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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO DE EDUCAÇÃO E HUMANIDADES


Faculdade de Formação de Professores
Departamento de Educação

Aferição de Filosofia e Educação

Docente: Pâmela Esteves


Disciplina: Filosofia da Educação
Valor: 10 pontos.
Entrega: 16/12/22

De cada grupo escolha SOMENTE UMA questão para responder.


Responda à questão obrigatória
Respostas entre 10 e 20 linhas
A aferição deve ser manuscrita e feita à caneta em folha de papel almaço.

Grupo 1 (questões formuladas pelos discentes):

1- Os princípios educacionais sempre tiveram um caráter social onde se forma o homem


para o trabalho, deixando de lado o desenvolvimento do homem como indivíduo. O
tratado rousseauniano busca a formação do homem, Rousseau disse “Saindo de minhas
mãos, ele não será, concordo, nem magistrado, nem soldado, nem padre, será primeiro
um homem.” (Rousseau, 1973, p. 15). Como podemos implementar uma proposta de
ensino rousseauniana, ou seja, mais humano, na nossa sociedade atual e
consequentemente quais seriam os benefícios?

2- Rousseau é considerado um importante teórico contratualista, deixando contribuições


para a continuidade do debate acerca da formação de uma estrutura civil. Levando em
conta essa sentença, como nasce o homem na teoria de Rousseau?"

Grupo 2:

1. Outra coisa não faço senão andar por aí persuadindo-vos, moços e velhos, a não
cuidar aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o mais possível a alma,
dizendo-vos que dos haveres não vem a virtude para os homens, mas das virtudes vêm
os haveres e todos os outros bens particulares e públicos. Se com esses discursos
corrompo a mocidade, seriam nocivos esses preceitos; se alguém afirmar que digo
outras coisas e não essas, mente. Por tudo isso, atenienses, diria eu, quer atendais a
Ânito, quer não, quer me dispenseis, quer não, não hei de fazer outra coisa, ainda que
tenha de morrer muitas vezes.

(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São
Paulo: Victor Civita, 1972, p. 21.)
Com base no texto acima, responda: em que consiste a tarefa de Sócrates? Ele está
disposto a abandonar essa tarefa? Se está disposto ou não, como isso se evidencia no
texto? Sob que condição os preceitos que Sócrates prega seriam nocivos?

2. O vínculo entre o espaço da cidade e suas instituições aparece ainda muito


claramente em Platão e Aristóteles. [...] É este centro que é agora valorizado; a salvação
da polis repousa sobre os que se chamam hoi mesoi, (o centro) porque, estando à igual
distância dos extremos, constituem um ponto fixo para equilibrar a cidade. Com relação
a este centro, os indivíduos e os grupos ocupam todos posições simétricas. A ágora, que
realiza sobre o terreno essa ordenação espacial, forma o centro de um espaço público
comum. Todos os que nele penetram se definem, por isso mesmo, como iguais, como
isoi.

VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Trad. Isís Borges B. da


Fonseca. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1990, p. 90. (Adaptado)

a) Explique qual é a relação entre o surgimento da polis e o da Filosofia.


b) Explique qual é a relação entre a filosofia de Sócrates e a ágora.

Questão obrigatória:

Explique de que maneira a Filosofia de Maquiavel pode contribuir para uma concepção
de educação fundamentada na autoridade docente:
1. Do ponto de vista formal, atualmente todos os alunos podem visar à excelência, na medida em que
todos podem, em princípio, entrar nas áreas de maior prestígio, desde que autorizados por seus
resultados escolares. A escola é gratuita, os exames são objetivos e todos podem tentar a sorte. O
quadro formal da igualdade de oportunidades e do mérito foi globalmente instalado em grande número
de países.

DUBET, F. O que é uma escola justa? Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 123, p. 539-55, 2004
(adaptado).

A escola legitima, pela via da apreciação do mérito pessoal dos alunos, as diferenças e desigualdades
entre indivíduos, transformando-as em um escalonamento dos rendimentos escolares. Assim, legitima-
se como instituição que oferece oportunidades para todos, ainda que não ofereça a todos a mesma
coisa.

SACRISTAN, J. G. A educação obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre: Artes Médicas,
2001 (adaptado).

