sua essência é de um homem silencioso e
contido, mas sei que alguma coisa aconteceu com ele que fez com que ele
ficasse assim, mais implacável. Meus dedos passeiam por cada pequeno
detalhe das tatuagens e travo numa que chama minha atenção. Parece uma
sigla de três letras CES feitas em uma fonte muito linda e detalhista.

— O que isso significa? — Pergunto apontando para tatuagem em


destaque, ela é diferente de todas as outras, e está isolada, sem se misturar
com todas as outras.

E como se eu tivesse cutucado uma ferida dolorosa ele me afasta de seus


braços sem falar nada e veste o moletom de volta.
— Eu vou buscar o seu café da manhã — e ele saiu sem falar mais nada.
Chego a conclusão de que esse assunto é algo que ele não quer partilhar
comigo, e eu vou respeitar isso.

Mas porquê tenho a impressão de que aquilo está relacionado com outra
mulher?

Ele volta ao quarto empurrando um carinho recheado de alimentos, e


nunca me senti tão faminta quanto agora. E como se estivéssemos nos
entendo como um casal de verdade nós degustamos a nossa refeição em
silêncio.

Alguns dias depois

Após intermináveis minutos conversando com a Yeva eu finalmente


encerro a ligação. E desde a minha volta não é a primeira vez que nos
falamos pelo celular, e a pouco estávamos combinando de nos ver um dias
desses. Ela se disponibilizou de vir para Seattle, mas falou que morre de
medo do Christopher, dessa forma combinamos de nos ver no centro da
cidade, assim podíamos passear pela cidade uma vez que nunca tive a
oportunidade de sair.

O difícil vai ser conseguir a autorização do Christopher, ultimamente ele


age como se estivéssemos em perigo, sempre soube que a casa é vigiada por
muitos seguranças mas agora eles estão por toda parte.

Após caminhar um pouco pelo jardim decido me sentar num dos bancos
para apreciar a vista das montanhas, o sol está tão gostoso de sentir, nesse
momento é que sinto saudades de Cuba e das meninas, falando nisso Rosa
Angélica já teve os bebés e agora está internada no hospital junto com eles,
uma vez que nasceram com um mês de antecedência, assim que ela tiver alta
Christopher prometeu me levar para Chicago.

Me dou conta de que hoje estou por minha conta, Christopher voltou a
trabalhar e Morgan saiu disse que ia visitar alguém muito importante para
ela na cidade. De pensar que meu esposo quase a mandou embora porque
segundo ele, ela não tinha mais serventia uma vez que não estou mais cega,
mas eu implorei e pedi para que não fizesse isso, depois de tanta insistência
ele aceitou o meu pedido. Apesar de ultimamente ela não me fazer mais
companhia não quero que fique sem emprego.

Saio do meu devaneio quando alguém me cutuca pelas costas, me viro


para ver quem é, mas mal posso acreditar quando o rosto que vejo é o do
meu irmão olhando para mim apesar da sua cara abatida.

— Dimitri! — Salto em sua direção e ele me recebe em um abraço forte, e


assim como eu sei que ele morreu de saudade, choro por ter ficado tanto
tempo sem poder vê-lo ou conversar com ele, e por mais que ele tenha feito
o que fez comigo eu continuo o amando, ele é meu sangue minha única
família desde que nosso pai nos deixou — irmão eu senti tanto a sua falta.

Nos separamos e ao mesmo tempo um segura o rosto do outro como se


não acreditássemos que realmente estamos juntos agora.

— Não chora baixinha — e depois de muito tempo eu vejo algo em seus


olhos, lágrimas. Ele chora comigo ao se aperceber que não estou mais cega
— Você cresceu tanto. Eu vim aqui tantas vezes procurando por você mas
nunca me deixavam te ver. Seu marido me disse que você estava viajando.

— Sim eu estava — de mãos dadas caminhamos até o banco onde eu


estava sentada a pouco tempo e nos sentamos — na verdade eu tinha fugido
— falo escondendo o rosto nas mãos, pois Dimitri faz uma cara nada boa.

— O quê? Sasha você ficou louca? Seu marido em um dos homens mais
ricos do mundo o que você acha que teria acontecido se algum bandido ou
sequestrador tivesse descoberto que você estava por aí bancado a esposa
revoltada? — ele realmente está furioso comigo, baixo meu olhar e encaro
minhas mãos — baixinha, não fique assim, eu fiquei zangado porque você
foi imprudente nessa sua travessura e se colocou em perigo. Agora sei que
você está bem não te darei nenhuma bronca, esse direito não me pertence
mais, por favor não faça mais isso. Mas agora me conta aonde você estava?

— Numa pequena cidade portuária em Cuba. O lugar mais lindo e cheio


de agitação e de pessoas animadas e simpáticas, bem diferente de San
Petersburgo quando está coberta de neve. Vivi os momentos mais felizes da
minha vida lá com minhas amigas.

— Que amigas?

— A Rosa Angélica e a Emanuelle. — Expliquei para ele quem são elas e


seus maridos.

— Não acredito que a esposa do filho da p... — sei muito bem que ele ia
xingar o marido da Emanuelle — esquece. Continue me contando sobre essa
sua aventura pela América latina.

E assim passamos a tarde, almoçamos juntos, relembramos algumas


coisas do passado e evitei falar dos nossos pais porque sei que Dimitri não
gosta quando falamos sobre eles.

Quando ele foi embora o sol já estava se pondo dando espaço a noite, mas
a despedida dele não sai da minha cabeça, fiquei até muito agoniada, como
se algo de ruím fosse acontecer.

E como não tenho nada para fazer resolvo fazer um tour pela casa uma
vez nunca me dei tempo para tal. Exploro os lugares que nunca sequer
coloquei os pés, e sei que não conhecerei toda essa casa em apenas algumas
horas, por isso faço tudo rápido. Conheço a cozinha, a qual encontrei
funcionários tão silenciosos que apenas se dirigem a mim quando
necessário, exploro também alguns quartos.

Tento abrir a porta do escritório do Christopher mas me dou conta que


logo ao lado da mesma se encontra um painel onde provavelmente se coloca
a senha ou a digital. Desisto e busco outros lugares, como por exemplo a sala
de leitura, a biblioteca, que ainda irei explorar com mais atenção, mas agora
preciso de um banho.

Estou caminhando pelo corredor que leva ao meu quarto quando um outro
lance de escadas chama minha atenção, e sei muito bem para que parte da
casa ela vai. E mesmo meus instintos gritarem que devo dar meia volta e ir
para o quarto e permanece firme na missão de continuar bisbilhotando.
Deixo o último degrau da escada para trás e me deparo com um corredor
escuro e silencioso. No fundo é possível ver a porta do quarto de jogos, e sei
que ela está fechada e trancada, Christopher guarda por conta própria a
chave. E aquele lugar era o único lugar interessante que eu tinha para
explorar nesse andar, mas, mais no fundo do corredor uma outra porta chama
minha atenção, a madeira maciça e a maçaneta no estilo da idade média
atiçam ainda mais minha curiosidade, pelo caminho encontro um interruptor
por onde consigo trazer um pouco de luz ao lugar.

Olho para trás para ver se alguém me seguiu mas não vejo ninguém. Então
dou continuidade ao meu percurso, quando finalmente me deparo com a
porta na minha frente não penso duas vezes em segurar na maçaneta, meu
coração bate de forma descompassada e a adrenalina me deixa no pico da
ansiedade, testo a maçaneta para verificar se ela se encontra trancada ou não,
me surpreendo quando ela abre, engulo em seco e empurro a porta.

Sou recebida por um ambiente escuro e sem vida, a poeira e as teias de


aranha estão começando a tomar conta do lugar. Praticamente não existe
nenhum móvel, a não ser pela poltrona num dos cantos e uma escrivaninha
logo ao lado, e sobre ela se encontram alguns porta retratos pelo que posso
ver.

Me aproximo do móvel e seguro na primeira fotografia, por causa da


penumbra e poeira não consigo ver quem está na foto. Quando o vento sopra
e consigo move a cortina branca e de tecido leve e dessa forma trazendo para
o interior do cómodo a luz formada pela lua me admiro quando de repente
alguma coisa reluz num dos cantos. Caminho até lá e a cada passo é como
seu eu recebesse um facada ou golpes no coração.

Um berço!

— O que faz aqui? — o porta retratos que estava nas mãos cai e o vidro se
espatifa fazendo um barulho estridente.
Desde que acorrentei Sasha á minha vida, ir até ao escritório se tornou
algo que faço de vez em quando. E após muitos dias em casa averiguando de
perto a sua recuperação resolvi que estava na hora de voltar a trabalhar,
apesar dos últimos acontecimentos não posso me ausentar do banco, existem
coisas que exigem minha atenção.

Hoje minha esposa irá receber a visita do irmão. E espero que ele não
meta coisas na cabecinha dela, ou então nós iremos acertar nossas
pendências e não vou descansar até o achar no buraco onde ele se esconde.

Meu celular vibra no bolso interno do terno. Retiro o dispositivo e


estranho ao ver um número desconhecido brilhando na tela, disco em atender
e posiciono ele no ouvido.

— Sou eu Parker!

— Dominic! Já devia imaginar que era você.

— Só liguei para informar que está tudo pronto para nossa operação. Em
num máximo uma semana estaremos invadido a fortaleza Zimmerman. As
provas que eu estava esperando daquele meu contato dos serviços secretos
chegaram, e é suficiente para ferrar quem não irá morrer. — Morte e seus
derivados são palavras assíduas a cada cinco frases pronunciadas por
Domínic.

— Certo, espero que dê tudo certo. Preciso que faça algo por mim?

— Quem? — ele sabe que precisa que investigue alguém.

— O nome dela é Morgan Jackson, ela trabalha como companhia da


minha esposa. Mas já faz um tempo que desconfio dela, na verdade toda vez
que olho para ela tenho a leve impressão de a conhecer de algum lugar.

— Tudo bem. Me manda as informações que ela te apresentou na hora da


contratação.

— Certo. — Falamos um pouco sobre como iremos proceder no dia do


ataque e depois disso nos despedimos terminando a ligação.

O carro estaciona no subterrâneo do prédio, saio do veículo e me


encaminho até o elevador privativo.

E quando abro a porta da minha sala a primeira coisa com a qual me


deparo é uma mulher ajoelha no chão de cabeça baixa em posição de
submissão, os cabelos ruivos que chamariam a atenção de qualquer um, são
o que denuncia de quem se trata o corpo de curvas chamativas está
completamente nuo, sempre soube que ela me daria problemas.

Merda

— Estou pronta para servi-lo amo.


Quando comecei a fazer minhas sessões de psicoterapia com a Alisson
nunca imaginei que voltaria para aquele consultório outras vezes seguidas
em anos diferentes, mas eu voltei, porque a merda daquele dia do acidente
me atormentava de tal forma que falar parecia amenizar os pensamentos
fodido que não saíam da minha cabeça, a culpa, o remorso a saudade entre
outros sentimentos que podemos nutrir pelos que achamos ser nossa
salvação.

Quando nos cruzamos num dos clubes - eu e a doutora Alisson neste caso
- que eu mais frequentava sabia que haveria uma fase que ela me traria
problemas, sabia que devia ter saído daquele quarto quando percebi que
naquele dia ela seria minha submissa. Mas a perversão e o meu lado sádico
não resistiram quando a viram nua, amarada e respirando ofegante olhando
para o chicote em minhas mãos, assim como eu, ela se excita com a dor. Mas
em sentidos diferentes, porque ela gosta de sentir dor, é uma masoquista nata
e eu gosto de infligir ela.

Tranco a porta do meu escritório, e me aproxima dela, ela está viciada


nisso. Mas eu não posso mas dar a ela o alívio que ela precisa, não quando
tenho em casa tudo o que preciso. Saio da frente dela e vou em direção ao
sofá onde ela deixou o sobretudo. Seguro na peça e a coloco por cima de
seus ombros.
— Levanta Alisson! — e imediatamente ela assim o faz, de cabeça baixa.
Ela continua agindo como se estivéssemos tendo nosso momento, dom e
submissa — por favor vista-se e saia da minha sala.

O espanto é tanto em seu olhar que ela chega a ficar meio desnorteada.

— Senhor, por favor não me tire da sua vida. Você não foi mais no clube e
desde a última vez que estive no quarto de jogos na sua casa você me
descartou — com os dedos massageio minhas têmporas porque não quero
me irritar aqui no escritório, senão sou capaz de arremessar ela pela janela.

— Alisson para com essa merda. Eu sou um homem casado, e você já


sabe disso. Não haveria razão para continuar frequentando o clube e muito
menos me envolver com você. Nossos laços nesse mundo acabaram e já
agora não necessito mais dos seus serviços como psicóloga, porque você já
está confundido as coisas. — Vocifero sem conseguir segurar a raiva.

— Você precisa de mim. Porque você não vive sem ser um dom, isso faz
parte da sua essência. E eu sou a única capaz de aguentar toda sua potência
— me sento na minha cadeira para observar sua loucura melhor.

— Não se engane, eu nunca usei toda minha potência em você. Encontrei


alguém melhor e que é capaz de aguentar o pior de mim. Então não se iluda.
— Enquanto ela respira de forma alterada e ofegante feito um touro raivoso,
seguro no meu celular e mando uma mensagem de texto para meu chefe de
segurança mandar um equipe para retirá-la da minha sala. Esse show já
consumiu muito do meu tempo.

— Quem? A tonta da sua esposa cega? Faça me o favor Christopher —


num instante eu estava sentado e no outro estava com minha mão em volta
do pescoço dela, e uma ligeira vontade doente de quebrá-lo me surgiu. Mas
me segurei, porque esse não é momento para ser acusado de homicídio.

— Nunca mais se atreva a abrir essa sua boca suja para falar da minha
esposa sua puta — ela está começando a ficar vermelha e está cada vez mais
ficando sem fôlego só mais um pouco e ela morre — entendeu?

Ela assente toda desesperada tentando bater meus braços para a soltar,
sem delicadeza nenhuma solto o pescoço e ela cai no chão fazendo um
barulho estrondoso buscando por ar, as marcas dos meus dedos estão lá e
não me importo com isso. Ela me olha com medo e surpresa, pelos visto ela
notou que realmente sou capaz de a matar apenas com minas mãos.

— Eu te avisei que se me atormentasse eu ia ferrar com a sua vida. E eu


tenho um defeito, nunca esqueço o que prometo. — Destranco a porta do
escritório, e dois seguranças entram acompanhados por uma equipe de um
hospital psiquiátrico. — Senhores, aquela é a doente.

— O quê? — numa tentativa falha de fugir, os enfermeiros seguram nela


— Christopher, Seu maldito. Você vai se arrepender por isso. — Ela
esperneia e grita mas não é solta. Até que aplicam um calmante nela para ser
levada sem grandes transtornos.

Após toda confusão eu dou por iniciado o meu dia de trabalho. E a cada
uma hora eu assessava as câmaras de segurança da casa para observar todos
os movimentos da minha esposa.

Quando o relógio marcou seis da noite eu dei por terminado o meu dia no
trabalho, não estava mais conseguindo me concentrar em nada por causa do
dia da operação se aproximando, o prazo que Antonín me deu para ceder
acabou, e até agora ele não reagiu. Provavelmente está armando alguma
coisa.

Quando finalmente o carro estaciona em frente da minha casa, abro a


porta e saio do veículo, volto a colocar meu sobretudo e alguma coisa no
último andar da casa chama minha atenção. O cómodo que não visito a
muito tempo, desde que me casei para ser mais preciso, está iluminado, e sei
que é porque a luz do corredor está ligada.

Ninguém aqui me desafiaria e desacataria uma ordem minha invadindo


minha privacidade. Meus funcionários estão extremamente proibidos de ao
menos chegar no último andar.

A única capaz de fazer tal coisa, é uma baixinha de olhos azuis. E de uns
tempos para cá ela tem ficado curiosa demais, fazendo perguntas que ainda
não posso responder me dando olhares sugestivos quando fica com
curiosidade. O que eu menos preciso depois do dia estressante que tive é de
ouvi-la me perguntando sobre o quarto e os objetos que estão lá. E no
momento não quero pensar em quem foi capaz de abrir a porta para ela,
porque assim como o quarto de jogos aquele lugar deveria estar trancado.

Caminho até o interior da casa, ignoro a saudação da governanta que me


recebe na porta, a fuzilo com meus olhos, pois é função dela e da outra
empregada vigiar minha esposa no interior da casa. Assim que alcanço a
escada subo dois degraus de uma vez, e isso se estende até chegar ao
corredor do último andar, tal como desconfiei a bisbilhoteira ligou uma das
luzes do corredor.

Me encosto no batente da porta e observo cada movimento seu, ela não


me vê pois está de costas pra mim observando as fotos que estão por cima da
escrivaninha, até que ela percebe o berço no canto do comodo e decide
caminhar até lá. E é possível ver o quanto ela ficou impressionada.

— O que faz aqui? — minha voz a assustou tanto que ela deu um pulinho
depois de espatifar pelo que vejo um dos porta retratos — anda anjo, a caça
ao tesouro acabou por hoje. Vamos sair daqui, já chega de aventuras por
hoje.

