Presidente da Associação de Apoio Psicossocial • O uso do termo gênero visa sublinhar o carácter social das distinções fundadas sobre o sexo embora, etimologicamente, se distingue a condição orgânica que distingue o macho da fêmea. Do ponto de vista sociológico, gênero se refere a um dos códigos de conduta que regem a organização social das relações humanas. Gênero é o modo como as culturas interpretam e organizam a diferença sexual entre homens e mulheres. A sua estrutura é muito mais complexa do que as divulgadas dicotomias homem-mulher (Rabelo, 2010). • Existem vários termos ligados às qualidades de enfrentar adversidades tais como: resiliência, adaptação, resistência, coping e, cuidado de si. • Existem vários termos ligados às qualidades de enfrentar adversidades tais como: resiliência, adaptação, resistência, coping e, cuidado de si. • Todos eles se referem ao conceito de bem-estar e qualidade de vida e abrangem elementos como percepção do bem-estar físico, mental e social, sentimentos de gratificação vinculados com a saúde, família, trabalho, situação financeira, criatividade, autoestima e confiança nos outros. • A tendência de alguns sujeitos de acentuar aspectos positivos sobre os negativos é identificada como otimismo e leva o sujeito a ter maior quantidade de pensamentos gratificantes. • O termo resiliência, não significa invulnerabilidade nem impermeabilidade ao estresse. Ele se refere a capacidade de enfrentar as dificuldades e sair mais forte delas (OMAR et al., 2011). • Nas ciências humanas e na saúde, tem sido utilizado o termo resiliência, para descrever a capacidade do ser humano em responder as adversidades da vida, de maneira positiva. Esta capacidade é construída durante o processo de desenvolvimento humano, ao longo da vida, razão pela qual deve ser considerada dinâmica. Do ponto de vista psicológico, é a capacidade de ir adiante. Ela provoca uma abertura ao outro com o intuito de ser ajudado. • Geralmente, pessoas resilientes são mais flexíveis do que as pessoas mais vulneráveis e lidam com as situações usando recursos dentro de si mesmas e do ambiente externo (BYRSKOG et al., 2014). É ainda a capacidade de recuperar-se de um estresse e pode ser particularmente importante para lidar com tensões relacionadas ao dia á dia do
• trabalho policial. Há outros significados
associados com a capacidade de resistência ao estresse. • Prosperar: significa mover-se para um nível superior após o evento estressante. • Adaptação: significa as mudanças para ajustar-se a uma nova situação. • Resistência: refere-se a não ficar doente ante a redução ou diminuição das capacidades durante o momento estressor. • Coping: é uma resposta frente ao estresse, mediante a qual se preparam as percepções, emoções e comportamentos de um sujeito para adaptação. Essas adaptações são estratégias enfocadas na solução ativa do problema consideradas positivas para reduzir o estresse. As estratégias focadas na negação da fonte geradora do estresse são consideradas negativas ou ou ineficazes para enfrentar o problema (OMAR et al., 2011). • Cuidado de si: é um termo trazido por Focault (2006) em A Hermenêutica do Sujeito que descreve os vários exercícios que deveriam ser praticados para atingir uma certa satisfação. O enfrentamento dos momentos difíceis da vida é bastante discutido nesse texto e é chamado de provação cujo objectivo é transformar as pessoas, torna-las mais fortes e mais íntegras. Assim, no hábito, as pessoas desenvolviam uma arte de viver, uma estética de existência, um movimento de autotransformação. • Aristóteles mesmo afirma com clareza que a prática repetida de ações virtuosas leva à constituição de uma determinada disposição de carácter, ou seja, o hábito acaba por constituir uma pessoa virtuosa. • O labor diário da mulher polícia, abarca em sí, uma carga emocional acrescida, pelo facto de lidar com aspectos da sociedade relacionados ao controlo e fiscalização da legalidade. Não poucas são as vezes que tem de lidar diractamente com a violência, razão pela qual, precisa estar vigilante e proteger sua emoção. Daí surgirem várias doenças profissionais. Deve sempre ter presente