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TJDFT 2013

DIREITO ADMINISTRATIVO
PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA – AULA 00

Olá, caríssimos concurseiros! Esta é a hora de estudar para o cargo


de Técnico Judiciário do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e
Territórios (TJDFT)!

O edital já está no site do Cespe/UnB. Estão sendo oferecidas


inicialmente 87 vagas, porém o edital diz que serão corrigidas 1.800
redações dos aprovados! E todos sabem que o TJDFT possui tradição de
chamar centenas e centenas de candidatos.

Muito bem, vamos agora à apresentação do professor!

Meu nome é Luciano Oliveira. Muito prazer! Sou Consultor


Legislativo do Senado Federal. Já exerci os cargos de Auditor Federal de
Controle Externo do TCU e Analista de Finanças e Controle do Tesouro
Nacional. Antes disso, fui Oficial da Marinha por sete anos (sou Capitão-
Tenente da reserva). Ministro aulas de Direito Administrativo em todo o
Brasil.

Posso dizer que sou um concurseiro de carteirinha! Estou sempre


fazendo algum concurso, para não perder o costume! (esse aí só pode ser
maluco...). Mas é isso mesmo! Professor de cursinho tem que saber o que
está acontecendo nesse meio, de preferência, sentindo na própria pele o
que os concurseiros estão vivendo! Saibam que vocês terão aqui não
apenas um professor da matéria, mas um conselheiro na área de
concursos. Fiquem à vontade para tirar suas dúvidas e fazer perguntas
sobre Direito Administrativo, dicas para fazer a prova etc.

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Além disso, sou autor dos livros Direito Administrativo:


Cespe/UnB, publicado pela Editora Ferreira, Direito Administrativo:
Questões Discursivas Comentadas, pela Editora Impetus, e A Lei
8.112/1990 para Concursos, pela Editora Método. Mantenho também
um pequeno blog na internet sobre Direito Administrativo
(www.diretoriojuridico.blogspot.com.br), onde podem ser encontradas
dicas valiosas sobre concursos públicos, inclusive sobre questões
discursivas.

Segue meu minicurrículo:

Professor Luciano Oliveira. Consultor Legislativo do Senado Federal.


Professor de cursos preparatórios em todo o Brasil. Ex-Presidente da Associação
Nacional dos Concurseiros (Andacon). Ex-Auditor Federal do TCU. Ex-Analista do
Tesouro Nacional. Capitão-Tenente da reserva da Marinha do Brasil. Pós-graduado
em Controle Externo de Serviços Públicos pelo TCU. Bacharel em Direito pela UnB.
Aprovado nos seguintes concursos, entre outros: Consultor Legislativo do Senado
Federal (2º lugar em 2012 e 4º lugar em 2008); Conselheiro-Substituto dos
Tribunais de Contas de Alagoas (2º lugar em 2008), Mato Grosso (1º lugar em
2008) e Goiás (5º lugar em 2008); Ministro-Substituto do TCU (3º lugar em
2007); Auditor Federal do TCU (3º lugar em 2006); Auditor Fiscal da Receita
Federal (2º lugar nas Unidades Centrais em 2005); Auditor Fiscal de Minas Gerais
(6º lugar em 2005); Analista do Tesouro Nacional (4º lugar na Área Contábil em
2005). Autor dos seguintes livros, entre outros: Direito Administrativo –
Cespe/UnB, pela Editora Ferreira; Direito Administrativo – Questões Discursivas
Comentadas, pela Editora Impetus; A Lei 8.112/1990 para Concursos, pela Editora
Método.

Muito bem! Desta vez, minha missão é ensinar a vocês a disciplina


Direito Administrativo para o concurso do TJDFT. Lembrem-se de que o
Direito Administrativo é uma das matérias de maior importância nesse
concurso, por isso, não vacilem. Deixar de lado essa disciplina pode
significar a perda da vaga. Por isso, eu estou aqui para ajudar vocês!

A banca examinadora desse concurso, conforme dito acima, será o


nosso glorioso Centro de Seleção e de Promoção de Eventos da
Universidade de Brasília (Cespe/UnB)! Assim, comentaremos
exercícios anteriores dessa banca, para que vocês se especializem no estilo
dos enunciados que ela cobra. Abordaremos o programa de Direito

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Administrativo nos exatos termos em que figura no edital, de modo que


vocês sejam capazes de “matar” todas as questões dessa matéria no dia
da prova!

Vejamos agora como nosso curso está organizado:

AULA 0 (21/1/2013): ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


1. Noções de organização administrativa. 2. Administração direta e indireta,
centralizada e descentralizada.

AULA 1 (28/1/2013): PODERES ADMINISTRATIVOS


5. Poderes administrativos. 5.1. Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de
polícia. 5.2. Uso e abuso do poder.

AULA 2 (4/2/2013): ATOS ADMINISTRATIVOS


3. Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies.

AULA 3 (13/2/2013): AGENTES PÚBLICOS E LEI 8.112/1990 (1ª PARTE)


4. Agentes públicos. 4.1. Espécies e classificação. 4.2. Cargo, emprego e função
públicos. 7. Lei nº 8.112/1990 (1ª parte).
OBS.: AULA VÁLIDA TAMBÉM PARA CONHECIMENTOS BÁSICOS

AULA 4 (18/2/2013): LEI 8.112/1990 (2ª PARTE)


7. Lei nº 8.112/1990 (2ª parte).
OBS.: AULA VÁLIDA TAMBÉM PARA CONHECIMENTOS BÁSICOS

AULA 5 (25/2/2013): LEI 8.429/1992


8. Lei nº 8.429/1992.
OBS.: AULA VÁLIDA TAMBÉM PARA CONHECIMENTOS BÁSICOS

AULA 6 (4/3/2013): CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


6. Controle e responsabilização da administração. 6.1. Controles administrativo,
judicial e legislativo.

AULA 7 (11/3/2013): RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO


6.2. Responsabilidade civil do Estado.

AULA 8 (18/3/2013): LEI 9.784/1999


9. Lei nº 9.784/1999.

PROVA: 24/3/2013

Muito bem! Dito isso, vamos à aula demonstrativa.

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1. Conceito de Administração Pública

Vamos relembrar os conceitos de Administração Pública. Em sentido


amplo (lato sensu), a expressão abrange tanto o conjunto de poderes e
órgãos constitucionais que exercem a função política (isto é, o Governo),
como os órgãos meramente administrativos, instrumentais, que exercem a
função administrativa. Já em sentido estrito (stricto sensu), a
Administração Pública constitui-se apenas dos órgãos administrativos.

A função política compreende as funções estatais básicas, como a


definição de objetivos sociais, de estratégias governamentais, de definição
dos rumos do Estado. São exemplos de atos políticos: elaboração do
orçamento público, sanção e veto presidencial, declaração de guerra e
celebração de paz, concessão de indulto e celebração de tratados
internacionais.

Já a função administrativa é representada pelas atividades de


execução do Estado, destinadas a implementar as ações definidas pelo
Governo. As atividades administrativas não têm o cunho político das
ações de governo. A administração Pública em sentido estrito promove o
funcionamento do Estado e a satisfação das necessidades coletivas,
praticando atos administrativos. São exemplos de atividades
administrativas: a prestação de serviços públicos; a polícia
administrativa; o fomento de atividades privadas de interesse público; e
a intervenção do Estado na propriedade privada e no domínio econômico.

CONCEITOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


SENTIDO AMPLO Órgãos, entidades e
(Governo + Administração Pública stricto sensu) Subjetivo agentes governamentais
e administrativos.
Funções política e
Objetivo
administrativa.
Somente órgãos,
Subjetivo entidades e agentes
SENTIDO RESTRITO
administrativos.
(apenas Administração Pública stricto sensu)
Somente função
Objetivo
administrativa.

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2. Organização da Administração Pública

Muito bem! Vamos estudar, a partir de agora, a organização da


Administração Pública em sentido estrito, que é a que nos interessa para
o concurso.

A Administração Pública brasileira subdivide-se em Administração


Direta (ou centralizada) e Administração Indireta (ou descentralizada).
A Administração Direta é composta pelos órgãos administrativos,
existentes no bojo das pessoas políticas ou estatais (sendo estas a União,
os estados, o Distrito Federal e os municípios). Esses órgãos
administrativos são parte das entidades estatais, ao lado dos órgãos
legislativos e jurisdicionais.

Já a Administração Indireta compõe-se de pessoas


administrativas, vinculadas aos órgãos da Administração Direta, mas que
não estão na estrutura das pessoas estatais, pois constituem entidades
diversas, conforme veremos adiante.

PESSOA ESTATAL ADMINISTRAÇÃO INDIRETA

Administração Direta
AUTARQUIAS
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
Órgãos Legislativos Órgãos Administrativos EMPRESAS PÚBLICAS
SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA

Órgãos Jurisdicionais

Atenção: não esqueçam que também há órgãos administrativos no


interior dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, assim como no
Ministério Público e nos Tribunais de Contas. Isto é, a Administração Direta
não está presente apenas no Poder Executivo, mas também nos demais
Poderes, auxiliando as atividades típicas deles.

3. Descentralização e Desconcentração

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Desconcentração é a distribuição interna das atividades públicas


dentro da mesma pessoa jurídica, com a criação dos chamados órgãos
públicos, centros de competência despersonalizados, que são partes da
pessoa à qual pertencem.

Quando um ente estatal, ou mesmo uma entidade da Administração


Indireta, efetua a distribuição interna de suas atividades, temos uma
desconcentração. A desconcentração é promovida por meio da criação
dos órgãos públicos, dentro da mesma pessoa jurídica, para o
desempenho de parcela do poder estatal.

Quando o serviço é prestado pela Administração Direta, esteja ele


desconcentrado ou não, dizemos que ocorre a prestação centralizada do
serviço.

