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teoria e aplicação

Decompondo a resiliência
Felipe Corchs

“Sucesso é a habilidade de ir de uma derrota à outra sem perder


o entusiasmo”. (Winston Churchill)

Tomo a liberdade de co­ Um dos principais instrumentos utilizados


meçar este texto com um exemplo usado pelo por Churchill era sua fantástica capacidade
professor Jonathan Davidson para ilustrar re­ oratória, a despeito de ele apresentar problemas
siliência. Considerado um dos maiores esta­ de fala. Boa parte de seus celebres discursos en­
distas de todos os tempos, Winston Churchill, volvia motivação para persistir apesar de todas
primeiro-ministro britânico durante parte da as dificuldades que se encontrava, conforme
Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi um exemplificado em um dos seus discursos mais
dos principais articuladores e responsáveis pela famosos:
vitória dos aliados.
“Não tenho nada a oferecer além de
O inglês, natural de Oxfordshire, tem o iní­
sangue, esforço, lágrimas e suor . . .
cio de sua vida marcado por negligência e abu­
temos diante de nós muitos, muitos
sos físicos. Ao longo de sua trajetória, outros
longos meses de luta e sofrimento . . . .
significativos eventos adversos também ocor-
Qual nosso objetivo? . . . vitória apesar
reriam, do ostracismo político aos traumas de
de todo o terror. Vitória, seja a estrada
guerra (Lewis, 2010). Eventos estes que fariam
longa e sinuosa. Vitória, pois sem ela
com que muitos desistissem de projetos pes­
não há sobrevivência”.
soais e profissionais - o que, obviamente, não
foi o caso de Churchill. Mas não só por isso Estamos falando aqui de adaptação, ape­
ele é considerado um exemplo de persistência sar das adversidades. É exatamente disso que
e superação. Enquanto a grande maioria dos se trata a resiliência. Originalmente empre­
países se curvava à invasão nazista, Winston gada por disciplinas das ciências exatas para
assumiu o cargo de primeiro ministro, sema­ descrever aspectos da resposta de materiais a
nas antes de as tropas alemãs tentarem atraves­ estresses físicos aplicados a eles, uma das de­
sar o Canal da Mancha, conseguindo inspirar finições para o termo resiliência, adotada em
seu povo e, assim, manter a Inglaterra firme disciplinas relacionadas à psicologia, é dada
em sua resistência. por Luthar, Cicchetti e Becker (2000). Trata-se

