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A AFETIVIDADE E SUA IMPORTÂNCIA NA INCLUSÃO DE ALUNOS

COM NECESSIDADES ESPECIAIS.

Eliangela Santana de Jesus Rodrigues1

RESUMO: O presente artigo pretende discutir sobre a importância da


afetividade no processo de inclusão escolar, assim como, compreender de que
forma o aspecto afetivo está sendo encarado em sala de aula. Para que a
inclusão aos alunos portadores de necessidades especiais seja de fato uma
realidade satisfatória é indiscutível a necessidade de se trabalhar o aspecto
afetivo no contexto educacional. Dessa forma, a atual pesquisa se faz
necessária, pois a afetividade exerce grande influência no processo ensino-
aprendizagem, facilitando a inclusão escolar do sujeito com necessidades
especiais. Para a constituição deste trabalho optou-se pela pesquisa
bibliográfica, buscando embasamento teórico a partir de autores que discutem
sobre o tema.

PALAVRAS- CHAVE: Afetividade. Inclusão. Ensino.

ABSTRACT: This article aims to discuss the importance of affectivity in the


school inclusion process, as well as to understand how the affective aspect is
being faced in the classroom. So that the inclusion of students with special
needs is in fact a satisfactory reality, the need to work the affective aspect in the
educational context is indisputable. Thus, the current research is necessary, as
affectivity exerts a great influence on the teaching-learning process, facilitating
the school inclusion of subjects with special needs. For the constitution of this
work, bibliographical research was chosen, seeking theoretical basis from
authors who discuss the topic.

KEYWORDS: Affection. Inclusion. Teaching.

1
Licenciada em Pedagogia. Pós-graduanda pela Faculdade Venda Nova do Imigrante - Faveni, São Paulo.
2022. angelasanje@gmail.com

1
1 INTRODUÇÃO

A afetividade contribui de forma significativa no cotidiano escolar e nas


práticas pedagógicas, ela influencia diretamente no processo ensino-
aprendizagem. A relação interpessoal entre professor e aluno é de suma
importância para o desenvolvimento emocional da criança com deficiência, esta
relação se refletirá em sua aprendizagem e em seu desenvolvimento
educacional. A afetividade estimula e incentiva a sua autoestima e suas
capacidades emocionais facilitando sua aprendizagem e seus relacionamentos
sociais.
Este trabalho pretende discutir sobre a importância da afetividade no
processo de inclusão escolar, buscando analisar o que de fato podemos fazer,
e qual o real envolvimento da escola em prol da inclusão escolar através da
afetividade. Diante dessas questões, surgem algumas perguntas em relação a
escola como espaço para aceitação e valorização do aluno com deficiência no
seu processo educacional. Como trabalhar o aspecto afetivo na aprendizagem
do aluno com necessidades especiais no processo de inclusão? De que
maneira a afetividade pode vir a contribuir na aprendizagem do aluno com
Necessidades especiais no processo inclusivo? De que forma os aspectos
afetivos vêm sendo trabalhados nas escolas? E como os professores encaram
a afetividade no processo de inclusão escolar?
É necessário entender que os aspectos afetivos e cognitivos do ser
humano devem ser encarados de forma indissociáveis. Sabe- se que o aspecto
afetivo pode vir a influenciar diretamente durante o processo educacional, a
afetividade deve ser encarada como uma valiosa contribuição no cotidiano em
sala de aula e nas suas práticas pedagógicas.
A metodologia utilizada foi de caráter bibliográfico, relatando sobre a
afetividade e seu papel no desenvolvimento intelectual do aluno com
deficiência. Tendo a finalidade é adquirir informações e explicações referentes
ao tema escolhido. Nesse aspecto a pesquisa será embasada nos seguintes
autores: MATTOS E CASTANHA (2008); CORRÊA (2008); La Taille
(1992/2005); Wallon, (1968); LEI Nº 9394/96 – LEI DE DIRETRIZES E BASES
DA EDUCAÇÃO NACIONAL.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para que a educação seja inclusiva é necessário que haja novas


relações pedagógicas centradas na valorização da diversidade, nos diferentes
modos de aprender de cada criança. Dessa forma, na efetivação do direito de
todos à educação e o direito à igualdade podem assim, garantir a plena
inclusão social.
Toda pessoa com deficiência tem o direito de estudar em uma escola
regular, cada ser humano é único, e as oportunidades devem ser iguais para
todos.