Já a descentralização é a delegação ou a outorga de atividades


públicas a pessoas jurídicas diversas do ente originariamente
responsável pela execução da atividade. A descentralização pode ser feita
por lei a pessoas da Administração Pública, as chamadas pessoas
administrativas, que compõem a Administração Indireta (veremos à
frente), ou a particulares, por meio de contratos administrativos
(concessionários e permissionários de serviços públicos) ou outros
instrumentos administrativos (ex.: contratos de gestão com
organizações sociais, espécies de entidades privadas sem fins lucrativos
que compõem o chamado Terceiro Setor).

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A descentralização pode ocorrer por outorga ou por delegação.


Ocorre descentralização por outorga quando o ente estatal, por lei, cria
ou autoriza a criação de uma entidade da Administração Indireta,
outorgando-lhe o desempenho de determinada atividade ou serviço. É
chamada também de delegação legal. Já a descentralização por
delegação surge quando serviços públicos são atribuídos a entidades
particulares, por meio de contratos de concessão ou permissão. Neste
caso, é chamada também de delegação negocial. Para esse segundo tipo
tipo de descentralização, o art. 175 da CF/88 exige prévia licitação.

DESCENTRALIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


Descentralização por Criação de pessoas
outorga administrativas Feita por meio de lei.
(delegação legal) (Administração Indireta)
Atribuição da atividade a Feita por meio de negócio
Descentralização por
pessoas da iniciativa jurídico (contrato
delegação
privada (concessionários administrativo), após
(delegação negocial)
e permissionários) prévia licitação.

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Atenção: poderia uma entidade administrativa (isto é, integrante da


Administração Indireta) receber uma atribuição estatal por delegação
negocial? Sim, há uma hipótese: é quando uma entidade da Administração
Indireta de outra entidade federativa participa da licitação para a
outorga do serviço.

Exemplo: a União resolve fazer uma licitação para descentralizar a


prestação do serviço de energia elétrica (serviço de competência federal) e
uma empresa pública estadual participa da licitação, concorrendo em pé de
igualdade com empresas privadas que também querem prestar o serviço.
Caso a empresa pública saia vencedora, ela se tornará concessionária de
serviço público, embora não pertença à iniciativa privada. Assim, no dia da
prova, fiquem atentos a essa especial situação, caso ela seja cobrada na
questão.

4. Órgãos Públicos

Conforme dito acima, os órgãos públicos são centros de


competência instituídos no âmbito da mesma pessoa jurídica para o
desempenho das funções estatais. São desprovidos de personalidade
jurídica e integram a estrutura da pessoa a que pertencem, a quem é
imputada a responsabilidade pela atuação de seus órgãos.

Embora despersonalizados, os órgãos estabelecem relações com os


administrados, mas sempre atuando em nome da pessoa jurídica a que
pertencem. Os órgãos públicos surgem em razão do fenômeno da
desconcentração.

Os órgãos possuem necessariamente funções, cargos e agentes.


Os cargos são lugares criados na estrutura dos órgãos, providos pelos
agentes públicos, que são pessoas físicas que desempenham as funções
previstas para os cargos. Estes cargos possuem, portanto, um conjunto de
funções a ele vinculadas, desempenhadas pelos agentes que os ocupam.

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A vontade do agente que executa determinada tarefa expressa a


vontade do órgão, que é, em última instância, a vontade da pessoa jurídica
à qual o órgão pertence. É o que se chama de imputação da conduta do
agente ao Estado, decorrente da chamada teoria do órgão.

4.1. Classificação dos Órgãos Públicos

Existem várias classificações para os órgãos públicos. Veremos os


principais critérios de classificação que são cobrados em concurso: quanto
à posição estatal, quanto à estrutura e quanto à atuação funcional.

Quanto à posição estatal, isto é, em relação à posição ocupada


pelos órgãos na escala governamental ou administrativa, os órgãos se
classificam em independentes, autônomos, superiores e subalternos.

Órgãos independentes são os previstos constitucionalmente,


representando os Poderes do Estado. Situam-se no ápice da pirâmide
governamental, sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional,
sujeitos apenas ao controle constitucional de um Poder sobre o outro. Ex:
Congresso Nacional, Presidência da República, Supremo Tribunal Federal,
Tribunal de Contas da União, Ministério Público da União etc. Os membros
desses órgãos integram a categoria dos agentes políticos, não se
confundindo com os servidores públicos que atuam nesses órgãos (a
classificação dos agentes públicos será vista futuramente).

Órgãos autônomos são os diretamente subordinados aos órgãos


independentes. Possuem ampla autonomia administrativa, técnica e
financeira, sendo órgãos diretivos, que coordenam e controlam a execução
das ações governamentais definidas segundo diretrizes estabelecidas pelos
órgãos independentes. Ex: Ministérios, Advocacia-Geral da União (AGU),
Controladoria-Geral da União (CGU) etc.

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Órgãos superiores são os que detêm poder de direção e controle


sobre assuntos de sua competência específica, mas sempre sujeitos ao
controle hierárquico de uma chefia mais alta. Possuem autonomia técnica,
mas não administrativa e financeira, que é característica dos órgãos
independentes e autônomos. São responsáveis pela execução das funções
exercidas pelos órgãos subalternos que chefiam. Ex: Secretarias,
Procuradorias, Departamentos etc.

Finalmente, órgãos subalternos são aqueles com reduzido poder


decisório e predominância de funções de execução. Realizam serviços de
rotina, cumprindo ordens e decisões superiores. Ex: protocolos, seções de
expediente etc.

Quanto à estrutura, os órgãos podem ser simples ou compostos.

Simples são os órgãos constituídos por um único centro de


competência. Não se subdividem internamente em outros órgãos. Ainda
que possua vários cargos e agentes, um órgão será simples se não
comportar outro órgão inserido em sua estrutura. Ex: a maioria dos órgãos
subalternos (órgãos de “final de linha”).

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Compostos são os órgãos que se subdividem internamente em


outros órgãos, com distribuição das competências do órgão englobante
pelos diversos órgãos que o compõem. É estrutura decorrente da
desconcentração administrativa (e não descentralização). Geralmente, o
órgão composto tem poder de avocação sobre os atos dos órgãos que
desempenham as funções desconcentradamente.

ÓRGÃO SIMPLES

ÓRGÃO ÓRGÃO ÓRGÃO SIMPLES


SIMPLES COMPOSTO

ÓRGÃO SIMPLES

Já em relação à atuação funcional, os órgãos são classificados em


singulares e colegiados.

Órgãos singulares ou unipessoais são aqueles que atuam pela


decisão de um único agente, que o chefia. Ainda que possuam vários
agentes em sua estrutura, o que os caracteriza é o fato de as decisões
finais dependerem da manifestação de vontade de uma única pessoa. Ex:
Presidência da República, Ministérios, Secretarias etc.

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Órgão unipessoal: chefiado por uma única pessoa

Órgãos colegiados ou pluripessoais são os que atuam pela


manifestação conjunta e majoritária de seus membros. Não prevalece a
vontade individual de seu chefe, nem a de seus integrantes isoladamente.
Para sua atuação, depende de votações, que só são iniciadas se existir um
quórum mínimo de membros presentes. Ex: Senado Federal, Câmara dos
Deputados, Superior Tribunal de Justiça, Tribunal de Contas da União etc.

Órgão colegiado: decisões tomadas por maioria

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5. Administração Indireta

Muitas vezes, para um melhor desempenho das funções estatais,


procede-se a uma descentralização de competências, outorgando-se
funções específicas a pessoas jurídicas diversas do ente estatal, pessoas as
quais permanecerão vinculadas a este (não subordinadas), para efeitos de
controle e avaliação de desempenho. São as chamadas pessoas
administrativas, pois não possuem poder político, como os entes estatais,
desempenhando apenas funções administrativas, para uma melhor
eficiência do aparelho do Estado.

Estas pessoas administrativas compõem a chamada Administração


Indireta e podem ser de quatro tipos: autarquias, fundações públicas,
empresas públicas e sociedades de economia mista.

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Conforme veremos, algumas das pessoas administrativas possuem


personalidade jurídica de direito público; outras, de direito privado.
Independentemente disso, todas elas, por pertencerem à Administração
Pública, devem observar certas normas de direito público, como a exigência
de prévio concurso público para admissão de pessoal, a realização de
licitações para a celebração de contratos, a prestação de contas ao
Tribunal de Contas, o teto remuneratório constitucional para seu
pessoal e a vedação à acumulação de cargos, empregos e funções
públicas.

As pessoas administrativas possuem autonomia administrativa e


patrimônio próprio. Não há subordinação entre elas e o ente estatal,
ao qual apenas se vinculam, para efeito do controle finalístico, por meio
do qual a Administração Direta verifica o cumprimento das funções que
lhes foram especialmente atribuídas (poder de tutela administrativa). Na
esfera federal, esse controle é chamado de supervisão ministerial
(porque é feito pelos Ministérios).

Vigora para essas entidades administrativas o princípio da


especialidade, que dispõe que elas devem se dedicar especificamente à
atividade para a qual foram criadas. Um exemplo é a Fundação Nacional do
Índio (Funai), entidade especializada na proteção dos direitos dos povos
indígenas.

5.1. Autarquias

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público criadas


para desempenhar descentralizadamente atividades típicas de Estado,
outorgadas (e não delegadas) pelo ente estatal para seu melhor
desempenho. São regidas pelo direito público justamente por
desempenharem funções típicas de Estado, como saúde, educação,
previdência social etc. Um exemplo é o INSS, autarquia responsável
especificamente pelo pagamento de benefícios previdenciários, como a
aposentadoria dos trabalhadores.

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As autarquias não visam ao lucro e são criadas diretamente por


lei específica, não sendo necessário o registro de seus atos constitutivos
em órgão de registro de pessoas jurídicas. Vejam um exemplo:

Lei 5.648, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1970

Cria o Instituto Nacional da Propriedade


Industrial e dá outras providências.

