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Fisiologia

2ª edição

Direito
Aplicado à Educação

Líbia Maria Serpa Aquino

Ruth Ramiro

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DIREÇÃO SUPERIOR
Chanceler Joaquim de Oliveira
Reitora Marlene Salgado de Oliveira
Presidente da Mantenedora Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Planejamento e Finanças Wellington Salgado de Oliveira
Pró-Reitor de Organização e Desenvolvimento Jefferson Salgado de Oliveira
Pró-Reitor Administrativo Wallace Salgado de Oliveira
Pró-Reitora Acadêmica Jaina dos Santos Mello Ferreira
Pró-Reitor de Extensão Manuel de Souza Esteves

DEPARTAMENTO DE ENSINO A DISTÂNCIA


Gerência Nacional do EAD Bruno Mello Ferreira
Gestor Acadêmico Diogo Pereira da Silva

FICHA TÉCNICA
Direção Editorial: Diogo Pereira da Silva e Patrícia Figueiredo Pereira Salgado
Texto: Líbia Maria Serpa Aquino
Revisão do Conteúdo: Ruth Ramiro
Revisão Ortográfica: Rafael Dias de Carvalho Moraes
Projeto Gráfico e Editoração: Antonia Machado, Eduardo Bordoni, Fabrício Ramos e Victor Narciso
Supervisão de Materiais Instrucionais: Antonia Machado
Ilustração: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos
Capa: Eduardo Bordoni e Fabrício Ramos

COORDENAÇÃO GERAL:
Departamento de Ensino a Distância
Rua Marechal Deodoro 217, Centro, Niterói, RJ, CEP 24020-420 www.universo.edu.br

Ficha catalográfi ca elaborada pela Biblioteca Universo - Campus Niterói


A657d Aquino, Líbia.
Direito aplicado à educação / Líbia Aquino ; revisão de Ruth
Ramiro e Rafael Dias de Carvalho Moraes. – 2. ed. – Niterói, RJ:
UNIVERSO. Departamento de Ensino a Distância, 2017.
142 p. : il.

1. Educação e Estado. 2. Plano Nacional de Educação (Brasil). 3.


Brasil. [Lei de diretrizes e bases da educação nacional (1996)]. 4.
Políticas públicas. 5. Política educacional. 6. Educação -
Financiamento. 7. Ensino - Legislação. 8. Ensino a distância. I.
Ramiro, Ruth. II. Moraes, Rafael Dias de Carvalho. III. Título.
CDD 379.81
Bibliotecária: Elizabeth Franco Martins ----- CRB 7/4990

Informamos que é de única e exclusiva responsabilidade do autor a originalidade desta obra, não se responsabilizando a ASOEC
pelo conteúdo do texto formulado.
© Departamento de Ensi no a Dist ância - Universidade Salgado de Oliveira
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, arquivada ou transmitida de nenhuma forma
ou por nenhum meio sem permissão expressa e por escrito da Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura, mantenedora
da Universidade Salgado de Oliveira (UNIVERSO).
Direito Aplicado à Educação

Palavra da Reitora

Acompanhando as necessidades de um mundo cada vez mais complexo,


exigente e necessitado de aprendizagem contínua, a Universidade Salgado de
Oliveira (UNIVERSO) apresenta a UNIVERSO EAD, que reúne os diferentes
segmentos do ensino a distância na universidade. Nosso programa foi
desenvolvido segundo as diretrizes do MEC e baseado em experiências do gênero
bem-sucedidas mundialmente.

São inúmeras as vantagens de se estudar a distância e somente por meio dessa


modalidade de ensino são sanadas as dificuldades de tempo e espaço presentes
nos dias de hoje. O aluno tem a possibilidade de administrar seu próprio tempo e
gerenciar seu estudo de acordo com sua disponibilidade, tornando-se responsável
pela própria aprendizagem.

O ensino a distância complementa os estudos presenciais à medida que


permite que alunos e professores, fisicamente distanciados, possam estar a todo
momento ligados por ferramentas de interação presentes na Internet através de
nossa plataforma.

Além disso, nosso material didático foi desenvolvido por professores


especializados nessa modalidade de ensino, em que a clareza e objetividade são
fundamentais para a perfeita compreensão dos conteúdos.

A UNIVERSO tem uma história de sucesso no que diz respeito à educação a


distância. Nossa experiência nos remete ao final da década de 80, com o bem-
sucedido projeto Novo Saber. Hoje, oferece uma estrutura em constante processo
de atualização, ampliando as possibilidades de acesso a cursos de atualização,
graduação ou pós-graduação.

Reafirmando seu compromisso com a excelência no ensino e compartilhando


as novas tendências em educação, a UNIVERSO convida seu alunado a conhecer o
programa e usufruir das vantagens que o estudar a distância proporciona.

Seja bem-vindo à UNIVERSO EAD!


Professora Marlene Salgado de Oliveira
Reitora
Direito Aplicado à Educação

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Direito Aplicado à Educação

Sumário

Apresentação da disciplina ...................................................................................................... 7 

Plano da Disciplina ..................................................................................................................... 8 

Unidade 1 - Conceitos Básicos das Normativas da Educação........................................ 11 

Unidade 2 - Políticas e Reformas Educacionais a Luz da LDB 9394/96........................ 27 

Unidade 3 - LDB 9394/96: Os Fins da Educação Nacional e Os Níveis da Educação


no Brasil ............................................................................................................... 47 

Unidade 4 - Ensino Fundamental e Ensino Médio na Educação Básica ...................... 71 

Unidade 5 - Modalidades da Educação............................................................................... 93 

Unidade 6 - As Múltiplas Possibilidades e Aberturas à Educação Brasileira.............111  

Considerações finais ..............................................................................................................131  

Conhecendo a autora............................................................................................................132  

Anexos.......................................................................................................................................137  

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Direito Aplicado à Educação

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Direito Aplicado à Educação

Apresentação da disciplina

A disciplina de Direito Aplicado à Educação integra um conjunto de estudos e


atividades que constituem a chamada formação pedagógica. Nela estudam-se os
conceitos básicos do direito para entender a hierarquia das normas jurídicas e o
emaranhado legislativo que cerca a educação, isto é, a legislação educacional, seu
histórico no Brasil, a educação nas constituições passadas e na Constituição Federal
de 1988, desembocando na lei que rege a educação no Brasil.

O conteúdo dessa disciplina visa proporcionar aos futuros professores uma


visão global do funcionamento do sistema educacional brasileiro, analisando-o de
forma crítica nos seus aspectos pedagógicos e administrativos.

Dessa forma serão analisadas as mudanças que foram incorporadas à educação


a partir da promulgação da Constituição Federativa de 1988 e da implantação da
nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).

Esta obra está organizada em seis unidades, cada uma delas estruturadas, a
partir da introdução, do desenvolvimento e do ponto final em que consta o
fechamento da unidade com atividades de fixação do conteúdo nele apresentado.

Bons estudos!

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Direito Aplicado à Educação

Plano da Disciplina

Unidde 1 – Conceitos Básicos das Normativas da Educação

Nesta unidade estudaremos os conceitos básicos das normativas da Educação


para entender a hierarquia das normas jurídicas e o emaranhado legislativo que
cerca a educação. Isto é, a legislação educacional, seu histórico no Brasil, a
educação nas constituições passa- das e na atual Constituição Federal de 1988, que
origina a lei que rege a educação no Brasil.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade inicial é apresentar o significado dos termos legais


utilizados comumente na área do direito educacional, tanto nos textos específicos
como na aplicação cotidiana, sempre que houver necessidade.

Unidade 2 – Políticas e Reformas Educacionais a luz da LDB 9394/96

Esta unidade traz informações para a análise compreensiva das políticas


educacionais em seus aspectos sociopolíticos e históricos. Nela são abordados
aspectos como qualidade versus quantidade na educação brasileira; as reformas
educacionais que aconteceram em nosso país; o Plano Nacional de Educação e
seus diferentes aspectos.

Objetivo da unidade:

Esta unidade tem o objetivo de apresentar as Políticas Educacionais, as


reformas de ensino decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Lei nº 9394/96, bem como os Planos e Diretrizes Nacionais para a Educação
Brasileira.

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Direito Aplicado à Educação

Unidade 3 - LDB 9394/96: Os Fins da Educação Nacional e os níveis da


Educação no Brasil

Esta unidade aborda os fins da educação nacional que se encontram no artigo


segundo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com o seguinte teor:
“a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e
nos ideais de solidariedade humana, considerando o desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania, sua qualificação para o trabalho”. A
ênfase está na educação básica, com destaque para temas relevantes, como a
evasão escolar, os órgãos administradores e normatizadores que se ocupam em
gestar e legislar para a educação, com destaque para os diferentes sistemas de
ensino.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade é explorar os aspectos legais que trazem em seu


interior diferentes abordagens explicativas sobre os fins da educação nacional, sob
o olhar de diferentes autores reconhecidos.

Unidade 4 – Ensino Fundamental e Ensino Médio na Educação Básica

Nesta unidade estão contidas informações sobre o Ensino Fundamental,


segunda etapa da educação básica, sua definição e as Diretrizes Curriculares
Nacionais que orientam esta etapa de ensino. Aborda, também, o Ensino Médio
com a nova Lei 13.415/17, que faz alterações nas Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, o Plano Nacional de Educação, o Plano de Desenvolvimento da Educação,
as Diretrizes Curriculares Nacionais do ensino Fundamental e as respectivas
implicações destes instrumentos orientadores, com o Ensino Fundamental.

Objetivo da unidade:

Esta unidade objetiva centrar sua atenção na segunda etapa da educação


básica: O Ensino Fundamental e as atuais alterações do Ensino Médio com a nova
Lei 13.415/17 que faz alterações nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Vamos buscar na legislação da educação os fins e os objetivos dessa etapa de
ensino. As Diretrizes Curriculares Nacionais que direcionam o ensino fundamental e
as últimas orientações legais sobre o mesmo.

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Direito Aplicado à Educação

Unidade 5 – Modalidades da Educação

Nesta unidade vamos estudar as modalidades de ensino que estão


transversalmente colocadas para os dois níveis da educação nacional: Educação
Básica e Educação Superior. As modalidades de ensino são a Educação de Jovens e
Adultos, a Educação Profissional, a Educação Especial, a Educação Indígena e a
Educação à Distância. Na modalidade de educação indígena, a ênfase está na
definição da esfera administrativa das suas escolas; a formação do professor
indígena, bem como as características da formação do professor indígena. E, para
concluir a unidade, aborda-se a valorização dos profissionais da educação.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade é trabalhar, mais especificamente, o que está contido


nas diferentes Diretrizes Curriculares Nacionais voltadas para cada uma das
modalidades de ensino reconhecidas pelo Conselho Nacional de Educação.

Unidade 6 – As Múltiplas possibilidades e aberturas à educação brasileira

Esta abordagem enfoca como são apresentadas as diferentes políticas públicas


para a educação brasileira, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, de 1996, resultante da Constituição Federal de 1988. Procura-se de forma
sucinta tratar sobre os Movimentos Populares e seu papel social na organização
política do Brasil. Faz-se uma breve inserção no tema “sociedade globalizada”; a ação
histórica dos movimentos sociais, os movimentos populares e sua relação com os
projetos políticos; os projetos políticos de nação e o papel do Banco Mundial neste
contexto abordado.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade final é interpretar, sob o olhar político-pedagógico, as


diferentes políticas públicas que interagem com a política social da educação, com
ênfase para os movimentos populares e seu papel como sujeitos no surgimento de
projetos políticos governamentais.

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Direito Aplicado à Educação

1 Conceitos Básicos das


Normativas da Educação

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Direito Aplicado à Educação

Nesta unidade, estudaremos os conceitos básicos do direito para entender a


hierarquia das normas jurídicas e o emaranhado legislativo que cerca a educação.
Isto é, a legislação educacional, seu histórico no Brasil, a educação nas constituições
passadas e na atual Constituição Federal de 1988, que origina a lei que rege a
educação no Brasil.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade inicial é apresentar o significado dos termos legais


utilizados comumente na área do direito educacional, tanto nos textos específicos
como na aplicação cotidiana, sempre que houver necessidade.

Plano da unidade:

Noções Fundamentais Hierarquia das Normas Jurídicas Constituição


Federal de 1988

Bem-vindo à primeira unidade!

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Direito Aplicado à Educação

Inicialmente, estudaremos alguns conceitos básicos do direito para entender a


hierarquia das normas jurídicas suas especificidades, direitos e deveres, embates
legislativos acerca da educação. Assim, torna-se importante entendermos como a
legislação educacional no Brasil se organiza, pois, a partir da constituição federal de
1988 e das leis em vigor, temos os diplomas normativos que regem atualmente a
educação brasileira.  

Entretanto, uma lei não se encontra apartada das questões sociais, políticas e
econômicas de um país. Para a interpretação e a aplicação das leis, obedecendo a
uma estrutura hierárquica para o cumprimento do ordenamento jurídico. 

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Direito Aplicado à Educação

Vamos refletir!

Essa pirâmide está relacionada à Teoria Pura do Direito para Hans


Kelsen consistia em estudar o direito na essência, privado dos valores, ou seja, sem ser
o Direito comunista, o nazista, o fascista, o espanhol ou o capitalista.

Cada local tem sua lei. Se eu quero estudar o Direito de cada um – pensou Kelsen –
então afastarei desse Direito o valor, como o valor humano que as Ciências políticas,
morais e econômicas estudam. Buscarei, ao mesmo tempo, afastar os fatos. Na
corrente de pensamento anterior, o que regia o estudo do Direito era o fato social.
Logo, afastarei a Sociologia e a Psicologia de todo o meu pensamento.

Só restou, para Kelsen, a lei, já que ela existe em todos os países. A partir daí, ele
elaborou dois conceitos: um de norma fundamental e um de norma jurídica.

Cada país deveria ter seu próprio ordenamento jurídico. O Código de Napoleão,
por exemplo, era a identidade da França. Cada pais busca sua identidade por
organizar o seu próprio ordenamento jurídico.

Norma fundamental e a Pirâmide de Kelsen: no Brasil de hoje, temos uma norma


fundamental: a Constituição Federal. A partir dessa vem uma série de novas normas
que organizam o país. Dessa ideia vem o conceito de pirâmide jurídica. Apesar de
fundamental, a norma maior, a Constituição, por ser apenas uma, ocupa o topo da
pirâmide.

Disponível: http://notasdeaula.org/dir1/ied_08-05-08.html

Indicação de leitura: Teoria Pura do Direito 

Disponível: www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/viewFile/487/456

O Ordenamento jurídico é composto de conjunto de normas de um Estado


expressas em lei. São através desse ordenamento jurídico que as leis são criadas e
estabelecidas no país. Dessa forma, a Educação baseia todas as suas orientações,
organizações estruturais fundamentadas no que está firmado pela Constituição Federal.

Portanto, todos os documentos elaborados oficialmente pela educação,


publicados como portarias, resoluções e atos normativos, devem estar de acordo
com as leis e decretos publicados, que estão subordinados à Constituição. 

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Direito Aplicado à Educação

A Legislação no âmbito educacional: Noções Fundamentais

Compreender algumas noções fundamentais da legislação


educacional envolve conhecer o significado da Norma Jurídica,
das Fontes do Direito, da Hierarquia das Normas Jurídicas e o
Arcabouço Legal da educação brasileira. Este primeiro encontro,
portanto, tem o objetivo de apresentar o significado dos termos
legais utilizados comumente na área do direito educacional,
tanto nos textos específicos da educação como na aplicação
cotidiana da vida escolar.

Assim, você na escola enquanto docente ou gestor, torna-se imprescindível


obter conhecimentos básicos sobre a legislação educacional para reflexão e no
debate político pedagógico dos direitos e deveres de todos na sociedade.
Portanto, a legislação educacional traduz um conjunto de preceitos legais sobre
temas relacionados às questões da Educação. Dessa forma, ao usarmos a expressão
legislação educacional, direito educacional ou legislação da educação estaremos
nos referindo à legislação que trata da educação escolar em seus níveis e
modalidades em contorno abrangente, à educação básica (educação infantil,
ensino fundamental e ensino médio) e à educação superior.

Norma Jurídica

Vamos à definição de Norma Jurídica. Conforme esclarece Paulo Dourado de


Gusmão, norma jurídica é a proposição normativa inserida em uma ordem jurídica
garantida pelo poder público, que pode disciplinar condutas e atos sendo
coercitiva e provida de sanção, tendo como princípio basilar garantir a ordem e a
paz social e internacional.

A norma jurídica decorre de um ato do poder público, podendo ser poder cons-
tituinte, legislativo, judiciário, executivo etc. Ressalta-se que nem todo poder é
estatal, pois quaisquer instituições podem criar normas, além das normas gerais.
Considera-se como norma geral de um país a Constituição Federal.

À medida que o objeto em estudo pela instituição exige uma lei específica,
esta pode vir a ser criada. Como exemplo, pode-se tomar uma instituição escolar
que, frente à determinada situação, recorre ao estabelecido em seu regimento
escolar, nesse caso, considera-se norma, além da norma geral da educação que é a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).

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Direito Aplicado à Educação

Direito Educacional

Cabe também esclarecer o conceito do Direito Educacional, considerando o


utilizado por Renato Alberto Teodoro Di Dio, precursor do Direito Educacional
Brasileiro, que afirma que o mais apropriado seria dizer Direito da Educação, Direito
Educacional ou Direito Educativo. Os puristas optariam por Direito Educativo. Por
outro lado, na linguagem comum, o termo educativo carrega a conotação de algo
que educa, ao passo que educacional seria o direito que trata da educação.

Norma Jurídica

Vamos à definição de Norma Jurídica. Conforme esclarece Paulo Dourado de


Gusmão, norma jurídica é a proposição normativa inserida em uma ordem jurídica
garantida pelo poder público, que pode disciplinar condutas e atos sendo
coercitiva e provida de sanção, tendo como princípio basilar garantir a ordem e a
paz social e internacional.

A norma jurídica decorre de um ato do poder público, podendo ser poder cons-
tituinte, legislativo, judiciário, executivo etc. Ressalta-se que nem todo poder é
estatal, pois quaisquer instituições podem criar normas, além das normas gerais. Yi
Considera-se como norma geral de um país a Constituição Federal.

À medida que o objeto em estudo pela instituição exige uma lei específica,
esta pode vir a ser criada. Como exemplo, pode-se tomar uma instituição escolar
que, frente à determinada situação, recorre ao estabelecido em seu regimento
escolar, nesse caso, considera-se norma, além da norma geral da educação que é a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN).

Fontes do direito

As fontes do direito são os meios pelos quais se formam as regras jurídicas.


Como exemplo de fonte direta do direito, pode-se citar a lei e o costume; as
indiretas são a doutrina e a jurisprudência. Podemos definir Lei como sendo a
principal norma jurídica escrita e a fonte do direito.

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Direito Aplicado à Educação

Costume

Já o Costume é a reiteração constante de uma conduta, na convicção de ser a


mesma, obrigatória, isto é, uma prática aceita como sendo direito, caso não exista
lei sobre determinado assunto, pode o juiz decidir a questão conforme o costume.

Doutrina

Doutrina é a interpretação da lei realizada pelos estudiosos do assunto,


tecendo comentários, tratados, pareceres, monografias.

Jurisprudência

A Jurisprudência, por sua vez, é a interpretação da lei feita pelos juízes e


tribunais nas suas decisões. A jurisprudência está firmada quando uma questão já
foi julgada e decidida reiteradamente.

Hierarquia das Normas Jurídicas

Há uma hierarquia das normas jurídicas. Foi visto que a norma jurídica é a
proposição normativa inserida em uma ordem jurídica garantida pelo poder
público, que pode disciplinar condutas e atos como coercitiva e provida de sanção,
tendo como princípio basilar garantir a ordem e a paz social e internacional.

Destaca-se ao ordenamento hierárquico das normas jurídicas organizadas


como se uma fosse pirâmide, a qual possui na base os atos normativos; no centro, as
leis; e no topo a Constituição Federal.
Assim, pela ordem de importância, classificam-se conforme a seguir:

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Direito Aplicado à Educação

Constituição Federal

Constituição Federal, também conhecida como Carta Magna ou Carta Maior, é


a lei fundamental do Estado. Contém o conjunto de normas básicas que compõem
a estrutura jurídica, política, social e econômica do Estado. É a sua lei máxima.

Lei

Lei, segundo Paulo Nader, é a norma editada pelo Poder Legislativo. É a forma
ju- rídica escrita emanada do Poder Público. Ou seja, é a norma escrita, elaborada
por órgão competente, com forma estabelecida, por meio da qual as regras
jurídicas são criadas, modificadas ou extintas. O autor esclarece, ainda, que as leis
podem ser clas- sificadas como:

Leis complementares

No direito, a lei complementar tem como propósito acrescer, explicar, adicionar


algo à Constituição. Ela diferencia-se da lei ordinária somente pelo quórum
necessário para sua aprovação e possui seu âmbito material predeterminado pelo
constituinte.

Leis Ordinárias

Leis ordinárias são leis comuns, formuladas pelo Congresso Nacional (área
federal), pela Assembleia Legislativa (área estadual) ou pela Câmara de Vereadores
(área municipal).

Durante sua elaboração, a lei ordinária passa por cinco fases:


Iniciativa,
Aprovação,
Sanção,
Promulgação e
Publicação e exige apenas maioria simples de votos para ser aceita.

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Direito Aplicado à Educação

Leis delegadas

Já com relação às Leis delegadas, nos artigos 59 e 68 da Constituição Federal,


ficou estabelecido que elas sejam um ato normativo elaborado pelo Presidente da
República, com a autorização do Congresso Nacional Brasileiro, para casos de
relevância e urgência, quando a produção de uma lei ordinária levaria muito tempo
para dar uma resposta à situação.

Atos Administrativos Normativos

Os Atos Administrativos Normativos contêm um comando geral do Executivo,


visando à correta aplicação da lei. Têm por objetivo explicar a norma legal a ser
observada pela Administração e pelos administrados. Eles expressam
minuciosamente o mandamento abstrato da lei, têm a mesma normatividade da
regra legislativa e a ela se equiparam para fins de controle judicial.

