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Grupo 2:
1. Outra coisa não faço senão andar por aí persuadindo-vos, moços e velhos, a não
cuidar aferradamente do corpo e das riquezas, como de melhorar o mais possível a alma,
dizendo-vos que dos haveres não vem a virtude para os homens, mas das virtudes vêm
os haveres e todos os outros bens particulares e públicos. Se com esses discursos
corrompo a mocidade, seriam nocivos esses preceitos; se alguém afirmar que digo
outras coisas e não essas, mente. Por tudo isso, atenienses, diria eu, quer atendais a
Ânito, quer não, quer me dispenseis, quer não, não hei de fazer outra coisa, ainda que
tenha de morrer muitas vezes.
(PLATÃO. Defesa de Sócrates. Trad. Jaime Bruna. Coleção Os Pensadores. Vol. II. São
Paulo: Victor Civita, 1972, p. 21.)
Com base no texto acima, responda: em que consiste a tarefa de Sócrates? Ele está
disposto a abandonar essa tarefa? Se está disposto ou não, como isso se evidencia no
texto? Sob que condição os preceitos que Sócrates prega seriam nocivos?
Questão obrigatória:
Explique de que maneira a Filosofia de Maquiavel pode contribuir para uma concepção
de educação fundamentada na autoridade docente:
1. Do ponto de vista formal, atualmente todos os alunos podem visar à excelência, na medida em que
todos podem, em princípio, entrar nas áreas de maior prestígio, desde que autorizados por seus
resultados escolares. A escola é gratuita, os exames são objetivos e todos podem tentar a sorte. O
quadro formal da igualdade de oportunidades e do mérito foi globalmente instalado em grande número
de países.
DUBET, F. O que é uma escola justa? Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 34, n. 123, p. 539-55, 2004
(adaptado).
A escola legitima, pela via da apreciação do mérito pessoal dos alunos, as diferenças e desigualdades
entre indivíduos, transformando-as em um escalonamento dos rendimentos escolares. Assim, legitima-
se como instituição que oferece oportunidades para todos, ainda que não ofereça a todos a mesma
coisa.
SACRISTAN, J. G. A educação obrigatória: seu sentido educativo e social. Porto Alegre: Artes Médicas,
2001 (adaptado).
Considerando-se o contexto meritocrático exposto pelos autores, estimulado pela ampla utilização das
avaliações externas como instrumentos de quantificação da qualidade da educação, cabe ao professor,
no exercício da sua profissão, propor alternativas que visem garantir a igualdade de oportunidades para
todos os alunos.
I. Sendo a escola uma instituição pública e as avaliações externas padronizadas, cabe ao professor
preparar seus estudantes para que alcancem bom desempenho nos exames e obtenham os melhores
índices possíveis a fim de conseguir acesso às áreas de maior prestígio.
II. É importante atuar com responsabilidade na formação e preparação dos estudantes para as
avaliações e fortalecer seus méritos pessoais, o que exige focalizar a Língua Portuguesa e a
Matemática como prática eficiente na melhoria do rendimento escolar.
III. Participar de ações colaborativas na escola, a partir de um planejamento coletivo em que se utilizem
os índices obtidos em avaliações externas como mais um elemento de análise da realidade escolar,
sem desconsiderar a realidade de cada aluno, é uma prática que contribui para a formação não só do
estudante, mas também do profissional.
IV. De posse dos resultados das avaliações externas, o docente deve embasar-se nos fundamentos da
pesquisa educacional, para identificar avanços e problemas pelos quais passa a escola e, a partir
desse diagnóstico, propor ações para melhorar o processo educativo.
2. A identidade e o papel docente têm-se alterado ao longo dos anos. O entimema que concebe o
professor como aquele ser que seduz, que encanta pelo conhecimento, tem ficado apenas na memória
dos professores. Na Idade Média, o entimema que se consolidou foi o do professor sacerdote, que
professava uma fé. Na Idade Moderna, o entimema identificava o professor como aquele que tinha o
poder de interferir na mobilidade social de seus alunos e era capaz de possibilitar ascensão para aqueles
que se dispunham a dedicar-se ao trabalho acadêmico. Na Idade Mídia, o papel do professor está
subsumido de valor e, na grande maioria das vezes, o professor aparece retratado de forma
caricaturada. O fracasso dos al unos é estampado nos meios de comunicação e aponta que os
professores não conseguem cumprir o seu papel social.
l. O trabalho do professor foi modificado ao longo da história, bem como seu status profissional.
II. Na Idade Média predominou a laicidade do magistério.
III. O trabalho do professor na Idade Moderna foi marcado pelo entimema da doação ao outro, visando
à salvação dos alunos.