§3º A oferta da educação especial, dever constitucional do Estado,


tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59 . Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com
necessidades especiais: I – currículos, métodos, técnicas, recursos
educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades.
(BRASIL, Nº 9394/96 )

A Constituição Federal de 1988 articula que a Educação é um direito de


todos e um dever do Estado e da Família, e que a mesma será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício e sua qualificação
para o trabalho. O Artigo 208, garante: “III – atendimento educacional
especializado às pessoas com deficiência, preferencialmente na rede regular
de ensino.” A Constituição Federal de 1988 possibilitou seguridade social,
tornando universal o direito à Saúde e à Assistência Social. A Lei Federal n.
7.853, de 24 de outubro de 1989 é a mais importante das legislações que
tratam os direitos das pessoas com deficiência.

Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração


social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência (Corde53), institui a tutela jurisdicional de
interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do
Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. Art. 1º Ficam
estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos
individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, e sua efetiva
integração social, nos termos desta lei. (p. 85)

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Os direitos das pessoas com deficiência buscam através das leis,
suprimir as desvantagens existentes para os deficientes em diversos aspectos
da sociedade. É indiscutível que uma educação inclusiva deve ser direcionada
para aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores.

2.1 AFETIVIDADE E INCLUSÃO

A afetividade está relacionada a emoção, ao estado de humor,


motivação, sentimento, paixão, atenção e personalidade. Sendo assim, ela
pode ser considerada um conjunto de fenômenos psíquicos que são
experimentados e vivenciados na forma de emoções e de sentimentos.
De acordo com, Wadsworth, 1996, apud Corrêa 2008:

O desenvolvimento afetivo não é independente do desenvolvimento


cognitivo. Assim como o desenvolvimento cognitivo alcança um limite
máximo com a plena consolidação das operações formais, o mesmo ocorre
com o desenvolvimento afetivo (...). O desenvolvimento dos sentimentos
normativos, autonomia e vontade nos estágios das operações concretas
conduzem à construção dos sentimentos idealistas e ao posterior
desenvolvimento da personalidade nas operações formais (...). Ela (a
personalidade) é, em parte, uma submissão do “eu” à disciplina. (p. 37)

Nota- se que a afetividade influência diretamente no comportamento e


no aprendizado dos sujeitos juntamente com o desenvolvimento cognitivo.
Fazendo- se presente em todos os campos da vida, sejam eles, os
sentimentos, desejos, interesses, valores e emoções. Os aspectos afetivos
conseguem motivar o modo com que as pessoas concebem o meio em que
vive e também a forma com que se mostrar-se dentro dele.
Piaget, Wallon e Vygotsky trazem contribuições valiosíssimas acerca da
afetividade e da sua influência no processo de ensino-aprendizagem do sujeito.
Segundo Wallon, (1968) a afetividade está relacionada às várias
manifestações, desde as primeiras expressões de sofrimento e de prazer que o
indivíduo experimenta, como a fome ou a saciedade, até às manifestações
relacionadas ao social, sentimento, paixão, emoção, humor. Dessa forma, a

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afetividade poder ser entendida como domínio das emoções, dos sentimentos,
das experiências, da capacidade de entrar em contato com sensações,
referindo-se às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais
complexas e fundamentalmente humanas.
Piaget apud La Taille (2005) destaca a afetividade como um agente
motivador da atividade cognitiva. Para ele a afetividade e a razão são termos
complementares: “a afetividade seria a energia, o que move a ação, enquanto
a razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar desejos, sentimentos
variados, e obter êxito nas ações. (p. 73)
Para Vygotsky apud La Taille (1992) o desenvolvimento pessoal seria
operado em dois níveis, são eles o desenvolvimento real ou efetivo referente às
conquistas realizadas e o do desenvolvimento potencial ou proximal
relacionado às capacidades a serem construídas.
É possível perceber que a afetividade é uma condição necessária à
constituição da inteligência, sem o afeto não haveria o interesse, nem
motivação, e, portanto, perguntas e problemas nunca seriam colocados e não
existiria o conhecimento.