Por outro lado, distinguem-se substancialmente das regras legislativas por


estarem a elas submetidos, uma vez que estão em uma escala hierárquica inferior.
Em hipótese alguma podem os atos administrativos normativos contrariar a regra
legislativa ou sequer ir além dela. Vamos conhecer alguns exemplos de atos
administrativos normativos, baseando-nos em Paulo Nader.

Decreto

É o ato do Poder Executivo (Presidente da República, Governador, Prefeito) que


pode conter normas gerais dirigidas para todos que se encontrem na mesma
situação ou dirigir-se à pessoa ou grupo de pessoas determinadas.

O decreto também pode estabelecer as condições e a maneira como a lei deve


ser cumprida ou fixar medida administrativa. No auge da Ditadura Militar, havia,
ainda, o decreto-lei que foi abolido e, no seu lugar, passou-se a adotar as medidas
provisórias que têm força de lei de acordo com o acordo com o artigo 62, da
Constituição Federal.

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Direito Aplicado à Educação

Medida Provisória

No direito constitucional brasileiro, a Medida Provisória (MP) é adotada pela


Presidência da República, mediante ato unipessoal, sem a participação do Poder
Legislativo, que somente será chamado a discuti-la em momento posterior. Este
tema merece de nossa parte uma volta às ruas. A Medida Provisória, assim, embora
tenha força de lei, não é verdadeiramente uma lei, no sentido técnico estrito deste
termo, visto que não existiu processo legislativo prévio à sua formação.

Portaria

Já a Portaria é o ato normativo ou administrativo emanado de autoridade, que


disciplina o funcionamento da administração e normatiza a conduta de seus
agentes. Podem ter conteúdo individual ou geral, aprovando instruções,
determinando providências, nomeando, demitindo, aplicando punições.

Para Helly Lopes Meirelles, as portarias são atos administrativos internos, pelos
quais os chefes de órgãos, repartições e serviços expedem determinações gerais ou
especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções e cargos
secundários.

Parecer

O Parecer é o ato pelo qual os órgãos consultivos da administração emitem


uma opinião diante da análise de um caso sobre assuntos técnicos ou jurídicos de
sua competência. É uma apropriação oriunda de uma ou mais pessoas, quando se
pronunciam sobre dado assunto submetido a seu exame.

O parecer serve de orientação sobre determinado assunto, podendo ser


facultativo, isto é, fica a critério da Administração solicitá-lo ou não, sendo
obrigatório quando a lei exigir como pressuposto para o ato final, mesmo não
havendo obrigatoriedade de acolhimento por parte da autoridade ou ainda pode
ser vinculante. Ou seja, quando a Administração é obrigada a solicitá-lo e acatar
sua decisão. Esse é o caso dos pareceres que são lavrados pelos conselhos de
educação.

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Direito Aplicado à Educação

Regulamento

O Regulamento é o conjunto de regras destinadas a especificar, esclarecer e


completar o texto da lei para facilitar sua execução.

Estatuto e Regimento

O Estatuto contém normas e explicações para o funcionamento de determinada


organização ou instituição. O Regimento, por sua vez, é o ato administrativo
normatizador de situação interna de um órgão ou instituição, isto é, tem como
objetivo regular o funcionamento de determinado órgão. Em se tratando de
educação, cada estabelecimento de ensino deve ter o seu próprio regimento.

Por outro lado, o regimento interno regula o funcionamento e o serviço interno


das câmaras legislativas, dos tribunais, dos órgãos da administração pública e, por
vezes, de instituições ou organizações particulares.

A educação brasileira, portanto, tem seu arcabouço na Constituição Federal de


1988, que exige uma lei complementar que estabeleça diretrizes e bases para a
educação nacional. Dessa forma, surge a LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO
NACIONAL (LDBEN), exarada em 20 de dezembro de 1996, e que leva o número
9394/96. A partir da LDBEN, são elaboradas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) pelo
Conselho Nacional de Educação (CNE), para todos os níveis e modalidades de ensino.

Leitura complementar

MOTTA, Elias de Oliveira. Direito educacional e educação no século XXI


incluindo comentários à nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e
Legislação Conexa e Complementar. Brasília: UNESCO, 1997.

PERES, José Augusto de Souza. O direito educacional: de suas origens remotas a uma
tentativa de sistematização. Salamanca: Universidade Pontifícia de Salamanca, 1997.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

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Direito Aplicado à Educação

Exercícios – Unidade 1

1. Podemos citar como fontes do Direito:

a) Fontes diretas são a lei e o costume; indiretas são a doutrina e a


jurisprudência.

b) A doutrina e a jurisprudência.

c) A doutrina e o costume.

d) A jurisprudência e o costume.

e) Exclusivamente os costumes.

2. A educação brasileira, tem seu arcabouço na Constituição Federal de 1988.


Assim, a lei que estabelece os fins, os objetivos e diretrizes para educação:

a) LDBEN.

b) LDCN.

c) PNE.

d) PME.

e) Constituição Federal.

3. O Ato administrativo normatizador de situação interna da escola que tem


como objetivo regular o funcionamento:

a) Proposta Pedagógica.

b) Livro de Atas.

c) Diário de Classe.

d) Diretrizes Curriculares.

e) Regimento.

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Direito Aplicado à Educação

4. O Estatuto contém normas e explicações para o funcionamento de


determinada organização ou instituição. EXCETO:

a) Conjunto normas jurídicas.

b) Regulamenta o funcionamento de uma pessoa jurídica.

c) Normatiza uma associação ou uma fundação.

d) Organiza um conjunto de leis do estado.

e) Comum a todo o tipo de órgãos colegiados, incluindo entidades sem


personalidade jurídica.

5. Com base nos conceitos de norma fundamental e da pirâmide de Kelsen, foi


constituída a pirâmide jurídica brasileira. Partindo topo para a base, organize a
estrutura hierárquica do ordenamento jurídico no Brasil.

I - Leis, Decretos e Jurisprudência;

II - Atos Normativos, Portaria, Resoluções, Portarias etc.;

III - Constituição Federal;

IV - Contratos, Sentenças Judiciais, Atos e Negócios Jurídicos.

a) II, I, IV e III.

b) I, II, III e IV.

c) III, I, II e IV.

d) IV, II, III e I.

e) II, III, IV e I.

6. Segundo Paulo Dourado de Gusmão, a norma jurídica tem como princípio


basilar garantir:

a) O fim da fome e injustiça social.

b) A ordem e o fim de conflitos étnicos.

c) O desarmamento e uma moeda única.

d) O fim das barreiras alfandegárias e a paz.

e) A ordem e a paz social e internacional.

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Direito Aplicado à Educação

7. Segundo o texto, uma das fontes diretas do direito é a jurisprudência.


Marque a melhor definição desse termo.

a) Análise de casos internacionais julgados pela Corte Interamericana de


Direitos Humanos.

b) Veredito do juiz tomando como base seu conhecimento pessoal;

c) Interpretação da lei feita pelos juízes e tribunais nas suas decisões.

d) Prática aceita como sendo direito, caso não exista lei sobre determinado
assunto.

e) Parecer realizado pelos estudiosos do assunto.

8. As Leis Ordinárias podem ser formuladas por órgãos de três instâncias. Esses
são:

a) Ministério Público, Congresso Nacional e Câmara do Vereadores.

b) Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Secretaria de Educação.

c) Congresso Nacional, Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores.

d) Câmara de Vereadores, Congresso Nacional e Ministério da Fazenda.

e) Assembleia Legislativa, Ministério do Trabalho e Câmara de Vereadores.

9. Para que serve um parecer? Traga um exemplo de parecer.

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10. Traga um exemplo de Estatuto na Educação.

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2 Políticas e Reformas
Educacionais a Luz da
LDB 9394/96

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Direito Aplicado à Educação

Esta unidade traz informações para a análise compreensiva das políticas


educacionais em seus aspectos sociopolíticos e históricos. Nela, são abordados
aspectos como qualidade versus quantidade na educação brasileira; as reformas
educacionais que aconteceram em nosso país; o Plano Nacional de Educação e
seus diferentes aspectos.

Objetivo da unidade:

Esta unidade tem o objetivo de apresentar as Políticas Educacionais, as


reformas de ensino decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Lei nº 9394/96, bem como os Planos e Diretrizes Nacionais para a Educação
Brasileira.

Plano da disciplina

Políticas Educacionais

Qualidade x quantidade na educação brasileira

Reformas Educacionais

Diretrizes de Ensino

 
Bem-vindo à segunda unidade!

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Direito Aplicado à Educação

Políticas Educacionais

Nos dez primeiros anos que se seguiram, houve um desenvolvimento do


ensino ja- mais registrado no país. A centralização/descentralização são categorias
que estão vinculadas à questão do exercício do poder político, mesmo porque,
desde o final do século XX, a descentralização vem atrelada aos interesses
neoliberais de diminuir gastos sociais do Estado. Isso ficou evidente após a
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9394/96
que centraliza no âmbito federal as decisões sobre currículo e sobre avaliação e
repassa à sociedade responsabilidades estatais.

Esta unidade tem o objetivo de apresentar as Políticas Educacionais, as


reformas de ensino decorrentes da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional,
Lei nº 9394/96, bem como Plano Nacional da Educação e Diretrizes Nacionais para
a educação brasileira.

Para abordar o tema Políticas Educacionais faz-se necessária uma análise das
reformas educacionais em curso no mundo que constatam a existência de pontos
comuns nas políticas educacionais, como a gestão da educação, o financiamento, o
currículo, a avaliação e a formação de professores. Todavia, há aspectos que
impregnam esses pontos e que, historicamente, caracterizam as políticas de
educação, como sendo unicamente algo centrado entre o público e o privado,
entre o ensino superior e a educação básica.

Para a autora Regina Vinhaes Gracindo, no contexto atual, as políticas educacionais


podem ser observadas pelas inúmeras contradições instituídas, resultantes de uma
forma de pensar a sociedade, o Estado e a gestão da educação. Para vários
pesquisadores na área das políticas educacionais, as consequências da inversão de
prioridades estariam, por exemplo, no abandono da democratização do acesso e da
permanência de todos na escola básica em nome da qualidade do ensino.

Portanto, nas políticas educacionais são impressos alguns jargões progressistas,


como a qualidade do ensino para diminuição dos altos índices de evasão e
repetência, mas não consegue incluir efetivamente todas as crianças e os jovens na
vida escolar. Outra consequência diz respeito ao descompromisso do Estado ao

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Direito Aplicado à Educação

descentralizar ações para a comunidade, desobrigando-se de manter políticas


públicas, especialmente as sociais, e repassando encargos para outras instâncias
administrativas institucionais, porém sem poder decisório. Exemplos disso são as
ações assumidas pelo voluntariado em questões de responsabilidade do Estado.
Pode-se usar como exemplo o Programa Amigos da Escola, que nada mais é do
que passar adiante uma tarefa que é do Estado.

Na busca de implantar sua política, o discurso neoliberal argumenta que a


esfera privada é detentora de maior eficiência, enfraquecendo, assim, os serviços
públicos e levando à privatização desenfreada de serviços educacionais,
principalmente no ensino superior. Devido a essa prática, há uma redução de
investimentos públicos na educação superior pública ocorrendo uma inserção
maior de investimentos no Ensino Fundamental.

Dica de Vídeo!

Para aprofundar o conhecimento

Assista o vídeo: Pablo Gentili – Políticas Neoliberais

Link: https://www.youtube.com/watch?v=oTimRbPmh-E

O estudo do histórico das políticas educacionais possibilita identificar tais


elementos de análise nos diferentes momentos da história da educação brasileira.
De forma suscinta vamos abordar três aspectos importantes categorias
importantes para o entendimento desse movimento histórico nas políticas
educacionais que resultam em propostas atuais:

Começamos pela centralização/descentralização que, na organização da


educação brasileira, tem como fato histórico e marcante e que auxilia na
compreensão deste primeiro item, a representação que obteve a Revolução de
1930. Ela representou a consolidação do capitalismo industrial no Brasil e foi
determinante para o consequente aparecimento de novas exigências educacionais.

Nos dez primeiros anos que se seguiram, houve um desenvolvimento do


ensino jamais registrado no país. A centralização/descentralização são categorias
que estão vinculadas à questão do exercício do poder político, mesmo porque,
desde o final do século XX, a descentralização vem atrelada aos interesses

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Direito Aplicado à Educação

neoliberais de diminuir gastos sociais do Estado. Isso ficou evidente após a


promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a Lei nº 9394/96
que centraliza no âmbito federal as decisões sobre currículo e sobre avaliação e
repassa à sociedade responsabilidades estatais.

Qualidade x Quantidade na Educação Brasileira

Sobre a qualidade da educação e do ensino, os educadores têm caracterizado o


termo qualidade com os adjetivos social e cidadã, isto é, qualidade social,
qualidade cidadã, para diferenciar o sentido que as políticas dão ao termo.
Salienta-se, assim, que qualidade social da educação significa não apenas
diminuições da evasão e da repetência como entendem os neoliberais, mas refere-
se à condição de exercício da cidadania que a escola deve promover.

O embate entre defensores da escola pública e privatistas na educação


brasileira significa que, compreender a educação pública no Brasil, supõe conhecer
como se deu, historicamente, o embate com as forças privatista presentes em toda
a história educacional brasileira, ora se apresentando com maior ou menor
expressão, ora adquirindo características diferenciadas.

Destacamos que na elaboração da Constituição de 1988, evidencia-se o


favorecimento das instituições educacionais privadas, sinaliza Bonamino,2003,
p.258, que:

A nova Constituição adota uma concepção ampla de setor privado. Como


observa Cury (1992), no art. 213, que trata da transferência de recursos e da
liberdade de ensino, há uma inovação constitucional. Pela primeira vez, um texto
legal faz distinção clara entre o público e o privado e entre diferentes modalidades
de escola privada, com implicações diretas para as diferentes maneiras de qualificar
os possíveis beneficiários dos recursos públicos.

Assim, durante o processo de elaboração da Constituição de 1988, verificou-se


novamente o confronto entre publicistas e privatistas.

A partir de meados da década de 80, com a crise econômica internacional e o


desemprego estrutural que levaram ao arrocho salarial, a classe média, pressionada

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Direito Aplicado à Educação

pelo custo de vida, buscou retirar do orçamento familiar o gasto com mensalidades
escolares e foi à procura da escola pública. A inadimplência cresceu nas escolas
particulares e nova ofensiva apresentou-se: a ideia do público não estatal.

O público passou a ser entendido como tudo o que se faz na sociedade e nela
interfere. Nessa perspectiva, haveria o público estatal e o público privado,
ti
definindo a gratuidade do ensino apenas em estabelecimentos oficiais, como
assegurava o artigo 206 da Constituição Federal de 1988. Tal concepção deve-se à
política neoliberal, que prega o Estado mínimo, ou Estado garantia, incluindo até
mesmo a privatização ou a minimização da oferta de serviços sociais.

Reformas Educacionais

Ao abordar as reformas educacionais, pressupõe entender os multiplos


sentidos que levaram a criação de certas legislações. Isso significa que deve ser
constatada a existência de determinado problema para, então, buscar soluções
para ele, formular uma política e um plano de implementação. Ocorre que um
problema nacional, como problema governamental, só existe com uma percepção
coletiva. Não basta, assim, somente algumas pessoas terem consciência do
problema; é preciso que existam pressões sociais coletivas para que determinado
aspecto da realidade seja considerado.

Sobre isso, José Mário Pires Azanha afirma que somente quando essa
consciência se generaliza e se difunde amplamente na sociedade é que se pode
falar de um problema em termos nacionais e de governo.

Para Shiroma (2004, p. 9) compreender o sentido de uma política pública


demandaria conhecer e entender o significado do projeto social do Estado. Assim,
para tornar compreensível o que seja uma política educacional, três perguntas são
fundamentais:

Qual é o projeto?

Quem defende?

Que política foi adotada?

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Direito Aplicado à Educação

Poderíamos também acrescentar mais uma: A quem interessa a efetivação de uma


política educacional? Assim, torna-se importante lembrarmos que ao longo da história
da Educação vários programas e projetos foram instituídos como forma de organização
das politicas educativas, atendendo sempre ao projeto social do Estado.

Manifesto dos pioneiros da Educação Nova

Em 1932, um grupo de educadores apresentou o projeto educativo Manifesto


dos pioneiros da Educação Nova, ligado à nova corrente da época, lançado nos
Estados Unidos, que conquistava seguidores no Brasil. Esse documento pode ser
considerado a primeira tentativa de elaboração de um plano de educação para o
país. Atualmente, estaria existindo novamente essa consciência nacional, pela
presença, constante, nos diferentes discursos, da importância da educação em um
mundo competitivo, em uma sociedade em que o conhecimento é fundamental e
o fantasma do desemprego só se combate com a educação. Essa consciência teria
provocado, no final do século XX, a aprovação e implementação de reformas no
ensino brasileiro por meio da LDBEN nº 9394/96 e, consequentemente, os Planos e
Diretrizes por ela apontadas. Vejamos no quadro a seguir as tentativas feitas nos
últimos 85 anos em relação à educação do nosso país.

ANO/PERÍODO OBJETO DA POLÍTICA EDUCACIONAL REPRESENTANTES

1932 Introdução da racionalidade científica Escolanovistas


Governo Getúlio
1937 Controle político-ideológico Vargas – Estado
Novo
Lei 4024/61 - LDBEN Instrumento de distribuição de
1961 Governo João Goulart
recursos para os diferentes níveis de ensino

1964 Racionalidade tecnocrática na educação Ditadura Militar

1986 Racionalidade democrática Governo Sarney

Programa Setorial de Ação do Governo a meta era Collor na área de


1991- 1995
inserir o país na nova revolução tecnológica Educação

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Direito Aplicado à Educação

ANO/PERÍODO OBJETO DA POLÍTICA EDUCACIONAL REPRESENTANTES

Plano Decenal de Educação para Todos 1993-2003


desdobramento da participação do Brasil na
1992-1994 Conferência de Educação para Todos, em 1990, em Itamar Franco
Jomtien, na Tailândia, promovida pela UNESCO, pelo
UNICEF e pelo BIRD.

Fernando Henrique
LDB 9394/96 Organiza a educação brasileira e as Cardoso (Presidente)
1996
instituições de ensino e pesquisa. Paulo Renato Souza
(Ministro da Educação)

LEI N° 10172, DE 9 DE JANEIRO DE 2001. Aprova o


Plano Nacional de Educação - PNE elevação global
Aprovada pelo
do nível de escolaridade da população; melhoria da
Congresso Nacional
qualidade do ensino em todos os níveis; a redução
2001- 2010 sancionada pelo
das desigualdades sociais e regionais no tocante ao
Presidente da
acesso e à permanência, com sucesso, na educação
República
pública e democratização da gestão do ensino
público.
Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o
Plano Nacional de Educação (PNE) I − erradicação do
analfabetismo; II − universalização do atendimento
escolar; III − superação das desigualdades Decretada pelo
educacionais, com ênfase na promoção da cidadania Congresso Nacional
e na erradicação de todas as formas de sancionada pelo
2014-2024
discriminação; IV − melhoria da qualidade da Presidente da
educação; V − formação para o trabalho e para a República
cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em Dilma Russef
que se fundamenta a sociedade; VI − promoção do
princípio da gestão democrática da educação
pública;

Em 1932, o objetivo do plano era o da introdução da racionalidade científica


com os autores da tendência escolanovista. Em 1937, o objeto do plano era de
controle politicoideológico, durante o Governo Vargas – Estado Novo.

Em 1961, temos a Lei nº 4024, LDBEN, cujo objeto era o do Instrumento de


distri- buição de recursos para os diferentes níveis de ensino. Em 1964, durante a
Ditadura Militar, temos a racionalidade democrática. E, por fim, em 1990 até os dias
de hoje, observamos a Racionalidade Financeira.

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Direito Aplicado à Educação

Ao observar a planilha, a seguir, podemos perceber que a criação do diferentes


projetos educativos são bem distintos, ocorrem a partir das mudanças sociais e
econômicas do país e do mundo. Vejamos:

ANO/PERÍODO PNE OBSERVAÇÕES

Oriundo da Constituição de
1946 e da LDBEN 4024/61.
Sofreu duas alterações. A
1º Plano Nacional de Educação. Com vigência de dois
1962 primeira em 1965 (salário –
anos, interrompido pela ditadura militar
educação). A s e g u n d a
e m 1966 (orientação para o
tra- balho)

Não saiu do papel


1993 Plano Decenal de Educação para Todos sendo abandonado em
1995

2º Plano Nacional de Educação


Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE elevação
global do nível de escolaridade da população; Lei 10.172/01
melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis; a Aprovada pelo Congresso
2001-2010
redução das desigualdades sociais e Nacional sancionada pelo
regionais no tocante ao acesso e à permanência, com Presidente da República
sucesso, na educação pública e democratização da
gestão do ensino público.

3º Plano Nacional de Educação


Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE)  I −
erradicação do analfabetismo; II − universalização do
Lei nº 13.005, de 25 de
atendimento escolar; III − superação das
junho de 2014
desigualdades educacionais, com ênfase na promoção
Aprovada pelo Congresso
2014-2024 da cidadania e na erradicação de todas as formas de
Nacional sancionada pelo
discriminação; IV − melhoria da qualidade da
Presidente da República
educação; V − formação para o trabalho e para a
Dilma Rousseff
cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em
que se fundamenta a sociedade; VI − promoção do
princípio da gestão democrática da educação pública;

35
Direito Aplicado à Educação

Este segundo quadro trata da real aplicação de cada um dos Planos, inclusive
reconhece a existência e aplicabilidade de apenas três deles. Em 1962, temos o 1°
Plano Nacional de Educação. Em 1993, temos o Plano Decenal de Educação para
todos, que não saiu do papel, sendo abandonado em 1995. E, em 2001, por meio
da Lei n°10.172, tivemos outra versão do Plano Nacional de Educação. Atualmente,
temos o PNE referente ao período 2014-2024 aprovado pela Lei nº 13.005, de 25 de
junho de 2014

Plano Nacional de Educação. O que é?