Ela não pensa, apenas me obedece imediatamente caminhando em minha


direção, quando ela tenta passar pela porta eu bloqueio o caminho para que
não saia. Mesmo nessa escuridão moderada é possível ver seus olhos
brilhando.

— Quem foi que abriu a porta para você? — Seguro seu queixo para que
sustente o olhar no meu.

— Quando cheguei ela já estava destrancada. — Ela está tremendo.

— Ninguém é autorizado a entra aqui anjo — me posiciono mais perto


dela para dar leves beijos em seu pescoço apertando sua cintura coberta pelo
vestido leve.

— Desculpa eu não sabia.

— Certo! — saímos juntos do cómodo abandonado fechando a porta,


seguro na mão dela para juntos caminharmos — venha, eu quero comer
você antes do jantar.

Não preciso olhar para saber que as bochechas dela mudaram de tom
assim que ela ouviu minha frase de marido tarado.

E foi impossível não rir.

— Ah anjo!
Maldito

Praguejo internamente ao vê-los caminhando em direção às escadas,


espero mais alguns minutos até finalmente sair do meu esconderijo numa das
portas. E mais uma vez meu plano para que a esposa descubra que ele já foi
casado falha, ele não confessou nada para ela, mas sei que consegui pelo
menos plantar uma dúvida na cabeça dela.

Porque tal como a Stacy ela vai morrer se continuar com um homem
assim, e se ela não se afastar dele não vou me importar de matar os dois
quando a hora chegar.

Não vou descansar enquanto não vingar a morte da minha irmã. E não é
só, depois que tudo acabar sairei muito bem remunerada.

A mais ou menos seis anos quando eu estava presa na penitenciária


estadual do Texas recebi a notícia de que minha irmã estava morta,
assassinada pelo próprio marido a sangue frio, um anónimo me entregou
todas as provas.

Fotos da minha irmã toda coberta pelo próprio sangue, e não entendo
como ele não teve piedade sabendo que ela estava grávida do próprio filho.
Nem isso sensibilizou seu coração frio e cruel.

Eu e Stacy nunca fomos tão próximas apesar de irmãs gêmeas, ela era a
menina sensível simpática e bondosa que todo mundo queria como amiga,
já eu, era conhecida como a rebelde por todos, até por nossos pais, que a
vida inteira deram atenção a ela e se esqueceram que éramos duas.
Quando tínhamos dezassete anos nossos pais faleceram e dessa forma
éramos apenas nós duas e o mundo, como ela sempre foi dedicada aos
estudos conseguiu ganhar uma bolsa para uma das melhores universidades
do país e dessa forma se mudou até aqui no estado de Washington. Ela se
formou com honras em arquitetura, e segundo ela tinha encontrado o homem
da vida dela, nós apenas nos falávamos pelo celular, um par de anos depois
dela ter se formado eles casaram, não houve festa nem convidados, foi algo
só para os dois. Segundo a Stacy, o noivo dela era bastante conservador e
não gostava de chamar muita atenção.

Enquanto eu, levava a mesma vida medíocre no Texas ela estava casada
com um herdeiro milionário, foi então que meu namorado teve a mirabolante
ideia de assaltar um banco, tudo deu errado e então fomos presos por
tentativa de assalto. Cumpri cinco anos de prisão.

Quando saí da cadeia meu principal objetivo era arranjar um jeito de me


aproximar dele sem ele saber quem eu era. Quando achei que não daria mais
jeito alguém bateu a velha porta da casa dos meus pais dizendo ser meu
amigo e tal como eu também buscava por um mundo melhor, segundo ele,
pretendia mudar o acontecimento das coisas e que precisava de mim. Ele
disse que me ajudaria a me infiltrar na casa do Christopher , e tudo o que eu
precisava fazer era mandar relatórios sobre tudo o que acontece na casa.

O que eu não contava é que o desgraçado vivia numa mansão impregnada


por seguranças em toda parte, até o que é acessado pela internet pelos
funcionários eles podem averiguar. E por esse lugar estar distante da cidade
é praticamente impossível acessar internet pelos dados do celular, e dessa
forma sou obrigada a me deslocar ao centro da cidade para acessar alguma
rede de internet pública, uma chamada ou mensagem de texto para
Alemanha é praticamente impossível sem internet.

Antonín Zimmerman
Esse homem me ajudou e prometeu que acabaria com Christopher assim
que conseguisse o que precisa dele. E para que eu não fosse descoberta, tive
que passar por inúmeras sessões de cirurgia plástica em meu rosto, pois ele
me reconheceria em um segundo se não tomasse tais providências. Mudei
meu nome e tudo relacionado ao meu passado, esse alemão é tão poderoso
que conseguiu mudar toda minha identidade na base de dados estaduais.
Como se eu fosse outra pessoa. Stefany Moore morreu quando se deu lugar a
Morgan Jackson.

Uma mulher solitária, sem família. Sem vida amorosa mas com conquistas
académicas que nunca imaginei na minha vida existirem.

Quando recebi um e-mail do pessoal do Zimmerman dizendo que eu seria


contratada pelo pessoal do Christopher para trabalhar como uma espécie de
dama de companhia da sua atual esposa, eu já estava pronto para colocar em
prática o nosso plano. E que esposa chata ele arranjou, ela fica o tempo todo
querendo saber sobre mim ou perguntando sobre coisas que não lhe dizem
respeito e não vejo a hora de tudo isso acabar, porque já estou me sentindo
claustrofóbica nesse lugar.

Saio imediatamente do interior da mansão e vou direto para a área das


casas dos empregados, e pelo que vi o casal está jantando. Não entendo
como ela consegue suportar ficar ao lado de um homem como aquele. Será
que ela não consegue ver o olhar assassino que ele tem? Tudo bem que ele é
lindo e atraente, mas nem isso é suficiente para me desviar da minha missão.

Tomo um banho rápido e me arrumo para dormir, não tem muita coisa
para fazer aqui, Sasha já está enxergando, ela é tão tonta e bondosa igual a
Stacy que pediu ao marido para não me mandar embora uma vez que ela não
está mais cega. E como ainda não é o momento certo de ir embora eu
continuo aqui.

Provavelmente a Stacy esteja se contorcendo no túmulo por causa do que


estou fazendo, mas ela precisa entender. Isso não é só pelo dinheiro, mas sim
por justiça. Se fosse possível eu dava um tiro na cabeça daquele maldito
sádico sem pestanejar.
Mas quando o Antonín conseguir tudo que quer dele não vou hesitar em
atirar bem no meio da testa dele. Essa casa e todos outros imóveis dele irão
ficar para mim, assim como o Antonín me prometeu.

— Quem mandou você destrancar a porta daquele quarto? — pulo da


cama ao ouvir essa voz no meio da penumbra do meu quarto.

Merda.
Depois de tanto tempo eu estou sentindo a textura da página de um livro
normal, um livro que posso ler olhando para cada letra ao invés de senti-las,
como foi durante mais de cinco anos da minha vida.

A biblioteca da casa é tão recheada que peguei esse livro que estou lendo
aleatoriamente, porque fiquei tão fascinada que mal soube o que pegar. E
esse não é o único, são muitos outros depois da noite que Christopher me
flagrou saindo daquele cómodo, quando ouvi a voz dele me perguntando o
que eu estava fazendo lá juro que quase senti minha alma me deixar, e o
pior é que eu ainda não consegui descobrir algo que me dê a certeza do que
eu estou pensando.

Meu Deus, porquê ele tinha que dificultar as coisas?

Depois que saímos de lá eu não parei de pensar naquele lugar e muito


menos no berço nem por um segundo, ele esconde coisas de mim eu sei
disso, e eu devia respeitar que tenha seus próprios segredos mas eu não
quero, eu quero saber tudo sobre ele.

Porque eu estou apaixonada.


Ele acabou conseguindo sem esforço nenhum entrar no meu coração, e
agora não sei se vou conseguir lidar com tudo isso. Não sei como ele irá
reagir quando souber disso, nem se quer sei se tenho coragem para contar. E
nosso casamento está numa fase tão intensa que fica impossível não me
afundar ainda mais em sentimentos por ele. Ultimamente nosso sexo tem
sido tão diferente do que estou acostumada, desde aquele dia que ele me
machucou nunca mais voltamos para lá.

Não que eu não goste de estar lá, porque na verdade é bom, mas essa fase
está muito melhor.

Minhas bochechas chegam a esquentar só de lembrar tudo o que fazemos


juntos quando estamos juntos no quarto, ou no banheiro ou no escritório
dele, que é onde ele me possuiu ontem quando eu por acaso estava passando
pela porta e ele me flagrou o espreitando.

Fecho o livro com a intenção de sair da sala de leitura, coloco o livro em


cima de uma mesinha que se encontra ao lado da poltrona na qual estou
sentada. Que por sinal é bem confortável para quem passa muito tempo
lendo. Me levanto e quando ia dar o primeiro passo uma tontura forte toma
conta de mim me fazendo dar um passo atrás e voltar a me sentar.

Fecho os olhos e respiro fundo para que o mal estar passe, leva alguns
minutos até eu me sentir cem por cento recuperada. Permaneço mais um
tempo sentada com medo que as tonturas voltem. Não entendo o que está
acontecendo, ontem também senti a mesma coisa quando levantei da cama
de manhã, mas deve ser porque ontem eu dormi muito, só acordei ao meio
dia.

Hoje provavelmente porque me levantei depressa sendo que fiquei tanto


tempo sentada, já vi várias vezes explicarem que isso acontece muito, só
pode ser isso, porque fome não é, eu tenho comido como um esfomeada.

Com todo cuidado e da forma mais vagarosa possível eu volto a me


levantar e desta vez eu não sinto nada. Saio da sala de leitura indo em
direção a cozinha, ainda falta um tempo até servirem o almoço mas eu
preciso comer alguma coisa.
Tal como nos outros dois dias procuro pela Morgan primeiro para saber se
ela quer me acompanhar, mas não a encontro. Esse é o terceiro dia que não a
vejo em nenhum lugar da casa, não sei o que aconteceu e ela não me disse
nada. O jeito vai ser perguntar ao Christopher se sabe alguma coisa dela
porque os outros funcionários não sabem de nada.

Entro na majestosa cozinha, e para minha sorte nenhum dos funcionários


está nela. E de repente me dá vontade de comer pizza, eu não sei como pedir,
opto por procurar nas inúmeras portas algumas bolachas. Finalmente acho
uma porta onde seu conteúdo grita a comida gordurosa e doce, seleciono
tudo o que preciso e vou comer tudo assistindo a algum filme.

Quase grito de susto quando a governada entra na cozinha de repente.

— Senhora Parker, posso ajudá-la? — nego com a cabeça enquanto tento


terminar de mastigar a bolacha.

— Não obrigada. Já peguei o que eu precisava. Desculpa invadir a


cozinha.

— Por favor não se desculpe, a casa é sua senhora. — ah sim, claro. — Se


quiser posso preparar um lanche antes do almoço, vejo que está com fome.

— Não, obrigada. Isso é suficiente para aguentar até a hora do almoço —


me despeço dela enquanto ela me lança um olhar muito esquisito, como se
ela soubesse de algo que não sei. Antes de sair da cozinha me viro para olha-
la — a senhora por acaso sabe se a Morgan já voltou?

— Não senhora. — Assinto e volto a fazer meu caminho até a sala de


cinema. Me acomodo num dos confortáveis assentos. E depois de muito
tempo essa é a primeira vez que tenho um dia totalmente relaxante, apesar
dos pequenos problemas, como por exemplo meus sentimentos pelo
Christopher e o segredo que ele guarda naquele quarto.

Depois de mais de uma hora, ora comendo ora atenta na enorme tela,
alguém bate na porta e vejo que é a governanta.

— Senhora! Desculpa interromper, mas o senhor Parker deseja falar com


a senhora — ela me entrega o telefone e vai embora. Respiro fundo e coloco
o aparelho do ouvido.

— Porquê não atende minhas ligações? — arregalo os olhos espantada


porque mal sei aonde está meu celular, eu raramente uso aquele aparelho. —
Na verdade é que quero saber porque nunca está com ele em mãos?

— Ele deve estar no quarto e nesse momento eu estou na sala de cinema.

— Eu sei que está na sala de cinema — ele anda me vigiando? Ouço ele
suspirando ruidosamente até voltar a falar — quero que se arrume, em dez
minutos o motorista e alguns seguranças irão levá-la para encontrar sua
amiga.

Que amiga?

Me pergunto internamente.

— Mas Christopher de quem você está falando?

— Da sua amiga russa, aquela que vive te ligando. Eu ouvi quando ela te
vi convidou para se encontrarem no centro da cidade — não sei se pulo de
alegria ou simplesmente me belisco porque isso só pode ser um sonho —
então se prepare. Ela também já foi informada do vosso encontro. Nada de
ficar em lugares movimentados, não fale com pessoas estranhas e se sentir,
ver ou ouvir algo estranho fale com os seguranças que imediatamente me
ligarão.

— Tudo bem, vou seguir ao pé da letra todas as suas recomendações.


Obrigada — falo meio sem jeito porque é raro ele fazer uma gentileza assim.

— Certo. Até mais tarde! — Ele desliga e saio às pressas para me arrumar.
Quando entro no closet, escolho uma calça jeans preta, uma blusa manga
longa e com gola alta de cor marrom. E nos pés opto por um tênis branco,
olho para as inúmeras bolsas que estão sobre as prateleiras e acho um
exagero, uma vez que nunca usei nenhuma. Mas mesmo assim opto por levar
uma delas para colocar meu celular e outras pertences.

Assim que coloco os pés no lado de fora da casa o motorista já estava me


esperando com a porta traseira do carro aberta. Entro no veículo e me
acomodo, trinta segundos depois estávamos deixando para trás os portões da
mansão Parker.

Aprecio o dia lindo que está hoje, e me sinto tão feliz, nunca pensei que
viveria tantas coisas assim num dia. Sinto que aos poucos Christopher vai
me dando um pouco de liberdade, porque eu achava que ele nunca mais me
deixaria sair daquela casa.

Pela janela aprecio a linda cidade de Seattle, consigo até tirar algumas
fotos quando passamos por alguns pontos turísticos como por exemplo a
Space Needle.
O carro estaciona em frente a um lindo edifício, e assim que saio do
mesmo escuto um gritinho muito bem conhecido por meus ouvidos.

— Sasha — Yeva corre até mim, me abraçando e levantando meu corpo


do chão ao mesmo tempo. Também a aperto forte em um abraço, nós duas
começamos a chorar devido a tamanha felicidade que sentimos em nos ver
depois de tanto tempo. A saudade é tanta que chega a doer o coração — eu
senti tantas saudades de você, sua baixinha, nem acredito que aquele ogro do
seu marido te deixou vir me ver.

Rio pela sua frase, e limpo minhas lágrimas com o dorso da mão.

— Também senti muitas saudades. E ei, não chame meu marido de ogro.
Ele é só silencioso e não é de falar muito.

— Olha só para você, está tão apaixonada que mal enxerga isso nele. —
Viro meu rosto para que ela não veja minhas bochechas coradas. — Ele mal
teve a decência de me ligar, e delegou alguém para confirmar nosso
encontro.

— Quem disse que eu estou apaixonada?

— Essa sua cara lavada toda vez que você fala dele — ela gargalha tão
alto que algumas pessoas no shopping param para olha-la. Essa é a Yeva que
eu conheço, não consigo entender como apesar de ter esse espírito alegre ela
seja minha amiga, somos totalmente o oposto uma da outra — amiga essa
sua cara não esconde o brilho que surge quando você ao menos fala o nome
dele. E agora com você frente a frente posso afirmar que você está sim
apaixonada por ele.

— Para! Não estamos aqui para falar do meu casamento e sim para nos
divertir.

— Mas me esclarece uma última coisa. — Me viro para encara-la — o


pau dele é daqueles grande, médio ou nem por isso. Ele é tão grande que que
dá para deduzir que o pau também seja.

— Yeva! — não sei onde colocar a cara e essa comodidade que ela tem
para falar essas coisas não me admira, eu aposto que mesmo sendo da máfia
ela não seja mais virgem — não vou falar da minha vida sexual com você.

Se ela soubesse as coisas que Christopher praticamente me obrigou a


aprender ela acharia que sou outra. Deixamos a minha vida sexual de lado
mas sem antes ela querer confirmar esse boato de que meu marido é um
Dom.

No resto do passeio entramos em lojas aleatórias comprando besteiras que


provavelmente nunca vamos usar. Num dado momento a vontade de comer
pizza volta quando vejo uma pizzaria em um dos andares. Puxo ela até lá e
quando entramos somos direcionados a uma mesa, e tudo isso com os
seguranças nos observando a uma distância confortável.

— Desde mais cedo eu estou com uma vontade muito grande se comer
pizza, nunca senti tanta vontade assim — digo enquanto aprecio o cardápio,
que por acaso já está me deixando com água na boca, já posso sentir aquela
massa deliciosa nas mãos e os milhões de sabores do recheio. — Porquê está
me olhando assim Yeva?

Ela está me olhando de um jeito tão estranho.

— Para além desse desejo súbito por pizza tem sentido mais alguma
coisa?

— Agora que você está perguntando isso, sim, tenho sentindo um mal
estar esses dias. Umas tonturas na verdade, será que estou ficando doente?
— ela gargalha como se o que eu disse fosse alguma piada, o meu pedido
chega e imediatamente começo a devorar a pizza.