que alem de uma boa profissional do Ministério do Interior é também mãe, esposa, irmã de entre vários atributos e responsabilidades com a sociedade. • O ponto de vista de Tarde, é que o indivíduo é primordial, e o social, sem ele, não tem sentido, nem mesmo existência. A vida da sociedade baseia-se em dois elementos motores: as invenções, graças as quais há inovação e progresso, e as imitações, que garantem a estabilidade. Ora a invenção, para ele, é uma produção eminentemente individual: o homem que cria renuncia a convenção social, e é precisamente porque lhe escapa que pode descobrir o que se destina a ser imitado. Quanto à imitação, trata- se acima de tudo de uma imitação de si próprio, antes de se inspirar em modelos fornecidos pela sociedade. É isto que leva Tarde por sua vez, a dividir a psicologia em duas partes: psicologia dos povos e psicologia dos indivíduos. Mas acaba por privilegiar a psicologia individual, declarando que uma psicologia coletiva que procurasse ter um objecto próprio, recusando ser apenas um prolongamento daquela, não passaria de uma «Quimera Ontológica». Ao fim e ao acabo por, por consequência, porá Tarde, o domínio sociológico deve ceder o passo ao psicológico, embora ele não encare a possibilidade de um estado psíquico ser desligado de todas as causas fisiológicas ou sociais. • Contributos Da Psicologia Para Activação Dessas Estruturas • Embora consideremos que todas as ciências, as artes, as tecnologias e as religiões poderão dar contributos muito importantes para o desenvolvimento dessas estruturas, não há dúvida que a psicologia, como ciência cujo objecto de estudo é o próprio sujeito humano na sua unidade individual, deverá dar um contributo decisivo para o desenvolvimento e activação das mesmas. • É tempo de repor as coisas, com rigor e honestidade, no lugar que lhes é devido. A volta do sujeito, como actor e construtor da sua própria personalidade. Nada poderá ser resolvido com a varinha mágica desvirtuando, por completo, o verdadeiro sentido da realidade em que o sujeito é, e continuará a ser o grande chefe da orquestra. • Felizmente que as coisas estão a mudar e a voltar ao ponto de equilíbrio devolvendo o sujeito ao seu verdadeiro lugar de onde nunca deveria ter saído. • A psicologia, a antropologia cultural e a reflexão filosófica, em geral, terão um papel importante a desempenhar neste reencontro do sujeito consigo próprio e na relação com os outros sujeitos. • É por isso que o desenvolvimento de estruturas mais resilientes não deverá nunca encaminhar-se no sentido do fechamento mas da abertura ao outro, reforçando os laços, a relação em plataformas autênticas, verdadeiras, mais justas, de liberdade, de responsabilidade, de confiança. • Para isso não podemos continuar a alicerçar a convivência entre as pessoas no medo, na desconfiança, na injustiça, na exploração, na exclusão, no desespero, procurando depois a segurança com mais polícia, subindo os gradeamentos, reforçando e sofisticando as fechaduras. Vamos apenas amar mais, nos entregar mais, servir mais os outros. • Basta de ilusões, por aí não há caminho, é o grito que aqui gostaríamos de deixar em jeito de conclusão destas reflexões sobre a formação e resiliência. • Referências bibliográficas
• DAMÁSIO, A. R. (1995). O Erro de Descartes. Emoção, Razão e
Cérebro humano. Mem. Martins: Europa-América. • Miranda, R. L. (1997). Além da Inteligência Emocional. Uso integral das aptidões cerebrais no aprendizado, no trabalho e na vida. Rio de Janeiro: Editora Capus. • RUEGG, F. (1997) “Valorizar as potencialidades da criança: a resiliência, conceitos e perspectivas”. Cadernos de Educação de Infância (42) 9-14. • TAVARES, j. (1996). Uma Sociedade que Aprende e se Desenvolve. Relações interpessoais. Potro Editora. • TAVARES, j. (1997). “A formação como construção do conhecimento científico e pedagógico”, in I. Sá-Chaves (coord.), Percursos de Formação e Desenvolvimento Profissional. Porto: Porto Editora. Muito Obrigado Twapandula
As poderosas ferramentas de gestão da emoção para relacionamentos saudáveis: Manual de psicologia aplicada para casais, pais e filhos, empresários e colaboradores