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Boaventura de Sousa Santos- Epistemologias do Sul

Nesta palestra, Boaventura Santos fala sobre o conceito de epistemologias do sul por
meio de uma construção contextual. Inicialmente, Boaventura diz que estamos num tempo
diferente do que começamos o século XXI. O século XXI foi marcado pela luta por uma sociedade
melhor (apesar da democracia não estar na agenda política). A partir de revoluções, a
democracia passou a ser mais expansiva, apesar disso, acreditava-se que a Europa continuaria a
ser capitalista e a procurar aperfeiçoar a sua democracia, esta democracia que era carregada de
direitos sociais e passou a responder por “social democracia”.

Muito se fala de fronteiras que dividem os territórios, mas, paralelamente a esta, existe
uma linha abissal que domina as nossas sociedades, esta linha é imperceptível pois nos cega, é
uma linha que divide quem é gente e quem não é gente, quem tem direitos e que é imerecedor
deles, esta divisão permanece até hoje e é a mãe de todas as fronteiras que marca assim a divisão
entre a humanidade e a humanidade. Esta linha foi criada por três modos de dominação: o
capitalismo, o colorismo e o patriarcado.

Boaventura define Epistemologia do Sul como sendo “os procedimentos que visam
validar os conhecimentos na luta contra o capitalismo, contra o colorismo e contra o
patriarcado”, seriam então os conhecimentos que nascem nas lutas sociais. Neste sentido, o
professor levanta uma crítica: “há muito pensamento egocêntrico a partir das epistemologias do
sul”, é justamente esse conhecimento que revela que o colonialismo não terminou com as
independências, revela que existem outras e novas formas de colonialismo hoje, o racismo, a
xenofobia e a islamofobia são exemplos deste facto, e, na Europa, o regresso do colonialismo
tem sido mais aparente. A “invasão de imigrantes na Europa” tem sido um tema muito discutido,
mas Boaventura questiona o porquê de a extrema direita assumir que seria uma “invasão” sendo
que a Europa precisa deles, a Europa precisa de 20 milhões de jovens até 2050 para garantirem
a segurança social.

Em forma de conclusão do seu argumento, Boaventura as três cabeças (capitalismo,


colonialismo e patriarcado) se articulam umas com as outras, tanto que algumas delas hoje tem
adoptado novas nomenclaturas (escravatura-trabalho análogo à escravatura). O professor
palestrante defende aqui que para lutar contra isso, devemos e precisamos articular lutas, “pois
enquanto a dominação actua articuladamente, a resistência à dominação está fragmentada”, e
é por isso que a linha abissal vai se mantendo, é necessário articular lutas, cada luta que conhece
progressos deve levar as outras. A linha abissal que nos separa só será destruída se lutarmos
simultaneamente contra o Capitalismo, o Socialismo e o Patriarcado, esta luta deve ser uma luta
articulada.

-Marlene Manuel

TURMA B

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