Art. 1º Fica criado o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI),


autarquia federal, vinculada ao Ministério da Indústria e do Comércio, com sede e foro
no Distrito Federal. (VEJAM QUE A LEI CRIA DIRETAMENTE A AUTARQUIA)

Parágrafo único. O Instituto gozará dos privilégios da União no que se refere


ao patrimônio, à renda e aos serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou
delas decorrentes.

Art. 2º O INPI tem por finalidade principal executar, no âmbito nacional, as


normas que regulam a propriedade industrial, tendo em vista a sua função social,
econômica, jurídica e técnica, bem como pronunciar-se quanto à conveniência de
assinatura, ratificação e denúncia de convenções, tratados, convênios e acordos
sobre propriedade industrial. (AQUI TEMOS A MATERIALIZAÇÃO DO PRINCÍPIO
DA ESPECIALIDADE)

(...)

Por serem pessoas de direito público, as autarquias possuem


imunidade tributária em relação a impostos sobre patrimônio, renda ou
serviços, desde que vinculados às suas atividades essenciais, ou às delas
decorrentes (vejam o parágrafo único do art. 1º da Lei acima), e os
mesmos privilégios processuais atribuídos aos entes políticos, como o
reexame necessário das decisões judiciais de primeiro grau em seu
desfavor (algumas vezes impropriamente chamado de “recurso de ofício”),
o prazo em dobro para recorrerem (de sentenças que lhes sejam
desfavoráveis) e o prazo em quádruplo para contestarem (defenderem-se
em ações judiciais em que sejam rés). Além disso, seus bens são
considerados públicos, sendo impenhoráveis e imprescritíveis.

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As causas em que as autarquias federais são partes são julgadas


pela Justiça Federal, exceto as de acidentes de trabalho (de competência
da Justiça Estadual) e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho
(art. 109, I, CF/88). No caso de autarquias estaduais ou municipais, a
competência para as causas comuns é da Justiça Estadual.

O pessoal das autarquias deve ser, em regra, estatutário (e não


celetista), sendo as relações de trabalho julgadas pela Justiça Federal (se
for uma autarquia federal). Dizemos em regra, pois a CF/88 permitia a
criação de empregos públicos (CLT) na administração direta, autárquica e
fundacional, tendo em vista a possibilidade de adoção de mais de um
regime jurídico de pessoal em cada entidade da Federação. No momento,
porém, em função do decidido liminarmente pelo STF na ADI 2.135/00,
voltou a vigorar o regime jurídico único (art. 39, caput, da CF/88), não
sendo possível, pelo menos até a decisão final dessa ação, haver mais de
um regime jurídico em cada unidade federativa. Na União, esse regime é o
estatutário da Lei 8.112/1990. Estudaremos esse assunto em aula futura.

5.1.1. Autarquias em Regime Especial

Algumas autarquias são consideradas autarquias em regime


especial. São autarquias a que a lei instituidora confere privilégios
específicos e aumenta sua autonomia em relação às autarquias comuns.
São exemplos as agências reguladoras.

As agências reguladoras são autarquias em regime especial criadas


para regular certo setor da atividade econômica ou administrativa (ex:
ANATEL, ANVISA, ANS etc.). Entre os privilégios conferidos às agências
reguladoras, citamos: o mandato fixo de seus dirigentes, que, apesar de
ocuparem cargos em comissão, não podem ser livremente exonerados
antes do término do seu mandato, salvo falta grave; e o amplo poder
normativo da agência.

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Agências reguladoras: autarquias em regime especial

Outro exemplo de autarquias em regime especial são as


universidades públicas, que: possuem autonomia didático-científica
(estabelecem sua própria política de ensino e pesquisa, elaboram seus
cursos e respectivos currículos etc.); elaboram seus próprios estatutos e
regimentos internos; e indicam, dentre seus professores, aqueles que
devem ser nomeados reitores, também por mandato fixo.

5.2. Fundações Públicas

As entidades públicas fundacionais são pessoas jurídicas criadas para


o desempenho de atividades sociais, culturais, assistenciais etc.
Representam a personificação de um patrimônio para o desempenho de
um fim determinado, sem fins lucrativos.

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Antes da Emenda Constitucional (EC) 19/1998, as fundações públicas


eram consideradas pessoas jurídicas de direito público, pois eram criadas
diretamente pela lei (de forma semelhante à das autarquias, vista acima).
Após essa emenda, elas passaram a ter sua criação apenas autorizada por
lei específica (art. 37, XIX, CF/88), devendo a Administração efetuar o
arquivamento de seus atos constitutivos em órgão de registro de pessoas
jurídicas, situação característica de pessoas jurídicas de direito privado.
Entretanto, existem fundações públicas que foram criadas diretamente por
lei, sendo consideradas de direito público.

Vejamos um exemplo da fórmula legal de criação de uma fundação


pública de direito privado:

LEI Nº 7.668, DE 22 DE AGOSTO DE 1988

Autoriza o Poder Executivo a constituir a Fundação


Cultural Palmares – FCP e dá outras providências.

Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a constituir a Fundação Cultural


Palmares – FCP, vinculada ao Ministério da Cultura, com sede e foro no distrito
Federal, com a finalidade de promover a preservação dos valores culturais, sociais e
econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.
(VEJAM QUE A LEI NÃO CRIA DIRETAMENTE A FUNDAÇÃO PÚBLICA, APENAS
AUTORIZA O PODER EXECUTIVO A CRIÁ-LA. O ARTIGO TAMBÉM JÁ ENUNCIA
A FINALIDADE DA NOVA ENTIDADE ADMINISTRATIVA, CONFORME O
PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE.)

(...)

Após a autorização legal para constituir a pessoa administrativa de


direito privado, o Poder Executivo deve promover o arquivamento de seus
atos constitutivos no cartório, conforme preceitua o art. 45 do Código Civil
de 2002:

Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito


privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida,
quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo,
averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.

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Desse modo, temos hoje dois tipos de fundações públicas: as de


direito público (criadas diretamente pela lei) e as de direito privado
(cuja criação é autorizada por lei e efetivada pelo arquivamento de seus
atos constitutivos, que são normalmente veiculados por decreto do
Executivo, no registro competente).

de direito público

de direito privado

Se forem de direito público, as fundações terão os mesmos


privilégios tributários e processuais dos entes estatais e
autárquicos, inclusive quanto ao foro de competência para ações judiciais
em que são partes. Seus bens serão considerados públicos, sendo
imprescritíveis e impenhoráveis. Seu regime de pessoal será idêntico ao
das autarquias. Na verdade, segundo o STF, as fundações públicas de
direito público são consideradas espécies de autarquias, sendo comum o
emprego das expressões “fundação autárquica” ou “autarquia fundacional”.

Já as fundações públicas de direito privado, como o nome diz, são


regidas predominantemente pelo direito privado, embora a elas se
apliquem diversas normas de direito público, conforme citado
anteriormente, por pertencerem à Administração Pública (Indireta).

Um detalhe quanto às fundações públicas de direito privado: suas


específicas áreas de atuação serão definidas em lei complementar (art.
37, XIX, CF/88). Além disso, por serem pessoas jurídicas de direito
privado, o seu pessoal deve ser regido pela legislação trabalhista (CLT).

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Todas as fundações públicas, sejam de direito público ou de direito


privado, possuem imunidade tributária, no que se refere ao patrimônio,
à renda e aos serviços vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes. Isso decorre do disposto no art. 150, § 2º, da CF/88.

5.3. Agências Executivas

De acordo com o art. 51 da Lei 9.649/1998, poderão ser qualificadas


pelo Poder Público como agências executivas as autarquias e
fundações públicas que celebrem com ele contrato de gestão, obtendo
assim maior autonomia administrativa e financeira, em troca do
compromisso de atingir certas metas de desempenho e do aumento da
responsabilidade de seus administradores. É necessário que a entidade
administrativa possua em andamento um plano estratégico de
reestruturação e de desenvolvimento institucional (mnemônico:
PERDI).

Autarquia/Fundação + Contrato de
Gestão + PERDI = AGÊNCIA EXECUTIVA

Desse modo, as agências executivas, assim como as agências


reguladoras, não são um novo tipo de entidade da Administração Indireta.
Trata-se apenas de autarquias ou fundações que receberam uma
qualificação especial, para o melhor cumprimento de sua missão.

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Ressalte-se que não é o contrato de gestão que concede privilégios às


agências executivas. Esses privilégios devem ser previstos em lei, em
atendimento ao princípio da legalidade. O contrato de gestão apenas define
quais entidades poderão ser enquadradas como agências executivas,
usufruindo dos privilégios legais (ex.: art. 24, par. único, da Lei
8.666/1993).

5.4. Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista

As empresas públicas (EP) e as sociedades de economia mista


(SEM) são espécies do gênero empresas estatais, que são aquelas
empresas controladas, direta ou indiretamente, pelo Estado. São
características comuns das EP/SEM o fato de serem pessoas jurídicas de
direito privado, cuja criação é autorizada por lei específica (art. 37,
XIX, CF/88), para a prestação de serviços públicos ou a exploração de
atividades econômicas de comercialização ou de produção de bens ou
serviços.

Lei específica é a que trata exclusivamente de determinado


assunto, no caso, a autorização para a criação da estatal. Uma vez obtida a
autorização legal, o Executivo elabora os atos constitutivos da nova
empresa e promove sua inscrição no competente registro (art. 45 do
CC/2002). Com essa inscrição, começa a existência legal da nova pessoa
jurídica.

EP/SEM: CARACTERÍSTICAS COMUNS


Personalidade jurídica - de direito privado.
- autorização em lei específica; e
Forma de criação - inscrição dos atos constitutivos no
competente registro.
- prestação de serviços públicos; ou
Objeto
- exploração de atividades econômicas.

