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UNIVERSIDADE SÃO TOMÁS DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Ciência e Ética

Curso: Relações Internacionais

Tema: Pensamento Político de Hegel

Turma 1 Período Laboral

Discentes:

Alia Esperança Nazir


Albertina Gimo
Nyeleti jonhson Khossa

Docente:

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Maputo, Abril de 2023


ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 1

2. OBJECTIVOS ......................................................................................................................... 2

2.1. Objectivo Geral ................................................................................................................ 2

2.2. Objectivos Específicos ..................................................................................................... 2

3. CONTEXTUALIZAÇÃO ....................................................................................................... 3

3.1. Conceito de Estado Segundo Hegel ................................................................................. 3

3.2. Os Fundamentos Do Conceito De Estado ........................................................................ 3

3.2.1. A Liberdade .............................................................................................................. 4

3.2.2. A vontade .................................................................................................................. 5

3.2.3. O Direito ................................................................................................................... 5

4. PENSAMENTO POLITICO DE HEGEL ............................................................................... 6

4.1. Idealismo Absoluto de Hegel ........................................................................................... 7

6. RELEVÂNCIA DAS IDEIAS DE HEGEL PARA A POLÍTICA CONTEMPORÂNEA..... 8

7. CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 9

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 10


1. INTRODUÇÃO

Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) foi um dos mais influentes filósofos alemães do
século XIX, cujas ideias tiveram um impacto profundo no pensamento político e social. A obra
de Hegel abrange vários campos, incluindo a filosofia, a história, a religião e a política, mas é em
sua filosofia política que ele alcançou destaque particular.

O pensamento político de Hegel é complexo e multifacetado, e muitos estudiosos têm se


dedicado a analisá-lo e interpretá-lo. Sua filosofia política é baseada na noção de que o Estado é
a expressão máxima da vontade racional da comunidade política, e que a história é um processo
dialéctico no qual as ideias e instituições evoluem de acordo com as contradições internas que
surgem.

Este trabalho científico tem como objectivo analisar e discutir o pensamento político de Hegel,
com foco nas principais ideias que ele desenvolveu em suas obras mais importantes, como
"Filosofia do Direito" e "Princípios da Filosofia do Direito". Será examinado o conceito de
Estado em Hegel, sua teoria da sociedade civil, a relação entre indivíduo e comunidade política,
e as implicações políticas de sua filosofia para a democracia e a liberdade individual.

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2. OBJECTIVOS

2.1.Objectivo Geral
 Compreender o pensamento político de Hegel e suas implicações na política
contemporânea.

2.2.Objectivos Específicos
 Analisar a noção de Estado em Hegel;
 Investigar a concepção de liberdade em Hegel e como ela se relaciona com a organização
política e social;
 Analisar a relevância das ideias de Hegel para a política contemporânea.

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3. CONTEXTUALIZAÇÃO

3.1.Conceito de Estado Segundo Hegel


O filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831) teve uma grande influência na
teoria política e no pensamento sobre o Estado. Segundo Hegel, o Estado é uma instituição
fundamental para a realização da liberdade individual e para a garantia do bem comum.

Hegel desenvolveu sua teoria do Estado em sua obra "Filosofia do Direito" (1821), na qual ele
argumenta que o Estado é a expressão mais elevada da vontade racional e ética do povo. Em
outras palavras, o Estado é a encarnação da razão e da moralidade em uma sociedade.

De acordo com Hegel, o Estado é uma entidade orgânica que tem vida própria e se desenvolve ao
longo do tempo, assim como um organismo vivo. Ele argumenta que o Estado deve ser
governado por uma autoridade suprema, que representa a vontade do povo e que tem o poder de
regular e controlar a sociedade em nome do bem comum.

Uma das citações mais famosas de Hegel sobre o Estado é: "O Estado é a realidade concreta da
liberdade racional, o que significa que ele é a forma na qual a liberdade pode ser realizada em
sua verdadeira essência" (HEGEL, 1821).

Outra citação importante de Hegel sobre o Estado é: "O Estado é o espírito ético em sua
existência objectiva e imediata, a realização concreta da liberdade" (HEGEL, 1821).

Deste modo, para Hegel, o Estado é uma instituição fundamental para a realização da liberdade
individual e para a garantia do bem comum. Ele argumenta que o Estado é a encarnação da razão
e da moralidade em uma sociedade e que deve ser governado por uma autoridade suprema que
representa a vontade do povo.