Considerando-se o contexto meritocrático exposto pelos autores, estimulado pela ampla utilização das
avaliações externas como instrumentos de quantificação da qualidade da educação, cabe ao professor,
no exercício da sua profissão, propor alternativas que visem garantir a igualdade de oportunidades para
todos os alunos.

Nesse contexto, avalie as afirmações a seguir.

I. Sendo a escola uma instituição pública e as avaliações externas padronizadas, cabe ao professor
preparar seus estudantes para que alcancem bom desempenho nos exames e obtenham os melhores
índices possíveis a fim de conseguir acesso às áreas de maior prestígio.
II. É importante atuar com responsabilidade na formação e preparação dos estudantes para as
avaliações e fortalecer seus méritos pessoais, o que exige focalizar a Língua Portuguesa e a
Matemática como prática eficiente na melhoria do rendimento escolar.
III. Participar de ações colaborativas na escola, a partir de um planejamento coletivo em que se utilizem
os índices obtidos em avaliações externas como mais um elemento de análise da realidade escolar,
sem desconsiderar a realidade de cada aluno, é uma prática que contribui para a formação não só do
estudante, mas também do profissional.
IV. De posse dos resultados das avaliações externas, o docente deve embasar-se nos fundamentos da
pesquisa educacional, para identificar avanços e problemas pelos quais passa a escola e, a partir
desse diagnóstico, propor ações para melhorar o processo educativo.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

2. A identidade e o papel docente têm-se alterado ao longo dos anos. O entimema que concebe o
professor como aquele ser que seduz, que encanta pelo conhecimento, tem ficado apenas na memória
dos professores. Na Idade Média, o entimema que se consolidou foi o do professor sacerdote, que
professava uma fé. Na Idade Moderna, o entimema identificava o professor como aquele que tinha o
poder de interferir na mobilidade social de seus alunos e era capaz de possibilitar ascensão para aqueles
que se dispunham a dedicar-se ao trabalho acadêmico. Na Idade Mídia, o papel do professor está
subsumido de valor e, na grande maioria das vezes, o professor aparece retratado de forma
caricaturada. O fracasso dos al unos é estampado nos meios de comunicação e aponta que os
professores não conseguem cumprir o seu papel social.

Disponível em: <http://33reuniao.anped.org.br>. Acesso em: 21 jun. 2017 (adaptado).

Com base no texto, avalie as afirmações a seguir.

l. O trabalho do professor foi modificado ao longo da história, bem como seu status profissional.
II. Na Idade Média predominou a laicidade do magistério.
III. O trabalho do professor na Idade Moderna foi marcado pelo entimema da doação ao outro, visando
à salvação dos alunos.
IV. O trabalho do professor na Idade Mídia é pautado na inserção das tecnologias e nas relações da
sociedade.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.

3. O debate sociológico acerca das novas relações de trabalho e consumo no capitalismo


contemporâneo se intensificou desde a segunda metade do século XX, especialmente a partir de um
novo modelo de acumulação, marcado pela "flexibilização dos processos produtivos". Como aponta
David Harvey a este respeito, a acumulação flexível "é marcada por um confronto direto com a rigidez
do fordismo. Ela se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos
produtos e dos padrões de consumo". E, ainda, "mais importante do que isso é a aparente redução do
emprego regular, em favor do crescente uso do trabalho em tempo parcial, temporário ou
subcontratado".

HARVEY, D. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 1992, p. 140-143 (adaptado).

De acordo com a perspectiva acima, o processo de acumulação flexível

I. gerou trabalho cada vez mais especializado, responsável pelo aumento da racionalidade do processo
produtivo.
II. pode ser considerado uma expansão do princípio fordista de produção.
III. aumentou a precarização das relações de trabalho no capitalismo contemporâneo.
IV. implica crescente heterogeneidade dos mercados de trabalho e dos padrões de consumo.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

4. Boaventura de Souza Santos, sociólogo português, evidenciou três diferentes globalizações


presentes no mundo atual: a hegemônica, a contra-hegemônica e a político-religiosa. Para ele, o contato
entre essas globalizações causa grandes questões acerca da garantia universal dos Direitos Humanos.
São exemplos da guerra entre essas formas diferentes e quase incomunicáveis de se pensar sobre a
dignidade humana o atentado ao World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, em 11 de setembro de
2001, e a resposta ofensiva norte-americana a alguns países do Oriente Médio. Outro exemplo mais
atual foi a intensificação do conflito entre Israel e Palestina, em julho de 2014. Na força geradora desses
grandes conflitos, está a divergência de pensamento sobre o conceito de dignidade humana entre os
diferentes povos, sendo a religião peça fundamental para a discussão.