— Qual método contraceptivo você costuma usar? Tipo camisinha,


injeção você sabe...

— Na verdade não sei direito, na época eu estava tão abalada com o fato
de me casar com um desconhecido que não prestei muita atenção para os
detalhes quando a médica indicada por ele me explicou como funciona o
método. Mas eu uso um chipe anticoncepcional.

— E qual é o período de renovação dele?

No mesmo momento congelo com a pergunta, eu negligenciei tanto as


coisas naquela época, que mal me lembro de uma única palavra dita pela
médica hoje em dia. Eu dou de ombros e respondo: — eu não sei.

— Então acho que vou ser titia — me engasgo com meu suco olhando
para ela que bate palminhas — é isso que acontece quando duas pessoas
transam que nem dois coelhos e sem proteção. Presta atenção nos sintomas,
vontades súbitas por comida, tonturas, você me disse que andava muito
sensível na nossa última ligação, e isso tem nome. Se chama gra-vi-dez.

Não, não pode ser possível.

— Isso não significa nada, não acredito que esteja grávida, eu mesma
sentiria se estivesse — ela fala alguma coisa sobre comprar um teste e eu
continuo comendo mesmo esse assunto martelando na minha cabeça.

Depois de comermos voltamos a dar mais algumas voltas, até que Yeva
entrou sozinha numa farmácia para comprar o tal teste. E mal posso definir o
nível da minha ansiedade agora, neste momento com a realidade tão evidente
fico com medo que o teste dê positivo, Christopher não é o tipo de homem
que ficaria feliz com uma notícia assim.

— Aqui está! — Ela me entrega a caixinha e reparo nela bem


concentrada. — Vamos em um dos banheiros para você fazer, não vou me
aguentar de curiosidade se você for fazer em casa.
Quando íamos até uma das portas que levam aos banheiros um dos
seguranças avança na nossa direção.

— Senhora Parker, precisamos ir. Seu marido a espera no lado de fora do


estabelecimento — franzo o cenho olhando para Yeva que também faz o
mesmo. Sem discutir mais caminhos com o homem.

E assim que vejo Christopher parado ao lado do carro que me trouxe com
a porta aberta eu sinto meu peito apertar e um mal pressentimento tomar
conta de mim.

— Entre no carro! — Não o obedeço, continuo parada olhando o ele.

— O que aconteceu Christopher!? — De repente Dimitri me vem na


minha mente, e não entendo Porquê. — Christopher o que aconteceu? — Eu
praticamente grito segurando seu terno, chorando desesperada.

— É o Dimitri! Ele morreu.

Não consigo mais me situar, meus membros não me obedecem. E antes de


apagar lembro de ser segurada pelos braços fortes do meu marido.
Ajeito meu vestido no lugar depois de aquele maníaco sair do quarto e me
deixar em paz. E pelo visto a pessoa com quem ele está falando ao celular é
muito importante para aceitar ser interrompido de fazer suas perversidades
com meu corpo.

Levanto da cama e coro até a porta para tentar ouvir a conversa, não
escuto quase nada porque a porta está fechada. A agitação aqui na fortaleza é
tanta que não quero pensar no que está por vir, porque sei que tudo será
resumido em sangue e mortes. O prazo que ele deu ao marido da minha filha
já acabou, sei disso porque eu contei cada dia para saber quando eu veria
meus filhos.

Me afasto da porta assim que ouço os passos dele se aproximando. Fico


parada em frente a janela de costas para a porta. Ouço o exato momento que
ele entra no quarto e se aproxima de mim.

Me abraça pela cintura e começa a beijar meus ombros.

— Estava ouvindo minha conversa atrás da porta nem bichinho? —


apenas nego com a cabeça — não me engane, eu vi sua sombra pelo vão da
porta. Tenho uma notícia triste para você, no final você poderá ver apenas
sua filha mais nova, porque o seu primogénito está morto, obra dos
italianos. — E ele ainda sorri.

— Não — e depois de tanto tempo sem conseguir falar, essa palavra é a


única que sai. E um choro forte toma conta de mim. Até quando eu vou
viver nesse sofrimento sendo escravizada e vendo os que eu amo morrendo
sem poder fazer nada?

E o pior de tudo é ver o quanto esse doente ama me ver destruída a cada
vez que chega para me dar uma notícia como essa.

— Eu vou te matar Antonín Zimmerman — sussurro depois dele sair do


quarto quando se sentiu satisfeito de me usar.
Coloco o corpo pequeno da minha esposa sobre a cama do quarto que se
encontra no meu jato, não precisa muito para saber o quanto ela está
cansada, seu copo meio agitado indica que provavelmente está tendo algum
pesadelo. Quando ela acordou depois de ter desmaiado em frente ao
shopping me perguntou se havia sonhado ou eu realmente contei a ela que o
irmão tinha morrido, então confirmei para ela que sim, Dimitri está morto.
Desde então ela não para de chorar, fizemos o caminho até o aeroporto com
ela em prantos e quando a aeronave decolou e ela se apercebeu que
estávamos indo rumo a Rússia ela chorou ainda mais.

Por isso decidi dar um calmante para ela, não quero que passe mal durante
a viagem, mandei minhas funcionárias preparem nossos pertences, a viagem
até a Rússia vai levar algumas horas e não quero que ela esteja acordada esse
tempo todo porque sei muito bem como será. Ela não está cem por cento
dormindo, mas aos poucos o calmante vai fazendo o seu trabalho.

Tiro seus sapatos e coloco uma coberta sobre seu corpo. Ela se remexe
mas depois fica quieta, me sento ao seu lado para acariciar seus cabelos
negros.
Meu anjo

— Christopher! — me viro imediatamente e ela continua dormindo, está


apenas sonhando — não me deixa, fica comigo por favor não vai.

— Eu estou aqui anjo, não irei para lugar nenhum. Meu lugar é com você
— retiro meus sapatos e me deito ao seu lado, como se o que eu disse a
tivesse acalmado ela para de se agitar — nada nem ninguém irá me tirar do
seu lado, nem mesmo o diabo.

Beijo o topo da sua cabeça enquanto ela se aconchega em meus braços.

— Eu te amo! — Ela diz de repente mesmo mergulhada no próprio sono.


Faz anos que não ouço essas três palavras, faz tanto tempo que mal me
lembrava que elas existiam. Se eu mal as ouvia muito menos as pronunciava,
até mesmo a Stacy apenas as ouviu de mim em seus últimos segundos de
vida.

Não entendo, mas uma parte de mim vibra só de imaginar que essas
palavras dela não foram mera consequência do seu sono delirante, mas a
outra parte, a mais sensata e racional não quer se prender a isso porque no
momento certo isso servirá como arma para qualquer um que queira me
destruir, até eu mesmo. Isso pode servir como arma para mim na medida em
que terei muitos motivos para a manter do meu lado para sempre.

E ela merece muito mais do que isso, ter filhos, cachorros e todas as
outras merdas que as mulheres sonham em ter, coisas que a minha natureza
não está pronta a dar, mas aos poucos estou me tornando mais liberal com
ela, mas não o suficiente para pensar em formar uma família.

Sasha

Tão pequena e já conseguiu fazer um grande estrago na minha cabeça e


ocupar grande espaço na minha vida.

Os últimos dias tem sido tão corridos que achei que seria muito bom para
ela sair um pouco de casa e se distrair um pouco com aquela amiga
intrometida, o que não contava é que Enrico me ligaria para informar a
morte do irmão dela.
Merda

E não é só aqui que as coisas estão feias, na Itália também, e como sempre
Dimitri estava metido em problemas, não entendo como ele teve a ideia de
aprontar contra o Enrico, mas no final ele não foi morto pelo mafioso e sim
por um outro traidor, o Fabrizio, aquele cara nunca me desceu, e agora eu
entendo porquê. Dominic também está na Itália, e não imagino o que ele está
fazendo lá mas soube que ajudou a salvar a esposa do Enrico das mãos desse
Fabrizio.

E não menos importante, estive abrigando na minha casa durante mais de


sete meses a irmã bandida da Stacy.

Morgan

Lembranças

— Quem mandou você destrancar a porta daquele quarto? — ela pula de


susto e se levanta da cama me encarando com os olhos arregalados. Não
tinha como ser diferente.

Não sei como não percebi isso antes, os olhos, aqueles olhos que tanto
olhei e venerei. Mas obviamente uns são diferentes dos outros, os da Stacy
transbordavam a ingenuidade, bondade, simpatia e esperança,
principalmente esperança. Porque ela era tão dedicada nas coisas que se
dedicou um bom tempo para me conquistar e me convencer que ainda havia
uma chance para mim.

Já os olhos da irmã, demonstram completamente o contrário, maldade,


perspicácia, astúcia e muitas outras coisas que não sejam do bem. Sim é uma
inimiga á minha altura.

— Estou esperando uma resposta — digo para ver até aonde vai o seu
jogo. E tomara que ela não demore muito para me falar tudo o que preciso
ouvir, porque tive que fazer um sexo rápido com minha mulher depois que
Dominic me mandou os relatórios sobre ela. Meus seguranças, aqueles que
fazem o trabalho nada honesto que mando estão lá fora nos aguardando. Ela
sairá daqui ou dentro de um saco para cadáveres ou sangrando devidos as
surras que darão nela. — Vamos fala logo, não tenho a noite toda.
— Eu -eu não abri nada senhor. Nem sei do que está falando. — Sim, ela
gosta de jogar, e tomara que seja uma ótima jogadora porque eu adoro um
bom jogo.

Me aproximo feito um felino até onde ela se encontra, ela umedece os


lábios demonstrando que está começando a ficar nervosa. Estamos frente a
frente e ela não se move, direciono minha mão até sua bochecha, faço um
carinho nela me lembrando que por baixo daquele rosto novo existem traços
parecidos com os da minha falecida esposa.

Continuo minha supervisão por seu rosto, ela está excitada, posso sentir
isso, está consumida pela adrenalina e eu também estou, mas não por estar
excitado e sim por saber que depois de muito tempo quebrarei um pescoço
em breve.

E sem ela esperar a surpreendo com um aperto no cabelo, segurando todo


ele com uma única mão, o aperto tão forte que ela geme de dor e me olha
com os olhos brilhantes.

Ela já sabe que foi descoberta.

— Pensou que ia me enganar até quando? — questiono sem me afetar


com seus golpes em meus braços. Com uma das mãos ela desfere um soco
na minha cara que me faz segurar a região, pelos visto ela aprendeu muito na
cadeia. Ela consegue se soltar e correr pelo quarto em direção ao banheiro,
caminho até ela e quando ela percebe minha presença de novo tenta fugir me
apontando um canivete.

Puxo ela pela pantorrilha e ela cai batendo a cabeça na base do vaso
sanitário, me abaixo e volto a segurar seus cabelos num punhado para que
consiga ver meus olhos, seu nariz não para de expelir sangue, e não é só o
nariz que o vaso acertou, o olho roxo e o queixo rasgado denunciam que
também foram afetados.

— Pensou que ia me enganar até quando?

— Vai a merda seu doente filho da puta — gargalho, pois ela acabou de
falar algo que já sei muito bem sobre mim.
— Ah sim eu vou, mas depois de você me contar todos os planos do
Antonín — chamo pelos seguranças para a levarem até uma parte específica
da mansão onde posso fazer o que quiser com ela sem ninguém perceber ou
ouvir alguma coisa. Quando dois homens seguram seus braços um em cada
lado ela me olha com o ódio mais mortal que eu podia receber.

— Nós vamos matar você e aquela tonta da sua esposa seu maldito. Eu te
odeio — mesmo berrando ela não é solta de nenhum jeito. Mando que a
levem para o subterrâneo onde existe tudo o que precisamos para um
momento como esse.

No entanto volto pra casa pois preciso me certificar de que a Sasha já está
dormindo, uma vez que ela criou essa mania de ficar zanzando pela casa.
Entro no quarto e o local se encontra na penumbra exceptuando pelo abajur
ligado, Sasha está dormindo no meio da cama vestindo uma das minhas
camisetas com um livro em seu colo, pelos vistos ela me esperou até que
apagou, cubro seu corpo com um edredom, retiro o livro e apago o abajur
saindo do quarto logo a seguir.

Entro no subterrâneo onde a própria a Morgan ou Stefany seja la qual for


o nome dela, está pendurada pelas mãos por correntes, não tenho receio de
torturar mulheres, traidores são todos iguais, não comporta se for homem ou
mulher.

— você tem duas opções, ou me ajuda a acabar com seu chefe e morre da
forma mais rápida possível ou não me ajuda e morre também, mas só que de
uma maneira lenta e dolorosa. — A camisola que ela veste está
completamente molhada de suor é possível ver sua respiração no agitada.

— Então ficarei muitos dias aqui até você me dar o golpe de clemência.
— Me aproximo do corpo trémulo de pura raiva e rasgo as alças, a parte de
cima da peça cai e fica presa na sua cintura. Caminho em direção á mesa de
ferramentas, e escolho um prendedor de mamilos, mas esse é diferente, ou
seja, nada prazeroso, pois é revestido dezenas de nano pregos, tão pequenos
que é impossível vê-los a olho nu.
Sem pressa nenhuma coloco cada um em cada mamilo, olhando em seus
olhos aperto cada prendedor, nos primeiros segundos ela não reage pois não
sente nada ainda, mas quando sangue saindo dos mamilos escorre por seu
corpo ela grita de uma forma estridente.

— Ah seu filho da puta filho do diabo.

Música para os meus ouvidos.

De volta ao presente

Aquela maldita continua lá presa, e ficará muito tempo mais se não


cooperar comigo. O painel que rastreia nossa viagem indica que estaremos
na Rússia dentro de uma hora. E Sasha continua dormindo, ela realmente
está cansada e não me agrada vê-la assim.

O quarto está coberto pelo escuro, porque também não resisti e acabei
dormindo, a viagem leva mais de dez horas e ela precisa comer.

— Anjo — sussurro em seu ouvido e ela me ignora, encaminho minha


boca até sei pescoço e beijo a região sem me importar que ainda esteja
dormindo, e pela primeira vez consigo prender minha atenção em seu
colocar que a distância o pingente se confundi com um botão de rosa. Mas
vendo melhor agora, parece um daquele pingentes que podem ser
adicionados conteúdos ao interior.

Com maior cuidado possível, seguro na joia e pressionado um dos lados o


pingente se abre revelando o seu conteúdo.

O pendrive.
São Petersburgo, Rússia

Assim que o jato pousou em solo russo fomos até a mansão da família
Solotov, a pedido da Sasha, porque se dependesse de mim nós ficaríamos
num hotel, mas o luto é algo que se deve respeitar e por isso não ia negar um
pedido desses a ela.

Quando chegamos fomos recebidos pelas duas interesseiras, a madrasta da


Sasha e a filha. Que fizeram um drama irritante por causa da morte do
Dimitri, e como eu já sabia o que minha esposa precisava, mandei servirem
alguma coisa para ela e a mandei dormir porque ela não tinha começados a
chorar e novo.

Alguns membros da máfia estiveram aqui para dar suas condolências,


alguns amigos do pai da Sasha e do próprio Dimitri também estiveram aqui,
ele morreu sendo um traidor e todos sabiam disso.

Tomo um gole de whisky enquanto leio mais um e-mail do Dominic, já


informei a ele que estou na posse do tão famoso pendrive, e aliado a tudo
que ele já tinha conseguido será suficiente para ferrar com a vida de alguns
membros da GENIS.
Meu sogro foi muito esperto, e olhando os fatos com certeza foi o filho da
puta do Antinin que arquitetou aquele ataque que deixou a Sasha cega.

— Christopher! — tiro os olhos do notebook que está em meu colo para


encarar minha esposa que está parada vestida com um conjunto de moletom
— você pode vir dormir por favor? Eu não consigo dormir sozinha.

O rosto dela está vermelho, merda, eu odeio vê-la desse jeito. Tão
destruída. Ela se vira para ir embora, deve achar que a estou ignorando.
Fecho o notebook e guardo o pendrive em meu bolso.

Me levanto da poltrona e caminho atrás dela que está quase subindo as


escadas. A surpreendo ao carregar seu corpo em meus braços e ela
imediatamente encosta a cabeça em meu peito e desengata a chorar.

— Senhor Parker precisa de alguma coisa? — me viro e a madrasta da


Sasha está parada no hall nos encarando.

— Não preciso de nada — tinha a pretensão de continuar meu percurso


mas desisti e me viro pra encara-la sem me importar com o peso leve da
minha esposa — e quando eu for embora a quero fora dessa casa, você e a
parasita da sua filha. Não vou continuar sustentando duas putas preguiçosas.

Não espero por sua resposta e continuo subindo as escadas até chegar no
quarto em que estamos acomodados. Me deito sobre a cama e Sasha se
acalma um pouco.

— Será que ele sofreu quando morreu? — Ela pergunta se sentando.

— Não tem como saber anjo. Agora durma, não quero que passe mal. Não
se incomode com isso. — Ela assente e se deita ao meu lado me encarando.

— Mas eu ouvi que ele traiu a máfia e... — e então o choro começa de
novo e só para quando ela finalmente dorme, depois de algum tempo
também a acompanho num sono mais leve.