Afirma Bordignon (2014, p.33) que se pode definir plano como a descrição, o
desenho, o projeto do caminho a seguir, nele estão as metas e ações para ser
alcançado um futuro desejado. Trata-se de um documento formal que consolida as
decisões tomadas no processo de um planejamento. Assim, o plano é um registro
escrito, sob a forma de um documento aprovado, na instância própria de
competência legal.

Neste sentido, O Plano Nacional de Educação sempre será aprovado pelo


Congresso Nacional e transforma- do em Lei com uma duração prevista para dez
anos. Em consequência, os Estados, o Distrito Federal e os municípios devem
elaborar também seus Planos Decenais correspondentes para se adequarem às
especificidades locais.

O Plano Nacional de Educação, portanto, se refere a todos os níveis e


modalidades de ensino, e é o primeiro a ser submetido à aprovação do Congresso
Nacional, tanto por exigência da Constituição Federal de 1988, que o institui,
quanto pelo artigo 9º da LDBEN nº 9394/96. É importante esclarecer que, por ter
sido instituído pela Constituição Federal de 1988, o PNE é autônomo em relação ao
que estabelece a LDBEN de 1996.

Quais são os planos? Pne

A Constituição brasileira, em seu Art 214, previu a implantação legal do Plano


Nacional de Educação Plano (PNE). Entretanto, a Emenda Constitucional (EC) nº
59/2009 melhor qualificou o papel do PNE, ao estabelecer sua duração como
decenal – no texto anterior, no plano era plurianual – e ao aperfeiçoar seu objetivo:
articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir

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Direito Aplicado à Educação

diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a


manutenção e desenvolvimento do ensino, em seus diversos níveis, etapas e
modalidades, por meio de ações integradas das diferentes esferas federativas.

Assim, destacamos no PNE 2014- 2024:

Art. 2º São diretrizes do PNE: I − erradicação do analfabetismo; II −


universalização do atendimento escolar; III − superação das desigualdades
educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as
formas de discriminação; IV − melhoria da qualidade da educação; V − formação
para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que
se fundamenta a sociedade; VI − promoção do princípio da gestão democrática da
educação pública; VII − promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do
país; VIII − estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), que assegure
atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade;
IX − valorização dos(as) profissionais da educação; X − promoção dos princípios do
respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental.
(Lei 13.005 2014).

Fonte: http://educacaouniverso.blogspot.com.br/2014/06/ja-conhece-o-novo-plano-nacional-de.html

A introdução do Plano inclui, entre as prioridades maiores, a erradicação do


analfabetismo; universalização do atendimento escolar; superação das
desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na
erradicação de todas as formas de discriminação. Assim, a Constituição 1988 e a
LDB 9394/96 atribuem responsabilidades específicas à União, aos estados e aos
municípios, determinando que cada instância organize o respectivo sistema de
ensino em regime de colaboração com as demais, cooperando entre si para
garantir o ensino obrigatório. Neste sentido, a alfabetização e o ensino
fundamental de jovens e adultos compõem esse campo de responsabilidades
compartilhadas, que exigem a colaboração dos municípios, estados e da União,
cabendo ao governo federal as funções de coordenação das políticas nacionais, de
articulação e apoio técnico e financeiro às demais instâncias.
   

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Direito Aplicado à Educação

Na segunda metade do século passado, Dermeval Saviani, um teórico brasileiro,


já destacava as diferentes racionalidades existentes nas muitas tentativas de
elabora ção e de implementação de um Plano Nacional de Educação. A CONAE –
Conferência Nacional de Educação ocorreu entre 28 de março e 1º de abril de 2010.
Foi um espaço de discussão sobre a educação brasileira em que o tema principal foi
a construção do sistema nacional articulado e o Plano Nacional de Educação.

Dica!

Pesquise sobre as 20 metas do plano nacional de educação 2014-2024


Fonte: http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conecendo_20_metas.pdf

Diretrizes de Ensino

As Diretrizes Nacionais de Ensino têm sua origem no artigo 9º da LDBEN e se


constitui incumbência da União. Elas são elaboradas pelo Conselho Nacional de
Educação e, em virtude das inúmeras mudanças política, econômicas e sociais no
Brasil, elas são consequentemente alteradas, dependendo das intencionalidades e
aspirações sociais ou, na maioria das vezes, da agenda política e dos interesses da
classe dominante. Após aprovação e publicação oficial devem ser cumpridas em
todo o território nacional. Atualmente, já foram elaboradas e aprovadas as
Diretrizes que tratam dos níveis e modalidades da educação nacional estando
constituídas conforme o quadro que veremos a seguir:

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Direito Aplicado à Educação

DIRETRIZ NACIONAL ASSUNTO

Parecer CNE/CEB nº 7/2010,


aprovado em 7 de abril de
2010. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica.
Resolução CNE/CEB nº 4, de 13
de julho de 2010

Ensino Fundamental (alterado pela Res.CEB nº 03/2005 e Res. CNE/CEB nº


Parecer *CEB nº 04/98 01/2010)
CEB nº 03/2005 e Res. CNE/CEB nº 01/2010).
Ensino Médio (atualizadas pela Res. CNE/CEBnº 01/2005 e Res CNE/CEB nº
Parecer CEB nº 15/98
04/2005).
Parecer CEB nº 22/98 Educação Infantil (atualizadas pela Res. CNE/CEB nº 05/2009).
Parecer CEB nº 01/99 Formação d e P r o f e s s o r e s n a modalidade Normal em nível médio.
Parecer CEB nº 14/99 Educação em Escolas Indígenas.
Educação Profissional de Nível
Parecer CEB nº 16/99 Técnico(atualizadas pela Res. CNE/CEB nº01/2005 e Res. CNE/CEB nº
04/2005).

Parecer CEB nº 04/2000 Diretrizes Operacionais para a Ed.Infantil.

Parecer CNE/CEB nº 17/2012, Orientações sobre a organização e o funcionamento da Educação Infantil,


aprovado em 6 de junho de inclusive sobre a formação docente, em consonância com as Diretrizes
2012. Curriculares Nacionais para a Educação Infantil.

Parecer CEB nº 11/2000 Educação de Jovens e Adultos.

Parecer CEB nº 17/2001 Educação Especial na Educação Básica.

Parecer CEB nº 36/2001 Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo.

Estabelece Diretrizes complementares, normas e princípios para o


Parecer CNE/CEB nº 02/2008 desenvolvimento de políticas públicas de atendimento da Educação
Básica do Campo.
Fixa as Diretrizes Nacionais para os Planos de Carreira e Remuneração
dos Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública, em
CNE/CEB nº 02/2009 conformidade com o artigo 6º da lei nº11.738/2008, e com base nos
artigos 206 e 211 da CF/88, nos art. 8º, parágrafo 1º, e
67 da Lei nº 9394/96, e no art. 40 da Lei nº11.494/2007.
Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional
CNE/CEB nº 04/2009 Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial da
Educação Básica, modalidade Educação Especial.
Parecer CNE/CEB nº 5/2011,
aprovado em 5 de maio de Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.
2011

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Direito Aplicado à Educação

Dica!

Para você obter todas as publicações atualizadas referentes às


legislações brasileiras, acesse o Portal do MEC.

http://portal.mec.gov.br/pnaes/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-
82187207/12992-diretrizes-para-a-educacao-basica

À medida que as instituições privadas e os conselhos estaduais de educação


encaminham consultas referentes a temas ligados aos níveis e modalidades de
ensino, o Conselho Nacional de Educação, por meio de suas Câmaras
constituídas, se manifesta.

Enfim, esses documentos são marcos regulatórios vigentes para além de uma
letra fria da lei configura-se com um imenso desafio aos educadores
comprometidos com a qualidade do ensino. Não há dúvidas que a legislação
cumpre um papel fundamental de assegurar direitos conquistados. Assim, torna-se
necessário considerar as constantes transformações sociais e avançar na
compreensão do papel social da escola. 

Leitura complementar

MENESES, João Gualberto de Carvalho et.al. Estrutura e funcionamento da


educação básica: leituras. São Paulo: Pioneira, 1998.
A obra trata sobre a educação nacional, sua estrutura e funcionamento a
partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacinal 9394/96.
SOUZA, Paulo Nathanael Pereira; SILVA, Eurides Brito. Como entender e
aplicar a nova LDB. São Paulo: Pioneira Thomson Learnin, 2002.
Nesta obra os autores apresentam com clareza a nova legislação da
educação na- cional e sua aplicabilidade no chão da escola.
BRZEZINSKi, Iria. (org.) LDB interpretada: diversos olhares se entrecruzam. 4
ed. são paulo: cortez editora, 2000.

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Direito Aplicado à Educação

Esta obra foi elaborada a partir do conjunto de 13 textos de diferentes autores


que abordam de forma interpretativa a lei de diretrizes e bases da educação
nacional de 1996, revelando suas possibilidades de aplicação.

Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em contato
com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e consulte
sempre a biblioteca do seu polo.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

41
Direito Aplicado à Educação

Exercícios – Unidade 1

1.Partindo da sua pesquisa sobre as 20 metas do plano nacional de educação


2014-2024, responda:

A Meta 6 do PNE 2014-2024, trata:

a) Educação Infantil.

b) Educação em tempo integral.

c) Educação Indígena.

d) Alfabetização.

e) Educação na integralidade.

2. A meta 20 discute sobre o Financiamento da Educação, no sentido de


ampliar o investimento público na educação. Assim, para o final do decênio o PNE
2014-2024 indica o valor mínimo de investimento equivalente a um percentual do
PIB, de:

a) 2% do PIB.

b) 7% do PIB.

c) 12% do PIB.

d) 15% do PIB.

e) 10% do PIB.

3.Meta 7 do PNE 2014-2024 trata 7 - Aprendizado adequado na idade


certa. Assim, são afirmações incorretas:

a) Estimular a qualidade da educação básica em todas etapas e


modalidades.
b) Melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem.
c) Atingir melhores médias nacionais para o IDEB.
d) Priorizar os aspectos qualitativos sobre os aspectos quantitativos.
e) Estimular a qualidade da educação básica nas modalidades de ensino.

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Direito Aplicado à Educação

4. Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5%


até 2015 e, até o final da vigência do PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e
reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional. Estamos falando da:
a) Meta 8.

b) Meta 7.
c) Meta 9.

Ed) Meta 5.

e) Meta 6.

5. Que documento pode ser considerado a primeira tentativa de elaboração de


um plano de educação para o País.

a) A Constituição Federal de 1988.


b) O Manifesto dos Pioneiros da Educação.
c) O Plano Decenal de Educação para Todos.
d) A Lei nº 4024/1961.

e) A Lei nº 9394/96.

6. De modo geral, como os educadores têm caracterizado a qualidade da


educação e do ensino?

a) diminuições da evasão e da repetência.


b) atividades extracurriculares e ingresso na universidade.
c) inserção no mercado de trabalho e aumento da renda.

d) filiação partidária e permanência escolar.


e) qualidade social e qualidade cidadã.

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Direito Aplicado à Educação

7. A qual instância do poder público o Plano Nacional de Educação


apresentado para aprovação?

a) Câmara dos Vereadores.

b) Congresso Nacional. gabaritoerrado


c) Assembleia Legislativa.

d) Secretaria de Educação.

x
e) Ministério da Fazenda.

8. Diferentes Diretrizes Educacionais já foram elaboradas e aprovadas, tratando


dos níveis e modalidades da educação nacional. O Parecer CEB nº 11/2000 garantiu
avanço em qual tema relacionado ao ensino?

x
a) Educação em Escolas Indígenas.

b) Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo.

X
c) Educação de Jovens e Adultos.

d) Educação Infantil.

e) Formação de Professores na modalidade Normal em nível médio.

44
Direito Aplicado à Educação

9. Após a leitura da unidade 2, provavelmente surgiram questionamentos do


tipo: como toda essa legislação chega até à escola? Como os professores veem a
legislação e sua relação com as Políticas Públicas? Faça uma saída de campo até uma
escola pública ou privada de qualquer nível ou modalidade de ensino e tente
encontrar essas respostas. Converse com a equipe diretiva da escola e, na
sequência, transcreva e apresente suas conclusões para seus colegas, de forma
virtual ou presencial, antes do próximo capítulo.

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10. De acordo com as questões apontadas e discutidas sobre qualidade nesta


unidade. Conceitue qualidade na educação.

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Direito Aplicado à Educação

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Direito Aplicado à Educação

3 LDB 9394/96: Os Fins


da Educação Nacional
e Os Níveis da
Educação no Brasil

47
Direito Aplicado à Educação

Esta unidade aborda os fins da educação nacional que se encontram no artigo


segundo da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, com o seguinte teor: “a
educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos
ideais de solidariedade humana, considerando o desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania, sua qualificação para o trabalho”. A ênfase
está na educação básica, com destaque para temas relevantes, como a evasão
escolar, os órgãos administradores e normatizadores que se ocupam em gestar e
legislar para a educação, com destaque para os diferentes sistemas de ensino.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade é explorar os aspectos legais que trazem em seu


interior diferentes abordagens explicativas sobre os fins da educação nacional, sob
o olhar de diferentes autores reconhecidos.

Plano da unidade:

Níveis de ensino da educação básica Ministério da Educação

Conselho Nacional de Educação Sistema Federal de Ensino Sistema


Estadual de Ensino Sistema Municipal de Ensino

Bem-vindo à terceira unidade!

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Direito Aplicado à Educação

A Constituição do Brasil, também chamada de Carta Magna, é a base da


organização da sociedade brasileira em todos os seus aspectos. Assim, todos os
direitos e deveres do cidadão estão contidos na nossa Constituição.

O que a Constituição Brasileira, promulgada em 1988, estabelece em relação à


educação nacional, além dos direitos e deveres do cidadão. Esses direitos e deveres
estão explicitados no artigo 205 da Constituição Federal. O que diz o artigo?

O que diz o artigo?

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e


incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho.”

Percebemos que a educação não é um processo solidário. Não adianta só o


Estado brasileiro querer. Há que haver cumplicidade entre o poder federal, o
estadual, o municipal e o do Distrito Federal. Mas isso não é o suficiente. É
necessário, também, que a família se faça presente, que os diversos segmentos da
sociedade também colaborem, participando, refletindo, reivindicando por
melhorias na educação.

Além dos direitos e deveres do cidadão quanto à educação, a Carta Magna,


estabelece os princípios em que o ensino deve basear-se. Conhecer e pôr em
prática esses princípios é de vital importância para todos os profissionais da
educação. Esses princípios também precisam ser conhecidos e respeitados pelos
responsáveis pela formulação e execução das políticas públicas para a educação,
ou seja, os membros do Poder Executivo (Presidente, Ministros de Estado,
Governadores, Secretários, Prefeitos, Diretores de Escolas etc.).

Nesse sentido, torna-se importante a leitura da LDB 9394/96, feita em seus


nove títulos, e de 92 artigos. A Lei inicia-se pela conceitualização (art. 1°), coloca
princípios e fins da educação nacional (arts. 2° - 7°).

49
Direito Aplicado à Educação

Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na


vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais.

§ 1º Esta lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,


predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática


social.

Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de


liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o


pensamento, a arte e o saber;

III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;

IV – respeito à liberdade e apreço à tolerância;

V – coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;

VI – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;

VII – valorização do profissional da educação escolar;

VIII – gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação


dos sistemas de ensino;

IX – garantia de padrão de qualidade;

X – valorização da experiência extraescolar;

XI – vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.

XII - consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796,


de 2013)

50
Direito Aplicado à Educação

Os princípios constitucionais para a educação asseguram a coexistência


pacífica de escolas públicas e privadas, sendo que as públicas têm que oferecer um
ensino gratuito, ou seja, sem cobranças, pois, na verdade, elas são mantidas pelos
impostos dos cidadãos. Os profissionais da educação devem ser valorizados,
admitidos por concurso público e amparados por um plano de carreira específico
para o magistério; as políticas públicas devem estabelecer os padrões de qualidade
para desenvolvimento educacional mais igualitário.

Nesse processo, torna-se necessário à organização escolar com uma gestão


democrática, pois se trata de uma exigência constitucional, que incluem
importantes movimentos como a eleição direta do diretor na escola, a construção
do Projeto Político Pedagógico da escola com participação coletiva de todo
comunidade escolar, visando a uma gestão participativa.

Níveis de educação no Brasil

A abordagem sobre a organização do ensino brasileiro se alicerça na Lei de


Diretrizes e Bases 9394/96 e está organizada em dois níveis: educação básica e
educação superior. Sendo, respectivamente, chamados de primeiro nível e
segundo nível da educação nacional.

Nos cursos de Licenciaturas aborda-se, especificamente, o primeiro nível,


educação básica, sendo que o segundo nível, educação superior – que possui entre
suas finalidades estimular a criação cultural e do desenvolvimento do espírito
científico e do pensamento reflexivo – é abordado e aprofundado em nível de pós-
graduação.

Educação básica
A educação básica organiza-se em três etapas ou níveis, a saber: Educação
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio. A educação básica tem como
objetivo assegurar a todos os cidadãos brasileiros a formação comum
indispensável para o exercício da cidadania e fornecer-lhes os meios para a
progressão no trabalho e em estudos posteriores conforme o:

51
Direito Aplicado à Educação

Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado


mediante a garantia de ((Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)):

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)


anos de idade, organizada da seguinte forma:

a) pré-escola;

b) ensino fundamental;

c) ensino médio;

II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade;

III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com


deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades,
preferencialmente na rede regular de ensino;

IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os


que não os concluíram na idade própria;

VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por


meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde;

Enfim, torna-se importante que a lei seja ajustada, na sua aplicação, a situações
reais, que envolvem: o funcionamento das redes escolares, a formação dos
especialistas e docentes, as condições de matrícula, aproveitamento da
aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e
humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da
iniciativa particular no esforço educacional como sugere o texto de Brito.

52
Direito Aplicado à Educação

Leitura Complementar

CONCEITO DE LDB

SOUZA, Paulo Nathanael & SILVA, Eurides Brito

“Os princípios que regem a educação nacional, enunciados no texto


constitucional devem ser ajustados, na sua aplicação, a situações reais, que envolvem:
o funcionamento das redes escolares, a formação dos especialistas e docentes, as
condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os
recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do
ensino, a participação do poder público e da iniciativa particular no esforço
educacional, a superior administração dos sistemas de ensino, as peculiaridades que
caracterizam a ação didática nas diversas regiões do país etc. São esses ajustamentos,
essas diretrizes nascidas das bases inscritas na Carta Magna, que se constituem
matéria-prima de uma Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Da ação conjunta do texto constitucional e do contexto da Lei de Diretrizes e


Bases nascem a política e o planejamento educacionais, e depende o dia-a-dia do
funcionamento das redes escolares de todos os graus de ensino. Ambos esses códigos
legais funcionam harmônica e interdependentemente, como cara e coroa da mesma
moeda, que, no caso é a educação nacional.

“Essa integração normativa com a Constituição gera, para a Lei de Diretrizes e


Bases, algumas limitações e características, que serão destacadas a seguir:

53
Direito Aplicado à Educação

1) A LDB não pode divergir filosófica e doutrinariamente do que estatui a


Constituição, no que diz respeito aos princípios reguladores da educação brasileira.

2) A LDB não pode, nem acrescentar, nem omitir, no seu texto, algo não
consagrado expressamente na Constituição.

3) A LDB não pode conter minúcias, nem normas de regulamentação casuísta,


devendo sua linguagem primar pela clareza, pela generalidade e pela síntese. Não
fora ela uma lei de diretrizes!

Sendo, como é, uma lei de âmbito nacional e compondo-se, como se compõe


o Brasil, de uma variedade incontestável de situações as mais diversas e
contrastantes, se não for genérica e abrangente nas regras que contém, não servirá
a todos os sistemas de ensino do País, como é do seu dever. Ademais, estando à
educação sujeita, o tempo todo, a mutações dinâmicas e sucessivas, se o texto de
sua lei básica não for sintético e amplo, com vistas à estabilidade normativa, a lei de
hoje poderá ser inútil amanhã.”1

4) A LDB deve regular a vida das redes escolares, no que diz respeito ao ensino
formal, ficando fora de seu alcance todas as manifestações livres e aquele tipo de
curso que não funciona sob a supervisão de outros órgãos, que não os da
administração superior dos sistemas de ensino.

Como você pôde ver, para um país com a dimensão do Brasil, uma lei nacional
da educação é importante, imprescindível, até mesmo para assegurar a identidade
nacional de Norte a Sul, de Leste a Oeste deste país que, por sua imensa extensão
territorial, é chamado de país-continente. A LDB trata das diretrizes e bases gerais
da educação brasileira, deixando aos Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal,
detalhamentos que protegerão as peculiaridades regionais e locais.

54
Direito Aplicado à Educação

Normas comuns para a educação básica, de acordo com a LDBEN nº 9394/96:

A classificação do aluno em qualquer serie ou etapa, exceto a primeira do


Ensino Fundamental, poderá ser feita por promoção, por transferência ou, ainda,
independente de escolarização anterior. Poderão organizar-se classes ou turmas,
com alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na
matéria, para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes
curriculares.

Outro elemento importante a ser abordado é a frequência que fica a cargo da


escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema
de ensino, exigindo a frequência mínima de 75% do total de horas letivas para
aprovação.

A carga horária mínima anual é de 800 horas distribuídas pelo mínimo de 200
dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais,
quando houver. Novos artigos foram incluídos na Lei de Diretrizes e Bases 9394;96,
ao longo dos útimos anos, como resultado de demandas da sociedade. Destaca-se
a ampliação do Ensino Fundamental para nove anos e o ingresso da criança neste
nível de ensino aos seis anos de idade.

A oferta obrigatória do ensino sobre história e cultura afro-brasileira e indígena,


no âmbito de todo o currículo escolar.

Quanto à avaliação da aprendizagem, constitui-se um grande desafio para


todos os profissionais da educação, pois seus resultados condicionaram os alunos à
continu- ação dos estudos.