Com base no pensamento de Boaventura a respeito das questões geradas na zona de contato entre as
globalizações rivais, avalie as afirmações a seguir.

I. Há turbulência política, cultural e ideológica que repercute nos Direitos Humanos na zona de contato
entre as três globalizações.
II. Por ser universalmente aceito o conceito de dignidade humana, não existem grandes barreiras para a
implantação dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
III. Os princípios preconizados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos não são capazes de
resolver as injustiças que se manifestam no contato entre as diferentes globalizações.

É correto o que se afirma em


a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) I e III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.

5. A "desnaturalização das concepções ou explicações dos fenômenos sociais" e o "estranhamento" dos


fenômenos que aparecem como "ordinários, triviais, corriqueiros, normais" são duas importantes
contribuições da disciplina Sociologia ao estudante de Ensino Médio.
BRASIL. Ministério da Educação. Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 2006
(adaptado).

Assinale a opção que apresenta prática pedagógica capaz de provocar os processos de estranhamento e
desnaturalização nos alunos do Ensino Médio, tal como previsto nas Orientações Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio.
a) Debate sobre os fenômenos da vida cotidiana que parecem estranhos, associado à tentativa de
identificação da natureza social dos fatos.
b) Interrogação e problematização de situações e fenômenos da experiência cotidiana, associadas à
tentativa de identificação da presença da ação humana.
c) Passeio dos alunos pelas ruas do próprio bairro, para observarem pessoas, edificações, situações e
eventos, como se fossem desconhecidos, mas, ao mesmo tempo, naturais.
d) Leitura de autores clássicos das Ciências Sociais que tratam do estranhamento e da desnaturalização,
como Malinowski, para posterior apresentação de seminários em sala de aula.
e) Simulação, em sala de aula, de uma situação corriqueira, de forma a serem identificados os fatores
estranhos que poderiam explicá-la e contribuiriam para o desenvolvimento de um olhar sociológico.

6. Fora de Foco

Uma jornalista baiana passou pelo que classificou como “enorme constrangimento” ao tirar a foto para
renovar o passaporte, em Salvador: agentes da Polícia Federal pediram que ela prendesse o cabelo
estilo black power, pois o sistema não aceitava a imagem gerada. "Eu gosto do meu cabelo e, naquela
foto, fiquei terrível", disse. A jornalista descarta ter recebido qualquer tratamento racista dos
funcionários do local, mas reclamou no Facebook: "Essas coisas podem não ser intencionais, mas tudo,
no fundo, tem um padrão que desvaloriza a estética que foge do convencional." O delegado, chefe do
setor, explicou que um cabelo de proporções maiores diminui o rosto do fotografado, e foi isso que o
sistema impediu. “A gente concorda com ela que isso é inadmissível. O caso já foi passado para nossa
sede em Brasília, para sabermos que medidas podem ser adotadas”, afirmou.

Diários Associados. Estado de Minas, 18 jul. 2014 (adaptado).


A notícia publicada no jornal abre um leque de possibilidades para o professor abordar o tema da
diversidade cultural, por meio de práticas educativas que contemplem as questões históricas e suas
implicações na vida cotidiana. Nessa perspectiva, avalie as afirmações a seguir.

I. A temática diversidade cultural é parte do currículo de História do Brasil, conforme preconiza a Lei n.º
9.394/1996 (LDB), e, por estar relacionada a aspectos referentes à identidade nacional, portanto, a
abordagem das temáticas correlatas deve restringir-se ao âmbito da referida disciplina.
II. A abordagem disciplinar da diversidade cultural deve ser priorizada, buscando-se associações com
conhecimentos não constantes do programa da disciplina.
III. A diversidade cultural é tema a ser abordado na perspectiva da transversalidade, o que possibilita
colocar em prática a relação entre as áreas dos conhecimentos em sua aplicabilidade
transformadora dos fenômenos sociais e naturais.
IV. A principal característica do trabalho com temas transversais é a condição de estabelecimento de
relações entre disciplinas e teoria e prática; sujeito e sua produção de conhecimento; conhecimento
trabalhado em sala de aula e conhecimentos não constantes dos programas escolares.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e II.
b) I e III.
c) III e IV.
d) I, II e IV.
e) II, III e IV.