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As empresas públicas e as sociedades de economia mista são


controladas diretamente pela pessoa estatal a que se vinculam ou por uma
entidade da Administração Indireta desta (neste caso, há o controle
indireto da pessoa política). Por exemplo, a lei poderia autorizar a criação
de uma sociedade de economia mista que fosse controlada por uma
empresa pública vinculada diretamente à União. Neste caso, teríamos uma
sociedade de economia mista de segundo grau, que também
pertenceria à Administração Indireta federal.

Sociedade de
Empresa pública
União economia mista
de 1º grau
de 2º grau

Frise-se que qualquer empresa pública ou sociedade de economia


mista, seja de primeiro ou de segundo grau, deve ter autorização em lei
específica para sua criação. E a lei autorizadora deve esclarecer ainda que
se trata do surgimento de uma entidade qualificada como empresa
pública ou sociedade de economia mista, com o que a nova pessoa
administrativa fará parte da Administração Indireta.

Diferente é a situação das chamadas subsidiárias das empresas


estatais (art. 37, XX, CF/88). Neste caso, segundo o STF, a criação
depende também de autorização legislativa, mas não necessariamente
de lei específica. Além disso, as subsidiárias não são consideradas
empresas públicas ou sociedades de economia mista de segundo grau
(embora sejam entidades de segundo grau). São apenas empresas estatais
genéricas, pois seu controle (indireto) pertence do Estado.

Admite-se ainda a participação de outros entes federativos ou de


outras pessoas administrativas de qualquer esfera governamental no
capital das empresas públicas e sociedades de economia mista, desde que
o controle societário permaneça na respectiva esfera que deu origem à
empresa estatal. Por exemplo, uma empresa pública em que a União
possua 70% do capital e um Estado detenha os outros 30% será
considerada uma empresa pública federal.

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No caso de execução de atividades econômicas, só será permitida


a criação de empresas estatais nos casos expressamente previstos na
Constituição Federal (ex.: art. 177) ou quando isso for indispensável à
segurança nacional ou a relevante interesse coletivo (art. 173, caput,
CF/88). Em razão da natureza de suas atividades, essas estatais, via de
regra, concorrem com a iniciativa privada, razão pela qual não se lhes
permite a concessão de quaisquer privilégios tributários ou trabalhistas não
extensíveis ao setor privado (art. 173, § 2º, CF/88).

Por outro lado, segundo a atual jurisprudência do STF, as empresas


públicas e as sociedades de economia mista prestadoras de serviços
públicos gozam de imunidade tributária em relação a impostos sobre
patrimônio, renda ou serviços vinculados às suas atividades essenciais. É
o caso dos Correios e da Infraero. Essa é a interpretação adotada pela
nossa Corte Máxima, embora esse benefício tenha sido atribuído
expressamente pela CF/88 apenas às entidades políticas, às autarquias e
às fundações públicas (art. 150, VI, “a”, e § 2º).

As empresas públicas e as sociedades de economia mista não estão


sujeitas a falência (art. 2.º, I, da Lei 11.101/2005).

Embora sejam pessoas jurídicas de direito privado, as estatais


submetem-se a algumas normas de direito público, conforme visto acima.
Todavia, não obstante a exigência de concurso público, o pessoal das
empresas públicas e sociedades de economia mista é submetido ao regime
trabalhista (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT).

Destaque-se, por fim, que o conceito de empresas estatais


engloba, além das empresas públicas e das sociedades de economia mista
(de primeiro ou de segundo grau), todas as demais sociedades que estejam
sobre controle direto ou indireto do respectivo ente federativo. Por
exemplo, qualquer empresa que seja hoje controlada pela União, por ter
tido, no passado, seu controle transferido ao ente estatal, embora não
tenha sido criada por lei, será uma empresa estatal federal, ainda que não
pertença à Administração Pública (mesmo que o controle seja direto).

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5.4.1. Diferenças entre Empresas Públicas e Sociedades de


Economia Mista

Quanto às diferenças entre esses dois tipos de empresas estatais,


temos que uma empresa pública é constituída com capital
exclusivamente público, devendo a maioria do capital votante
pertencer à entidade política que a criou ou a entidade de sua
Administração Indireta. Admite-se, inclusive, que 100% do capital pertença
ao ente estatal criador (sociedade unipessoal, como a Caixa Econômica
Federal). Já a sociedade de economia mista possui a participação de
capital privado, desde que o controle acionário permaneça com o ente
estatal a que se vincula ou a entidade de sua Administração Indireta.

Outra diferença é que a empresa pública pode assumir qualquer


forma societária admitida em direito (sociedade anônima, sociedade
limitada, sociedade em comandita, sociedade unipessoal etc.). Já a
sociedade de economia mista deve obrigatoriamente revestir a condição de
sociedade anônima.

Finalmente, o foro competente para julgar as causas em que


empresa pública federal seja parte é a Justiça Federal, exceto as de
acidentes de trabalho (Justiça Estadual) e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à
Justiça do Trabalho (art. 109, I, CF/88). Quanto às empresas públicas
estaduais e municipais, a justiça competente é a estadual. Já no caso de
sociedade de economia mista, em qualquer caso o foro competente é o
estadual.

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EP/SEM: DIFERENÇAS
Sociedades de
Empresas públicas
economia mista
exclusivamente
Capital na maioria público
público
qualquer forma
Forma societária sociedade anônima
admitida em direito
Justiça Federal
foro competente Justiça Estadual
(EPs federais)

5.5. Consórcios Públicos

Consórcios públicos são pessoas jurídicas formadas pela


associação de entes federativos, que se unem para a realização de
objetivos de interesse comum. Pode haver consórcio público formado pela
União e alguns estados, só por estados, só por municípios, por um estado e
seus municípios etc. Caso a União queira se consorciar com municípios, o
respectivo estado deve participar da associação. Os consórcios públicos são
regulados pela Lei 11.107/2005, a qual é regulamentada pelo Decreto
6.017/2007.

UNIÃO

ESTADO CONSÓRCIO ESTADO


PÚBLICO

MUNICÍPIO

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O consórcio público pode ser de direito público ou de direito


privado. No primeiro caso, é uma espécie de autarquia, a chamada
associação pública (art. 41, IV, do CC/2002). O consórcio público de
direito público, por ser formado pela participação de diversas entidades
federativas, pertence à Administração Indireta de todos os entes
consorciados (art. 6º, § 1º, Lei 11.107/2005).

Já o consórcio público de direito privado observará as normas de


direito público no que concerne à realização de licitação, celebração de
contratos, prestação de contas e admissão de pessoal, que será
regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (art. 6º, § 2º, Lei
11.107/2005). A lei não esclareceu se, neste caso, o consórcio integraria
ou não a Administração Indireta dos entes consorciados, havendo
divergência doutrinária quanto ao tema.

Frise-se que, segundo a lei, o consórcio público de direito público é


uma espécie de autarquia, e não uma nova espécie de entidade da
Administração Indireta. Já o consórcio público de direito privado ainda
necessita de melhor tratamento doutrinário e jurisprudencial, não se
podendo nem mesmo afirmar, conforme citado acima, se pertence ou não à
Administração Pública.

Um exemplo de consórcio público de direito público é a Autoridade


Pública Olímpica (APO) (Lei 12.396/2011), cujos entes consorciados são a
União, o Estado do Rio de Janeiro e o Município do Rio de Janeiro. A APO
tem por objetivo coordenar a participação da União, do Estado do Rio de
Janeiro e do Município do Rio de Janeiro na preparação e realização dos
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.

6. Entidades Paraestatais

As entidades paraestatais ou entes de cooperação não


pertencem à Administração Pública, mas desempenham atividades de
interesse do Estado, razão pela qual este incentiva suas atividades, muitas
vezes com aportes orçamentários e cessão de pessoal.

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As entidades paraestatais compõem o chamado Terceiro Setor,


constituído por entidades privadas que desempenham atividades sem
fins lucrativos e de interesse público. Como espécies deste gênero,
temos os serviços sociais autônomos, as organizações sociais e as
organizações da sociedade civil de interesse público (Oscips).

6.1. Serviços Sociais Autônomos

Os serviços sociais autônomos são pessoas jurídicas de direito


privado, instituídas mediante autorização de lei, para ministrar
assistência ou ensino a certas categorias profissionais, sendo mantidos
por dotações orçamentárias ou contribuições corporativas. Estão sujeitos a
controle finalístico e devem prestar contas ao Tribunal de Contas dos
recursos públicos recebidos. São exemplos as entidades do Sistema “S”:
Sesi, Sesc, Senai, Sebrae e outras.

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Segundo o TCU, os serviços sociais autônomos, por arrecadarem e


gerirem recursos públicos (contribuições profissionais), estão sujeitos aos
princípios da Administração Pública; devem realizar processo seletivo para
contratação de pessoal (celetista), com impessoalidade, ampla publicidade
e critérios objetivos de seleção; e promover licitações para celebração de
contratos, neste caso, por meio de regulamento próprio, atendidos os
preceitos da Lei 8.666/1993.

6.2. Organizações Sociais

As organizações sociais (OS) são reguladas, na esfera federal, pela


Lei 9.637/1998. São entidades privadas sem fins lucrativos que
desempenham atividades de interesse do Estado, dirigidas ao ensino, à
pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde.

As organizações sociais relacionam-se aos ideais de enxugamento do


Estado, decorrentes das diretrizes da reforma gerencial do Estado iniciada
em 1995, com a transferência paulatina de certas atividades não
exclusivas de Estado para o setor privado.

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As OS, após serem assim qualificadas por decreto do Executivo


(ex.: Decretos 4.077 e 4.078, ambos de 2002), celebram com o ente
estatal, por meio do Ministério mais afeto a sua atividade, um contrato de
gestão, ficando aptas a receberem recursos orçamentários, isenções
fiscais, direitos de uso de bens públicos e até mesmo cessão de pessoal
para o melhor desempenho de suas atividades. Ficam sujeitas, contudo, ao
alcance de metas e a prestação de contas ao Estado. A decisão de qualificar
uma entidade como OS é discricionária do Poder Público.

