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Há um movimento muito claro na Grécia Antiga no que concerne à formação

cultural por meio da educação. A educação tem por fim levar o indivíduo a um
progresso formativo a fim de torná-lo um cidadão integral da Polis.
Acerca da noção de virtude, essa formação não significa acrescentar algo ao
indivíduo, mas apenas levar à plenitude algo que ele já tem. A finalidade da Paideia é
fazer com que a capacidade racional do homem seja levada à luz. Através do mito da
caverna podemos ver essa noção: o homem já tem essa capacidade racional e ela deve
ser levada à luz para que, contemplando o bem, o homem possa, conhecendo a verdade,
agir bem e, agindo bem, agir virtuosamente. A capacidade de conhecer é algo que já
está presente no homem e, por meio dessa capacidade que vai sendo formada, que vai
sendo posta ao movimento de vi à luz (que se dá através da educação, da Paideia), o
homem se desenvolve racionalmente, fisicamente, para que se torne um bom cidadão, e
seja integrado na Polis e, sendo um bom cidadão, possa posteriormente ser escolhido
dentre os cidadãos para governar a Polis. É necessário conhecer para governar.
A ideia de sociedade/humanidade passa a ter a primazia em relação à figura do
indivíduo. A sociedade é o padrão de formação do indivíduo. Não mais se procura
educar o indivíduo para a sociedade, mas esta tem um padrão pronto de formação para o
indivíduo. Há uma mudança de eixo. Não se educa o indivíduo para formar a sociedade,
mas tem-se o modelo de sociedade que serve de padrão para a transformação do
indivíduo.
O tema da aula de hoje é como se dá essa relação entre indivíduo e sociedade no
que concerne à cultura no período medieval.
No período da Antiguidade, a Paideia tem por finalidade a ideia de bem: educar o
indivíduo tendo por finalidade o conhecimento do bem, para que, conhecendo o bem,
ele seja justo, e uma vez conhecendo a justiça, ele possa governar a Polis. Esse processo
de formação do indivíduo tendo por fim inseri-lo na Polis permanece. O que muda é a
ideia de bem. No medievo essa noção de bem será identificada com a ideia de Deus.
Uma das principais obras que fala sobre a organização política do período
medieval é a obra Civitas Dei, de Santo Agostinho.
O esquema indivíduo-sociedade permanece. O indivíduo deve ser orientado tendo
em vista a sua formação no conhecimento do bem. Portanto, o aspecto moral pesa ainda.
No entanto, esse aspecto moral passa a ser identificado com uma figura religiosa, que é
a ideia de Deus.
A paz interior fundamenta-se no encontro do homem com Deus.
Agostinho não aceitava a ideia da corrupção da natureza corpórea e de que o
corpo era um cárcere para a alma. Agostinho vai criticar essa posição dos neoplatônicos.
Agostinho vai sugerir que é necessário que haja uma purificação da alma, ideia
que recebeu de Platão.
Agostinho sugere um processo cujo verdadeiro fim é a união de alma e corpo.
Trata-se de uma verdadeira restauração da saudável união entre corpo e alma. Isso é um
eco da noção de Salvação. Agostinho não desconhece a pressão do corpo sobre a alma.

2ª tentativa de vídeo
Estrutura da Cidade de Deus
Livros 1-5: refutam aqueles que desejam que as coisas humanas prosperem de tal
modo que acreditam ser necessário voltar à adoração dos muitos deuses que os pagãos
adoravam.
6-10: contra os que afirmam que estes males nunca faltaram e nem faltarão aos
mortais, e que, sejam eles grandes ou pequenos, mudam de acordo com o lugar, o tempo
e a pessoa, mas sustentam que a adoração de muitos deuses com seus sacrifícios é útil
para a vida futura após a morte.
11-14: origem das duas cidades
15-18: progresso e desenvolvimento das duas cidades
19:22: fins devidos às duas cidades.

Deste modo:
Livros I-X: Parte apologética
1-5: contra o culto dos deuses falsos
6-10: contra os que atribuem as causas dos males ao cristianismo.

Livros XI-XXII: Parte expositiva da fé


11-14: origem das duas cidades
15-18: progresso e desenvolvimento das duas cidades
19-22: fins devidos às duas cidades.

Contexto: destruição de Roma por Alarico, em 410 d.C.


Não dá pra julgar à primeira vista quem é cidadão de uma cidade ou de outra. É ao
mor que o define.

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