Como já era de se esperar a questão do enterro do Dimitri já tinha sido


resolvida, pelo que vi das fotos, Enrico fez tanto estrago no rosto dele que
ficou irreconhecível e por causa disso o caixão não será aberto, ele está
nojento.

Sasha e eu estamos sentados lado a lado enquanto o bispo ou padre tece


algumas palavras sobre a morte, e minha atenção está em cada pessoa aqui
presente, porque não estou com um bom pressentimento e eu raramente sinto
eles. E neste momento Dominic está a caminho da Alemanha porque amanhã
começa a operação, também irei para lá após levar Sasha para um lugar
seguro.

O resto da cerimônia corre sem sobressaltos no cemitério familiar,


gerações e gerações da família Solotov estão aqui enterrados.

Meu celular toca e no mesmo momento Sasha diz que vai visitar a
sepultura do pai, apenas assinto e mando os seguranças irem com ela junto
com a amiga que só agora vi que também estava aqui.

— Fala — pronuncio assim que coloco o celular no ouvido olhando as


pessoas de dispersarem do cemitério.

— Senhor aconteceu algo!

— Que merda aconteceu agora? — Vocifero para o segurança do outro


lado da linha.

— A mulher, a prisoneira ela fugiu — eu mal completei quarenta e oito


horas fora e já acontece isso.

— Como... — Interrompo minhas próprias palavras ao ver um cartão


preto e dourado sob meus pés.

Merda

Desligo a ligação e quando ia abaixar para pegar o cartão vejo a amiga da


minha esposa voltando sozinha e ela parece muito perdida e desnorteada.

Sasha

Eles estão aqui.


— Onde está a Sasha? — Pergunto encarando ela que mal sabe formar um
palavra — onde está minha esposa?

Ela chora e não fala o que preciso ouvir, mando meus seguranças
averiguarem o que aconteceu e se comunicarem com os outros e volto ao
meu ponto inicial para ver o que o cartão que eles deixaram diz.

E apenas duas palavras estão escritas na parte traseira do cartão.

Cheque mate

Eles a levaram.
São Petersburgo, Rússia

Receber a notícia da morte do meu irmão foi o pior golpe que a vida
poderia ter me dado nesse momento da minha vida, eu senti o mundo cair
sobre minha cabeça quando Christopher me disse de forma tão direta que
meu irmãozinho estava morto, e que não poderei mais ver ele.

Olho pela janela e nunca imaginei que alguma vez ficaria feliz de ver a
neve brotar do céu como agora. Meu irmão será enterrado amanhã e não sei
se terei forças suficiente para vê-lo dentro de um caixão, nada me preparou
para um dia como esse, a dor é tão grande que me sinto fraca, cansada e
desgastada, e principalmente sem rumo. Christopher saiu do quarto achando
que eu estava dormindo, mas na verdade eu apenas estava de olhos fechados
perdida em meus pensamentos e lembranças do passado, foram tantos
momentos bons que vivi aqui com meu pai e meu irmão, mas agora nenhum
dos dois está aqui para me proteger como sempre prometeram.

Enxugo as lágrimas com o dorso da mão, se tornou algo automático


chorar por tudo e nada, levanto do sofá que se encontra perto da janela, no
centro do quarto está um carinho com alguns alimentos que uma das
empregadas trouxe aos comandos do meu esposo, se Christopher souber que
ainda não comi é capaz de me acordar no meio da noite só para fazê-lo.
Caminho até o carinho tiro a tampa do prato e assim que o cheiro da comida
quente tipicamente russa invade minhas narinas meu estômago
imediatamente embrulha e uma vontade fora do normal de vomitar toma
conta de mim.

Saio correndo até o banheiro e me jogo no chão perto do vaso, o vómito


sai como uma enxurrada tirando de mim todas as minhas forças, tanto
internas quanto externas, os lanches que comi mais cedo tudo o que comi
sai, e dói tanto que de forma espontânea meus olhos se derramam em
lágrimas enquanto minha garganta arde de forma descomunal.

E agora nem sei mais porquê estou chorando. Depois de me sentir melhor
aperto a descarga e lavo minha boca, definitivamente não vou comer. Volto a
me deitar e numa poltrona ao lado da cama vejo a bolsa que usei mais cedo e
a caixinha que a Yeva me deu está aparecendo. Seguro nela e leio as
instruções, esse não é o momento para uma gravidez. Não sei como
Christopher irá reagir a notícia de uma gravidez repentina. Mas o que eu
posso fazer?

Deus o que eu faço?

Suspiro e continuo encarando a caixa em minhas mãos, será que a Yeva


está certa e eu realmente estou grávida? Começo a chorar porque minha
cabeça e meu coração estão uma confusão agora, o mais sensato seria eu
fazer esse teste agora. Assim acabo de uma vez com as dúvidas, porque Yeva
conseguiu meter essa ideia na minha cabeça.

Entro no banheiro e sigo cada instrução escrita no teste, e pelo que entendi
o dispositivo me dirá se estou grávida ou não e mais ou menos de quantas
semanas. Me sento num banco para esperar o resultado, através do espelho a
minha frente encaro meu reflexo, e não gosto do que vejo, em apenas
algumas horas perdi o tom de pele maravilhoso que ganhei com o clima
tropical de Cuba e os dias de paixão que desfrutem Christopher em nossa
casa. Não tinha como ser diferente com tantas coisas acontecendo.

Olho para o teste para ver o resultado.

Positivo
Três semanas

Uma felicidade muito grande se apodera de mim ao finalmente acordar do


choque, dentro de mim está crescendo um serzinho inocente e que não tem
culpa do que acontece no mundo, e muito menos de ter o pai que tem. Fico
imaginando a como ele irá reagir a uma notícia dessas ou como será nosso
futuro depois do nascimento desse bebê.

E então desengato a chorar porque não sei como vou contar para o
Christopher que as nossas inúmeras noites de sexo infinito tiveram uma
consequência sólida que virá para o mundo em meses.

E por mais que eu não reúna coragem preciso contar isso para ele,
Christopher odeia mentiras e ser enganado. Ele precisa saber.

Sem me importar com meu rosto molhado devido as lágrimas saio pelos
corredores da casa procurando por ele, o encontro sentado numa das salas
de estar, ele deve estar trabalhando, já que está concentrado no laptop
brilhante sobre seu colo e de forma frenética ele passa os dedos pelo teclado.

Não sei como, mas a cada passo que dei até chegar aqui minha coragem
foi se esvaindo e me sinto uma covarde por isso, eu devia ser forte por esse
filho que cresce dentro de mim. Mas saber que posso decepcionar o
Christopher também me destrói. Após minutos o encarando ele finalmente se
apercebe da minha presença.

— Christopher Você pode vir dormir comigo? É que eu não estou


conseguindo dormir sozinha — minto descaradamente porque não consigo
confessar o que vinha fazer aqui.

Você precisa deixar de ser fraca Sasha, é para isso que ele te colocou no
quarto jogos.

Meu subconsciente grita comigo. Me sentindo ridícula e cansada eu dou


meia volta para caminhar de volta ao quarto porque ele também não me deu
atenção nenhuma. Assim que meu pé direito alcança o primeiro degrau das
escadas meu corpo é erguido.
Encosto minha cabeça em seu peito, e o choro me toma novamente. E
desta vez não é só pela morte do meu irmão, é também por toda essa
situação pela qual estou passando e também passarei nos próximos meses.

Ele vai me odiar.

Quando me falaram que Dimitri estava morto não passou pela minha
cabeça em perguntar como ele morreu. E agora vendo o caixão fechado
enquanto o padre faz o sermão eu chego a uma conclusão por conta própria.
Meu irmão foi morto a surras, e provavelmente foi acusado de traição uma
vez que não foi velado na sede da máfia.

No final da cerimônia algumas pessoas me saúdam e algumas ficam


espantadas ao constatarem que não estou mais cega, algumas nem notaram
que alguma vez estive cega. Olho todas as pessoas se dissipando e de
repente a lembrança do meu pai me invade. Me aproximo de Christopher
que está prestes a me chamar para irmos embora.
— Eu vou visitar a campa do meu pai. Vou colocar algumas flores — não
espero por sua autorização apenas dou meia volta me encaminhando até
onde fica a sepultura do meu pai enquanto ele atende a um telefonema. Yeva
me acompanha e claro alguns seguranças nos seguem. Não conto para ela
que já fiz o teste e seu positivo, com toda essa situação ela deve ter
esquecido de me perguntar sobre o assunto e eu agradeço por isso. — Faz
muito tempo que não venho aqui, até achei que não conseguiria achar o
túmulo do meu próprio pai.

Eu e minha amiga nos abraçamos, ela beija minha testa e me faz a encarar.

— Eu vou dar a privacidade que você precisa. Vou ficar bem ali — ela
aponta para um banco de madeira situado no local, eu assinto e pego as
flores para colocar. Aliso a lápide onde se encontra gravado o nome do meu
pai e meu coração se aperta.

— Papai eu sinto tanto a sua falta. Porquê o senhor e o Dimitri me


deixaram? Eu não sei se vou conseguir viver sabendo que nenhum dos dois
estará aqui para mim — Seguro na minha barriga com uma maneira de
demostrar silenciosamente para ele esteja onde estiver que estou grávida —
aqui está crescendo seu netinho ou netinha que com certeza irá querer saber
tudo sobre o senhor. E também...

Minha frase é interrompida pelo barulho estrondoso de alguma coisa


caindo. Viro na direção em que um dos seguranças estava parado e vejo seu
corpo deitado no chão e a camisa branca estava coberta de sangue. Coloco as
mãos na boca em choque, e logo de seguida todos os outros seguranças que
estavam cuidando da minha proteção também jazem pelo chão do cemitério
de forma consecutiva.

Olho para Yeva e ela também está em choque assim como eu, nenhuma
das duas sabe o que fazer, porque agora estamos rodeadas por homens
desconhecidos cobertos por máscaras.

Eu conheço essas mascaras, nunca me esqueceria delas, são idênticas as


do homem que me observava agonizar depois do acidente de carro que tive a
alguns anos. E antes que eu pudesse reagir sinto uma picada no pescoço e
logo de seguida vejo tudo escuro.
Um gemido de protesto sai por minha boca quando recobro a consciência
sentindo uma dor horrível na região do pescoço, como se tivesse me deitado
numa posição não muito boa. Quando noto a escuridão em que o lugar que
me encontro logo minha mente projeta tudo o que se passou antes de eu
apagar, os seguranças caindo de repente, o sangue em suas roupas pelo chão
do cemitério, minha amiga em choque e depois a escuridão.

— Christopher — chamo por ele, pois é o primeiro que vem a minha


cabeça no momento, porque por um milésimo de segundo eu quero pensar
que ele vai surgir em algum lugar dessa escuridão e me dizer que está tudo
bem , mas quando chamo por ele duas três vezes eu me dou conta de que ele
não está aqui e que eu estou sozinha. Não faço ideia de onde estou, e isso me
aterroriza, passo a mão na minha barriga em forma de proteção ao meu bebê
quando ouço o ranger da porta se abrindo.

Minha respiração sobe e desce pelo peito de forma acelerada, meus lábios
estão entreabertos em busca de ar porque sinto que a qualquer momento terei
um ataque de pânico. De repente uma luz é acesa e o lugar fica iluminado, e
só agora me dou conta de que estava sentada sobre uma cama esse tempo
todo. O quarto é todo elegante mas no momento os detalhes são o de menos,
o que realmente está chamado minha atenção é o homem de presença
assombrosa parado a minha frente me olhando com um sorriso nojento no
rosto.

— Quem é você? — Me atrevo a perguntar após me sentir incomodada


com sua inspeção. A medida que ele vai se aproximando meu corpo vai
recuando sobre a cama até minhas costas baterem na cabeceira. Seu olhar
está me rasgando porque ele parece tão demoníaco. Apesar de ser um
homem que aparenta estar na faixa dos cinquenta anos, ele ainda está
conservado, é musculoso e forte e não quero imaginar o que ele fará comigo.

— Eu sou alguém que queria muito olhar para seus olhos peculiares. Eu
adoro eles, mas em outro rosto claro — ele está rindo do meu medo e terror.
Mas eu não entendo nada do que fala.

— Por favor não me machuca, eu estou grávida por favor não faça nada
comigo — imploro enquanto lágrimas quentes escorrem por minhas
bochechas.
— Então o Christopher Vai ser papai? Isso está ficando cada vez melhor
— ele conhece meu marido, e com certeza se estou aqui é por causa dele.

— Você conhece meu marido? — Pergunto mesmo tremendo de medo.


— O que quer de mim afinal?

— Mas é claro que conheço seu marido querida e é por causa dele que
você está aqui, de você não quero nada mas dele eu quero algo que ele se
nega a me dar por puro orgulho — quando eu ia abrir a boca para pedir mais
uma vez pela vida do meu filho ele coloca seu dedo na minha boca — não
gaste suas energias me pedindo algo que não posso dar no momento, sei que
está enfraquecida devido a merecida morte do seu irmão, não quero que
passe mal aqui e seu marido ache que a tratei mal. Mas não se preocupe ele
virá buscá-la, eles sempre vem.

É sua última frase antes de me dar as costas e sair do quarto, é possível


ouvir a chave ser virada e a porta sendo trancada. Me deito e me enrolo com
meu próprio corpo, e só agora reparei que estou sem os sapatos, mas
continuo com as roupas que usei mais cedo para o enterro do meu irmão.

Eu mal enterrei ele e já fui sequestrada, eu só posso ter algum tipo de


maldição para essas coisas.

— Christopher Você precisa me achar por favor. Pelo nosso filho.

E mais uma vez meu corpo entra em estado de alerta quando alguém abre
a porta, a escuridão não me permite ver quem é mas pela cilureta dá para ver
que é uma mulher, e ela está parada me observando enquanto eu estou
deitada.

Quem será ela?


Minha filha

Quando ele me disse que minha filha estava aqui, bem ao lado do meu
quarto, eu não pude acreditar, mas me lembrei que ontem de noite eu vi um
dos homens dele pela janela carregando uma mulher nos braços, o que eu
não sabia é que àquela mulher era minha filha. Mal posso conter a emoção,
então assim que ouvi que ele tinha saído do quarto dela eu saí correndo do
meu só para vir aqui vê-la, e ela parece tão assustada.

Parada no batente da porta e graças a iluminação existente no corredor


posso ver ela sentada na cama com os olhos brilhantes, não só pela
curiosidade mas também pelo luto que é possível ver em seus olhos. Me dói
tanto saber que ela está sozinha no mundo agora sem o pai e sem o irmão.
Não sei como ela reagiria se eu contasse que sou a mãe dela, esperei vinte e
um anos para viver esse momento e agora não sei o que fazer, eles viveram
acreditando que eu os tinha abandona, e no final eu também acredito nisso,
porque nunca tive forças para lutar e tentar fugir, mas agora, agora as coisas
mudaram e farei de tudo para proteger minha menina.

Assim como eu ela também me analisa, por causa da iluminação


inexistente no quarto ela não pode ver meu rosto, mas eu posso ver cada
detalhe dela, e sim, ela é minha filha. O rosto, a pele, o cabelo o jeitinho
dela eu sei que ela. Antonin não brincaria com algo assim, não quando ele
sabe que isso pode me torturar e brincar com a minha cabeça, esse é o jogo
favorito dele, sei que minha filha está aqui porque provavelmente foi
sequestrada, e rogo a Deus para que esse homem com quem ela se casou
tenha algum sentimento por ela que o faça vir salva-la.

Eu quero tanto me aproximar e dizer para ela o quanto sinto muito e que
eu estou aqui para ela, mas não sei como fazer isso. Nem sequer sei se vou
conseguir pronunciar alguma palavra em frente dela. Dou um passo a frente
e ela também se remexe na cama e coloca a mão na barriga, como se tentasse
proteger ela, e eu conheço muito bem esse instinto.

Ela está grávida.

A felicidade é tanta que imediatamente dou mais alguns passos, mas antes
de completar o penúltimo passo para alcançar a cama uma voz que ainda
comanda tudo o que eu sou hoje em dia se ouve.

— O que está fazendo aqui? — permaneço calada enquanto minha


respiração se altera um pouco. Não sei o que responder, ele puxa meu cabelo
por trás e me dá um tapa forte que me faz cair no chão do quarto, gemo de
dor porque no tombo machuquei a costela e meu cotovelo — você gosta de
me desafiar não é bichinho? O que está fazendo aqui?

Me encolho no chão do quarto escuro com medo dele continuar me


batendo, mesmo depois de anos eu nunca me acostumaria com isso.
Machucada eu não vou poder cuidar da minha filha aqui. Vejo o exato
momento que ele caminha para longe e de repente o quarto fica iluminado.

— Então é ela que você queria tanto ver? — ele se aproxima de mim e
segura meu braço com força me obrigando a levantar do chão — então
vamos vê-la. Sabe quem é essa mulher aqui na sua frente menina?