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do “processo dinâmico envolvendo adaptação Responder a essas perguntas evitaria muito
positiva num contexto de adversidade signifi­ sofrimento e prejuízo para indivíduos e para
cativa”. (p. 543) sociedade. Apenas a título de ilustração, sujei­
Não é o oposto de psicopatologia. Ainda tos resilientes têm maior chance de remissão
com o exemplo de Churchill, é sabido que o de depressão, estresse pós-traumático e menor
estadista sofria de uma depressão crônica, ape­ incidência de doença coronariana.
lidada por ele próprio de “cachorro negro”, um A busca de respostas àquelas questões indi­
acompanhante por todos os lados. Durante ca que tais processos são função de uma com­
a infância, no reform atório St. George’s, plexa interação entre fatores genéticos, onto-
gênicos e culturais.
Por que algumas pessoas, cujas vidas são marcadas por desamparo e Nesse sentido, o tema
adversidades significativas, evoluem para a total incapacitação ou é naturalmente inter-
chegam mesmo a cometer suicídio, enquanto outras seguem firmes? disciplinar, exigindo
De quais variáveis estas diferenças são função? o trabalho integrado
de disciplinas bioló­
Churchill era considerado uma criança sem gicas, psicológicas e sociopolíticas para alcançar
futuro, desacreditada. Entretanto, apesar de o êxito do projeto (Davydov, Stewart, Ritchie &
todas as adversidades, funcionou com êxito Chaudieu, 2010; Luthar & Brown, 2007). Não se
excepcional em sua vida, adaptando-se aos trata de ecletismo, mas de elaborar uma cons­
contratempos e seguindo em frente. Isso sim trução teórica que envolva a multicausalidade
está mais próximo do que se chama resiliência. típica do comportamento.
Para melhor ilustrar este ponto, vale lembrar
Interdisciplinaridade e multicausalidade que, ao que tudo indica, não existem genes que
Entender o que determina a forma com a qual determinam especificamente os processos aqui
cada um responde às adversidades motiva o es­ descritos como resiliência. Alguns genes pare­
tudioso da resiliência. Nas palavras de Luthar e cem predizer características típicas de sujeitos
Brown (2007), resilientes quando estes foram criados em am­
bientes favoráveis. Por outro lado, eles também
“Iluminar os processos que suavizam
apontariam características típicas de sujeitos
significativamente os efeitos nocivos das
vulneráveis, quando estes foram criados em
diferentes condições de vida adversas,
ambientes desfavoráveis (Davydov et al., 2010).
bem como aqueles que os exacerbam,
Em outras palavras, o mesmo gene que promove
e assim derivar direções específicas de
resiliência também promove vulnerabilidade, a
intervenções e políticas sociais”, (p. 931)
depender da história ontogênica de seu portador.
Afinal, por que algumas pessoas, cujas Biólogos estudando genética e psicólogos investi­
vidas são marcadas por desamparo e adver- gando ontogênese, ambos de forma isolada, não
sidades significativas, evoluem para a total chegariam a lugar algum neste caso. Certamente,
incapacitação ou chegam mesmo a cometer em muitos outros casos também não.
suicídio, enquanto outras seguem firmes e vêm Na verdade, já fora proposto em outro mo­
a se tornar, por exemplo, grandes estadistas? mento que o behaviorismo radical, enquanto
De quais variáveis estas diferenças são função? orientação filosófica, poderia assegurar tal visão

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integrada. Para isso, bastaria que os behavioris- ajam às contingências aversivas. As respostas a
tas radicais ajudassem a orientar os cientistas aversivos são adaptativas em si e, ao que tudo
de áreas relacionadas (e.g., neurociências), em indica, sujeitos com níveis muito baixos de an­
vez de combatê-las (para maiores detalhes, ver siedade (mensurada por escalas de avaliação
Corchs, 2010a). clínica) também têm mortalidade aumentada,
assim como os que têm escores muito elevados
Definição do conceito (Mykletun et al., 2009).
Muito do que é apresentado aqui como “mais
resiliente” ou “menos resiliente” baseia-se em Efeitos de contingências aversivas
escalas de avaliação clínica. Reconhecendo Contudo, sabe-se que um dos efeitos das
todos os problemas associados a esse tipo contingências aversivas - tanto crônicas
de constructo (do metodológico ao lógico), (Willner, Muscat & Papp, 1992) quanto agudas
o leitor deve estar ciente de que a m ensura- (Amorapanth, Nader & LeDoux, 1999) - é a di­
ção de um conceito abstrato pode ser com­ minuição global no valor de reforçadores posi­
plicada e corre-se o risco de ele ser tomado tivos. Supõe-se que este fenômeno tenha sido
como um a entidade, ao invés de um term o selecionado por aumentar a disponibilidade
que descreve processos e características que comportamental sobre estímulos potencial­
guardam pontos com
semelhanças arbitra­ O tema da resiliência é naturalmente interdisciplinar, exigindo o
riamente definidas. trabalho integrado de disciplinas biológicas, psicológicas e
Para tanto, o con­ sociopolíticas para alcançar o êxito do projeto. Não se trata de
ceito deve ser melhor ecletismo, mas de elaborar uma construção teórica que envolva a
definido, não apenas multicausalidade típica do comportamento.
do ponto de vista des­
critivo, mas principalmente do operacional. mente ameaçadores. No entanto, é complexo o
Até o momento, já se sabe algo sobre resiliên- balanço entre se direcionar aos aversivos e aos
cia capaz de favorecer uma compreensão ana- reforçadores positivos nas contingências de
lítico-comportamental. A ideia de adaptação vida ocidental crônicas, e não eminentemen­
às adversidades ressalta a importância de fle­ te ameaçadoras à vida. Assim, possivelmente
xibilidade comportamental ante as mudanças estejamos falando de um ambiente diferente
de contingências ao longo da vida, sobretudo daquele onde ocorreu tal seleção filogenética.
aquelas que envolvem estressores das mais di­ Sabe-se hoje que sujeitos resilientes so­
versas naturezas. frem menos esses efeitos, isto é, enfrentam as
Para a maioria dos estudiosos na área, o su­ adversidades da vida e não deixam de emitir
jeito resiliente não é aquele que não reage aos respostas que produzam reforçamento posi­
estressores, mas o que reage aos estressores de tivo (Haglund, Nestadt, Cooper, Southwick
modo a sofrer menos prejuízos. Mais uma vez, & Charney, 2007). De fato, estudos mostram
vale lembrar as já citadas chances reduzidas de que evoluem melhor em fases de dificuldade
doenças cardiovasculares e de quadros psiqui­ aqueles sujeitos que se engajaram, nestes perí­
átricos incapacitantes ou ameaçadores à vida. odos, em atividades prazerosas e que propor­
Portanto, não se espera que as pessoas não re­ cionaram apoio social (Werner & Smith, 2001).

