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É a guerra moral?

Na atualidade um dos temas mais abordados é a guerra, lamentavelmente, são vários os conflitos desta
natureza a acontecer no nosso planeta. Neste momento destaca-se a guerra na Ucrânia.
Neste ensaio filosófico venho defender a minha posição quanto ao problema da moralidade da guerra,
procurarei responder à pergunta “Pode a guerra ser moral?”. Perante este problema filosófico existem teorias
que defendem que a guerra não pode ser moral (Realismo e Pacifismo) e existem teorias que defendem que a
guerra pode ser moral (Utilitarismo e Guerra justa). A tese que eu defendo é “A guerra é moral, desde que
regida por critérios morais universais e imparciais que lhe imponham limites.” que corresponde à teoria da
guerra justa.
A guerra tem uma natureza moral e, em determinadas circunstâncias, pode ser uma obrigação moral,
quando se trata da defesa de direitos políticos das comunidades na esfera internacional. No meu ponto de
vista, a guerra só pode ser travada por razões morais e como via necessária para a paz, quando não está em
causa a defesa dos direitos essenciais, a guerra é injusta. As guerras justas são essencialmente defensivas e
limitadas nos seus objetivos e forças.
A guerra justa é aquela cuja avaliação é feita com sentido de justiça, racionalidade e imparcialidade, e
que se rege por três princípios de crítica moral: jus ad bellum, jus in bello, jus post bellum. O primeiro define as
condições em que é lícito fazer a guerra, tais como: uma causa justa (um Estado só pode declarar guerra por
razões adequadas), uma boa intenção (um Estado deve fazer guerra apenas devido a uma intenção que seja
correta/boa), o último recurso (devem ter sido esgotadas todas as restantes formas de resolver o problema),
entre outras. O segundo princípio estabelece os limites da conduta lícita na guerra como, por exemplo, a
discriminação (não é legitimo atacar os não combatentes). O terceiro princípio estabelece o que se deve fazer
após guerra, o castigo (os soldados e os Estados que violam direitos básicos devem ser julgados por tribunais
internacionais), a compensação (os Estados agredidos devem ser compensados financeiramente pelos danos
causados) e a reabilitação (reforma das instituições políticas do Estado agressor, de modo a respeitar as
convenções internacionais). Eu defendo que a guerra só é justa se for um meio para atingir a paz e para
restabelecer os direitos, nunca pode ter como finalidade a escravização ou o massacre de um povo, desta
forma o único inimigo é apenas a democracia.
A minha teoria é criticada pelo facto de a guerra moderna liquidar a possibilidade de guerra justa e
conduz ao perigo de niilismo (perdem-se os valores e cai-se numa espiral de violência), desta forma, estamos
perante o terrorismo, a guerra biológica, nuclear, que retirou todo o sentido aos princípios do jus in bello e jus
ad bellum, tal como o conflito atual em que a Rússia declarou guerra sem apresentar uma causa justa ou até
mesmo uma boa intenção e este Estado viola por completo as regras de uma guerra, ataca civis e usa
armamento muito destrutivo, mesmo sem ser em último recurso, e “será que é correto explodir hospitais e
matar civis inocentes?”, assim reforça a importância em seguir as regras estipuladas. E mais uma vez através do
conflito atual é possível ver que a finalidade desta guerra não é a paz e “que direitos quer a Rússia
restabelecer? Há direitos que necessitam de ser restabelecidos na Ucrânia?”. É também criticada pelo facto de
a natureza da guerra atual não permitir distinguir e definir quem é combatente e quem é civil/inocente (por
vezes os soldados disfarçam-se de civis), e novamente é violado um critério no conflito atual em que já
morreram muitos civis inocentes, desta forma levantam-se inúmeras questões morais sobre a imunidade dos
não combatentes, ou seja, “será que estas mortes alguma vez estarão justificadas?”.
Num mundo em que as guerras são uma presença constante, é preferível ter algumas regras que
permitam determinar quando a guerra é ou não justificada a não ter quaisquer regras, assim em oposição à
teoria que defendo encontra-se o pacifismo, defende que a guerra é imoral e ilegítima, ou seja, é sempre um
crime contra a humanidade, mas por vezes, a guerra pode ser justificável para assegurar o direito à
autodeterminação e autodefesa das comunidades. O pacifismo falseia a realidade, ao defender que toda e
qualquer guerra é ilegítima, e convida ao sacrifício da vítima inocente.
Para concluir, dado que nas atuais guerras os Estados não seguem os princípios de crítica moral, é
necessário estabelecer uma solução que os faça cumprir com os princípios estabelecidos. A minha posição dá a
sua resposta quanto ao problema da moralidade da guerra e não visa justificar ou impedir a guerra quaisquer
que sejam as circunstâncias. A teoria da guerra justa é antes um instrumento que permite aos decisores
políticos e àqueles que têm a responsabilidade de conduzir a guerra tomar decisões de acordo com um
conjunto de regras que visam garantir a correção dessas escolhas, ao mesmo tempo que permite aos cidadãos
em geral apreciar a correção das decisões tomadas.

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