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AO JUIZO DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO TAL

NOME DO ADVOGADO, brasileiro, estado civil, Advogado, inscrito na OAB/UF,


sob o número 000000000, domiciliado nesta cidade, vem, respeitosamente,
perante V. Exa., com fulcro no art. 5º, LXVII da Constituição da República e
647 do CPP, impetrar a presente ordem de

HABEAS CORPUS COM PEDIDO LIMINAR

Em favor NOME DO CLIENTE, brasileiro, estado civil, profissão, CPF nº


00000000000000, RG nº 00000000000 SSP UF, Rua TAL, nº 000, Loteamento
TAL, Ap. 00, Qd. TAL, Lote 00, Bairro, Cidade-UF, CEP: 00000000000, contra
ato de constrangimento ilegal praticado pelo MM. Juiz de Direito da 00° Vara
Criminal da Comarca de Cidade-UF, no Processo Criminal n° 000000000000,
pelos seguintes fatos e fundamentos:

DOS FATOS

O paciente foi preso no dia TAL em flagrante delito por suposta prática de
crime de tráfico de drogas, Art. 33 Caput da Lei de Drogas.

Conforme já informado, em petição retro, e em audiência de custódia, o Sr.


Beltrano de TAL saiu na porta de casa para encontrar a amiga, e, para sua
surpresa não era sua amiga, e, sim, policiais disfarçados em um carro branco.
A Polícia, em decorrência de “suposta investigação”, efetuou o recolhimento do
Sr. Fulano de TAL, da Srta. Beltrana de TAL e do Sr. Cicrano de TAL,
supostamente pelo delito de tráfico de entorpecentes, todavia, segundo o
elucidado, a Polícia supostamente ofereceu à estes a chance de serem liberados
caso apontassem algum traficante.

Segundo relatos, foram liberados o Sr. Fulano de TAL (supostamente não havia
nenhum envolvimento) e a Srta. Fulana de TAL (em troca de uma negociação),
e mantido o Sr. Cicrano de TAL (por um curto período), liberado
posteriormente, no mesmo dia.

Inicialmente, ficou confuso o motivo da ligação telefônica (via WhatsApp) da


Srta. Fulana de TAL para o Sr. Beltrano de TAL, todavia, fora descoberto que
esta não entrou em contato de forma voluntária com o Sr. Fulano de TAL, suas
mensagens e pedidos foram coagidos pela atuação dos policiais presentes,
razão pela qual a Srta. Beltrana de TAL não se encontrava no momento da
abordagem (no carro TAL, conforme imagens em anexo).

Pelo decorrer dos fatos, percebe-se a situação de flagrante preparado, e


realizado com uso de coação sobre a Srta. Fulana de TAL (documentação em
anexo), para provocar a saída do Sr. Beltrano de TAL sua residência em período
noturno.

É importante observar, que a polícia não realizou qualquer expediente sobre as


três pessoas acima mencionadas, mas tão somente contra o Sr. Fulano de TAL,
que é usuário, pobre, e não oferece risco.

Desta forma, insurgem os seguintes questionamentos: Por qual motivo estas


três pessoas foram recolhidas até a delegacia? Por qual motivo foram
liberadas? Portavam substâncias entorpecentes? Onde estas
substâncias foram parar se não foram lavrados os respectivos termos
de apreensão?
Assim, ante a falta dos devidos expedientes, que demonstrariam o que levou à
abordagem do Sr. Fulano de TAL, restam os seguintes questionamentos:

Porque abordaram o réu? Onde abordaram o réu? Como avistaram o


réu? Que situação caracterizou o Sr. Fulano de TAL como pessoa
suspeita? Porque preparar um flagrante para o Sr. Fulano de TAL?

Na falta das respostas à estas perguntas, percebe-se que a defesa aponta nos
fatos aquilo que propositadamente fora suprimido dos autos pela polícia. A
ausência destes elementos, que responderiam os questionamentos levantados
pela defesa, é, exatamente, o que impede que os eventos, que levaram à
prisão do réu, sigam uma sequência lógica.