Não tenho coragem de olhar nos olhos dela, não era assim que eu
imaginava nosso encontro, cheio de violência, não queria que ela vice a
submissão que tenho por esse homem doente, porque no final isso também
me torna uma pessoa doente, se eu conseguir sair viva daqui, irá levar anos
até eu me recuperar.
— Quero que olhe nos olhos dela e diga quem é — faço que não com a
cabeça porque estou com vergonha, meu rosto está horrível por causa do
tapa e das lágrimas não quero que ela fique horrorizada comigo. — Se não
olhar para ela agora e confessar quem é você eu juro que o próximo tapa será
dado na cara dela e não me importa se dentro dela cresce um bastardinho

— Não-não isso não por-por favor — foi uma grande luta proferir essas
palavras, tanto tempo sem falar e minhas primeiras palavras são essas.

— Olha para ela e diga quem é você — sua voz é tão brutal que nós duas
nos assustamos com sei tom. — Anda, não tenho a porra do dia todo Katia.

— Eu... — faço uma pausa e encarro seus olhos tão idênticos aos meus —
eu sou sua mãe — isso foi mais um sussurro que qualquer outra coisa. Ela
me olha de um jeito que parte meu coração, me sinto um trapo nesse
momento. Ela deve estar confusa e toda essa situação não vai fazer bem para
a gravidez.

— Está contente? Espero que sim, porque não pense que sairá do meu
lado para ficar com a sua filhinha — assim como eu ela também está
chorando, mas não sei se é por ter descoberto que estou viva, não sei se é
pela emoção ou por causa do que ela está vendo da minha vida hoje em dia
— vamos! Deixe ela descansar porque se depender de mim ainda ficará
muito tempo aqui, quero ensinar uma lição para aquele seu marido
arrogante.

— Não por favor, não faço nada com ele — escuto a voz dela desesperada
implorando pelo marido. Enquanto eu sou arrastada de volta para o quarto.

— Eu te odeio — consigo dizer.

— Você não me odeia. Só está magoada. Me odiando ou me amando, é


comigo que você ficará até eu deixar de respirar. Já chega de show por hoje,
quero que se arrume, nós vamos viajar.

Para onde vamos?


Para quem tenha encontrado esse pendrive, seja um dos meus filhos ou
alguém que queira destruir a GENISE isso significa que estou morto, com
certeza assassinado por essa organização. Nesse pendrive reúno provas
importantes que podem destruir boa parte dos membros desta organização
que tem sido a maldição da humanidade, eu roubei essas provas das mãos de
Robert Parker, ele planeava trair a GENISE e ficar no lugar líder da
organização, nesse caso Antonín Zimmerman.Meus filhos eu descobri a
algum tempo que a mãe de vocês esteve presa durante todo esse tempo a um
homem repugnante, e ele tem feito coisas horríveis com ela.
Espero que um dia vocês me perdoem por ter proibido vocês de falarem
sobre a vossa mãe, hoje em dia eu me arrependo amargamente por isso, e
espero que vocês a encontrem.

E então o vídeo termina. Fecho o laptop e fico pensando em tudo o que ele
disse. Então minhas suspeitas sempre estiveram certas, aquela mulher
sempre esteve lá presa contra a própria vontade. Nesse momento negociar o
pendrive com aquele filho da puta não é mais nenhuma escolha, ou ele me
entrega minha esposa por bem ou então sangue será derramado.

Assim que a amiga da minha esposa me disse com suas palavras trémulas
que minha esposa tinha sido sequestrada minhas suspeitas se confirmaram,
Antonin estava com ela.
E neste momento mil maneiras de esmagar um cérebro passam pela minha
cabeça, nem que eu tenha que mover céu e terra eu vou acabar com aquele
filho da puta, isso não é mais sobre mim e sim sobre a minha mulher e todos
os outros que ele prejudicou com sua cede de poder e soberba.

E ainda tem a fuga da Morgan, até agora estou intrigado em como ela
conseguiu escapar, ela estava um lixo quando a deixei no subsolo antes de
sair para o trabalho naquele dia, ela também é outra que não irei poupar
quando a encontrar, eles acabaram de despertar meu instinto assassino, e não
vou descansar enquanto não ver sangue.

— Estamos quase aterrissando — assinto para Dominic que se encontra


sentado a minha frente concentrado no laptop — desta vez não vamos falhar.
Eu vou amar fazer uma festa de tortura com aquele desgraçado, vou cortar
cada pedaço dele ainda em vinda.

E não duvido de nenhuma das palavras ditas pelo Dominic, acho que o
que ele viu nas guerras servindo no Iraque e Afeganistão, a tortura a família
dele o deixaram completamente imune a pena e qualquer outro sentimento
que se assemelhe a remorso. Assim como eu ele é um homem fodido da
cabeça.

Dez minutos depois o jato estava pousando em uma pista do território


alemão, nessa operação teremos a participação de mais de cem homens, o
plano é invadir a fortaleza e matar todos os que vermos pela frente, salvar
minha esposa e a mãe se tudo correr conforme o planejado.

Após nos distribuirmos entre os inúmeros carros que nos esperavam no


hangar o caminho até a fortaleza é rogado pela repassarem do plano original.
A noite perdura e apesar do frio torturante, prosseguimos com a viagem. A
adrenalina consome meu corpo e cada porro meu vibrar em espectativa.
Desta vez não posso falhar, não deixarei nada acontecer com ela.

Cada vez mais nos aproximamos dos grandes murros que separam esse
lado de fora do que acontece lá dentro, e uma parte minha interna me alerta
sobre essa situação estar fácil demais.
— Isso está fácil — Domínic fala do banco da frente como se tivesse
acabado de ler os meus pensamentos.

— Também acho o mesmo.

Optamos por deixar os carros a uma distância segura do portão, e ao invés


de invadirmos usando todos os homens optamos por deixar alguns
escondidos aqui fora no meio da vegetação enquanto eu, ele e mais uns
outros homens entramos. Arrumo meu colete a prova de balas, seguro minha
Glock e então saímos em direção a casa.

Até a invasão foi fácil demais, mesmo assim mantemos nossa formação, e
a adrenalina que me consumia antes agora triplicou a intensidade, respiro
fundo por mais que eu seja forte o suficiente para enterrar mais uma pessoa
que atingiu certos espaços da minha vida eu não estou pronto para perde-la,
pelo menos não assim.

Sim, isso já está muito estranho.

Até agora ninguém retaliou nossa invasão, nem ao menos uma sombra
está nesse lugar, o jardim que pelo que me lembro ser um lugar repleto de
seguranças armados até aos dentes, tinha seguranças até no topo da casa e
em todos extremos mas agora está vazio, e nosso plano de invasão estava
baseado no que a câmara escondida que eu levava pôde captar.

Ou isso é uma armadilha ou eles foram muito espertos e fugiram a tempo.

— Isso me cheira a armação — Dominic fala pela escuta enquanto


entramos no interior da casa, e como o exterior tudo está escuro em sem
ninguém, o silêncio é tão gritante que apenas se ouvem os grilos lá fora e os
nossos passos em contanto com o piso da casa. — Vamos nos separar e ver o
que achamos.

Assinto, eu e mais alguns homens avançamos para o andar de cima,


enquanto Dominic e os outros fazem a varredura pelo tério. A cada passo
que dou em direção às portas enfileiradas no corredor silencioso mais seu
cheiro doce me domina, e não sei se estou realmente sentindo esse cheiro ou
é só a minha mente brincando comigo.
Abro algumas portas e nada. Até que finalmente uma chama minha
atenção, devido a iluminação que é possível ver pela frecha da porta. Com
apenas um giro a maçaneta destranca a porta me dando a visão de uma tela, e
nela é possível ver um vídeo passando, é a Sasha deitada nesse mesmo
quarto chorando e falando algumas palavras impossíveis de ouvir devido ao
choro mas não passa despercebido por mim quando ela chama meu nome e
ela se dá conta que não estava lá com ela. Ele abraça a própria barriga e se
encolhe ainda mais.

Apenas eu posso fazê-la chorar, somente eu posso provocar suas lágrimas


e as enxugar ao mesmo tempo, e esse desgraçado está brincando com a
cabeça dela. Me aproximo da tela e me dou conta de que ela tem apenas um
minuto de duração, pois a mesma cena passa dezenas de vezes e eu não paro
de encarar o sofrimento dela.

Em cima da cama um objeto brilhante chama minha atenção. Me


aproximo e seguro no objeto, é o colar dela, o qual ela nunca tira nem
mesmo na hora do banho, e junto dele se encontra um bilhete. Seguro e vejo
a frase escrita sob uma caligrafia masculina muito bem talhada e elegante.

"Se não me der o que eu quero, não só tirarei de você a sua adorável
esposa mas também o mais novo integrante da família. "

O que esse desgraçado quer dizer com isso? E uma raiva incalculável me
domina e a calmaria que vigorava em mim a pouco se vai, a raiva é tanta que
destruo o quarto todo porque mais um vez eu falhei, mas uma vez eu
desapontei alguém com quem me importo. E agora não sei se serei capaz de
me recuperar de mais um golpe da vida.

Ela não pode me deixar, eu jurei para ela que nunca ia a abandonar e que
nunca me afastaria dela, mas agora me sinto um autêntico fracassado porque
estou falhando com ela... a frase que li no bilhete reverba na minha cabeça
me fazendo tirar conclusões precipitadas.

Será mesmo possível? Ela não seria capaz de me esconder algo do gênero.

— Merda! — Grito socando a parede com meu próprio punho até sentir
meus ossos da região chiando e reclamando estar prestes a quebrar. Mas
mesmo assim não paro de ir de encontro a parede, estou vendo tudo escuro e
nesse momento só preciso descarregar minha raiva em alguma coisa ou em
alguém.

— Christopher, nós precisamos sair daqui. Isso é uma arma... — nossa


interligação foi interrompido por um forte estrondo. Num momento eu
estava parado e no outro uma explosão arremessou meu corpo para longe, o
impacto do meu corpo contra a parede foi tão forte que sinto o gosto de
sangue na boca, meus ouvidos estão zumbindo, e minha visão está
escurecida, mas posso ver a quantidade de fumaça e poeira em todo lado,
meu peito dói de forma descomunal e por isso não para de chiar a cada vez
que de forma esforçada eu puxo o oxigénio.

Assim de longe ouço a voz de Domínic chamando por mim, mas não
consigo responder porque estou me engasgando com meu próprio sangue.

— Fala comigo cara, Christopher? — tento falar alguma coisa mas as


palavras não saem — nós vamos te levar para o hospital. Eu sinto muito
cara.

— A... minha mulher ela... — não consigo terminar porque a porra do


meu peito está doendo com esse esforço todo.

— Nós vamos achar ela. Não vamos deixar aquele filho da puta destruir
sua vida outra vez.

— Ela...ela vai me dar um filho — minha mente viaja entre a ilusão e a


realidade e eu mal consigo manter meus olhos abertos.

— Merda! Rápido tragam a merda desse helicóptero — ao longe escuto a


voz de Domínic gritando mas eu estou exausto demais minhas forças se
esvaem de mim, e sinto que estou no meu limite. Eu prometi que nunca ia
abandonar ela, mas parece que o diabo não concorda com isso, porque ele
insiste em querer me levar agora.
— Não não não — grito quando de repente o quarto onde fui mantida
presa por algumas horas voa pelos ares devido a explosão forte que teve no
cómodo com meu marido lá dentro — Christopher por favor não faz isso
comigo por favor meu amor — Choro em frente a televisão a minha frente
ajoelhada no chão. E aquele homem atrás de mim não para de gargalhar feliz
com o que aconteceu.

Esse doente armou para ele. O que ele não sabe é que uma parte minha
também se foi naquela explosão, meu corpo todo treme. O homem da minha
vida não está mais aqui, ele se foi e não pude dizer o quanto o amo e que o
fruto da nossa união cresce dentro de mim.

— Nós perdemos ele — um dos homens no vídeo diz, e então a tela é


desligada.

— Meu Deus por favor não faz isso comigo. Não o tire de mim por favor
— a mulher que até agora não aceito ser minha mãe me abraça por trás
fazendo carinho em mim me falando palavras para acalentar minha dor. Mas
nem isso resulta.
— Isso, chore minha menina. Eu vou estar aqui para enxugar todas as suas
lágrimas. Estarei aqui com você.

— Mamãezinha — choro em seu peito ainda sem acreditar que ele não
está mais aqui.

Não sei se vou conseguir viver sem ele.


Seis meses depois

Aliso minha enorme barriga olhando para o lindo jardim a minha frente,
ele adora quando me sento aqui, tanto é que não para de chutar, mamãe disse
que ele será um grande jogador de futebol, mas eu não acho, porque com
certeza se tiver o génio do pai será um grande homem de negócios.

Se passaram seis meses desde o dia que tiraram o homem da minha vida
de mim, e hoje estou com sete meses de gravidez, mais algumas semanas e
meu anjinho estará em meus braços.

Anjinho

Até um simples apelido faz eu me lembrar dele. Eu era o anjinho dele,


nunca pensei que sentiria tanta falta de ouvir essa palavra saindo da boca
dele. Ele se foi a seis meses mas quanto mais o tempo passa mais o amo e
mais me conecto com ele, esteja onde estiver. Nosso filho é a prova viva de
que tudo o que vivemos não foi apenas um mero sonho, e as vezes me culpo
por não ter contado para ele que estava grávida. Mas meu filho crescerá
sabendo que o pai é um dos melhores homens do mundo. E apesar de eu
estar cativa aqui ele fez de tudo para nos salvar.
A boa parte de tudo isso para além da gravidez é ter reencontrado minha
mãe, após aquele fatídico dia eu e ela tivemos tempo suficiente para
conversar e esclarecer as coisas, nesse momento da minha vida ela tem sido
meu porto seguro, porque toda essa situação ainda é muito recente para mim,
todo mundo quer saber onde está a viúva de Christopher Parker.

O desgraçado do Antonin tinha tudo muito bem planejado. Ele matou meu
marido porque sabia que comigo ele poderia ter acesso ao banco e suas
filiais no mundo todo. Me obrigou a assinar um monte de documentos que
eu não entendo, eu tentei resistir mas ele ameaçou a vida da minha mãe e a
do meu filho se eu não o fizesse. Por isso mesmo meu coração doendo por
abrir mão do que seria do meu filho eu assinei aqueles papéis, e assim ele
teve direito total sobre tudo o que era do Christopher, sendo eu a herdeira
universal.

Suspiro mais uma vez após sentir mais chute, ele está mais agitado que
nunca. Não tem um dia que eu não sonhei com Christopher e em todos eles,
ele me diz que nunca irá me deixar e eu digo que o amo, mas quando acordo
e vejo o vazio na cama eu choro porque ele não irá voltar. Ele me faz tanta
falta, sinto tanta falta daquele jeito dele de ser, silencioso, sombrio, protetor
e claro possessivo.

Mas não posso me entregar a tristeza, apesar de ter vivido dois lutos
consecutivos eu preciso me reerguer, assim como minha mãe disse, pelo meu
filho eu preciso ser forte e arranjar um jeito de ir embora daqui. Assim como
eu ela está disposta a fugir desse homem com quem ela tem sofrido a anos.
Cada palavra dita por ela relatando tudo o que tem sido a sua vida eu
também chorava com ela. Desde pequena alguma coisa me dizia que minha
estava em alguma parte do mundo sofrendo.

Ela disse que resistiu todo esse tempo com a esperança de rever a mim e
ao Dimitri, ela ficou muito triste com a morte do meu irmão, mas feliz por
me ter ao seu lado e saber que será avó de um menino. Esse bebê é que tem
nos fortalecido, é por ele que estou em pé e pretendo fugir desse lugar nem
que para isso eu tenha que derramar sangue pelo caminho.

Aqui é tão calmo e tão silencioso que já imagino porquê do meu filho
gostar do lugar, estamos na Itália, numa propriedade bem afastada de tudo
pelo que vejo, tão perto da minha amiga Emanuelle, mas sei que se eu fizer
algum telefonema na hora serei descoberta.

Minha única distração são a leitura, a comida e a escolha das roupas do


meu príncipe, obviamente que não saio da propriedade mas uma especialista
da área vem aqui todos os meses trazer roupas de gestante para mim e as
roupinhas do meu filho. A gestação está me fazendo bem de certa forma,
meu tom de pele pálido foi diminuindo, engordei alguns quilos e meus peito
incharam, até achei estranho mas mamãe garantiu que é algo normal.

Fico imaginando qual seria a reação do Christopher se ele me visse


grávida, ele era tão viciado em sexo que acho que apenas pensaria em me
possuir devido ao corpo avantajado que ganhei. Não sei se alguma vez
voltarei a sentir o que ele me fazia sentir mas nossas noites de paixão nem se
quer ser se nesse mundo exista algum homem capaz de me dar prazer da
mesma dimensão que estou acostumada, e o principal, acho que nunca teria
coragem de me envolver com outra pessoa sendo que ele ainda é muito
presente na minha mente e no meu coração.

— Aí meu amor você faz tanta falta. Eu nem pude ao menos te enterrar —
eu ao menos sei onde estão os seus restos mortais, me pergunto aonde
levarei meu filho no dia dos pais.

— Oh filha você está se torturando outra vez? Já falei que isso não é bom
para o bebê — minha mãe senta do meu lado no banco e me abraça.

— Eu sei, eu sei. Só que para mim ainda é difícil acostumar que o perdi
mãe. Não é justo alguém que a gente ama morrer injustamente sendo que
nesse mundo existem pessoas que apenas pagariam seus eros com a morte.