3.2.Os Fundamentos Do Conceito De Estado


De acordo com Touchard (1970), a filosofia política de Hegel, o Estado é uma manifestação da
vontade racional da sociedade. Ele acreditava que o Estado é uma instituição essencial para a
organização da vida social e política, e que sua função principal é garantir a liberdade e o bem-
estar dos indivíduos dentro da sociedade.

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Hegel via o Estado como um organismo vivo, que tem uma existência própria, distinta dos
indivíduos que o compõem. Ele argumentava que o Estado é mais do que apenas uma soma de
indivíduos e suas vontades individuais, mas sim um todo orgânico, cujo objectivo é realizar os
interesses comuns de seus membros.

Além disso, Hegel via o Estado como um agente de mudança social e histórica. Ele argumentava
que o desenvolvimento da sociedade e da história dependia da acção do Estado, que tinha o papel
de promover o progresso e o bem-estar da sociedade como um todo. Assim sendo, para Hegel o
Estado obedecia aos seguintes fundamentos: a liberdade, a vontade e o direito.

3.2.1. A Liberdade
Para Hegel, a liberdade não pode ser entendida apenas como a ausência de restrições externas ou
como a possibilidade de fazer o que se quer. Em vez disso, ele argumenta que a verdadeira
liberdade só pode ser alcançada dentro de um sistema social e político que permite que os
indivíduos se desenvolvam plenamente como seres humanos. (AQUINO, 1989)

Em sua filosofia política, Hegel argumenta que o Estado é o meio pelo qual a liberdade pode ser
alcançada. Para ele, o Estado é o resultado da síntese das necessidades individuais e colectivas da
sociedade. Ele vê o Estado como uma instituição que é capaz de garantir a liberdade individual,
protegendo a todos os membros da sociedade de ameaças externas e internas.

Para Hegel, a liberdade individual não é uma questão de escolha pessoal, mas de integração em
uma comunidade que fornece a infra-estrutura necessária para a realização plena do potencial
humano. Ele argumenta que o Estado é responsável por proteger e promover a liberdade
individual, garantindo que as leis e instituições que governam a sociedade estejam em
consonância com as necessidades de seus cidadãos. (AQUINO, 1989)

Assim, para Hegel, a liberdade não pode ser separada do Estado. Ele argumenta que a liberdade
individual só pode ser alcançada dentro de um sistema político que permite a participação de
todos os cidadãos na tomada de decisões e que protege os direitos individuais de todos os
membros da sociedade. A liberdade, portanto, é uma questão tanto de direitos individuais quanto
de responsabilidades colectivas.

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3.2.2. A vontade
De acordo com Hegel, a vontade é um conceito central em sua filosofia política. Ele argumenta
que a vontade é o que move a sociedade e o Estado em direcção ao progresso e à realização de
seus objectivos. (BOBBIO, 1991)

Para Hegel, a vontade é uma força colectiva que surge da síntese entre as vontades individuais
dos membros da sociedade. Ele vê a vontade como um processo dinâmico que está em constante
evolução e mudança. À medida que as necessidades e os desejos dos indivíduos mudam, a
vontade colectiva também muda para se adaptar a essas mudanças. (BOBBIO, 1991)

Hegel argumenta que o Estado é a encarnação da vontade colectiva da sociedade. Ele vê o


Estado como uma instituição que representa os interesses e as necessidades de todos os membros
da sociedade e que trabalha para promover o bem comum. Para Hegel, o Estado é a única
instituição capaz de coordenar e unificar a vontade colectiva, garantindo que todos os membros
da sociedade trabalhem juntos em direcção a um objectivo comum. (BOBBIO, 1991)

Assim, para Hegel, a vontade individual não é suficiente para garantir o progresso e a realização
da sociedade como um todo. É a vontade colectiva, representada pelo Estado, que é capaz de
garantir que os interesses e as necessidades de todos os membros da sociedade sejam atendidos
de forma equitativa e justa.