A defesa preenche lacunas, deixadas de maneira proposital (pela polícia),


conforme demonstrado em petição (às folhas n° 00-00), revelando os fatos
omitidos em depoimentos às folhas 00-00 e 00-00.

Diante de todo exposto, conclui-se que por algum motivo a polícia intimidou a
Sra. Fulana de TAL à entregar alguém, como forma de negociação de suas
respectivas liberdades.

Ocorre que, obviamente, como já estava sofrendo a coação policial, não se


colocaria em risco informando o nome de traficante, ou pessoa que a colocasse
em perigo, a Srta. Fulana de TAL, assim, entregou o nome do Sr. Fulano de
TAL, usuário, e até então amigo/conhecido.

Ante todo exposto, vem perante Vossas Excelências requerer a liberação


imediata do paciente e total anulação de todas as provas obtidas por meio
ilegal e contrário aos mais básicos princípios constitucionais e penais.
DO DIREITO DA ILEGALIDADE NA ABORDAGEM E NULIDADE DAS
PROVAS

A abordagem é cristalinamente ilegal, sendo fruto de coação da Sra. Fulana de


TAL (que propositalmente fora suprimida do processo pela polícia), pois
conforme consta em documentos em anexo, esta informou o nome do Sr.
Fulano de TAL a polícia, após ser ameaçada e temer por sua vida e integridade
física.

Conforme texto anexo:

“eu fui obrigada a mandar o áudio deixar o celular e vazar”

“ai ela fez pois vc vai mandar um áudio, vai deixar esse
celularzinho comigo e vai embora”

“[...] tu não viu o jeito q o bicho falava cmg não”

“se você meter a gente em alguma gracinha, eu vo te caçar


gordinha já sei onde voce mora”

Dispõe, o Art. 5º, LVI, “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos” e “Art. 157. São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do
processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas
constitucionais ou legais.”
Desta forma, são nulas todas as provas obtidas mediante tortura, coação,
ofensa da integridade física ou moral da pessoa, abusiva intromissão na vida
privada, no domicílio, na correspondência ou nas telecomunicações.

Ocorre que, conforme consta nos autos ficara comprovado que a polícia
exerceu uma série absurda de desencontros com a lei até a conclusão do
inquérito, quais sejam:

a) - A primeira ilegalidade, e INSANÁVEL, caracteriza-se pela COAÇÃO da


Srta. Fulana de TAL, já demonstrada e comprovada, envenenado todo o
procedimento policial;

b) - Ausência de Termo: ao serem apreendidos e liberados os senhores, Fulano


de TAL, Beltrano de TAL, e Srta. Fulana de TAL, sem qualquer registro da
ocorrência. Desrespeitando o princípio da Isonomia e na forma de tratamento
igualitário aos suspeitos de mesma conduta;

c) - Flagrante preparado consubstanciado em conduta coagida: Envio de áudio


(WhatsApp) do celular tomado ilegalmente da Srta. Beltrana de TAL,
provocando o Sr. Fulano de TAL a sair de casa no período noturno para
encontrá-la.

d) - Abordagem por policiais descaracterizados, durante período noturno,


sem se identificar no momento da abordagem;

e) - Invasão do domicilio para busca sem Ordem Judicial, em período


noturno, descaracterizados, sem autorização dos moradores, e, sem
acompanhamento da busca, conforme audiência de custódia.
f) - Lavratura do flagrante e tomada de depoimentos sem a presença do
Advogado, mesmo sabendo que havia advogado contratado para acompanhar
tal ato, conforme informação juntada pela autoridade policial.

É de extrema importância se observar que o julgado pelo Recurso


Extraordinário (RE) 603616, pelo STF não convalida o caso em questão,
vejamos:

“a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita,


mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas
razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que
dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da
autoridade e de nulidade dos atos praticados.”

Portanto, NÃO existiam fundadas razões para o ingresso na residência do


acusado, e não foi justificado a posteriori os motivos da invasão, sendo
inclusive narrado pelas testemunhas policias que entraram a convite do réu e
esposa, o que NÃO FAZ SEQUER SENTIDO, haja vista pelas imagens
juntadas o paciente teve pelo menos duas armas apontadas em sua face, o que
descaracterizaria qualquer voluntariedade sua ou de sua esposa.