A Lei 9.637/1998 prevê que as OS devem ter um conselho de


administração composto por membros representantes do Poder Público e
da sociedade civil. O contrato de gestão deve ser aprovado pelo Conselho
de Administração da entidade, antes de ser submetido ao Ministro de
Estado ou autoridade supervisora da área correspondente à atividade
fomentada.

De acordo com a Lei 9.637/1998, contrato de gestão o instrumento


firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização
social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e
execução de atividades relativas às áreas acima relacionadas (ensino,
pesquisa científica etc.).

O contrato de gestão deve ser elaborado de comum acordo entre o


órgão ou entidade supervisora e a OS, discriminando as atribuições,
responsabilidades e obrigações do Poder Público e da organização social.
Após isso, ele deve ser submetido, após aprovação pelo Conselho de
Administração da OS, ao Ministro de Estado ou autoridade supervisora da
área correspondente à atividade fomentada.

Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os


seguintes preceitos:

- Especificação do programa de trabalho proposto pela OS;


- Estipulação das metas a serem atingidas e dos respectivos prazos
de execução;

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- Previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de


desempenho a serem utilizados, mediante indicadores de qualidade
e produtividade;
- Estipulação dos limites e critérios para despesas com
remuneração e vantagens de qualquer natureza a serem percebidas
pelos dirigentes e empregados da OS, no exercício de suas funções.

Além disso, os Ministros de Estado ou autoridades supervisoras da


área devem definir as demais cláusulas dos contratos de gestão de que
sejam signatários.

A execução do contrato de gestão será fiscalizada pelo órgão ou


entidade supervisora da área de atuação correspondente à atividade
fomentada. Os responsáveis pela fiscalização, se tomarem conhecimento
de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens
de origem pública pela OS, deverão dar ciência do fato ao Tribunal de
Contas da União, sob pena de assumirem responsabilidade solidária pelo
ocorrido.

Vale destacar que o contrato de gestão não é um contrato, na


acepção tradicional do termo, visto que não envolve interesses
contraditórios. Trata-se mais de um acordo operacional (acordo-
programa), em que a Administração e a entidade privada definem um
programa de trabalho, com fixação de metas, critérios para avaliação de
desempenho e responsabilidades.

Por fim, a OS poderá perder sua qualificação, quando for constatado


o descumprimento das disposições contidas no contrato de gestão. A
desqualificação será precedida de processo administrativo, assegurado o
direito de ampla defesa. Os dirigentes da OS responderão pelos danos ou
prejuízos decorrentes de sua ação ou omissão.

6.3. Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (oscips)

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As organizações da sociedade civil de interesse público


(oscips) são entidades privadas sem fins lucrativos, que desenvolvem
atividades de interesse do Estado. Guardam semelhança com as
organizações sociais.

As oscips recebem essa qualificação por ato vinculado do


Ministério da Justiça e, após isso, celebram com o ente estatal um
termo de parceria, que define direitos, obrigações e responsabilidades,
passando a entidade a receber apoio do Governo, em troca do alcance de
metas estabelecidas. São previstas na Lei 9.790/1999, a qual é
regulamentada pelo Decreto 3.100/1999.

A Lei 9.790/1999 não exige a existência de conselho de


administração para as oscips, mas prevê a constituição de conselho fiscal
ou órgão equivalente, dotado de competência para opinar sobre os
relatórios de desempenho financeiro e contábil e sobre as operações
patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores
da entidade.

O termo de parceira em muito se assemelha ao contrato de gestão,


sendo as diferenças principais entre eles o fato de o termo de parceria não
prever a utilização de bens públicos, nem a cessão de servidores às
entidades paraestatais.

De acordo com a Lei 9.790/1999, termo de parceria é o instrumento


passível de ser firmado entre o Poder Público e as oscips e destinado à
formação de vínculo de cooperação entre as partes, para o fomento e a
execução das atividades de interesse público previstas na citada Lei. O
termo de parceria discriminará os direitos, responsabilidades e obrigações
das partes signatárias. Sua celebração deve ser precedida de consulta aos
Conselhos de Políticas Públicas das áreas correspondentes de atuação
existentes, nos respectivos níveis de governo.

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A execução do objeto do termo de parceria será acompanhada e


fiscalizada por órgão do Poder Público da área de atuação correspondente à
atividade fomentada e pelos citados Conselhos de Políticas Públicas. Os
responsáveis pela fiscalização, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade na utilização de recursos ou bens de origem
pública pela Oscip, darão imediata ciência do ocorrido ao Tribunal de
Contas respectivo e ao Ministério Público, sob pena de responsabilidade
solidária.

QUADRO COMPARATIVO: OS X OSCIPS


ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO
(OSCIPS)
Entidades privadas sem fins lucrativos Entidades privadas sem fins lucrativos
não integrantes da Administração Pública. não integrantes da Administração Pública.
Realizam atividades de interesse público Realizam atividades de interesse público
não exclusivas de Estado. não exclusivas de Estado.
Devem possuir conselho de Devem possuir conselho fiscal, sem
administração, com representantes do exigência de participação de
Poder Público. representantes do Poder Público.
Têm a função de substituir órgãos ou Não têm a função de substituir órgãos ou
entidades estatais. entidades estatais.
Qualificadas por decreto presidencial Qualificadas por ato do Ministério da
(decisão discricionária). Justiça (decisão vinculada).
Uma entidade não pode ser qualificada Uma entidade não pode ser qualificada
simultaneamente como OS e oscip. simultaneamente como OS e oscip.
Celebram contrato de gestão. Celebram termo de parceria.
A celebração do contrato de gestão A celebração do termo de parceria
necessita aprovação prévia do conselho necessita consulta prévia aos conselhos
de administração da entidade. de políticas públicas.
Podem receber recursos orçamentários. Podem receber recursos orçamentários.
Podem receber cessão de bens e Não há previsão expressa de recebimento
servidores públicos. de cessão de bens e servidores públicos.
Não prestam contas diretamente ao TCU Não prestam contas diretamente ao TCU
(salvo em caso de tomada de contas (salvo em caso de tomada de contas
especial). especial).

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Muito bem! Vista a teoria, vamos às nossas questões comentadas.


Tentem resolver as questões antes de ler os comentários, OK? Bons
estudos!

7. Exercícios Comentados

1) (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) A


desconcentração consiste na criação, pelo poder público, de uma
pessoa jurídica de direito público ou privado com a atribuição de
titularidade e execução de determinado serviço público.

Esse é o conceito de descentralização. A desconcentração é a repartição


interna da pessoa jurídica em órgãos, centros de competência
despersonalizados que executam tarefas internamente à pessoa jurídica à
qual pertencem. Item errado.

2) (Cespe/MPU/Analista/2010) Os órgãos que integram a


administração direta não possuem personalidade jurídica própria
nem autonomia administrativa.

Órgãos públicos são centros de competência instituídos para o desempenho


de funções estatais, por meio de seus agentes, cuja atuação é imputada à
pessoa jurídica a que pertencem. Os órgãos são unidades administrativas
despersonalizadas, isto é, não possuem personalidade jurídica. Em regra,
os órgãos públicos não possuem autonomia administrativa, isto é, não tem
competência para se autoadministrar, pois devem cumprir as ordens
gerenciais emanadas dos escalões superiores da pessoa jurídica em que se
inserem. Assim, o gabarito preliminar desta questão foi certo. Ocorre que,
conforme ensina Hely Lopes Meirelles, existem órgãos, localizados no topo
da estrutura governamental, que atuam sem qualquer subordinação
hierárquica ou funcional, os chamados órgãos independentes, detentores
de ampla autonomia administrativa e financeira, como a Presidência da
República, os Tribunais e as Casas Legislativas. Além deles, há também os
órgãos autônomos, imediatamente subordinados aos órgãos
independentes, mas ainda com autonomia administrativa, como os
Ministérios. Assim, a banca achou por bem anular esta questão.

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3) (Cespe/MPU/Analista/2010) Um órgão (pessoa jurídica)


integrante da administração indireta está hierarquicamente
subordinado à pessoa jurídica da administração direta que o
instituiu.

A questão possui duas falhas: afirmou que o órgão é uma pessoa jurídica,
quando, na verdade, é uma unidade despersonalizada; e expressou que um
órgão da administração indireta é hierarquicamente subordinado à pessoa
jurídica da administração direta, quando se sabe que não há subordinação
entre as administrações direta e indireta, mas tão somente vinculação.
Item errado.

4) (Cespe/TCU/Técnico/2007) Na organização administrativa da


União, o ente político é a pessoa jurídica de direito público interno,
ao passo que os entes administrativos recebem atribuição da
própria Constituição para legislar, tendo plena autonomia para
exercer essa função.

Na organização política e administrativa brasileira as entidades classificam-


se em estatais ou políticas (as quais contêm os órgãos da Administração
direta) e administrativas (componentes da Administração indireta). Os
entes políticos são pessoas jurídicas de direito público interno, integrantes
da estrutura constitucional do Estado. São eles a União, os Estados, os
Municípios e o Distrito Federal, todos dotados de autonomia política,
administrativa e financeira.

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As entidades da Administração indireta, por sua vez, possuem apenas a


autonomia administrativa, não detendo auto-organização, pois as leis que
as criam e às quais se submetem são editadas pelo respectivo ente político
criador, a quem a Constituição Federal atribuiu a capacidade de legislar.
Tampouco possuem autogoverno, pois seus dirigentes são escolhidos pelo
chefe do Executivo do ente estatal instituidor. A autoadministração é a
única característica que se pode atribuir às entidades administrativas,
embora nem sempre de forma completa, já que a autoadministração
pressupõe ainda a possibilidade de o ente obter receitas próprias para seu
funcionamento, o que ocorre apenas com algumas entidades
administrativas, como as empresas estatais independentes (empresas
estatais que não recebem recursos orçamentários do ente controlador,
salvo para aumento de participação acionária).

