Você está na página 1de 32

Avaliação Psicológica em

Contexto Clínico

A Entrevista Comportamental com


Crianças

(Reeves & Gross, 2005)

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


Avaliação Psicológica
•  “Processo complexo não redutível à
instrumentação diagnóstica, mas sim
algo dinâmico que ocorre ao longo do
tempo e que implica uma série de
fases com objectivos e procedimentos
determinados.”

(Landazabal, 2005, p.152)

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


1.  A Entrevista
Comportamental
•  Um dos componentes mais importantes do
processo de AVALIAÇÃO:

–  Facilita a comunicação e proporciona uma oportunidade


para as observações comportamentais;

–  Recolher informação de múltiplas fontes;

–  Facilita a formulação de estratégias de tratamento;

–  Facilita uma boa relação terapêutica com a criança e


com a família. Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
1. A Entrevista
Comportamental
•  DIFICULDADES (Reitman et al., 1998):

–  As crianças/adolescentes não são conscientes do


propósito da entrevista e da avaliação;

–  A entrevista como um castigo pelo seu “mau


comportamento”;

–  Pode causar ansiedade e resistência ao processo de


entrevista;

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


1. A Entrevista
Comportamental
•  OBJECTIVOS:

–  Revisão dos principais componentes e temas da


entrevista com crianças/adolescentes.

–  Refletir sobre a importância das múltiplas fontes


de informação e o papel que o desenvolvimento
desempenha no processo da entrevista.

–  Competências e estratégias necessárias para


conduzir a entrevista (e.g., métodos não
estruturados, semi-estruturados e estruturados).
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
2. Objectivos da
Entrevista
•  1ª reunião com os pais e com a criança
ocorre durante a entrevista clínica –
Objectivos:

–  Recolher informação diagnóstica importante;

–  Avaliar contingências ambientais;

–  Formular as estratégias de tratamento.


Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
2.1 A Informação sobre o
Diagnóstico
•  Categorizar o comportamento problema da
criança/adolescente.

•  Conhecimento sobre as características das


principais perturbações da infância e
adolescência.

•  A identificação inicial da perturbação pode


influenciar o conteúdo das perguntas.

•  A informação inicial pode ajudar a determinar a


necessidade de avaliação adicional.
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
2.1 A Informação sobre o
Diagnóstico
•  Questões gerais:
–  “Que tipo de problemas é que está a ter com o seu
filho?”

•  Questões específicas:
–  “O seu filho tem dificuldade em manter a atenção
na escola?”
–  “Está constantemente a mexer-se de um sítio para
o outro?”
–  Recolha de informação relativa à frequência e
duração dos sintomas.
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
2.2 As Contingências
Ambientais
–  Recolher informação relativa ao ambiente social
da criança.

–  Factores ambientais: conflitos conjugais,


divórcio, psicopatologia dos pais, recusa dos
pares...

–  Perguntas específicas sobre a resposta e a


situação para compreender os estímulos
antecedentes e consequentes que mantêm o K.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


2.2 As Contingências
Ambientais
–  Questões:

•  Quando começou o comportamento?

•  Em que contexto ocorre?


– “Só acontece na escola?”

•  Que consequências se seguem após a


ocorrência?
– ” O que é que faz quando o seu filho se
comporta desse modo?”
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
2.3 Estratégias de
Tratamento
–  Recolher a informação relativa às competências
comportamentais da criança/adolescente.

–  Questões:
•  Que outros comportamentos é que os pais
gostariam de ver?
•  Que comportamentos atuais são satisfatórios?
•  Classes de estímulos de reforços e aversivos
para a criança:
– “O que é que Pedro gosta de fazer aos fins-de-
semana?”; “Gosta de desenhar?”
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
3. A Entrevista com Múltiplas
Fontes: Pais
Entrevistar os Pais

–  Informação médica, social, académica, antecedentes


e consequentes associados ao problema.

–  Estratégias actuais de disciplina e sua eficácia para


diminuir o K.

–  Informação sobre os pais e sobre a relação pais-


filho: muitos estudos têm associado a perturbação
psiquiátrica materna com o K infantil negativo.
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
3. A Entrevista com
Múltiplas Fontes: Os Professores
–  Fonte de informação sobre o comportamento
problema.

–  Observam as crianças num ambiente mais


estruturado e medem a sua adaptação às
exigências ambientais.

–  Perspectiva mais objectiva da capacidade


cognitiva da criança e do desenvolvimento K
em comparação com os seus companheiros de
classe.
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
3. A Entrevista com Múltiplas
Fontes
•  Questões sobre (Sattler, 2000):

–  A percepção do professor sobre o problema.

–  O K antecedente e consequente associado e as


estratégias de disciplina.

–  Reacções do professor e de outros estudantes ao


problema.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


O Contexto do
Desenvolvimento
•  Importante avaliar o contexto de
desenvolvimento do comportamento.

•  Fase de desenvolvimento da criança pode ter


implicações para o prognóstico/diagnóstico e
tratamento:
–  DSM-V: Perturbações diagnosticadas na Infância
e Adolescência.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


O Contexto do
Desenvolvimento
•  Papel do Desenvolvimento no Diagnóstico:

–  Critérios de diagnóstico são diferentes da idade


adulta.