É de suma importância que o fato de terem o encontrado na frente de sua casa


com uma quantidade de supostamente 00 gramas de Droga TAL, não autoriza
uma invasão a sua residência, muito menos a noite, e ainda mais sem nenhum
acompanhamento nas buscas, o qual deveria ser inclusive corroborado por um
termo de acompanhamento assinado por quem acompanhou.
TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENADA

A Teoria da Árvore Envenenada surgiu no direito norte-americano


estabelecendo o entendimento de que toda prova produzida em consequência
de uma descoberta obtida por meios ilícitos estará contaminada pela ilicitude
desta.

Portanto, segundo esta teoria, as provas obtidas por meio de uma primeira
prova que foi descoberta por meios ilícitos, deverão ser descartadas do
processo na persecução penal, uma vez que se considerarão ilícita por
derivação.

O que se encaixa perfeitamente aos fatos narrados no presente processo, visto


que todas as provas são oriundas da coação exercida pela polícia e sofrida pela
Sra. Fulana de TAL sendo confirmada pela mesma em documento anexo.

Importante destacar que como exceção à regra, o próprio dispositivo em


comento estabelece que, para que haja a contaminação da prova obtida, é
necessário que haja inequívoco nexo de causalidade entre meio ilícito (coação
policial) utilizado e a prova obtida (prisão do paciente e apreensões) através
desse meio.

Destarte, para que haja a contaminação da prova é necessário demonstrar que


o meio ilícito empregado inicialmente foi conditio sine qua non para se chegar à
prova obtida, pois do contrário, terá plena validade judicial.

No caso em comento, é inegável que se não houvesse ocorrido a coação pelos


policiais seria impossível preparar o flagrante ilegal, tornando assim todas as
provas contidas nos autos nulas, sendo impossível sua obtenção de forma
diversa.
DA REVOGAÇÃO DA SEGREGAÇÃO CAUTELAR

Conforme já abordado no presente expediente, para que uma prisão seja


válida, esta deve ser ou por sentença penal condenatória ou por decreto
preventivo/temporário.

A regra do ordenamento jurídico brasileiro é a liberdade, sendo a segregação


utilizada apenas quando as medidas cautelares não forem suficientes.

Em que pese a prisão ter ocorrido de modo ilegal, o decreto preventivo deve
ser combatido por seu pedido de revogação, visto que fora convalidado pelo
MM Juízo de Custódia, diante disto seguem os motivos para tanto.

Em que pese a prisão ter ocorrido de modo ilegal, o decreto preventivo deve
ser combatido por seu pedido de revogação, visto que fora convalidado pelo
MM Juízo de Custódia, diante disto seguem os motivos para tanto.

Conforme dispõe o Código de Processo Penal em seu artigo 312, para que seja
possível a aplicação de prisão preventiva deve o acusado apresentar risco a
ordem pública (continuar a cometer crimes), risco da aplicação da lei penal
(fugir), ou risco de prejudicar a instrução criminal (tentar destruir provas, e
intimidar testemunhas).

Ocorre que o acusado é réu primário, não possui antecedentes criminais, e os


elementos do processo, qual sejam os depoimentos dos condutores,
depoimento do conduzido, bem como provas arroladas indicam que este
encontrava-se em situação de ausência de conhecimento das substancias
aprendidas, conforme informado em audiência de custódia.
Portanto, tal decretação não pode ser baseada em meras conjecturas ou na
gravidade abstrata do delito.

Nesse sentido a farta e uníssona jurisprudência deste Egrégio Tribunal de


Justiça de Alagoas:

HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - CONSTRANGIMENTO


ILEGAL EVIDENCIADO - CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA
COM APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES - ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA.

I - A manutenção da medida constritiva apenas deve ocorrer em


situações absolutamente necessárias, quando provada a presença
dos requisitos do art. 312 do CPP, quais sejam risco à ordem
pública, economia, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar o cumprimento da lei penal.