Evasão Escolar

No Brasil, temos um elevado índice de evasão e muito se deve à reprovação de


alu- nos. A avaliação é um processo importante na relação ensino-aprendizagem,
pois é por meio dela que o professor vai poder observar ou não o desenvolvimento
do seu aluno, verificando se os objetivos foram alcançados. No seu artigo 24, ,a
LDBEN 9394/96 preceitua que:

55
Direito Aplicado à Educação

“Nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por série, o regimento


escolar pode admitir formas de progressão parcial, desde que preservada a
sequência do currículo, observadas as normas do respectivo sistema de ensino”.

Essa figura que aparece na Lei – progressão parcial – significa a redução da


retenção do aluno na série ou ano, pois permite que ele avance para o próximo
ano/série, e a escola encontre mecanismos de oferta em turno inverso dos conteúdos
que não foram atingidos, nas respectivas disciplinas. Também fica a critério de cada
escola estabelecer o número de disciplinas em que o aluno poderá ficar em
progressão parcial, essa orientação será estabelecida no Regimento Escolar.

Níveis de ensino da educação básica

Educação Infantil

A primeira etapa da educação básica é a Educação Infantil.

Seus dois objetivos principais são: desenvolver a criança de 0 a 5 anos de forma


integral e ser uma ação complementar à ação da família. Está organizada em
creche e pré-escola.

É fundamental abordar a distribuição das faixas etárias nas etapas de ensino.


Com as alterações propostas pela Emenda Constitucional nº 53 de 2006 – que
garante assistência gratuita do Estado às crianças de 0 a 5 anos, em creches e pré-
escolas – houve alterações tanto na duração de algumas etapas como nas idades
de ingresso e saída.

A creche atende crianças de 0 a 3 anos; a pré-escola atende crianças de 4 a 5


anos. A avaliação, na Educação Infantil, tem como finalidade acompanhar e
registrar o desenvolvimento da criança, sendo vedada para fins de promoção ao
Ensino Fundamental.

56
Direito Aplicado à Educação

A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013 altera a LDB n. 9394/96, diz que as


crianças com 4 anos devem ser matriculadas na Educação Infantil.

Com isso, a Educação Infantil passa a fazer parte da Educação Básica e, em


função disso, terá que se organizar de uma outra forma:

Frequência - não era uma exigência, mas agora a criança deverá


frequentar 60% do total de horas, as escolas deverão sistematizar o
controle de frequência.

Calendário escolar – A carga horária mínima de 800 horas e no mínimo


200 dias letivos, como já ocorre no ensino fundamental e médio.

Expedição de documentação que permita atestar os processos de


aprendizagem e desenvolvimento da criança.

As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a Educação Infantil estão


contidas no Parecer CEB nº 22/98, atualizadas pela Resolução CNE/CEB nº 05/2009.
As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, contidas no Parecer nº
22/98, estabelecem, entre outras prioridades, o educar e o cuidar, as propostas
pedagógicas para a Educação Infantil, e a formação dos profissionais da educação
para atuar nesta etapa educacional, em creches e pré-escolas.

As DCN para a Educação Infantil apresentam que educar e cuidar de crianças


de 0 a 5 anos supõe definir previamente para qual sociedade isso será feito, e como
se desenvolverão as práticas pedagógicas a fim de que as crianças e suas famílias
sejam incluídas em uma vida de cidadania plena.

As DCN para a Educação Infantil definem princípios norteadores, a saber:


éticos da autonomia, responsabilidade, solidariedade, e do respeito ao bem
comum; Princípios políticos dos direitos e deveres da cidadania, do exercício da
criticidade e do respeito à ordem democrática e Princípios estéticos da
sensibilidade, criatividade, ludicidade, qualidade e diversidade de manifestações
artísticas e culturais. Na Educação Básica o tempo da Educação Infantil corresponde
de zero aos cinco anos e 11 meses de idade.

57
Direito Aplicado à Educação

Ensino Fundamental

O ingresso no primeiro ano do Ensino Fundamental é a partir dos seis anos


completos, sempre a critério das normas dos respectivos sistemas. O Ensino
Fundamental tem a duração de nove anos e o aluno ingressa com seis anos,
podendo concluir com 14 anos de idade, sendo que o 1º. Segmento do Ensino
Fundamental normalmente ocorre na faixa etária dos seis aos dez anos de idade, e
2º. Segmento do Ensino Fundamental dos onze aos quatorze anos de idade. Dessa
forma, a lei 9394/96 estabelece que:

§ 2°. Os Municípios atuarão, prioritariamente, no ensino fundamental e na


educação infantil.

§ 3°. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino


fundamental e médio.

§ 4°. Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios


definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
obrigatório.

§ 5°. A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.

Ensino Médio

O Ensino Médio no ensino regular o aluno ingressa a partir dos quinze anos de
idade podendo concluir com 17 anos, ou a qualquer tempo. Lembrando que o
Ensino Médio é a etapa conclusiva da educação básica. Hoje, a lei estabelece que o
cidadão brasileiro obrigatoriamente ingresse na Educação Infantil com quatro anos
de vida e conclua a educação básica aos 17 anos.

Essa alteração no tempo de duração da educação básica nacional pretende


equiparar o ensino brasileiro com o dos países do Cone Sul e da América Latina.
Mesmo assim, ainda ficamos abaixo da oferta dos demais países sul-americanos.

58
Direito Aplicado à Educação

A organização da educação nacional está prevista na LDBEN em seu título IV e


apresentam as três esferas administrativas – federal, estadual e municipal. No seu
artigo 8º estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino.

Prevê à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os


diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e
supletiva em relação às demais instâncias educacionais, sendo que os sistemas de
ensino terão liberdade de organização, nos termos da respectiva Lei nº 9394/96.

A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios deverão elaborar leis e


regulamentos a fim de implantar a administração democrática nas escolas de
educação básica, pois as escolas de nível superior têm legislação específica sobre o
assunto.

Ministério da Educação

No âmbito federal, quando se trata de educação, a União está representada


pelo Ministério da Educação (MEC). A organização do Sistema Federal de Ensino
compõe-se do MEC, que é um órgão representativo e tem como atribuições, em
matéria de educação, formular e avaliar a política educacional de educação, além
de zelar pela qualidade da educação; e do Conselho Nacional de Educação (CNE),
seu órgão normatizador, deliberativo e de assessoramento ao Ministro da
Educação. A maior fonte de jurisprudência sobre a educação nacional, que antes
era o Conselho Federal de Educação, passa a ser o Ministério da Educação (MEC).

Conselho Nacional de Educação

O CNE tem a incumbência de elaborar as Diretrizes Curriculares Nacionais


(DCN) para a educação brasileira que, aliás, tem caráter de cumprimento
obrigatório, diferentemente dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) que não
possuem obrigatoriedade de cumprimento, haja vista serem parâmetros e não
diretrizes.

59
Direito Aplicado à Educação

É importante destacar o Conselho Nacional de Educação devido à


responsabilidade com a educação que o mesmo possui. O CNE, como órgão
normatizador do Sistema Federal de Ensino, é o responsável pela elaboração das DCN
para a educação brasileira. Foi criado pela Lei nº 9131 de 95, composto por suas duas
câmaras autônomas que legislam matéria educacional e estão assim organizadas:
Câmara de Educação Básica (CEB) e Câmara de Educação Superior (CES).

Cada uma delas é composta por 12 conselheiros, cujas escolhas e nomeação


são realizadas pelo Presidente da República, a partir de listas tríplices, elaboradas
para cada câmara, mediante consulta prévia à comunidade educacional.

O CNE reúne-se como Conselho Pleno, ordinariamente, a cada dois meses, e


suas câmaras reúnem-se mensalmente. É função do CNE, por intermédio de suas
duas câmaras, elaborar, para todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, as
Diretrizes Curriculares Nacionais, de cumprimento obrigatório em todas as escolas
brasileiras. Com a colaboração do Conselho Nacional de Educação, órgão a ele
vinculado

Dica

Pesquise no site do mec

O que é a Base Nacional Comum Curricular?

A Base trará os conhecimentos essenciais, as competências e as aprendizagens


pretendidas para as crianças e jovens em cada etapa da Educação Básica em todo
país?

O que contém o documento?

Como o CNE está organizando esse documento?

60
Direito Aplicado à Educação

Sistema Federal de Ensino

De acordo com o texto legal, o sistema federal de ensino compreende: as


instituições de ensino mantidas pela União (Universidades, Escolas Técnicas
Federais ou CEFETs, Colégio Pedro II, Colégios Agrícolas etc.); as instituições de
ensino superior da iniciativa privada e os órgãos federais de educação (MEC,
Conselho Nacional de Educação e os estabelecimentos a ele subordinados).

A LDB (Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996), em seu título IV, trata da


Organização da Educação Nacional. Embora, como as anteriores, ela também fuja à
conceituação de sistema de ensino, deixa implícito, todavia, que ao tratar da
organização da educação, está tratando de sistema. Nessa matéria inovou em
relação às demais, usando pela primeira vez a expressão sistema municipal.

Como que para acentuar o caráter de república federativa que é o Brasil e,


portanto, da interdependência entre União, Estados, Municípios e o Distrito
Federal, os legisladores passaram a usar a expressão sistema de ensino.

Todavia, alguns constitucionalistas deram grande contribuição à conceituação


de sistema de ensino. Vejamos:

Sampaio Dória disse que: “Sistema de Ensino é a coordenação das partes que o
componham, num todo orgânico, se confunde com as Diretrizes e Bases, a que os
sistemas de ensino hão de subordinar-se, para respeitarem a Constituição”.

Gustavo Capanema, que foi um notório Ministro da Educação e que tinha uma
concepção nitidamente centralista da educação nacional, assim definiu Sistema:
“Sistema de Ensino é a organização de serviço pública constituída pelas atividades
de instituições educativas de cada Estado ou do Distrito Federal. A Constituição
quer que, em cada unidade federativa, exista e funcione, consoante às exigências
locais da educação, um adequado sistema de repartições e estabelecimentos de
ensino, sob a gestão, o controle e a assistência do respectivo governo”.

Tal conceituação sofreu muitas críticas, pois, como dizia o grande educador
Almeida Jr., o conceito de Sistema de Ensino “não pode ser reduzido a uma simples
criação ou disposição de órgãos”.

61
Direito Aplicado à Educação

A educadora e jurista Esther de Figueiredo Ferraz, ex-Ministra da Educação,


sugere que se desenvolva o conceito “identificando-lhe e agrupando lhe os
elementos ou componentes essenciais, encontrando assim as quatro causas
tratadas na filosofia de Aristóteles:

Causa Material – A matéria de que é feito o sistema (pessoas, coisas, recursos).

Causa Formal – As normas (leis, decretos e outros atos legais).

Causa Eficiente – O órgão do Poder Público ao qual incumba dar organização


ao sistema.

Causa Final – Os fins ou valores (éticos, políticos, religiosos, econômicos,


pedagógicos etc.) em vista dos quais o sistema se organiza.”

Ela conclui dizendo que o Sistema de Ensino é “uma realidade educacional


complexa e, muitas vezes, ao extremo diversificada, que adquire unidade,
coerência e sentido na medida em que trabalha pelas normas traçadas pelas
autoridades competentes. Se deixa conduzir em direção aos fins que esse país
julga dever atingir pela educação”.

(Livro FUNDAMENTOS LEGAIS E NORMATIVOS DA EDUCAÇÃO 21)

Sistema Estadual de Ensino

No âmbito estadual, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) é o órgão


represen- tativo que tem como atribuições administrar, coordenar e supervisionar a
política educacional. O Conselho Estadual de Educação (CEEd) é um órgão
consultivo, nor- mativo e deliberativo em matéria de educação que tem como
atribuições fiscalizar e deliberar sobre o sistema estadual de ensino.

O Sistema Estadual de ensino é formado pela rede de escolas estaduais –


gestada pela Secretaria de Educação e pela rede privada de ensino, ambas em
todos os seus níveis: superior e básico, sendo que o órgão normatizador do Sistema
é o Conselho Estadual de Educação.

62
Direito Aplicado à Educação

Sistema Municipal de Ensino

E, no âmbito municipal, a Secretaria Municipal de Educação é o órgão


representativo, que tem por atribuição administrar a política educacional
municipal. O Sistema Municipal de ensino é constituído pela rede municipal de
ensino e as instituições de Educação Infantil privadas que estão estabelecidas no
município. O sistema municipal também possui um órgão normatizado que é o
Conselho Municipal de Educação (CME).

Leitura Complementar

SOUZA, Paulo Natanael Pereira; SILVA, Eurides Brito. Como entender e


aplicar a nova LDBEN. São Paulo: Pioneira, 2002.

Nesta obra os autores apresentam com clareza a nova legislação da educação


nacional e sua aplicabilidade no chão da escola.

MELLO, Guiomar Namo. Educação Escolar Brasileira: o que trouxemos do século


XX? Porto Alegre: Artes Médicas, 2004

A autora apresenta uma análise dos principais elementos orientadores da


educação nacional no século XX. Questiona o início do século XXI, a continuidade de
velhas políticas, a prática das reformas e o que realmente poderia ser proposta para a
educação nacional, no início do novo século.

PRIORE, Mary del (org.) História da criança no Brasil. São Paulo: Contexto,
4ªed.,1996.

Esta coletânea reúne artigos que procuram esclarecer como viveram ou eram
vistas as crianças em vários momentos da história do brasil. seus textos apontam
também para o trânsito entro o anonimato – durante anos elas foram tão somente
crianças - e o presente, que pretende reconhecer-lhes seu papel protagônico e sua
condição de cidadãos com direitos e deveres.

63
Direito Aplicado à Educação

Estamos encerrando a unidade. Sempre que tiver uma dúvida entre em


contato com seu tutor virtual através do ambiente virtual de aprendizagem e
consulte sempre a biblioteca do seu polo.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

64
Direito Aplicado à Educação

Exercícios – Unidade 3

1. Órgão Normativo da Secretaria Municipal de Educação:

a) Ministério da Educação.

b) Conselho Nacional Educação.

c) Conselho Estadual de Educação.

d) Ministério Educação.

x
e) Conselho Municipal de Educação.

2. Órgão Normativo da Secretaria Estadual de Educação:

a) a. Ministério da Educação.

b) b. Conselho Nacional Educação.

x
c) c. Conselho Estadual de Educação.

d) d. Ministério Educação.

e) e. Conselho Municipal de Educação.

3. Órgão Normatizador do Sistema Federal de Ensino:

a) Ministério da Educação.

b) Conselho Nacional Educação.

o
c) Conselho Estadual de Educação.

d) Ministério Educação.

e) Conselho Municipal de Educação.

   

65
Direito Aplicado à Educação

4. na LDBEN em seu título IV a organização da educação nacional está prevista:

I. Em três esferas administrativas – federal, estadual e municipal;

II. No art. 8º. a União, o Distrito Federal e os Municípios organizarão, em regime


de colaboração, os respectivos sistemas de ensino;

III. No art. 8º. estabelece que a União, os Estados, o Distrito Federal e os


Municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de
ensino.

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) A afirmativa I está incorreta.

c) As afirmativas II e III estão corretas.

d) As afirmativas I e III estão corretas.

e) Apenas a afirmativa III está correta.

5. Hoje, a lei estabelece que o cidadão brasileiro ingresse obrigatoriamente na


Educação Infantil com:

a) Seis anos de vida e conclua a educação básica aos 17 anos.

b) Quatro anos de vida e conclua a educação básica aos 17 anos.

c) Sete anos de vida e conclua a educação básica aos 17 anos.

d) Cinco anos de vida e conclua a educação básica aos 17 anos.

e) Zero anos de vida e conclua a educação básica aos 17 anos.

66
Direito Aplicado à Educação

6. O Ensino Fundamental tem a duração de sendo que o 1º. Segmento do


Ensino Fundamental normalmente ocorre na faixa etária dos seis aos dez anos de
idade, e 2º. Segmento do Ensino Fundamental dos onze aos quatorze anos de
idade.

a) Nove anos e o aluno ingressa com seis anos, podendo concluir com 15
anos de idade.

b) Nove anos e o aluno ingressa com seis anos, podendo concluir com 12
anos de idade.

c) Nove anos e o aluno ingressa com seis anos, podendo concluir com 14
anos de idade.

d) Nove anos e o aluno ingressa com seis anos, podendo concluir com 10
anos de idade.

e) Nove anos e o aluno ingressa com seis anos, podendo concluir com 15
anos de idade.

7. A lei 9394/96 estabelece que:

I. Os Municípios atuarão, prioritariamente, no ensino médio;

II. Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino educação


infantil, fundamental e médio;

III. Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios


definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino
obrigatório.

IV. A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular.

a) a. Todas as sentenças estão corretas.

b) b. Estão corretas apenas as sentenças III e IV.

c) c. Estão corretas apenas as sentenças I e IV.

d) d. Estão corretas apenas as sentenças II e III.

e) e. Estão incorretas apenas as sentenças II e III.

67
Direito Aplicado à Educação

8. A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013 altera a LDB n. 9394/96, diz que as


crianças com 4 anos devem ser matriculadas na Educação Infantil. Com isso, a
Educação Infantil passa a fazer parte da Educação Básica e, em função disso, terá
que se organizar de uma outra forma:

I) Frequência - não era uma exigência, mas agora a criança deverá


frequentar 75% do total de horas, as escolas deverão sistematizar o
controle de frequência;

II) Calendário escolar – A carga horária mínima de 800 horas e no


mínimo 200 dias letivos, como já ocorre no ensino fundamental e médio.

III) Exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de


horas;

Todas as afirmativas estão incorretas.

a) A alternativa I está incorreta, mas as alternativas II e III estão corretas.

b) As três afirmativas estão incorretas.

c) Todas as afirmativas estão corretas.

d) A alternativa I está correta, mas a alternativa II está incorreta.

gerir -

68
Direito Aplicado à Educação

9. Na LDB 9394/96 foi incluído mais um princípio da Educação: XII -


consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de
2013). Comente sobre a importância desse princípio.

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10.O que é a Base Nacional Comum Curricular?

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Direito Aplicado à Educação

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Direito Aplicado à Educação

4 Ensino Fundamental e
Ensino Médio na
Educação Básica

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Direito Aplicado à Educação

Caro aluno,

Nesta unidade, estão contidas informações sobre o Ensino Fundamental,


segunda etapa da educação básica, sua definição e as Diretrizes Curriculares
Nacionais que orientam esta etapa de ensino. Temos contidas, também, o Ensino
Médio com a nova Lei 13.415/17, que faz alterações nas Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, o Plano Nacional de Educação, o Plano de Desenvolvimento da
Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais do ensino Fundamental e as
respectivas implicações destes instrumentos orientadores, com o Ensino
Fundamental.

Objetivo da unidade:

Esta unidade objetiva centrar sua atenção na segunda etapa da educação


básica: O Ensino Fundamental e as atuais alterações do Ensino Médio com a nova
Lei 13.415 que faz alterações nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Vamos
buscar na legislação da educação os fins e os objetivos dessa etapa de ensino. As
Diretrizes Curriculares Nacionais que direcionam o ensino fundamental e as últimas
orientações legais sobre o mesmo.

Plano da unidade:

Definição de Ensino Fundamental

Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Parâmetros


Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental PNE e o Ensino
Fundamental

O PDE e o Ensino Fundamental

Reorganização Ensino Médio pela Lei 13415/17

Finalidade do Ensino Médio

Currículo do Ensino Médio

Avanços ou Retrocessos

DCN’s Gerais para a Educação Básica

Bem-vindo à quarta unidade!

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Direito Aplicado à Educação

Definição de Ensino Fundamental

O Ensino Fundamental é o ponto intermediário entre a Educação Infantil e o


Ensino Médio. A LDBEN 9394/96 firmou a duração mínima de nove anos para o
ensino Fundamental, obrigatório e preconizou a gratuidade na escola pública –
segundo nova redação dada pele Lei nº 11.274/2006 – estabelecendo os seguintes
objetivos para o Ensino Fundamental:

I – o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o


pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo;

II – a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da


tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade;

III – o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a


aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores;

IV – o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade


humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida social.

Conforme esclarece Jorge Fernando Aveiro, o Ensino Fundamental, como parte


da educação básica, “poderá organizar-se em séries anuais, períodos semestrais,
ciclos, alternância regular de períodos de estudo, grupos não seriados, com base na
idade, na competência e em outros critérios ou por forma diversa de organização,
sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim recomendar”, assim
preceitua o artigo 23 da LDBEN 9394/96.

Destaco que, de acordo com a Lei nº 11.274/2006, os municípios, os Estados e o


Distrito Federal tiveram até 2010 para implementar a obrigatoriedade para o
Ensino Fundamental.

Uma dúvida constante em algumas escolas refere-se à definição dos


conteúdos. É importante saber que os conteúdos desenvolvidos no Ensino
Fundamental de nove anos são de competência dos sistemas de ensino. Como
aporte teórico para auxiliar na definição desses conteúdos, o MEC recomenda
observar a legislação pertinente bem como alguns documentos, como a própria

73
Direito Aplicado à Educação

Constituição Federal, a LDBEN nº 9394/96, o Plano Nacional de Educação, os


Parâmetros Curriculares Nacionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental, os Pareceres e Resolu-ções do CNE e do respectivo sistema de
ensino.

O MEC também elaborou orientações para esta implementação no


documento inti- tulado “Ensino Fundamental de nove anos: orientações para
inclusão das crianças de seis anos de idade”. Inclusive, as próprias propostas
pedagógicas das Secretarias de Educação e os projetos pedagógicos das
escolas, bem como as pesquisas educacionais e a literatura pertinente, deverão
servir para subsidiar essa definição.

Consideramos importante reiterar que, conforme o art. 208 da CF, inciso VII,
parágrafo 1º, “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.”
É importante esclarecer o que é direito público subjetivo. Significa que o acesso ao
ensino obrigatório e gratuito é direito de todos os indivíduos que, para acessá-lo,
basta invocar a norma a seu favor, ou seja, significa exigir o cumprimento da lei
tendo a regra ao seu lado. O não oferecimento do ensino gratuito pelo Poder
Público, ou sua oferta regular, reflete o não cumprimento de deveres deixados sob
responsabilidade da autoridade competente.

