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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

CÂMPUS GOIÁS
CURSO DE LICENCIATURA EM FILOSOFIA

QUESTÕES AVALIATIVAS I
TÓPICOS ESPECIAIS DE FILOSOFIA I
A FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL

CIDADE DE GOIÁS
SETEMBRO, 2021
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
CÂMPUS GOIÁS
CURSO LICENCIATURA EM FILOSOFIA

QUESTÕES AVALIATIVAS I
TÓPICOS ESPECIAIS DE FILOSOFIA I
A FILOSOFIA DO DIREITO DE HEGEL

Trabalho apresentado por José Octávio Abramo ao


curso de Licenciatura em Filosofia – 3º Período e à
disciplina de Tópicos Especiais de Filosofia I –
Filosofia do Direito de Hegel, ministrada pela
Prof.ª Dr.ª Júlia Sebba Ramalho Morais.

CIDADE DE GOIÁS
ROTEIRO PARA O TRABALHO
A partir das discussões feitas em sala de aula e com base na leitura do texto de
Hegel, responda:
1. No parágrafo 1º da obra Princípios da Filosofia do Direito, Hegel afirma: “A
ciência filosófica do direito tem por objeto a ideia do direito, o conceito do
direito e a sua efetivação” (Hegel, 1994, p. 109, § 1). Explique esta afirmação do
autor. (1,0).

2. Conforme Hegel, a base e o ponto de partida do Direito é o espírito e, mais


precisamente, a vontade livre. A partir das explanações feitas em sala de aula,
explique o que Hegel entende pelo conceito de espírito. (1,0).

3. Para Hegel, a liberdade constitui a substância da vontade e, uma vez que a


vontade é o ponto de partida do mundo do Direito, este pode ser concebido
como “o reino da liberdade efetivada” (Hegel, 1994, p. 121, § 4). Disserte sobre
estes conceitos. (2,0).

4. O que Hegel entende pelo conceito de “segunda natureza”? Em que sentido o


mundo do Direito não deve ser entendido como um mundo estritamente
natural? (1,0).

5. No parágrafo 4 Hegel afirma que a vontade deve ser concebida em unidade


com o pensamento e, nesta medida, podemos falar em “vontade pensante”. A
partir destas indicações, explique porque a vontade livre se diferencia dos
simples instintos, impulsos e desejos. (1,0).

6. Explique em que consiste a universalidade da vontade, segundo Hegel e qual a


crítica que ele dirige ao que ele denomina “liberdade do vazio”, própria do
hinduísmo e do fanatismo político da Revolução Francesa. (1,5).

7. No parágrafo 6, Hegel afirma que “O eu é igualmente o passar da


indeterminidade indiferenciada à diferenciação, ao determinar e ao pôr uma
determinidade enquanto conteúdo e objeto” (Hegel, 1994, p. 126, § 6). Explique
em que consiste este movimento de autodeterminação do eu. (1,0).

8. Para Hegel, nós não podemos compreender a universalidade e a


particularidade da vontade como momentos separados, em abstração. Diante
disso, ele afirma que “O que chamamos propriamente de vontade contém os
dois momentos precedentes dentro de si” (Hegel, 1994, p. 131, § 7, adendo). A
partir disso, elucide em que consiste esta unidade da universalidade e da
particularidade da vontade livre, para Hegel (1,5).

1- Para Hegel, a ideia do direito é o resultado do conceito de direito mais a


realização do direito. Ou seja, ele procura compreender o conceito racional do direito e
a sua efetivação na realidade. Dessa forma ele concebe as ideias do direito e como serão
realizadas na prática, pois ele entende que a filosofia é feita de ideias e conceitos,
entendo--se por conceito apenas o que se dá na efetividade, em seu conteúdo e não em
sua forma.