II - A decisão acerca da liberdade do paciente deve ser


fundamentada em elementos concretos, não bastando a alegação
da gravidade abstrata do delito. III – Ordem conhecida e
parcialmente concedida, com imposição de medidas cautelares
diversas da prisão.

(TJ-AL - HC: 08015256520148020000 AL 0801525-


65.2014.8.02.0000, Relator: Des. Sebastião Costa Filho, Data de
Julgamento: 17/09/2014, Câmara Criminal, Data de Publicação:
18/09/2014)

(...)

HABEAS CORPUS - TRÁFICO DE DROGAS - CONSTRANGIMENTO


ILEGAL EVIDENCIADO - CONCESSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA
COM APLICAÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES - ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA.

I - A manutenção da medida constritiva apenas deve ocorrer em


situações absolutamente necessárias, quando provada a presença
dos requisitos do art. 312 do CPP, quais sejam risco à ordem
pública, economia, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar o cumprimento da lei penal.

II - A decisão acerca da liberdade do paciente deve ser


fundamentada em elementos concretos, não bastando a alegação
da gravidade abstrata do delito. III – Ordem conhecida e
parcialmente concedida, com imposição de medidas cautelares
diversas da prisão.

(TJ-AL - HC: 08015082920148020000 AL 0801508-


29.2014.8.02.0000, Relator: Des. Sebastião Costa Filho, Data de
Julgamento: 20/08/2014, Câmara Criminal, Data de Publicação:
21/08/2014)

(...)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O


TRÁFICO. PEDIDO DE EXTENSÃO DA LIBERDADE PROVISÓRIA
CONCEDIDA AO CORRÉU. ISONOMIA. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS
PARA DECRETAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA. DECISÃO DO JUÍZO
IMPETRADO NÃO JUSTIFICA O PORQUÊ DE MANTER A PRISÃO
PREVENTIVA DO PACIENTE. SUBSTITUIÇÃO DA PRISÃO POR
MEDIDAS CAUTELARES PARA EVITAR A REITERAÇÃO DELITIVA.
PARECER DA PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA PELA
CONCESSÃO. ORDEM CONCEDIDA.

I - Apesar de o juízo de origem afirmar a presença de condições


que autorizariam a custódia cautelar, quais sejam, aplicação da lei
penal e garantia da ordem pública, olvidou apontar, no caso
concreto, no que consistiria ameaça a ordem pública e ofensa à
aplicação da lei penal.
II - Também não se justifica o porquê de manter o paciente preso
enquanto o corréu Lucas encontra-se em liberdade provisória. Ora,
se o magistrado entende de forma diferente do juízo plantonista,
deveria decretar a prisão preventiva do corréu ou determinar a
soltura do paciente, uma vez que ambos se encontram em
situações semelhantes (são primários, com residência fixa e
respondem ao mesmo processo de origem).

III - Da mesma forma que o juízo de direito plantonista, entendo


que o caso concreto recomenda a aplicação de outras medidas
cautelares que não a prisão preventiva em razão das condições
pessoais dos pacientes e as circunstâncias do flagrante não
permitirem presumir que sua liberdade constitui ameaça à
sociedade como um todo. IV – Ordem concedida, acompanhando o
parecer da Procuradoria, para substituir a prisão preventiva por
medidas cautelares previstas no art. 319, CPP.

(TJ-AL - HC: 08038239320158020000 AL 0803823-


93.2015.8.02.0000, Relator: Des. Sebastião Costa Filho, Data de
Julgamento: 26/11/2015, Câmara Criminal, Data de Publicação:
03/12/2015)

(...)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS E ASSOCIAÇÃO PARA O


TRÁFICO DE DROGAS. CONTROVÉRSIA QUANTO À PARTICIPAÇÃO
DO PACIENTE NOS CRIMES A ELE IMPUTADOS. DECISÕES QUE
OLVIDAM APONTAR DETALHADAMENTE A PARTICIPAÇÃO DO
PACIENTE NOS CRIMES INVESTIGADOS. PRIMARIEDADE.
DECRETO DE PRISÃO GENÉRICO. CONCESSÃO DA LIBERDADE
PROVISÓRIA COM A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES.
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.