O direito à educação é princípio constitucional assegurado a todo cidadão.


Assim, todas as instituições nacionais estruturam-se a fim de garantir esse direito
subjetivo e universal, tendo o Estado e a família papeis fundamentais: o Estado
como provedor e a família como fiscalizadora e usuária.

A Constituição Federal de 1988 promulga a necessidade e a obrigação de o


Estado elaborar parâmetros, no âmbito curricular, para orientar as ações educativas
do Ensino Fundamental, relacionando-os aos ideais democráticos. Outra forma de
garantir o direito à educação, no Ensino Fundamental, é tornando-o obrigatório e
gratuito nos estabelecimentos oficiais, inclusive para aqueles que não tiveram
acesso na idade própria. É obrigatório aos pais de crianças em idade escolar
realizarem a matrícula, sob pena de abandono intelectual, salvo por justa causa.
Essa obrigatoriedade visa garantir o direito público subjetivo e é assegurado,
também, pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA Lei nº 8069/90),
reconhecido como um direito fundamental, definido pela Constituição Federal de
1988 , que deve ser aplicado de imediato, logo que a criança complete a idade

74
Direito Aplicado à Educação

necessária. Compete, também, ao Poder Público realizar a chamada escolar por


meio de recenseamentos periódicos para verificar a oferta e a procura para o
Ensino Fundamental.

Diretrizes Curriculares Nacionais para o


Ensino Fundamental

Vamos estudar as DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS (DCN’s) para o Ensino


Fundamental que estão contidas no Parecer da Câmara de Educação Básica do
Conselho Nacional de Educação, sob nº 04/1998. As DCN para o Ensino
Fundamental são sete. Vamos ver a ideia central de cada uma delas.

1ª – São três os princípios norteadores da sua ação pedagógica: a ética da


autonomia, da responsabilidade, da solidariedade, e do respeito ao bem comum; a
política voltada aos direitos e deveres da cidadania, do exercício da criticidade e do
respeito à ordem democrática; e a estética da sensibilidade, criatividade,
ludicidade, qualida- de e diversidade de manifestações artísticas e culturais.

2ª – Reconhecimento da identidade de todas as pessoas que interagem na


instituição escolar e dos respectivos sistemas de ensino, na definição da sua
Proposta Pedagógica;

3ª – Reconhecimento pelas escolas do significado das aprendizagens e as suas


respectivas interações;

4ª – Garantia da igualdade de acesso para os alunos a uma base nacional


comum e sua parte diversificada, de forma articulada com os conteúdos da vida
cidadã e das áreas do conhecimento, em todas as escolas brasileiras;

5ª – Apresentação, nas propostas curriculares das escolas, da interação com a


comu- nidade, local, regional e planetária;

6ª – Utilização da parte diversificada da proposta curricular para


enriquecimento e complementaridade da base nacional comum; e

7ª – Promoção do clima de cooperação entre direção e as equipes docentes.


 

75
Direito Aplicado à Educação

Anteriormente, estudou-se as DCN para o Ensino Fundamental que são


elaboradas pelo Conselho Nacional de Educação para todos os sistemas de ensino
do Brasil.

Parâmetros Curriculares Nacionais para o


Ensino Fundamental

Pois bem, agora vamos conhecer os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s)


que não têm força de lei, como as Diretrizes, pois se constituem em referenciais
teóricos que auxiliam na organização e desenvolvimento dos Programas das
disciplinas, em cada escola.

Os PCN’s para o Ensino Fundamental estão organizados pelas áreas de


conhecimento, bem como os conteúdos da vida cidadã, estabelecidas nas DCN.

As áreas do conhecimento constituem-se pela:

Língua Portuguesa,

Matemática,

Ciências Naturais,

História,

Geografia,

Arte, Educação Física, e

Língua Estrangeira Moderna.

A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar-se em torno


do paradigma curricular, que vise a estabelecer a relação entre a educação
fundamental relacionados à vida cidadã através da articulação entre vários dos
seus aspectos como:

1. a saúde

2. A sexualidade

3. A vida familiar e social

76
Direito Aplicado à Educação

4. O meio ambiente

5. O trabalho

6. A ciência e a tecnologia

7. A cultura

8. As linguagens.

Como nas DCN está posto que os conteúdos da vida cidadã devem ser
trabalhados de forma transversa aos das áreas do conhecimento, eles passaram a
ser chamados de conteúdos transversais pelos professores.

Os PCN’s apresentam, inicialmente, os objetivos gerais do Ensino Fundamental;


na sequência apresentam a caracterização de cada área do conhecimento, os seus
respectivos objetivos, os ciclos de ensino para os anos iniciais, os objetivos da área
para o ciclo e, por último, os critérios de avaliação da área para o ciclo.

Outro elemento importante para nortear o planejamento escolar nacional é o


PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (PNE).

Neste sentido, o ano de 2014 teve a sua importância para o Brasil em seus
aspectos sociais, politicos e educativo, pois tivemos aprovado o Plano Nacional de
Educação (PNE) para o período de 2014-2024 através da Lei 13005/2014. Essa lei foi
o resultado de amplo e democrático processo de debates acirrados, que começou
na Confederação Nacional de Educação (CONAE) 2010 e culminou com sua
aprovação pelo Congresso Nacional, reforçando o caráter especial para construção
dos atuais Planos Estaduais de Educação (PEEs) produzidos, debatidos e aprovados
em sintonia com o Plano Nacional de Educação. Da mesma forma, os Planos
Municipais (PMEs), tiveram suas orientações produzidas partindo do Plano
Nacional Educação, também alinhados aos PEEs dos estados a que pertencem.
Assim, para o cidadão brasileiro, o Plano Nacional de Educação e os planos de
educação do Estado e do Município onde vivem e convivem nos diferentes espaços
precisam formar um conjunto coerente, integrado e articulado para que seus
direitos sejam garantidos e o Brasil tenha educação com qualidade e para todos.

77
Direito Aplicado à Educação

A responsabilidade para a execução das políticas públicas é, em última


instância, da escola e, em muitos casos, as escolas carecem de infraestrutura física,
inclusive para a utilização de tecnologias educacionais, culturais, esportivas e
recreativas.

O Plano Nacional de Educação e Fundamental

O Plano Nacional de Educação, está sancionda pela Lei nº 13.005, de 25 de


junho de 2014, fez entrar em vigor o Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024
– o segundo PNE aprovado por lei. Pela Emenda Constitucional (EC) nº 59/2009
melhor qualificou o papel do PNE, ao estabelecer sua duração como decenal com
os seguintes objetivos: articular o sistema nacional de educação em regime de
colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação
para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino, em seus diversos
níveis, etapas e modalidades, por meio de ações integradas das diferentes esferas
federativas, tais como:

Erradicação do analfabetismo;

Universalização do atendimento escolar;

Melhoria da qualidade do ensino;

Formação para o trabalho;

Promoção humanística,

Científica e tecnológica do país; e

Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação


como proporção do produto interno bruto.

No que diz respeito à jornada escolar, a proposta do PNE visa implantar e


expandir a escola de tempo integral, ampliando progressivamente seu período de
permanência diária, abrangendo pelo menos sete horas, o que implicará, por sua
vez, na previsão de professores e funcionários em número suficiente para atender
às necessidades dos alunos. Há previsão de maior flexibilidade na programação
curricular para as escolas rurais e adequação da formação profissional dos
professores considerando-se a especificidade dos alunos do campo e as exigências
do meio.

78
Direito Aplicado à Educação

O Plano Nacional de Educação e Fundamental

Outra ferramenta planejada pelo MEC é o Plano de Desenvolvimento da


Educação (PDE). Nele está contida uma proposta de educação básica de qualidade,
sua priori- dade é investir na educação básica, na educação profissional e na
educação superior, pois elas estão ligadas, direta ou indiretamente.

De acordo com o MEC, o PDE pretende mostrar à sociedade tudo o que se passa
dentro e fora da escola, realizando uma grande prestação de contas. Se as
iniciativas do MEC não chegarem à sala de aula e beneficiarem a criança, não se
conseguirá atingir a qualidade que se deseja à educação brasileira. Por isso, é
importante a participação de toda a sociedade no processo.

Para o Ministério da Educação, o PDE inclui metas de qualidade para a


educação básica. Isso contribui para que as escolas e secretarias de Educação se
organizem para o atendimento dos alunos. Ele também cria uma base sobre a qual
as famílias podem se apoiar para exigir uma educação de maior qualidade. O plano
prevê ainda acompanhamento e assessoria aos municípios que apresentam baixos
resultados quanto aos seus indicadores de ensino.

Reorganização Ensino Médio pela Lei 13.415/17

O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três
anos, no dia 17 de fevereiro de 2017 foi alterado o Ensino Médio e publicado no
Diário Oficial da União. Com a Lei 13.415/17, que faz alterações nas Diretrizes e
Bases da Educação Nacional serão obrigatórias, apenas as disciplinas: matemática,
língua portuguesa e inglês nos três anos de Ensino Médio. O currículo ficará
dividido em duas partes. Uma primeira será comum a todos os estudantes e outra
dividida no que o Artigo 36 da referida lei chama de “itinerários formativos”, que se
desdobram em: 1) linguagens e suas tecnologias; 2) matemática e suas
tecnologias; 3) ciências da natureza e suas tecnologias; 4)ciências humanas e
sociais aplicadas; 5) formação técnica e profissional.

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Direito Aplicado à Educação

Finalidades do Ensino Médio

Dentre as finalidades do Ensino Médio, destacam-se: a formação da pessoa, de


maneira a desenvolver valores e competências necessárias à integração de seu
projeto individual ao projeto da sociedade em que se vive; a preparação e a
orientação básica para a integração ao mundo do trabalho, enfatizando
competências que garantam aprimoramento profissional e permitam acompanhar
as mudanças que caracterizam a produção do nosso tempo.

Outra finalidade é o desenvolvimento de competências para continuar


aprendendo, de forma autônoma e crítica, em níveis mais complexos de estudo, bem
como o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação
ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. Sobre a
duração do curso, a legislação preceitua que seja no mínimo de três anos.

A LDBEN 9394/96 estabelece em seu artigo 35 quatro finalidades do Ensino Médio:

Consolidação e o aprofundamento

Preparação para o trabalho

Aprimoramento do educando

Compreensão dos fundamentos

1ª – A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no


Ensino

Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

2ª – A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando para


continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas
condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

3ª – O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a


formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento
crítico;

80
Direito Aplicado à Educação

4ª – A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos


produ- tivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

Os sistemas de ensino devem assegurar às unidades escolares que oferecem


Ensino Médio, progressiva autonomia pedagógica e administrativa e de gestão
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.

Currículo do Ensino Médio

O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum


Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da
oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto
local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:

I - linguagens e suas tecnologias;

II - matemática e suas tecnologias;

III - ciências da natureza e suas tecnologias;

IV - ciências humanas e sociais aplicadas;

V - formação técnica e profissional.

A parte diversificada dos currículos será definida em cada sistema de ensino,


deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a
partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural.

A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá


obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.

O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos


do ensino médio, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das
respectivas línguas maternas.

Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, o estudo da língua


inglesa e poderão ofertar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
preferencialmente o espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e
horários definidos pelos sistemas de ensino.

81
Direito Aplicado à Educação

Vamos Refletir!

Avanços ou retrocessos?

Reportagem:21/02/2017

Reforma do Ensino Médio: desmonte na educação e inércia do


enfrentamento retórico

A principal questão a ser destacada neste primeiro momento é a seguinte: ao


contrário do que o governo divulga, os itinerários formativos não serão
necessariamente escolhidos pelo estudante. Serão contemplados conforme as
condições da escola em ofertá-los. A premissa de escolha, especialmente em
escolas públicas, portanto, é um engodo – uma ficção. Diante do déficit histórico e
estrutural de recursos humanos nas escolas públicas, não é difícil prever o cenário
nessas instituições. Por outro lado, no ensino privado esse quadro poderá
configurar-se como novo nicho de mercado e até mesmo como bandeira de
marketing tendo em vista que poderá ofertar maior leque de itinerários.

O texto também informa que a Base Nacional “incluirá obrigatoriamente estudos


e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia”. Nota-se que esses campos
não são chamados de disciplinas. Na realidade, também não serão obrigatórias, já
que poderão ser diluídas em outras disciplinas. O mesmo vale para áreas como
geografia, história e química, que também ficarão diluídas nos itinerários
formativos.

A diluição, portanto, não afetará apenas as ciências humanas, mas o conjunto


de disciplinas tradicionais, excetuando matemática, língua portuguesa e língua
estrangeira (inglês). Além disso, no itinerário “formação técnica e profissional”, não
haverá exigência de formação em licenciatura para a prática docente. De acordo
com a Reforma, “profissionais com notório saber reconhecidos pelos respectivos
sistemas de ensino poderão ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou
experiência profissional”. Somado a isso, caso o estudante comprove competência
em alguns saberes práticos, “os sistemas de ensino poderão reconhecê-las e firmar
convênios com instituições de educação a distância”. Dentre tantos absurdos dessa

82
Direito Aplicado à Educação

Reforma, portanto, três se destacam: 1) a diluição de disciplinas estruturantes; 2) a


falsa premissa da escolha no sistema público; e 3) o atestado de notório saber.

A diluição e diminuição de ciências que possuem uma rica fundamentação


teórica construída ao longo da história, aprofundará ainda mais os problemas
atinentes à formação básica dos jovens. Não menos impactantes serão os danos
epistemológicos e os prejuízos no processo de construção de conhecimentos. O
Ensino Médio se transformará em um líquido indigesto e carregado de conteúdos
sem nexos, isso porque um professor de biologia, por exemplo, não é formado para
trabalhar com química, e vice e versa. A aberração será ainda maior com os
pseudoprofessores e seus “obtusos saberes”. Não é difícil imaginar no que isso vai
dar. Uma aula de absurdos ou balaio de parvoíce?

A formação do professor é indispensável, porque há saberes e competências


que são específicos da docência. Ensinar bem uma matéria não requer apenas
saber o conteúdo – é preciso compreender o complexo processo ensino-
aprendizagem. Por isso, como aceitar um “notório saber” desprezando a formação
docente? Conselhos e representações de categorias profissionais como da saúde
admitiriam algo similar em seus ambientes profissionais? Evidente que não. Isso
demonstra claramente a visão que este projeto (e outros como as OS’s na educação
de Goiás) tem de escola, de educação, de sociedade. Além dos problemas
didáticos, não resta dúvida que isso abrirá ainda mais brechas para contratações
emergenciais, minando concursos e deslegitimando o sentido dos cursos de
licenciatura.

Essa Reforma não tem nada de ingênua. Ela deixará o campo aberto à “escola
sem partido”. Engana-se quem acredita que os prejuízos serão específicos a essa ou
àquela disciplina. O prejuízo abrange a Educação como um todo. Atinge
especialmente os estudantes da escola pública, que terão sua formação afetada e
seu ingresso na Universidade Pública ainda mais dificultado. Pior que isso é o
sentido da própria formação, que inevitavelmente se esvaziará de fundamento, de
crítica e de coerência. Retrocesso e desmonte são termos generosos para adjetivar
I
essa reforma. Levantar essa previsão de desmonte na educação, no entanto, não
significa que deixo de reconhecer os problemas atuais. Pelo contrário. Situações
como essa servem também para ampliar o debate sobre a situação da educação e,
evidentemente, sobre a formação do professor. Servem, inclusive, para revermos o

83
Direito Aplicado à Educação

modo como discutimos o ensino e como a escola real aparece em nossos debates.
Como professor de um curso de licenciatura em Geografia, não poderia deixar de
acrescentar alguns pontos que dizem respeito a essa disciplina.

O curso em que trabalho é ofertado na Universidade Federal de Goiás e


também possui a modalidade bacharelado. A licenciatura, no entanto, é aquela
que indiscutivelmente tem permitido maior alcance dos egressos ao mercado de
trabalho. Esse dado acompanha a disciplina desde a sua institucionalização na
Alemanha, em 1871, quando o primeiro curso de graduação em Geografia foi
criado para formar professores e atender as demandas do ensino escolar, como
explica o geógrafo espanhol Horácio Capel (2012).

Se a função estratégica e o importante papel da ciência geográfica no processo


de colonização fossem os fatores indutores de sua institucionalização
universitária, Halford Mackindere seus colegas da Real Sociedade Geográfica não
teriam incentivado a expansão do ensino de geografia nas escolas do Reino Unido
como estímulo à criação de uma cátedra de Geografia e posterior
institucionalização de um curso superior. Ou seja, a grande demanda pela
formação de profissionais no campo da geografia vem das escolas. Outras formas
de instrumentalização dessa ciência, a exemplo de seu papel nas estratégias
imperialistas, que existiram antes mesmo de sua institucionalização universitária,
realmente pertencem ao arsenal de funcionalidade da geografia, mas não seriam
capazes de promover tamanha expansão como promoveu a demanda por
formação de professores.

O fato é que não apenas a geografia, mas outras disciplinas também


expandiram seus cursos de graduação em diversos países por esse mesmo motivo.
No Brasil não foi diferente. Além da geografia, cursos como história também foram
(e são) criados principalmente para atender às demandas do ensino escolar. Não
muito distantes estão disciplinas como a física, a biologia e a química, que também
têm um forte vínculo com a formação de professores. No que diz respeito à
expansão dos cursos de licenciatura, geralmente são acompanhados pela
especialização característica de cada ciência e também pela disseminação de
laboratórios e/ou grupos de pesquisas. Poucos, no entanto, são voltados para o
ensino. A maioria sequer considera a transversalidade da formação docente em
suas pesquisas e práticas, mesmo estando alocados em um curso de licenciatura.

84
Direito Aplicado à Educação

Na maioria de nossas instituições, a formação de professores e todo respaldo


necessário a isso, infelizmente vai sendo sobreposta por outras atividades. Os
grandes projetos geralmente não são direcionados necessariamente ao ensino. As
prioridades são outras. A escola e o mundo real da educação, nesse sentido, vão
escapando das teorias e se tornando cada vez mais abstratos. Diante disso, como
defender uma escola se em nossas discussões ela pouco aparece ou aparece
abstrata? Qual o sentido de cursos de licenciatura em institutos e faculdades nos
quais as prioridades não estão necessariamente voltadas à formação de
professores? A contradição é evidente.

Isso tudo demonstra que a luta também deve acontecer no interior de nossas
próprias instituições. A Reforma do Ensino Médio acarretará efeitos não apenas na
formação escolar, mas também na formação do professor. É necessário questionar,
portanto, o sentido político da reforma, os interesses acobertados, mas também o
modo como o ensino é pautado na graduação. Um amplo debate deve ser feito
nesse sentido. Ou construímos esse canal de diálogo ou simplesmente seremos
comandados por interesses cada vez mais indiferentes à educação. Ou construímos
uma estratégia de luta ou teremos os cursos de licenciatura ainda mais esvaziados
e desvalorizados. Não menos prejudicados estarão suas estruturas
complementares, incluindo laboratórios, grupos de pesquisas, programas de pós-
graduação, centros de pesquisas etc., que sobrevivem muito mais em função das
demandas da graduação do que de qualquer outra coisa.

O modo como a Reforma do Ensino Médio foi aprovada denota o autoritarismo


do governo, mas também a nossa incapacidade de organização e de luta no tempo
correto. No final de 2016, os estudantes ocuparam escolas e universidades,
protestaram e tentaram dizer alguma coisa. No entanto, além de serem
desqualificados por parte de seus próprios professores, tiveram sua mobilização
enfraquecida até mesmo por sindicados da categoria. A ocasião era propícia a uma
efetiva mobilização nacional envolvendo professores, estudantes e organizações
relacionadas à educação. Mas isso não aconteceu.

Disponível:https://www.pragmatismopolitico.com.br/2017/02/reforma-do-ensino-medio
desmonte-educacao-inercia.htmlmedio-desmonte-educacao-iner

85
Direito Aplicado à Educação

Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a


Educação Básica

Em julho de 2010, o Conselho Nacional de Educação apresentou para a


comunidade escolar da educação básica as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais
para a Educação Básica, contidas na Resolução 4/2010. Frente às alterações
ocorridas nos últimos anos no texto da LDBEN nº 9394/96 faz-se necessário que os
aspectos relevantes das DCN’s elaboradas independentemente para a educação
básica fossem contempladas, em seus aspectos mais importantes, em um único
documento, com os seguintes objetivos:

Sistematizar os princípios e as diretrizes gerais da Educação Básica


contidos na Constituição, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB) e demais dispositivos legais, traduzindo-os em orientações
que contribuam para assegurar a formação básica comum nacional,
tendo como foco os sujeitos que dão vida ao currículo e à escola;

Estimular a reflexão crítica e propositiva que deve subsidiar a formulação,


a execução e a avaliação do projeto político-pedagógico da escola de
Educação Básica;

Orientar os cursos de formação inicial e continuada de docentes e demais


profissionais da Educação Básica, os sistemas educativos dos diferentes
entes federados e as escolas que os integram, indistintamente da rede a
que pertençam.

Enfim, esssa Resolução define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para o


conjunto orgânico, sequencial e articulado das etapas e modalidades da Educação
Básica, baseando-se no direito de toda pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à
preparação para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho, na
vivência e convivência em ambiente educativo, e tendo como fundamento a
responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de garantir a
democratização do acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso
das crianças, dos jovens e adultos na instituição educacional, a aprendizagem para
continuidade dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade da
Educação Básica.
 

86
Direito Aplicado à Educação

Refletir

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

Leitura complementar

AVEIRO, Jorge Fernando. A política de ações afirmativas e a inclusão


educacional na universidades brasileiras. Revista de ciências da educação, Ame-
ricana, SP, v. 10, ano 6, 2004
 

Nesta obra o autor faz uma análise crítica das ações governamentais voltadas para
a educação, com ênfase à política de cotas para inclusão na educação superior.