A motivação, regada pelas relações afetivas com as pessoas e com


o meio – e portanto relacionada à dimensão afetiva do sujeito –, cria
condições prévias de aprendizagem que a influenciam, estabelece
condições para que se garantam a possibilidade de transferência do que foi
aprendido. (CORRÊA,2008, p.14)

A afetividade possui grande relevância no processo ensino


aprendizagem, é através do bom relacionamento entre professor e aluno que
acontece uma aprendizagem significativa. O papel do educador não é apenas
de planejar, ensinar e avaliar, mas formar educando, como cidadãos
conscientes, ativos, inserindo-os na sociedade. O aluno precisa ser respeitado
no contexto escolar, tratado com afeto. A função da escola não se limita
apenas em transmitir conhecimentos, mas também na formação de sujeitos
conscientes e emocionalmente equilibrados.
Segundo CORRÊA 2008,

O desenvolvimento de uma criança é o resultado da interação de


seu corpo com os objetos de seu meio, com as pessoas com quem convive
e com o mundo onde estabelece ligações afetivas e emocionais. Assim,

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podemos perceber que o desenvolvimento da criança está de alguma forma
relacionado ao âmbito afetivo. (p.10)

O desenvolvimento e a aprendizagem da criança especial precisa ser


eficiente e para que isso aconteça é necessário afeto, carinho, autoestima,
compreensão e demais ajudas. O aluno com deficiência precisa está rodeado
de atitudes e de afeto no âmbito escolar, o educando precisa ser acolhido para
que assim, sinta- se parte integrante de todo o processo.

É possível que uma relação de afetividade entre professor/aluno


ajuda o indivíduo portador de necessidades especiais na fase escolar,
a ter mais confiança, superar os limites, ter uma vida social mais
adequada, desta forma, toda experiência positiva no ambiente escolar
leva o aluno a ter vida escolar de sucesso. ( BENEDICTO, 2014,
p.19)

Para que o processo de inclusão seja eficaz há uma grande necessidade


de que se dê a devida importância a afetividade, pois ambas estão intimamente
ligadas. A escola é uma instituição essencial na formação dos indivíduos, tem
como papel contribuir para a aquisição de conhecimentos cognitivos e também
na construção da personalidade, além de proporcionar vínculos afetivos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Vivemos em uma sociedade plural e democrática, todos tem o direito a


igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, as políticas
educacionais precisam está ajustadas com esses pressupostos que orientam a
prática para haja o acesso pleno e as condições de igualdade no sistema de
ensino. Está previsto na legislação o direito da criança com Necessidades
especiais em participar de todo processo de ensino e aprendizagem realizados
pela escola.
É evidente a importância da afetividade nos processos de aprendizagem
das crianças com deficiência, os aspectos afetivos influenciam a cognição,
podendo acelerar ou diminuir o ritmo do desenvolvimento. O desenvolvimento
humano não está regulado somente em aspectos cognitivos, mas
especialmente nos afetivos.

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Para que a inclusão da pessoa com deficiência de fato aconteça a
afetividade é indispensável, a mesma deve ser encarada como um recurso de
motivação para a relação entre aluno e professor, facilitando assim sua
aprendizagem e seu desenvolvimento intelectual e social.
A escola deve oferecer um ambiente favorável à inclusão, não só ter
ciência das muitas diversidades, do que é possível ser desenvolvido, ou o que
o aluno já possui de conhecimento, mas também, reconhecer suas diferenças,
respeitar suas limitações e principalmente ressaltar suas potencialidades,
facilitando assim, todo o seu processo de ensino e a aprendizagem. A
conscientização dos professores sobre a importância que exerce a afetividade
em todo o desenvolvimento do aluno especial é de fundamental estima para o
sucesso no decorrer de sua vida.
É importante destacar a necessidade da conscientização dos
professores sobre a importância que exerce a afetividade em todo o
desenvolvimento do aluno deficiente. Através da pesquisa foi possível perceber
a relação que existe entre a afetividade e a aprendizagem, entendendo assim,
que a dimensão cognitiva e afetiva deve ser encarada de forma indissociáveis
e que a inclusão escolar só é possível através da afetividade.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A afetividade deve ser encarada como mecanismo indispensável na


