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POLÍTICAS PÚBLICAS- GT 27
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Associação e comunidade em terra quilombola: em questão participação
e a inclusão em redes pelo direito a políticas
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Juvêncio de Moraes, que na altura não sabia ler, foi procurando meios para
superar as dificuldades, principalmente as de acesso à terra para cultivo,
enfrentadas pelas famílias do lugar, ligadas majoritariamente ao trabalho na
agricultura em um território de difícil acesso cercado por igapós (áreas
alagáveis de floresta). Aliás, de acordo com a literatura especializada, as
dificuldades de acesso, o isolamento, dos territórios hoje reconhecidos como
remanescentes de quilombos, constituem características deste tipo de
territorialização. Para se proteger de perseguições as fugas realizadas pelos
escravos se davam normalmente na direção de lugares bem afastados onde se
pudesse organizar a vida a partir da agricultura, da pesca, do extrativismo.
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É construído então um barracão para instalação da sede de uma
associação dessas comunidades, consolidando-se assim um reconhecimento
específico às pessoas e ao lugar. Dividindo o trabalho entre o roçado e as
responsabilidades como presidente da associação em 1998/99, lembra o Sr.
Juvêncio que estava no roçado quando, certo dia, o Sr. Benedito amigo da luta
pelo reconhecimento dos direitos das famílias chega para informar da
necessidade de participar de uma conferência da CPT (Comissão Pastoral da
Terra) que trataria de explicar o que era quilombo. Até então não se sabia por
ali do que se tratava, portanto, não se reconheciam como quilombo.
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Artigo 68 da Constituição Federal de 1988. Decreto 4887. Ordenamento jurídico específico
das Comunidades Quilombolas.
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realizada em uma área antes ocupada por mata fechada melhorando as
condições de entrada e de saída para as comunidades. De 2001 a 2005, a
Associação tendo ainda então o Sr. Juvêncio como presidente, promove a
construção de duas casas de farinha.
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vazão a seus talentos no manuseio dos instrumentos, no canto, em meio a
conversas.
- Filhos do Quilombo
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não somente a interação familiar, mas todas as outras vertentes que incluem
também a economia de mercado.
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A construção dessa rede tem sido referida pelos dirigentes como estratégia
de fortalecimento da atuação do projeto do artesanato em cerâmica enquanto
alternativa econômica e, ao mesmo tempo, resgate de um traço cultural que
vinha se perdendo, importante na afirmação de uma identidade específica,
participando de um processo de territorialização de famílias que passam a se
nomear como quilombolas. De acordo com a Sra. Catarina (liderança feminina
do projeto social Filhos do Quilombo) “a gente sabia que nossos antepassados
faziam as panelas para utilizar no uso diário, mas não sabíamos como”.
Através de parceria estabelecida com agentes governamentais e não-
governamentais, foi organizada esta atividade que, ainda possibilita certa renda
às famílias participantes.
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Porém a ausência de serviços públicos de saúde, educação e transporte
adequados para as comunidades continua sendo um gargalo. Bem como a não
promoção de oportunidades de trabalho, incentivos à agricultura familiar à
geração de renda também não se verificam na medida das necessidades
apresentadas. Grande parte das pessoas estão em empregos temporários ou
informais. O serviço de moto-taxi, tem se expandido, como alternativa de
transporte e de meio de vida, sobretudo para os jovens rapazes. Ainda que ali
sejam identificados pelo projeto sociocultural Filhos do Quilombo, potencial
para o desenvolvimento de atividades de ecoturismo e para o desenvolvimento
da agricultura, sobretudo das culturas de cacau, cupuaçu e mandioca.
A maioria das casas não possui fossas sépticas e, para obter cuidados de
saúde as pessoas dirigem-se aos municípios de Moju, Abaetetuba ou Belém.
Afastamentos ocasionais por problemas de saúde se constituem em
interferências importantes na vida das famílias que pouco dispõem para esses
deslocamentos sempre caros em relação às suas condições econômicas
marcadas por rendimentos irregulares. Traços de uma ruralidade, em África e
Laranjituba, a guardar íntima correspondência com uma história de
desigualdades profundas, na apropriação, produção e distribuição da riqueza
no Brasil, na qual as populações chamadas de tradicionais, entre as quais as
de descendência africana, encontram-se integradas de modo desfavorável.
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perda de suas terras, conflitos, violência; para os empresários, a expansão de
seus lucros (SACRAMENTO, 2009).
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desenvolvimento dessas comunidades, atualmente o caso com o Instituto de
Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (IDEFLOR) e com o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE).
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culturais), política de identidade (racialismo e voto étnico), politica de
cidadania (combate à discriminação racial e afirmação dos direitos civis
dos negros) e política redistributiva (ações afirmativas ou
compensatórias).
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garante a terra, porém é necessário fazer parte da comunidade, do território
como essência e ser acionado como ator social com capacidade de promover e
provocar ações sociais que fortaleçam as comunidades.
