Você está na página 1de 25

VIOLÊNCIA

CONTRA A
MULHER E SEUS
ASPECTOS
PSICOLÓGICOS
Violência é definida pela Organização Mundial

O QUE É da Saúde como "o uso intencional de força


física ou poder, ameaçados ou reais, contra si
mesmo, contra outra pessoa ou contra um
VIOLÊNCIA? grupo ou comunidade, que resultem ou
tenham grande probabilidade de resultar em
ferimento, morte, dano psicológico, mau
desenvolvimento ou privação"
Existem vários tipos de
violência e todos são
complexos, perversos, não
ocorrem isolados uns dos
outros e têm graves
consequências para a mulher.
Qualquer uma delas constitui
ato de violação dos direitos
humanos e deve ser
denunciada.
1. FÍSICA

TIPOS DE 2. PSICOLÓGICA
VIOLÊNCIA
3. SEXUAL

4. PATRIMONIAL

5. MORAL
1. VIOLÊNCIA FÍSICA
Entendida como qualquer conduta que ofenda a
integridade ou saúde corporal da mulher.

ESPANCAMENTO
ATIRAR OBJETOS, SACUDIR E APERTAR OS BRAÇOS
ESTRANGULAMENTO OU SUFOCAMENTO
LESÕES COM OBJETOS CORTANTES OU PERFURANTES
FERIMENTOS CAUSADOS POR QUEIMADURAS OU ARMAS DE FOGO
TORTURA
2. VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
É considerada qualquer conduta que: cause dano emocional e
diminuição da autoestima; prejudique e perturbe o pleno
desenvolvimento da mulher; ou vise degradar ou controlar suas
ações, comportamentos, crenças e decisões.

AMEAÇAS INSULTOS
CONSTRANGIMENTO CHANTAGEM
HUMILHAÇÃO EXPLORAÇÃO
MANIPULAÇÃO LIMITAÇÃO DO DIREITO DE IR E VIR
ISOLAMENTO (PROIBIR DE ESTUDAR E VIAJAR RIDICULARIZAÇÃO
OU DE FALAR COM AMIGOS E PARENTES) TIRAR A LIBERDADE DE CRENÇA
VIGILÂNCIA CONSTANTE DISTORCER E OMITIR FATOS PARA DEIXAR A
PERSEGUIÇÃO CONTUMAZ MULHER EM DÚVIDA SOBRE A SUA
MEMÓRIA E SANIDADE (GASLIGHTING)
3. VIOLÊNCIA SEXUAL
Trata-se de qualquer conduta que constranja a presenciar,
a manter ou a participar de relação sexual não desejada
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força.

ESTUPRO
OBRIGAR A MULHER A FAZER ATOS SEXUAIS QUE CAUSAM DESCONFORTO OU REPULSA
IMPEDIR O USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS OU FORÇAR A MULHER A ABORTAR
FORÇAR MATRIMÔNIO, GRAVIDEZ OU PROSTITUIÇÃO POR MEIO DE COAÇÃO, CHANTAGEM,
SUBORNO OU MANIPULAÇÃO
LIMITAR OU ANULAR O EXERCÍCIO DOS DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS DA MULHER
4. VIOLÊNCIA PATRIMONIAL
Entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração,
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho,
documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos,
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

CONTROLAR O DINHEIRO
DEIXAR DE PAGAR PENSÃO ALIMENTÍCIA
DESTRUIÇÃO DE DOCUMENTOS PESSOAIS
FURTO, EXTORSÃO OU DANO
ESTELIONATO
PRIVAR DE BENS, VALORES OU RECURSOS ECONÔMICOS
CAUSAR DANOS PROPOSITAIS A OBJETOS DA MULHER OU DOS QUAIS ELA GOSTE
5. VIOLÊNCIA MORAL
É considerada qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.

ACUSAR A MULHER DE TRAIÇÃO


EMITIR JUÍZOS MORAIS SOBRE A CONDUTA
FAZER CRÍTICAS MENTIROSAS
EXPOR A VIDA ÍNTIMA
REBAIXAR A MULHER POR MEIO DE XINGAMENTOS QUE INCIDEM SOBRE A SUA ÍNDOLE
DESVALORIZAR A VÍTIMA PELO SEU MODO DE SE VESTIR
Efeitos da Violência no
Cérebro

Desde os primeiros encontros, durante a construção do


relacionamento abusivo, há estímulos táteis, visuais, verbais que o
parceiro emite e que provocam reações no cérebro e no corpo.

Cada atitude, toque e palavra dita para conquistar é reconhecida


pelo cerebelo (uma parte do cérebro) como um convite
interessante, já que ocorre a liberação de neurotransmissores
(agentes químicos que atuam no cérebro).

A excitação corporal acontece, e, de maneira súbita ou gradual,


aparece a atração física.
Passada a fase de construção, o relacionamento avança e ocupa
cada vez mais espaço na vida da vítima.