Resolução CNE/CEB 04/2010 – Estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais


para a Educação Básica.

LIBÂNEO, José Carlos. Educação Escolar: Políticas, Estruturas e Organização. 2ª ed. São
Paulo: Cortez Ed., 2005.

O autor apresenta uma releitura da política da educação contida na LDBEN nº

9394/96, nas Diretrizes Curriculares Nacionais, nos Parâmetros Curriculares Nacio-


nais de forma didática, voltada para a aprendizagem da estrutura e da organização
legal da educação nacional.

87
Direito Aplicado à Educação

Exercícios - Unidade 4

1. Documento elaborado pelo CNE e tem caráter de cumprimento obrigatório


por todas as escolas brasileiras:

x
a) Parâmetros Curriculares Nacionais.

b) Parâmetros Curriculares Estaduais.

c) Plano Nacional de Educação.

d) Plano de Desenvolvimento da Educação Nacional.

x e)4 Diretrizes Curriculares Nacionais.

2. Ao tratar dos conteúdos das disciplinas para o Ensino Fundamental, o


Conselho Nacional de Educação afirma:

a) Os conteúdos desenvolvidos no Ensino Fundamental de nove anos são de


competência dos sistemas de ensino.

b) Os conteúdos desenvolvidos são de competência dos Estados e da União.

c) Os conteúdos desenvolvidos são de competência exclusiva da União.

d) Os conteúdos desenvolvidos são de competência exclusiva dos Estados.

e) Os conteúdos desenvolvidos são de competência do MEC.

3. Considerando art. 208 da CF, inciso VII, parágrafo 1º, “o acesso ao ensino
obrigatório e gratuito é direito público subjetivo. ”. Direito público subjetivo
significa:

a) Direito de todos os indivíduos.

b) Acesso ao ensino obrigatório e gratuito.

c) Responsabilidade da autoridade competente.

d) Direito de exigir o cumprimento da lei tendo a regra ao seu lado.

e) Acesso ao ensino obrigatório.

88
Direito Aplicado à Educação

4. Os currículos do ensino médio incluirão, obrigatoriamente, duas línguas


estrangeiras:

a) O estudo da língua russa e poderão ofertar, preferencialmente o


espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários
definidos pelos sistemas de ensino.

b) O estudo da língua francesa e poderão ofertar, preferencialmente o


espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários
definidos pelos sistemas de ensino.

c) O estudo da língua inglesa e poderão ofertar, preferencialmente o


francês, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários
definidos pelos sistemas de ensino.

d) O estudo da língua portuguesa e poderão ofertar, preferencialmente o


espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários
definidos pelos sistemas de ensino.

e) O estudo da língua inglesa e poderão ofertar, preferencialmente o


espanhol, de acordo com a disponibilidade de oferta, locais e horários
definidos pelos sistemas de ensino.

5. A introdução do Plano Nacional 2014-2024 inclui, entre as prioridades


maiores, EXCETO.
a) A erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar.

b) Superação das desigualdades educacionais.

c) Promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de


discriminação.

d) Responsabilidades específicas à União, aos estados e aos municípios,


determinando que cada instância organize o respectivo sistema de
ensino em regime de colaboração.

e) A alfabetização e o ensino fundamental de jovens e adultos como


responsabilidades compartilhadas, que exigem a colaboração dos
municípios, estados e da União, cabendo ao governo federal as funções
de coordenação das políticas nacionais, de articulação e apoio técnico e
financeiro às demais instâncias.

89
Direito Aplicado à Educação

6. Segunda nova redação dada pele Lei nº 11.274/2006 – estabeleceu os


seguintes objetivos para o Ensino Fundamental, EXCETO:

a) A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da


tecnologia.

X b) A valorização e a compreensão das artes e dos valores em que se


fundamenta a sociedade.

c) O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a


aquisição de conhecimentos e habilidades.

X
d) Desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos
o pleno domínio da cultura e da matemática.

e) A formação de atitudes e valores.

7. Outra forma de garantir o direito à educação, no Ensino Fundamental


EXCETO:

xa. tornando-o obrigatório e gratuito nos estabelecimentos oficiais, facultativo


para aqueles que não tiveram acesso na idade própria.

b. garantir o que se encontra definido pela Constituição Federal de 1988.

c. garantir o direito público subjetivo.

d. obrigatório aos pais de crianças em idade escolar realizarem a matrícula, sob


pena de abandono intelectual, salvo por justa causa.

xe. realizar a chamada escolar por meio de recenseamentos periódicos para


verificar a oferta e a procura para o Ensino Fundamental.

90
Direito Aplicado à Educação

8. As DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS (DCN’s) para o Ensino


Fundamental que estão contidas no Parecer:

a) Da Câmara de Educação Básica do Conselho Municipal de Educação, sob


nº 04/1998.

b) Da Câmara de Educação Básica do Estatuto do Conselho Tutelar, sob nº


04/1998.
í
c) Da Câmara de Educação Básica do Conselho de Educação, sob nº
04/1998.

d) Da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, sob


nº 04/1998.

e) Da Câmara de Educação Básica do Conselho Estadual de Educação, sob nº


04/1998.

9.“A formação do professor é indispensável porque há saberes e competências


que são específicos da docência. Ensinar bem uma matéria não requer apenas
saber o conteúdo. Explique com suas palavras o que é ensinar bem?

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Direito Aplicado à Educação

10.Os Planos Estaduais de Educação (PEEs) foram produzidos, debatidos e


aprovados em sintonia com o Plano Nacional de Educação. Da mesma forma, os
Planos Municipais (PMEs), tiveram suas orientações produzidas partindo do Plano
Nacional de Educação, também alinhados aos PEEs dos Estados a que pertencem.
Assim, para o cidadão brasileiro, o Plano Nacional de Educação e os planos de
educação do Estado e do Município onde vivem e convivem nos diferentes espaços
precisam formar um conjunto coerente, integrado e articulado para que seus
direitos sejam garantidos e o Brasil tenha educação com qualidade e para todos.
Você conhece o Plano Municipal da sua cidade? Procure saber como foi organizado
e explique com suas palavras o que você achou.

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Direito Aplicado à Educação

5 Modalidades da
Educação

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Direito Aplicado à Educação

Caro aluno,

Nesta unidade, vamos estudar as modalidades de ensino que estão


transversalmente colocadas para os dois níveis da educação nacional: Educação
Básica e Educação Superior. As modalidades de ensino são a Educação de Jovens e
Adultos, a Educação Profissional, a Educação Especial, a Educação Indígena e a
Educação à Distância. Na modalidade de educação indígena, a ênfase está na
definição da esfera administrativa das suas escolas; a formação do professor
indígena, bem como as características da formação do professor indígena. E, para
concluir a unidade, aborda-se a valorização dos profissionais da educação.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade é trabalhar, mais especificamente, o que está contido


nas diferentes Diretrizes Curriculares Nacionais voltadas para cada uma das
modalidades de ensino reconhecidas pelo Conselho Nacional de Educação.

Plano da Unidade:

As diferentes modalidades do ensino.

Bem-vindo à quinta unidade!

94
Direito Aplicado à Educação

As diferentes Modalidades de Ensino

A legislação da educação brasileira apresenta seis modalidades da educação, a


saber:

Educação de jovens e adultos;

Educação profissional;

Educação especial;

Educação indígena;

Educação para o campo e

Educação à distância.

Educação de Jovens e Adultos

A Educação de Jovens e Adultos está contida na seção V do Capítulo II da Lei de


Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394 de 1996 e constitui-se de dois artigos –
37 e 38 – nos quais a educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no Ensino Fundamental e Médio na idade
própria. 

Esta mesma legislação considera que os sistemas de ensino assegurarão


gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na
idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho,
mediante cursos e exames.

O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do


trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si. A
legislação também prevê que os sistemas de ensino manterão cursos e exames
supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando
ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
   

95
Direito Aplicado à Educação

Quanto aos exames referidos, estes serão realizados no nível de conclusão do


Ensino Fundamental para os maiores de 15 anos. No nível de conclusão do Ensino
Médio, para os alunos maiores de 18 anos. As habilidades e os conhecimentos
adquiridos pelos educandos, por meios informais, serão aferidos e reconhecidos
mediante exames.

Educação Profissional

A educação profissional é tratada no capítulo III da LDBEN, nos artigos 39 a 42,


ao dizer que a educação profissional, integrada às diferentes formas de educação,
ao trabalho, à ciência e à tecnologia, conduz ao permanente desenvolvimento de
aptidões para a vida produtiva.

No artigo 40 está posto que a educação profissional será desenvolvida em


articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação
continuada, em instituições especializadas ou no âmbito do trabalho. Na sequência
do texto legal aborda que o conhecimento adquirido na educação profissional,
inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e
certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos.

Sobre as escolas técnicas e profissionais, aborda o artigo 42 da LDBEN que


estas, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais, abertos à
comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de aproveitamento e não
necessariamente ao nível de escolaridade.

No ano seguinte ao que foi publicada a LDBEN, também foi assinado o Decreto
2.208, em 17 de abril de 1997, que trata especificamente da Educação Profissional.
Neste Decreto, a mesma aparece organizada em três níveis: básico – é a
modalidade de edu- cação não formal, de duração variável, uma vez que não está
sujeita à regulamentação curricular e independe de escolaridade prévia; técnico –
deve ter organização curri- cular própria podendo ser ofertado concomitante ou
não ao Ensino Médio, destina-se a proporcionar habilitação profissional a alunos
matriculados ou egressos do Ensino Médio; tecnológico – correspondente a cursos
de nível superior na área tecnológica, destinados a egressos do Ensino Médio e
técnico. Este último nível – tecnológico – confere o diploma de tecnólogo para
quem cursá-lo.

96
Direito Aplicado à Educação

Educação Especial

Esta modalidade de ensino está contida na LDBEN, no capítulo V, nos artigos 58


ao 60. No caput do artigo 58 encontra-se a definição de educação especial com a
seguinte redação: “entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a
modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de
ensino para educandos com necessidades especiais.

Na sequência, os parágrafos deste artigo tratam do serviço de apoio


especializado, nas escolas onde não for possível integrar os alunos com
necessidades especiais em classes comuns. Destaca-se que a oferta desta
modalidade é dever do Estado, tem início na faixa etária de zero a cinco anos,
durante a Educação Infantil. Cabe aos sistemas de ensino assegurar aos educandos
com necessidades especiais currículos e métodos específicos, terminalidade
específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão
do Ensino Fundamental, bem como propor a aceleração para concluir em menor
tempo o programa escolar para os superdotados.

O processo de inclusão de alunos especiais, no Brasil, teve início antes mesmo


da capacitação dos professores, o que gera um desconforto entre alguns
profissionais, por se sentirem despreparados para lidar com as dificuldades
educativas de seus alunos, bem como os pais desses alunos ao perceberem que
seus filhos estão perdendo o atendimento especializado. Para suprir essa
dificuldade, faz-se necessária a formação continuada para professores, seja na
forma presencial onde houver instituições de educação superior, podendo ser no
formato de curso de extensão. Outra saída é a formação continuada à distância,
também proporcionada pelos sistemas, por meio de convênios com universidades
que oferecem EAD.

Educação Indígena

Testemunhos históricos da educação indígena são encontrados desde os


primórdios da colonização do Brasil, destacando-se, a partir de 1549, a ação e os
trabalhos dos missionários jesuítas, trabalhos e atividades, tanto missionárias
quanto educacionais que se estenderam até o ano de 1759.

97
Direito Aplicado à Educação

A introdução da escola para povos indígenas é, assim, concomitante ao início do


processo de colonização do país. Em um primeiro momento, a escola foi o
instrumento privilegiado para a catequese, depois para formar mão de obra e, por
fim, para incorporar os índios definitivamente à nação, como trabalhadores nacionais,
desprovidos de atributos étnicos ou culturais. A ideia da integração firmou-se na
política indigenista brasileira desde o período colonial até o final dos anos 80.

A política integracionista começava por reconhecer a diversidade das


sociedades indígenas que havia no país, mas apontava como ponto de chegada o
fim dessa diversidade. Toda diferenciação étnica seria anulada ao se incorporarem
os índios à sociedade nacional. Ao tornarem-se brasileiros, tinham que abandonar
sua própria identidade. Só em anos recentes este quadro começou a mudar.

Em contraposição às práticas e retóricas implementadas pelo Estado e por diversas


associações religiosas, grupos organizados da sociedade civil passaram a trabalhar junto
com comunidades indígenas, buscando alternativas à submissão destes grupos, a
garantia de seus territórios e formas menos violentas de relacionamento e convivência
entre estas populações e outros segmentos da sociedade nacional. A escola, entre
grupos indígenas, ganhou, então, um novo significado e um novo sentido, como meio
para garantir acesso a conhecimentos gerais, sem precisar negar as especificidades
culturais e a identidade daqueles grupos.

Diferentes experiências surgiram em várias regiões do Brasil, construindo


projetos educacionais específicos à realidade sociocultural e histórica de
determinados grupos indígenas, praticando a interculturalidade e o bilínguismo e
adequando-se ao projeto de futuro daqueles grupos. Com o artigo 231, do capítulo
VIII da Constituição de 1988, fez-se justiça:

São reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças
e tradições e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam,
competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

Idêntica é a força redimensionadora da postura constitucional em relação aos


povos e à educação indígena que já se encontra nos artigos 210, 215 e 242 da
mesma Constituição:

98
Direito Aplicado à Educação

A CF/88 em seu art. 210, § 2º afirma que o Ensino Fundamental regular será
ministrado em língua portuguesa, assegurada as comunidades indígenas também
a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.

Assim, na trilha do preceito constitucional, a Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional traduz aquele mandamento nos seguintes termos. Conforme o
artigo 78, o sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências federais
de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas
integrantes de ensino e pesquisa, para a oferta de educação bilíngue intercultural
aos povos indígenas.

Este preceito legal conduz à ordem administrativa superior da Educação


Escolar Indígena, atribuindo à UNIÃO a incumbência sobre a organização plena da
Escola Indígena, envolvendo todos os traços culturais e étnicos contextualizados
das comunidades indígenas do Brasil. O preceito, embora impar, admite a
colaboração dos demais sistemas de ensino e educação: Estaduais e Municipais,
sem, entretanto, subtrair da competência da União qualquer forma ou tipo de
parcela imperativa e soberana, no que tange à Escola Indígena. A nova LDBEN
define como um dos princípios norteadores do ensino escolar nacional o
pluralismo de ideias, de concepções pedagógicas e no artigo 3º alínea XII -
consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)

O artigo 78 afirma, ainda, que a educação escolar para os povos indígenas


dever ser intercultural e bilíngue para a reafirmação de suas identidades étnicas,
recuperação de suas memórias históricas, valorização de suas línguas e ciências,
além de possibilitar o acesso às informações e conhecimentos valorizados pela
sociedade nacional.

Importante!

Para pesquisar: Lei nº 11.645, de 2008

Já o artigo 79 prevê que a União apoiará técnica e financeiramente os sistemas


de ensino estaduais e municipais no provimento da educação intercultural às
sociedades indígenas, desenvolvendo programas integrados de ensino e pesquisa
planejados com audiência das comunidades indígenas, com os objetivos de

99
Direito Aplicado à Educação

fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna; desenvolver currículos e


programas específicos, neles incluindo conteúdos culturais correspondentes às
respectivas comunidades; além de elaborar e publicar sistematicamente material
didático específico e diferenciado.

A implementação destes avanços na prática pedagógica específica é um


processo em curso que exige vontade política e medidas concretas para sua
efetivação. No plano governamental, ainda são tímidas as iniciativas que garantam
uma escola de qualidade que atenda os interesses e direitos dos povos indígenas
em sua especificidade frente aos não índios e em sua diversidade interna
(linguística cultural e histórica).

Mas há caminhos seguros que vêm sendo trilhados pela atuação conjunta de
grupos indígenas e assessores não índios, ligados a organizações da sociedade civil
e universidades. Estas experiências são vivenciadas, tanto na forma de escolas com
pedagogias, conteúdos e dinâmicas específicas quanto na forma de encontros
regionais e nacionais de professores indígenas. Há hoje um número expressivo de
associações e organizações de professores índios, formulando demandas e fazendo
propostas que devem ser incorporadas na definição e implementação de políticas
públicas educacionais.

A escola indígena é uma experiência pedagógica peculiar e, como tal, deve ser
tratada pelas agências governamentais, promovendo as adequações institucionais
e legais necessárias para garantir a implementação de uma política de governo que
priorize assegurar às sociedades indígenas uma educação diferenciada,
respeitando seu universo sociocultural. As escolas situadas nas terras indígenas só
terão direito ao pleno acesso aos diversos programas que visam o benefício da
educação básica se forem consideradas na sua especificidade. Isto só se
concretizará por meio da criação da categoria “Escola Indígena” nos respectivos
sistemas de ensino.

Definição da esfera administrativa das escolas indígenas

A Constituição de 1988 assegurou às comunidades indígenas o direito a uma


educação diferenciada, específica e bilíngue, além dos princípios educacionais
dirigidos a toda a sociedade brasileira como igualdade de condições no acesso e
permanência na escola; liberdade na aprendizagem, ensino, pesquisa e divulgação

100
Direito Aplicado à Educação

do pensamento, arte e saber, pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas,


além de coexistência das instituições de ensino; gratuidade do ensino público;
garantia de padrão de qualidade, entre outros.

A formação do professor indígena

Para que a educação escolar indígena seja realmente específica, diferenciada e


adequada às peculiaridades culturais das comunidades indígenas, é necessário que
os profissionais que atuam nas escolas pertençam às sociedades envolvidas no
processo escolar. É consenso que a clientela educacional indígena é mais bem
atendida por meio de professores índios, que deverão ter acesso a cursos de
formação inicial e continuada, especialmente planejados para o trato com as
pedagogias indígenas.

Embora não haja qualquer levantamento exaustivo, estima-se que mais de dois
mil professores índios estejam atualmente trabalhando em escolas localizadas no
interior das terras indígenas. Em quase sua totalidade, estes professores não
passaram pela formação convencional em magistério: dominam conhecimentos
próprios da sua cultura e têm precário conhecimento da língua portuguesa e das
demais áreas dos conteúdos considerados escolares. Em função disto, é
fundamental a elaboração de programas diferenciados de formação inicial e
continuada de professores índios, visando sua titulação. E esta formação deve
ocorrer em serviço e concomitantemente a sua própria escolarização, uma vez que
boa parte do professorado indígena não possui a formação completa no Ensino
Fundamental.

Essa formação deve levar em conta o fato de que o professor índio se constitui
em um novo ator nas comunidades indígenas e terá que lidar com vários desafios e
tensões que surgem com a introdução do ensino escolar. Assim, sua formação
deverá propiciar-lhe instrumentos para que possa se tornar um agente ativo na
transformação da escola num espaço verdadeiro para o exercício da
interculturalidade.

Características da formação

A formação do professor-índio se dá em serviço, exigindo um processo


continuado de formação para o magistério. Sendo assim, sua capacitação
profissional se dá concomitantemente a sua própria escolarização. Diferente do

101
Direito Aplicado à Educação

professor não índio, o professor índio exerce um papel de liderança importante em


sua comunidade, servindo, frequentemente, como mediador cultural nas relações
interétnicas estabelecidas com a sociedade nacional. Nesse sentido, certas
capacitações específicas como a compreensão do discurso legal, do
funcionamento político - burocrático etc., tem que ser contempladas em seus
cursos de formação.

A capacitação do professor índio requer a participação de especialistas com


formação, experiência e sensibilidade para trabalhar aspectos próprios da
educação indígena, incluindo profissionais das áreas de linguística, antropologia e
outras, nem sempre fáceis de serem acessados, dado o número exíguo de tais
profissionais no país.

O perfil desses especialistas não deve ser traçado apenas em função de sua
titulação acadêmica, mas por um conjunto de outras competências que não se
apóiam, ex- clusivamente, ao fato de ter ou não um curso de licenciatura, requisito
que faz parte das exigências dos Conselhos Estaduais de Educação para autorizar o
funcionamento dos cursos.

O projeto pedagógico, a estruturação e o quadro docente dos cursos de


formação de professores índios devem ser analisados a partir da especificidade
desse trabalho, lembrando que iniciativas dessa natureza são muitas vezes
realizadas em regiões de difícil acesso, ou em locais que não dispõem da
infraestrutura normalmente exigida.

Os critérios para autorização e regulamentação desses cursos devem, assim,


basear-se na qualidade do ensino a ser oferecido e na sua coerência com os
princípios definidos na legislação referente à educação escolar indígena. Neste
sentido, os Conselhos Estaduais de Educação deverão constituir critérios próprios
para a autorização, re- conhecimento e regularização dos cursos de formação de
professores indígenas, de forma a atender todas as peculiaridades envolvidas neste
tipo de trabalho.

Por último, considerando-se a especificidade do processo de formação do


professor- índio, e que esse processo está em fase de implantação, é importante
ressaltar a enorme dificuldade em fazer cumprir o parágrafo 4º do Artigo 87 da LDB
que determina o prazo de 10 anos para que todos os docentes sejam habilitados.
No entanto, a ausência de uma formação adequada para o professor provoca uma

102
Direito Aplicado à Educação

interrupção, na 4ª série, de um processo de educação diferenciada, bilíngue,


pluricultural e conduzido pelos próprios índios, havendo um corte nesse processo,
pois o ensino passaria, então, a ser ministrado por professores não índios, sem a
formação requerida, ou em escolas urbanas, normalmente distantes das aldeias.

Essa nova “Escola Indígena” deve preparar-se para atender, futuramente, a


outros níveis de ensino. Caso se defina como necessidade a habilitação dos
docentes índios, a exemplo dos cursos por módulos, poderá ser adotado na oferta
do ensino superior, devendo fazer parte dos programas de extensão das
universidades.

As modalidades Educação para o campo e Educação à Distância estão


organizadas diferentemente das demais, a saber: A educação para o campo possui
diretrizes ope- racionais e a educação à distância possui diretrizes curriculares
específicas para cada uma das etapas de ensino e modalidades como: Educação de
Jovens e Adultos (EJA), Ensino Médio e Educação Superior.