I - A MANUTENÇÃO DA MEDIDA CONSTRITIVA APENAS DEVE OCORRER EM


SITUAÇÕES ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIAS, QUANDO PROVADA A PRESENÇA
DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP, QUAIS SEJAM RISCO À ORDEM
PÚBLICA, ECONOMIA, CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL OU PARA
ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL.
II - NO CASO EM APREÇO, AS DECISÕES E MANIFESTAÇÕES DA AUTORIDADE
COATORA QUANTO À PRISÃO DO PACIENTE NÃO APONTAM DETALHADAMENTE A
SUA PARTICIPAÇÃO NOS CRIMES A ELE IMPUTADOS, TAMPOUCO ELEMENTOS
CONCRETOS A JUSTIFICAR A SEGREGAÇÃO COMO GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA
OU APLICAÇÃO DA LEI PENAL.

III - ORDEM CONHECIDA E PARCIALMENTE CONCEDIDA PARA REVOGAR A


PRISÃO PREVENTIVA DO PACIENTE, CONCEDENDO-LHE A LIBERDADE
PROVISÓRIA MEDIANTE A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES.

(TJ-AL - HC: 08007406920158020000 AL 0800740-


69.2015.8.02.0000, RELATOR: DES. SEBASTIÃO COSTA FILHO, DATA DE
JULGAMENTO: 08/07/2015, CÂMARA CRIMINAL, DATA DE PUBLICAÇÃO:
09/07/2015)

(...)

HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. CONTROVÉRSIA QUANTO


À PARTICIPAÇÃO DO PACIENTE NOS CRIMES A ELE IMPUTADOS.
RELATÓRIO POLICIAL E DENÚNCIA DO PARQUET QUE OLVIDARAM
APONTAR DETALHADAMENTE A PARTICIPAÇÃO DO PACIENTE NOS
CRIMES INVESTIGADOS. CONFISSÃO DO CORRÉU ASSUMINDO
INTEIRAMENTE A PROPRIEDADE DA DROGA APREENDIDA.
PRIMARIEDADE. DECRETO DE PRISÃO GENÉRICO. CONCESSÃO DA
LIBERDADE PROVISÓRIA COM A IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS
CAUTELARES. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.

I - A manutenção da medida constritiva apenas deve ocorrer em


situações absolutamente necessárias, quando provada a presença
dos requisitos do art. 312 do CPP, quais sejam risco à ordem
pública, economia, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal.

II - No caso em apreço, da análise prefacial das peças inquisitoriais


acostadas, bem como diante da denúncia, tem-se que não fora
apontada detalhadamente a participação do paciente nos crimes a
ele imputados, tampouco elementos concretos a justificar a
segregação como garantia da ordem pública, sobretudo confissão
do corréu assumindo a propriedade das substâncias entorpecentes
e corroborando a versão do paciente de que no dia do flagrante
estava de passagem na casa de seu cunhado juntamente com sua
esposa, ambos desconhecendo o envolvimento de Eliel com o
comércio de drogas.

III - Ordem conhecida e parcialmente concedida para revogar a


prisão preventiva do paciente, concedendo-lhe a liberdade
provisória mediante a imposição de medidas cautelares.

(TJ-AL - HC: 08006298520158020000 AL 0800629-


85.2015.8.02.0000, Relator: Des. Sebastião Costa Filho, Data de
Julgamento: 15/04/2015, Câmara Criminal, Data de Publicação:
22/04/2015)

(...)

No mesmo sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:

HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRISÃO


PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. GRAVIDADE DO DELITO.
IMPOSSIBILIDADE.

1. A falta de demonstração, efetiva e concreta, das causas legais da


prisão preventiva, caracteriza constrangimento ilegal manifesto,
tal como ocorre quando o Juiz se limita a invocar, sem mais, o
temor da comunidade e a probabilidade de repetição do ilícito, sem
base em qualquer fato concreto.

2. Ordem concedida”.

(STJ. HC nº 43271/RS. 6ª Turma. Rel. Hamilton Carvalhido. publ.