Assim, o item está errado por dizer que os entes administrativos recebem
atribuição da Constituição para legislar, pois tal função, como visto, é
outorgada apenas às pessoas políticas. Além disso, é impreciso identificar
ente político com pessoa jurídica de direito público interno, pois algumas
pessoas de natureza administrativa também possuem personalidade
jurídica de direito público, como as autarquias e as fundações públicas de
direito público.

5) (Cespe/TCU/Técnico/2007) A Administração direta é o conjunto


de órgãos que integram a União e exercem seus poderes e
competências de modo centralizado, ao passo que a Administração
indireta é formada pelo conjunto de pessoas administrativas, como
autarquias e empresas públicas, que exercem suas atividades de
forma descentralizada.

Esta está certinha, conforme vimos na teoria, não é? Além das autarquias e
empresas públicas, são entidades administrativas as fundações públicas e
as sociedades de economia mista.

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6) (Cespe/CBMDF/Oficial Bombeiro/2007) O termo União designa


entidade federal de direito público interno, autônoma em relação às
unidades federadas. A União distingue-se do Estado federal, que é o
complexo constituído da União, dos estados, do DF e dos municípios
e dotado de personalidade jurídica de direito público internacional.

A União é entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros


e Municípios, constituindo pessoa jurídica de direito público interno,
cabendo-lhe exercer as atribuições da soberania do Estado brasileiro. Não
se confunde ela, porém, com o Estado Federal em si, este sim pessoa
jurídica de direito público internacional e formado pelo conjunto de União,
Estados-membros, Distrito Federal e Municípios. A União pode agir ora em
nome próprio, ora em nome de toda a Federação, quando, neste último
caso, relacionar-se internacionalmente com os demais países. Nota-se,
assim, que o item está correto.

7) (Cespe/TSE/Analista/2007) Com relação à descentralização e à


desconcentração, é correto afirmar que, na descentralização, a
execução das atividades ou a prestação de serviços pelo Estado é

(A) indireta e mediata, na desconcentração, é direta e imediata.


(B) direta e imediata, na desconcentração, é indireta e imediata.
(C) indireta e imediata, na desconcentração, é direta e mediata.
(D) direta e mediata, na desconcentração, é indireta e imediata.

O Estado (ente estatal) pode prestar diretamente as atividades


administrativas, ou desempenhá-las por meio de outras pessoas de direito
público ou privado por ele criadas (entidades da administração indireta) ou
para as quais delegue as suas atividades (concessionárias, permissionárias
e autorizatárias de serviços públicos).

Quando ocorre a repartição interna de funções, com a criação de centros de


competência despersonalizados inseridos na pessoa estatal, chamados
órgãos, sem quebra de hierarquia, ocorre a denominada desconcentração.
Na desconcentração, a execução das atividades administrativas é direta e
imediata, pois ela continua com o próprio ente político.

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Quando os serviços são transferidos a entidades distintas da pessoa do


Estado, pertencentes ou não à Administração indireta, diz-se que a
atividade administrativa ocorre mediante descentralização. O ente
descentralizado age em nome próprio, sob o controle do Estado outorgante,
mas sem vínculo hierárquico. Na descentralização a execução de atividade
ou a prestação de serviços pelo Estado é indireta e mediata, pois ela é
prestada não pelo próprio ente estatal, mas por pessoa jurídica diversa, a
quem foi atribuída a realização da atividade. Em razão do exposto, o
gabarito é a letra A.

8) (Cespe/AGU/Procurador Federal/2007) No direito brasileiro, os


órgãos são conceituados como unidades de atuação integrantes da
estrutura da Administração direta e da estrutura da Administração
indireta e possuem personalidade jurídica própria.

Os órgãos públicos são centros de competência criados para o melhor


desempenho das funções do Estado. São unidades de atuação presentes
tanto na estrutura da Administração direta como na da Administração
indireta, mas que não possuem personalidade jurídica (esse é o erro do
enunciado), pois constituem meras partições internas das entidades a que
pertencem. Note-se que tanto as pessoas políticas que englobam a
Administração direta como as entidades da Administração indireta podem
subdividir-se internamente em órgãos.

Ao fenômeno de criação desses centros despersonalizados, no bojo da


própria entidade, dá-se o nome de desconcentração, que não deve ser
confundido com a descentralização, que é a atribuição do serviço a uma
nova entidade, isto é, a uma pessoa jurídica distinta da que inicialmente
detinha a competência para a sua prestação. Portanto, pode haver
desconcentração tanto na Administração Direta, como na Administração
Indireta. O item está errado porque disse que os órgãos públicos possuem
personalidade jurídica própria.

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9) (Cespe/AGU/Procurador Federal/2007) As ações dos entes


políticos — como União, estados, municípios e DF — concretizam-se
por intermédio de pessoas físicas, e, segundo a teoria do órgão, os
atos praticados por meio desses agentes públicos devem ser
imputados à pessoa jurídica de direito público a que pertencem.

Segundo a teoria do órgão, idealizada pelo jurista alemão Otto Gierke, as


pessoas jurídicas expressam suas vontades por meio de seus órgãos, que,
por sua vez, são titularizados pelos agentes públicos (pessoas físicas). Os
órgãos públicos são centros de competência criados para o desempenho de
funções do Estado, por meio de seus agentes, cuja atuação é atribuída à
pessoa jurídica a que pertencem. É o fenômeno da imputação, conhecido
também como princípio da imputação volitiva, ou seja, a vontade do
agente público é imputada (atribuída) ao órgão e, em última análise, à
pessoa jurídica em cuja estrutura encontra-se integrado esse órgão. Desse
modo, está certa a assertiva. Os órgãos não possuem personalidade
jurídica, pois constituem meras repartições internas das entidades a que
pertencem. As ações das entidades de direito público, uma vez que pessoas
jurídicas não possuem vontades nem desejos, concretizam-se por meio dos
seus agentes, estes, sim, pessoas físicas, dotados, portanto, de vontade
própria.

10) (Cespe/TCU/Técnico/2007) Para a criação de uma autarquia,


é exigido o registro do seu estatuto em cartório competente.

As autarquias são pessoas jurídicas de direito público interno, integrantes


da Administração indireta, criadas diretamente por lei específica, com
especialização para a consecução de determinado serviço típico de Estado,
que, para sua melhor prestação requeira gestão administrativa e financeira
descentralizada.

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Sendo criada por lei, não há necessidade de registro do estatuto de uma


autarquia em cartório para que ela tenha existência legal, pois esta decorre
diretamente da lei. Está errado, desse modo, o item. Situação diferente é a
das pessoas jurídicas de direito privado da Administração, como as
empresas públicas e as sociedades de economia mista. Estas têm sua
criação apenas autorizada por lei e seu efetivo nascimento ocorre por
meio do arquivamento de seus estatutos no registro competente, nos
termos do art. 45 do CC/2002.

Essa é a regra prevista no artigo 37, XIX, da CF/88, que diz que somente
por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de
empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação. Já o
artigo 45 do Código Civil diz que começa a existência legal das pessoas
jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no
respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as
alterações por que passar o ato constitutivo.

11) (Cespe/TJPI/Juiz de Direito/2011) As autarquias são


instituídas por lei, iniciando-se a sua existência legal com a
inscrição, no registro próprio, de seu ato constitutivo.

As autarquias são criadas diretamente por lei específica e sua existência


começa com a entrada em vigor da lei. Não há necessidade de registro do
estatuto de uma autarquia em cartório para que ela tenha existência legal,
conforme visto acima. Questão errada.

12) (Cespe/TSE/Analista/2007) As autarquias possuem


autonomia administrativa, financeira e política.

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As autarquias representam um dos tipos de entidades pertencentes à


Administração Pública indireta. São criadas por lei, para a execução de
atividades típicas de Estado, que, para seu melhor funcionamento,
requeiram gestão administrativa e financeira descentralizada. Embora
possuam autonomia administrativa e financeira, as autarquias não detêm a
autonomia política, atributo existente apenas nas pessoas estatais ou
políticas, razão pela qual o item está errado.

13) (Cespe/TCU/Auditor Federal/2011) No caso das autarquias,


se a decisão judicial estiver fundada em jurisprudência do plenário
do STF, em súmula do STF ou de tribunal superior competente, não
se aplicará o duplo grau de jurisdição obrigatório.

Essa questão foi bem aprofundada e exigiu conhecimentos de Direito


Processual Civil. Vimos que as autarquias, por serem pessoas jurídicas de
direito público, possuem uma série de prerrogativas atribuídas às pessoas
estatais, entre elas, o privilégio processual do reexame necessário das
decisões judiciais de primeiro grau tomadas em seu desfavor (duplo grau
de jurisdição obrigatório).

De acordo com o art. 475, I, do Código de Processo Civil (CPC), está sujeita
ao duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de
confirmada pelo tribunal, a sentença proferida contra a União, o Estado, o
Distrito Federal, o Município, e as respectivas autarquias e fundações de
direito público.

Contudo, não se aplica essa regra quando a condenação for de valor certo
não excedente a sessenta salários mínimos (art. 475, § 2º), nem quando a
sentença estiver fundada em jurisprudência do plenário do Supremo
Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior
competente (art. 475, § 3º). Assim o item está correto.

Essa estava boa pra deixar em branco, não é? Mas agora vocês não vão
errar na prova!

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14) (Cespe/AGU/Advogado da União/2009) As agências


reguladoras são autarquias sob regime especial, as quais têm,
regra geral, a função de regular e fiscalizar os assuntos relativos às
suas respectivas áreas de atuação. Não se confundem os conceitos
de agência reguladora e de agência executiva, caracterizando-se
esta última como a autarquia ou fundação que celebra contrato de
gestão com o órgão da administração direta a que se acha
hierarquicamente subordinada, para melhoria da eficiência e
redução de custos.