— Essa dor nunca irá passar, cabe a você, saber como a gerir para que não
sugue sua vida.

— Como a senhora consegue parece tão serena após perder meu pai e o
meu irmão e ainda estar presa aqui? — questiono enquanto mãos encarando.

— É muito fácil minha vida, é só lembrar sempre dos momentos que vivi
feliz com seu pai e seu irmão. Verá que em breve toda vez que lembrar dele
você irá sorrir ao invés de chorar — Assinto e então ela me ajuda a levantar
para que entremos pois o almoço já foi servido.

Mantemos uma conversa descontraída sobre música, outra coisa que


temos em comum é a música clássica, mas paramos nossa conversa quando
ouvimos vozes alteradas vindo do interior da casa. Nos entre olhamos e
entramos no interior da casa, uma mulher morena e Antonín estão discutindo
na sala de estar, então nos apressamos porque não queremos ser vistas,
quando achei que já tínhamos andado suficiente uma voz chama meu nome.

— Sasha — eu conheço essa voz. Então me viro para comprovar minhas


suspeitas, mas o rosto que vejo a minha frente está horrível.

— Morgan? — sussurro seu nome enquanto ela me lança o olhar mais


mortal do mundo. Não sei como reagir o estado o rosto dela me chocou.

— Sim sou eu, e isso que você está vendo no meu rosto foi cortesia do seu
marido antes dele ir para inferno — ela ri, e eu não paro de olhar a cicatriz
enorme que está em seu rosto, ela parte do queixo e sobe até sua bochecha,
uma outra cicatriz começa na sobrancelha e é possível ver ela seguir até seu
coro cabeludo — sim, você estava casada com um demónio e nesse
momento ele deve estar sendo queimado pelas chamas do inferno.

Fico horrorizada pelo jeito que ela está falando do Christopher, nunca vi a
Morgan com tanto ódio como agora.

— Morgan o que aconteceu? Porquê Christopher faria uma coisa dessas


com você? E porquê você me olha como seu tivesse feito algo de errado?

— Porque você assim como a minha irmã é uma burra e tonta. Nem
entendo como foi possível você viver tanto tempo ao lado dele e permanecer
viva.

— Já chega Stephany — Stephany? — vamos acabar logo com isso,


venha ao meu escritório.

Olho para ela incrédula só agora me dou conta que ela é só mais uma das
pessoas que trabalha para esse homem. Como eu pude me enganar tanto?
Agora entendo o fato de nunca ter feito nenhum esforço para aceitar minha
amizade.

Minha mãe segura na minha mão me chamando de volta a realidade. O


almoço transcorre no maior silêncio, diferente dos outros dias. Minha mãe
sabe que nesse momento conversar com meus próprios pensamentos irá me
fazer muito bem. Depois do almoço eu fui para meu quarto descansar um
pouco.

Mas me dirigi para o quarto a toa, porque apesar do silêncio eu não


consigo dormir pensando em tudo o que aconteceu comigo desde que fui
capturada até o dia de hoje quando vi a Morgan. Eu não sei o que esse
homem pretende com tudo isso mas com certeza coisa boa não é, minha mãe
me explicou alguns retalhos sobre o que é essa organização GENISIS, mas
ela não tem muita coisa porque o que ela sabe ouviu escondido pelas paredes
da casa ao longo dos anos. E segundo ela essa organização precisava do
banco do meu marido para fazer alguma coisa, e era tudo o que faltava para
completar os planos deles, mas Christopher jamais cedeu e por isso armaram
meu sequestro e depois o mataram, tudo isso pelo dinheiro, é impressionante
o quanto a alma humana pode ser podre as vezes.

Escuto alguém batendo ma porta e logo de seguida minha mãe é quem


entra.

— Tudo bem minha filha? — Estamos convivendo juntas a tão pouco


tempo e ela já me conhece como ninguém.

— Nada demais mãe, apenas lembrando de algumas coisas e também


ainda estou chocada com a participação da Morgan em tudo isso. A senhora
viu o que o Christopher fez com ela? — minha mãe e assente e eu continuo
— significa que ele sabia que a Morgan não era quem dizia ser.

— Sim isso é verdade. Pelos vistos ele estava torturando ela,


provavelmente estava procurando respostas. Mas nós nunca saberemos —
minha garganta se fecha ao ouvir essas palavras.

— Sim nós nunca saberemos. Porque meu marido está morto, mãe eu
estou cansada desse lugar a gente precisa ir embora daqui depressa antes que
nossas vidas pereçam sem nós percebemos. — Nós já planejamos vários
planos de fuga mas até agora não deu para executar nenhum, porque esse
lugar tem seguranças em toda parte. — Eu juro que se pudesse dava um tiro
na cabeça daquele desgraçado.

Esbravejo com raiva porque tudo isso está me deixando exaurida demais e
sem mais energias.

— Então esse é o seu plano mirabolante? — escuto Morgan falando


irónica de repente ao entrar no meu quarto.

Ela se aproxima de nós e para a minha frente.

— Morgan por favor saia do meu quarto.

— Não vou sair porque esse quarto não é seu, você está aqui de favor
porque se Antonin resolver mandar você embora, irá parar de baixo de uma
ponte porque não é mais milionária, em breve essa casa, a casa em que você
morava e todo resto serão meus, porque eu serei a mulher com a qual
Antonín passará o resto da sua, e não com duas inúteis como vocês.

— Porquê tanto ódio? Porquê me odeia tanto?

— Não se sinta espacial minha querida, não tenho ódio especificamente


por você, e sim por todas mulheres iguais a você e a minha irmã. Ingénuas e
burras. — Ela aponta para minha cabeça e depois ela bate nela com o dedo.

— Eu não tenho nada haver com a sua irmã e nem ao menos a conheço.
— Esbravejo me levantando porque estou cansada que ela me insulte.

— Você tem sim, porque as duas foram mulheres do mesmo homem —


não posso negar que estou surpresa porque não sabia desta parte da vida do
Christopher — sim, seu querido amado também era casado com a minha
irmã, e sabe o que ele fez? Matou ela e o filho que ela esperava, matou o
próprio filho.

Nego freneticamente com a cabeça porque sei que meu esposo não seria
capaz de tal coisa.
O berço

Agora está tudo explicado, aquele lugar é onde ele guardava as


lembranças do primeiro casamento.

— Ele era um maldito assassino que agora está pagando por isso no
infer... — antes que ela termine a frase dou um tapa na cara dela e faz virar o
rosto e me fulminar com o olhar.

— Não vou permitir que insulte a memória do meu marido na minha


frente — ela ia revidar com outro tapa mas minha mãe foi rápida e segurou
no braço dela, e só agora eu prestei atenção na luz vermelha apontando para
a cabeça da Morgan. — O que é isso? — aponto para luz que agora está em
seu peito. Como se tivesse entendido o que é ela sai correndo mas antes que
pudesse chegar na porta um disparo acerta sua orelha e o órgão sai voando
para longe. Ela cai no chão com rosto cheio de sangue e grita de dor.

Eu e minha mãe nos abaixamos para não ser acertadas.

Será que estão invadindo a propriedade?

Morgan tem a pretensão de sair do quarto e avisar os outros sobre o


ataque, então eu caminho até ela e a jogo de novo no chão para que não saia
do quarto. Então começa uma luta entre nós duas, sem me importar com o
sangue golpeio o lado dela que está sem a orelha a fazendo gritar de dor.

— Sua puta desgraçada, vou matar você e esse seu bastardo — ela
consegue se levantar e me jogar na cama, antes que eu pudesse levantar ela
sobe em cima de mim quase se sentando na minha barriga e começa a me
dar tapas no rosto, minha visão começa a ficar turva e sangue começa a
escorrer por meu nariz, faço um esforço para pegar a faca que mantenho
escondida em baixo do travesseiro e assim que alcanço eu cravo no ombro
dela fazendo ela sair de cima de mim e me chingar dos piores nomes que
existem.

Ela sai correndo, dou uma rasteira nela e subo em cima dela, aperto o
pescoço dela ao mesmo tempo que bato sua cabeça no chão, bato com toda
força que posso, e não me reconheço.
— Nunca mais insulte a memória do meu marido e muito menos ameace
meu filho — e num último golpe ela apaga. Respiro de forma ofegante ainda
sentada em cima dela sem acreditar no que fiz. — Será que a matei? —
questiono enquanto minha mãe me analisa.

— Acho que não, o peito continua se mexendo — ela me ajuda a me


levantar e trocar o vestido, fazendo tudo isso em silêncio porque as duas
continuamos em choque com o que acabou de acontecer — será realmente a
casa foi invadida?

— Só tem um jeito de saber. Essa pode ser nossa única oportunidade de


finalmente ir embora deste lugar— espreito pela janela e vejo o caos
formado lá fora. Alguns seguranças estão caídos e alguns disparam para o
meio da vegetação. Uma sensação estranha se apodera de mim, é algo tão
forte que chego a ficar desnorteada. Eu só senti isso quando...

O Christopher estava prestes a chegar na Rússia.


Sem me aperceber de novo estou encarando a foto da minha esposa, ela
está mais linda do que me lembro. A gravidez está fazendo muito bem a ela,
e dentro de algumas semanas ela terá o bebê, enquanto ela não sair daquele
lugar eu não vou sossegar, mesmo em algumas fotos aparecendo enquanto
sorri eu sei que ela sofre com a minha suposta morte.

Porque foi isso que aconteceu, eu morri por cinco minutos mas de alguma
forma alguma coisa dentro de mim se reacendeu algo que me obrigou a lutar
pela minha vida, porque não só ela dependia de mim outro intruso estava
chegando na minha vida, e eu precisava manter a promessa de nunca
abandona-la.

Quando acordei no hospital e me falaram que fiquei em coma por quatro


meses não pude acreditar, mas Domínic me explicou como tudo aconteceu,
eu estava tão fodido que tiveram que me induzir ao coma. Quase perdi
alguns membros e fiquei surdo, mas com o tratamento fiquei novo em folha.

E desde então estamos trabalhando numa nova forma de capturar Antonín,


expusemos tudo o que estava no pendrive para a media, com esse escândalo
ele deve estar mais preocupado em eliminar os o que foram expostos do que
cuidar da própria segurança, e é por isso que é o momento certo para atacar.
— Pronto para trazer sua família de volta?

— Mais do que pronto.

Estou chegando anjo.


— Mas que merda ela está fazendo? — Questiono ao ver Sasha se
atirando para cima da Morgan através do meu binóculo. Estamos a mais de
um quilómetro de distância da propriedade e tal como suspeitamos Antonín
está mais preocupado em eliminar os membros da GENISIS que foram
expostos do que com a segurança da casa, e eu não podia perder a
oportunidade de matar a vadia da Morgan quando a vi gritando com minha
esposa, que pelo que vejo aprendeu muito bem a se defender, uma vez que a
vi dando uma boa surra na Morgan. Mas o tiro não foi fatal — Domínic acho
que está na hora de entramos, não quero que aquela vadia ataque minha
mulher.

— Equipe um e dois avançar — ele fala pela escuta e logo de seguida


vários homens surgem pela mata e escalam os murros da propriedade, e com
muita facilidade conseguem entrar, enquanto alguns invadem por terra
outros permanecem nas sombras como reta guarda.

A adrenalina é tanta que já posso sentir minhas mãos arrancado o coração


daquele filho da puta. E analisando agora o fato de Domínic ser controlado
me ajudou muito para não sair dos Estados Unidos por conta própria e vir até
aqui meter uma bala na cara do desgraçado, desta vez ele foi muito
precipitado ao aceitar minha morte, mas esse erra o objetivo dele quando
implantou aquelas bombas naquele quarto, então Domínic resolveu dar a ele
o que tanto queria, quando fui induzido ao coma ele espalhou pela media que
eu estava morto para a informação ganhar mais credibilidade.

Assim que um dos homens sinaliza de que o lado externo da casa está
controlado eu me levanto saindo imediatamente do nosso fato camuflado,
não vou deixar a vida da minha esposa e a do meu filho nas mãos dos outros.

— Que porra você está fazendo? — meu companheiro me pergunta se


afastando do rifle que aponta para casa.

— O óbvio, eu vou pessoalmente. Irei buscar minha família, não que eu


não confie nos homens do Enrico mas preciso me certificar que ela não sairá
com um único aranhão deste lugar. — Ele me encara em negativa mas sabe
que nada irá me deter.

— Merda de homens apaixonados. Já tinha avisado que um dia vocês iam


se foder por ser tão dependentes das vossas esposas. Um levou um tiro e
quase morreu, o outro foi traído e ainda quase explodiu dentro de uma casa e
você praticamente explodiu dentro do um quarto. — Ele volta a posição
inicial e segura no rifle como se não tivesse acabado de falar nada — não
falo mais nada, se está disposto a morrer por causa de uma buceta problema
seu.

— Não fode Dominic — ele sabe que estou me segurando para não socar
sua cara agora por falar dessa forma da minha esposa — apenas faça o que
mais sabe fazer, atire e mate, eu gosto de ver o perigo cara a cara — desço a
montanha coberta de vegetação carregando minha arma. Antes de atravessar
o portão da propriedade escuto o exato momento em que Domínic avisa que
em breve também irá se juntar a mim. Eu sabia que ele não resiste a um
banho de sangue.

Os tiroteios estão por toda parte, e é por isso que eu preferi vir e ver tudo
com meus próprios olhos.

Merda
Esse lugar é enorme e não sei por onde começar a procurar minha esposa,
me encaminho até o interior da casa, abro porta por porta e nada dela apenas
alguns funcionários com medo de serem alvejados. Uma mancha vermelha
chama minha atenção no último degrau da escada, e então é para lá que eu
vou, sigo o percurso do sangue até que chego ao quarto onde minha esposa
estava a pouco tempo, ela fez um bom trabalho, a recompensarei por isso. O
fato de Sasha ter contido a ação da Morgan quando ela quis espalhar que
estávamos atacando foi suficiente para que nosso plano não falhasse.

Tomara que ela não esteja perto daquele filho da puta agora.

Quando eu ia voltar a descer as escadas um tiro ecoa em algum lugar da


casa e logo de seguida escuto o grito da Sasha.
Após saírmos escondidas do quarto eu e minhas mãe vagamos pela casa
sem rumo, os tiroteios estão por toda a parte e não sabemos qual o lado da
justiça nesse momento. Não sabemos se esse ataque é da polícia ou algum
inimigo do Antonín, nós estamos completamente de fora do assunto.

— Precisamos arranjar um jeito de fugir — sussurro para minha mãe que


está agachada comigo por baixo da mesa. É possível sentir a intensidade de
tremores da minha mãe, ela está apavorada.

— Não minha filha, é muito perigoso. Ele vai nos achar e me levar de
novo, eu sei que te prometi que seria forte por nós três. Mas quando Antonin
Fica bravo ele vira um demónio e não quero imaginar nas atrocidades que
ele irá fazer comigo caso eu o desafie desse maneira — eu entendo ela. Está
cativa desse homem a anos que de forma automática a mente dela se nega a
desobedece-lo dessa forma, é difícil negar mas esse homem estragou a
minha mãe, quando ele está por perto é possível ver a submissão dela
perante a ele, e o desgraçado fica satisfeito toada vez que vê o olhar
atormentado da minha mãe.

— Mãe eu sei que a senhora está com medo. Mas precisa ser forte para
que consigamos sair daqui com vida. Sem o papai, o Dimitri ou o
Christopher agora estamos por conta própria nós duas. Precisamos fazer
nossas vidas valerem a pena mãe, por favor, eu quero que meu filho cresça
longe de toda essa violência — nos abraçamos e minha mãe me promete que
será forte e que fará de tudo para que tenhamos um novo recomeço longe
daqui.

Resolvemos sair de baixo da mesa, mas antes que pudéssemos dar um


passo, o engatilhar de uma arma chama nossa atenção bem atrás de nós. Nos
viramos e um Antonín nos observa com seu olhar fulminante capaz de
destroçar qualquer alma que tenha vida.

— Olhem só, então as fujonas estavam aqui bem escondidas. Katia vem
— minha mãe nega freneticamente, eu me posiciono na frente dela para
impedir que ele se aproxime.

— Você não vai mais colocar essa suas mãos imundas na minha mãe
nunca mais — ele gargalha Enquanto brinca com a arma que está em suas
mãos.

— Menina tola. Tão tola igualzinha a mãe. Nada nem ninguém irá me
separar dela, não é bichinho? — minha assente e caminha até ele sob meus
protestos.

— Mamãe não por favor. Não o deixe tomar o controle por favor.

— Minha para sempre. — Ele alisa as bochechas dela e o fato da minha


mãe estar derramando lágrimas de medo não o afeta em nada — agora diga
que me ama — esse homem é louco meu Deus. — Anda quero ouvir da sua
boca dizendo que me ama benzinho.

No fim eu entendo ele. A falta de amor e afeto faz com que as pessoas
passem a fantasiar coisas que talvez nunca se irão se concretizar, no fundo
Antonin é um homem que se sente rejeitado porque minha mãe nunca pôde o
amar, porque o amor dela pertence e sempre pertencerá ao meu pai, e ele
sabe disso e por mais que mantenha minha mãe refém de seus desejos sujos
ela nunca será dele de corpo e alma.