14/08/2006)
(...)

CRIMINAL. HC. ROUBO QUALIFICADO. PRISÃO EM FLAGRANTE.


PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA INDEFERIDO. GRAVIDADE
DO DELITO. CIRCUNSTÂNCIA SUBSUMIDA NO TIPO. PROVA DA
MATERIALIDADE E AUTORIA. MOTIVAÇÃO INIDÔNEA A
RESPALDAR A CUSTÓDIA. SENTENÇA CONDENATÓRIA.
MANUTENÇÃO DA ILEGALIDADE. EXPEDIÇÃO DE ALVARÁ DE
SOLTURA DETERMINADA. ORDEM CONCEDIDA.

I. O juízo valorativo sobre a gravidade genérica do delito imputado


ao paciente, bem como da existência de prova da autoria e da
materialidade do crime não constituem fundamentação idônea a
autorizar a prisão para garantia da ordem pública, se
desvinculados de qualquer fator concreto que não a própria
prática, em tese, criminosa.

II. Aspectos que devem permanecer alheios à avaliação dos


pressupostos da prisão preventiva, mormente para garantia da
ordem pública, eis que desprovidos de propriamente cautelar, com
o fim de resguardar o resultado final do processo. III. As
afirmações a respeito da gravidade do delito trazem aspectos já
subsumidos no próprio tipo penal”.

(STJ. HC nº 48358/MG. 5ª Turma. Rel. Gilson Dipp. publ.


01/08/2006)

1. No ordenamento constitucional vigente, a liberdade é regra,


excetuada apenas quando concretamente se comprovar, em
relação ao indiciado ou réu, a existência de periculum libertatis.

2. A exigência judicial de o réu manter-se preso deve,


necessariamente, ser calcada em um dos motivos constantes do
art. 312 do Código de Processo Penal e, por força do art. 5º, XLI e
93, IX, da Constituição da República, o magistrado deve apontar os
elementos concretos ensejadores da medida.

3. Não compreende, portanto, os decretos prisionais que impõem,


de forma automática e sem fundamentação, a obrigatoriedade do
réu manter-se preso. (...)
5. A gravidade do crime não pode servir como motivo extra legem
para decretação da prisão provisória. Precedentes do STJ e STF”.
(STJ. HC nº 50455/PA. 6ª Turma. Rel. Paulo Medina. publ.
01/08/2006)

O do Supremo Tribunal Federal adota o posicionamento:

A mera referência vernacular à garantia da ordem pública não tem


força de corresponder à teleologia do art. 312 do CPP. (HC
101.705, 1ª T., j. 29.06.2010, rel. Min. Ayres Britto).

Sendo assim, FERNANDO DA COSTA TOURINHO FILHO destaca ponto


fundamental na matéria: o periculum libertatis, isto é, o risco à ordem pública e
econômica, à instrução criminal e à aplicação da lei penal deve estar
demonstrado nos autos em elementos concretos.

“É preciso que dos autos ressuma prova pertinente à qualquer uma


das circunstâncias referidas. E o Juiz, então, no despacho que
decretar a medida extrema, fará alusão aos atos apurados no
processo que o levaram à imposição da providência cautelar. Fatos
concretos, e não suposições”.

Acrescenta o mestre que “nada vale” o “convencimento pessoal extra - autos.

De nada vale a mera suposição, a simples suspeita” (Código de Processo Penal


Comentado, vol. 1. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 845 - 846).
O que resta claro no caso sub examine é que não fora preenchido, visto que
para o atendimento dos requisitos deveria ser comprovado o periculum in
libertatis, o que em momento algum fora justificado e devidamente
comprovado nos autos, havendo sim, uma fundamentação genérica e
equivocada, alegando as condições que ocorrem e a natureza do crime
supostamente cometido ensejam a prisão, com o intuito de enquadrar na
hipótese legal de garantia de ordem pública.

Resta cabalmente superada esta questão visto que o acusado é réu primário e
não possui antecedentes criminais, e, que, mesmo que suprimido pelos
condutores como fora avistado o réu, se este utilizava a droga no momento da
prisão, ou se este entregava para alguém ou se até mesmo deixou cair no chão
por descuido.