As agências reguladoras são autarquias em regime especial, criadas para


regular determinado setor econômico. Não se deve confundir as agências
reguladoras com as agências executivas. Estas são tão somente autarquias
ou fundações públicas que celebram, nos termos do art. 51 da Lei nº
9.649/1998, contrato de gestão com o Poder Executivo, a fim de obter
maior autonomia de gestão, bem como a disponibilidade de recursos
orçamentários e financeiros para o cumprimento dos objetivos e metas
definidos no contrato de gestão. Para isso, a entidade necessita possuir um
plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional
(PERDI) em andamento. A qualificação como Agência Executiva será feita
por meio de decreto do Presidente da República. Além da citada lei,
aplicam-se também às agências executivas os Decretos nº 2.487/1998 e nº
2.488/1998.

O erro do enunciado foi dizer que as agências executivas estão


hierarquicamente subordinadas à administração direta, quando se sabe que
as entidades da administração indireta não se subordinam aos órgãos da
administração direta, mas apenas se vinculam a eles, sem nenhuma
relação de hierarquia.

15) (Cespe/TSE/Analista/2007) As fundações públicas só podem


ser dotadas de personalidade jurídica de direito público.

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O artigo 37, XIX, da CF/88 diz que somente por lei específica poderá ser
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação. Com isso, a Carta
Magna outorgou às fundações públicas o mesmo tratamento dispensado às
empresas estatais, que são pessoas jurídicas de direito privado: sua criação
é apenas autorizada em lei, dependendo o início de sua efetiva existência
legal da inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, conforme o
artigo 45 do Código Civil. Não obstante, o Estado tem criado fundações
públicas diretamente por lei, o que gerou uma discussão doutrinária sobre
a real natureza da personalidade jurídica dessas entidades.

Maria Sylvia Zanella Di Pietro diz que as fundações públicas podem ser de
direito público ou de direito privado, dependendo do regime que lhe for
atribuído pela lei instituidora. Quando criada diretamente pela lei, a
fundação pública terá personalidade pública, com seu regime jurídico
idêntico ao das autarquias, sendo, por isso, chamada de autarquia
fundacional. Hely Lopes Meirelles esclarece que, se a fundação pública for
criada por lei, ela terá personalidade jurídica de direito público; se a lei
apenas autorizar a sua criação, ela terá personalidade jurídica de direito
privado. Está errado o item, portanto. Ressalte-se que a criação de
fundações públicas de direito privado depende da edição da lei
complementar que definirá as suas áreas de atuação, conforme o artigo 37,
XIX, da CF/88.

16) (Cespe/TCU/Técnico/2007) As empresas públicas e as


sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito
privado.

As empresas públicas e as sociedades de economia mista são espécies do


gênero empresas estatais. Suas características comuns são o fato de serem
pessoas jurídicas de direito privado, pertencentes à Administração indireta,
cuja criação é autorizada por lei específica, para a prestação de serviços
públicos ou para a execução de atividades econômicas. Assim, o item está
correto.

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17) (Cespe/Polícia Federal/Agente/2012) Existe a possibilidade


de participação de recursos particulares na formação do capital
social de empresa pública federal.

A empresa pública federal tem a característica de possui capital


exclusivamente público, isto é, todos os seus sócios são pessoas jurídicas
de direito público. Não obstante, atentem-se ao fato de que uma empresa
pública pode ser sócia de outra empresa pública. Nesse caso, teremos uma
pessoa jurídica de direito privado participando na formação do capital social
de empresa pública. Mas, de qualquer modo, não se tratará, nesse caso, de
recursos particulares, mas de recursos do Estado, de uma entidade de
sua administração indireta. Desse modo, o item está errado.

18) (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) A


empresa pública é pessoa jurídica de direito público, já que seu
capital é inteiramente público.

Embora a empresa pública tenha capital inteiramente público, ela é uma


pessoa jurídica de direito privado. Questão incorreta.

19) (Cespe/TCU/Auditor Federal/2011) Ação judicial cuja parte


autora seja um cidadão comum que requeira indenização por danos
materiais e morais contra empresa pública federal será processada
na justiça federal.

Conforme dispõe o art. 109, I, da CF/88, compete aos juízes federais


processar e julgar as causas em que a União, entidade autárquica ou
empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés,
assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho. Item certo.

20) (Cespe/TSE/Analista/2007) A sociedade de economia mista


possui patrimônio e personalidade próprios.

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Todas as entidades da Administração indireta (autarquias, fundações


públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista), criadas
mediante o fenômeno da descentralização, possuem patrimônio e
personalidade jurídica próprios. São entidades justamente por possuírem
personalidade jurídica, isto é, aptidão para adquirir direitos, contrair
obrigações e possuir patrimônio próprio, conforme ensina Maria Helena
Diniz, diferentemente dos órgãos, que são centros de competência
despersonalizados. Assim, o item está correto.

21) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB é uma autarquia


e está sujeita ao princípio do concurso público.

Já decidiu o STF (ADI 3.026/2006) que a OAB não se sujeita ao princípio do


concurso público, sendo incabível a exigência do certame para admissão
dos contratados pela Ordem, que são submetidos ao regime da CLT (artigo
79 da Lei n.º 8.906/94 – Estatuto da OAB). Segundo o Supremo, a OAB
não pode ser tida como congênere dos demais órgãos de fiscalização
profissional, nem é entidade pertencente à Administração indireta da União.
A Ordem é um serviço público independente, categoria ímpar no elenco das
personalidades jurídicas existentes no Direito brasileiro, não se incluindo na
categoria dos conselhos profissionais. Assim, está errado o item.

22) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB exerce função


pública, mas não é uma pessoa jurídica pertencente à
administração pública.

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Segundo o STF, a Ordem dos Advogados do Brasil é um serviço público


independente, não é entidade pertencente à Administração Pública, nem
possui com esta qualquer relação ou dependência. Decidiu a Corte Máxima
que a OAB não se sujeita aos ditames impostos à Administração Pública
direta e indireta, não está sujeita à supervisão ministerial ou a qualquer
outro controle da Administração, nem se vincula a qualquer de suas partes.
Não há ordem de relação ou dependência entre a Ordem e qualquer órgão
público. A OAB, portanto, não presta constas ao Tribunal de Contas da
União, apesar de arrecadar e utilizar recursos públicos (contribuições
parafiscais). Acrescente-se ainda que a OAB, por constituir serviço público,
goza de imunidade tributária em relação a seus bens, rendas e serviços.
Afirmativa correta.

23) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB é uma entidade


privada e por isso não exerce poder de polícia.

Segundo o STF, a OAB possui personalidade jurídica de direito público e


exerce poder de polícia em relação à classe profissional dos advogados,
com poder de editar normas que regulam a profissão e de fixar e aplicar
multas pelo descumprimento das normas profissionais. Assim, a assertiva é
incorreta.

24) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB é uma autarquia


e está sujeita à supervisão ministerial.

Conforme decisão do Pretório Excelso, a OAB é um serviço público


independente, categoria ímpar no elenco das personalidades jurídicas
existentes no direito brasileiro, não se incluindo na categoria dos conselhos
profissionais. Além disso, a OAB não está sujeita à supervisão ministerial
ou a qualquer outro controle da Administração. Portanto, o item é falso.

25) (Cespe/TCU/Técnico/2007) As entidades paraestatais,


pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da
Administração direta ou indireta, colaboram para o desempenho do
Estado nas atividades de interesse público, de natureza não
lucrativa.

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Os serviços públicos podem ser prestados pelas entidades paraestatais,


chamadas também de entes de cooperação. Elas compõem o que se
convencionou chamar de Terceiro Setor ou Setor Público Não Estatal,
entendido como aquele composto por pessoas jurídicas de direito privado,
sem fins lucrativos, não integrantes da Administração, que desenvolvem
atividades de interesse público, desde que não se refiram a serviços
considerados exclusivos de Estado, isto é, que só podem ser prestados
diretamente pelo ente estatal, a exemplo da justiça e da defesa nacional.
Assim, a afirmativa é verdadeira.

26) (Cespe/OAB/2007.1) As organizações sociais são pessoas


jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por
iniciativa de particulares, para desempenhar atividade típica de
Estado.

As organizações sociais, previstas na Lei nº 9.637/98, são entidades


privadas sem fins lucrativos, que desempenham atividades de interesse
público, referentes a serviços não exclusivos de Estado (eis o erro do
enunciado, pois elas não exercem atividade típica de Estado), que, em
função dessa não exclusividade, podem ser transferidos para entidades da
sociedade civil, diferentemente das atividades típicas (justiça, defesa
nacional, segurança pública etc.), que devem permanecer no âmbito
estatal. As atividades desenvolvidas pelas OS são dirigidas ao ensino, à
pesquisa científica, à proteção do meio ambiente, à cultura e à saúde. Item
errado.

27) (Cespe/OAB/2007.1) As entidades paraestatais estão


incluídas no denominado terceiro setor.

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As entidades paraestatais, chamadas por Hely Lopes Meirelles de entes


de cooperação, compreendem diversas entidades da sociedade civil que
não pertencem ao Estado, mas atuam paralelamente a ele, como os
serviços sociais autônomos, as organizações sociais – OS (Lei nº
9.637/98), as organizações da sociedade civil de interesse público – Oscips
(Lei nº 9.790/99), as organizações não governamentais – ONGs e, ainda,
as fundações de apoio às instituições federais de ensino superior – IFES
(Lei nº 8.958/94). Essas entidades estão incluídas no denominado Terceiro
Setor. O Primeiro Setor é composto pelo Estado, ao passo que o mercado
(iniciativa privada, empresariado) configura o Segundo Setor. Assim, o
item é verdadeiro.