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levantamento do censo demográfico pelo IBGE2 das comunidades quilombolas
que conclui que as famílias estariam alocadas ao município de Abaetetuba
ocasionando um grande debate a que município pertencer, Abaetetuba ou
Moju? Sendo relevante frisar que, quando perguntadas, em muitas falas das
famílias dizem-se mojuense de raiz.
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Audiência Pública sobre os Limites de Moju e Abaetetuba, realizada em 13/12/2011 (Texto
retirado do site da ALEPA) As linhas limítrofes entre as cidades de Moju e de Abaetetuba foram
tema de uma audiência pública na Câmara Municipal mojuense, realizada no último dia
primeiro de dezembro. Uma comissão de moradores de nove comunidades participou da
audiência. Preocupados com a discussão, o prefeito Iran Lima e a deputada Nilma Lima
estiveram entre as autoridades participantes. A discussão de anos foi apresentada a Hélio
Silva, técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Moradores das
comunidades de Caeté, Aguapé, Santa Cruz, Cupuaçu, Urubuputaua, Pau-da-Isca,
Camurituba-Beira, Camurituba-Centro e Camurituba-Baixo reclamaram que pelo Censo de
2000, o IBGE descreveu que as áreas das comunidades pertenciam à Abaetetuba. Os limites
físicos entre os dois municípios eram feitos por meio de uma linha imaginária, pois o GPS não
era utilizado como recurso técnico.
Para Vanderson Silva, representante de uma das comunidades, o IBGE não considerou
aspectos importantes no momento de delimitar. Teria deixado de fora questões como a crença
e a cultura do município de Moju. ”Até mesmo a assistência básica de saúde e serviço de
educação são prestados até hoje pela prefeitura de Moju”, afirmou Vanderson. Perto de 200
pessoas participaram da audiência.
‘‘Durante esses 11 anos acompanhamos a situação das nove comunidades porque temos um
compromisso com nossa população. Mesmo sem orçamento para desenvolver a vida desses
seis mil habitantes, fazemos um esforço”, defendeu Iran Lima. Na luta por soluções, líderes
comunitários foram até a Assembléia Legislativa do Pará. A deputada Nilma Lima preparou
uma audiência com o presidente da Comissão de Divisão Administrativa do Estado e Assuntos
Municipais, deputado Pio X e representantes do IBGE.
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Nota retirada do site oficial da Prefeitura de Abaetetuba “Esta semana, no dia 29 de fevereiro
a comunidade quilombola do Caeté recebeu com festa a prefeita Francineti Carvalho, desta vez
junto com o Sec. De Educação para assinar o “contrato de concessão de uso” de um ônibus
escolar para a Associação da Comunidade Remanescente do Quilombo de Caeté, ao mesmo
tempo que anunciou a construção de uma nova Escola Polo na Localidade.
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Mas, segundo o coordenador, o projeto ultrapassa essa disputa politica e
territorial e assume as atividades para as comunidades através da articulação
do projeto, e desta forma a visibilidade do projeto aproximou a associação das
comunidades, que estava desgasta por falta de operacionalidade social, ao
acionar novas parcerias ou ampliação da rede social, o projeto social Filhos do
Quilombo mescla a coordenação com geração de renda e resgate da cultura
local.
A nova escola atenderá as comunidades do Caeté, Laranjituba, Cruzeiro, e África, e terá cinco
salas de aulas, laboratório de informática, quadra poliesportiva, sala de lazer, além de outras
dependências necessárias para um bom funcionamento. Cerca de 500 educandos passarão a
estudar na Escola Polo, resolvendo um problema antigo da comunidade, que era ter uma
escola de qualidade (...)”. Publicado no dia 01/03/2012 – última atualização 02/03/2012.
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(TEISSERENC, 2010, p. 155) acabam protagonizando reflexões e rupturas da
exclusão, e iniciam a transformação através, não somente da reivindicação ao
poder público, mas com a constante introdução da racionalidade a partir da
realidade local que exige dos novos agentes mobilizarem as ações e
desenvolverem competências para assegurar direitos políticos e atuarem junto
aos gestores públicos “o que facilita as iniciativas do tecido associativo local e a
tendências à institucionalização dos debates ambientais (graças, em particular,
à criação de conselhos deliberativos locais)” (TEISSERENC, 2010, p. 175).
5. Conclusões parciais...
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construírem e fortalecerem redes sociais passa a ser um caminho de inserção
social que, no primeiro momento, não compromete o plano politico da questão.
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melhor gerenciamento do potencial natural das comunidade; além de promover
o alicerce com redes sociais produtivas e pragmáticas para as comunidades.