No entanto, Hegel também reconhece que o Estado pode ser corrompido e usado para servir os
interesses de uma elite privilegiada em detrimento dos interesses da maioria. Nesses casos, ele
argumenta que a vontade colectiva deve se rebelar contra o Estado e criar uma nova ordem
política que represente os verdadeiros interesses da sociedade. (AQUINO, 1989)

3.2.3. O Direito
Segundo Hegel, o direito é um elemento fundamental na construção da sociedade e do Estado.
Ele acreditava que o Estado era a única instituição capaz de garantir a justiça e a liberdade, e que
o direito era a forma pela qual esses valores eram expressos e aplicados na sociedade. (BOBBIO,
1991).

Para Hegel, o Estado era a encarnação da vontade colectiva da sociedade. Ele afirmava que o
Estado era a única instituição capaz de garantir a liberdade dos indivíduos, pois, ao mesmo

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tempo em que impunha regras e limites, ele também protegia os cidadãos da arbitrariedade e da
violência. (TOUCHARD, 1970)

O direito, por sua vez, era o meio pelo qual o Estado expressava e aplicava a vontade da
sociedade. Para Hegel, o direito não era uma colecção de normas arbitrárias ou impostas de cima
para baixo, mas sim a expressão da razão e da justiça da sociedade como um todo. Ele acreditava
que o direito deveria ser justo e racional, e que deveria estar em sintonia com as necessidades e
aspirações da sociedade.

Assim, para Hegel, o direito e o Estado eram elementos inseparáveis. O Estado precisava do
direito para expressar a vontade da sociedade e garantir a liberdade e a justiça, enquanto o direito
precisava do Estado para ser aplicado e garantir a sua eficácia.

4. PENSAMENTO POLITICO DE HEGEL

O pensamento político de Hegel é baseado em sua teoria filosófica do idealismo absoluto, que
considera a história como um processo dialéctico que leva a uma realização progressiva da
liberdade humana.

Hegel acreditava que a sociedade evolui em direcção a um estado de liberdade, onde os


indivíduos têm igualdade de oportunidades e são capazes de alcançar sua realização pessoal. Ele
argumentava que o Estado é a expressão mais elevada da razão humana e deve ser o árbitro final
em todas as questões políticas. O Estado, para Hegel, era uma entidade racional que deveria ser
orientada por um objectivo comum. (BOBBIO, 1991)

Hegel também defendia a ideia de que a liberdade individual e a liberdade política não são
antagónicas, mas sim complementares. Ele argumentava que o indivíduo só pode ser
verdadeiramente livre em uma sociedade que valoriza a liberdade política, onde a lei é aplicada
igualmente e os direitos civis são protegidos.

Outro conceito importante no pensamento político de Hegel é a ideia de que a guerra é um


componente necessário do processo histórico. Ele via a guerra como um meio de resolver
conflitos entre as nações e de permitir que a história avance para a próxima fase de
desenvolvimento. (BOBBIO, 1991)

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Assim sendo, o pensamento político de Hegel é baseado na ideia de que a história é um processo
evolutivo que leva a uma realização progressiva da liberdade humana. Ele acreditava que o
Estado é a expressão mais elevada da razão humana e deve ser orientado por um objectivo
comum, e que a liberdade individual e a liberdade política são complementares. Além disso,
Hegel considerava a guerra como um componente necessário do processo histórico.

4.1.Idealismo Absoluto de Hegel


O idealismo absoluto é uma filosofia desenvolvida por Georg Wilhelm Friedrich Hegel no início
do século XIX. Segundo essa corrente, a realidade última do mundo não é material, mas sim
espiritual ou ideal. Isso significa que as coisas que vemos e experimentamos no mundo físico
são, na verdade, manifestações de ideias ou conceitos mais amplos e universais. (AQUINO,
1989)

No pensamento político de Hegel, o idealismo absoluto tem uma grande importância. Para ele, a
história é um processo dialéctico, no qual as ideias e os conceitos se desenvolvem ao longo do
tempo. Nesse processo, a política desempenha um papel fundamental, pois é através dela que as
ideias se concretizam e se tornam realidade.

Hegel acreditava que o Estado era a encarnação suprema do espírito humano, o lugar onde as
ideias mais elevadas poderiam ser realizadas. Ele via o Estado como um organismo vivo, com
uma personalidade e uma vontade próprias, capaz de moldar e orientar a vida das pessoas de
maneira benéfica.