— Já chega Antonin, Minha mãe não te ama. Ela ama e sempre amará
meu pai — ele esbraveja e segura o braço da minha mãe com força
arrancando dela um gemido de dor — solta ela por favor você a está
machucando — ele não cede.

Recuo um passo quando de repente Morgan surge por uma das portas
todas ensanguentada se e machucada pelas surras que dei nela.

— Eu vou te matar sua desgraçada — ele avança em minha direção no


mesmo momento que Antonin puxa minha mãe para longe — Antonín aonde
você vai? Filho da puta, você não vai me deixar aqui.

Ele não responde nada e continua arrastando minha mãe com ele. Não
posso fazer nada porque tem uma arma apontada para minha cara nesse
momento, qualquer movimento e serei alvejada. Em nenhum segundo
Morgan demostra alguma desistência em relação a apertar o gatilho.

— Morgan por favor eu estou grávida, por favor. Pense no que a sua irmã
acharia da sua atitude nesse momento. Por favor me deixe pelo menos ter
meu bebê — ela bate a arma na própria cabeça e ri de mim.

— Não se engane não vou poupar sua vida. Por isso não implore. — Ela
torna a apontar a arma para mim, e minha única reação é fechar os olhos —
vai se juntar ao filho da puta do seu marido sua cadela.

E então dispara. Um líquido viscoso respinga no meu rosto de seguido


um baque de um corpo caindo a minha frente faz eu abrir meus olhos, foi
impossível não gritar ao notar que o líquido espalhado no meu rosto é o
sangue da Morgan, e ela está caída e morta seu rosto está completamente
desfigurado.

Ela atirou nela mesma?

O estado da arma em sua mão denuncia que ela explodiu, não sei como
mas ao invés da bala sair pelo cano ela foi para direção contrária atingindo
seu rosto. Os olhos sem vida estão me encarando e foi impossível não sentir
um calafrio aterrorizante com essa cena.

Saio correndo na direção que minha foi levada sem me importar com o
sangue espalhado pelo meu rosto e corpo. Minha mãe é o importante agora,
eu não saio daqui sem ela. As hélices de um helicóptero fazendo um barulho
ensurdecedor me alertam que provavelmente esse é o meio de fuga que
Antonín irá usar.

Desço as escadas praticamente correndo até o andar de baixo, meu filho


não para de mexer, provavelmente deve estar sentindo o quanto a mãe está
agitada.

— Agora não bebê, por favor — pelas enormes janelas já é possível ver a
aeronave sobrevoando a propriedade e bem no final do corredor minha mãe
anda tentando acompanhar seus passos largos enquanto ele grita com ela
sobre alguma coisa se ele morrer ela também morre.

Esse homem está doente.

Eles entram pelo subsolo da casa, não sei onde isso vai dar e mesmo assim
eu continuo os seguindo. Pelo caminho seguro numa barra de ferro de
espessura grossa e meio pesado, faço o mínimo barulho possível para que ele
não me veja. Quando finalmente alcançam a saída do subsolo eu me apreço
até finalmente ficar praticamente atrás dele. Minha mãe luta com todas as
forças para se soltar dele, o que é impossível visto que ele é duas vezes
maior que ela.

O barulho de um estrondo forte faz com que eu me desequilibre e segure


na parede, pois até a estrutura de concreto teve um abalo após o forte
barulho que se ouviu. Parece ter sido uma explosão.

— Merda — Antonín esbraveja e segura o celular logo de seguida — que


merda foi essa? Quem foi que explodiu o meu helicóptero. Desgraçados.
Mandem um outro agora ou mato você e toda a porra da sua família.

Aproveito que ele está distraído com o celular e me aproximo por trás
cautelosamente, com toda força que possuo seguro na barra de ferro e acerto
um golpe forte na cabeça do desgraçado que vai no chão sangrando.

— Mãe — trocamos um abraço forte, faço uma supervisão nela e vejo que
para além da bochecha e o olho inchados, provavelmente consequência das
surras que ele deu nela, não está machucada em outro lugar — vem mãe
vamos embora.
Saímos correndo em disparada antes que ele acorde. Corremos uma coisa
de duzentos metros e quando nos viramos para trás ficamos aterrorizada ao
constatarmos que o corpo caído de Antonín não está mais onde o deixamos.
De repente duas sombras em formas de homens aparecem rebolando pela
grama um tentando golpear o outro.

Eu quase tenho uma queda de pressão quando no meio daquela confusão


de músculos vejo uma barba muito bem conhecida por mim, e apesar das
roupas pretas até os pulsos, é possível ver os desenhos das tatuagens nas
mãos.

Não, isso é apenas minha mente brincando comigo nesse momento de


carência. Eu estou começando a confundir as coisas.

O Homem enorme atira o corpo ensanguentando do Antonín para longe e


se vira para me encarar. Como se seu olhar tivesse me dado uma espécie de
choque meus olhos lacrimejam e um silêncio perdura no ar apesar do caos
instalado. Ele caminha em minha direção e eu permaneço imóvel apoiada
por minha mãe uma vez que meus pés ameaçam fraquejar.

— Eu estou ficando maluca. — sussurro, então a miragem a minha frente


sorri e acaricia minha bochecha — mãe estou vendo uma miragem do meu
marido e posso sentir o toque e o cheiro dele. Quão louca a senhora acha que
estou?

— Meu anjinho — não definitivamente eu não estou sonhando. Eu acabei


de ouvir a voz dele, e quando ele me chamou de anjinho todo meu corpo
vibrou e cada célula minha gritou em reconhecimento. — Sou eu meu anjo.

Apesar dos fatos estarem na minha cara eu não quero aceitar. Pode ser
uma ilusão e eu não quero me apegar e depois quebrar meu coração. Mas
quando sinto o toque da sua mão quente na minha barriga eu perco o fôlego,
e é como se meu filho também reconhecesse ele pois não para de chutar
como se quisesse gritar para pai que ele existe. Olho para o homem a minha
frente e seus olhos brilham, não vejo decepção, raiva ou rancor em sus olhos,
ele está... feliz.

Ainda trémula conduzo minha mão até seu rosto e aliso cada canto dele.
— Você está aqui? Você voltou para mim? — ele assente e eu ainda não
posso acreditar — você está mesmo aqui e...e eu estou grávida. — baixo
meu olhar porque ainda é difícil confessar isso só agora — desculpe por não
ter dito antes eu sinto muito.

Ele segura meu rosto para nos encararmos.

— Shh, eu estou aqui agora, eu prometi que nunca te deixarei e eu vou


cumprir essa promessa até o dia dos nossos últimos suspiros. — Ele me
abraça tão forte como se quisesse sentir que eu realmente sou real, assim
como eu ele traduz a saudade.

Tudo acontece muito rápido, num momento Antonín estava parado para
atirar no Christopher, mas um vulto surge de repente o jogando no chão e
desferindo incessantes socos na cara dele. Eu e minha mãe olhamos
horrorizadas para o tal homem, ele é um assassino frio, a crueldade é tão
evidente em seu rosto que me pergunto se tem um coração batendo no peito
dele.

Os detalhes dele não me prendem por muito tempo pois uma dor
descomunal começa a se fazer sentir na minha barriga. Estão todos tão
concentrados em prender Antonín que ninguém repara no momento que me
ajoelho no chão para conter o grito de dor.

— Christopher! — ele se vira e olha para mim exatamente no momento


que minha mão passa pela coxa onde o sangue escorre — eu estou perdendo
o nosso bebê.
Não anjo você não vai me deixar.

Grito num monólogo interno parado na sala de espera do hospital. Ela


veio o caminho todo desmaiada e perdeu muito sangue, isso estava me
preocupando, achei que ela fosse entrar em trabalho de parto, mas os
médicos me garantiram que irão fazer de tudo para que meu filho viva mais
um pouco na barriga da mãe para que se fortaleça um pouco mais.

Porra

Isso está demorando demais, a mãe dela não para de chorar sentada no
sofá. Tal como eu está preocupada com a filha.

— Vocês mataram ele ? — Não precisa ser nenhum gênio para saber que
ela está falando do Antonín.

— Ainda não, mas em breve ele estará morto. Aquele lixo não é mais
assunto meu nem seu, a pessoa indicada irá cuidar para que ele chegue ao
inferno como merece — ela assente e volta a se trancar o próprio mundo.
Antonín não é o único que irá para o inferno em grande estilo a Morgan
também, ela praticamente ficou sem rosto após a arma disparar na direção
contrária. Ela é um problema a menos.

Depois de mais de trinta minutos o médico vem ter connosco.

— Como está minha esposa? — penso meu um pouco e prossigo— e meu


filho?

— Os dois estão bem. Melhor do que pensávamos, ficarão apenas alguns


dias em observação, mas recomendo que sua esposa mantenha repouso. Não
se esforce e nem carregue coisas pesadas e não faça movimentos bruscos —
ele me olha com uma cara e depois prossegue — se é que me entende.

Assinto e caminho até o quarto onde ela está. Ela está olhando para janela
e quando percebe minha chegada ela se vira para me encarar.

— como se sente anjo? — me sento na poltrona perto da cama.

— Estamos bem — vou levar um tempo a me acostumar de que agora


seremos três. — Como você sobreviveu a explosão? Eu vi quando as
bombas explodiram com você lá dentro como saiu vivo?

Então explico para ela como tudo aconteceu, falo também da minha
relação com Antonín e o motivo de eu estar tão envolvido com ele e nos
planos sujos que ele tinha para o mundo.

Passamos alguns dias no hospital e quando o médico finalmente autorizou


a alta embarcamos para nossa casa junto com sua mãe, e mais uma vez ele
desapareceu e só irá reaparecer quando precisar de algo ou vice versa.

Seattle, Washington

Já passam alguns dias desde a nossa volta para casa, e por mais que eu e
Sasha estejamos nos aproximando eu sinto ela meio distante, ela não é mais
a minha Sasha, eu vejo o quanto ela quer questionar quer saber das coisas
mas esse meu jeito de ser não permite que ela se abra por completo. Ela é tão
minha que para além de marca-la na minha mente e na porra do meu coração
eu a marquei no meu corpo.

A mãe dela tem se adaptado muito bem com nova realidade, ela tem me
ajudado a ficar de olho na filha, por causa da gravidez existem certas coisas
que ela não pode fazer e eu estou quase ficando de bolas roxas porque ela
sempre me provoca ficando pelada pelo quarto expondo aquelas curvas que
tem me deixado com água na boca, a vontade que tenho as vezes é de joga-la
na parede e me perder nas suas curvas novas, ela está tão gostosa que só de
me lembrar no quanto a buceta dela é apertada eu já fico duro.

Saio do escritório para procurar por ela, voltar a vida normal está levando
o seu tempo pois tenho que reorganizar as coisas do escritório e também
ficar de olho nela. E como sempre a acho na sala de cinema, onde sem sido
um de seus lugares favoritos.

— Vem anjo, preciso de mostrar algo — ela segura minha mão e


caminhamos juntos até que quando chegamos a escada a seguro em meus
braços.

— Christopher isso é um exagero eu posso subir uma escada por conta


própria. — Ela reclama fazendo um bico nos lábios.

— Eu sei que pode anjo mas eu não quero que o faça. — Quando
passamos o andar do nosso quarto ela fica meio aflita pois estou a levando
para o andar onde fica o quarto de jogos.

Paro em frente a porta pretendida e a abro. A coloco no chão e ela entra


no ambiente em choque.

— Onde estão todas as coisas? — ela pergunta ao se aperceber que me


livrei de todas as coisas da Stacy.

— Anjo olha para mim — e assim ela o faz — eu quero te pedir desculpas
por não ter contado para você este lado do meu passado, você merecia saber
de tudo. Por mais que eu não queira eles sempre irão ocupar um lugar aqui
— aponto para meu peito.
— Você ainda a ama não é? — Ela pergunta enquanto se vira para a
janela, sua voz soa triste e desesperada.

— Não, eu não a amo mais porque ela não está mais aqui, nem meu outro
filho. Mas você e nosso filho estão aqui e vocês são tudo o que preciso —
ela se aproxima e segura minha camisa, eu permaneço imóvel vendo cada
movimento dela. Ela começa desabotoado minha camisa deixando toda parte
frontal do meu corpo exposta para então ela passar os dedos em cada
tatuagem, e eu não protesto porque se ela quiser que eu me queime agora eu
me queimo, se ela me der um tapa eu também vou aceitar.

— Essa tatuagem você fez em homenagem a eles não é? — ela pergunta


das iniciais que a algum tempo quis saber o que significam.

— Sim, são as iniciais do meu nome da Stacy e do nosso filho — os olhos


dela brilham e eu quero muito dizer a ela que tem um lugar na minha vida.
Por isso tiro a camisa e me viro de costa para ela.

— Christopher o que é isso? — a dias tatuei ela grávida nas minhas


costas. Quem vê de longe pensaria que é alguma santa de tão perfeita que
ficou ela tatuada na minha pele. Os dedos trémulos tocam cada canto da arte
— é tão linda. — ela sussurra. Mas se não saímos daqui em instantes sou
capas e a locar naquele escrivaninha a foder feito um depravado.

— Anjo é melhor nós saímos daqui agora ou — solto um gemido


profundo e rouco ao sentir os lábios sedosos delas passando por minhas
costas e sua língua perfeita me torturando.

— Ou o quê?

— Ou te colocarei sobre aquela mesa e te foderei feito um doente —


quando ela solta uma risadinha de menina safada meu pau quase salta da
calça.

Que se dane

Seguro nela e a coloco sobre a mesa, abro as pernas dela e quase tenho
uma síncope ao ver a buceta toda molhada a minha frente sem calcinha.
Aposto que ela estava esperando o isso tanto quanto eu. Da minha língua
chega a escorrer saliva só de imaginar lamber ela.

— Safada — dou um tapinha na bucetinha dela e ela geme quase gozando


, me abaixo para sentir seu cheiro feminino, e não resisto de passar a língua
bem no meio das dobras atingindo assim seu clitóris piscante — hum que
delícia anjo. Essas curvas estão me deixando louco.

Chupo ela bem devagar para sentir cada gota do seu néctar, Ela se
contorce puxa meu cabelo rebola na minha boca mas não goza.

— Por favor Christopher.

— O que você quer anjo? — meu dedo entra e sai da sua fenda
apertadinha enquanto eu chupo os peito que estão enormes.

— Me fode — ela esbraveja e praticamente grita e eu quase rio da cena.


Ao se aperceber da minha demora ela desfaz o meu cinto e baixa minha
calça — me foda agora.

Sem esperar mais a penetro bem de vagar e nos dois suspiramos ao sentir
um ao outro tão profundamente conectados. Me novo de vagar dentro da
buceta gulosa dela.

— Isso me come amor — ela está delirando de prazer e eu estou me


segurando para não gozar agora. Se comer uma mulher grávida é tão bom
assim então ela ficará sempre grávida — isso mais forte.

Bombo com tudo dentro dela, mais rápido porque sei que ela está tão
próxima que já posso sentir as reações do seu corpo.

— Goze anjo goze para seu marido, goze no meu pau — ela treme e grita
meu nome tão alto que não duvido que boa parte da casa tenha ouvido, me
movo um pouco mais e também me derramo dentro dela e perco a noção de
tempo e espaço — você é tão gostosa anjo.

Os dois respiramos ofegantes encarando um os olhos do outro sob a luz da


lua brilhante lá fora.
— Eu te amo tanto Christopher. Por favor não parta meu coração.

— Eu sei anjo e é por isso que eu também te amo. — Lambo as lágrimas


dela provavelmente ela nunca esperou ouvir essas palavras vindas de mim,
mas eu comecei a amar essa mulher no dia que a vi — não posso prometer
algo que talvez não irei cumprir, mas caso parta seu coração eu mesmo irei
juntar os pedaços e concerta-lo outra e outra vez até que eu pare de quebrá-
lo.

Em algum lugar dos Estados Unidos


Narrador

O homem observava o seu prisoneiro de forma tão letal que com apenas
um olhar ele mataria uma alma fraca. A vida o machucou e roubou tanto
dele que agora ele não se importar mais com os outros e muitos menos com
a droga do mundo. Agora ele segue apenas os seus instintos assassinos.

— Depois de tanto tempo ter você aqui preso praticamente caindo aos
pedaços não me parece tão divertido — os músculos enormes distribuídos
por todo seu corpo bronzeado são o que chama mais atenção a cada
movimento seu.
— Sério? — o outro sorri mesmo todo ferido e sujo e a exalando o cheiro
da podridão dos próprios excrementos, que por acaso foi obrigado a come-
los no dia de ontem. — Porquê não me mata de uma vez? Essa tortura não
irá trazer a sua família perfeita de volta. — Ele gargalha mas seu corpo
cansado e deteriorado em vida protesta no processo.

Ele sempre foi calmo e paciente por isso a frase do seu prisoneiro não o
afetou como pretendia. Mas nas o afeta o suficiente para tirar dele um
simples suspiro.

— Hoje é dia de jogar tiro ao alvo — fala enquanto passeia suas mãos nas
diferentes armas expostas sobre a mesa — estou na duvida se escolho a
Glock ou opto mesmo pelo modo tradicional do jogo, o arco e flecha. O que
você escolheria? — antes que o homem pudesse responder ele o silencia e
procede: — ham esqueci, você não pode escolher uma arma. Porque você
será o alvo do jogo. — Para quem não conhece diria que ele é um louco
psicopata pela forma que sorri só de pensar em como irá aplicar cada jogo
sujo em seu prisoneiro.