Os profissionais da educação

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 206, quando aborda os


princípios do ensino, no inciso V, afirma “valorização dos profissionais do ensino,
garantido, na forma da lei, planos de carreira para o magistério público, com piso
salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela
União”.

Por outro lado, a LDBEN no Título VI – Dos Profissionais da Educação, destina


sete artigos para tratar dos profissionais da educação (artigos 61, 62, 63,
64,65,66,67). Destaca-se nestes artigos a ocupação do legislador com os
fundamentos da formação desses profissionais ao redigir no artigo 61 que diz que
a formação de profissionais da educação, de modo a atender aos objetivos dos
diferentes níveis e modalidades de ensino e às características de cada fase do
desenvolvimento do educando, terá como fundamentos: a associação entre teorias
e práticas, inclusive mediante a capacitação em serviço; aproveitamento da
formação e experiências anteriores em instituições de ensino e outras atividades.

Estabelece ainda, no artigo 62, como sendo considerada formação mínima para
o exercício do magistério na Educação Infantil e nos quatro primeiros anos do
Ensino Fundamental, a formação oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

103
Direito Aplicado à Educação

Dessa forma, a legislação da educação reforça a formação em nível médio


oferecida pelas escolas formadoras de professores, por meio do Curso Normal,
antigo curso de magistério. Assim fica esclarecido que para atuar nas séries finais
do Ensino Fundamental e no Ensino Médio faz-se necessária a formação superior.

Valorização dos profissionais

Sobre a valorização dos profissionais da educação, o artigo 67 aponta para os


sistemas de ensino que estes promoverão a valorização dos profissionais da
educação, assegurando-lhes, inclusive, nos termos dos estatutos e dos planos de
carreira do magistério público: ingresso exclusivamente por concurso público de
provas e títulos; aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
licenciamento periódico remunerado para esse fim; piso salarial profissional e
progressão funcional baseada na titulação ou habilitação.

Ainda lhes assegura a avaliação do desempenho; período reservado a estudos,


planejamento e avaliação incluídos na carga de trabalho, além de condições
adequadas de trabalho. Todavia, observa-se que, na prática, a maioria destes
aspectos legais não é cumprida pelos sistemas de ensino, tanto Federal, Estadual e
Municipal.

Leitura complementar

LINHARES, Célia Frazão Soares. A escola e seus profissionais:


tradições e contradições. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Editora AGIR, 1997.

SILVA, Teresinha Maria Nelli. A construção do currículo na sala de aula: o


professor como pesquisador. São Paulo: EPU, 1990.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

104
Direito Aplicado à Educação

Exercícios - Unidade 5

1. A LDBEN considera modalidades de ensino:

a) As modalidades de ensino são a Educação Profissional, a Educação


Especial, a Educação Indígena e a Educação à Distância.

b) As modalidades de ensino são a Educação de Jovens e Adultos, a


Educação Profissional, a Educação Especial e a Educação à Distância.

c) As modalidades de ensino são a Educação de Jovens e Adultos, a


Educação Especial, a Educação Indígena e a Educação à Distância.

d) As modalidades de ensino são a Educação de Jovens e Adultos, a


Educação Profissional, a Educação Especial e a Educação Indígena.

e) As modalidades de ensino são a Educação de Jovens e Adultos, a


Educação Profissional, a Educação Especial, a Educação Indígena e a
Educação à Distância.

2. Sobre os profissionais da educação, a CF/88 estabelece o seguinte:

a) “valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei,


planos de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional
e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos,
assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela
União”;

b) “valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei,


planos de carreira para o magistério público, assegurado regime jurídico
único para todas as instituições mantidas pela União”;

c) “valorização dos profissionais do ensino, garantindo planos de carreira


para o magistério público, com piso salarial profissional”;

d) “valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, planos


de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e
ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos”;

105
Direito Aplicado à Educação

e) “valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei,


planos de carreira para o magistério público, sem piso salarial profissional
e ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos,
assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela
União”.

3. Sobre a valorização dos profissionais da educação, o artigo 67 a LDB 9394/96


aponta para os sistemas de ensino promover (EXCETO):

a) a valorização dos profissionais da educação.

b) dos planos de carreira do magistério público.

c) ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos.

d) aperfeiçoamento profissional continuado.

e) e piso salarial profissional baseada na titulação ou habilitação.

4.. A LDB 9394/96 Estabelece no artigo 62, uma formação mínima para o
exercício do magistério na Educação Infantil e nos quatro primeiros anos do Ensino
Fundamental:

a) A formação oferecida em nível médio, na modalidade Normal.

b) Ensino Fundamental e no Ensino Médio faz-se necessária a formação


superior.

c) A formação oferecida em nível médio, na modalidade Normal e o curso


de Pedagogia.

d) Pedagogia.

e) A formação oferecida em nível médio, na modalidade Normal e qualquer


licenciatura na área de Educação.

106
Direito Aplicado à Educação

5. Cabe à UNIÃO a incumbência sobre a organização plena da Escola Indígena


(EXCETO):

a) Conduz à ordem administrativa superior da Educação Escolar Indígena.

b) A colaboração dos demais sistemas de ensino e educação: estaduais e


municipais.

c) Determinar o preceito legal envolvendo todos os traços culturais e


étnicos contextualizados das comunidades indígenas do Brasil.

d) Determinar o preceito legal envolvendo todos os traços culturais e


étnicos contextualizados das comunidades indígenas.

e) Consideração com a diversidade étnico-racial.

6. A educação especial é uma modalidade de ensino contida na LDBEN, no


capítulo V, nos artigos 58 ao 60, que define a educação especial:

a) A modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente no


ensino fundamental para educandos com necessidades especiais.

b) A modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente


educação infantil para educandos com necessidades especiais.

c) A modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede


regular de ensino para educandos com necessidades especiais.

d) A modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente ensino


médio para educandos com necessidades especiais.

e) A modalidade de educação escolar, oferecida somente na rede regular de


ensino para educandos com necessidades especiais.

107
Direito Aplicado à Educação

7. No ano seguinte, ao que foi publicada a LDBEN, também foi assinado o


Decreto 2.208, em 17 de abril de 1997, que trata especificamente da Educação
Profissional. A Educação Profissional no nível básico envolve:
Neste Decreto, a mesma aparece organizada em três níveis: básico – é a
modalidade de educação não formal, de duração variável, uma vez que não está
sujeita à regulamentação curricular e independe de escolaridade prévia; técnico –
deve ter organização curricular própria podendo ser ofertado concomitante ou não
ao Ensino Médio, destina-se a proporcionar habilitação profissional a alunos
matriculados ou egressos do Ensino Médio; tecnológico – correspondente a cursos
de nível superior na área tecnológica, destinados a egressos do Ensino Médio e
técnico. Este último nível – tecnológico – confere o diploma de tecnólogo para
quem cursá-lo.
a) A educação não formal, de duração variável, uma vez que não está sujeita
à regulamentação curricular e independe de escolaridade prévia.

b) Área tecnológica, destinados aos egressos do Ensino Médio e técnico.


c) Habilitação profissional a alunos matriculados ou egressos do Ensino
Médio.
d) Organização curricular própria podendo ser ofertado concomitante ou
não ao Ensino Médio.

e) Toda Educação Básica.

8. No ano seguinte ao que foi publicada a LDBEN, também foi assinado o


Decreto 2.208, em 17 de abril de 1997, que trata especificamente da Educação
Profissional. A Educação Profissional no nível técnico envolve:

a) Toda educação básica.


b) A educação não formal de duração variável, uma vez que não está sujeita
à regulamentação curricular e independe de escolaridade prévia.
c) Organização curricular própria podendo ser ofertado concomitante ou
não ao ensino médio, destina-se a proporcionar habilitação profissional a
alunos matriculados ou egressos do ensino médio.
d) Cursos de nível superior na área tecnológica, destinados a egressos do
ensino médio e técnico.

e) Na formação específica para o ensino fundamental.

108
Direito Aplicado à Educação

9 Sobre a valorização dos profissionais da educação, o artigo 67 da LDB 9394


aponta.

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10.A “Escola Indígena” deve preparar-se para atender.

Resposta: Futuramente, A “Escola Indígena” deverá atender a outros níveis de


ensino. Caso se defina como necessidade a habilitação dos docentes índios, a
exemplo dos cursos por módulos, poderá ser adotado na oferta do ensino superior,
devendo fazer parte dos programas de extensão das universidades.

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109
Direito Aplicado à Educação

110
Direito Aplicado à Educação

6
As Múltiplas
Possibilidades e
Aberturas à Educação
Brasileira

111
Direito Aplicado à Educação

Caro aluno,

Esta abordagem enfoca como são apresentadas as diferentes políticas públicas


para a educação brasileira, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, de 1996, resultante da Constituição Federal de 1988. Procura-se de forma
sucinta tratar sobre os Movimentos Populares e seu papel social na organização
política do Brasil. Faz-se uma breve inserção no tema “sociedade globalizada”; a
ação histórica dos movimentos sociais, os movimentos populares e sua relação
com os projetos políticos; os projetos políticos de nação e o papel do Banco
Mundial neste contexto abordado.

Objetivo da unidade:

O objetivo desta unidade final é interpretar, sob o olhar político-pedagógico,


as diferentes políticas públicas que interagem com a política social da educação,
com ênfase para os movimentos populares e seu papel como sujeitos no
surgimento de projetos políticos governamentais.

Plano da unidade:

Movimentos Populares

A LDBEN nº 9394/96 – Ferramenta Política e Orientadora da Educação


Nacional

A sociedade globalizada

Ação histórica dos movimentos sociais Movimento Popular e Projetos


Políticos Projetos Políticos de Nação

Movimento Popular

Banco Mundial

Bem-vindo à sexta unidade!

112
Direito Aplicado à Educação

Resultante da Constituição Federal de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da


Educação Nacional define as políticas públicas para a educação no Brasil. Este é o
assunto oque vamos abordar nesta unidade.

Movimentos Populares

Esta mesma Constituição reconhece a liberdade de organização de todos, em


diferentes espaços, como sendo um dos pilares da democracia. Surgem, assim, os
Movimentos Populares em defesa de interesses imediatos e específicos, cujos
objetivos que perseguem e o modo de organizarem o povo na luta por tais
objetivos estão vinculados, explícita ou implicitamente, a determinadas estratégias
e projetos políticos.

Algumas dessas estratégias são constituídas democraticamente pelos


movimentos; outras são elaboradas no interior de partidos, igrejas e tendências,
definindo o papel e o modelo de organização para os movimentos que passam a
ter uma função tática na realização de tais estratégias.

Por outro lado, o Banco Mundial - que está espraiado no mundo globalizado
por meio de um conjunto de instituições lideradas pelo BIRD – e, juntamente com
o Fundo Monetário Internacional, impõem programas e interagem diretamente
nas diferentes políticas brasileiras, principalmente na econômica, saúde e
educação que são políticas sociais vitais para a população.

De outra forma, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a


Ciência e a Cultura) funciona como um laboratório de ideias e como uma agência
de padroni- zação para formar acordos universais nos assuntos éticos emergentes.
A Organização também serve como uma agência do conhecimento – para
disseminar e compartilhar informação e conhecimento – enquanto colabora com
os Estados Membros na construção de suas capacidades humanas e institucionais
em diversos campos.

Cabe um destaque à UNESCO – instituição fundada em 16 de novembro de


1945: para esta agência especializada das Nações Unidas, não é suficiente construir
salas de aula em países desfavorecidos ou publicar descobertas científicas.

113
Direito Aplicado à Educação

Educação, Ciências Sociais e Naturais, Cultura e Comunicação são os meios para se


conseguir atingir um objetivo bem mais ambicioso: construir paz nas mentes dos
homens.

A UNESCO funciona como um laboratório de ideias e como uma agência de


padroni- zação para formar acordos universais nos assuntos éticos emergentes. A
Organização também serve como uma agência do conhecimento – para
disseminar e compartilhar informação e conhecimento – enquanto colabora com
os Estados Membros na cons- trução de suas capacidades humanas e institucionais
em diversos campos.

A UNESCO está trabalhando para criar condições para um genuíno diálogo


baseado no respeito a valores compartilhados e na dignidade de cada civilização e
cultura. Este papel é crítico, particularmente face ao terrorismo, o qual constitui um
ataque contra a humanidade. O mundo requer urgentemente visões globais de
desenvolvimento sustentável, baseado na observância dos direitos humanos,
respeito mútuo e na er- radicação da pobreza. Visões estas que estão todas no
cerne da missão da UNESCO e em suas atividades.

Por meio de suas estratégias e atividades, a UNESCO está ativamente


dedicando-se a atingir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações
Unidas. A Declaração do Milênio das Nações Unidas, um resultado da Cúpula do
Milênio, realizada em setembro de 2000, define uma lista dos principais
componentes da agenda global do Século XXI.

A UNESCO está envolvida em seis dos oito objetivos. Os Objetivos de


Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas são:
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome;

2. Atingir o ensino básico universal;


3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres;
4. Reduzir a mortalidade infantil;

5. Melhorar a saúde materna;


6. Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças;
7. Garantir a sustentabilidade ambiental;
8. Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.

114
Direito Aplicado à Educação

A UNESCO, no contexto brasileiro, aponta que as amplas dimensões


geográficas, demográfica e econômica do Brasil conferem substância aos cenários
otimistas perenemente associados ao nome do país. Com uma população de mais
de 185 milhões, o Brasil faz parte do grupo E-9, o que significa que, juntamente
com Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Nigéria e Paquistão, é um
dos nove países mais populosos do mundo que se comprometeu a encarar a
educação como fator de importância- chave para o desenvolvimento.

Dotado de forte setor industrial, de produção agrícola vasta e diversificada,


bem como de ricos recursos naturais, o Brasil parece estar posicionado para
competir de forma efetiva na economia globalizada dos dias de hoje. Com uma
área de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, é um país de grandes dimensões
territoriais, exercendo forte influência econômica e geográfica no continente
latino-americano. Ao mesmo tempo, o Brasil, juntamente com outros países em
desenvolvimento, vem assumindo liderança política estratégica.

Essas características, acima citadas, descrevem um país com enorme potencial


que é, entretanto, limitado por desigualdade e discriminação persistentes. Apesar
da proporção de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza ter diminuído,
quase um terço dos brasileiros ainda vive abaixo da linha de pobreza, com base nas
mensurações mais recentes. [...] A desigualdade brasileira tem componentes
estruturais que estão relacionados a um passado caracterizado por um modelo de
organização social altamente estratificado, no qual a escravidão desempenhou
papel importante pela perpetuação de privilégios de classe ao longo dos diversos
regimes políticos.

Portanto, questões de desigualdade persistente encontram-se na raiz dos


assustadores desafios que o Brasil hoje enfrenta em sua busca por
desenvolvimento humano. Entre esses desafios, encontram-se a erradicação do
analfabetismo; a melhoria da qualidade da educação; a redução da vulnerabilidade
ambiental, dos conflitos sociais e da violência; a redução da pobreza, da miséria e
da exclusão; a promoção da diversidade cultural e a generalização do acesso às
novas tecnologias da informação e da comunicação. O hiato educacional entre os
gêneros foi invertido no Brasil e as mulheres, cada vez mais, participam da força de
trabalho. No entanto, seus salários são consideravelmente mais baixos que os
pagos pelo mesmo trabalho aos homens de nível de escolaridade e de
qualificações equivalentes. Além disso, a participação das mulheres na estrutura do
poder político está entre as mais baixas de toda a região.

115
Direito Aplicado à Educação

Na Avaliação Conjunta do país (CCA), elaborada pela equipe das Nações Unidas
no país (UNCT ), a respeito do Brasil, para realizar seu reconhecido potencial, terá
que dar passos largos em direção a uma sociedade mais inclusiva. A UNESCO
encontra-se bem posicionada para apoiar seus esforços, visando o enfrentamento
de alguns dos obstáculos estruturais críticos à promoção dessa inclusão.

Em conformidade com seu mandato, a Organização promove uma visão do


desenvol- vimento fundada na justiça, na igualdade e na solidariedade, baseada na
observância dos direitos humanos, visando também a redução da pobreza. Pelo
exercício de suas competências, pode oferecer contribuições efetivas, auxiliando o
país no sentido de acelerar a minimização da intolerância, da discriminação, da
desigualdade, da ignorância, da pobreza e da exclusão.

O objetivo dessa abordagem é informar sobre os elementos que compõem e


influenciam as políticas públicas em educação, na busca de facilitar a compreensão
dos fatos que ocorrem ou a ausência deles em situações concretas no cotidiano da
sociedade.

A LDBEN nº 9394/96 – Ferramenta Política e Orientadora da Educação


Nacional

Como o próprio nome já diz, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


apresenta as diretrizes e as bases que norteiam a educação nacional. Ela é
resultado da Constituição Federal de 1988 que aponta a necessidade de
elaborarem-se leis complementares instituintes de diretrizes e bases para orientar
as políticas públicas.

É sabido que o papel político contido nesta LDBEN de 1996 pode criar
contextos de relações estruturais de transformação, de reforma e de inovação
educacional como parte do processo de regulação social. Claro que este processo
não acontece imediatamente após a promulgação da referida Lei. Como processo,
exige passos e depende de vários fatores, com destaque para os diferentes atores
sociais envolvidos pela política educacional oriunda da proposta da Lei em
questão. Há um cenário social que contém no seu interior o próprio Estado, seus
interesses, estratégias, mecanismos de controle social e as próprias dinâmicas
sociais que, assim como os atores sociais, são responsáveis por esta tessitura.

116
Direito Aplicado à Educação

Para a autora Ivany Pino, existe uma distância entre a lei formulada e o real. Na
escola, as relações institucionais produzem-se na referência de suas funções sociais
e no âmbito de suas relações sociais e de sua própria vida. A autora afirma, ainda,
que os atores sociais relacionam-se com dinâmica e interpretações sociais
envolvendo e desenvolvendo suas práticas. Isso provoca a implantação lenta do
reordenamento da educação na ponta do sistema, que é a escola.

Mesmo tratando-se de uma lei maior da educação nacional, a importância da


Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional é vista pela sociedade de forma
relati- vizada, tanto no seu conteúdo, quanto na sua forma. Notadamente, com o
ingresso no século XXI, as posições no campo educacional, ao invés de se tornarem
convergentes, tornam-se cada vez mais conflitadas, há confusões originadas pela
disputa dos espaços de poder.

A LDBEN/96, como uma ferramenta das políticas, orientou uma década da


educação brasileira. Foi construída, no final do século XX, e avança pelo XXI, com
mudanças, reformulações, avanços que foram sentidos, ranços que foram motivo
de críticas. Se mantém no papel basilar de orientar a política educacional,
propositiva como diretriz e, acima de tudo, como instrumento filosófico da
educação nacional.

Cabe destacar que com a influência que detém faz-se necessária uma
integração normativa entre a Constituição e a LDBEN/96 que impõe limites a esta
última como, por exemplo, a LDBEN não pode divergir filosófica e
doutrinariamente do que estatui a Constituição, no que diz respeito aos princípios
guia da educação brasileira.

Também não pode nem acrescentar e nem omitir no seu texto algo não
consagrado expressamente na Constituição, nem, tampouco, conter minúcias, nem
normas de regulamentação casuística, devendo sua linguagem primar pela clareza,
pela generalidade e pela síntese. Caso contrário, não servirá para todos os sistemas
de ensino do País.

A LDBEN deve regular a vida das redes escolares, no que diz respeito ao ensino
formal, ficando fora de seu alcance todas as manifestações de ensino livre e
daquele tipo de curso que funciona sob a supervisão de órgãos outros, que não os
da administração superior dos sistemas de ensino. Isso posto, deve ficar claro que
os itens vistos servem como indicativo de que outras leis devem cuidar de tais
questões.

117
Direito Aplicado à Educação

Sociedade Globalizada

Para compreender o significado dos movimentos populares, é importante


esclarecer o que motiva seu surgimento. Hoje se vive em uma sociedade
globalizada. A globalização pressupõe a submissão a uma racionalidade
econômica baseada no mercado global competitivo e autorregulável. Essa
racionalidade econômica exclui a regulação do mercado pelo Estado, já que
entende que aquele tende a se equilibrar e se autorregular em razão da lei natural
da oferta e da procura.

Surge daí uma batalha competitiva imposta, em parte, pela globalização, o que
não significa que esteja em curso um processo de desestruturação, desorganização
do capitalismo.

Segundo afirmações de David Harvey, o capitalismo está se tornando cada vez


mais organizado por intermédio da dispersão, da mobilidade geográfica e das
respostas flexíveis nos mercados de trabalho, nos processos de trabalho e nos
mercados de consumo, tudo acompanhado por pesadas doses de inovação
tecnológica, de produto e institucional.

Todavia, a globalização é mais fortemente sentida e percebida pela população


peri- férica dos países pobres. As necessidades sentidas levam às organizações
populares que são representadas e algumas vezes ouvidas por meio de seus
movimentos.

O modo de articulação dos diversos movimentos populares e de unificação de


lutas deve ser definido a partir da elaboração de uma estratégia global que
possibilite o avanço concreto de suas lutas específicas e imediatas rumo à
transformação das estruturas do capitalismo, a fim de superá-lo, compondo,
portanto, a realização dos objetivos conjunturais com o acúmulo de forças para a
realização dos objetivos históricos.

As propostas, que afirmam ser necessário organizar os movimentos populares


por local de moradia ou por eixos de luta, advêm da compreensão diferenciada do
papel dos movimentos populares no enfrentamento do capitalismo.

118
Direito Aplicado à Educação

Ação Histórica dos Movimentos Sociais

Como toda luta, a ação dos movimentos populares contribui para a


implementação de um determinado projeto político, para que se possa tratar
corretamente deste tema - apresentando a proposta de organização dos
movimentos populares a partir de eixos estratégicos de luta que lhes possibilitem
potencializar o seu enfrentamento do capitalismo -, será necessário compreender o
que significa a ação histórica de tais movimentos como um dos momentos de
enfrentamento estrutural do capitalismo.