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Embora não testado diretamente, pode-se su­ o Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH)
por que aqueles que não se mantiveram sensí­ tem estimulado e financiado pesquisas em ex­
veis a reforçadores positivos não devem ter se tinção, as quais aumentaram pelo menos três
engajado tanto nestas atividades. vezes no período entre 2000 e 2006.
Parênteses: ao leitor interessado em saber Sendo assim, autores como Charney
mais sobre processos ontogênicos relacionados (2004) e Corchs (2010b) propõem que a re-
ao desenvolvimento de resiliência ou vulnera­ siliência estaria ligada a: (a) alguns processos
bilidade, sugiro a leitura do trabalho supracita­ comportamentais básicos, como a extinção e o
do de Werner e Smith (2001). Eis um belíssimo condicionamento envolvendo aversivos; (b) à
estudo que acompanhou até os 40 anos de ida­ sensibilidade de cada organismo a reforçado­
de um grande número de pessoas nascidas nas res positivos e a aversivos; (c) à flutuação destas
ilhas Kauai, relacionando eventos de vida com variáveis em função da presença ou ausência
o rumo que a mesma tomou quanto ao tema de estimulação aversiva no momento em ques­
deste trabalho. tão. Muitas dessas variáveis, conforme indicado
Além de reduzir a sensibilidade a refor- acima, são determinadas pela história ontogê-
çadores positivos, os aversivos incontroláveis nica do sujeito com contingências aversivas.
também produzem outros efeitos, como o au­ Em outras palavras, a depender das experiên­
mento na latência para a emissão de respostas cias aversivas passadas, cada sujeito vai reagir
de fuga/esquiva (Maier & Seligman, 1976). de forma diferente às mesmas no presente.
Juntos, os efeitos resultam em um quadro de
passividade, seja diante de estímulos aversivos Incontrolabilidade e fases da vida
ou de reforçadores positivos (agora não mais Dados úteis para o analista do comportamento
tão reforçadores) - quadro este completamente têm esclarecido não apenas o que se chama de
diferente do que vemos em sujeitos resilientes, resiliência, mas também a sua determinação.
os quais sempre emitem respostas de enfren- Embora grande parte dos estudos apontem
tamento, e nunca de passividade, diante dos causas genéticas para um organismo extinguir
problemas da vida. respostas condicionadas a estímulos aversi­
vos (Sotres-Bayon,
A resiliência estaria ligada a: alguns processos comportamentais C orcoran, Peters
básicos, como a extinção e o condicionamento envolvendo aversivos; à & Sierra-Mercado,
sensibilidade de cada organismo a reforçadores positivos e a 2008), alguns traba­
aversivos; à flutuação destas variáveis em função da presença ou lhos começam a su­
ausência de estimulação aversiva no momento em questão. gerir que eventos de
vida tam bém exer­
Ao mesmo tempo, sujeitos resilientes retor­ cem forte influência sobre cada um dos pro­
nam mais rapidamente a condições pré-estres- cessos comportamentais aqui relacionados.
soras, quando a contingência aversiva é suspen­ Maier, Amat, Baratta, Paul e Watkins
sa. Estudos sugerem que, nestes casos, estamos (2006), por exemplo, revisaram um conjunto
falando de respostas condicionadas e do tempo de efeitos da história de exposição a contingên­
que cada sujeito demora para extingui-las (e.g., cias aversivas incontroláveis que ultrapassa o
Guthrie & Bryant, 2006). Não à toa, nos EUA, tradicional aumento na latência para a emissão