Eles não sabem o que acordaram quando mataram sua família e seu
melhor amigo.

Ele era um matador, um homem sem alma e sem nenhum outro tipo de
emoção ou sentimento, estava quebrado o suficiente para saber que até
respirar já era insuportável.

Ele era o atirador de elite.


Quatro meses depois

Olho de forma minuciosa para a minúscula criatura deitada sobre o berço,


assim como eu, seus olhos fortemente azuis iguais aos da mãe estão vidrados
em mim. Apesar de ter apenas dois meses de vida ele solta um sorriso como
se eu tivesse acabado de falar algo engraçado. Ou ele está mesmo rindo da
minha cara.

Aos poucos eu vou me adaptando a essa nova modalidade que é a minha


vida. E por mais que eu tente me desfazer de certos aspectos da minha vida,
as sombras ainda vivem em mim e acho que ninguém conseguirá mudar isso,
nem mesmo a Sasha, nem o nosso filho. Eu amo os dois , eu mataria como
também morreria por eles, mas algo em mim ainda reacende querendo
subjugar e dominar e não sei como entrar numa abordagem como essa com
minha esposa sem ser indelicado, eu não sei ser delicado.

Desde aquele dia que a machuquei nunca mais a levei para lá, não quando
naquele dia vi em seus olhos lágrimas de dor e medo, nunca comentei isso
com ela mas aquele olhar amedrontado com o qual ela me olhou ainda me
assombra hoje em dia. Mas eu jurei para ela que mudaria e vou fazer o
impossível para seguir essa promessa ao pé da letra.
Saio do meu devaneio quando escuto o novo intruso da casa
resmungando, o nascimento dele me deixou praticamente no celibato,
porque Sasha está tão emocionada com o fato de ser mãe que ela
praticamente carregou o quarto dele para o nosso quarto, e por noites sou
obrigado a ver ele sugando o seio da minha mulher enquanto ela sorri para
ele eu fico como um mero telespectador.

— Onde está sua mãe? — Pergunto ajeitando minha gravata, e me dou


conta que estou esperando pela resposta de uma pergunta que fiz a alguém
que não sabe nem lavar sua própria bunda ainda. Porra, ser pai não parece
tão interessante agora — você não vai chorar não é?

Ele me analisa e a chupeta que a pouco estava em sua boca cai para o
lado, travamos uma guerra de olhares e antes que eu pudesse fazer alguma
coisa ele começa a chorar.

Seja homem Christopher segure no seu filho e o faça parar de chorar.

— Merda — me agacho e seguro ele com as duas mãos, o tiro do berço e


o seguro a uma distância segura em frente de mim — Sasha! — assim que
ele se apercebe que está no meu colo ele se cala e começa a me analisar
outra vez.

— Oi amor — olho em direção a porta e uma Sasha gostosa dentro de um


vestido que revela mais do que devia entra no quarto sorrindo — oi meu
amor — ela fica parada imóvel ao se aperceber que estou segurando nossos
filho, seus olhos brilham e ela praticamente pula de alegria — aí meu Deus
eu esperei tanto por esse momento.

Ela começa a brincar com nossos filho que agora está em meu colo e meus
olhos não saem dos seus peitos fartos que estão quase saltando para minha
cara.

Porra, eu realmente preciso de sexo ou vou ficar maluco.

Ela retira seu mais novo companheiro dos meus braços e caminha com ele
até uma poltrona onde costuma alimenta-lo, sigo até o mini bar e sirvo uma
dose de whisky, meu corpo está precisando de algo espirituoso. Sento na
poltrona do canto enquanto observo eles dois. Não posso negar minha esposa
está contente com sua vida nova, com a mãe morando connosco e o nosso
filho ocupando a cabecinha dela, ela aos poucos esquece pelo que passou a
meses atrás. Mas Kátia continua afetada, não tem como ser diferente depois
de mais de vinte anos cativa de um doente feito o Antonín.

E pelas notícias que tive ele está sendo muito bem cuidado pelo Dominic.
Hoje em dia a GENISE não passa de um assunto esquecido, todos os
envolvidos foram presos e condenados, até a esfera mais baixa da
organização está atrás das grades, é certo que provavelmente nem todos
foram presos, alguns permanecem escondidos atrás das máscaras de grandes
empresários, políticos ou servidores públicos. Mas um por um eles irão cair.

Saio do meu devaneio quando Sasha se levanta para colocar Lincoln no


berço.

Lincoln, esse nome foi escolha dela após ver a árvore genealógica da
minha família, não sei como ela descobriu isso mas resolveu colocar o nome
do meu bisavô, ele foi o grande fundador do Internacional Financial Bank, o
banco da nossa família. Não me opus com a escolha do nome, afinal de
contas é só um nome.

Meus olhos ficam hipnotizados quando vejo o vestido dela levantar


ligeiramente enquanto ela se esgueira sobre o berço para colocar nosso filho
dormindo, vejo o lindo par de coxas e meu pau se remexe no interior da
calça, como um depravado faminto me levanto do meu assento e me
encaminho até ela.

Solto um gemido assim que meu pau duro vai de encontro com sua bunda
que atualmente está mais chamativa que nunca, ela dá um pulinho pois a
assustei e eu sorrio com isso.

— Sou eu anjo — aperto sua cintura e solto um beijo no ombro dela —


estou com tanta saudade de estar dentro de você anjo — olho pra meu
relógio de pulso para ver as horas — temos alguns minutos antes dos
convidados chegarem — ela também quer, tanto é que não para de esfregar a
bunda no meu pau, com as duas mãos seguro na barra do vestido e o levanto
de vagar até ter a visão do paraíso — você está tão gostosa anjo.
Encaminho meu dedo indicador para sua calcinha rendada e ele mergulha
tão fácil no meio das suas dobras molhadas que parece que ela espera por
isso tanto quanto eu.

— Você precisa ser castigada por ser um menina má e andar com a buceta
do seu marido molhada por aí — sussurro bem baixo em seu ouvido e ela
geme e pede que eu a foda da forma mais crua e selvagem, é isso mesmo que
eu quero a foder duro até que suas pernas fiquem bambas e ela fique com a
voz rouca de tanto gritar por mais.

A puxo pela cintura e a encosto na parede, com apenas um puxão rasgo a


calcinha minúscula que ela usava, e quando eu ia abrir o cinto da minha
calça alguém bate a porta. Não me importo e continuo buscando o meu pau
duro, mas antes que eu pudesse deslizar para dentro dela ela se afasta e ajeita
o vestido.

— Que porra você está fazendo? — questiono olhando para ela que
respira ofegante assim como eu. A aperto de novo na parede e aperto seu
lindo pescocinho sem fazer muita pressão.

— Christopher Pode ser a minha mãe — olhos para e depois para porta,
então assinto e a solto. Coloco a porra do pau no lugar e fico de costas para
porta, não que me importe que minha sogra me veja duro. Mas não é ela
quem está na porta é a governanta.

— Desculpe senhora, só vim avisar que as visitas chegaram. — Sim


visitas, parte da mudança seria eu aceitar receber pessoas na minha casa, o
que Sasha chama de meus amigos.

Ela sai correndo do quarto e a sigo logo atrás. Quero gritar com ela e dizer
que tome cuidado mas é tarde demais porque ela já está lá em baixo gritando
e pulando abraçando as esposas dos meus sócios. Elas parecem três loucas,
desço às escadas e caminho até o hall onde todos se encontram. Nós três
paramos para observar as três tagarelas que parecem terem esquecido a
nossa presença, sem dar nenhuma atenção a nenhum de nós elas saem
correndo indo em direção às escadas.
De repente os empregados aparecem carregando malas para o andar de
cima, direciono meu olhar mais mortal para Nicholas e para Enrico.

— Não me olhe assim Christopher, já recebi olhar pior que o seu —


Enrico fala enquanto puxa um charuto do bolso.

— Desde quando minha casa virou acampamento de férias? — Sasha


disse que seria uma visita rápida e que as amigas vinham apenas ver o nosso
filho.

Nicholas gargalha olhando para mim.

— Ela não avisou que passaríamos uns dias aqui não é? Você está fodido
— é tarde demais para mandar todos eles embora, o jeito vai ser aceitar
todos eles aqui.

Assim como eu Nicholas e Enrico se casaram com suas esposas em


circunstâncias nada honradas, nunca considerei eles como meus amigos, mas
sim sócios de negócios, apenas nossas esposas é que são amigas, e pelo que
estou vendo elas já sentem liberdade suficiente para nos ludibriar.

Os três estamos sentados na sala de estar falando sobre futuros negócios,


quando de repente na televisão passou uma notícia de última hora.

" Notícias de última hora, Scott Sanders, juíz máximo da corte da justiça
foi encontrado morto está manhã em seu escritório, e segundo o relatório da
polícia provavelmente ele tenha sido alvejado a longa distância, a uma
distância de um quilómetro e meio para se mais exata, o que indica que o
autor do crime seja um atirador de elite muito bem treinado."

Nós três nos encaramos pois sabemos muito bem quem foi o autor desse
crime.

Era hora da sua vingança.


São Petersburgo, Rússia

Nos últimos meses eu tenho tentado me adaptar a minha nova vida,


durante os dias eu tenho sido uma mãe e uma avó amorosa que minha filha e
meu neto merecem. Mas a noite quando ninguém está vendo, eu choro
imensamente de medo desespero, toda vez que fecho os olhos no escuro é a
ele que eu vejo me atormentado. E ele irá perdurar nas minhas lembranças
para sempre, não importa o que eu faça, estarei acorrentada a essas
lembranças até meu último suspiro de vida.

Sei que ele está sendo torturado da forma que merece mais nem isso faz
meu coração ficar em paz. Sinto que ainda não descobri o meu lugar, me
sinto perdida e sozinha ao mesmo tempo. E por mais que eu seja feliz ao
lado da minha filha e do esposo eu me sinto uma intrusa. Anos se passaram e
as coisas mudaram tanto mas algo em mim jamais irá mudar, o amor e a
saudade que sinto pelo meu amado.

Caminho até a janela e olho o tempo frio lá fora, a neve cai de forma
incessante, apenas se escuta o chiar do vento contra as árvores e também o
encriptar das chamas vorazes que ardem na lareira. Ficar um tempo aqui
sozinha onde vivi os momentos mais felizes da minha vida com meu amado
irá me fazer muito bem, precisava desse momento. Apesar de relutar da
minha ideia, minha filha acabou aceitando e agora deve estar aproveitando a
companhia de todas as suas amigas.

Um barulho no corredor chama minha atenção, quando ia levantar para


ver quem é uma sombra surge quase arrancando de mim um grito de susto,
mas quando vi o rosto do Logan, chefe de segurança do meu genro eu me
acalmei. Logan é um homem muito simpático, deve ter no máximo uns
cinquenta anos e tal como eu seu olhar demonstra o luto eterno no qual ele
vive.

— Desculpa não queria assusta-la — ele se acomoda no sofá a minha


frente para começar a observar a lareira.

— Não faz mal — ele assente e me oferece uma caneca com chocolate
quente.

Então falamos de diversos assuntos, música, teatro entre outros assuntos


culturais. Apesar de ter ficado tanto tempo cativa eu não pude deixar de
apreciar algumas coisas e suas evoluções, mesmo sendo um doente, Antonín
gostava de arte e música, tanto é que ele me mandava tocar violino para ele e
as vezes mandava organizarem peças teatrais ou musicais para nós dois.

Nunca vou me esquecer de tudo o que vivi com ele, eu preciso contar a
minha história completa a alguém algum dia.
Com meus dedos dedilho o tecido leve e rendado da minha langerie que
consiste num sutiã bem leve e sem esponja apenas revestido de renda,
através dele é até possível ver os mamilos rosados, o sutiã é acompanho por
uma calcinha preta tão pequena que é como se eu estivesse nua. Uma cinta
liga e meias finíssimas de cor preta finalizam o conjunto. As meninas é que
me ajudaram a escolher.

Em frente ao espelho faço uma trança única que reúne meus cabelo negros
atrás.

Christopher ainda está trabalhando no escritório, ele tem feito de mim a


mulher mais feliz do mundo, mesmo com o jeito carrancudo dele de ser. Eu
sei que ele se esforça para que sejamos uma família comum. Mas também
sei que ele tem suas necessidades, sei que apesar de tudo dentro dele ainda
vive um ser sádico e dominador que necessita de satisfazer esse desejos
primitivos.

Todas as noites eu vejo fogo nos olhos do meu marido quando ele me
observa, ou quando alguma parte do meu corpo fica exposta. E hoje eu vou
dar isso a ele, não só porque ele precisa mas também porque ele me ensinou
a gostar, e a perversão que se desenrola no quarto de jogos me faz alcançar
patamares do prazer que jamais achei que pudesse suportar.

Nosso Lincoln está com a babá, uma vez que minha mãe não se encontra,
ela ainda está na Rússia curando suas feridas, e eu entendo que ela necessite
desse momento sozinha. Minhas amigas e seus respectivos maridos já foram
embora, nós três ficamos de nos encontrar outra vez nos próximos meses
vou até apresentar a Yeva para elas. Amei ver elas e os filhos também que já
estão bem grandinhos. Não posso dizer o mesmo dos maridos, Acho que isso
é mútuo, porque nós três temos medo dos maridos umas das outras. Mas
cada uma sabe como domar o seu.

Tanta coisa aconteceu na minha vida desde o meu casamento que não me
vejo sem estar casada e ao lado do homem que amo.

Quando ouvi pela primeira vez ele confessando que também me amava eu
chorei de emoção, porque sei o quanto é difícil para ele pronunciar tais
palavras, pra ele ainda é muito difícil demonstrar afeto, mas não me importo
de ajudá-lo nesse processo.

E não é só a mim que tem demonstrado amar, mas ao nosso filho também.
Ele é meio desajeitado quando se trata de segurar um bebê mas com o tempo
sei que irá se adequar, afinal de contas eu quero ter mais filho. Quero sentir
de novo aquela sensação de segurar um filho nos braços recém saído do
ventre.

Entro no quarto de jogos e acendo a lareira e imediatamente as chamas


começam a consumir a madeira, ilumino também alguma velas aromáticas
pelo ambiente, o cheiro de ébano e madeira é uma mistura tão boa que já me
excito de imaginar o que irá acontecer nesse lugar assim que ele entrar por
aquela porta.

Antes de sair do quarto deixei um bilhete informando onde estaria e por


cima do mesmo coloquei um chicote.
Com apenas um passo já estou em pé parada na plataforma de madeira,
me ajoelho em posição de submissão e coloco as mãos por cima das minhas
coxas, olho para baixo e me sinto pronta.
Pronta para ser a escrava do meu senhor.

A adrenalina me consome e a cada segundo que passa minha calcinha se


torna um mar de excitação porque meu coração sente que ele se aproxima, e
quando a porta é finalmente aberta eu quase gozo ao imagina aquele chicote
batendo minha buceta molhada. Ele sabe que já estou transbordando a
excitação assim também como sei que ele está duro imaginando eu amarada
enquanto ele me possuiu fortemente.

Nós dois nos perdemos por alguns segundos em nossos próprios


pensamentos eróticos até que ele para a minha frente, pés descalços e o jeans
surrado são visíveis apesar do meu olhar baixo.

— Está pronta para mim anjo?

— Sim senhor!

— Que bom, porque se acabaram as palavras de segurança.

Sim, eu já estava completamente pronta para mergulhar no seu mundo


sem mais reservas e sem mais limites.

Estou pronta para servir o meu senhor.


Para o meu homem Implacável.

FIM
Em primeiro lugar agradeço a Deus por me permitir poder escrever e
poder mostrar o que a imaginação pode nos proporcionar.
Em segundo lugar agradeço a você leitor por disponibilizar seu tempo
para dar atenção ao meu trabalho.
As minhas leitoras do wattpad também agradeço imensamente pelo
apoio e pelas mensagens e carinho.
PRESA – Homens Implacáveis 1
Rosa angelica uma linda jovem sonhadora e dedicada tem a sua
liberdade roubada por um homem implacável que fez de tudo a ter presa ao
seu lado, ela se ve diante de ma realidade incapaz de acreditar.
Nicholas Shane um homem soberbo, possessivo, atroz e cruel que ira se
render ao amor e aos encantos da doce e inocente rosa angelica, que por
acaso ira cruzar seu caminho e assim decidir o se destino.
ENTREGE - Homens Implacáveis 2
Emanelle Mancini viveu cinco anos de sua vida em ma casa de repouso
supostamente por ter algum problema de saúde mental. O que ela não sabia e
que esse confinamento se deve ao início da sede de vingança de um mafioso
cruel que fara da vida dela um verdadeiro terror.
Enrico Ferrari e o capo da mafia mais poderosa que existe na Itália,
senão a do mundo. Homem terrível, frio não sente piedade, nem mesmo a
jovem a quem ele culpa pela morte de sua esposa e filho ira escapar da sua
maldade.
Instagram: https://instagram.com/lady_dark_n_evil

Wattpad: https://www.wattpad.com/user/LadyDarknEvil

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