Há muito cortisol, hormônio liberado em situações de estresse,


dopamina que traz sensação de prazer e motivação gerada na fase
de lua de mel e adrenalina constantemente sendo liberados em
doses altas e que sobrecarregam o funcionamento do sistema
nervoso.

O cérebro, por estar com essa sobrecarga para lidar com as


inúmeras sensações intensas vindas do relacionamento, passa a ter
menos períodos de descanso, o que impede sua recuperação.
A dinâmica do cérebro é modificada pelo abuso, o que significa que,
se uma mulher está em um relacionamento abusivo, os neurônios
dela estarão morrendo ou mudando a forma como se comunicam
uns com os outros.

Por exemplo: se a área responsável pelas emoções é afetada, não há


como desconsiderarmos que outras partes também sofrerão
impactos. Sob forte ameaça e intensidade de emoções, nosso
córtex pré frontal, responsável por planejamento e tomada de
decisões, é comandado pelo sistema límbico (emocional), o que
explica a dificuldade de tomada de decisão de mulheres enquanto
vivenciam um relacionamento abusivo.
Como consequência dessas
alterações cerebrais, a vítima pode
ter prejuízos significativos em
relação à construção da rotina. É
muito comum que seus padrões de
sono estejam totalmente alterados,
revelando insônia ou sono irregular,
mesmo nas fases de lua de mel.

Sem descanso adequado e sob estresse constante, o


cérebro vai perdendo a capacidade de fazer conexões
neurais adequadas, ou seja, de pensar, julgar, decidir,
tomar decisões em direção ao bem estar e à saúde,
regular suas emoções e encontrar um equilíbrio
saudável. Podem aparecer também questões
alimentares, como falta ou aumento de apetite,
dificuldade em cumprir compromissos, falhas de
memória, ausência de energia para tarefas cotidianas
simples, distúrbios de concentração e atenção, entre
outros impactos.
Mulheres que sofreram ou sofrem
abuso estão sujeitas a desenvolver
TEPT devido à exposição prolongada
a situações de estresse, numa
intensidade de estímulos que o
cérebro não consegue processar
adequadamente.

TÁ, MAS O QUE


PODEMOS
FAZER?
1 NÃO JULGAR A VÍTIMA
DEIXAR A PORTA ABERTA
2 PARA A VÍTIMA DECIDA
QUANDO DESEJA SAIR
FOCAR NA VÍTIMA.

ELA MERECE PROTAGONISMO,


3 NÃO O AGRESSOR.

MUITAS DESEJAM LARGAR A


VIOLÊNCIA, NÃO O PARCEIRO.
PAPEL DO
PROFISSIONAL
DE SAÚDE

NETTO, 2018
Conservação de
energia

"É difícil estimular boa alimentação ou sono tranquilo pra mulher que foi
agredida. Procuro dar força a ela pra continuar cuidando dos filhos. Uso o
que ela tem de potência para animá-la. Faço um cuidado integral não
focado na violência. Prezo pela saúde, que ela consiga ter energia pra
sustentar atividades diárias. Trabalhar a expectativa de vida e de futuro que
ela quer pra si. Tem vezes que ela para de comer e a primeira coisa
prejudicada é o sono também."
Conservação da integridade
estrutural

"Priorizo a cura das marcas, pra que ela não fique olhando no espelho e se
sentindo inferior. Essas mulheres têm hematomas, cuido daquilo que estou
vendo. Se você faz um bom exame físico, você percebe os sinais. O mais
importante são os testes rápidos pra HIV e ISTs. Quando a mulher está com
queixa vaginal, vejo se ela está com IST e trato. Quando ela apanha, é uma
questão estética também, em que se preocupa em como vai aparecer na
frente dos filhos, com marcas pelo corpo."
Conservação da integridade
pessoal

"Precisamos resgatar a autoestima. Converso com ela e busco um caminho pra


ela ter mais facilidade de falar. Você só consegue trabalhar o psicológico dela
depois de várias consultas. Informar bem a mulher sobre seus direitos é
importante. Uma vez deixei a mulher falar, fiquei só escutando, e vi que isso já
ajudou, pois o que ela estava querendo era saber que podia confiar em alguém.
Disse pra ela o quanto ela era bonita e o quanto era capaz.
Aos poucos você consegue resgatar a autoestima, pra ela se valorizar. Faço
acolhimento humanizado, para o vínculo."

Conservação da integridade
social

"Tenho que fortalecer o resgate das relações sociais, pra que tenha sempre
alguém com quem possa conversar. Questiono com a mulher se ela pode ir pra
casa dos pais ou de alguma amiga. A gente ainda fica focado na mulher e não
percebe o que tem ao redor dela. Pra mulher é importante saber que não tem
que se isolar. Tem famílias onde é o pai, mãe ou irmã que vem com essa mulher
pra unidade de saúde. A relação dela com a comunidade é difícil porque o
marido pode ter envolvimento com os bandidos. Procuro outra instituição que
possa ajudar, como um centro psicossocial."

Obrigada!

Você também pode gostar