IV. O trabalho do professor na Idade Mídia é pautado na inserção das tecnologias e nas relações da
sociedade.
I. gerou trabalho cada vez mais especializado, responsável pelo aumento da racionalidade do processo
produtivo.
II. pode ser considerado uma expansão do princípio fordista de produção.
III. aumentou a precarização das relações de trabalho no capitalismo contemporâneo.
IV. implica crescente heterogeneidade dos mercados de trabalho e dos padrões de consumo.
Com base no pensamento de Boaventura a respeito das questões geradas na zona de contato entre as
globalizações rivais, avalie as afirmações a seguir.
I. Há turbulência política, cultural e ideológica que repercute nos Direitos Humanos na zona de contato
entre as três globalizações.
II. Por ser universalmente aceito o conceito de dignidade humana, não existem grandes barreiras para a
implantação dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
III. Os princípios preconizados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos não são capazes de
resolver as injustiças que se manifestam no contato entre as diferentes globalizações.
Assinale a opção que apresenta prática pedagógica capaz de provocar os processos de estranhamento e
desnaturalização nos alunos do Ensino Médio, tal como previsto nas Orientações Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio.
a) Debate sobre os fenômenos da vida cotidiana que parecem estranhos, associado à tentativa de
identificação da natureza social dos fatos.
b) Interrogação e problematização de situações e fenômenos da experiência cotidiana, associadas à
tentativa de identificação da presença da ação humana.
c) Passeio dos alunos pelas ruas do próprio bairro, para observarem pessoas, edificações, situações e
eventos, como se fossem desconhecidos, mas, ao mesmo tempo, naturais.
d) Leitura de autores clássicos das Ciências Sociais que tratam do estranhamento e da desnaturalização,
como Malinowski, para posterior apresentação de seminários em sala de aula.
e) Simulação, em sala de aula, de uma situação corriqueira, de forma a serem identificados os fatores
estranhos que poderiam explicá-la e contribuiriam para o desenvolvimento de um olhar sociológico.
6. Fora de Foco
Uma jornalista baiana passou pelo que classificou como “enorme constrangimento” ao tirar a foto para
renovar o passaporte, em Salvador: agentes da Polícia Federal pediram que ela prendesse o cabelo
estilo black power, pois o sistema não aceitava a imagem gerada. "Eu gosto do meu cabelo e, naquela
foto, fiquei terrível", disse. A jornalista descarta ter recebido qualquer tratamento racista dos
funcionários do local, mas reclamou no Facebook: "Essas coisas podem não ser intencionais, mas tudo,
no fundo, tem um padrão que desvaloriza a estética que foge do convencional." O delegado, chefe do
setor, explicou que um cabelo de proporções maiores diminui o rosto do fotografado, e foi isso que o
sistema impediu. “A gente concorda com ela que isso é inadmissível. O caso já foi passado para nossa
sede em Brasília, para sabermos que medidas podem ser adotadas”, afirmou.
I. A temática diversidade cultural é parte do currículo de História do Brasil, conforme preconiza a Lei n.º
9.394/1996 (LDB), e, por estar relacionada a aspectos referentes à identidade nacional, portanto, a
abordagem das temáticas correlatas deve restringir-se ao âmbito da referida disciplina.
II. A abordagem disciplinar da diversidade cultural deve ser priorizada, buscando-se associações com
conhecimentos não constantes do programa da disciplina.
III. A diversidade cultural é tema a ser abordado na perspectiva da transversalidade, o que possibilita
colocar em prática a relação entre as áreas dos conhecimentos em sua aplicabilidade
transformadora dos fenômenos sociais e naturais.
IV. A principal característica do trabalho com temas transversais é a condição de estabelecimento de
relações entre disciplinas e teoria e prática; sujeito e sua produção de conhecimento; conhecimento
trabalhado em sala de aula e conhecimentos não constantes dos programas escolares.
BRASIL, MEC. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, 2008, p. 6
(adaptado).
As questões suscitadas no texto ratificam a necessidade de novas posturas docentes, de modo a atender
a diversidade humana presente na escola. Nesse sentido, no que diz respeito a seu fazer docente frente
aos alunos, o professor deve
I. O termo habitus, adotado para marcar a diferença com conceitos correntes, tais como hábito,
costume, praxe e tradição, faz a mediação entre a função e a ordem.
II. A instituição escolar tem por função produzir indivíduos dotados de sistema de esquemas
inconscientes que constituem sua cultura, ou melhor, o seu habitus, com potencial para transformar
a sua herança coletiva em inconsciente individual e comum.
III. Nas sociedades onde inexiste a escola, a função de inculcação do habitus é garantida pelas formas
primitivas de classificação (bem/mal, bonito/feio, bom/mau), constituídas pelos mitos e pelos ritos.