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de respostas de fuga. Entre os demais efeitos, as formas de responder ao longo da vida de
os autores identificaram um aumento na sensi­ um sujeito, uma vez que seus efeitos sabida­
bilidade a aversivos (principalmente do ponto mente duram algum tempo e depois tendem
de vista respondente). Recentemente, o mesmo a esvanecer. Entretanto, estudos preliminares
grupo mostrou que outro efeito da história de sugerem que, quando a exposição à contingên­
incontrolabilidade seria uma maior resistên­ cia aversiva incontrolável ocorre em fases pre­
cia a extinguir respondentes condicionados a coces de vida, os efeitos perduram por toda a
aversivos (Baratta et al., 2007), característica vida (M. H. L. Hunziker, comunicação pessoal,
frequente em sujeitos com chance elevada de Setembro, 2010).
desenvolver estresse pós-traumático (Guthrie
& Bryant, 2006). Tratamentos
Ainda no estudo de Baratta et al. (2007), Resta pensar sobre intervenções que aumentem
talvez mais interessante que o fato de os sujei­ a resiliência. Declaro que nesta seção muito
tos expostos à incontrolabilidade apresentarem vem da ajuda do professor Jonathan Davidson,
condicionamento a aversivos mais intenso e novamente em comunicação pessoal, ao qual
maior dificuldade para extingui-lo, seja o fato agradeço muito.
de os sujeitos expostos a aversivos controláveis Um dos métodos já conhecidos é a psico-
estarem “protegidos”, isto é, apresentarem res­ farmacologia. Sabe-se que medicações antide-
postas condicionadas menos intensas e maior pressivas podem afetar tanto a resiliência medi­
facilidade para extingui-las, quando compa­ da por escalas de avaliação clínica (Davidson et
rados aos controles não expostos a nenhuma al., 2008) quanto a sensibilidade a reforçadores
contingência aversiva. positivos e negativos (ver Corchs, no prelo,
É possível que isso tenha a ver com a obser­ para maiores informações), supostamente en­
vação de que indivíduos expostos a estressores volvidos no processo.
graves e incontroláveis na infância são extre­ Intervenções psicoterápicas também têm
mamente vulneráveis a transtornos psiquiá­ mostrado eficácia neste sentido. Muito em voga
tricos, ao passo que sujeitos expostos a estres- estão as terapias de bem-estar (Ryff & Singer,
sores leves e manejáveis na infância são mais 1996) e as psicoterapias positivas (Seligman,
resilientes quando adultos do que aqueles não Rashid & Parks, 2006). Essas psicoterapias vi­
expostos a estressores (Rutter, 1993). sam a aumentar a qualidade de vida, o bem ­
Este ponto levanta ainda outra questão, a -estar, o engajamento em atividades praze­
de que eventos ocorridos na infância tenham rosas, entre outras características “positivas”,
papel fundamental na determinação de como ao invés de eliminar o sofrimento e os “sin­
cada organismo irá interagir futuramente com tomas”. Alguns estudos já mostram que este
contingências aversivas. Estudos de condi­ tipo de intervenção, em alguns casos, chega a
cionamento vêm deixando claro que os pro­ obter resultados superiores aos dos tratamen­
cessos de aprendizagem podem m udar subs­ tos clássicos focados em sintomas (e.g., Fava
tancialmente, a depender da fase da vida em et al., 2005). Neste ponto, há uma semelhan­
que ocorrem (Sapolsky, 2009). De fato, seria ça considerável com a terapia de aceitação e
estranho esperar que uma história de incon- compromisso (ACT), de orientação analítico-
trolabilidade explicasse, ainda que em parte, -comportamental.