7. Da visão dos direitos humanos e do conceito de cidadania fundamentado no reconhecimento das


diferenças e na participação dos sujeitos, decorre uma identificação dos mecanismos e processos de
hierarquização que operam na regulação e produção de desigualdades. Essa problematização explicita
os processos normativos de distinção dos alunos em razão de características intelectuais, físicas,
culturais, sociais e linguísticas, estruturantes do modelo tradicional de educação escolar.

BRASIL, MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008, p. 6
(adaptado).

As questões suscitadas no texto ratificam a necessidade de novas posturas docentes, de modo a atender
a diversidade humana presente na escola. Nesse sentido, no que diz respeito a seu fazer docente frente
aos alunos, o professor deve

I. desenvolver atividades que valorizem o conhecimento historicamente elaborado pela humanidade e


aplicar avaliações criteriosas com o fim de aferir, em conceitos ou notas, o desempenho dos alunos.
II. instigar ou compartilhar as informações e a busca pelo conhecimento de forma coletiva, por meio de
relações respeitosas acerca dos diversos posicionamentos dos alunos, promovendo o acesso às
inovações tecnológicas.
III. planejar ações pedagógicas extraescolares, visando ao convívio com a diversidade; selecionar e
organizar os grupos, a fim de evitar conflitos.
IV. realizar práticas avaliativas que evidenciem as habilidades e competências dos alunos, instigando
esforços individuais para que cada um possa melhorar o desempenho escolar.
V. utilizar recursos didáticos diversificados, que busquem atender a necessidade de todos e de cada um
dos alunos, valorizando o respeito individual e coletivo.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e III.
b) II e V.
c) II, III e IV.
d) I, II, IV e V.
e) I, III, IV e V.
8. O conceito de habitus, desenvolvido por Pierre Bourdieu, constituiu-se como a chave-mestra de sua
sociologia. De modo geral, o habitus refere-se a um sistema de disposições duráveis adquiridos pelo
indivíduo no curso de seu processo de socialização. Apresenta-se como um produto das condições
sociais passadas e como princípio gerador das práticas e das representações, permitindo ao indivíduo
construir as estratégias antecipadoras. Segundo Bourdieu, essa noção contribui para a superação da
oposição entre os pontos de vista objetivista e subjetivista, entre as forças exteriores da estrutura social
e as forças interiores resultantes das decisões livres dos indivíduos.

FERREOL, G. Dictionnaire de Sociologie. Paris: Armand Colin, 1991. (com adaptações)

Considerando o texto acima, analise as afirmações a seguir.

I. O termo habitus, adotado para marcar a diferença com conceitos correntes, tais como hábito,
costume, praxe e tradição, faz a mediação entre a função e a ordem.
II. A instituição escolar tem por função produzir indivíduos dotados de sistema de esquemas
inconscientes que constituem sua cultura, ou melhor, o seu habitus, com potencial para transformar
a sua herança coletiva em inconsciente individual e comum.
III. Nas sociedades onde inexiste a escola, a função de inculcação do habitus é garantida pelas formas
primitivas de classificação (bem/mal, bonito/feio, bom/mau), constituídas pelos mitos e pelos ritos.
IV. O habitus, como capacidade de engendrar as novas práticas, funciona como uma gramática geradora
da conduta, ou seja, como um sistema de esquemas interiorizados que permitem engendrar todos
os pensamentos, as percepções e as ações características de uma cultura.
V. O habitus é totalmente dependente, pois reside entre o inconsciente-condicionado e o intencional
calculado.

É correto apenas o que se afirma em


a) I, II, e V.
b) I, III e IV.
c) I, IV e V.
d) II, III e IV.
e) II, IV e V.