REFERÊNCIAS
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Anexo 1
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de 105º15’46” e distancia de 783,57 m. confrontando neste trecho com a
COMUINDADE QUILOMBOLA ESPIRITO SANTO, até o vértice CA8M-2608, de
coordenadas N 9.810.824.638 m. e E 769.325,914m.; deste, segue com azimute de
173º 27’37” e distancia de 1.972,17 m, até o vértice CA8M-2607, de coordenadas N
9.808.865,305 m. e E 769.550,628m.; deste, segue com azimute de 171º 22’51” e
distancia de 879,75 m., confrontado nestes trechos com a COMUNIDADE
QUILOMBOLA ESPIRITO SANTO, até o vértice CA8M-2605, de coordenadas N
9.807.995,494 m. e E 769.682,374 m; deste, segue com azimute de 230º50’27”e
distancia de 2.262, 73 m, até o vértice VERT-VIRTU, de coordenadas N 9.806.566,630
m. e E 767.927,869 m.; deste, segue com azimute de 304º44’24” e distancia de 232,29
m, até CA8M-2599, de coordenadas N 9.806.699,003 m. e E 767.736,981 m.; deste,
segue com azimute de 300º59’43” e distancia de 49,53 m, até o vértice CA8M-2601, de
coordenadas N9.806.724.509 m. e E 767.694,525m; deste, segue com azimute de
306º26’54” e distancia de 23,25m, até o vértice CA8M-2602, de coordenadas N
9.806.738,324 m. e E 767.675,820 m.; deste segue com azimute de 306º29’56” e
distancia de 70,53 m, até o vértice CA8M-2610, de coordenadas N9.806.780,274 m. e E
767.619,126 m.; deste, segue com azimute de 256º 09’13” e distancia de 2.787,48 m.,
confrontando nestes trechos com a COMUNIDADE QUILOMBOLA DE MOJÚ-MIRI, até o
vértice CA8M-2593, de coordenadas N 9.806.113,174 m. e E 764.912,644 m.; deste,
segue com azimute de 41º05’57” e distancia de 371, 10 m, até o vértice CA8M-2592,
de coordenadas, de N 9.806.392,822 m. e E 765.156,589 m.; deste, segue com azimute
de 313º33’30” e distancia de 155,17 m, até o vértice CA8M-2594, de coordenadas
N9.806.499,751 m. e E de 765.044,138 m.; deste, segue com azimute de 314º42’53”e
distancia 175,91 m, até o vértice CA8M-2590, de coordenadas N 9.806.623,507 m. e E
764.919,121 m.; deste, segue com azimute de 12º35’28” e distancia de 616,51 m., até
o vértice CA8M-2591, de coordenadas N 9.807.225,189 m. e E 765.053,516 m.; deste
segue com azimute de 48º21’20”e distancia de 79,75 m., confrontando neste trecho
com BENEDITO GOMES “VILLA FLOR” até o vértice CA8M-2577, de coordenadas N
9.807.278,186 m. e E 765.113,115 m.; deste, segue com azimute de 44º29’59” e
distancia de 2.565,31 m, até o vértice CA8M-2575, de coordenadas N 9.809.107,905 m.
e E 766.911,157 m.; deste, segue com azimute de 54º34’52”e distancia de 25,52 m, até
o vértice CA8M-2509, de coordenadas N 9.809.122,695 m. e E 766.931,954 m.; deste,
segue com azimute de 56º46’10” e distancia de 305,02 m., confrontando nestes
trechos com a COMUNIDADE QUILOMBOLA SAMAUMA, até o vértice CA8M-2578, de
coordenadas N 9.809.289,849 m. e E 767.187,096 m.; deste, segue com azimute de
125º32’46” e distancia de 873,52 m, até o vértice CA8M-2596, de coordenadas N
9.808.782,019 m. e E 767.897,837 m.; deste, segue com azimute de 13º04’49” e
distancia de 1.200,38 m, até o vértice CA8M-2595, de coordenadas N 9.809.951,249 m.
e E 768.169,500 m.; deste, segue com azimute de 20º21’06”de 1.151,55 m.;
confrontando nestes trechos com QUEM DE DIREITO, até o vértice CA8M-2598, de
coordenadas N 9.811.030,911 m. e E 768.569,984 m.; ponto inicial da descrição deste
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perímetro. Todas as coordenadas aqui descritas estão geo-referenciadas ao Sistema
Geodésico Brasileiro, a partir da estação ativa da RBMC de MARABA-PA, de
coordenadas N 9.406.957,9340m e 708.070,5110m e encontram-se representadas no
Sistema UTM, referenciadas ao Meridiano Central – 51Wgr., tendo como Datun o
SIRGAS 2.000. Todos os azimutes e distancias, áreas e perímetros, foram calculados no
plano de projeção UTM. Pará, 22 de outubro de 2008. Resp. Técnico: JOSÉ CARVALHO
DE SOUSA. ENGº AGRIMENSOR. Crea: 2078-D/PI. Código de Credenciamento INCRA:
CA8”.
Albertino de Moraes
Representante da Comunidade
1º OFICIO A. MIRANDA
019942
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