construção da aprendizagem, uma vez que a mesma é responsável por criar
vínculos imprescindíveis na produção do sabee, e quando essa é aplicada na
educação com criança com necessidades especiais se faz eficiente no
aprendizado significativo. O aspecto afetivo contribui para que ocorra uma
aprendizagem necessária e fundamental ao desenvolvimento educacional,
social, familiar, cognitivo e emocional da criança especial.
Para que a inclusão dos alunos portadores de deficiência seja de fato
uma realidade satisfatória é indiscutível a necessidade e a importância de se
trabalhar o aspecto afetivo no contexto educacional. A afetividade deve ser
tratada de forma especial uma vez que a mesma exerce grande influência no
processo ensino-aprendizagem, facilitando a inclusão escolar do sujeito,

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tornando-os pessoas seguras e capazes de resolver conflitos sejam eles
pessoais ou sociais.
A educação precisa ser significativa, onde o professor sempre
utilize estratégias que são ligadas à afetividade para estimular o
desenvolvimento intelectual e a autonomia dos alunos. O diálogo entre
professor e aluno deve embasar a prática pedagógica, permitindo que o
mesmo desenvolva amplamente seu potencial, assim como, a socialização, a
afetividade, a imaginação e a espontaneidade.

A afetividade é algo que deve estar sempre presente na sala de


aula, mas nem sempre a sua importância é levada em consideração.
Fundamentado na idéia que o ser humano deve ser visto como um todo, é
de suma importância considerar o papel da afetividade no desenvolvimento
psicológico e na formação de conhecimentos cognitivos/afetivos, os
mesmos são inseparáveis, as capacidades cognitivas necessitam da
presença de aspectos afetivos (CORRÊA, 2008).

Algumas dificuldades no processo de ensino e aprendizagem podem


estar relacionadas aos mais diversos tipos de emoções e reações que
interferem na capacidade da construção do conhecimento pelo aluno. Por isso
a necessidade de se levar em consideração os aspectos afetivos como
ferramenta indispensável ao desenvolvimento e a inclusão escolar.
A criança com necessidades especiais deve ser encarada como um ser
intelectual e afetivo, que pensa e sente ao mesmo tempo. A afetividade é parte
complementar do processo de constituição do conhecimento, implica uma outra
visão sobre a prática pedagógica, não restringindo o processo ensino-
aprendizagem apenas à dimensão cognitiva.

5 REFERÊNCIAS

BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.


Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

8
BRASIL, LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
[recurso eletrônico]. – 7. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições
Câmara, 2013. 410 p. – (Série legislação ; n. 76)

BRASIL, LEI Nº 9394/96 – LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO


NACIONAL – 1996

CORRÊA, P. R. A dimensão do ser humano: contribuições a partir de


Piaget. São Carlos, 2008 48f. TCC (Licenciatura em Pedagogia). Universidade
Federal de São Carlos.< disponível em:
http://www.pedagogia.ufscar.br/documentos/arquivos/trabalhos-de-conclusao-
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piaget.> Acesso em: Dezembro de 2017.

LA TAILLE, Y. (Org.) Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em


discussão. São Paulo: Summus, 1992.

LA TAILLE, Y. Desenvolvimento do juízo moral. In: Coleção Memória da


Pedagogia: Jean Piaget. Ed. Ediouro: Rio de Janeiro; Ed. Segmento-Dueto:
São Paulo; (1), 2005. p.76-88.

MATTOS E CASTANHA, André Paulo. A importância da pesquisa escolar


para a construção do conhecimento do aluno no ensino fundamental.
Paraná, 2008. Projeto de intervenção pedagógica apresentado ao PDE da
Secretaria de Educação do Estado do Paraná.< disponível
em:http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/2525-6.pdf >
Acesso em: Dezembro 2017

SERCONEK Giselma Cecília. Influência da afetividade na relação professor


aluno para aprendizagem na educação infantil. Maringá, 2014, TCC,
( Licenciatura em Pedagogia). Universidade Estadual de Maringá – UEM.<
disponível em:

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http://www.dfe.uem.br/TCC-2014/PolianaP_Judite_Benedicto.pdf > acesso em:
Dezembro 2017

WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1968.

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