Ficou comprovado que este estava em sua residência com aquilo que
consumiria naquele momento. No tocante a fundamentação da aplicação da lei
penal, não existe nos autos quaisquer elementos que indiquem que existe risco
de fuga do acusado, muito pelo contrário, não resistiu à prisão, não ocultou
identificação, cooperou de todas as formas possíveis, e está com a mulher
grávida de TANTOS MESES (exame colacionado aos autos) querendo
acompanhar a gestação de seu primeiro filho.

Cumpre destacar que possui residência fixa (comprovante anexo) e este se


compromete em comparecer à todos os atos processuais voluntariamente.

Ainda em relação à garantia da instrução criminal, esta resta assegurada visto


que em momento algum demonstrou interesse em prejudicar as investigações,
e não possui qualquer meio para tal.

Vale ressaltar, que em Decisão do douto Magistrado que determinou a


segregação cautelar, este levou em consideração o número de processos
apresentados em pesquisa fornecida pela autoridade policial, todavia incorre em
erro, pois FULANO DE TAL à este, e ao procedimento de número
00000000000000, o qual possui réu confesso, pessoa diferente do Sr. Beltrano
de TAL, devendo o Sr. Beltrano de TAL ser certamente absolvido ao final do
processo.

DA LIMINAR

Preenchidos os requisitos exigidos para a concessão liminar da ordem de


habeas corpus, nos termos do art. 660, § 2º, do Código de Processo Penal,
quais sejam: o fumus boni juris, presente na argumentação e documentos
anexos e o periculum in mora, existente no constrangimento ilegal ensejado
pelo conteúdo da decisão vergastada, cuja vigência está constrangendo a
liberdade do paciente, sendo a concessão liminar da presente ordem medida
salutar e urgente, requer-se a expedição de alvará de soltura em favor do
paciente, para que possam ficar em liberdade imediatamente.

É evidente que para que seja concedida uma LIMINAR, exista de forma
robusta um argumento acompanhado de provas de que a prisão se faz ilegal,
dando assim verossimilhança ao pedido pleiteado.

No caso em tela, o que torna claro e evidente a ilegalidade da abordagem


policial, são as provas da coação (conversas com Srta. Fulana de TAL em
anexo) e da abordagem ilegal (fotos em anexo) realizada pela polícia, sendo
mais do que que suficiente mostrar a fumaça bom direito.

E, quanto ao periculum in mora, não é menos evidente, sendo inerente à


própria situação de constrangimento ilegal a que está submetido o Paciente à
um cárcere ilegal, oriundo de uma prisão em flagrante ilegal e de um processo
judicial envenenado.

Assim, suficientemente instruído o Habeas Corpus e presentes os requisitos


legais, requer-se o deferimento de liminar para determinar a soltura imediata
do Paciente, até decisão final do Writ que deve reconhecer a nulidade de todas
as provas do processo, tendo em vista que todas derivaram da ligação da Sra.
Fulana de TAL (áudio WhatsApp) fruto de coação policial (doc. em anexo).

DOS PEDIDOS

Diante de tudo quanto foi exposto, Requer:

1) Que seja deferida a LIMINAR rogada para determinar a imediata libertação


do Paciente, expedindo-se o competente alvará de soltura;

2) Que após requisitadas as informações da autoridade coatora e ouvida a


Procuradoria-Geral de Justiça, seja concedida a ordem impetrada para revogar
a prisão preventiva, confirmando-se a liminar,

3) Bem como, que seja declarada nulidade em todos os atos ocorridos desde os
procedimentos inquisitivos (policiais), e por conseguinte o processo judicial, por
serem todos oriundos de coação em sede policial deveras demonstrados.

4) Em caso de Vossas Excelências entenderem por necessário, que sejam


impostas outras medidas cautelares diversas da prisão (art. 319 do CPP)

Termos em que,

Pede Deferimento.

CIDADE, 00, MÊS, ANO


ADVOGADO

OAB Nº

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