Para tanto, será necessária a análise do sistema capitalista como totalidade


estruturada, o que significa, entre outras coisas, observar seu modo de reprodução
como um todo, bem como compreender a relação entre a ação dos movimentos
populares e a efetivação de projetos políticos e estratégias partidárias de
manutenção ou de transformação do capitalismo.

Com esse intuito, faz-se uma análise da reprodução do capitalismo, tanto na


exploração da força de trabalho quanto na exploração da reprodução social da
força de trabalho, como também da dominação cultural e do papel do Estado.
Analisa-se a constituição dos eixos de lutas para seu enfrentamento, bem como
duas estratégias que propõem modelos de organização distintos para o conjunto
dos movimentos populares em função de tal enfrentamento.

Movimento Popular e Projetos Políticos

Se por um lado é consenso afirmar que a luta pela conquista de objetivos


imediatos desenvolvida pelos movimentos populares contribui para a
implementação de pro- jetos políticos, por outro nem todos têm a clareza de
distinguir os projetos políticos e suas estratégias de realização dos projetos e
estratégias partidárias, sindicais e de movimentos populares. O objetivo dos
projetos políticos é alcançar ou manter certa organização da sociedade;
organização esta que significa o modo de produção das riquezas materiais e

119
Direito Aplicado à Educação

culturais necessárias à satisfação das necessidades e desejos humanos, bem como


de circulação e distribuição dessas riquezas e, ainda, da maneira de governar sobre
a organização dessa sociedade.

A palavra POLÍTICO deriva de POLIS, que não significa apenas CIDADE, mas
uma forma de organização da convivência entre as pessoas, isto é, da organização
da sociedade em seus aspectos econômicos, culturais, de gestão do poder etc.

No Brasil, das últimas décadas foram sendo delineados três projetos políticos
que ganharam contornos um pouco mais definidos no período eleitoral de 1989.

Projetos Políticos de Nação

Livre-mercado

Um primeiro projeto político propõe a abertura total da economia brasileira


aos interesses do capital internacional, defende o “livre-mercado”, a redução do
controle estatal sobre a economia, inclusive em áreas estratégicas.

Tal projeto que ganhou expressão no Brasil – em certo sentido – com o


Governo de Juscelino Kubitschek de Oliveira, com a ampla instalação das
multinacionais no país com inúmeros privilégios, é retomado vigorosamente com
o neoliberalismo do Governo Collor.

Projeto Nacionalista

Um segundo projeto político propõe a reforma parcial do capitalismo,


defendendo os interesses do capital nacional, diminuindo um pouco a
concentração de renda e os graves conflitos sociais, além dos riscos de revoltas
mais graves, assegurando alguns direitos sociais à população, mas mantendo a
exploração no trabalho e do consumo em um nível que garanta a classe dominante
permanecer com seus privilégios.

Uma das vertentes de tal projeto nacionalista remonta às décadas de 30 e 50 e,


mais recentemente, ao Governo de João Goulart.

120
Direito Aplicado à Educação

Tal projeto é retomado, atualmente, pela Social-Democracia, tendo como


Expressão partidária o PDT e o PSDB, com pouca implantação em nível de
movimento sindical, e em nível de movimento popular, dividindo a direção da
Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM).

Projeto Democrático Popular

O terceiro projeto político nasceu das lutas dos movimentos sociais a partir da
metade da década de 70 que, partindo das lutas por melhores condições de vida
para a população, avançou no enfrentamento da Ditadura Militar, exigindo a
democratização real da sociedade brasileira, a constituição de uma sociedade
socialista, formulando o projeto político democrático-popular.

Tal projeto político tem como expressão partidária o PT, também a ele se
aglutinando progressivamente o PCB, o PCdoB, o PV e o PSB; tem como expressão
sindical a CUT e em nível de movimento popular a Pró-Central de Movimento
Popular.

Na implementação de cada um desses três projetos políticos existem - segundo


a correlação que se apresentam diversos atores sociais, partidos, movimentos
sindicais e populares, entre muitos outros. A grande diferença entre os diversos
partidos que se aglutinam em torno desses três projetos reside na estratégia
partidária que adotam na implementação do projeto político que defendem, nas
diferenças de análise da estrutura de funcionamento do capitalismo, na
compreensão na correlação de forças na sociedade e dos métodos para alterá-la.

121
Direito Aplicado à Educação

Movimento Popular

Claro está que toda prática de cooptação, clientelismo e assistencialismo


adotada pelos partidos de direita e lideranças populares contribuem para a
implementação do projeto político de manutenção do sistema como um todo ou
de sua reforma superficial. Nestes casos, o movimento popular tem um papel tático
na eleição de certos políticos e partidos, na implementação de certos programas
governamentais etc.

Por outro lado, na implementação das estratégias partidárias que buscam a


superação do capitalismo, encontramos a atribuição de diferentes papéis aos
movimentos sindicais e populares. As estratégias de alguns partidos de esquerda,
acentuadamente marcados por teses de centralismo, atribuem ao Partido Político e
a sua direção o papel de vanguarda primeira e direção de todo o processo
revolucionário, que tem como ator principal o movimento operário e que supõem
um momento de transição para uma nova sociedade sob a direção de um único
partido.

Implementação das estratégias

Aos movimentos sindicais e populares, cabe a implementação das estratégias


de tal partido, especialmente combatendo ou apoiando respectivamente os
inimigos ou aliados do partido, sejam permanentes ou conjunturais, fazendo
manifestações de massa, levando à população as palavras de ordem do partido,
acentuadamente nos períodos eleitorais.

Para realizar tais tarefas no âmbito do movimento popular, foram organizados,

µ
por exemplo, na capital de São Paulo, em 1945, os Comitês de Defesa Popular, os
CDP’s, que duraram até 1947, servindo de inspiração para os posteriores Comitês
Distritais e de certas práticas das SABs - Sociedades Amigos de Bairros.

122
Direito Aplicado à Educação

Por atribuir um papel tático ao movimento popular no enfrentamento do


capitalismo e compreender a revolução a partir de uma direção centralizada
rigidamente, tais partidos propõem como modelo organizativo para o movimento
popular uma estrutura extremamente verticalizada e hierarquizada, devendo as
decisões das instâncias superiores - as que estão mais próximas do topo da
estrutura - serem implementadas pelas instâncias inferiores, mais próximas à base
da estrutura.

Como o que importa é mobilizar taticamente a massa, implementando


sigilosamente - na maioria das vezes - a estratégia do partido, difundindo em
momentos oportunos certas palavras de ordem bem como fazendo prevalecer a
autoridade do dirigente que liderará as ações práticas determinadas pelas
instâncias superiores, o ideal é organizar a população pelo local de convivência
comunitária, pelo local de moradia, privilegiando as associações de moradores
como a melhor organização da população em movimentos comunitários, tanto por
ter uma rede de comunicação mais pessoal bem como por aproveitar as estruturas
de influência e autoridade pessoal constituídas na convivência cotidiana, na qual se
sobressa em líderes que devem ser cooptados pelo partido.

Organização do movimento popular

Contudo, propor a organização de todo o movimento popular a partir do local


de moradia, ao invés de propor a sua organização por eixos de luta, é um erro
analítico e político.

É um erro analítico porque resulta de uma análise equivocada da reprodução


do capitalismo, tanto no que se refere à reprodução social da força de trabalho
como da reprodução social da cultura dominante - tanto de massas quanto
popular - em seus aspectos ideológicos que se referem à compreensão da
realidade como em seus aspectos mais subjetivos e inconscientes de reprodução
de ações alienadas, em investimentos alienados de desejos nas relações do
cotidiano, tão bem exploradas pela mídia.

123
Direito Aplicado à Educação

Por não resultar de uma análise das estruturas de reprodução do capitalismo,


tal modelo organizativo não consegue enfrentá-las satisfatoriamente. Dito de outra
forma, tal modelo organizativo é ineficiente para a superação do capitalismo.

Assim, todos os atores sociais que pretendem operar alguma mudança, mais do
que propagar uma ideologia, devem desenvolver práticas de luta e modos
organizativos de gestão do poder que afetem as estruturas do sistema capitalista,
não as reproduzindo, construindo já. Por outro lado, novas organizações, modelos
e mecanismos de produção e gestão, que seriam plenamente desenvolvidos como
instrumentos alternativos, enfrentam a globalização do capital.

Banco Mundial

Ao longo de mais de 50 anos de atividade, o Banco Mundial passou por muitas


trans- formações, seja em termos de ênfase de políticas, alocação setorial de
recursos ou prioridades em termos de países e importância política. Atualmente, é
o maior cap- tador mundial não soberano de recursos financeiros, exercendo
profunda influência no mercado internacional.

É composto, atualmente, por um conjunto de instituições lideradas pelo BIRD –


Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento que, por sua vez,
abrange outras agências financeiras. No setor social, o Banco Mundial dá ênfase
especial à educação, vista não apenas como instrumento de redução da pobreza,
mas principalmente como fator essencial à formação de “capital humano”
adequado aos requisitos do padrão de acumulação. Apesar do aumento
significativo dos recursos para a educação desde 1992, a ausência de uma política
consistente para a área até o final dos anos 90 gerou críticas crescentes. A
partir daí, houve a aceleração para aprovação da LDBEN de 1996.

124
Direito Aplicado à Educação

Leitura complementar

FREY, Klaus. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões


referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil. Planejamento e
Políticas Públicas, n. 21 – jun. 2000

FARIA, C.A.P. de. Idéias, conhecimento e políticas públicas: um inventário sucinto


das principais vertentes analíticas recentes. Revista Brasileira de Ciências Sociais,
v.18, n. 51, fev. 2003.

É hora de se avaliar

Lembre-se de realizar as atividades desta unidade de estudo. Elas irão


ajudá-lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de
ensino-aprendizagem.

125
Direito Aplicado à Educação

Exercícios - Unidade 6

1. No Brasil das últimas décadas foram sendo delineados três projetos políticos
que ganharam contornos um pouco mais definidos no período eleitoral de 1989.
a) O livre-mercado; Projeto Nacionalista e Projeto Socialista.

b) O livre-mercado; Projeto Socialista e Democrático Popular.


c) Projeto Democrático Popular; Projeto Nacionalista e Projeto Socialista.
d) O Projeto de livre-mercado; Projeto Nacionalista; Projeto Democrático e
Popular.

e) O Projeto Socialista; Projeto de livre-mercado; Projeto Populista.

2. Como o Banco Mundial considera a educação, enquanto política social?

a) Ela é vista não apenas como instrumento de redução da pobreza, mas


principalmente como fator essencial para a formação de “capital
humano” adequado aos requisitos do padrão de acumulação.
b) Como instrumento de conquista de riquezas econômicas.
c) Ela é vista exclusivamente como ferramenta de redução da pobreza.
d) É vista como uma política prioritária exclusivamente voltada à redução da
pobreza.

e) É vista como uma política assistencialista que se ocupa com a distribuição


de bolsas de estudos para famílias carentes.

3 Banco liderado pelo BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e


Desenvolvimento, voltado para educação.

a) Banco do brasil.
b) Banco sul-americano.
c) Banco sudameris.

d) Banco mundial.
e) Banco nacional.

126
Direito Aplicado à Educação

4.São atribuições dos movimentos sindicais e populares, EXCETO:

a) Acompanhamento e implementação das estratégias durante as


manifestações de massa de uma classe trabalhadora.

b) Estudo e solução dos problemas que se relacionam com a categoria e no


desenvolvimento da solidariedade social.

c) Acompanhar a população com palavras de ordem do partido,


acentuadamente nos períodos eleitorais.

d) Representação perante às autoridades administrativas e judiciais


juntamente com as escolas, voltados por interesses coletivos da categoria
ou individuais dos seus integrantes.

e) Representar e defender o direito de uma classe de trabalhador.

5. Trata-se de um projeto político que propõe a reforma parcial do capitalismo,


defendendo os interesses do capital nacional, diminuindo um pouco a
concentração de renda e os graves conflitos sociais:

a) Projeto de Livre-mercado.

b) Projeto Democrático Popular.

c) Projeto Nacionalista.

d) Movimento Popular.

e) Projeto Político.

6. Objetivo dos projetos políticos:

a) Alcançar ou manter certa organização da sociedade.

b) Preocupação crescente dos pais a respeito da qualidade das instituições


de ensino.

c) Estabelecer e registrar formalmente seus objetivos educacionais.

d) Indicar taxas de evasão e abandono, índice de reprovação,


aproveitamento em avaliações externas e internas.

e) Ferramenta indispensável para a evolução do ensino.

127
Direito Aplicado à Educação

7 Na ação dos movimentos populares torna-se necessário a implementação de


um determinado projeto político, para :

I) Tratar corretamente deste tema - apresentando a proposta de


organização dos movimentos populares a partir de eixos estratégicos;

II) Organizar movimentos como um dos momentos de acomodação


estrutural do capitalismo;

III) Compreender o que significa a ação histórica naquele momento.

a) I, II e III corretas.

b) I e III corretas, II incorreta.

E
c) I incorreta, II e III corretas.

d) Todas estão incorretas.

e) I correta, II e III incorretas.

8. Hoje se vive em uma sociedade globalizada. A globalização pressupõe:


Marque a opção incorreta.

a) A submissão a uma racionalidade econômica.

o
b) Racionalidade econômica, incluindo a regulação do mercado pelo estado.

c) Mercado global competitivo e autorregulável.

d) Mercado global competitivo.

e) Razão da lei natural da oferta e da procura.

128
Direito Aplicado à Educação

9. Comente a afirmativa abaixo:

Contudo, propor a organização de todo o movimento popular a partir do local


de moradia, ao invés de propor a sua organização por eixos de luta, é um erro
analítico e político.

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10. Para a autora Ivany Pino, existe uma distância entre a lei formulada e o real.
Em que consiste essa distância?

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129
Direito Aplicado à Educação

130
Direito Aplicado à Educação

Considerações finais

Chegamos ao final dos estudos da Disciplina Direito Aplicado à Educação.

Ao chegar ao final desta obra, espera-se ter contribuído, minimamente, para


informar os leitores, acadêmicos, sobre a importância de informar-se e apossar-se
do tema sobre a Legislação da Educação, decorrência da vontade das pessoas que
se permitem atuar como sujeitos e não se assujeitarem, simplesmente pelo fato de
não conhecerem seus direitos e deveres. O fato de estudarem a partir deste livro os
princípios do Direito Aplicado à Educação poderá motivá-los a pesquisar, de
diferentes formas e com diferentes ferramentas, o que está disponível e o que
ainda está sendo elaborado na área das Políticas Educacionais. Da mesma forma, é
fundamental a participação de cada um, de forma direta nos movimentos sociais e
populares, para que sejamos sujeitos de sua própria história e, consequentemente,
da história de nosso país. E, por último, desejo que este livro sirva para consultas
constantes, sempre que houver necessidade, seja na escola, nas Secretarias
Municipais de Educação, ou mesmo em rodas de estudos sobre educação
promovidas em suas comunidades.

A Universo EAD o parabeniza por ter concluído seus estudos, aumentando sua
bagagem com conhecimentos e habilidades que irão beneficiá-lo por toda a vida.

Mas a aprendizagem não para por aqui. Mantenha o hábito de ler, atualize-se
sempre e não esqueça de praticar o que foi aprendido.

Sucesso!

131
Direito Aplicado à Educação

Conhecendo a autora

Líbia Maria Serpa Aquino

É Pedagoga, graduada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).


Especialista em Política Educacional pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e
Doutoranda em Políticas Públicas pela UFRGS. É professora aposentada da
educação básica da rede pública estadual do RS, onde atuou por 34 anos. No
período de 1996 a 2000 foi conselheira no Conselho Estadual de Educação do RS,
sendo presidenta do órgão durante duas gestões, 98 e 98/2000. Atualmente, é
membro do Conselho Municipal de Educação de Guaíba representando a ULBRA. É
professora na Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) desde 1999. Atualmente,
também é Coordenadora de Ensino da Unidade de Guaíba (RS), onde leciona as
disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico e Ação Pedagógica na
Educação Básica. Atuou na EAD da ULBRA, até dezembro de 2010, nas disciplinas
de Direito Aplicado à Educação, Fundamentos Teóricos e Metodológicos da
Educação Infantil e Fundamentos Teóricos e Metodológicos nos Anos Iniciais. Na
Especialização em Gestão Educacional (EAD), atuou na disciplina de Políticas
Públicas e Legislação Educacional. Tem participação em diversas bancas de defesa
de pós-graduação, em nível de especialização, tanto na ULBRA como na UFSM.

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Direito Aplicado à Educação

Conhecendo a revisora

Ruth Bandeira Ramiro

Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7867401294943251

Graduada em Pedagogia. Mestre em Educação pela Universidade Federal


Fluminense (2008). Pós-graduada (Informática Aplicada à Educação) pela UERJ
Maracanã, INES (Letramento e Surdez nas Séries Iniciais e na EJA.) e UFF- LANTE
(Planejamento, Implementação de Gestão na EAD). Experiência como docente na
Educação Básica: Rede Pública Municipal de Educação de São Gonçalo - RJ, há mais
de 25 anos. No Ensino Superior: a) EAD (Educação a Distância) - bolsista concursada
pela UAB na tutoria presencial CECIERJ (2009-2013); Tutora do Curso de Habilitação
ao Quadro Auxiliar de Oficiais Exército - da Escola de Instrução Especializada (EsIE)
na modalidade de Educação a Distância (2014), Orientadora de TFC UFF-LANTE
(2014 e 2015); b) Educação Presencial: docente na UERJ- FFP de São Gonçalo como
professor substituto (2008-2010), e docente Universidade Salgado de Oliveira com
ênfase em Educação, dialogando com seguintes temas: Formação de professores,
Educação Inclusiva, Educação de Jovens e Adultos, Narrativas Docentes,
Experiência e Linguagem, Educação infantil, Informática aplicada à Educação, EAD
e Experiências Instituintes. Assessoria Pedagógica à Secretaria Municipal de
Educação em São Gonçalo-RJ. Pesquisadora do grupo de pesquisa na UERJ-FFP São
Gonçalo- NIPHEI (Núcleo Interdisciplinar em História da Educação e Infância)
coordenado pela Profa. Dra Sônia Câmara e LAPIIS (Laboratório de Pesquisa em
Infância, Imaginário e Subjetividades) na linha de pesquisa: Infâncias, Processos
Criativos e Tecnologias, coordenado pela Profa. Dra. Andréa Cardoso Reis.
Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/7867401294943251

133
Direito Aplicado à Educação

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Direito Aplicado à Educação

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Direito Aplicado à Educação

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uma tentativa de sistematização. Salamanca: Universidade Pontifícia de
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outra política educacional. 6ª ed. São Paulo: Autores Associados, 2007.
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http://portal.mec.gov.br/pnaes/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-
82187207/12992-diretrizes-para-a-educacao-basica

136
Direito Aplicado à Educação

A nexos

137
Direito Aplicado à Educação

Gabaritos

Exercícios – Unidade 1

1. a

2. a

3. e

4. d

5. c

6. e

7. c

8. c

9.

R: Para emitir uma opinião diante da análise de um caso sobre assuntos


técnicos ou jurídicos de sua competência. Exemplo: Pareceres do Conselho
Nacional da Educação

10. Individual do aluno

Exercícios – Unidade 2

1. b

2. e

3. e

4. c

5. b

6. e

7. b

138
Direito Aplicado à Educação

8. c

9. Resposta individual

10. Resposta individual

Exercícios – Unidade 3

1. e

2. c

3. b

4. d

5. b

6. c

7. b

8. b

9.

Resposta: A diversidade étnico-racial, como princípio do ensino teve sua


condição de premissa na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) com
a entrada em vigor da Lei nº 12.796/13.

Essa posição adotada pelo Estado representa uma das grandes inovações em
relação à Educação das relações étnico-raciais, representando novas posições a
serem adotadas pela estrutura da Educação brasileira.

10.

Resposta: A Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter


normativo que está sendo elaborado pelo MEC e que define o conjunto orgânico e
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver
ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.

139
Direito Aplicado à Educação

Exercícios – Unidade 4

1. e

2. a

3. d

4. e

5. d

6. d

7. a

8. d

9. Resposta individual

10. Resposta individual

Exercícios – Unidade 5

1. e

2. d

3. e

4. a

5. d

6. c

7. a

8. c

140
Direito Aplicado à Educação

9.

Resposta: A promoção e a valorização dos profissionais da educação,


assegurando-lhes, inclusive, nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do
magistério público: ingresso exclusivamente por concurso público de provas e
títulos; aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento
periódico remunerado para esse fim; piso salarial profissional e progressão
funcional baseada na titulação ou habilitação.

10.

Resposta: Futuramente, A “Escola Indígena” deverá atender a outros níveis de


ensino. Caso se defina como necessidade a habilitação dos docentes índios, a
exemplo dos cursos por módulos, poderá ser adotado na oferta do ensino superior,
devendo fazer parte dos programas de extensão das universidades.

Exercícios – Unidade 6

1. d

2. a

3. d

4. d

5. c

6. a

7. b

8. b

141
Direito Aplicado à Educação

9.

Resposta: É um erro analítico porque resulta de uma análise equivocada da


reprodução do capitalismo, tanto no que se refere à reprodução social da força de
trabalho como da reprodução social da cultura dominante - tanto de massas
quanto popular - em seus aspectos ideológicos que se referem à compreensão da
realidade como em seus aspectos mais subjetivos e inconscientes de reprodução
de ações alienadas, em investimentos alienados de desejos nas relações do
cotidiano, tão bem exploradas pela mídia.

10.

Resposta: Na escola, as relações institucionais produzem-se na referência de


suas funções sociais e no âmbito de suas relações sociais e de sua própria vida. A
autora afirma, ainda, que os atores sociais relacionam-se com dinâmica e
interpretações sociais envolvendo e desenvolvendo suas práticas. Isso provoca a
implantação lenta do reordenamento da educação na ponta do sistema, que é a
escola.

142

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