2- Para Hegel, o conceito de espírito em seus Princípios da Filosofia do Direito


não tem nenhuma conotação religiosa ou de alma no sentido místico, mas sim o que
podemos chamar de consciência humana. Ele divide esse espírito em três categorias,
não separadas mas na verdade decorrentes. A primeiro seria o da subjetividade do
espírito, que seria a nossa consciência, pensamentos, sentimentos, emoções, humores,
afetos, etc. A segunda seria a da objetividade, quando externamos nossa subjetividade
primeira para o mundo. Por fim, Hegel sustenta que o espírito é absoluto, quando
através do domínio das artes, da religião, da filosofia e do saber, essa forma absoluta
unifica e supera as duas anteriores.

3- Hegel considera a vontade livre do espírito como o ponto de partida de seus


Princípios da Filosofia do Direito, sendo a base do direito a objetividade da vontade,
derivada primeiro da sua subjetividade, lançada para a realidade. A vontade, para Hegel,
tem que ser livre ou não é vontade, assim como um corpo tem que ter peso ou não é um
corpo. Dessa forma, nós podemos querer qualquer coisa, temos essa liberdade de querer
mas a liberdade somente será efetivada em nossa "segunda natureza", no mundo do
direito, que foi efetivado pelo nosso espírito.

4- Hegel considera que nós produzimos, a partir do espírito, o mundo em que


vivemos, divergente do mundo natural. Esse mundo, criado por nós, é a "segunda
natureza" sendo nela que efetivamente vivemos em sociedade e nela somos regidos
pelas leis do direito. Apesar do ser humano ser um animal, com as necessidades básicas
de todo animal, ele não mais convive com a "primeira natureza" mas sim com essa
"segunda natureza", que forma o sistema do direito e portanto o mundo do direito não
pode ser considerado natural pois é um mundo, de certa forma “artificial”, criado por
nós.

5- Hegel considera a vontade integrante do pensamento, dessa forma sendo uma


"vontande pensante", contrapondo-se portanto, por exemplo, a Kant, que considerava
vontade e pensamento independentes. Assim a vontade livre jamais poderia ser
comparada a instintos ou impulsos, pois a vontade é determinada por nós, pelo nosso
pensamento, ao contrário de instintos, que regem os animais, sem que eles percebam
mas apenas reajam. Portanto Hegel considera a vontade uma auto-determinação e não
um impulso que não é controlado por nós.

6- A universalidade da vontade consiste na vontade pura, absolutamente


indeterminada, o querer qualquer coisa sem nada determinar especificamente. Seria a
pura liberdade da vontade, independente de qualquer outra coisa. A "liberdade do vazio"
seria manter a vontade apenas nessa universalidade, sem jamais ter um objeto do querer,
mas apenas a vontade em sua forma teórica. Assim ele considera o hinduísmo, pois seria
apenas a contemplação de algo, sem efetivar esse algo. Também da mesma forma
considera os jacobinos na Revolução Francesa que, em nome da liberdade absoluta de
todos, queriam destruir qualquer forma de poder ou estrutura social e política, sem
considerar o que se colocaria no lugar após essa destruição.

7- Este movimento consiste em passar da universalidade do querer para o ser-aí


da particularidade. Esse movimento pode ser posto por uma necessidade da natureza ou
do espírito e consiste em efetivar algo específico do querer, saindo portanto da
universalidade para a particularidade da vontade livre. É o momento em que o eu passa
da infinitude para a finitude, no sentido do final ser um objeto específico, da auto-
determinação da vontade livre. Esse movimento também é compreendido como
dialético da universalidade para a particularidade do eu.

8- A singularidade é a unidade da universalidade e da particularidade, fechando


o círculo da vontade livre. Tanto a universalidade está contida na particularidade quanto
o contrário, e a singularidade unifica esses dois momentos sendo, portanto, a vontade
em si. Não podemos conceber os dois primeiros, universalidade e particularidade,
independentes entre si, mas intrinsicamente ligados, e concluídos pela singularidade.

REFERÊNCIAS
HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich. Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito ou
Direito Natural e Ciência do Estado em Compêndio. Tradução e notas: Marcos L.
Müller. Campinas/SP: IFCH/UNICAMP, 1994.

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