No entanto, Hegel não era um defensor do autoritarismo ou da tirania. Pelo contrário, ele
acreditava que o Estado deveria ser uma entidade democrática, capaz de garantir a liberdade e os
direitos dos indivíduos. Para ele, a democracia era a forma mais elevada de governo, pois
permitia que as ideias e os interesses de todos os cidadãos fossem representados e levados em
consideração.

Em suma, o idealismo absoluto de Hegel teve uma grande influência sobre o seu pensamento
político, levando-o a conceber o Estado como uma entidade espiritual e democrática, capaz de
realizar as ideias mais elevadas e garantir a liberdade e os direitos dos cidadãos.

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6. RELEVÂNCIA DAS IDEIAS DE HEGEL PARA A POLÍTICA

CONTEMPORÂNEA.

Segundo Oliveira (1990), as ideias de Hegel tiveram um impacto significativo na filosofia


política e na política contemporânea. Desse modo, destacam-se algumas maneiras pelas quais
suas ideias são relevantes hoje:

 Hegel acreditava que a história era um processo dialéctico, em que as contradições e os


conflitos eram resolvidos em sínteses mais elevadas. Essa ideia influenciou teorias
políticas como o marxismo, que argumenta que o conflito de classes levará à criação de
uma sociedade socialista. Embora o marxismo tenha evoluído desde a época de Hegel, a
ideia de que a história é um processo de mudança constante e que o conflito é uma parte
inerente desse processo ainda é relevante hoje.
 A filosofia política de Hegel também enfatizou a importância do Estado como uma
instituição que deve unificar a sociedade e garantir a justiça. Essa ideia influenciou
teorias políticas como o nacionalismo, que argumenta que a unidade nacional é crucial
para o bem-estar da sociedade. O papel do Estado como regulador da economia e
garantidor dos direitos individuais também é um tema central na política contemporânea.
 A ideia de que a liberdade individual é alcançada através do reconhecimento mútuo é
outra contribuição importante de Hegel para a política. Essa ideia se reflecte em
movimentos sociais que buscam o reconhecimento e a igualdade de direitos para grupos
marginalizados, como as lutas pelos direitos das mulheres, e minorias étnicas.
 A noção hegeliana de que a história é impulsionada pela razão também influenciou
teorias políticas contemporâneas como o liberalismo e a democracia liberal. Essas teorias
defendem a importância da razão e do pensamento crítico na tomada de decisões políticas
e na governança.

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7. CONCLUSÃO

Com base em uma análise cuidadosa do pensamento político de Hegel, podemos concluir que
sua filosofia política é profundamente influenciada por suas crenças fundamentais sobre a
natureza humana, a história e a razão. Hegel argumenta que a história é um processo dialéctico
no qual a razão se manifesta progressivamente, levando à realização da liberdade e da igualdade
para todos os seres humanos.

Para Hegel, o Estado é a instituição central que promove essa realização, e o papel do governo é
garantir que a vontade racional e a liberdade individual sejam reconciliadas com as necessidades
da comunidade como um todo. Ele defende um modelo de governo baseado na autoridade legal e
na separação de poderes, onde o Estado é responsável por proteger e promover os direitos e
interesses dos cidadãos.

Além disso, Hegel acredita que a educação é fundamental para a formação de indivíduos livres e
racionais, capazes de contribuir para o bem-estar da sociedade como um todo. Ele também
enfatiza a importância da sociedade civil e da participação activa dos cidadãos no processo
político.

Em suma, o pensamento político de Hegel é complexo e multifacetado, mas é evidente que ele
via a política como um meio para alcançar a liberdade, a igualdade e a justiça social para todos
os seres humanos. Suas ideias continuam a ser objecto de debate e discussão na política
contemporânea e continuam a inspirar pensadores políticos em todo o mundo.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AQUINO, Marcelo F. O conceito de religião em Hegel. São Paulo: Loyola, 1989

BOBBIO, Norberto. Estudos sobre Hegel: direito, sociedade civil, Estado. Tradução de Luís
Sérgio Henriques e Carlos Nelson Coutinho. São Paulo: Brasiliense, 1991.

HEGEL, G. W. F. (1821). Filosofia do Direito. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. A filosofia na crise da Modernidade. São Paulo: Loyola, 1990.

TOUCHARD, Jean. História das ideias políticas. Tradução de Mário Braga. Lisboa: Publicações
Europa – América, 1970, vol. 3, 4 e 5

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