28) (Cespe/OAB/2007.1) As entidades do denominado sistema S


(SESI, SESC, SENAI, SENAC) não se submetem à regra da licitação
nem a controle pelo TCU.

As entidades do Sistema S, também chamadas de serviços sociais


autônomos, são entes paraestatais, instituídos por meio de autorização em
lei, com personalidade jurídica de direito privado, para ministrar assistência
ou ensino a certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins
lucrativos, sendo mantidos por dotações orçamentárias ou por
contribuições parafiscais. São exemplos o Sesi, o Sesc, o Senai e o Senac.

Sendo entes paraestatais (paralelos ao Estado), não integram a


Administração Pública, mas, por desempenharem atividades de interesse
público, são incentivados e subvencionados pelo Estado. São autorizados a
arrecadadas e utilizar na sua manutenção contribuições parafiscais
(tributos), arrecadadas dos profissionais da respectiva categoria, podendo
ainda ser subsidiadas diretamente por recursos orçamentários da entidade
que autorizou sua criação.

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Pelo fato de administrarem verbas públicas e gozarem de uma série de


privilégios próprios de entes públicos, os entes paraestatais estão sujeitos a
normas semelhantes às da Administração Pública, como a observância aos
princípios da licitação (apesar de não estarem obrigados a seguir
rigorosamente a Lei n.º 8.666/1993), a exigência de processo seletivo para
seleção de seu pessoal (não necessariamente concurso público), à
prestação de contas ao Tribunal de Contas da União e à equiparação para
fins criminais de seus funcionários a funcionários públicos (Código Penal).
Como se nota, o item está errado.

29) (Cespe/OAB/2007.1) As organizações da sociedade civil de


interesse público celebram contrato de gestão, ao passo que as
organizações sociais celebram termo de parceria.

É o inverso. As organizações sociais celebram contrato de gestão, conforme


dito acima, e as Oscips celebram termo de parceria. Assim, esta assertiva é
incorreta.

30) (Cespe/AGU/Advogado da União/2009) No caso de constituir


associação pública, o consórcio público adquirirá personalidade
jurídica de direito público, mediante a vigência das leis de
ratificação do protocolo de intenções. Nesse caso, a associação
pública integrará a administração indireta de todos os entes da
Federação consorciados. A União somente participará de consórcios
públicos de que também façam parte todos os estados em cujos
territórios estejam situados os municípios consorciados.

O consórcio público pode assumir personalidade jurídica de direito privado


ou de direito público. No segundo caso, constituirá uma associação pública,
que é espécie de autarquia, pertencente à Administração indireta de todos
os entes da Federação consorciados, nos termos do artigo 6.º, § 1º, da Lei
nº 11.107/2005. Trata-se de uma nova figura chamada autarquia
interfederativa.

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Segundo o artigo 6.º da Lei, o consórcio público de direito público adquirirá


personalidade jurídica mediante a vigência das leis de ratificação do
protocolo de intenções. Por fim, o § 2.º do art. 1.º da Lei estabelece que a
União somente participará de consórcios públicos em que também façam
parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios
consorciados. Em razão do exposto, o item está correto.

Meus caros, aqui termina nossa aula demonstrativa! Espero que


tenham gostado. Aguardo vocês no próximo encontro. Não deixem de tirar
suas eventuais dúvidas em nosso fórum, no qual poderemos debater
diversos temas de Direito Administrativo.

Um grande abraço!

Luciano Oliveira

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LISTA DE QUESTÕES DESTA AULA

1) (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) A


desconcentração consiste na criação, pelo poder público, de uma pessoa
jurídica de direito público ou privado com a atribuição de titularidade e
execução de determinado serviço público.

2) (Cespe/MPU/Analista/2010) Os órgãos que integram a administração


direta não possuem personalidade jurídica própria nem autonomia
administrativa.

3) (Cespe/MPU/Analista/2010) Um órgão (pessoa jurídica) integrante da


administração indireta está hierarquicamente subordinado à pessoa jurídica
da administração direta que o instituiu.

4) (Cespe/TCU/Técnico/2007) Na organização administrativa da União, o


ente político é a pessoa jurídica de direito público interno, ao passo que os
entes administrativos recebem atribuição da própria Constituição para
legislar, tendo plena autonomia para exercer essa função.

5) (Cespe/TCU/Técnico/2007) A Administração direta é o conjunto de


órgãos que integram a União e exercem seus poderes e competências de
modo centralizado, ao passo que a Administração indireta é formada pelo
conjunto de pessoas administrativas, como autarquias e empresas públicas,
que exercem suas atividades de forma descentralizada.

6) (Cespe/CBMDF/Oficial Bombeiro/2007) O termo União designa entidade


federal de direito público interno, autônoma em relação às unidades
federadas. A União distingue-se do Estado federal, que é o complexo
constituído da União, dos estados, do DF e dos municípios e dotado de
personalidade jurídica de direito público internacional.

7) (Cespe/TSE/Analista/2007) Com relação à descentralização e à


desconcentração, é correto afirmar que, na descentralização, a execução
das atividades ou a prestação de serviços pelo Estado é

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(A) indireta e mediata, na desconcentração, é direta e imediata.


(B) direta e imediata, na desconcentração, é indireta e imediata.
(C) indireta e imediata, na desconcentração, é direta e mediata.
(D) direta e mediata, na desconcentração, é indireta e imediata.

8) (Cespe/AGU/Procurador Federal/2007) No direito brasileiro, os órgãos


são conceituados como unidades de atuação integrantes da estrutura da
Administração direta e da estrutura da Administração indireta e possuem
personalidade jurídica própria.

9) (Cespe/AGU/Procurador Federal/2007) As ações dos entes políticos —


como União, estados, municípios e DF — concretizam-se por intermédio de
pessoas físicas, e, segundo a teoria do órgão, os atos praticados por meio
desses agentes públicos devem ser imputados à pessoa jurídica de direito
público a que pertencem.

10) (Cespe/TCU/Técnico/2007) Para a criação de uma autarquia, é exigido o


registro do seu estatuto em cartório competente.

11) (Cespe/TJPI/Juiz de Direito/2011) As autarquias são instituídas por lei,


iniciando-se a sua existência legal com a inscrição, no registro próprio, de
seu ato constitutivo.

12) (Cespe/TSE/Analista/2007) As autarquias possuem autonomia


administrativa, financeira e política.

13) (Cespe/TCU/Auditor Federal/2011) No caso das autarquias, se a decisão


judicial estiver fundada em jurisprudência do plenário do STF, em súmula
do STF ou de tribunal superior competente, não se aplicará o duplo grau de
jurisdição obrigatório.

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14) (Cespe/AGU/Advogado da União/2009) As agências reguladoras são


autarquias sob regime especial, as quais têm, regra geral, a função de
regular e fiscalizar os assuntos relativos às suas respectivas áreas de
atuação. Não se confundem os conceitos de agência reguladora e de
agência executiva, caracterizando-se esta última como a autarquia ou
fundação que celebra contrato de gestão com o órgão da administração
direta a que se acha hierarquicamente subordinada, para melhoria da
eficiência e redução de custos.

15) (Cespe/TSE/Analista/2007) As fundações públicas só podem ser


dotadas de personalidade jurídica de direito público.

16) (Cespe/TCU/Técnico/2007) As empresas públicas e as sociedades de


economia mista são pessoas jurídicas de direito privado.

17) (Cespe/Polícia Federal/Agente/2012) Existe a possibilidade de


participação de recursos particulares na formação do capital social de
empresa pública federal.

18) (Cespe/Câmara dos Deputados/Analista Legislativo/2012) A empresa


pública é pessoa jurídica de direito público, já que seu capital é
inteiramente público.

19) (Cespe/TCU/Auditor Federal/2011) Ação judicial cuja parte autora seja


um cidadão comum que requeira indenização por danos materiais e morais
contra empresa pública federal será processada na justiça federal.

20) (Cespe/TSE/Analista/2007) A sociedade de economia mista possui


patrimônio e personalidade próprios.

21) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB é uma autarquia e está


sujeita ao princípio do concurso público.

22) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB exerce função pública, mas


não é uma pessoa jurídica pertencente à administração pública.

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23) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB é uma entidade privada e


por isso não exerce poder de polícia.

24) (Cespe/OAB/2007.1) Segundo o STF, a OAB é uma autarquia e está


sujeita à supervisão ministerial.

25) (Cespe/TCU/Técnico/2007) As entidades paraestatais, pessoas jurídicas


de direito privado, não integrantes da Administração direta ou indireta,
colaboram para o desempenho do Estado nas atividades de interesse
público, de natureza não lucrativa.

26) (Cespe/OAB/2007.1) As organizações sociais são pessoas jurídicas de


direito privado, sem fins lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares,
para desempenhar atividade típica de Estado.

27) (Cespe/OAB/2007.1) As entidades paraestatais estão incluídas no


denominado terceiro setor.

28) (Cespe/OAB/2007.1) As entidades do denominado sistema S (SESI,


SESC, SENAI, SENAC) não se submetem à regra da licitação nem a
controle pelo TCU.

29) (Cespe/OAB/2007.1) As organizações da sociedade civil de interesse


público celebram contrato de gestão, ao passo que as organizações sociais
celebram termo de parceria.

30) (Cespe/AGU/Advogado da União/2009) No caso de constituir associação


pública, o consórcio público adquirirá personalidade jurídica de direito
público, mediante a vigência das leis de ratificação do protocolo de
intenções. Nesse caso, a associação pública integrará a administração
indireta de todos os entes da Federação consorciados. A União somente
participará de consórcios públicos de que também façam parte todos os
estados em cujos territórios estejam situados os municípios consorciados.

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Gabarito:

1E 2X 3E 4E 5C 6C 7A 8E 9C 10E 11E 12E 13C

14E 15E 16C 17E 18E 19C 20C 21E 22C 23E 24E 25C 26E

27C 28E 29E 30C

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