–  Algumas perturbações manifestam-se de forma


diferente em diferentes fases do desenvolvimento.
•  Exemplo: DEP manifesta-se com irritabilidade
nas crianças.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


O Contexto do
Desenvolvimento
•  Papel do Desenvolvimento no
Tratamento

–  O desenvolvimento também influencia o


curso do tratamento:

•  E.g., capacidade mental para realizar tarefas


cognitivas complexas é menor (diminuição do
recurso a terapias verbais).
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
Como conduzir a
entrevista?
•  Objectivo Principal

–  Recolher informação sobre o problema


presente (K problema e contingências
ambientais).

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


A Relação de Colaboração
•  Estabelecer uma relação de colaboração
com a criança e com a família.

•  Entrevista com a criança considera a idade e


a etapa de desenvolvimento.

•  A ansiedade e medo na criança: falar sobre


temas que sejam familiares (e.g., programas
de TV).
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
A Relação de Colaboração
•  Estabelecer uma relação de colaboração com os
pais e professores:

–  Atitude do psicólogo

•  Proporcionar segurança de que o problema


da criança não é impossível de resolver e não
deveria insinuar culpa ou vergonha.

•  Reconhecer os esforços dos pais e dos


professores e reforçar estratégias eficazes.
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
Escuta Eficaz
–  Escutar de forma atenta e empática a
criança/adolescente.

–  Proporcionar um ambiente livre de


distracção e interrupção.

–  Fazer resumos da informação partilhada.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


Escuta Eficaz
–  Comunicação não verbal da criança/
adolescente.
•  Tom de voz, postura corporal, expressão facial
e afecto.

–  Atenção às inconsistências:
•  A criança pode dizer que está bem e ter uma
expressão facial triste.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


Comunicação Eficaz
•  Formular questões apropriadas à idade:
–  E.g., “Qual é o teu jogo favorito?” e não “O que te
parece divertido ou o que gostas de fazer?”

•  Substituir termos técnicos por palavras mais


simples:
–  E.g., Deprimido por triste.

•  O psicólogo deve estar atento à sua própria


comunicação não verbal:
–  E.g., sentado em frente ao entrevistado.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


Formatos de Entrevistas
•  Entrevistas Não Estruturadas

–  Formato aberto.
–  Direção variável da entrevista.
–  Inicia-se com questões gerais:
–  E.g., “O que é que te trouxe aqui?”
–  No final, questões mais diretivas.
–  Útil para identificar áreas de problemas mais
gerais ou em situação de crise:
–  E.g., adolescente com ideias suicidas com necessidade
de avaliação imediata do risco.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


Perguntas para Entrevistas
não Estruturadas
•  Informação Geral/Problema Apresentado
–  “Sempre teve esse problema?”
–  “Com que frequência ocorre?”

•  Contingências Ambientais
–  “O que acontecia antes?”

•  Estratégias de Tratamento
–  “O que é que faz aumentar ou diminuir o
comportamento?”
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
Formatos de Entrevistas
•  Semi-Estruturadas
–  Permitem desvios do protocolo.

•  Estruturadas
–  Sequências mais rígidas de questões e
instruções.

Caso Clínico – Exemplo de Entrevista não


estruturada (p. 69, 73-75).
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
Aula Prática
•  Role-play de entrevista comportamental
não estruturada aos pais (p.69):

–  Informação geral/Problema Actual

–  Contingências Ambientais

–  Estratégias de Tratamento

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


Aula Prática

•  CONSTRUÇÃO DE UM GUIÃO DE
ENTREVISTA COM O CASO CLÍNICO
“SUSANA”.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


BIBLIOGRAFIA
•  Ballesteros, R. F. (2006). Evaluación psicológica.
Conceptos, métodos y estudio de casos. Madrid: Ediciones
pirámide.
•  Caballo, V.E. (2005). Manual para la evaluación clínica de
los transtornos psicológicos: Estrategias de evaluación,
problemas infantiles y transtornos de ansiedad. Madrid:
Ediciones pirámide.
•  Geisinger, K. F. (2013). APA Handbook of Testing and
Assessment in Psychology. Vol. 2, Testing and Assessment
in Clinical and Counselling Psychology. Washington, D.C.:
American Psychological Association.
Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)
BIBLIOGRAFIA
•  Goldstein, G., Allen, D., & Deluca, J. (2019). Handbook of
Psychological Assessment (4rd Edition). New York:
Academic Press.
•  Groth-Marnat, G. (2009). Handbook of Psychological
Assessment (5th edition). New Jersey: John Wiley & Sons.
•  Groth-Marnat, G. & Wright, A. J. (2016). Handbook of
Psychological Assessment (6th Edition). New Jersey: John
Wiley & Sons.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


BIBLIOGRAFIA
•  Hersen, M., & Reitman, D. (Eds.) (2007). Handbook of
Psychological Assessment, case conceptualization, and
treatment. Volume 2, Children and Adolescents. New
Jersey: John Wiley & Sons.
•  Hersen, M., & Rosqvist, J. (Eds.) (2007). Handbook of
psychological assessment, case conceptualization and
treatment. Volume 1, Adults. New Jersey: John Wiley &
Sons.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)


BIBLIOGRAFIA
•  Manuish, M. E. (2017). Handbook of Psychological
Assessment in Primary Care Settings (2nd Edition).
New York: Routledge.
•  Saklofske, D., Schwean, V., & Reynolds, C. (Eds.)
(2013). The Oxford Handbook of Child Psychological
Assessment (1st Ed). Oxford University Press.
•  Weiner, I. & Greene, R. (2008). Handbook of
Personality Assessment. New Jersey: John Wiley &
Sons.

Prof.ª Eleonora C. V. Costa (2021)

Você também pode gostar