IV. O habitus, como capacidade de engendrar as novas práticas, funciona como uma gramática geradora
da conduta, ou seja, como um sistema de esquemas interiorizados que permitem engendrar todos
os pensamentos, as percepções e as ações características de uma cultura.
V. O habitus é totalmente dependente, pois reside entre o inconsciente-condicionado e o intencional
calculado.
9.
GOSTOS E PRÁTICAS CULTURAIS POR CLASSE SOCIAL (%)
chique e estiloso
de acordo com a
original, exótica
departamentos
casas de leilões
custo benefício
comida caseira
simples e bem
personalidade
especializadas
apresentada
lojas de
lojas
classes
38 24 4 1 4 44 28 3 23 35 1 9
populares
classes
19 33 9 6 9 25 39 12 17 35 8 9
médias
classes
11 31 18 18 44 17 36 17 17 26 11 12
superiores
CODATO, A.; LEITE, F. Classe Social. In: ALMEIDA, H.B.; SZWAKO, J. (Orgs.). Diferenças, igualdade. São
Paulo: Berlendis & Vertecchia, 2009. p. 50. (Tabela Adaptada e resumida a partir da obra de Pierre
Bourdieu).
Pierre Bourdieu analisou, em sua obra A Distinção, a manifestação do gosto dos indivíduos conforme
suas posições na estratificação da sociedade francesa. A tabela acima resume uma parte dos achados da
pesquisa de Bourdieu.
Considerando a tabela apresentada e as ideias de Bourdieu acerca do gosto dos indivíduos, analise as
afirmações abaixo.
I. As opções de gosto não variam em relação às classes, o que se explica pelo habitus, ou seja, as
preferências fazem parte das disposições incorporadas socialmente.
II. As preferências variam de acordo com a posição dos indivíduos na estratificação social, o que reflete a
ação do capital simbólico, que homogeneíza a sociedade ao instituir padrões massificados de
consumo.
III. As opções de gosto variam em relação às classes, já que o consumo dos bens envolve mecanismos de
distinção e disputas pela legitimidade intra e entre as classes.
IV. As preferências variam conforme o posicionamento de classe, pois envolvem habitus diferenciados e
lutas simbólicas que unem ou distanciam agentes conforme seus estilos de vida.
10. A cultura legítima, referendada pelos exames e diplomas, vem a ser aquela pertencente às classes
privilegiadas. Logo, para os filhos de camponeses, de operários, de empregados ou de pequenos
comerciantes, a cultura escolar é aculturação.
BOURDIEU, P.; PASSERON, J. Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris: Minuit, 1964, p. 37 (com
adaptações).
No fragmento acima, Bourdieu e Passeron
a) ressaltam a centralidade e importância da cultura na sociedade contemporânea.
b) utilizam o conceito de aculturação como sinônimo do conceito de socialização.
c) enfatizam a importância da instituição escolar, que, com seus exames e diplomas, contribui para a
manutenção da cultura.
d) apontam para o fato de que a cultura legítima de uma sociedade é aquela que tem origem nas classes
populares, especialmente entre os não escolarizados.
e) sinalizam que, em uma mesma sociedade, existem diversas culturas, que são desigualmente
valoradas em função dos recortes de classe social.
11. Não há uma forma única, nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela
acontece e talvez nem seja o melhor. O ensino escolar não é sua única prática e o professor profissional
não é seu único praticante.
BRANDÃO, C. R. O que é educação. 33. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995, p. 9.
A afirmativa de Brandão reproduzida acima propõe uma nova dimensão educativa, pois
a) articula, na figura do professor profissional, o centro de toda a ação pedagógica.
b) tira da escola o peso da responsabilidade da educação, ao dividir esta com outros setores sociais.
c) propõe uma educação aberta, diversificada, participativa e que acontece em múltiplos espaços, entre
os quais se inclui a escola.
d) busca uma educação escolar de excelência, preocupada em atender a um público-alvo específico.
e) abre possibilidades para que a educação formal aconteça em ambientes não formais, aumentando o
número de vagas disponíveis na escola.
12. A relação entre educação escolar e desigualdade social vem sendo estudada pela Sociologia há mais
de um século. Diferentes autores e diversas correntes de pensamento explicam os complexos
mecanismos dessa relação. Mesmo considerando as grandes diferenças existentes entre países e
épocas, a escolarização progressiva da população
a) vem acompanhada de um aumento das exigências educacionais do mercado de trabalho.
b) garante empregabilidade compatível com o nível de instrução.
c) proporciona acesso ao mercado de trabalho devido à diminuição da competitividade.
d) está relacionada às crises econômicas e favorece o desemprego.
e) gera equanimidade entre segmentos sociais e diminuição de conflitos culturais.