9.
GOSTOS E PRÁTICAS CULTURAIS POR CLASSE SOCIAL (%)

QUE TIPO DE CULINÁRIA


ONDE OS MÓVEIS SÃO COMPRADOS O TIPO DE ROUPA
PREFERE

chique e estiloso
de acordo com a

original, exótica
departamentos

casas de leilões

custo benefício

comida caseira

simples e bem
personalidade
especializadas

apresentada
lojas de

lojas
classes
38 24 4 1 4 44 28 3 23 35 1 9
populares

classes
19 33 9 6 9 25 39 12 17 35 8 9
médias

classes
11 31 18 18 44 17 36 17 17 26 11 12
superiores

CODATO, A.; LEITE, F. Classe Social. In: ALMEIDA, H.B.; SZWAKO, J. (Orgs.). Diferenças, igualdade. São
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 50. (Tabela Adaptada e resumida a partir da obra de Pierre
Bourdieu).

Pierre Bourdieu analisou, em sua obra A Distinção, a manifestação do gosto dos indivíduos conforme
suas posições na estratificação da sociedade francesa. A tabela acima resume uma parte dos achados da
pesquisa de Bourdieu.

Considerando a tabela apresentada e as ideias de Bourdieu acerca do gosto dos indivíduos, analise as
afirmações abaixo.

I. As opções de gosto não variam em relação às classes, o que se explica pelo habitus, ou seja, as
preferências fazem parte das disposições incorporadas socialmente.
II. As preferências variam de acordo com a posição dos indivíduos na estratificação social, o que reflete a
ação do capital simbólico, que homogeneíza a sociedade ao instituir padrões massificados de
consumo.
III. As opções de gosto variam em relação às classes, já que o consumo dos bens envolve mecanismos de
distinção e disputas pela legitimidade intra e entre as classes.
IV. As preferências variam conforme o posicionamento de classe, pois envolvem habitus diferenciados e
lutas simbólicas que unem ou distanciam agentes conforme seus estilos de vida.

É correto apenas o que se afirma em


a) I e II.
b) I e III.
c) II e III.
d) II e IV.
e) III e IV.

10. A cultura legítima, referendada pelos exames e diplomas, vem a ser aquela pertencente às classes
privilegiadas. Logo, para os filhos de camponeses, de operários, de empregados ou de pequenos
comerciantes, a cultura escolar é aculturação.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris: Minuit, 1964, p. 37 (com
adaptações).
No fragmento acima, Bourdieu e Passeron
a) ressaltam a centralidade e importância da cultura na sociedade contemporânea.
b) utilizam o conceito de aculturação como sinônimo do conceito de socialização.
c) enfatizam a importância da instituição escolar, que, com seus exames e diplomas, contribui para a
manutenção da cultura.
d) apontam para o fato de que a cultura legítima de uma sociedade é aquela que tem origem nas classes
populares, especialmente entre os não escolarizados.
e) sinalizam que, em uma mesma sociedade, existem diversas culturas, que são desigualmente
valoradas em função dos recortes de classe social.

11. Não há uma forma única, nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela
acontece e talvez nem seja o melhor. O ensino escolar não é sua única prática e o professor profissional
não é seu único praticante.
BRANDÃO, C. R. O que é educação. 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 9.

A afirmativa de Brandão reproduzida acima propõe uma nova dimensão educativa, pois
a) articula, na figura do professor profissional, o centro de toda a ação pedagógica.
b) tira da escola o peso da responsabilidade da educação, ao dividir esta com outros setores sociais.
c) propõe uma educação aberta, diversificada, participativa e que acontece em múltiplos espaços, entre
os quais se inclui a escola.
d) busca uma educação escolar de excelência, preocupada em atender a um público-alvo específico.
e) abre possibilidades para que a educação formal aconteça em ambientes não formais, aumentando o
número de vagas disponíveis na escola.

12. A relação entre educação escolar e desigualdade social vem sendo estudada pela Sociologia há mais
de um século. Diferentes autores e diversas correntes de pensamento explicam os complexos
mecanismos dessa relação. Mesmo considerando as grandes diferenças existentes entre países e
épocas, a escolarização progressiva da população
a) vem acompanhada de um aumento das exigências educacionais do mercado de trabalho.
b) garante empregabilidade compatível com o nível de instrução.
c) proporciona acesso ao mercado de trabalho devido à diminuição da competitividade.
d) está relacionada às crises econômicas e favorece o desemprego.
e) gera equanimidade entre segmentos sociais e diminuição de conflitos culturais.

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