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Da mesma forma, os estudos de mindful- favorece ainda mais o diálogo entre a análise do
ness indicam, além de melhora na im unida­ comportamento e a psiquiatria, potencializan­
de, aum ento nos afetos positivos e rápida do a oferta de recursos à sociedade. ■
recuperação de estressores (Davidson et al.,
2003). Mas, permanece ainda a questão: es­
tariam estas duas últim as observações rela­
cionadas, respectivamente, ao aum ento na
sensibilidade a reforçadores positivos e à di­
Referências
minuição da resistência à extinção? Eis mais Amorapanth, P., Nader, K. & LeDoux, J. E. (1999).
um a das questões experimentais que em er­ Lesions of periaqueductal gray dissociate-conditio-
gem desta reflexão. ned freezing from conditioned suppression behavior
Finalmente, dentre os pontos sugeridos in rats. Learn Mem, 6(5), 491-499.
pelo professor Jonathan Davidson para aumen­ Baratta, M. V., Christianson, J. P., Gomez, D. M., Zarza,
tar a resiliência, está o trabalho comunitário e C. M., Amat, J., Masini, C. V., . . . Maier, S. F. (2007).
a ajuda ao próximo, comportamentos chama­ Controllable versus uncontrollable stressors bi-direc-
dos altruístas. Em suas falas sobre resiliência, tionally modulate conditioned but not innate fear.
Neuroscience, 146(4), 1495-1503.
Davidson costuma lembrar que o último passo
do programa dos Alcoólicos Anônimos (AA) Charney, D. S. (2004). Psychobiological mecha-
é ajudar outros alcoolistas. Ele cita um estudo nisms of resilience and vulnerability: implications
for successful adaptation to extreme stress. Am J
de Pagano, Friend, Tonigan e Stout (2004), se­
Psychiatry, 161(2), 195-216.
gundo o qual a taxa de recaída após um ano de
seguimento de alcoolistas que ajudaram outros Corchs, F. (2010a). É possível ser um psiquiatra beha-
viorista radical? Primeiras reflexões. Perspectivas em
alcoolistas foi de 22%, enquanto a dos que não
Análise do Comportamento, 1(1), 55-66.
ajudaram foi de 40%. Outros estudos também
vêm mostrando a eficácia do engajamento em Corchs, F. (2010b). Em busca da resiliência: Da sen­
sibilidade ao ambiente à capacidade de extinção.
ajudar outras pessoas sobre o bem-estar, a qua­
Curso ministrado no XIX Encontro da Associação
lidade de vida e a saúde física (e.g., Krause,
Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental,
Herzog & Baker, 1992).
Campos de Jordão, SP.
Enfim, resiliência é um termo que descreve
Corchs, F. (no prelo). Considerações da psicofarma-
um processo comportamental e que não deve
cologia para a avaliação funcional. Em F. Cassas &
ser confundido com uma entidade ou uma pro­
N. Borges (Eds.), Clínica analítico-comportamental:
priedade interna do indivíduo. Trata-se de uma Aspectos teóricos e práticos. São Paulo: ArtMed.
área de estudos naturalmente interdisciplinar
Davidson, J., Baldwin, D. S., Stein, D. J., Pedersen,
e capaz de facilitar a comunicação da análise
R., Ahmed, S., Musgnung, J., . . . Rothbaum, B. O.
do comportamento com outras áreas de co­ (2008). Effects of venlafaxine extended release on
nhecimento. Entretanto, a exemplo deste texto, resilience in posttraumatic stress disorder: An item
o que se sabe sobre resiliência até o momento analysis of the Connor-Davidson Resilience Scale. Int
não está de acordo com os preceitos analítico- Clin Psychopharmacol, 23(5), 299-303.
-comportamentais, mas parece que se apro­ Davidson, R. J., Kabat-Zinn, J., Schumacher, J.,
xima mais destes do que a compreensão dos Rosenkranz, M., Muller, D., Santorelli, S. F., . . .
transtornos psiquiátricos em si. Nesse contexto,

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